O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A insustentavel lerdeza do crescimento brasileiro

ENunca, em nenhum lugar do mundo, um país cresceu de maneira sustentável, na base de estímulos ao consumo, em lugar de investimentos na infraestrutura e na produção. Os sábios econômicos companheiros achavam que tinham inventado o moto perpétuo.
Paulo Roberto de Almeida


Dívida dos brasileiros é alerta para outros países emergentes

Odete Meira da Silva teve que interromper a construção de sua casa por causa das dívidasPhoto: Rodrigo Marcondes para o The Wall Street Journal

Como milhões de pessoas pobres fizeram durante o boom de dez anos da economia brasileira, Odete Meira da Silva tomou empréstimos para acelerar a sua ascensão à classe média. Mãe solteira, ela comprou um computador, uma TV de tela plana e começou a construir uma casa num bairro violento da periferia de São Paulo.
Mas a farra dos gastos acabou. Essa pequena comerciante de 56 anos de idade está agora preocupada com um lado menos charmoso da vida da classe média: as dívidas. Depois que suas contas de cartão de crédito ultrapassaram o valor que conseguia pagar, Silva reduziu todas as despesas e interrompeu a construção da casa. Recentemente, via-se na sua casa uma escada rústica de cimento se erguendo da sala de estar até um segundo andar inacabado. É uma imagem da sua própria escalada na economia brasileira: só até a metade.
"Ainda pretendo terminar a casa, mas isso vai ter que ser feito pouco a pouco, talvez em mais três anos", disse ela.

Os problemas de Odete Silva com suas dívidas ajudam a explicar por que o crescimento brasileiro, antes impressionante, vem perdendo fôlego e não deve se recuperar tão cedo. Muitos estrangeiros imaginam que o Brasil, um dos maiores produtores mundiais de soja e minério de ferro, seja um país pobre que depende da venda de commodities para sobreviver. Mas são os novos consumidores como Odete Silva que alimentaram boa parte da recente expansão econômica do país, enquanto o crédito ao consumidor mais que dobrou, para cerca de US$ 600 bilhões em cinco anos.
Agora, muitos desses novos compradores estão sofrendo com o uso excessivo do cartão de crédito. Alguns estão atrasando os pagamentos dos cartões, que chegam a cobrar 80% de juros anuais ou mais. Diante da inadimplência crescente, os bancos agora hesitam em emprestar.
Como resultado, o índice de aumento do consumo é o menor desde 2004. Isso está se juntando a outros problemas, incluindo exportações mais fracas para a China e uma queda na produção industrial causada pela valorização do real , fatores que já estavam desacelerando a economia brasileira. Com a confiança do consumidor em declínio, o PIB brasileiro deve crescer 2,4% este ano, após atingir 7,5% em 2010.
Para complicar as coisas, a explosão do consumo no Brasil provocou uma inflação de 6% ao ano, com a demanda pelos bens superando a capacidade da economia de fornecê-los. Isso colocou o Banco Central na incômoda posição de ter que aumentar os juros para controlar a inflação em meio a uma economia já lenta — iniciativa que pode desacelerar ainda mais o crescimento. Os economistas esperam que o BC eleve a taxa de juros básica, a Selic, que já está em elevados 9% ao ano, em meio ponto percentual na reunião de hoje.
Os problemas do Brasil representam um alerta a outros mercados emergentes envolvidos numa das mais fascinantes narrativas econômicas dos últimos dez anos: a ascensão dos consumidores à classe média nos países em desenvolvimento.
Do Brasil à Indonésia e à África do Sul, o crescimento mais rápido tirou milhões da pobreza nos últimos dez anos, trazendo mais pessoas para a classe média e iniciando muitas delas no crédito. Mas enquanto os economistas em geral veem essa expansão do crédito como um fato positivo, o caso brasileiro mostra como o crescimento da classe média também pode sair dos trilhos devido a dívidas em excesso.
Na Tailândia, a dívida das famílias aumentou 88% entre 2007 e 2012, em parte devido aos programas governamentais de estímulo às vendas de automóveis. Na África do Sul, os empréstimos ao consumidor chegaram a quase 40% do PIB, mais que o dobro da média de outros países em desenvolvimento. Os consumidores russos gastaram quase 80 % a mais nos seus cartões de crédito em 2012 do que no ano anterior.
Por outro lado, na China, onde os trabalhadores são conhecidos pelo hábito de poupar, não de tomar empréstimos, o governo agora tenta incentivar a população a consumir mais para prolongar sua expansão econômica.
Mas os problemas do Brasil com o crédito ao consumidor se destacam entre as grandes economias em desenvolvimento. O crédito à pessoa física cresceu a uma taxa média anual de 25% nos quatro anos após a crise financeira mundial de 2008. Em junho de 2013, cerca de 5% dos empréstimos a pessoas físicas estavam com 90 dias de atraso, o dobro da taxa da Índia e maior que a do México, África do Sul e Rússia, segundo a Fitch Ratings.
"Todas essas pessoas estão gastando mais do que têm, criando uma ilusão de crescimento econômico", disse Vera Pereira, diretora executiva do Procon de São Paulo.
Parte do problema, dizem alguns economistas, é que o Brasil se concentrou demais em políticas destinadas a aumentar o consumo em vez de construir portos e estradas que beneficiem a produção econômica no longo prazo. Os brasileiros compraram muitas TVs de tela plana durante o boom, mas os portos do país continuam tão congestionados que alguns navios dão meia volta e vão embora em vez de esperar.
"O endividamento externo do Brasil foi gasto em viagens para a Disneilândia e malas cheias de compras vindas diretamente de Nova York ou Miami", disse Paulo Leme, que dirige os negócios do Goldman Sachs no Brasil. "Isso terá consequências no futuro."
As autoridades brasileiras dizem que pôr a culpa dos recentes problemas econômicos do país em políticas equivocadas é é absurdo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e outros dizem que a economia brasileira simplesmente foi apanhada numa desaceleração mundial e que a situação estaria ainda pior sem os incentivos ao consumo.
Não se espera que os problemas de crédito do Brasil façam o país voltar a uma crise como as que destruíram a classe média em gerações passadas, dizem os economistas. O total de empréstimos bancários pendentes no Brasil, incluindo as dívidas comerciais e de consumo, chega a cerca de 55% do PIB, índice baixo pelos padrões internacionais.
Além disso, os bancos brasileiros têm grandes reservas de capital, o que deve ajudar o país a enfrentar uma crise mais profunda. As reservas do Banco Central, de US$ 372 bilhões, são dez vezes maiores que há dez anos.
Mesmo assim, as preocupações com as dívidas dos consumidores levaram muitos a repensar até onde a nova classe média brasileira vai crescer e com qual rapidez. O percentual da renda familiar destinada a pagar dívidas é extraordinariamente alto: no Brasil, chega a mais de 20% da renda familiar, segundo dados do banco central, em comparação com 10% nos EUA, de acordo com o banco central americano.
Isso acontece, em grande parte, porque as taxas de empréstimos no Brasil são altíssimas, uma herança de muitas crises econômicas. Os juros de um empréstimo típico é de 37% ao ano.
Além disso, o perfil da dívida brasileira não é tão saudável como em países como os Estados Unidos. Grande parte do endividamento nos EUA consiste em hipotecas, algo visto como economicamente mais saudável, já que o preço dos imóveis pode subir. Mas no Brasil o mercado de hipotecas habitacionais é muito pequeno. O consumidor brasileiro se endividou, em grande parte, para comprar carros e eletrodomésticos — bens que se desvalorizam.
As vendas de automóveis mostram bem o que ocorreu com a explosão do crédito. Os empréstimos para compra de veículos mais que triplicaram entre 2004 e 2010, para cerca de US$ 70 bilhões por ano, à medida que consumidores ansiavam por ter um carro – um dos principais símbolos da vida de classe média. Os bancos estavam financiando carros sem entrada, prática antes impensável no país.
No ano passado foram emplacados 2,9 milhões de carros novos no Brasil, um aumento de 130% em relação a dez anos atrás.
O governo se esforçou para expandir o consumo na esperança de reduzir a diferença, historicamente muito grande, entre ricos e pobres no Brasil. A estratégia ajudou a elevar o padrão de vida e estimulou o crescimento.
Mas o governo não acompanhou suas iniciativas favoráveis ao consumo com medidas para melhorar a produtividade e o crescimento de longo prazo, segundo muitos economistas.
Resultado: o consumo continuou crescendo, mesmo quando o restante da economia dava sinais de fraqueza devido ao declínio nos preços das commodities e à supervalorização da moeda. Em 2012, os turistas brasileiros, muitos viajando para o exterior pela primeira vez, foram dos que mais gastaram entre todos os turistas estrangeiros em Nova York, segundo autoridades da cidade. No Brasil, porém, a produção industrial encolheu, com as empresas perdendo terreno para concorrentes globais.
Esse descompasso entre a demanda dos consumidores e a produção econômica alimentou a inflação, dizem economistas.
"O governo insiste em incentivar as pessoas a consumir, mas por outro lado a oferta, as indústrias, as empresas, não vêm produzindo tanto assim", disse Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas.
E o governo já sinalizou planos para continuar estimulando o consumo. A presidente anunciou há pouco um aumento do salário mínimo e um plano para fornecer mais US$ 8 bilhões em crédito para famílias de baixa renda.
O BNDES informou que o montante dos seus empréstimos vai subir 22% este ano, depois de aumentar 12,3% em 2012.
A presidente Dilma Rousseff anunciou em setembro que o governo emprestou cerca de US$ 500 milhões ao longo de três meses para que os beneficiários do programa "Minha Casa, Minha Vida", de moradia subsidiada, pudessem comprar também seus eletrodomésticos.
Mesmo assim, pessoas como Odete Silva têm que encontrar maneiras de cortar os gastos. Para construir a casa, ela acumulou dívidas em três cartões de crédito, comprando aparelhos domésticos e materiais de construção. Com as altas taxas de juros, essa dívida aumentou de R$ 11.000 para R$ 25.000.
Ela agora fez acordos com seus credores, que concordaram em reduzir seus pagamentos e baixar as dívidas. Ela diz que não está preocupada. "Acho que as coisas estão melhorando."

Bric-a-Brac, uma expressao francesa que talvez convenha aos Brics...

New book chapter: Brazil, South American Regionalism and Re-defining the ‘Atlantic Space’

by Oliver Stuenkel
  2013 OCTOBER 7

Laying the BRICS of a New Global Order: From Yekaterinburg 2009 to eThekwini 2013
Editors: Francis A. Kornegay and Narnia Bohler-Muller
ISBN: 978-0-7983-0403-0
Size: 168mm x 240mm
Extent: 220 pages
Availability: September 2013
Laying the BRICS of a New Global Order: From Yekaterinburg 2009 to eThekwini 2013 was inspired by the launching of South Africa’s membership in this grouping in 2011 at the 3rd BRICS think-tank symposium, convened in Beijing. The main idea behind this work was to bring together as many scholars from the five countries as possible to provide personal perspectives and reflections not just on BRICS but on political and economic dynamics in their countries.

Chapter: Brazil, South American Regionalism and Re-defining the 'Atlantic Space' (Oliver Stuenkel)
Chapter introduction

Brazil’s economic rise over the past two decades has caused the country’s foreign policy making elite to seek a more prominent role for Brazil in the international community. On a global scale, it has sought to assume more responsibility and engage in international institutions, often criticizing established powers for not providing it with the status it deserves. Brazil’s newfound status has also caused Brazilian governments to reassess its regional role, although Brazil remains ambivalent about which strategy to adopt in South America. There is clearly a gap between Brazil’s global ambitions and its reluctance to adopt a more assertive role in its region. The country’s strategy in the region remains indecisive, combining restrained support for Mercosur, the creation of the Union of South American States (UNASUR) and the South American Defense Council (CSD) with a growing notion that a clearer vision is necessary to mitigate neighbor’s fears of a rising Brazil. Brazilian policy makers disagree on how they should characterize and understand their region – some see it as a source of problems, some as a shield against globalization, and some as a launching pad for global power. Brazil’s self-perception as a ‘BRICS country’ has fueled worries that it will pay little attention to regional matters (given that its trade interdependence with the region is far lower, percentage-wise, than that of its neighbors), causing critics of Brazil’s global focus to call it a ‘leader without followers’.
While Brazil has kept UNASUR relatively toothless, its decision to exclude Central America and Mexico from this institution is a clear sign that policy makers in Brasília have defined South America as Brazil’s immediate sphere of influence. With the majority of the continent’s landmass, population and economic output, and Venezuela’s faltering attempts to turn into a second pole, it is largely up to Brazil to define and design ‘South American Regionalism’. Brazil thus in theory holds a key coordinating role regarding important regional challenges, ranging from China’s growing economic importance, poverty, inequality, integrating the economy and security threats such as drug trafficking and smuggling.
Analogous to Brazil’s growing role on the continent, it is bound to play a larger role in the South Atlantic (at times called “Blue Amazon" in Brazil), and it has resisted attempts made by Europe and the United States to create one single Atlantic Space. Both Brazil’s and South Africa’s rise, but also West Africa’s and Angola’s increasingly prominent role as an energy provider will increase the South Atlantic’s strategic significance. Conscious of this shift, Brazil is interested in defining a separate South Atlantic Security Space, it has chosen Africa as a strategic priority, and it is developing a fleet of nuclear-powered submarines. As ever larger ships can no longer pass through the Suez Canal, one can expect to see a revival of the Cape of Good Hope route, which could be controlled by Brazil and South Africa, but they still lack the capacity to control the area. At the same time, piracy has turned into a global problem that requires a concerted effort. As a consequence, security has emerged as a topic during IBSA summits, largely in the context of large scale oil findings off the Brazilian coast, thus causing Brazil to increasingly regard control and defense of the South Atlantic Space as its national interest.
This chapter will elaborate on how Brazil thinks about South America and the South Atlantic Space, how it will seek to shape the creation of a South American and a South Atlantic identity, and how this may affect the geopolitical dynamics in the region.
Brazil, regional hegemon?
Given its dominant role, It is no exaggeration to argue that Brazil seems destined to lead South America. The truth, however, is more complex. Brazil paid little attention to its neighbors during most of the Cold War, and severe domestic problems kept the country from adopting a more assertive international role. In the 1980s, Brazilian foreign policy makers perceived the necessity to engage with its neighbors, principally its rival Argentina, a trend that continued and strengthened throughout the 1990s. At the beginning of Fernando Henrique Cardoso’s first term, the President began to articulate a vision that fundamentally diverged from Brazil’s traditional perspective – a vision that identified “South America” as a top priority. This trend has continued ever since, and was intensified under Cardoso’s successor, Luiz Inácio Lula da Silva. Over the past years, as Brazil’s economic rise caught the world’s attention, the region has firmly stood at the center of Brazil’s foreign policy strategy. This trend continues under Brazil’s current administration: President Rousseff’s first international trip as President, in 2011, was to Argentina. The last fifteen years thus stand in stark contrast to Brazilian foreign policy tradition. Until 1981, no Brazilian President had ever visited Peru or Colombia. What further facilitated Brazil’s growing presence in the region was a power vacuum as the United States largely lost interest in South America as its strategic focus shifted to the Middle East and Central Asia in the so-called ‘War on Terror’.
Yet despite a growing capacity to engage in the global discourse, Brazil’s regional leadership remains restrained and ambivalent. As a consequence, Brazil lacks “endorsement from the region”, as Vieira and Alden put it. As Spektor points out, Brazil is reluctant to promote regional institutions that profoundly limit national sovereignty, as is the case in the European Union.
In order to better grasp Brazil’s regional strategy, it is useful to distinguish three different ways Brazil interprets the region: As an opportunity, as a source of problems, and as a launch pad for global power.
 
-------
To Order Contact:
Africa Institute of South Africa
P0 Box 630, Pretoria, 0001
Tel: +12 304 9700
Fax: +12 323 8153
Email: publish@ai.org.za

Orders worldwide
AFRICAN BOOKS COLLECTIVE
PO Box 721, Oxford OX1 9EN, UK
Tel: +44 (0) 1865 58 9756
Fax: +44 (0) 1865 412 341
-------
Read also:

Governo pensa reduzir papel do BNDES: um subito ataque de lucidez? (nao se preocupem, logo passa...)

Acho que não vai durar muito: esse governo tem comichão intervencionista e estatizante. Está sempre pensando que os capitalistas nacionais não conseguem fazer nada sem a sua ajuda desinteressada...
Paulo Roberto de Almeida

Governo estuda reduzir tamanho do BNDES
Por Leandra Peres e Cristiano Romero | De Brasília e São Paulo
Valor Econômico, 08/10/2013

O governo estuda a reformulação do papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A ideia é reduzir o tamanho e o peso do banco na economia. Nesse novo desenho, o BNDES atuará no que Brasília chama de "novo ciclo de investimento" do país: a expansão da infraestrutura.

A agenda de encolhimento do BNDES envolve a redução de aportes do Tesouro, a venda de ativos do banco para reduzir a necessidade desses repasses, a reestruturação de carteiras da instituição e a diminuição ou até eliminação da oferta de capital de giro puro (quando não associado a projetos de investimento de longo prazo).

"Temos uma agenda e a ideia é deixar o mercado respirar mais", disse uma fonte. "O governo quer que o BNDES cumpra mais a função de um banco de investimento de infraestrutura, em vez de fazer 'corporate' e capital giro", explicou um assessor.

No caso do financiamento de bens de capital (máquinas e equipamentos), a ideia é continuar oferecendo crédito, mas sob condições menos atrativas que as do ciclo anterior. O Programa de Sustentação do Investimento (PSI), linha criada para subsidiar a compra de bens de capital, cobra juro negativo (inferior à inflação) - neste momento, de apenas 3,5% ao ano. A tendência é que a linha seja mantida, mas a um custo mais alto.

"O PSI tem um efeito multiplicador na arrecadação de tributos. No longo prazo, é algo que se torna autofinanciável [um subsídio que se paga pelo retorno que gera em receita para o governo]", ponderou uma fonte. "Cumpre uma missão muito importante, mas é preciso adaptá-lo a uma nova realidade, que leva em conta o fim do ciclo de crise lá fora e uma nova equação macroeconômica aqui dentro."

O governo acredita que o novo ciclo de investimento no Brasil vai durar pelo menos dez anos. Os financiamentos são de prazos superiores ao do crédito corporativo. "O funding para isso é diferente. É preciso construir um sistema de garantias, estimular outras formas de financiamento, como as debêntures incentivadas de infraestrutura com alto nível de segurança jurídica", disse um técnico, lembrando que, no ano passado, a Lei 12.715 criou debêntures desse tipo.

Desde que a as duas principais agências de avaliação de risco - Standard & Poor's e Moody's - reduziram a perspectiva da nota do Brasil, a presidente Dilma Rousseff já anunciou que os bancos federais vão se concentrar em suas vocações originais. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu ordens à Caixa Econômica Federal para se concentrar no financiamento habitacional e deixar o mercado de "corporate".

O papel de financiador da infraestrutura vem depois que o governo usou o BNDES para financiar a internacionalização de grandes empresas brasileiras e o investimento a taxas de juros mais baixas que as do mercado.


Na avenida Chile, onde fica a sede do BNDES, alega-se que a proposta de diminuição do papel do banco ainda não chegou. Segundo apurou o Valor, o banco considera que, como o mercado acionário está "muito ruim", vender ativos agora só pioraria ainda mais a situação da bolsa. Os ativos da BNDESPar representam 20% do ativo total do banco e responderam em média, nos últimos seis anos, por 50% do seu lucro.

De Hipócrates à hipocrisia: a medicina na era lulista - Gil Castelo Branco

Agradeço a meu colega blogueiro e companheiro das boas causas Orlando Tambosi o ter me chamado a atenção para este artigo do momento:

Gil Castello Branco
Jornal O Globo, 8/10/2013

O mais famoso médico da Grécia antiga, Hipócrates, considerado o pai da Medicina, dizia: “Para os males extremos, só são eficazes os remédios intensos.” A frase é oportuna quando se observa que a Saúde no Brasil encontra-se em colapso. Do Sistema Único de Saúde (SUS) aos planos privados, alguns verdadeiras arapucas.

Apesar da crise, políticos permanecem enaltecendo o SUS, muito embora só utilizem o Sírio (Hospital Sírio Libanês), onde são recebidos à porta pelos professores-doutores de plantão. Enquanto isso, menos da metade dos cidadãos confia nos hospitais aos quais têm direito como simples mortais.

Pesquisa da ONU, divulgada no primeiro trimestre deste ano, com base em dados coletados entre 2007 e 2009, revelou que entre 126 países o Brasil ficou em 108° lugar no que diz respeito à satisfação com a qualidade dos serviços prestados. Apenas 44% dos brasileiros sentem-se satisfeitos com os padrões aqui oferecidos. Em nenhum país da América Latina, à exceção do Haiti (35%), foi identificado índice tão baixo quanto o que os brasileiros revelaram. Nesse campeonato, perdemos, por exemplo, para o Uruguai (77%), Bolívia (59%), Afeganistão (46%) e Camarões (54%), onde a população considera os serviços de saúde melhores do que a percepção que temos sobre os nossos.

Aparentemente, o dinheiro não é o fator que mais contribui para o caos. Conforme dados da OMS de 2011, somando-se todas as principais formas de financiamento (impostos/contribuições sociais, sistemas privados de pré-pagamento e desembolsos diretos dos pacientes), o Brasil gasta anualmente com saúde 8,9% do Produto Interno Bruto (PIB). O percentual é semelhante ao da Espanha (9,4%) e não muito inferior às aplicações da França (11,6%). No entanto, na maioria dos países desenvolvidos a maior parcela do financiamento provém de fontes públicas que respondem, em média, por 70% do gasto global. Em nosso país, o setor público — que atende 150 milhões de pessoas — contribui com apenas 45,7% do total das despesas integrais com Saúde.
Nesse cenário, será que nos últimos anos a Saúde tem sido considerada como prioridade entre as políticas públicas? O programa Mais Médicos irá salvar a saúde da pátria? Infelizmente, ambas as respostas são negativas.

Ainda que os recursos globais do Ministério da Saúde tenham aumentado nos últimos anos, as despesas realizadas mantiveram praticamente a mesma relação com o PIB. Em 2002, o total pago representou 1,87%, percentual que subiu para 1,88% em 2012. Em suma, de FHC a Dilma, com ou sem CPMF, trocamos seis por meia dúzia.

Quanto aos investimentos em Saúde (construção de hospitais, UPAs, aquisições de equipamentos etc.), nos últimos 12 anos foram autorizados nos orçamentos da União R$ 67 bilhões, mas apenas R$ 27,5 bilhões (41%) foram pagos. A título de comparação, o Ministério da Defesa investiu no mesmo período R$ 56,2 bilhões, literalmente o dobro das aplicações da Pasta da Saúde. Estamos comprando blindados, aviões de caça e construindo submarinos nucleares para enfrentar imagináveis inimigos externos enquanto, por aqui, mais de um milhão de brasileiros protestam por serviços públicos de melhor qualidade.

Em 2013, a situação é semelhante. A dotação prevista para os investimentos do Ministério da Saúde é de R$ 10 bilhões. Até setembro apenas R$ 2,9 bilhões foram pagos, incluindo os restos a pagar. O valor investido coloca o Ministério da Saúde em 5° lugar comparativamente aos outros ministérios.

Na verdade, há muito por fazer. Para começar, é difícil imaginar um país saudável em que quase a metade dos domicílios não tem rede de esgotos. Por opção, vamos gastar R$ 7,1 bilhões nos estádios de futebol padrão Fifa, enquanto em dez anos aplicamos somente R$ 4,2 bilhões em saneamento. O Mais Médicos — mesmo sem o Revalida e com certificados distribuídos a esmo — vai gerar o primeiro atendimento em cidades até então desprovidas, o que é bom. Mas por trás das “boas intenções” está a reeleição de Dilma, o fortalecimento da candidatura de Padilha ao governo de São Paulo, além do financiamento da ditadura cubana.


Dessa forma, o programa passa ao largo de questões cruciais como a necessidade de mais investimentos públicos, melhor gestão, atualização das tabelas de ressarcimento do SUS, aumento das vagas nos cursos de Medicina, nas UTIs e nas residências médicas, entre outros problemas a serem enfrentados. Tal como dizia Hipócrates, urgem remédios intensos. A reconstrução da saúde no Brasil exige mais ações e menos hipocrisia.

Across the whale in (less than) a month (19): um bom final de férias, com livros e entre intelectuais...

Como relatado no post anterior, resolvemos acelerar a viagem, atravessando a caipirolândia sem novas incursões citadinas (Nashville passou batida, sob uma chuva torrencial) por um único motivo. Este:

Latin American Series Lecture
Mario Vargas Llosa in Conversation with Enrique Krauze on 'Politics and Culture in Latin America'
McCosh 50
Mario Vargas Llosa (PLAS Visiting Scholar and Recipient of the 2010 Nobel Prize for Literature)
Enrique Krauze (PLAS Visiting Scholar and Historian)
Cross-sponsored with the Spencer Trask Lecture Series
Program in Latin American Studies
Princeton University
309-316 Burr Hall
Princeton, NJ 08544 USA
(tel.) 609.258.4148 (fax) 609.258.0113
www.princeton.edu/plas

Valeu os 900 kms feitos numa segunda-feira sem outros atrativos do que a rápida visita a Charleston, capital de West Virginia, um pequeno estado corajoso, encravado entre o Kentucky, Ohio, Maryland e, sobretudo, a Virginia, da qual ele se separou corajosamente em meados do século 19, pois não queria compartilhar do escravismo renitente naquele estado vizinho que funcionou como capital da Confederação (em Richmond) durante a guerra civil, ou seja, a poucas centenas de quilômetros de Washington. West Virginia é um estado muito bonito, montanhas, vegetação, paisagens que lembram a Europa alpina, a Suíça, em certos trechos.
Como disse, também, aproveitei para comprar o mais recente livro de Niall Ferguson, The Great Degeneration, que fiquei lendo no auditório da universidade de Princeton, esperando a conferência começar.
Mas o dia foi ocupado por visitas a Princeton, que já conhecíamos de anteriores visitas, inclusive uma recente para o lançamento da biografia de Albert Hirschman por Jeremy Adelman (The Wordly Philosopher), que estou lendo ainda (tem mais de 800 páginas, mas já saiu de Berlim, e da Europa, já passei pela Segunda Guerra Mundial, pela Califórnia e por Washington, e atualmente estou seguindo o Hirschman na Colômbia).
Visitamos uma excelente livraria, a Labyrinth Books, na Nassau Street a principal de Princeton, onde Carmen Lícia comprou mais a sua pequena dezena de livros.

Eu me contentei com este aqui:
François Rachline,
De zéro à epsilon: L'Économie de la Capture
(Paris: Archipel First, 1991)

Um livro antigo mas que eu absolutamente não conhecia, mesmo tendo estudado em francês boa parte da vida, e sempre acompanhar os lançamentos da minha área. Em 1991, porém, estava em Montevidéu, e depois em Brasília. Passou-me, pois.
Quando cheguei em Paris, em 1993, já não encontrei mais o livro em destaque, e ele me escapou, impune, se ouso dizer, durante todo este tempo. Uma pena.
Trata-se de um estudo original, que rompe com o modelo usual de análise econômica, baseada no conceito de equilíbrio. O autor busca justamente explicá-la em termos de desequilíbrios e assimetrias, situando a abordagem econômica no contexto histórico, filosófico, epistemológico e cultural de cada época: uma maneira nova de abordar a economia. Vou ler...


Bem, volto à Lecture de Mario Vargas Llosa e de Enrique Krauze, dois grandes intelectuais latino-americanos, reunidos para falar de política, de literatura, de cultura, da América Latina de modo geral.

Confesso que não me acrescentou grande coisa, embora nunca tivesse visto pessoalmente o mexicano; já Vargas Llosa devo tê-lo visto pelo menos uma vez em Washington, no Cato Institute, e recentemente, por video, num programa Roda Viva da TV Cultura, quando ele deu um show de inteligência e bom humor. Eis uma foto tirada por Carmen Lícia ao início da palestra conjunta, os dois sentados democraticamente com suas garrafinhas de água de plástico, sem sequer um copo... Esses americanos são muito democráticos, sem dúvida.

A conversa dos dois, para quem acompanha a realidade latino-americana de perto, como eu, não apresentou grandes novidades, e o que ambos disseram, com exceção de alguns detalhes pessoais -- contatos com líderes políticos de seus respectivos países, leituras, observações de cunho direto -- já me era amplamente conhecido, da realidade política e econômica do Peru, do México, da Venezuela e de outros países. O Brasil foi abordado, basicamente pelo lado da corrupção, que parece que é o que nos distingue mundialmente, processo amplamente ampliado, se me permitem a redundância, pelos companheiros no poder.
Aliás, Vargas Llosa se enganou, ou foi enganado pelo STF, pois se referiu a "ministros do Lula" que "foram para a cadeia". Ele gostaria que fosse assim, nós também, mas infelizmente não é verdade, e os companheiros podem se safar, graças a juízes encomendados pelos companheiros.
Para Vargas Llosa, Humala foi uma "good surprise", e ele não se arrepende de tê-lo apoiado. Confesso que quando ele apoiou o candidato ex-chavista, em sua segunda tentativa, eu o considerei maluco, e achava que deveria ter ficado neutro. Mas ele justificou o gesto, considerando que Humala era o mal menor. Continuo achando que ele foi afetado pela sua derrota frente a Fujimori, ainda nos anos 1990, e nunca se recuperou. Provavelmente considerava que sua filha Keiko fosse libertar o ditador (que de certa forma derrotou os gueriilheiros malucos do Sendero Luminoso, e colocou o Peru no caminho da estabilidade econômica).
Krauze lamentou que a esquerda mexicana ainda não tivesse se modernizado, como suas congêneres do Chile, do Uruguai, de Peru (não citou a esquerda brasileira, pois deve saber que os companheiros adoram ditadores decadentes). Acha que o PRI que retornou ao México é diferente no plano federal, mas que a nível local (governadores e prefeitos), continua o velho PRI oligárquico e corrupto de sempre.
Ambos concordam em que o modelo chavista não tem nenhum futuro, e que a Venezuela só pode afundar de modo catastrófico, o que também acho.
Vargas Llosa foi especialmente crítico em relação aos intelectuais latino-americanos. Disse que sua influência na vida latino-americana, cultural e política, foi essencialmente negativa, pois sempre sustentaram causas erradas: socialismos soviético, maoista, e as piores ditaduras do continente e alhures. Agora ninguém mais os escuta, pois a classe média se tornou pragmática.
Krauze atalhou, para dizer que iria defender Vargas Llosa contra ele mesmo, ao dizer que como intelectual, ele tinha navegado contra a corrente, na boa direção.
Na parte das questões, a maior parte foi genérica demais, mas Vargas Llosa aproveitou para fazer uma defesa do livro, para ele ameaçado pelas novas tecnologias digitais.
Ele acha que o livro pode desaparecer. Pois eu acabo de ler uma matéria de imprensa, que informa que, graças a essas novas tecnologias, os e-books, os readers em tablets, os jovens estão lendo mais do que o faziam na era do livro apenas impresso.
Mas Vargas Llosa também tem razão quando diz que a escrita, na era digital, tornou-se mais medíocre, e que a única salvação da boa literatura continua sendo sob a forma de livros tradicionais.
Pode ser que ele esteja certo, mas não há impedimento que grandes escritores publiquem grandes obras da literatura em formato digital, já que o livro impresso vai continuar sendo relativamente mais caro...
Enfim, ele terminou com previsões sombrias, de um desaparecimento do pensamento crítico sob um mundo orwelliano de tecnologias digitais.
Ao fim e ao cabo, se disse otimista quanto ao futuro da América Latina, para ele cada vez mais democrática, mas não era nada otimista quanto ao futuro da humanidade (no plano do conhecimento e da grande literatura, se entende).

Foi um bom final de viagem.
Amanhã, vamos para a etapa final da viagem, de Princeton até Hartford, numa tacada só...

Paulo Roberto de Almeida
Princeton, 8 de outubro de 2013

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Deu no New York Times: capitalismo companheiro chegou ao seu limite

Que distinção: o Brasil ser contemplado por um editorial sério do New York Times...
Pena que não foi pelos bons motivos...
Aliás, o editorial já começa errado, falando de uma década de crescimento rápido, o que é absolutamente equivocado. O Brasil NUNCA passou de uma média de 4%, e alguns impulsos acima disso não se revelaram sustentáveis. Enquanto o Brasil não investir, não vai haver crescimento decente. E não pode haver investimento, se o governo continuar raspando dois quintos da riqueza produzida pela sociedade.
O Brasil tem uma poupança medíocre (17% do PIB, apenas), e uma carga fiscal elefantesca: 38% do PIB.
Investe menos de 20%, já que o governo não consegue deixar de sugar a riqueza social para gastos correntes.
Será muito difícil de compreender isto?
Leiam vocês mesmos:

EDITORIAL

Brazil’s Next Steps

After a decade of fast growth and rising incomes, Brazil has hit a rough patch that is testing its government’s ability to manage the economy and satisfy the growing aspirations of its people. President Dilma Rousseff, who faces elections next year, needs to push through policy reforms and public investment projects to revive growth and bring inflation under control.

Last year, Brazil’s economy grew only 0.9 percent because private investment slowed down. Analysts expect the growth rate to recover to 2.5 percent this year, but that is still far slower than the 7.5 percent the country achieved in 2010.
In June, tens of thousands of people joined street protests that were prompted by an increase in public-transit fares but quickly became a way for Brazilians to air broader grievances about the rising cost of living, weak infrastructure, political corruption and government spending on big sporting events like the 2014 World Cup. In response to the protests, Ms. Rousseff said she would push for political reforms and investments in infrastructure, but her government has not yet delivered on those promises.
Brazil has made impressive gains under Ms. Rousseff and her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Programs like Bolsa Familia, which provides cash to families if they immunize their children and send them to school, have bolstered incomes of the poor and improved their health. About 8 percent of Brazilians lived on less than $2 a day last yeardown from 20 percent 10 years earlier. Infant mortality has fallen by nearly 50 percent.
But while the incomes of the country’s poorest citizens have grown faster than those of its richest in recent years, income inequality remains high. And inflation, which erodes rising incomes, is taking a big toll on the poorest Brazilians. The country’s inflation rate was 6.09 percent in August, according to the central bank, which has raised interest rates several times this year.
People living in cities like São Paulo pay more for food, housing and other basic goods than people in other comparable countries. A big reason for the high prices is that the government has not built enough roads, railways, ports and other infrastructure to keep up with the economy’s growth. Brazil also imposes high import duties and taxes that inflate the price of many goods and services.
The country also needs to reform its education system, which does a poor job preparing young people for skilled jobs in the manufacturing and the service sector. In an international test of the reading, math and science skills of 15-year olds, Brazilian students scored lower than their counterparts in other Latin American countries like Uruguay, Mexico and Colombia.
Brazil has such chronic shortages of skilled professionals that the government is planning to import doctors from other countries. That might be a fine temporary solution, but the government needs to build more universities and improve teaching in primary and secondary schools to make sure more students can pursue higher education.
The nation has seen social advancements in a short time, and now its citizens expect more from their leaders.

Across the whale in a month (18): approaching the finish line

Chuva, chuva, temporais, tempestades, tornados e sabe-se lá o que mais.
Até Memphis, nossa viagem foi isenta de maiores emoções estradeiras, a não ser belas paisagens de montanhas, de desertos, de florestas, e aquela sucessão de McDonalds e BurguerKings pelas vias de acesso, quando se tratava de parar para gasolina, refrescos e alguma alimentação.
Até ali, sábado 5 de outubro, Carmen Lícia e eu já tínhamos feito mais de 6 mil milhas de viagem (ou seja, quase 10 mil kms), sem nenhum problema para o carro ou surpresas.
Domingo, sem que eu fizesse grande questão, lá fomos seguir aquela massa de americanos caipiras na visita a Graceland, a mansão kitsch de Elvis Presley. Eu, na verdade, não fazia nenhuma questão de ver aquelas coisas bregas, de quem passa (até hoje), por ser um ídolo do rock americano, amado por gerações (hoje de idade avançada, em sua maior parte) de fãs do gênero, em todo o mundo, especialmente nesse interior caipira dos EUA.
Enfim, dispenso-me de maiores comentários. Carmen Lícia pode comprar seus cacarecos presleyanos, fazer suas fotos daquelas coisas, e depois lá tocamos para a estrada.
Eu tinha resolvido acelerar o final da viagem, para poder estar em Princeton na terça-feira, dia 8, para ouvir Mario Vargas Llosa e Enrique Krauze. Carmen Lícia estava inteiramente de acordo, já que a travessia do que chamamos de caipirolândia é realmente muito chata.
Enfim, tem quem goste.
Nashville, por exemplo, ainda no Tennessee, é a capital da música country, vocês sabem, aquela coisa de Johnny Cash, e outros ainda mais bregas. Eu gosto do Willy Nelson, tanto que ouvi várias de suas músicas que tenho gravadas, nas centenas de quilômetros que vamos consumindo no carro sob todas as formas: radios locais, radio de internet, música do iPhone, pendrives carregados de músicas e algumas CDs levados e comprados aqui e ali (inclusive um com músicas do Ray Charles, que eu não conhecia, que comprei num correio de Santa Barbara).
Os imprevistos começaram justamente no domingo 6 de outubro, ao sairmos de Memphis, já depois do almoço.
Não foi possível parar em lugar nenhum, salvo o estritamente necessário para abastecer o carro, pois o dilúvio do Noé se abateu sobre nós.
Praticamente durante nove horas seguidas de viagem, durante 550 milhas (900 kms), viajamos sob chuva forte e muitos ventos.
Ufa! Conseguimos chegar ao final do Kentucky, depois de atravessar os dois estados sob chuva torrencial.
Segunda-feira, já sem chuva, foi outra corrida infernal: quatro estados (desde o Kentucky, passando por West Virginia, Maryland e Pennsylvania), até chegarmos a Nova Jersey, o que faz o quinto estado, mais exatamente em Princeton, onde chegamos tarde da noite: foram mais 563 milhas de estradas bastante boas, mas com inúmeros pontos de consertos e conservação, o que diminuiu o ritmo de viagem, onze horas, praticamente, contando as paradas para descanso e alimentação.
Carmen Lícia continuou fazendo muitas fotos das paisagens.
No caminho, paramos em Charleston, capital da West Virginia, que ainda não conhecíamos.
Foi inevitável comprar alguns livros, numa livraria do centro histórico.
Comprei o último do Nial Ferguson: The Great Degeneration, que andava namorando desde algum tempo, mas que esperava para comprar no Abebooks, por um punhado de dólares. Bem, custo pouco mais de 21 dólares, o que achei razoável. Carmen Lícia comprou vários de seu interesse: China, Oriente Médio, budismo, etc.

Aliás, enquanto eu percorrendo as estantes da Taylor Bookshop, na Capitol Street, estava pensando em quantos livros eu já acumulei em minha existência livresca. Já nem sei mais contar. Deixei milhares no Brasil, e só trouxe algumas centenas para os Estados Unidos.
Desde que chegamos, já comprei algumas dezenas, e só nesta viagem, em que procurei ser comedido, devo ter comprado dez ou doze. Carmen Lícia foi mais gulosa do que eu: o porta-malas do carro, o banco de trás, está cheio de livros dela; com razão, ela consegue ler mais do que eu.

Mas estive pensando em uma série que pretendo escrever, sobre livros, obviamente.
Já brinquei comigo mesmo, dizendo que, entre todos os livros que acumulei, e todos aqueles que não tenho mas que me interessam, e e que estão nas bibliotecas, nas livrarias, e os que ainda não foram publicados, mas que pretendo ler um dia, entre todos esses, sua leitura me exigiria mais uns 150 anos de vida, no meu estilo de leitura: cada linha, pensando, anotando, refletindo, eventualmente copiando citações para usar em trabalhos, para completar pesquisas, enfim, apenas pelo prazer de ler e guardar frases ou análises memoráveis.
Acho que não vai dar: 150 anos a mais acho que é um pouco exagerado, então vou ter de encurtar o processo.
Estou pensando em começar uma série, que intitulo, provisoriamente, de
Livros para ler Até o Fim dos Dias...
Nela, pretendo percorrer cada um dos livros ao meu alcance, e fazer uma anotação breve, ao estilo das minhas miniresenhas (mas provavelmente um pouco maiores, de duas páginas, aproximadamente), resumindo o livro, sem precisar ler linha por linha. Minha capacidade de absorção e de apreensão dos meus livros me permitiria fazer isso, o que seria até útil para ler apenas os que ainda valem a pena de serem lidos inteiramente.
Bem, vou começar com os que tenho em Hartford, e recolher mais alguns em Brasília, numa próxima ida.
O problema, como sempre, é guardar todos eles.
Já não tenho mais estantes disponíveis no apartamento. Vou precisar comprar mais.
Loucura infinita...
Paulo Roberto de Almeida
Princeton, 8 de outubro de 2013

Woody Allen em Caracas, mas nao para uma comedia romantica, ao contrario...

"Bananas" é, possivelmente, o PIOR filme do jovem Allen, ainda cheio de estereótipos sobre a América Latina, misturando Cuba, México, o resto da América Central, enfim, uma confusão dos diabos e um filme horroroso, para chorar de raiva, não de riso.
Pois bem, o filme "Bananas" ainda parece bem melhor do que a comédia horrorosa que se passa atualmente na Venezuela, para chorar de desespero, pelo menos os venezuelanos, coitados.
Um dia os venezuelanos ainda vão rir do ridículo que estão passando. Por enquanto é viver no desespero...
Paulo Roberto de Almeida

Uma farsa atrás da outra

06 de outubro de 2013 | 2h 08
Editorial O Estado de S.Paulo
Parecia uma cena copiada de Bananas, a clássica comédia de Woody Allen, filmada em 1971, sobre golpes e revoluções na América Latina, em que o autor interpreta um impagável Fidel Castro. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, surge em rede nacional de TV para anunciar, em meio a um patriótico discurso comemorativo de uma batalha travada há 200 anos no norte do país, a expulsão de três diplomatas americanos. Ele os acusa de "fazerem ações (sic) para sabotar o sistema de eletricidade" nacional. E apela para o velho mote: "Yankees, go home!".
Na Venezuela chavista, diferentemente da máxima de Marx de que a história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa, a história oficial é uma sequência interminável de farsas. Em março, pouco antes de comunicar a morte do caudilho a quem havia sucedido ainda em vida, Maduro mandou expulsar dois adidos militares dos Estados Unidos, sob a acusação de urdir "planos desestabilizadores". Na semana passada, deixou de participar da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, alegando riscos à sua "integridade física".
O trio inclui a principal enviada de Washington a Caracas, a encarregada de negócios Kelly Keiderling. Desde 2010, as respectivas representações estão sem embaixadores, embora os EUA sejam o maior comprador do petróleo venezuelano. Antes de se ir, a diplomata tomou a incomum iniciativa de convocar uma entrevista para responder à delirante versão de que ela e seus dois colegas haviam instigado atos de sabotagem contra o sistema elétrico venezuelano, além de repassar fundos à oposição, tendo em vista as eleições municipais de 7 de dezembro próximo no país.
O governo americano reagiu conforme o protocolo. Repeliu a invencionice contra os seus representantes e expulsou igual número de diplomatas venezuelanos. Com isso, esfumam-se as irrealistas expectativas de que a morte de Chávez pudesse levar a uma distensão das relações bilaterais, depois de 14 anos de ataques do bolivariano ao "maldito império del dólar", com o qual nunca deixou de fazer negócios.
Mas, como sempre, tudo vale na tentativa de jogar areia nos olhos do povo e impedir que o partido do regime se saia mal no pleito que se aproxima - e que Maduro considera um referendo sobre a sua gestão. Ela tem sido um completo desastre. Nada, rigorosamente nada, melhorou para os venezuelanos desde a eleição encharcada de fraudes do antigo vice de Chávez, em abril último. A rigor, quase tudo piorou. Segundo o Banco Central da Venezuela, o desabastecimento subiu para 20%, puxado pelos bens de consumo cotidiano - do leite ao papel higiênico. A inflação é da ordem de 40%, a mais alta da América Latina.
No paralelo, o dólar vale 42 bolívares, ante 6,3 no oficial. O volume das reservas em moeda forte desceu ao menor nível em nove anos, amputando a capacidade do país de importar gêneros de primeira necessidade, pagando em dólar. A criminalidade, a corrupção e os apagões seguem o seu curso habitual. Assim também as farsas. Maduro fala em adotar "medidas especiais" contra os meios de comunicação que estimulariam a corrida aos supermercados ao abordar a crise de escassez no país.
Seria um caso típico da proverbial profecia que se cumpre por si mesma, não fosse por um detalhe que desmancha a teoria conspiratória da "guerra psicológica contra a segurança alimentar do povo", no dizer de Maduro. Vários periódicos, sobretudo no interior, tiveram a circulação suspensa ou simplesmente fecharam por falta de tinta e papel de impressão. "O governo acusa os empresários privados de provocar desabastecimento", protestou o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da SIP, o uruguaio Claudio Paolillo. "Mas omite a falta de insumos para a publicação de jornais, sendo o único responsável por permitir sua importação." Maduro quer evitar a todo custo que o desabastecimento se torne tema da campanha eleitoral, constata o sociólogo venezuelano Luis Vicente León. "Por isso, ameaça a imprensa com a censura ou a autocensura."

A frase da semana: afinidades eletivas dos companheiros

“A esquerda brasileira sempre teve profunda identificação ideológica com Chávez, como o chavismo na Venezuela”.


José Guimarães, líder do PT na Câmara.

Está tudo explicado, então: eles são tão fascistas quanto o foi o finado coronel, que tinha o DNA do Mussolini.
Será que vão levar o Brasil para o mesmo desastre econômico da Venezuela?
Questão em aberto...

Brasil: crescimento padrao companheiros: mediocre, declinante, desquilibrado...

E deficitário também.
Eles conseguiram, finalmente, chegar ao seu próprio padrão, sem ajuda chinesa, sem estímulos da economia mundial, apenas com a própria incompetência da política econômica governamental...
Paulo Roberto de Almeida

FMI reduz a projeção de crescimento do Brasil em 2014 para 2,5%

Segundo as projeções, Brasil terá o menor crescimento entre países emergentes; para 2013, a previsão foi mantida em 2,5%

08 de outubro de 2013 | 10h 01
Altamiro Silva Júnior, enviado especial da Agência Estado
WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a projeção de crescimento do Brasil em 2013, mas reduziu a de 2014. Os economistas do Fundo seguem apostando que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 2,5% este ano, de acordo com o relatório Perspectiva Econômica Global, divulgado nesta terça-feira (8) pelo Fundo no início de sua reunião anual. A estimativa é a mesma que havia sido divulgada em julho. Mas, para o ano que vem, a projeção anterior de alta de 3,2% do PIB foi reduzida para 2,5%.
Se o crescimento de 2,5% se confirmar em 2014, este será a menor alta entre os emergentes. Apesar de a projeção ter sido cortada, a Índia deve crescer 5,1% em 2014 e 3,8% em 2013. As projeções para o PIB da China também foram reduzidas e o documento diz que o país asiático terá nos próximos anos um ritmo menos intenso de crescimento do que vinha registrando. Em 2013, a previsão de crescimento da economia baixou de 7,8% para 7,6%. No ano que vem, foi reduzida de 7,7% para 7,3%.
No caso da Rússia, o PIB deve crescer 3% em 2014 e 1,5% em 2013. O documento ainda calcula uma alta de 2,9% da economia da África do Sul em 2014 e de 2% em 2013.
Os países emergentes, ressalta o FMI, estão registrando crescimento menor e devem contribuir menos com o avanço do PIB mundial este ano e nos próximos. As taxas de expansão destes mercados estão em torno de três pontos porcentuais abaixo do que eram em 2010, com Brasil, Índia e China respondendo por dois terços do declínio. No caso do Brasil e Índia, o relatório destaca que parte da desaceleração deve-se a uma infraestrutura insuficiente, que limita uma maior expansão da atividade, além de questões regulatórias.
A América Latina deve crescer 2,7% este ano e 3,1% no próximo, nos dois casos uma redução de 0,3 ponto porcentual ante a estimativa divulgada em julho. O México deve se expandir apenas 1,2% este ano. O país teve o maior corte na estimativa do PIB em 2013 no relatório de hoje, com redução de 1,7 ponto.
Manutenção da projeção
Foi a primeira vez em mais de um ano que o FMI manteve a projeção de crescimento brasileiro para 2013, já que o número vinha sendo reduzido a cada novo relatório com estimativas econômicas do Fundo desde meados do ano passado. Para 2014, a redução de 0,7 ponto porcentual na projeção do PIB brasileiro foi a maior entre os principais países com números divulgados hoje pelo FMI.
No relatório, o FMI destaca que a recuperação da economia brasileira deve continuar em ritmo moderado, ajudada pela alta do dólar e pelo consumo, além das políticas de estímulo do governo para incentivar o investimento. Mas o documento chama atenção para o fato de que a inflação alta pode pesar no desempenho do varejo ao reduzir o poder de compra da população. Incerteza política e problemas pelo lado da oferta também podem continuar a prejudicar a atividade econômica.
Em meio à inflação ainda alta, o FMI diz que o Brasil pode precisar elevar novamente os juros. "Em um grupo de países, incluindo Brasil, Índia e Indonésia, um maior aperto (na política monetária) pode ser necessário para fazer face à continua pressão inflacionária vinda da limitação da capacidade produtiva e que deve ainda ser reforçada pela recente depreciação da moeda", afirma o documento, que reserva boa parte de sua análise para descrever a desaceleração econômica dos mercados emergentes - movimento que acabou acontecendo em intensidade maior do que se esperava.
O FMI estima que o índice de preços ao consumidor vá subir 6,3% este ano no Brasil e 5,8% no próximo. O déficit da conta corrente deve ficar em 3,4% e 3,2%, respectivamente neste ano e no próximo. Já para a taxa de desemprego a previsão é de 5,8% e 6%. Ainda sobre o Brasil, o FMI alerta que a política fiscal do País precisa ser reforçada com urgência, dado o alto nível de endividamento.

Neomalthusianos ecologicos podem acabar com o reinado dos companheiros- Jorge Hori

O título é meu, mas o resto é desse excelente analista político, que me foi apresentado por meu amigo Mauricio David.
Paulo Roberto de Almeida

Ruptura definitiva
Blog do Jorge Hori, 7/10/2013
O que mais está assustando os petistas não foi apenas a coligação de Marina Silva com Eduardo Campos, mas o seu discurso. Ressentida, revoltada e indignada apesar da fala leve e mansa do seu discurso.
O grande golpe perpetrado por Lula e pelo PT, percebendo as falhas de Marina Silva e seus adeptos ou simpatizantes na coleta das assinaturas foi valer-se da lei para tirá-la do jogo.
Deixando de ser candidata, a maioria dos seus quase 20 milhões de eleitores votaria preferencialmente em Dilma e uma grande parte não votaria em Aécio Neves ou em qualquer outro candidato do PSDB. 
Petista de carteirinha não vota em tucano de jeito algum. E uma grande parte dos eleitores marinistas eram oriundos do PT. 
Sem Marina Silva na disputa voltariam a votar no PT, propiciando a Dilma uma vitória no primeiro turno. Se, porventura, a eleição fosse para o segundo turno, Eduardo Campos também voltaria à aliança com o PT, deixando Aécio Neves isolado.
De qualquer forma sem Marina Silva na disputa, a reeleição de Dilma estaria assegurada.

Mas o golpe petista, acabou resultando num "tiro no pé".

Marina Silva levou ao "pé da letra" a famosa frase que teria sido proferida por Getúlio Vargas que já aqui usamos: "para os amigos tudo, para os inimigos o rigor da lei".

Percebeu a sua ingenuidade no processo de coleta das assinaturas, porque não aceitou os alertas de que os cartórios estavam tendo atividades suspeitas. Preferiu acreditar na lisura e na seriedade dos Cartórios Eleitorais, da mesma forma que foram defendidos por Carmem Lúcia.

Mas ao perceber a efetividade do golpe, aceitou-o como uma guerra não declarada e manifestou-a publicamente.

O seu discurso é de ruptura definitiva com o PT. Entendeu que foi tratada como inimiga e como inimiga agora que destruir o contendor. Sentiu-se traida na confiança.

Engajou-se no movimento "chega de PT", aliando-se a Eduardo Campos e, indiretamente, com Aécio Neves.

Quer acabar com a hegemonia do PT e o chavismo.

O seu discurso sublminar aos marineiros é "não votem mais no PT": ele é nosso inimigo.

Ou para não ser tão radical: "ele nos trata como inimigos". 

É só ver as manifestações colocadas na rede social. Que não tem a diplomacia ou educação de Marina.

Apesar disso muitos continuarão votando no PT, por tradição e sedução. 

E  Marina aliando-se a Eduardo Campos oferece uma alternativa a quem não quer votar em Aécio Neves, um tucano.

Sem os votos de grande parte dos marineiros, principalmente os jovens Dilma terá grande dificuldade de vencer no primeiro turno, embora possa ter mais votos que cada um dos demais individualmente.

Indo para o segundo turno terá que enfrentar a aliança dos "chega de PT", que terá maior possibilidade de vitória.

O golpe do PT tornou uma vitória de Dilma que parecia certa, com o afastamento de Marina Silva do jogo, em mais problemática.

Terá que cuidar muito da sua reação e dos lances seguintes, para arrumar os estragos e não piorar a situação.
.-.-.-.-.-..-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

A strategic response

The Brazilian electoral-political framework is not easy to be understood by foreigners.

The Workers' Party (PT) has been in power since 2003, with the election of a trade unionist, Lula, that even outside the formal power since January 2011, is still the main leader of the PT and governs its actions.

The PT was formed out of opposition to the military dictatorship, along with the then MDB (Brazilian Democratic Movement). From it, by splitting, arose PSDB (Brazilian Social Democracy Party).

Lula, after two terms, successfully led the election of Dilma Rousseff, and also repeated the feat managing to elect an almost electorally unknown as Mayor of the City of São Paulo, and intends to repeat the miracle in the next election for Governor of the State of São Paulo.
There’s a gossip that he may have said “If I wish I can make even a pole elect”…

His main goal now is to have Rousseff reelected, to maintain political hegemony for another 4 years, after which he, personally survive and if there is no other strong candidate of the PT, will run for election. In Brazil there is possibility of reelection for another term and there is no impediment for a former president to run again.

But over and above this, his goal under personal idiosyncrasy is to avoid that the PSDB, former ally against the military dictatorship, return to power.

There are no major programmatic differences between the two parties, but in the way to participate in the elections and how to conduct government.
There is a deep hatred of the historical “petistas”, against the former President Fernando Henrique Cardoso to have delayed the conquest of power by the PT. They still think that FHC betrayed them and took the place that should be of Lula in 1996, when he was first elected, defeating Lula.
Even having defeated the PSDB candidate in 2002, the deadly hatred continues, despite this party being always divided and not having a strong candidate to face the current President.

DilmaRousseffwas living in a tranquil perspective of re-election, based on the votes of the poor that PT benefits from social programs, but two facts undermined her position: the resurgence of inflation, which the people call the “carestia” (sort of "famine" - rising of prices of what one has to buy) and then large demonstrations in the streets of major cities, initiated by angry young people, but that mobilized the urban middle class.

The poorest were only as the spectators, but all have an obligation to vote. This is the trump card of the PT, which has greater ability to affect the hearts and minds of the poorestvoters.

But in the midst of these demonstrations the people found a third figure, characterized by honesty and distune with the set of Brazilian politicians, almost all "tail stuck" and defenders of the status quo and their privileges:
Marina Silva, a former rubber tapper, advocate of environmental causes and Evangelical, a PT member from its beginning, believing in the innovative and ethical propositions of the party. When it abandonedits ethical proposals, she left the party and in the last elections in 2010, reached 20 million votes.

By becoming an alternative to the presidential election she was seen as a PT enemy, and Lula acted to derail her candidacy.
Taking advantage of amateurism in mounting her party, the “Rede” (Network), Lula maneuvered so that the Regional Electoral Registrars retain the confirmation of registration forms in the party, and got the Electoral Court reject, on grounds of legal bureaucracy, the record of her new party.

She was left with two basic options: join another party to keep her candidacy for president, in this case preferably the PPS (Popular Socialist Party), former Brazilian Communist Party, still leftist, but allied to the opposition to the Government. Or quitting the application while maintaining a programmatic coherence and continue the struggle to legalize her party, became clandestine.

That was the main hope of the PT, taking her out of the electoral race, so as not to disturb the re-election of Rousseff.

But surprisingly, she adopted a third way, more threatening to Dilma: she  teamed up with one of the alternative candidates against re-election of Rousseff, Eduardo Campos, Governor of the State of Pernambuco and president of his party, the PSB (Brazilian Socialist Party).

Until recently a member of the governing coalition, the PSB dissented with PT and aims to be an alternative to the dichotomy PT x PSDB.

Marina Silva entirely shuffled the framework of electoral competition, and was a strategic move to counterattack the PT moves to derail her candidacy.
No longer will be presidential candidate, but strengthens an alternative candidate.
She did exactly what the PT did not want and did not desire.
Treated as "enemy" by PT she hit back.

But the game continues and there is still exactly one year to the elections.


Anyway, the positions on the chess board changed and Rousseff now has two strong opponents, Campos, PSD, and AécioNeves, PSDB, that will play combined, but in different fronts, with a common goal: wear out Roussef’s popularity.

Brasil: universidades padrao companheiros? A queda da USP era esperada- Editorial Estadao

A USP sai da elite mundial

Editorial/OESP/08out13
Dois anos depois de ter ficado entre as 200 melhores universidades do mundo, no levantamento comparativo que a Times Higher Education vem realizando desde 2004, a USP despencou no ranking. Em 2012, a instituição foi classificada no 158.º lugar. Na pesquisa de 2013, ela figura entre as 226 e 250 melhores (o estudo não revela a posição de cada universidade depois do 200.º lugar).
A segunda melhor instituição brasileira no ranking - a Unicamp - nem sequer aparece entre as 300 primeiras. A classificação leva em conta o orçamento de cada universidade, o nível de ensino, a reputação do corpo docente, o número de títulos de doutor concedidos, a quantidade de pesquisas e o volume de receitas delas decorrente, citações de artigos em periódicos de prestígio mundial, a influência das pesquisas na inovação industrial e o grau de internacionalização. Para o ranking de 2013, a Times Higher Education entrevistou mais de 10 mil acadêmicos e analisou cerca de 50 milhões de menções em revistas científicas.
Dos países que tinham ao menos uma universidade entre as 200 melhores nas edições anteriores da Times Higher Education, o Brasil é o único que não está mais na lista. No levantamento de 2013, há 26 nações com universidades bem avaliadas - e nenhuma delas é da América Latina. Os Estados Unidos, com 77 instituições, lideram o ranking, seguidos do Reino Unido, com 31. Apesar das dificuldades financeiras e políticas por que passam, Espanha e Turquia entraram para o grupo de elite.
Para os especialistas em educação, a saída do Brasil da elite universitária mundial afetará negativamente a imagem externa do País. "Com seu tamanho e poder econômico, o Brasil precisa de universidades competitivas internacionalmente. É um golpe perder a única entre as 200 no topo do ranking", diz o editor da Times Higher Education, Phil Baty. "Um país do porte do Brasil precisa ter mais universidades de nível global para o crescimento com base em inovação científica", afirma a especialista que analisou o sistema educacional brasileiro, Elizabeth Gibney.
A queda da USP no ranking da Times Higher Education se deve a vários fatores. A instituição apresenta problemas na proporção entre doutores e alunos da graduação. Tem um número baixo de doutorados premiados por mérito acadêmico. E o desempenho nos indicadores de reputação internacional caiu, apesar dos programas de internacionalização adotados pela instituição. A reputação é medida por questionários enviados a milhares de acadêmicos em todo o mundo.
Segundo os especialistas, se os professores e pesquisadores da USP e das demais universidades brasileiras publicassem mais artigos em revistas internacionais com conselho de arbitragem, a imagem melhoraria. Nos últimos anos, nossas universidades aumentaram a produção de artigos, em termos absolutos, mas a qualidade - medida pelo total de citações nos periódicos mais respeitados - deixa a desejar. Além disso, as atividades de intercâmbio internacional de nossas instituições de ensino superior são muito baixas - só nos últimos dois anos é que o País ampliou seus investimentos na área, com a criação do Ciência sem Fronteiras. E, mesmo assim, muitos bolsistas desse programa não têm o domínio de outros idiomas, o que compromete seu aprendizado numa instituição estrangeira. O inglês é apontado como um dos principais obstáculos para pesquisadores brasileiros em trabalhos e publicações científicas no exterior.
Uma parte dos problemas que afligem nossas universidades resulta de dificuldades burocráticas e falta de foco na definição de prioridades. Outra parte resulta do viés ideológico das autoridades educacionais - desde a ascensão do PT ao poder, elas desqualificam os órgãos responsáveis pelos levantamentos comparativos e insistem em aumentar a quantidade de universidades federais, abrindo campi onde não há demanda, admitindo alunos antes de existirem instalações adequadas, criando cursos noturnos sem preocupação com a qualidade e aumentando os custos do ensino superior sem modificar seus objetivos e formas de atuação.

Nao espiona e nao deixa ninguem espionar: aventuras sherloquianas doscompanheiros - Guilherme Fiuza

Guilherme Fiuza


Dilma foi à ONU e acabou com Barack Obama. Lendo com fúria o discurso terceiro-mundista que algum Marco Aurélio Garcia ajuntou para ela, deixou os yankees apavorados. Falando sobre espionagem digital, a presidente brasileira deu uma lição de direito e democracia aos americanos, com sua autoridade de aliada de Cuba, Irã, Síria e Venezuela. E Dilma fez mais: cancelou a visita que faria neste mês aos Estados Unidos. A maior potência mundial talvez não resista a esse golpe.

Obama inventou uma briguinha com o Congresso e fez seu governo parar de funcionar - tudo para ganhar tempo e pensar o que fará sem Dilma. A Casa Branca estaria tentando negociar pelo menos a substituição dela por outra grande líder do Brasil transparente - como Erenice Guerra ou Rosemary Noronha -, mas o Planalto estaria irredutível.

A ética petista não transige com espiões, não tolera governos que abusam de seu poder para fins de dominação política. Tanto que a espionagem do sigilo bancário do caseiro Francenildo foi feita sem qualquer invasão de privacidade - a conta era num banco estatal, e as estatais, como se sabe, são deles, e ninguém tem nada com isso. Inclusive, Marcos Valério levava tranquilamente sacos de dinheiro do Banco do Brasil para o PT, tudo em casa. Agora os Estados Unidos aprenderão com Dilma a respeitar o que é dos outros.

Alguns críticos neoliberais, elitistas e burgueses andaram dizendo que o discurso de Dilma na ONU foi uma bravata pueril, uma lambança diplomática. Disseram que Oswaldo Aranha e o Barão do Rio Branco se reviraram nas catacumbas com a transformação da assembleia da ONU em assembleia do PT, onde o que vale é rosnar contra o "inimigo" para excitar a militância e descolar uns votos. Esses críticos acham que a gritaria de Dilma em Nova York e o cancelamento de sua visita aos EUA fazem bem ao PT e mal ao Brasil. São uns invejosos.

Quando o assunto é espionagem e manipulação de dados protegidos, o governo popular sabe do que está falando. Uma de suas obras-primas na matéria foi o vultoso Dossiê Ruth Cardoso - uma varredura em registros contábeis sobre a ex-primeira-dama. Na ocasião, o primeiro escalão do governo Lula era denunciado por uso abusivo dos cartões corporativos. O material sobre as despesas de Dona Ruth não trazia nenhuma irregularidade, mas virou um "banco de dados" nas mãos da "inteligência" aloprada, acostumada a envenenar informação e jogar no ventilador.

O Dossiê Ruth Cardoso foi montado na Casa Civil pela ainda desconhecida Erenice Guerra. Sua chefe se chamava Dilma Rousseff- essa mesma que agora ensina Obama a não futricar a vida alheia.

Ela pode ensinar, porque entende de invasão. Segundo a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, a então ministra chefe da Casa Civil Dilma Rousseff- a quem Lina não era subordinada - ordenou-lhe que desse cabo de um processo o companheiro Sarney. Após a denúncia, Lina aceitou ser acareada com Dilma, que dessa vez preferiu não se meter com ela.

Na campanha presidencial de Dilma em 2010, funcionários de seu comitê invadiram o sigilo fiscal da filha de seu adversário eleitoral. Era mais uma tentativa de dossiê, traficando dados protegidos por lei. Que Obama compreenda de uma vez: ou para de espionar os outros ou se filia ao PT, que aí não tem problema.

Enquanto Dilma lia seu panfleto na ONU, o Brasil registrava o primeiro déficit nas contas públicas desde 2001. O mês de agosto de 2013 passa à história como um marco do governo popular: após dez anos zombando das metas de inflação e de superávit, os pilares da estabilidade econômica, torrando dinheiro público com sua Arca de Noé ministerial e o dilúvio de convênios piratas, o PT conseguiu levar o Brasil de volta ao vermelho.

Mas está tudo bem. Basta olhar para os manifestantes nas ruas, ninjas, black blocs, sindicalistas e arruaceiros light para entender que o negócio hoje é brincar de revolução. Nessa linha, nada mais excitante que a "presidenta-mulher falando grosso" com os imperialistas. O Brasil entrega as calças, mas não admite acordar desse conto de fadas. Feliz 2019.