Como a diatribe tomava tons de acirrado debate, resolvi afastar-me desse tipo de diatribe, não sem antes deixar consignado o que eu pensava desse tipo de defesa – que parecia identificar-se com a defesa de criminosos em fase de condenação – e o que eu pensava de minha própria postura.
Abaixo o que escrevi em agosto de 2017.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 28 de dezembro de 2018
Um diálogo sobre posturas
políticas em questões de diplomacia
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 6 de agosto de 2017.
Não costumo solicitar a qualquer pessoa que me defenda de
qualquer ação minha, voluntária ou involuntária, pois acredito que todos
devemos assumir responsabilidade por nosso atos e omissões.
Não me considero um representante típico da diplomacia,
aliás nem da academia, pois transito entre os dois ambientes com total
independência de pensamento e de ação. Apenas recuso, expressamente, qualquer
classificação minha numa dessas categorias estanques pelas quais os
“rotuladores” de pessoas costumam enquadrar amigos ou “inimigos”: liberal,
conservador, direitista, socialdemocrata, etc. Acho isso simplesmente ridículo:
tendo vindo da esquerda, e mesmo da extrema esquerda, em meus anos de ativismo
político juvenil – daí resultando um longo exílio no exterior durante a
ditadura militar – evolui pragmaticamente como resultado de leituras, viagens e
reflexões sobre os capitalismos e socialismos realmente existentes, e tendo
constatado, mais do que a miséria material, sobretudo a miséria moral dos sistemas
coletivistas e socialistas, daí resultando uma postura que eu consideraria como
“racionalista”, não recusando qualquer solução de políticas públicas – estatal
ou de mercado – segundo uma avaliação ponderada dos custos e benefícios de
quaisquer medidas tomadas em prol do bem-estar e prosperidade social. Um regime
de liberdades econômicas é sempre o mais preferível entre todos os sistemas até
agora historicamente testados.
Recuso igualmente a pecha de “ideólogo” que muitos querem me
atribuir: tenho buscado orientar meus trabalhos analíticos pela maior
objetividade possível e com base na honestidade intelectual que costumam
caracterizar meus escritos.
O fato de ter escrito “lulopetismo diplomático” não tem
qualquer conotação ideológica: foram os próprios companheiros no poder que
atacaram a política externa anterior, acusando-a de submissa e alinhada, e
fazendo absoluta questão de se demarcar das orientações diplomáticas em curso,
até de forma desonesta e mistificadora. Eles mesmos atribuíram um rótulo a sua
diplomacia do Sul Global: ela seria “ativa e altiva”, o que é uma classificação
pro domo sua, que me habilita igualmente a encontrar um título para o que eles
mesmos queriam distinguir.
Ao postar determinados artigos na lista, fui cobrado por
notórios admiradores do “lulopetismo diplomático”, que entenderam que eu
deveria responder às questões levantadas por eles, como se eu devesse me pautar
por cidadãos que sequer se deram o trabalho de ler meus argumentos completos
justificadores da crítica radical que fiz, e faço sempre, dos treze anos e meio
de desvarios diplomáticos.
Se eles pretendem argumentos sólidos podem encontrar em meu
livro “Nunca Antes na Diplomacia”, ou então na coletânea de textos que ofereci
gentilmente a todos e a cada um: Quinze anos de política
externa: ensaios sobre a diplomacia brasileira, 2002-2017; disponibilizado na
Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/37587e7897/quinze-anos-de-politica-externa-ensaios-sobre-a-diplomacia-brasileira-2002-2017?source=link); informado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/05/quinze-anos-de-politica-externa-ensaios.html; twittado neste link: https://shar.es/1Rvapr). Também pode ser consultada a longa
entrevista que concedi não só sobre o lulopetismo diplomático, mas também sobre
as políticas econômicas em curso no período (https://youtu.be/fWZXaIz8MUc). Os que pretendem obter respostas
para os seus questionamentos dispõem, portanto, de amplos argumentos sobre o
que é esse tal de “lulopetismo diplomático”, uma das grandes mistificações no
mais amplo exercício de destruição da economia e da política brasileira por uma
organização que não hesito em classificar de criminosa, com base,
objetivamente, em todos os relatórios, denúncias, indiciamentos e condenações
já registrados.
Por fim, repito o que já
disse: nada tenho contra aqueles que defendem o socialismo, o estatismo, um
regime de intervencionismo e de controle dos mercados, ainda que eu ache essas
pessoas profundamente equivocadas, em bases pragmáticas e objetivas. Apenas
acho que pessoas honestas deveriam se resguardar de apoiar criminosos comprovados,
e mentirosos confirmados, em suma, desonestos subintelequituais.
Paulo
Roberto de Almeida
Brasília, 6
de agosto de 2017.
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