segunda-feira, 28 de março de 2022

Deutsche Welle classificada como "agente estrangeiro" e impunida de trabalhar na Rússia: censura e banimento

O mínimo que eu espero, agora, é que o meu blog Diplomatizzando seja também classificado como "agente estrangeiro", o que eu de fato sou.

Paulo Roberto De Almeida

 LIBERDADE DE IMPRENSA - ALEMANHA

Rússia classifica DW como "agente estrangeiro"

Wesley Rahn
há 2 horas

Após ter de fechar sucursal em Moscou e ter seu site bloqueado, emissora alemã é incluída pelo governo russo em lista de "agentes estrangeiros". "É mais um ataque à liberdade de imprensa", afirma diretor-geral da DW.

https://www.dw.com/pt-br/r%C3%BAssia-classifica-dw-como-agente-estrangeiro/a-61282233?maca=bra-GK_RSS_Chatbot_Mundo-31505-xml-media

O Ministério da Justiça da Rússia incluiu nesta segunda-feira (28/03) a emissora internacional da Alemanha Deutsche Welle (DW) numa lista de "agentes estrangeiros".

"Esta decisão foi tomada com base nos documentos recebidos das autoridades estatais competentes", afirmou o ministério em comunicado, sem especificar de que autoridades ou documentos se trata.

Em resposta, o diretor-geral da DW, Peter Limbourg, afirmou: "Esta mais recente decisão arbitrária das autoridades russas infelizmente era de se esperar. É mais um ataque à liberdade de imprensa e uma nova tentativa de privar a população russa de uma mídia livre e independente. Começou com o fechamento forçado do nosso estúdio em Moscou no início de fevereiro, depois o nosso website em todos os idiomas foi bloqueado na Rússia. Seguiu-se então a restrição gradual dos serviços de mídias sociais, e agora a DW foi rotulada como um 'agente estrangeiro'. Isso não nos impedirá de continuar a fornecer uma cobertura abrangente e independente sobre a Rússia e a região a partir do nosso novo estúdio na Letônia e da Alemanha."

DW na Rússia

Em 3 de fevereiro, o Ministério do Exterior da Rússia afirmou que adotaria "medidas retaliatórias contra a mídia alemã" trabalhando na Rússia após autoridades alemãs banirem o canal de TV no idioma alemãoda emissora estatal russa RT, chamado RT DE.

Tais medidas incluiriam "reconhecer a DW como um meio de comunicação estrangeiro que cumpre as funções de um agente estrangeiro", disse o Ministério do Exterior em comunicado.

DW foi forçada a fechar sua sucursal em Moscou, e seus jornalistas na Rússia tiveram suas credenciais retiradas, tornando impossível seu trabalho no país.

No início de março, o website da DW foi bloqueado pelo regulador estatal de comunicações Roskomnadzor. Pouco depois, a DW transferiu sua sucursal em Moscou para a capital da Letônia, Riga.

"O governo russo aparentemente declarou uma 'guerra de informações' contra a DW", afirmou Christian Trippe, diretor da DW para Rússia, Ucrânia e Leste Europeu. "Nós jornalistas vamos prosseguir com nosso trabalho e fornecer informações confiáveis para nosso público-alvo na Rússia."

A DW, a emissora internacional da Alemanha, é financiada por impostos e oferece jornalismo livremente acessível em 32 idiomas. O Conselho de Telecomunicações da República Federal da Alemanha – órgão independente, apartidário e livre de influência governamental – supervisiona a conformidade da DW com seu mandato legal de oferecer informações independentes a usuários mundo afora. A empresa tem cerca de 4 mil funcionários, a maioria trabalhando a partir de Bonn e Berlim.

O que é a lista russa de "agentes estrangeiros"?

Desde 2012 essa lista do governo russo tem sido usada para cercear as operações tanto de veículos internacionais de mídia quanto de organizações sem fins lucrativos que recebem financiamento do exterior, em especial aquelas ativas na política ou que informam sobre corrupção.

Uma vez rotulados pelas autoridades como "agente estrangeiro", indivíduos e organizações ficam obrigados a indicar o fato em qualquer conteúdo que publicarem, até mesmo postagens nas redes sociais. Os "agentes estrangeiros" também são obrigados a apresentar ao governo relatórios sobre suas atividades a cada seis meses.

Mais de 100 veículos de comunicação e indivíduos estão atualmente na lista, incluindo as emissoras públicas dos EUA Voice of America e Radio Free Europe/Radio Liberty e as ONGs Anistia Internacional e Human Rights Watch.


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