Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
A insustentavel lerdeza do crescimento brasileiro
Bric-a-Brac, uma expressao francesa que talvez convenha aos Brics...
Editors: Francis A. Kornegay and Narnia Bohler-Muller
ISBN: 978-0-7983-0403-0
Size: 168mm x 240mm
Extent: 220 pages
Availability: September 2013
Brazil’s economic rise over the past two decades has caused the country’s foreign policy making elite to seek a more prominent role for Brazil in the international community. On a global scale, it has sought to assume more responsibility and engage in international institutions, often criticizing established powers for not providing it with the status it deserves. Brazil’s newfound status has also caused Brazilian governments to reassess its regional role, although Brazil remains ambivalent about which strategy to adopt in South America. There is clearly a gap between Brazil’s global ambitions and its reluctance to adopt a more assertive role in its region. The country’s strategy in the region remains indecisive, combining restrained support for Mercosur, the creation of the Union of South American States (UNASUR) and the South American Defense Council (CSD) with a growing notion that a clearer vision is necessary to mitigate neighbor’s fears of a rising Brazil. Brazilian policy makers disagree on how they should characterize and understand their region – some see it as a source of problems, some as a shield against globalization, and some as a launching pad for global power. Brazil’s self-perception as a ‘BRICS country’ has fueled worries that it will pay little attention to regional matters (given that its trade interdependence with the region is far lower, percentage-wise, than that of its neighbors), causing critics of Brazil’s global focus to call it a ‘leader without followers’.
Africa Institute of South Africa
P0 Box 630, Pretoria, 0001
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Governo pensa reduzir papel do BNDES: um subito ataque de lucidez? (nao se preocupem, logo passa...)
Paulo Roberto de Almeida
De Hipócrates à hipocrisia: a medicina na era lulista - Gil Castelo Branco
Across the whale in (less than) a month (19): um bom final de férias, com livros e entre intelectuais...
Latin American Series Lecture
Mario Vargas Llosa in Conversation with Enrique Krauze on 'Politics and Culture in Latin America'
McCosh 50
Mario Vargas Llosa (PLAS Visiting Scholar and Recipient of the 2010 Nobel Prize for Literature)
Enrique Krauze (PLAS Visiting Scholar and Historian)
Cross-sponsored with the Spencer Trask Lecture Series
Program in Latin American Studies
Princeton University
309-316 Burr Hall
Princeton, NJ 08544 USA
(tel.) 609.258.4148 (fax) 609.258.0113
www.princeton.edu/plas
Valeu os 900 kms feitos numa segunda-feira sem outros atrativos do que a rápida visita a Charleston, capital de West Virginia, um pequeno estado corajoso, encravado entre o Kentucky, Ohio, Maryland e, sobretudo, a Virginia, da qual ele se separou corajosamente em meados do século 19, pois não queria compartilhar do escravismo renitente naquele estado vizinho que funcionou como capital da Confederação (em Richmond) durante a guerra civil, ou seja, a poucas centenas de quilômetros de Washington. West Virginia é um estado muito bonito, montanhas, vegetação, paisagens que lembram a Europa alpina, a Suíça, em certos trechos.
Como disse, também, aproveitei para comprar o mais recente livro de Niall Ferguson, The Great Degeneration, que fiquei lendo no auditório da universidade de Princeton, esperando a conferência começar.
Mas o dia foi ocupado por visitas a Princeton, que já conhecíamos de anteriores visitas, inclusive uma recente para o lançamento da biografia de Albert Hirschman por Jeremy Adelman (The Wordly Philosopher), que estou lendo ainda (tem mais de 800 páginas, mas já saiu de Berlim, e da Europa, já passei pela Segunda Guerra Mundial, pela Califórnia e por Washington, e atualmente estou seguindo o Hirschman na Colômbia).
Visitamos uma excelente livraria, a Labyrinth Books, na Nassau Street a principal de Princeton, onde Carmen Lícia comprou mais a sua pequena dezena de livros.
Eu me contentei com este aqui:
François Rachline,
De zéro à epsilon: L'Économie de la Capture
(Paris: Archipel First, 1991)
Um livro antigo mas que eu absolutamente não conhecia, mesmo tendo estudado em francês boa parte da vida, e sempre acompanhar os lançamentos da minha área. Em 1991, porém, estava em Montevidéu, e depois em Brasília. Passou-me, pois.
Quando cheguei em Paris, em 1993, já não encontrei mais o livro em destaque, e ele me escapou, impune, se ouso dizer, durante todo este tempo. Uma pena.
Trata-se de um estudo original, que rompe com o modelo usual de análise econômica, baseada no conceito de equilíbrio. O autor busca justamente explicá-la em termos de desequilíbrios e assimetrias, situando a abordagem econômica no contexto histórico, filosófico, epistemológico e cultural de cada época: uma maneira nova de abordar a economia. Vou ler...
Bem, volto à Lecture de Mario Vargas Llosa e de Enrique Krauze, dois grandes intelectuais latino-americanos, reunidos para falar de política, de literatura, de cultura, da América Latina de modo geral.
Confesso que não me acrescentou grande coisa, embora nunca tivesse visto pessoalmente o mexicano; já Vargas Llosa devo tê-lo visto pelo menos uma vez em Washington, no Cato Institute, e recentemente, por video, num programa Roda Viva da TV Cultura, quando ele deu um show de inteligência e bom humor. Eis uma foto tirada por Carmen Lícia ao início da palestra conjunta, os dois sentados democraticamente com suas garrafinhas de água de plástico, sem sequer um copo... Esses americanos são muito democráticos, sem dúvida.
Aliás, Vargas Llosa se enganou, ou foi enganado pelo STF, pois se referiu a "ministros do Lula" que "foram para a cadeia". Ele gostaria que fosse assim, nós também, mas infelizmente não é verdade, e os companheiros podem se safar, graças a juízes encomendados pelos companheiros.
Para Vargas Llosa, Humala foi uma "good surprise", e ele não se arrepende de tê-lo apoiado. Confesso que quando ele apoiou o candidato ex-chavista, em sua segunda tentativa, eu o considerei maluco, e achava que deveria ter ficado neutro. Mas ele justificou o gesto, considerando que Humala era o mal menor. Continuo achando que ele foi afetado pela sua derrota frente a Fujimori, ainda nos anos 1990, e nunca se recuperou. Provavelmente considerava que sua filha Keiko fosse libertar o ditador (que de certa forma derrotou os gueriilheiros malucos do Sendero Luminoso, e colocou o Peru no caminho da estabilidade econômica).
Krauze lamentou que a esquerda mexicana ainda não tivesse se modernizado, como suas congêneres do Chile, do Uruguai, de Peru (não citou a esquerda brasileira, pois deve saber que os companheiros adoram ditadores decadentes). Acha que o PRI que retornou ao México é diferente no plano federal, mas que a nível local (governadores e prefeitos), continua o velho PRI oligárquico e corrupto de sempre.
Ambos concordam em que o modelo chavista não tem nenhum futuro, e que a Venezuela só pode afundar de modo catastrófico, o que também acho.
Vargas Llosa foi especialmente crítico em relação aos intelectuais latino-americanos. Disse que sua influência na vida latino-americana, cultural e política, foi essencialmente negativa, pois sempre sustentaram causas erradas: socialismos soviético, maoista, e as piores ditaduras do continente e alhures. Agora ninguém mais os escuta, pois a classe média se tornou pragmática.
Krauze atalhou, para dizer que iria defender Vargas Llosa contra ele mesmo, ao dizer que como intelectual, ele tinha navegado contra a corrente, na boa direção.
Na parte das questões, a maior parte foi genérica demais, mas Vargas Llosa aproveitou para fazer uma defesa do livro, para ele ameaçado pelas novas tecnologias digitais.
Ele acha que o livro pode desaparecer. Pois eu acabo de ler uma matéria de imprensa, que informa que, graças a essas novas tecnologias, os e-books, os readers em tablets, os jovens estão lendo mais do que o faziam na era do livro apenas impresso.
Mas Vargas Llosa também tem razão quando diz que a escrita, na era digital, tornou-se mais medíocre, e que a única salvação da boa literatura continua sendo sob a forma de livros tradicionais.
Pode ser que ele esteja certo, mas não há impedimento que grandes escritores publiquem grandes obras da literatura em formato digital, já que o livro impresso vai continuar sendo relativamente mais caro...
Enfim, ele terminou com previsões sombrias, de um desaparecimento do pensamento crítico sob um mundo orwelliano de tecnologias digitais.
Ao fim e ao cabo, se disse otimista quanto ao futuro da América Latina, para ele cada vez mais democrática, mas não era nada otimista quanto ao futuro da humanidade (no plano do conhecimento e da grande literatura, se entende).
Foi um bom final de viagem.
Amanhã, vamos para a etapa final da viagem, de Princeton até Hartford, numa tacada só...
Paulo Roberto de Almeida
Princeton, 8 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Deu no New York Times: capitalismo companheiro chegou ao seu limite
Pena que não foi pelos bons motivos...
Aliás, o editorial já começa errado, falando de uma década de crescimento rápido, o que é absolutamente equivocado. O Brasil NUNCA passou de uma média de 4%, e alguns impulsos acima disso não se revelaram sustentáveis. Enquanto o Brasil não investir, não vai haver crescimento decente. E não pode haver investimento, se o governo continuar raspando dois quintos da riqueza produzida pela sociedade.
O Brasil tem uma poupança medíocre (17% do PIB, apenas), e uma carga fiscal elefantesca: 38% do PIB.
Investe menos de 20%, já que o governo não consegue deixar de sugar a riqueza social para gastos correntes.
Será muito difícil de compreender isto?
Leiam vocês mesmos:
EDITORIAL
Brazil’s Next Steps
By THE EDITORIAL BOARD
The New York Times: October 8, 2013
Sweeping Protests in Brazil Pull In an Array of Grievances (June 21, 2013)
Across the whale in a month (18): approaching the finish line
Até Memphis, nossa viagem foi isenta de maiores emoções estradeiras, a não ser belas paisagens de montanhas, de desertos, de florestas, e aquela sucessão de McDonalds e BurguerKings pelas vias de acesso, quando se tratava de parar para gasolina, refrescos e alguma alimentação.
Até ali, sábado 5 de outubro, Carmen Lícia e eu já tínhamos feito mais de 6 mil milhas de viagem (ou seja, quase 10 mil kms), sem nenhum problema para o carro ou surpresas.
Domingo, sem que eu fizesse grande questão, lá fomos seguir aquela massa de americanos caipiras na visita a Graceland, a mansão kitsch de Elvis Presley. Eu, na verdade, não fazia nenhuma questão de ver aquelas coisas bregas, de quem passa (até hoje), por ser um ídolo do rock americano, amado por gerações (hoje de idade avançada, em sua maior parte) de fãs do gênero, em todo o mundo, especialmente nesse interior caipira dos EUA.
Enfim, dispenso-me de maiores comentários. Carmen Lícia pode comprar seus cacarecos presleyanos, fazer suas fotos daquelas coisas, e depois lá tocamos para a estrada.
Eu tinha resolvido acelerar o final da viagem, para poder estar em Princeton na terça-feira, dia 8, para ouvir Mario Vargas Llosa e Enrique Krauze. Carmen Lícia estava inteiramente de acordo, já que a travessia do que chamamos de caipirolândia é realmente muito chata.
Enfim, tem quem goste.
Nashville, por exemplo, ainda no Tennessee, é a capital da música country, vocês sabem, aquela coisa de Johnny Cash, e outros ainda mais bregas. Eu gosto do Willy Nelson, tanto que ouvi várias de suas músicas que tenho gravadas, nas centenas de quilômetros que vamos consumindo no carro sob todas as formas: radios locais, radio de internet, música do iPhone, pendrives carregados de músicas e algumas CDs levados e comprados aqui e ali (inclusive um com músicas do Ray Charles, que eu não conhecia, que comprei num correio de Santa Barbara).
Os imprevistos começaram justamente no domingo 6 de outubro, ao sairmos de Memphis, já depois do almoço.
Não foi possível parar em lugar nenhum, salvo o estritamente necessário para abastecer o carro, pois o dilúvio do Noé se abateu sobre nós.
Praticamente durante nove horas seguidas de viagem, durante 550 milhas (900 kms), viajamos sob chuva forte e muitos ventos.
Ufa! Conseguimos chegar ao final do Kentucky, depois de atravessar os dois estados sob chuva torrencial.
Segunda-feira, já sem chuva, foi outra corrida infernal: quatro estados (desde o Kentucky, passando por West Virginia, Maryland e Pennsylvania), até chegarmos a Nova Jersey, o que faz o quinto estado, mais exatamente em Princeton, onde chegamos tarde da noite: foram mais 563 milhas de estradas bastante boas, mas com inúmeros pontos de consertos e conservação, o que diminuiu o ritmo de viagem, onze horas, praticamente, contando as paradas para descanso e alimentação.
Carmen Lícia continuou fazendo muitas fotos das paisagens.
No caminho, paramos em Charleston, capital da West Virginia, que ainda não conhecíamos.
Foi inevitável comprar alguns livros, numa livraria do centro histórico.
Comprei o último do Nial Ferguson: The Great Degeneration, que andava namorando desde algum tempo, mas que esperava para comprar no Abebooks, por um punhado de dólares. Bem, custo pouco mais de 21 dólares, o que achei razoável. Carmen Lícia comprou vários de seu interesse: China, Oriente Médio, budismo, etc.
Aliás, enquanto eu percorrendo as estantes da Taylor Bookshop, na Capitol Street, estava pensando em quantos livros eu já acumulei em minha existência livresca. Já nem sei mais contar. Deixei milhares no Brasil, e só trouxe algumas centenas para os Estados Unidos.
Desde que chegamos, já comprei algumas dezenas, e só nesta viagem, em que procurei ser comedido, devo ter comprado dez ou doze. Carmen Lícia foi mais gulosa do que eu: o porta-malas do carro, o banco de trás, está cheio de livros dela; com razão, ela consegue ler mais do que eu.
Mas estive pensando em uma série que pretendo escrever, sobre livros, obviamente.
Já brinquei comigo mesmo, dizendo que, entre todos os livros que acumulei, e todos aqueles que não tenho mas que me interessam, e e que estão nas bibliotecas, nas livrarias, e os que ainda não foram publicados, mas que pretendo ler um dia, entre todos esses, sua leitura me exigiria mais uns 150 anos de vida, no meu estilo de leitura: cada linha, pensando, anotando, refletindo, eventualmente copiando citações para usar em trabalhos, para completar pesquisas, enfim, apenas pelo prazer de ler e guardar frases ou análises memoráveis.
Acho que não vai dar: 150 anos a mais acho que é um pouco exagerado, então vou ter de encurtar o processo.
Estou pensando em começar uma série, que intitulo, provisoriamente, de
Livros para ler Até o Fim dos Dias...
Nela, pretendo percorrer cada um dos livros ao meu alcance, e fazer uma anotação breve, ao estilo das minhas miniresenhas (mas provavelmente um pouco maiores, de duas páginas, aproximadamente), resumindo o livro, sem precisar ler linha por linha. Minha capacidade de absorção e de apreensão dos meus livros me permitiria fazer isso, o que seria até útil para ler apenas os que ainda valem a pena de serem lidos inteiramente.
Bem, vou começar com os que tenho em Hartford, e recolher mais alguns em Brasília, numa próxima ida.
O problema, como sempre, é guardar todos eles.
Já não tenho mais estantes disponíveis no apartamento. Vou precisar comprar mais.
Loucura infinita...
Paulo Roberto de Almeida
Princeton, 8 de outubro de 2013
Woody Allen em Caracas, mas nao para uma comedia romantica, ao contrario...
Pois bem, o filme "Bananas" ainda parece bem melhor do que a comédia horrorosa que se passa atualmente na Venezuela, para chorar de desespero, pelo menos os venezuelanos, coitados.
Um dia os venezuelanos ainda vão rir do ridículo que estão passando. Por enquanto é viver no desespero...
Paulo Roberto de Almeida
Uma farsa atrás da outra
A frase da semana: afinidades eletivas dos companheiros
Brasil: crescimento padrao companheiros: mediocre, declinante, desquilibrado...
Eles conseguiram, finalmente, chegar ao seu próprio padrão, sem ajuda chinesa, sem estímulos da economia mundial, apenas com a própria incompetência da política econômica governamental...
Paulo Roberto de Almeida
FMI reduz a projeção de crescimento do Brasil em 2014 para 2,5%
Segundo as projeções, Brasil terá o menor crescimento entre países emergentes; para 2013, a previsão foi mantida em 2,5%
Neomalthusianos ecologicos podem acabar com o reinado dos companheiros- Jorge Hori
Paulo Roberto de Almeida
Ruptura definitiva
Blog do Jorge Hori, 7/10/2013
.-.-.-.-.-..-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.O que mais está assustando os petistas não foi apenas a coligação de Marina Silva com Eduardo Campos, mas o seu discurso. Ressentida, revoltada e indignada apesar da fala leve e mansa do seu discurso.
O grande golpe perpetrado por Lula e pelo PT, percebendo as falhas de Marina Silva e seus adeptos ou simpatizantes na coleta das assinaturas foi valer-se da lei para tirá-la do jogo.
Deixando de ser candidata, a maioria dos seus quase 20 milhões de eleitores votaria preferencialmente em Dilma e uma grande parte não votaria em Aécio Neves ou em qualquer outro candidato do PSDB.
Petista de carteirinha não vota em tucano de jeito algum. E uma grande parte dos eleitores marinistas eram oriundos do PT.
Sem Marina Silva na disputa voltariam a votar no PT, propiciando a Dilma uma vitória no primeiro turno. Se, porventura, a eleição fosse para o segundo turno, Eduardo Campos também voltaria à aliança com o PT, deixando Aécio Neves isolado.
De qualquer forma sem Marina Silva na disputa, a reeleição de Dilma estaria assegurada.
Mas o golpe petista, acabou resultando num "tiro no pé".
Marina Silva levou ao "pé da letra" a famosa frase que teria sido proferida por Getúlio Vargas que já aqui usamos: "para os amigos tudo, para os inimigos o rigor da lei".
Percebeu a sua ingenuidade no processo de coleta das assinaturas, porque não aceitou os alertas de que os cartórios estavam tendo atividades suspeitas. Preferiu acreditar na lisura e na seriedade dos Cartórios Eleitorais, da mesma forma que foram defendidos por Carmem Lúcia.
Mas ao perceber a efetividade do golpe, aceitou-o como uma guerra não declarada e manifestou-a publicamente.
O seu discurso é de ruptura definitiva com o PT. Entendeu que foi tratada como inimiga e como inimiga agora que destruir o contendor. Sentiu-se traida na confiança.
Engajou-se no movimento "chega de PT", aliando-se a Eduardo Campos e, indiretamente, com Aécio Neves.
Quer acabar com a hegemonia do PT e o chavismo.
O seu discurso sublminar aos marineiros é "não votem mais no PT": ele é nosso inimigo.
Ou para não ser tão radical: "ele nos trata como inimigos".
É só ver as manifestações colocadas na rede social. Que não tem a diplomacia ou educação de Marina.
Apesar disso muitos continuarão votando no PT, por tradição e sedução.
E Marina aliando-se a Eduardo Campos oferece uma alternativa a quem não quer votar em Aécio Neves, um tucano.
Sem os votos de grande parte dos marineiros, principalmente os jovens Dilma terá grande dificuldade de vencer no primeiro turno, embora possa ter mais votos que cada um dos demais individualmente.
Indo para o segundo turno terá que enfrentar a aliança dos "chega de PT", que terá maior possibilidade de vitória.
O golpe do PT tornou uma vitória de Dilma que parecia certa, com o afastamento de Marina Silva do jogo, em mais problemática.
Terá que cuidar muito da sua reação e dos lances seguintes, para arrumar os estragos e não piorar a situação.
A strategic response
The Brazilian electoral-political framework is not easy to be understood by foreigners.The Workers' Party (PT) has been in power since 2003, with the election of a trade unionist, Lula, that even outside the formal power since January 2011, is still the main leader of the PT and governs its actions.The PT was formed out of opposition to the military dictatorship, along with the then MDB (Brazilian Democratic Movement). From it, by splitting, arose PSDB (Brazilian Social Democracy Party).Lula, after two terms, successfully led the election of Dilma Rousseff, and also repeated the feat managing to elect an almost electorally unknown as Mayor of the City of São Paulo, and intends to repeat the miracle in the next election for Governor of the State of São Paulo.There’s a gossip that he may have said “If I wish I can make even a pole elect”…His main goal now is to have Rousseff reelected, to maintain political hegemony for another 4 years, after which he, personally survive and if there is no other strong candidate of the PT, will run for election. In Brazil there is possibility of reelection for another term and there is no impediment for a former president to run again.But over and above this, his goal under personal idiosyncrasy is to avoid that the PSDB, former ally against the military dictatorship, return to power.There are no major programmatic differences between the two parties, but in the way to participate in the elections and how to conduct government.There is a deep hatred of the historical “petistas”, against the former President Fernando Henrique Cardoso to have delayed the conquest of power by the PT. They still think that FHC betrayed them and took the place that should be of Lula in 1996, when he was first elected, defeating Lula.Even having defeated the PSDB candidate in 2002, the deadly hatred continues, despite this party being always divided and not having a strong candidate to face the current President.DilmaRousseffwas living in a tranquil perspective of re-election, based on the votes of the poor that PT benefits from social programs, but two facts undermined her position: the resurgence of inflation, which the people call the “carestia” (sort of "famine" - rising of prices of what one has to buy) and then large demonstrations in the streets of major cities, initiated by angry young people, but that mobilized the urban middle class.The poorest were only as the spectators, but all have an obligation to vote. This is the trump card of the PT, which has greater ability to affect the hearts and minds of the poorestvoters.But in the midst of these demonstrations the people found a third figure, characterized by honesty and distune with the set of Brazilian politicians, almost all "tail stuck" and defenders of the status quo and their privileges:Marina Silva, a former rubber tapper, advocate of environmental causes and Evangelical, a PT member from its beginning, believing in the innovative and ethical propositions of the party. When it abandonedits ethical proposals, she left the party and in the last elections in 2010, reached 20 million votes.By becoming an alternative to the presidential election she was seen as a PT enemy, and Lula acted to derail her candidacy.Taking advantage of amateurism in mounting her party, the “Rede” (Network), Lula maneuvered so that the Regional Electoral Registrars retain the confirmation of registration forms in the party, and got the Electoral Court reject, on grounds of legal bureaucracy, the record of her new party.She was left with two basic options: join another party to keep her candidacy for president, in this case preferably the PPS (Popular Socialist Party), former Brazilian Communist Party, still leftist, but allied to the opposition to the Government. Or quitting the application while maintaining a programmatic coherence and continue the struggle to legalize her party, became clandestine.That was the main hope of the PT, taking her out of the electoral race, so as not to disturb the re-election of Rousseff.But surprisingly, she adopted a third way, more threatening to Dilma: she teamed up with one of the alternative candidates against re-election of Rousseff, Eduardo Campos, Governor of the State of Pernambuco and president of his party, the PSB (Brazilian Socialist Party).Until recently a member of the governing coalition, the PSB dissented with PT and aims to be an alternative to the dichotomy PT x PSDB.Marina Silva entirely shuffled the framework of electoral competition, and was a strategic move to counterattack the PT moves to derail her candidacy.No longer will be presidential candidate, but strengthens an alternative candidate.She did exactly what the PT did not want and did not desire.Treated as "enemy" by PT she hit back.
Anyway, the positions on the chess board changed and Rousseff now has two strong opponents, Campos, PSD, and AécioNeves, PSDB, that will play combined, but in different fronts, with a common goal: wear out Roussef’s popularity.