O governo sempre busca bodes expiatórios para os seus mal-feitos.
Inflação? É um fenômeno mundial, nada a ver com os preços administrados pelo governo, a expansão do crédito, os gastos públicos e a nova política, semi-heterodoxa, do Banco Central.
Baixa competitividade dos produtos brasileiros? Isso é guerra cambial, dumping chinês, concorrência desleal de gregos e goianos, whatever. Nada a ver com o custo-Brasil, o extrativismo tributário do governo, a péssima infra-estrutura, comunicações deficientes e caras, portos vagabundos, etc.
Uma economia commodities-dependente. Ou: Quem tem a resposta? Guido Mantega?
Reinaldo Azevedo, 10/05/2011
Estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) evidencia o que todo mundo já sabia: cresce a importância das commodities na pauta de exportações do Brasil: nos anos 1990, estava em torno de 40%; entre 2007 e 2010, chegou a 51%. Poderíamos estar apenas diante de uma questão comparativa, sem maior importância: nessa hipótese, a demanda pelas commodities teria aumentado muito, os preços se elevado, e não haveria motivo para preocupação.
Ocorre que caiu a participação do Brasil em todas as otras áreas. Isso quer dizer que o país exporta mais o produto primário e cede mercado a outras economias de produtos de maior valor agregado, que geram mais empregos e implicam desenvolvimento tecnológico e industrial. O dado acena para o risco da desindustrialização do país, que, segundo alguns especialistas, já estaria em curso. O Ipea, informa que o ferro foi o principal responsável pela grande elevação do peso das commodities na pauta de exportações brasileiras em 2010.
O que fazer? Pois é… O governo, já se disse mais de uma vez, não tem resposta para essa equação. O real supervalorizado torna pouco competitiva a indústria brasileira; na outra ponta, o potentado chinês mantém elevada a demanda por commodities — e ninguém torce para que o Brasil tome um tombo nessa área — e segura sua moeda desvalorizada no porrete, o que o faz um competidor difícil de vencer na indústria. Internamente, já confessou o governo brasileiro, o dólar desvalorizado ajuda a manter a inflação sob controle, ainda que um controle bem acima do centro da meta. Os EUA mantêm inundado de dólares o mercado, que vêm aqui em busca de nossos juros, valorizando o real, que passa a ser o “meu bem, meu mal” de Guido Mantega. O Brasil tem tentado convencer os dois países a não fazerem essa maldade com a gente. Eles não nos dão a menor bola.
Assim, tem-se que, enquanto as commodities estão nos cornos da lua, tudo parece caminhar no melhor dos mundos. É como se a economia brasileira estivesse, assim, viciada num certo bem-estar que, no limite, pode destruí-la — como droga mesmo. A China segue exatamente as regras de mercado quando mantém sua moeda artificialmente desvalorizada? A resposta está na pergunta. Os EUA seguem exatamente as regras de mercado quando afogam o mundo de dólares? A resposta também está na pergunta. O Brasil talvez possa até ganhar uma medalha de bom comportamento nesse quesito, mas os números apontam para um futuro não muito auspicioso.
Quem se candidata, no governo petista, a “fazer” política econômica, no sentido em que a China e os EUA vêm fazendo? Guido Mantega?
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 10 de maio de 2011
De fato, ja vivemos em ditadura: Brasil proibicionista...
A concepção autoritária, dirigista, intervencionista, eu até diria totalitária de muitos dos que estão no poder atualmente levou-nos a esta situação: somos considerados crianças, incapazes, idiotas ou qualquer outra coisa que não seja a condição de pessoas inabilitadas para estabelecer juízos de valor por nossa própria conta, arbitrar entre preferências, decidir o que é melhor para nós mesmos. Não podemos fazer mal à nossa saúde, por isso não podemos consumir tais e tais produtos, não podemos ter as menores "perversões" -- indulging em doces, ou cerveja, por exemplo -- que logo vem um órgão público nos avisar dos perigos disso e daquilo.
Isso se chama fascismo e os órgãos mais fascistas de todos são, sem dúvida alguma, a Receita Federal e a Anvisa. Mas existem muitos outros e sobretudo existem vontades totalitárias que querem nos impedir de ser o que somos.
Os proibicionistas
JOÃO LUIZ MAUAD
O Globo, 10/05/2011
No Brasil, a exemplo do que já ocorre em outras praças, o proibicionismo vem ganhando cada vez mais espaço nas políticas públicas. Recentemente, os brasileiros foram proibidos de ingerir remédios para emagrecer, mesmo se receitados por médicos. Antes disso, já nos haviam proibido de recorrer ao bronzeamento artificial e de pitar uns cigarrinhos eletrônicos. Os especialistas da Anvisa também não querem que os malvados donos de drogarias nos vendam produtos outros que não remédios e cosméticos. Para proteger a nossa saúde, as indústrias de alimentos devem reduzir os teores de açúcar, gorduras e sal em seus produtos. A propaganda de bebidas, cigarros e até brinquedos é rigidamente controlada. Repare, caro leitor, que nos anúncios de cerveja ninguém leva o copo à boca. Só não me perguntem por quê.
Mas o furor regulatório não para aí. Entrará em vigor, nos próximos dias, uma nova norma para o uso dos cartões de crédito. "A fim de evitar o superendividamento das famílias", o Banco Central estabeleceu que o pagamento mínimo das faturas, a partir de junho de 2011, será de 15% do total, chegando a 20% em dezembro (hoje é de 10%). Resumo da ópera: nem mais decidir o quanto nos endividar podemos.
Além dos exemplos acima, existe no país uma infinidade de normas cujo objetivo é organizar e controlar as nossas vidas. O fato de políticos, burocratas, especialistas e ativistas fazerem-se de nossas babás não é novidade. O absurdo é como nós permitimos que eles assumam essa função sem nos dar conta de que estamos, cada vez mais, abrindo mão de nossa liberdade.
A síntese do pensamento proibicionista é a seguinte: as pessoas são incapazes de saber o que é melhor para elas e o governo deve, portanto, protegê-las de seus próprios desejos, necessidades e ignorâncias, bem como da ganância e da esperteza de comerciantes inescrupulosos. Somente o governo e seus especialistas são sábios, enquanto os cidadãos comuns são seres fracos e sem juízo, que devem ser eternamente guiados e protegidos para que não se machuquem. Depois do recente massacre de Realengo, por exemplo, houve até quem pretendesse censurar o noticiário a respeito, para não incentivar outros psicopatas a agir de modo semelhante.
Os proibicionistas imaginam ter adquirido o preciso conhecimento sobre o que os demais podem, desejam ou merecem ter. Por conta disso, sentem uma necessidade irresistível de ditar o que deve ser feito, como deve ser feito e quando deve ser feito. Alguma força avassaladora os compele a nos proteger de nós mesmos. A ideia de permitir que as pessoas sigam o seu próprio destino - às vezes errando, outras vezes acertando, eventualmente até morrendo por causa do caminho que escolheram - está além da sua compreensão, pois a imperfeição, para eles, é algo inadmissível.
Já que as pessoas não estão autorizadas a tomar decisões equivocadas ou a agir de modo errado, a solução é nada menos que planejar a vida alheia nos mínimos detalhes, da forma como eles imaginam ser a melhor, a mais eficiente e menos dolorosa para todos. O indivíduo ideal não é um ser humano, com suas vicissitudes e idiossincrasias, mas apenas uma peça inanimada num tabuleiro de xadrez, que eles podem mover à vontade, de um lado para outro, da frente para trás. Os proibicionistas simplesmente não conseguem compreender os conceitos de livre arbítrio e responsabilidade individual.
Malgrado toda a longa história das tiranias ao redor do mundo, a verdade é que os defensores da liberdade sempre estiveram na defensiva, especialmente em função da indefectível comparação entre o mundo real - com todas as suas imperfeições - e o mundinho ideal que povoa os corações e as mentes de muita gente - vide Platão, Thomas More e muitos outros expoentes do bom e velho Estado-Babá. Em função desse ideal utópico, existe uma fortíssima tendência no sentido de se considerar quaisquer intervenções governamentais como boas e desejáveis, enquanto a liberdade de escolha é vista como algo nocivo, que precisa ser evitado a todo custo.
O que há de mais deletério no proibicionismo, entretanto, é que ele pretende promover um suposto interesse geral não pelo estabelecimento de mecanismos capazes de persuadir os homens a fazer opções diversas das originais, mas simplesmente forçando-os a agir contra o que seriam as suas escolhas se livremente pudessem optar. Em outras palavras, as medidas proibicionistas visam a substituir os valores e desejos dos interessados pelos dos sábios e puros agentes públicos.
JOÃO LUIZ MAUAD é administrador de empresas.
Isso se chama fascismo e os órgãos mais fascistas de todos são, sem dúvida alguma, a Receita Federal e a Anvisa. Mas existem muitos outros e sobretudo existem vontades totalitárias que querem nos impedir de ser o que somos.
Os proibicionistas
JOÃO LUIZ MAUAD
O Globo, 10/05/2011
No Brasil, a exemplo do que já ocorre em outras praças, o proibicionismo vem ganhando cada vez mais espaço nas políticas públicas. Recentemente, os brasileiros foram proibidos de ingerir remédios para emagrecer, mesmo se receitados por médicos. Antes disso, já nos haviam proibido de recorrer ao bronzeamento artificial e de pitar uns cigarrinhos eletrônicos. Os especialistas da Anvisa também não querem que os malvados donos de drogarias nos vendam produtos outros que não remédios e cosméticos. Para proteger a nossa saúde, as indústrias de alimentos devem reduzir os teores de açúcar, gorduras e sal em seus produtos. A propaganda de bebidas, cigarros e até brinquedos é rigidamente controlada. Repare, caro leitor, que nos anúncios de cerveja ninguém leva o copo à boca. Só não me perguntem por quê.
Mas o furor regulatório não para aí. Entrará em vigor, nos próximos dias, uma nova norma para o uso dos cartões de crédito. "A fim de evitar o superendividamento das famílias", o Banco Central estabeleceu que o pagamento mínimo das faturas, a partir de junho de 2011, será de 15% do total, chegando a 20% em dezembro (hoje é de 10%). Resumo da ópera: nem mais decidir o quanto nos endividar podemos.
Além dos exemplos acima, existe no país uma infinidade de normas cujo objetivo é organizar e controlar as nossas vidas. O fato de políticos, burocratas, especialistas e ativistas fazerem-se de nossas babás não é novidade. O absurdo é como nós permitimos que eles assumam essa função sem nos dar conta de que estamos, cada vez mais, abrindo mão de nossa liberdade.
A síntese do pensamento proibicionista é a seguinte: as pessoas são incapazes de saber o que é melhor para elas e o governo deve, portanto, protegê-las de seus próprios desejos, necessidades e ignorâncias, bem como da ganância e da esperteza de comerciantes inescrupulosos. Somente o governo e seus especialistas são sábios, enquanto os cidadãos comuns são seres fracos e sem juízo, que devem ser eternamente guiados e protegidos para que não se machuquem. Depois do recente massacre de Realengo, por exemplo, houve até quem pretendesse censurar o noticiário a respeito, para não incentivar outros psicopatas a agir de modo semelhante.
Os proibicionistas imaginam ter adquirido o preciso conhecimento sobre o que os demais podem, desejam ou merecem ter. Por conta disso, sentem uma necessidade irresistível de ditar o que deve ser feito, como deve ser feito e quando deve ser feito. Alguma força avassaladora os compele a nos proteger de nós mesmos. A ideia de permitir que as pessoas sigam o seu próprio destino - às vezes errando, outras vezes acertando, eventualmente até morrendo por causa do caminho que escolheram - está além da sua compreensão, pois a imperfeição, para eles, é algo inadmissível.
Já que as pessoas não estão autorizadas a tomar decisões equivocadas ou a agir de modo errado, a solução é nada menos que planejar a vida alheia nos mínimos detalhes, da forma como eles imaginam ser a melhor, a mais eficiente e menos dolorosa para todos. O indivíduo ideal não é um ser humano, com suas vicissitudes e idiossincrasias, mas apenas uma peça inanimada num tabuleiro de xadrez, que eles podem mover à vontade, de um lado para outro, da frente para trás. Os proibicionistas simplesmente não conseguem compreender os conceitos de livre arbítrio e responsabilidade individual.
Malgrado toda a longa história das tiranias ao redor do mundo, a verdade é que os defensores da liberdade sempre estiveram na defensiva, especialmente em função da indefectível comparação entre o mundo real - com todas as suas imperfeições - e o mundinho ideal que povoa os corações e as mentes de muita gente - vide Platão, Thomas More e muitos outros expoentes do bom e velho Estado-Babá. Em função desse ideal utópico, existe uma fortíssima tendência no sentido de se considerar quaisquer intervenções governamentais como boas e desejáveis, enquanto a liberdade de escolha é vista como algo nocivo, que precisa ser evitado a todo custo.
O que há de mais deletério no proibicionismo, entretanto, é que ele pretende promover um suposto interesse geral não pelo estabelecimento de mecanismos capazes de persuadir os homens a fazer opções diversas das originais, mas simplesmente forçando-os a agir contra o que seriam as suas escolhas se livremente pudessem optar. Em outras palavras, as medidas proibicionistas visam a substituir os valores e desejos dos interessados pelos dos sábios e puros agentes públicos.
JOÃO LUIZ MAUAD é administrador de empresas.
Essas amizades incomodas: FARC e Hugo Chavez, unidos para sempre?
Pois é, um dia esse grande amor viria a público. Agora é aguentar as consequências...
Este post precisa ser lido em conexão com esta informação:
The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of 'Raúl Reyes'
A atmosfera vai esquentar um pouco... Estamos esperando os espetáculos televisivos do coronel.
Ele anda surpreendentemente calmo ultimamente. Antigamente, ele logo mandava tanques para a fronteira, rompia relações, passava horas na televisão declarando guerra a seus inimigos...
Paulo Roberto de Almeida
Embajada venezolana en Reino Unido rechaza señalamientos sobre Venezuela y el conflicto interno de Colombia
Martes 10/05/2011
La Embajada de la República Bolivariana de Venezuela en el Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte expresó hoy su preocupación sobre un informe del Instituto Internacional de Estudios Estratégicos (IISS, por sus siglas en inglés), con base en Londres, que intenta vincular a Venezuela con el conflicto interno de Colombia, y calificó dicho informe de parecer un “dodgy dossier latinoamericano”.
La Legación señaló que hay inexactitudes básicas en la pre-publicidad y el propio informe, titulado The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of 'Raúl Reyes (Los Archivos de las FARC: Venezuela, Ecuador y el Archivo Secreto de Raúl Reyes), publicado hoy martes 10.
Asimismo, llamó a que se reporte de manera responsable cualquier información que emane del informe del IISS, pues incluso la Corte Suprema de Justicia de Colombia desestimó como inadmisible cualquier “evidencia” que viniese de dichas computadoras en los procesos judiciales a los que fuesen sometidos políticos colombianos. [i]
La representación venezolana manifestó su extrañeza y preocupación con relación a la decisión del IISS de utilizar documentos cuyo manejo por parte de las autoridades colombianas ha sido descrito como “en discrepancia con principios internacionalmente reconocidos para el manejo ordinario de evidencia electrónica por parte de las agencias del orden público”, de acuerdo a la Organización Internacional de Policía Criminal (Interpol). [ii]
Sin embargo, pese al pronunciamiento inminente de la Interpol, a través de su informe sobre las computadoras, el IISS señaló en la publicidad previa al lanzamiento del informe, lo siguiente:
El Gobierno colombiano posteriormente obtuvo confirmación de parte de la Interpol)de que el archivo no había sido manipulado luego de su captura, por lo que el Gobierno colombiano procedió en los meses subsiguientes a sacar provecho de las pistas operacionales que aparecían en dicho archivo.
Tomando en cuenta esas inconsistencias, la Embajada manifestó que la calidad del informe del IISS es cuestionable.
Ese es apenas uno de los factores que arroja serias dudas acerca de la autenticidad y validez de la información emanada de los computadores, que fue presentada en el dossier del IISS.
Además de los señalamientos ya indicados por parte de Interpol en cuanto a la falta de apego a las prácticas internacionales, también ha manifestado que no puede verificar la “exactitud de los archivos del usuario”, así como tampoco puede probar que los archivos no fueron manipulados durante la semana que le tomó a las autoridades colombianas entregarle las computadoras. [iii]
Afirmó que la comunidad internacional no debería aceptar como válido el uso de archivos no verificados por parte del Instituto.
Asimismo, advierte que el informe pudiera formar parte de una operación de propaganda agresiva en contra de Venezuela, cuyo propósito no es otro que el de estropear los procesos positivos que ha venido experimentando la región, y en particular extraña sobremanera que este informe se produzca justo en el momento cuando las relaciones entre Venezuela y Colombia han alcanzado un nivel de estable cooperación y diálogo amistoso.
[i] http://www.colombiareports.com/colombia-news/news/12165-raul-reyes-computers.html
[ii] www.interpol.int/Public/ICPO/PressReleases/PR2008/pdfPR200817/ipPublicReportNoCoverEN.pdf.
[iii] http://www.interpol.int/Public/ICPO/PressReleases/PR2008/pdfPR200817/ipPublicReportNoCoverEN.pdf
Unidad de Prensa de la Embajada de la RBV ante el Reino Unido / GA
Este post precisa ser lido em conexão com esta informação:
The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of 'Raúl Reyes'
A atmosfera vai esquentar um pouco... Estamos esperando os espetáculos televisivos do coronel.
Ele anda surpreendentemente calmo ultimamente. Antigamente, ele logo mandava tanques para a fronteira, rompia relações, passava horas na televisão declarando guerra a seus inimigos...
Paulo Roberto de Almeida
Embajada venezolana en Reino Unido rechaza señalamientos sobre Venezuela y el conflicto interno de Colombia
Martes 10/05/2011
La Embajada de la República Bolivariana de Venezuela en el Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte expresó hoy su preocupación sobre un informe del Instituto Internacional de Estudios Estratégicos (IISS, por sus siglas en inglés), con base en Londres, que intenta vincular a Venezuela con el conflicto interno de Colombia, y calificó dicho informe de parecer un “dodgy dossier latinoamericano”.
La Legación señaló que hay inexactitudes básicas en la pre-publicidad y el propio informe, titulado The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of 'Raúl Reyes (Los Archivos de las FARC: Venezuela, Ecuador y el Archivo Secreto de Raúl Reyes), publicado hoy martes 10.
Asimismo, llamó a que se reporte de manera responsable cualquier información que emane del informe del IISS, pues incluso la Corte Suprema de Justicia de Colombia desestimó como inadmisible cualquier “evidencia” que viniese de dichas computadoras en los procesos judiciales a los que fuesen sometidos políticos colombianos. [i]
La representación venezolana manifestó su extrañeza y preocupación con relación a la decisión del IISS de utilizar documentos cuyo manejo por parte de las autoridades colombianas ha sido descrito como “en discrepancia con principios internacionalmente reconocidos para el manejo ordinario de evidencia electrónica por parte de las agencias del orden público”, de acuerdo a la Organización Internacional de Policía Criminal (Interpol). [ii]
Sin embargo, pese al pronunciamiento inminente de la Interpol, a través de su informe sobre las computadoras, el IISS señaló en la publicidad previa al lanzamiento del informe, lo siguiente:
El Gobierno colombiano posteriormente obtuvo confirmación de parte de la Interpol)de que el archivo no había sido manipulado luego de su captura, por lo que el Gobierno colombiano procedió en los meses subsiguientes a sacar provecho de las pistas operacionales que aparecían en dicho archivo.
Tomando en cuenta esas inconsistencias, la Embajada manifestó que la calidad del informe del IISS es cuestionable.
Ese es apenas uno de los factores que arroja serias dudas acerca de la autenticidad y validez de la información emanada de los computadores, que fue presentada en el dossier del IISS.
Además de los señalamientos ya indicados por parte de Interpol en cuanto a la falta de apego a las prácticas internacionales, también ha manifestado que no puede verificar la “exactitud de los archivos del usuario”, así como tampoco puede probar que los archivos no fueron manipulados durante la semana que le tomó a las autoridades colombianas entregarle las computadoras. [iii]
Afirmó que la comunidad internacional no debería aceptar como válido el uso de archivos no verificados por parte del Instituto.
Asimismo, advierte que el informe pudiera formar parte de una operación de propaganda agresiva en contra de Venezuela, cuyo propósito no es otro que el de estropear los procesos positivos que ha venido experimentando la región, y en particular extraña sobremanera que este informe se produzca justo en el momento cuando las relaciones entre Venezuela y Colombia han alcanzado un nivel de estable cooperación y diálogo amistoso.
[i] http://www.colombiareports.com/colombia-news/news/12165-raul-reyes-computers.html
[ii] www.interpol.int/Public/ICPO/PressReleases/PR2008/pdfPR200817/ipPublicReportNoCoverEN.pdf.
[iii] http://www.interpol.int/Public/ICPO/PressReleases/PR2008/pdfPR200817/ipPublicReportNoCoverEN.pdf
Unidad de Prensa de la Embajada de la RBV ante el Reino Unido / GA
Brasil: o Apartheid em construcao: cotas para empregos publicos no RJ
Dirigentes, militantes e candidatos afrodescendentes (mas tem que ser suficientemente pigmentados, do contrário não passam por "negros") deve estar satisfeitos com este anúncio:
"Concursos públicos no Rio terão reserva de vagas para negros"
O único problema, segundo a ministra da Desigualdade Racial, é se chegar a um acordo sobre a proporção exata (suponho que cientificamente determinada) sobre quantos são os "negros" (assimilando-se a eles os "pardos") na população, para que as cotas dos concursos públicos possam refletir exatamente essa proporção.
Segundo a jornalista da Agência Brasil, a proporção de negros e pardos na população brasileira seria, respectivamente, de 7,6% de pretos e 39,3% de pardos, ou seja, um total de 47,3% de "afrodescendentes".
A jornalista está mal informada. Segundo a última PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), os autodeclarados afrodescendentes compõem 53% da população brasileira, ou seja, são maioria. No próprio Rio de Janeiro, eles também são, de acordo com os dados oficiais, 51,7% da população, ou seja, eles também são maioria.
Nessas condições, que precisaria de cotas seriam os não negros, a "minoria".
Os políticos, militantes e injustiçados vão alegar que não se pode fazer cota de brancos porque brancos são privilegiados: tiveram boas escolas, boa educação, lares arrumadinhos, com livros, renda alta, etc. Os negros (e pardos) não tiveram nada disso, e por isso precisam das cotas.
Mas se isso é verdade, o que deveríamos fazer seria melhorar a educação de todos, não fazer cotas raciais, que só pode dar no que já está dando: Apartheid racial, distanciamento entre os diferentes segmentos da população nacional e, em última instância, fragmentação da sociedade nacional em cluster raciais.
O Brasil se afunda cada vez mais na demagogia e nas políticas divisionistas.
Paulo Roberto de Almeida
Concursos públicos no Rio terão reserva de vagas para negros
Isabela Vieira
AGÊNCIA BRASIL, 10/05/2011
A medida deve ser adotada por meio de decreto do governador Sérgio Cabral, que anunciou ontem a decisão
Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros: "o que falta é um estudo para se chegar a um percentual que seja razoável"
Rio de Janeiro- Os próximos concursos públicos para o estado do Rio de Janeiro deverão contar com reserva de vagas para a população negra, segundo informou hoje (10) a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros. A medida deve ser adotada por meio de decreto do governador Sérgio Cabral.
Durante uma visita à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência, no centro da capital fluminense, a ministra disse que a decisão foi anunciada ontem (9) pelo governador, no Palácio Laranjeiras. Na ocasião, eles conversaram sobre a criação de um plano estadual de promoção da igualdade racial.
"Na parte que se refere ao mercado de trabalho, o governador propôs que seja editado um decreto introduzindo, em todos os concursos públicos, a cota para negros", afirmou Bairros. "O que falta é um estudo para se chegar a um percentual que seja razoável, considerando a presença negra na população do estado".
O estudo deve ser desenvolvido pela Secretaria Estadual de Direitos Humanos e Assistência Social com outros órgãos de governo, como a Procuradoria-Geral do Estado. Se for atender à proporção de negros na população fluminense verificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as cotas raciais devem reservar mais da metade das vagas ofertadas em cada concurso.
Os dados do Censo de 2010 mostram que 51,7% da população fluminense são negros, sendo 12,4% pretos e 43,1% pardos. No Brasil, a proporção é 7,6% de pretos e 39,3% de pardos.
Na opinião da ministra Luiza Bairros, as cotas raciais nos concursos darão continuidade à política de ações afirmativas no estado, que começou de forma pioneira em 2003, quando a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) adotou o critério para selecionar vestibulandos.
"Concursos públicos no Rio terão reserva de vagas para negros"
O único problema, segundo a ministra da Desigualdade Racial, é se chegar a um acordo sobre a proporção exata (suponho que cientificamente determinada) sobre quantos são os "negros" (assimilando-se a eles os "pardos") na população, para que as cotas dos concursos públicos possam refletir exatamente essa proporção.
Segundo a jornalista da Agência Brasil, a proporção de negros e pardos na população brasileira seria, respectivamente, de 7,6% de pretos e 39,3% de pardos, ou seja, um total de 47,3% de "afrodescendentes".
A jornalista está mal informada. Segundo a última PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), os autodeclarados afrodescendentes compõem 53% da população brasileira, ou seja, são maioria. No próprio Rio de Janeiro, eles também são, de acordo com os dados oficiais, 51,7% da população, ou seja, eles também são maioria.
Nessas condições, que precisaria de cotas seriam os não negros, a "minoria".
Os políticos, militantes e injustiçados vão alegar que não se pode fazer cota de brancos porque brancos são privilegiados: tiveram boas escolas, boa educação, lares arrumadinhos, com livros, renda alta, etc. Os negros (e pardos) não tiveram nada disso, e por isso precisam das cotas.
Mas se isso é verdade, o que deveríamos fazer seria melhorar a educação de todos, não fazer cotas raciais, que só pode dar no que já está dando: Apartheid racial, distanciamento entre os diferentes segmentos da população nacional e, em última instância, fragmentação da sociedade nacional em cluster raciais.
O Brasil se afunda cada vez mais na demagogia e nas políticas divisionistas.
Paulo Roberto de Almeida
Concursos públicos no Rio terão reserva de vagas para negros
Isabela Vieira
AGÊNCIA BRASIL, 10/05/2011
A medida deve ser adotada por meio de decreto do governador Sérgio Cabral, que anunciou ontem a decisão
Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros: "o que falta é um estudo para se chegar a um percentual que seja razoável"
Rio de Janeiro- Os próximos concursos públicos para o estado do Rio de Janeiro deverão contar com reserva de vagas para a população negra, segundo informou hoje (10) a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros. A medida deve ser adotada por meio de decreto do governador Sérgio Cabral.
Durante uma visita à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência, no centro da capital fluminense, a ministra disse que a decisão foi anunciada ontem (9) pelo governador, no Palácio Laranjeiras. Na ocasião, eles conversaram sobre a criação de um plano estadual de promoção da igualdade racial.
"Na parte que se refere ao mercado de trabalho, o governador propôs que seja editado um decreto introduzindo, em todos os concursos públicos, a cota para negros", afirmou Bairros. "O que falta é um estudo para se chegar a um percentual que seja razoável, considerando a presença negra na população do estado".
O estudo deve ser desenvolvido pela Secretaria Estadual de Direitos Humanos e Assistência Social com outros órgãos de governo, como a Procuradoria-Geral do Estado. Se for atender à proporção de negros na população fluminense verificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as cotas raciais devem reservar mais da metade das vagas ofertadas em cada concurso.
Os dados do Censo de 2010 mostram que 51,7% da população fluminense são negros, sendo 12,4% pretos e 43,1% pardos. No Brasil, a proporção é 7,6% de pretos e 39,3% de pardos.
Na opinião da ministra Luiza Bairros, as cotas raciais nos concursos darão continuidade à política de ações afirmativas no estado, que começou de forma pioneira em 2003, quando a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) adotou o critério para selecionar vestibulandos.
Agenda diplomatica bolivariana: ops, um escorregao...
Não é difícil desarmar o Cerimonial, quando do súbito cancelamento de alguma viagem de alto nível, mas algumas despesas -- segurança, automóveis, comida, etc., etc., etc. -- já encomendadas terão de ser pagas.
Será que as FARC pagariam as despesas não contabilizadas?
The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of 'Raúl Reyes'
The International Institute for Strategic Studies (London)
Today, the IISS launched its latest Strategic Dossier The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of 'Raúl Reyes'.
The dossier provides unique insights into the thinking and evolution of the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC). It is based on a study of the computer disks belonging to Luis Edgar Devía Silva (aka Raúl Reyes), head of FARC’s International Committee (COMINTER), that were seized by Colombian armed forces in a raid in March 2008 on Devía’s camp inside Ecuador.
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Buy the FARC Files now
Read Nigel Inkster's remarks at the launch
Read a summary of the dossier
Watch the Launch
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Segundo relatório, Venezuela teve apoio das Farc após golpe de 2002
O Estado de S.Paulo, 10 de maio de 2011
Chávez teria permitido atuação das Farc no país e pedido treinamento de 'grupos paramilitares'
LONDRES - O governo da Venezuela teve apoio das Forças Armadas Revolucionárias da Colômba (Farc) em sua estratégia de segurança, depois do golpe de Estado realizado em 2002, sem sucesso, contra o presidente Hugo Chávez. A informação foi divulgada em Londres nesta terça-feira, 10, pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), que reuniu em um relatório documentação das Farc.
Entre as principais conclusões do relatório no que se refere à relação entre a Venezuela e as Farc, o IISS apurou que o governo Chávez permitiu que o grupo operasse em território venezuelano.
Além disso, o presidente ofereceu ajuda às Farc em dinheiro e pediu aos guerrilheiros que "treinassem grupos paramilitares para defender a revolução de outros golpes de estado ou invasões externas", segundo o autor do estudo, James Lockhart Smith.
Smith disse, no lançamento do relatório, em Londres, que é necessário colocar a revelação em um "contexto estratégico". "Depois do golpe de abril de 2002, o regime (de Caracas) se aterrorizou, porque notou que o golpe esteve perto de ter sucesso, e porque viu também que não podia contar com a lealdade das Forças Armadas", explicou.
Equador
De acordo com a AFP, o presidente do Equador, Rafael Correa, "pediu" e "aceitou" fundos das Farc durante a campanha eleitoral de 2006. O documento do IISS relata que "os arquivos (apreendidos) e outras fontes sugerem que Correa solicitou pessoalmente e aceitou fundos ilegais das Farc na sua primeira campanha eleitoral em 2006".
Ainda segundo o relatório, "o respaldo político e financeiro da guerrilha teve um papel para garantir a ele (Correa) a vitória".
Apreensão de documentos
O IISS desenvolveu um estudo detalhado sobre a evolução do grupo conhecido como Farc-EP (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia - Ejército del Pueblo), ou simplesmente Farc.
O levantamento foi feito com base em informações do grupo, apreendidas pelo Exército colombiano durante uma incursão em território equatoriano em 1 de março de 2008. Na operação, o líder guerrilheiro Luis Edgar Devía Silva, conhecido como "Raúl Reyes", foi morto.
Segundo a Efe, entre o material apreendido na ocasião havia oito "dispositivos de memória" e documentos históricos das últimas três décadas sobre as Farc. O diretor do IISS para Ameaças Transnacionais e Risco Político, Nigel Inkster, disse que o governo colombiano solicitou ao organismo uma análise do material, depois de uma verificação feita pela Interpol de que os documentos não haviam sido manipulados.
Com Efe
Veja também:
Gabeira: Livro denuncia relação da Venezuela com as Farc
Será que as FARC pagariam as despesas não contabilizadas?
The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of 'Raúl Reyes'
The International Institute for Strategic Studies (London)
Today, the IISS launched its latest Strategic Dossier The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of 'Raúl Reyes'.
The dossier provides unique insights into the thinking and evolution of the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC). It is based on a study of the computer disks belonging to Luis Edgar Devía Silva (aka Raúl Reyes), head of FARC’s International Committee (COMINTER), that were seized by Colombian armed forces in a raid in March 2008 on Devía’s camp inside Ecuador.
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Read a summary of the dossier
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Segundo relatório, Venezuela teve apoio das Farc após golpe de 2002
O Estado de S.Paulo, 10 de maio de 2011
Chávez teria permitido atuação das Farc no país e pedido treinamento de 'grupos paramilitares'
LONDRES - O governo da Venezuela teve apoio das Forças Armadas Revolucionárias da Colômba (Farc) em sua estratégia de segurança, depois do golpe de Estado realizado em 2002, sem sucesso, contra o presidente Hugo Chávez. A informação foi divulgada em Londres nesta terça-feira, 10, pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), que reuniu em um relatório documentação das Farc.
Entre as principais conclusões do relatório no que se refere à relação entre a Venezuela e as Farc, o IISS apurou que o governo Chávez permitiu que o grupo operasse em território venezuelano.
Além disso, o presidente ofereceu ajuda às Farc em dinheiro e pediu aos guerrilheiros que "treinassem grupos paramilitares para defender a revolução de outros golpes de estado ou invasões externas", segundo o autor do estudo, James Lockhart Smith.
Smith disse, no lançamento do relatório, em Londres, que é necessário colocar a revelação em um "contexto estratégico". "Depois do golpe de abril de 2002, o regime (de Caracas) se aterrorizou, porque notou que o golpe esteve perto de ter sucesso, e porque viu também que não podia contar com a lealdade das Forças Armadas", explicou.
Equador
De acordo com a AFP, o presidente do Equador, Rafael Correa, "pediu" e "aceitou" fundos das Farc durante a campanha eleitoral de 2006. O documento do IISS relata que "os arquivos (apreendidos) e outras fontes sugerem que Correa solicitou pessoalmente e aceitou fundos ilegais das Farc na sua primeira campanha eleitoral em 2006".
Ainda segundo o relatório, "o respaldo político e financeiro da guerrilha teve um papel para garantir a ele (Correa) a vitória".
Apreensão de documentos
O IISS desenvolveu um estudo detalhado sobre a evolução do grupo conhecido como Farc-EP (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia - Ejército del Pueblo), ou simplesmente Farc.
O levantamento foi feito com base em informações do grupo, apreendidas pelo Exército colombiano durante uma incursão em território equatoriano em 1 de março de 2008. Na operação, o líder guerrilheiro Luis Edgar Devía Silva, conhecido como "Raúl Reyes", foi morto.
Segundo a Efe, entre o material apreendido na ocasião havia oito "dispositivos de memória" e documentos históricos das últimas três décadas sobre as Farc. O diretor do IISS para Ameaças Transnacionais e Risco Político, Nigel Inkster, disse que o governo colombiano solicitou ao organismo uma análise do material, depois de uma verificação feita pela Interpol de que os documentos não haviam sido manipulados.
Com Efe
Veja também:
Gabeira: Livro denuncia relação da Venezuela com as Farc
Definicoes definitivas - a maneira de Millor Fernandes
Millor Fernandes, em várias de suas muitas colaborações bem-humoradas, tinha uma série absolutamente impecável, chamada "definições definitivas", geralmente "mortais".
Pois todo mundo conhece a lei de Murphy, aquela que diz que o que pode dar errado, dará, da pior forma possível.
Mas muita gente se esquece da lei de Parkinson, altamente relevante para a “produtividade” na administração pública: ela diz que o total de empregados numa burocracia cresce 5 a 7% ao ano, independentemente de qualquer variação no volume de trabalho que deve ser feito.
Não é perfeito para a nossa "administração" (ao contrário) dos últimos 8 ou 9 anos?
Paulo Roberto de Almeida
Pois todo mundo conhece a lei de Murphy, aquela que diz que o que pode dar errado, dará, da pior forma possível.
Mas muita gente se esquece da lei de Parkinson, altamente relevante para a “produtividade” na administração pública: ela diz que o total de empregados numa burocracia cresce 5 a 7% ao ano, independentemente de qualquer variação no volume de trabalho que deve ser feito.
Não é perfeito para a nossa "administração" (ao contrário) dos últimos 8 ou 9 anos?
Paulo Roberto de Almeida
Um Dicionario brasileiro de Economia: bem-vindo, mas pode melhorar - Paulo Roberto de Almeida
Minha colaboração à base de dados dos dicionários de economia limitou-se a informar sobre uma nova edição, ampliada, de um conhecido dicionário publicado no Brasil, este aqui:
A economia, em centímetros quadrados...
Brasília, 16 junho 2006, 4 p.
Resenha de Paulo Sandroni:
Dicionário de Economia do século XXI
(Rio de Janeiro: Record, 2005, 905 p.; ISBN: 85-01-07228-1).
Publicado na Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD. Ano 3, nº 24, julho 2006, p. 54-55; link: http://desafios2.ipea.gov.br/desafios/edicoes/24/artigo22752-1.php e http://desafios2.ipea.gov.br/desafios/edicoes/24/artigo22752-2.php).
Revisto e ampliado e publicado sob o título “A economia, explicada aos jornalistas (e outros curiosos)” no Observatório da Imprensa (Ano 11, nº 388, de 4/07/2006; ISSN: 1519-7670; link: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=388AZL002).
Relação de Publicados n. 672.
Como provavelmente os links existentes à época já não estão mais funcionando, transcrevo aqui esta minha resenha:
A economia, em centímetros quadrados...
Paulo Sandroni:
Dicionário de Economia do século XXI
(Rio de Janeiro: Record, 2005, 905 p.; ISBN: 85-01-07228-1)
Nos dicionários – como nas enciclopédias –, espaço é tudo. A “centimetragem” dos verbetes costuma refletir a importância relativa de cada um. Por isso, pode parecer bizarro que, neste dicionário, o espaço ocupado pelo “mágico de Oz” (yes, o famoso personagem de Frank Baum) represente duas vezes o alocado ao verbete “capitalismo”: duas páginas inteiras (de duas colunas) para o “mágico”, contra, apenas, 3/4 de uma única página para o capitalismo, sendo que seu ex-inimigo, o defunto “comunismo”, ganha uma página e meia. Esta é uma das peculiaridades desta, ainda assim, utilíssima ferramenta de consulta que não deixa de refletir os gostos e preferências de seu autor, um bem sucedido professor de economia, hoje convertido em sinônimo de obra de referência.
Sim, a partir da quinta edição de uma obra publicada originalmente em 1985, para acompanhar a coleção “Os Economistas” (da Abril), já se pode falar do “Sandroni”, como hoje usualmente se fala do “Aurélio”, com algumas diferenças, no entanto. Se o “primo” da língua portuguesa procura seguir o cânon da Academia Brasileira de Letras, Sandroni não segue nenhum padrão consagrado, a não ser o seu próprio. Será por isso que o verbete “protecionismo” ostenta o dobro do espaço dado ao “livre-comércio”? Não parece estranho, novamente, que o Mercosul ocupe menos da metade do espaço atribuído ao Nafta, ao passo que um acordo que ainda nem existe, a Alca, tem mais do dobro deste último? Infelizmente, o verbete Mercosul não é apenas insuficiente, mas claramente inadequado, inclusive conceitualmente. Se o Mercosul dependesse do “Sandroni” para validar sua relevância, já estaria condenado ao museu das antiguidades, ao lado do machado de bronze e da roca de fiar, como previa Engels para o destino do Estado.
Esse tipo de inconsistência não passaria por uma academia de economia, se esta servisse para dar chancela a dicionários do gênero. Não que Sandroni tenha trabalhado inteiramente sozinho: os créditos consignam pelo menos três dúzias de consultores, mais três dezenas de pesquisadores. Mas ele certamente exerceu o direito de ir aumentando, aqui e ali, as fichas individuais, cada vez que um tema crescia em importância em sua mente. Daí o caráter irregular de algumas informações, bem como erros primários de revisão (o verbete “monocultura”, por exemplo, é repetido na imediata sequência). Não se trata apenas de espaço desigual, mas, também, de insuficiências notórias ou deslizes clamorosos. Assim como certos verbetes – “Escola Clássica”, por exemplo – apresentam quase uma aula sobre o assunto, outros induzem a erro: Hayek nunca foi “neoliberal”, pela simples razão que ele sempre foi um liberal clássico, tout court.
Mas, por que a “interpretação econômica” do “mágico de Oz” valeria duas vezes e meia a descrição do capitalismo? Sem cair novamente nas preferências do autor, digamos que a fábula de Baum ilustre os dilemas da transição do bimetalismo (ouro e prata) ao monometalismo do padrão-ouro na construção dos sistemas monetários nacionais, durante a segunda onda da globalização (final do século XIX e início do seguinte). Ainda assim, há um notório exagero na dimensão do verbete (que, aliás, está bem escrito).
A atualização de alguns verbetes também deixa a desejar, considerando-se a data do “fechamento”: julho de 2005. Mesmo dando-se desconto de um ano, é inexplicável que o verbete consagrado ao Mercado Comum Europeu diga que a entidade “congrega” (assim, no presente) doze membros, quando o MCE já se tinha diluído na Comunidade Econômica Européia desde 1967, sendo esta substituída pela expressão Comunidades Européias na década seguinte. A União Européia, por sua vez, existe desde 1993, tendo passado de doze a quinze membros dois anos mais tarde; ela admitiu dez membros adicionais em 2004, levando-a aos 25 membros atuais (encore plus em negociações). Mais surpreendente ainda, MCE remete ao verbete “União Européia”, que simplesmente não existe, esquecido entre a União Escandinava (uma união monetária que funcionou entre 1873 e 1905) e a União Européia de Pagamentos (um sistema de pagamentos compensados que deixou de existir em 1958). Surpreendente ou inexplicável, esse tipo de omissão é imperdoável num dicionário do “século XXI”.
Na verdade, pouca coisa pertence ao século XXI, a maior parte vinda dos séculos XIX e XX, mas o verbete FMI já traz Rodrigo Rato como seu diretor, a partir de 2004. Os temas recentes estão registrados, como o “indice Big Mac” da The Economist, o “consenso de Washington” (erroneamente definido como sendo uma defesa do “Estado mínimo”) e os acordos de Basiléia 1 e 2 (normas prudenciais para atividades bancárias). Mas, para um dicionário do século XXI, o verbete “globalização” não poderia ser mais anêmico: escassas dez linhas (em meia coluna, recorde-se), ainda assim voltado mais para o fenômeno do “global sourcing” do que para os processos de integração de mercados. Talvez o autor não goste da globalização, mas ela ainda assim existe e incomoda.
Interessantes e úteis são os verbetes dedicados às idiossincrasias econômicas brasileiras, como o jogo do bicho – cálculos de probabilidade indicam que os banqueiros ficam com 60 a 70% das receitas –, as mordomias, tais como oficialmente definidas pela administração, ou os diversos planos brasileiros de desenvolvimento e de estabilização econômica. Comparecem sínteses históricas sobre a legislação e os padrões monetários, sobre os valores do salário mínimo, bem como listas de ministérios e de ministros da Fazenda do Brasil: Itamar foi um campeão de ministros!
Alguns erros precisam ser corrigidos numa futura edição. Assim, o Gatt não foi substituído pela OMC, em 1995, mas sim incorporado à rede de acordos administrados por ela; ele tampouco tem por princípio básico o livre-comércio, apenas visa à mais ampla liberalização comercial possível. O economista André Gunder Frank, identificado com o “desenvolvimento do subdesenvolvimento”, aparece duas vezes, nas letras F e G, sendo que Gunder é mais “desenvolvido” do que Frank. Os GAB são mais comumente referidos como General Arrangements to Borrow, e não como Agreements, uma vez que eles não derivam de tratados formais e sim de esquemas especiais. Dizer que Hobbes era um “mercantilista” e acrescentar, em seguida, que ele considerava a liberdade de comércio uma “lei natural” parece uma contradição nos termos.
Keynes não foi o primeiro “presidente” do FMI, mas sim o representante britânico (governor) na primeira assembléia-geral das duas organizações de Bretton Woods (em Savannah, na Georgia, em 1946), ocasião na qual ele indicou o belga Camille Gutt como o primeiro “diretor-gerente” do FMI. Bilateralismo e multilateralismo estão definidos de forma restrita, vinculados apenas ao comércio. Da mesma forma, reciprocidade em comércio não quer dizer fair trade e sim concessões equivalentes, não necessariamente simétricas. Em regimes cambiais, o abandono do acordo de Bretton Woods pelos EUA se deu, de fato, em 1971, mas o fim da jurisdição do FMI sobre esses regimes só foi alcançado em 1973. Esses pequenos erros não empanam o valor de uma obra grandiosa.
No terreno do humor econômico, ele incorpora um verbete para a conhecida lei de Murphy, mas se esquece da lei de Parkinson, altamente relevante para a “produtividade” na administração pública: o total de empregados numa burocracia cresce 5 a 7% ao ano, independentemente de qualquer variação no volume de trabalho que deve ser feito. Parafraseando, digamos que o tamanho de um dicionário como este aumenta entre 20 e 30% a cada edição, independentemente da importância relativa dos verbetes. Mas, pela “lei de Gresham” dos dicionários, volumes menores e de menor qualidade começarão a fazer concorrência implacável ao “Sandroni”.
Ele deve sustentar a competição, mas caberia pensar, numa próxima edição, em adaptá-lo aos tempos modernos: não é possível que um dicionário que se pretenda do “século XXI” dedique mais de uma página à “revolução socialista” e escassas 14 linhas (de meia coluna) aos verbetes “pobreza” e “riqueza”, que constituem o próprio âmago da ciência econômica. Mesmo numa concepção tradicional, alguns desequilíbrios devem ser corrigidos: hoje, Raúl Prebisch vence Adam Smith por meia coluna; o socialismo deixa longe o capitalismo e a definição deste último é basicamente marxista; que Stalin receba a mesma “centimetragem” de Keynes indica uma desproporção inaceitável numa obra de economia. Estou de acordo em que a “teoria da dependência” não mereça mesmo mais de 13 linhas, mas que “trabalho alienado” supere em quatro vezes “vantagens comparativas” revela uma inclinação hoje démodée. Proponho uma revisão “bibliométrica” nos 6 mil verbetes do Dicionário, tendo como critério o velho preceito marxista (aliás emprestado do economista William Goodwin): a cada um segundo as suas necessidades...
Paulo Roberto de Almeida
[Brasília, 1618: 16 junho 2006]
A economia, em centímetros quadrados...
Brasília, 16 junho 2006, 4 p.
Resenha de Paulo Sandroni:
Dicionário de Economia do século XXI
(Rio de Janeiro: Record, 2005, 905 p.; ISBN: 85-01-07228-1).
Publicado na Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD. Ano 3, nº 24, julho 2006, p. 54-55; link: http://desafios2.ipea.gov.br/desafios/edicoes/24/artigo22752-1.php e http://desafios2.ipea.gov.br/desafios/edicoes/24/artigo22752-2.php).
Revisto e ampliado e publicado sob o título “A economia, explicada aos jornalistas (e outros curiosos)” no Observatório da Imprensa (Ano 11, nº 388, de 4/07/2006; ISSN: 1519-7670; link: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=388AZL002).
Relação de Publicados n. 672.
Como provavelmente os links existentes à época já não estão mais funcionando, transcrevo aqui esta minha resenha:
A economia, em centímetros quadrados...
Paulo Sandroni:
Dicionário de Economia do século XXI
(Rio de Janeiro: Record, 2005, 905 p.; ISBN: 85-01-07228-1)
Nos dicionários – como nas enciclopédias –, espaço é tudo. A “centimetragem” dos verbetes costuma refletir a importância relativa de cada um. Por isso, pode parecer bizarro que, neste dicionário, o espaço ocupado pelo “mágico de Oz” (yes, o famoso personagem de Frank Baum) represente duas vezes o alocado ao verbete “capitalismo”: duas páginas inteiras (de duas colunas) para o “mágico”, contra, apenas, 3/4 de uma única página para o capitalismo, sendo que seu ex-inimigo, o defunto “comunismo”, ganha uma página e meia. Esta é uma das peculiaridades desta, ainda assim, utilíssima ferramenta de consulta que não deixa de refletir os gostos e preferências de seu autor, um bem sucedido professor de economia, hoje convertido em sinônimo de obra de referência.
Sim, a partir da quinta edição de uma obra publicada originalmente em 1985, para acompanhar a coleção “Os Economistas” (da Abril), já se pode falar do “Sandroni”, como hoje usualmente se fala do “Aurélio”, com algumas diferenças, no entanto. Se o “primo” da língua portuguesa procura seguir o cânon da Academia Brasileira de Letras, Sandroni não segue nenhum padrão consagrado, a não ser o seu próprio. Será por isso que o verbete “protecionismo” ostenta o dobro do espaço dado ao “livre-comércio”? Não parece estranho, novamente, que o Mercosul ocupe menos da metade do espaço atribuído ao Nafta, ao passo que um acordo que ainda nem existe, a Alca, tem mais do dobro deste último? Infelizmente, o verbete Mercosul não é apenas insuficiente, mas claramente inadequado, inclusive conceitualmente. Se o Mercosul dependesse do “Sandroni” para validar sua relevância, já estaria condenado ao museu das antiguidades, ao lado do machado de bronze e da roca de fiar, como previa Engels para o destino do Estado.
Esse tipo de inconsistência não passaria por uma academia de economia, se esta servisse para dar chancela a dicionários do gênero. Não que Sandroni tenha trabalhado inteiramente sozinho: os créditos consignam pelo menos três dúzias de consultores, mais três dezenas de pesquisadores. Mas ele certamente exerceu o direito de ir aumentando, aqui e ali, as fichas individuais, cada vez que um tema crescia em importância em sua mente. Daí o caráter irregular de algumas informações, bem como erros primários de revisão (o verbete “monocultura”, por exemplo, é repetido na imediata sequência). Não se trata apenas de espaço desigual, mas, também, de insuficiências notórias ou deslizes clamorosos. Assim como certos verbetes – “Escola Clássica”, por exemplo – apresentam quase uma aula sobre o assunto, outros induzem a erro: Hayek nunca foi “neoliberal”, pela simples razão que ele sempre foi um liberal clássico, tout court.
Mas, por que a “interpretação econômica” do “mágico de Oz” valeria duas vezes e meia a descrição do capitalismo? Sem cair novamente nas preferências do autor, digamos que a fábula de Baum ilustre os dilemas da transição do bimetalismo (ouro e prata) ao monometalismo do padrão-ouro na construção dos sistemas monetários nacionais, durante a segunda onda da globalização (final do século XIX e início do seguinte). Ainda assim, há um notório exagero na dimensão do verbete (que, aliás, está bem escrito).
A atualização de alguns verbetes também deixa a desejar, considerando-se a data do “fechamento”: julho de 2005. Mesmo dando-se desconto de um ano, é inexplicável que o verbete consagrado ao Mercado Comum Europeu diga que a entidade “congrega” (assim, no presente) doze membros, quando o MCE já se tinha diluído na Comunidade Econômica Européia desde 1967, sendo esta substituída pela expressão Comunidades Européias na década seguinte. A União Européia, por sua vez, existe desde 1993, tendo passado de doze a quinze membros dois anos mais tarde; ela admitiu dez membros adicionais em 2004, levando-a aos 25 membros atuais (encore plus em negociações). Mais surpreendente ainda, MCE remete ao verbete “União Européia”, que simplesmente não existe, esquecido entre a União Escandinava (uma união monetária que funcionou entre 1873 e 1905) e a União Européia de Pagamentos (um sistema de pagamentos compensados que deixou de existir em 1958). Surpreendente ou inexplicável, esse tipo de omissão é imperdoável num dicionário do “século XXI”.
Na verdade, pouca coisa pertence ao século XXI, a maior parte vinda dos séculos XIX e XX, mas o verbete FMI já traz Rodrigo Rato como seu diretor, a partir de 2004. Os temas recentes estão registrados, como o “indice Big Mac” da The Economist, o “consenso de Washington” (erroneamente definido como sendo uma defesa do “Estado mínimo”) e os acordos de Basiléia 1 e 2 (normas prudenciais para atividades bancárias). Mas, para um dicionário do século XXI, o verbete “globalização” não poderia ser mais anêmico: escassas dez linhas (em meia coluna, recorde-se), ainda assim voltado mais para o fenômeno do “global sourcing” do que para os processos de integração de mercados. Talvez o autor não goste da globalização, mas ela ainda assim existe e incomoda.
Interessantes e úteis são os verbetes dedicados às idiossincrasias econômicas brasileiras, como o jogo do bicho – cálculos de probabilidade indicam que os banqueiros ficam com 60 a 70% das receitas –, as mordomias, tais como oficialmente definidas pela administração, ou os diversos planos brasileiros de desenvolvimento e de estabilização econômica. Comparecem sínteses históricas sobre a legislação e os padrões monetários, sobre os valores do salário mínimo, bem como listas de ministérios e de ministros da Fazenda do Brasil: Itamar foi um campeão de ministros!
Alguns erros precisam ser corrigidos numa futura edição. Assim, o Gatt não foi substituído pela OMC, em 1995, mas sim incorporado à rede de acordos administrados por ela; ele tampouco tem por princípio básico o livre-comércio, apenas visa à mais ampla liberalização comercial possível. O economista André Gunder Frank, identificado com o “desenvolvimento do subdesenvolvimento”, aparece duas vezes, nas letras F e G, sendo que Gunder é mais “desenvolvido” do que Frank. Os GAB são mais comumente referidos como General Arrangements to Borrow, e não como Agreements, uma vez que eles não derivam de tratados formais e sim de esquemas especiais. Dizer que Hobbes era um “mercantilista” e acrescentar, em seguida, que ele considerava a liberdade de comércio uma “lei natural” parece uma contradição nos termos.
Keynes não foi o primeiro “presidente” do FMI, mas sim o representante britânico (governor) na primeira assembléia-geral das duas organizações de Bretton Woods (em Savannah, na Georgia, em 1946), ocasião na qual ele indicou o belga Camille Gutt como o primeiro “diretor-gerente” do FMI. Bilateralismo e multilateralismo estão definidos de forma restrita, vinculados apenas ao comércio. Da mesma forma, reciprocidade em comércio não quer dizer fair trade e sim concessões equivalentes, não necessariamente simétricas. Em regimes cambiais, o abandono do acordo de Bretton Woods pelos EUA se deu, de fato, em 1971, mas o fim da jurisdição do FMI sobre esses regimes só foi alcançado em 1973. Esses pequenos erros não empanam o valor de uma obra grandiosa.
No terreno do humor econômico, ele incorpora um verbete para a conhecida lei de Murphy, mas se esquece da lei de Parkinson, altamente relevante para a “produtividade” na administração pública: o total de empregados numa burocracia cresce 5 a 7% ao ano, independentemente de qualquer variação no volume de trabalho que deve ser feito. Parafraseando, digamos que o tamanho de um dicionário como este aumenta entre 20 e 30% a cada edição, independentemente da importância relativa dos verbetes. Mas, pela “lei de Gresham” dos dicionários, volumes menores e de menor qualidade começarão a fazer concorrência implacável ao “Sandroni”.
Ele deve sustentar a competição, mas caberia pensar, numa próxima edição, em adaptá-lo aos tempos modernos: não é possível que um dicionário que se pretenda do “século XXI” dedique mais de uma página à “revolução socialista” e escassas 14 linhas (de meia coluna) aos verbetes “pobreza” e “riqueza”, que constituem o próprio âmago da ciência econômica. Mesmo numa concepção tradicional, alguns desequilíbrios devem ser corrigidos: hoje, Raúl Prebisch vence Adam Smith por meia coluna; o socialismo deixa longe o capitalismo e a definição deste último é basicamente marxista; que Stalin receba a mesma “centimetragem” de Keynes indica uma desproporção inaceitável numa obra de economia. Estou de acordo em que a “teoria da dependência” não mereça mesmo mais de 13 linhas, mas que “trabalho alienado” supere em quatro vezes “vantagens comparativas” revela uma inclinação hoje démodée. Proponho uma revisão “bibliométrica” nos 6 mil verbetes do Dicionário, tendo como critério o velho preceito marxista (aliás emprestado do economista William Goodwin): a cada um segundo as suas necessidades...
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