domingo, 23 de junho de 2013

Fernando Henrique Cardoso e os Pensadores do Brasil - livro, entrevista (Estadao)

Formação do Brasil

Fernando Henrique Cardoso mostra a importância que ainda tem a obra dos grandes intelectuais nacionais

O Estado de S.Paulo, 22 de junho de 2013
Fernando Henrique Cardoso conversou com o Estado na tarde de quinta-feira, em seu apartamento, em São Paulo. Ele acabara de chegar de um evento promovido pelo governo da Dinamarca. O cansaço logo se dissipou quando começou a falar sobre seus mestres.
'Processo saturou', diz Fernando Henrique Cardoso sobre o lulismo - Evelson de Freitas/Estadão
Evelson de Freitas/Estadão
'Processo saturou', diz Fernando Henrique Cardoso sobre o lulismo
Qual característica mais forte de cada um desses pensadores que marcou sua carreira?
Fernando Henrique Cardoso - 
Começo por Joaquim Nabuco. Era um sujeito capaz de combinar um estilo aristocrático com forte preocupação social. Ele era um sociólogo de fato, o que era raro na época. Apesar de ter um certo pendor pela monarquia e esteticamente ser conservador, Nabuco era um democrata. Por isso que o comparo a Tocqueville, que era um reacionário mas compreendia as mudanças de tempo. Também gosto de Nabuco por considerar a democracia inglesa superior à americana por causa da noção da igualdade perante à lei.
O senhor vê alguma semelhança com a sua trajetória?
Fernando Henrique Cardoso - 
Em alguns pontos, sim, pois ele, como eu, conciliou uma vida intelectual com outra política, e também porque enfrentou todo o drama envolvido (risos).
É curiosa a diferença apontada pelo senhor entre a visão que Nabuco tinha do Império comparada com a de Sergio Buarque de Holanda.
Fernando Henrique Cardoso - 
A análise do Sergio é brilhante e tem menos repercussão que merece - Raízes do Brasil é o livro que o fez entrar para história. É um belo ensaio, mas o outro também é genial. E, na contraposição entre o democrata Sérgio Buarque e o aristocrata Joaquim Nabuco, esse se deixava enrolar pelos meandros do Império, enquanto Sérgio via nesse Império a dominação escravocrata. Ele desmistifica a tradição de que aquele governo era civilizador. Acho que, entre todos os pensadores, é o mais explicitamente democrático. Afinal, Sérgio escreve Raízes do Brasil nos anos 1930, marcados pela ascensão do comunismo e do integralismo. Assim, a aposta que ele fez era rara, pois, na época, comunista é que era democrata e ele era basicamente liberal, acreditava que a ascensão das classes populares resultaria na democracia. E seu livro foi lido ao contrário, como se portasse uma visão tradicional, uma outra maneira de ser Gilberto Freyre. Algumas de suas frases ainda são atualíssimas, como "só existe democracia com a lei da universal". O Sérgio seria um analista ideal para o que está acontecendo hoje.
Como assim?
Fernando Henrique Cardoso - 
Ele veria que a ascensão do sindicalismo não resultou necessariamente em democracia - ao contrário, vem reforçando a matriz tradicional, corporativista, patrimonialista, da discricionariedade. O instinto democrático tornou-se clientelista. Foi absorvido pela cultura tradicional brasileira.
Por falar em Gilberto Freyre, um dos destaque do livro é a forma como o senhor reavalia sua obra, dando-lhe mais importância.
Fernando Henrique Cardoso - 
Tive pouca convivência com ele, mas, quando li sua obra pela primeira vez, desenvolvi um horror pela sua posição política. Eu tinha muita resistência por dois motivos - a primeira porque, em São Paulo, tentávamos fazer uma sociologia empírica, científica, e a visão que se tinha dele (precipitada, na verdade) era de que se tratava mais um ensaísta (e conservador) que um analista. Quando reli sua obra, descobri um grande intelectual, a despeito de ser conservador.
O senhor deixou nomes de fora?
Fernando Henrique Cardoso - 
Sim. José Bonifácio, por exemplo, primeiro pensou o Brasil. Cito muito sua importância, mas não me aprofundo. Também não falo de Rui Barbosa, ícone do liberalismo, mas que não me influenciou. Nunca li sua obra, embora merecesse. Talvez seja um preconceito, pois venho de uma família de militares positivistas. Enquanto meu bisavô era monarquista, meu avô era a favor da abolição e meu pai participou das revoluções de 1922 e 24. Todos tinham horror do Ruy Barbosa, que era mais liberal enquanto eles apoiavam o Estado. E confesso que herdei um pouco dessa aversão.
E como foi a relação com Caio Prado Jr.?
Fernando Henrique Cardoso - 
Era um escritor seco, mas moderno, que notou detalhes importantes na relação do Brasil colonial com a metrópole portuguesa, no latifúndio e na escravidão. Um livro que considero pouco valorizado é A Revolução Brasileira, no qual é revisionista com relação às teses do Partido Comunista. Ao mesmo tempo em que era militante, tinha uma importante formação intelectual. Não se saiu bem na filosofia, na dialética, mas era bom nas análises concretas, além de revelar uma noção sólida de geografia - ele não viajava como turista, mas em busca de aprendizado.
É visível sua admiração por Celso Furtado.
Fernando Henrique Cardoso - 
Porque ele inaugura uma nova tradição. Celso via o Brasil como um país subdesenvolvido em relação aos demais, apontando o crescimento econômico como principal solução para esse problema. Ele introduziu o viés da análise econômica na compreensão do retrato do Brasil. Se Caio tinha uma visão marxista, mas um tanto mecânica, Celso fez análise do processo de formação do mercado interno. Ele explica a dinâmica do processo ao mesmo tempo em que oferecia um projeto nacional com fundamento econômico. A minha geração cresceu lendo Celso Furtado. Nossa paixão, na época, anos 1950 e 60, era o desenvolvimentismo. Só depois, com regime autoritário, veio a paixão pela democracia, movimentos sociais, já nos anos 70.
É nesse momento que acontece uma mudança?
Fernando Henrique Cardoso - 
Sim, pois a ideia da formação do Brasil vai até minha geração. A partir daí, começa a ser diferente, pois começa a integração, a globalização, palavra, aliás, que ainda nem existia. Começávamos a entender que havia algo novo, a periferia do mundo estava se industrializando e buscava caminhos diferentes. Era preciso entender o interesse nacional de cada país em um contexto global. Caio dizia que não se entendia a colônia sem entender o vínculo com o império. Já Celso afirmava que era preciso romper o vínculo e desenvolver o mercado interno. Hoje, sabemos que o certo não é romper, mas refazer.
Esses pensadores funcionam como um farol para o senhor?
Fernando Henrique Cardoso - 
Sim, formataram meu pensamento atual. Mas hoje, com as ruas agitadas, não se sabe para onde ir. Antes, esses pensadores diziam o que fazer. O farol está agora na popa e só vamos para frente porque o mar está empurrando. Não quero personalizar, mas, desde o governo Lula, a visão do futuro está errada. Não se percebeu que a crise terminaria, como deve acontecer. Acreditava-se que os EUA entrariam em decadência e não vão. O Brasil fez o caminho contrário da China, que se concentrou na exportação para acumular capital e investir, enquanto aqui se montou a base a partir do consumo, uma solução trôpega. O consumo cresceu, mas quem consome não está feliz e protesta na rua. Quer outras coisas, sem saber exatamente o quê. Basta ver os cartazes de protesto: tarifa, PEC, saúde, corrupção. Por trás disso, surge uma mensagem poderosa: quero viver melhor e isso não significa apenas consumir. O processo lulista deu o contrário. Saturou rapidamente. 

Veja também:

Farol da sabedoria

Fernando Henrique Cardoso reúne textos sobre intelectuais que formaram seu pensamento

"São textos sobre autores que me influenciaram. Uma leitura sobre como aprendi a olhar o Brasil" - Evelson de Freitas/Estadão
Evelson de Freitas/Estadão
"São textos sobre autores que me influenciaram. Uma leitura sobre como aprendi a olhar o Brasil"
UBIRATAN BRASIL - O Estado de S.Paulo
Em seu processo de formação, o sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso alimentou-se das ideias de intelectuais que ajudaram a forjar e solidificar seus conceitos sobre a identidade e as grandes questões do País. Obras de Joaquim Nabuco e Euclides da Cunha despertavam sua atenção, assim como de mestres com quem teve a honra de conviver, como Sergio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, Antonio Candido, Caio Prado Jr., Raimundo Faoro e Celso Furtado, entre outros.
São autores que ele interpreta como faróis, no sentido de ser um facho de luz que pode iluminar um caminho. Ao longo da vida acadêmica e política, Fernando Henrique escreveu sobre seus mestres, tanto na forma de ensaio como na de discurso. É esse material que forma Pensadores Que Inventaram o Brasil, seleção de textos escritos entre a década de 1970 e a atual, que será lançada oficialmente pela Companhia das Letras na terça-feira, no Masp, às 19 horas, quando começa um debate entre Fernando Henrique e o historiador José Murilo Carvalho, autor do posfácio do livro, com mediação da professora Lilia Schwarcz.
"Não se trata de uma obra pretensiosa, que pretende contar a história da cultura", avisa o sociólogo. "São textos sobre autores que me influenciaram. Uma leitura pessoal sobre como aprendi a olhar o Brasil."
Nos 18 artigos escolhidos - alguns foram publicados na extinta revista Senhor Vogue em 1978, outros, como o que analisa Raimundo Faoro, foram especialmente escritos para esse volume -, Fernando Henrique Cardoso trata de assuntos que sempre lhe foram caros, na carreira política ou na acadêmica, como a relação entre Estado e sociedade civil, os percalços do desenvolvimento econômico, a herança da colonização, a dificuldade em promover a justiça social.
Apesar de utilizar o mesmo rigor intelectual para todos, o sociólogo deixa transparecer sua simpatia pelos intelectuais com quem manteve uma relação próxima, como Florestan Fernandes, de quem foi aluno e assistente, ou Antonio Candido, também professor e mais tarde colega. E, apesar do viés econômico ter caracterizado mais a sua obra, Celso Furtado faz parte da seleção pela lucidez com que sempre apontou o melhor caminho para o desenvolvimento do País.
Fernando Henrique aproveita também para apresentar um mea culpa e, em um texto de 2010, recolocar Gilberto Freyre, antes apontado como reacionário, no panteão dos grandes pensadores do Brasil.

CRÍTICA: a identidade do País por um fluente professor

Capítulos mais saborosos são aqueles que misturam interpretação analítica com testemunhos e evocações pessoais

Elias Thomé Saliba - Especial para o Estado
"Clássico é um livro que as gerações dos homens, urgidos por razões diversas, leem com prévio fervor e com uma misteriosa lealdade." Esta notável definição de Jorge Luis Borges poderia servir de epígrafe para as leituras e releituras dos clássicos brasileiros que Fernando Henrique Cardoso realiza em Pensadores Que Inventaram o Brasil. Escritos por razões diversas e cobrindo um extenso período, que vai de 1978 a 2013, são 18 ensaios que revelam não apenas as obras daqueles pensadores que inventaram o Brasil, mas também muito da trajetória intelectual do próprio autor. Pertencente à geração imediatamente posterior aos clássicos da ciência social brasileira, Fernando Henrique publicou suas primeiras obras naqueles anos de questionamento das grandes interpretações do Brasil, nos quais as "visões gerais" começavam a ceder espaço àquelas investigações mais pontuais e, ao mesmo tempo, mais especializadas e mais inovadoras, como foram, aliás, os próprios livros do sociólogo Fernando Henrique. 
Embora irregulares, alguns dos capítulos mais saborosos são aqueles que misturam interpretações analíticas com testemunhos e evocações pessoais, pois Fernando Henrique conheceu - e em alguns casos conviveu - com autores como Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, Antonio Candido e Celso Furtado. Recorda os bons tempos de quando entrou na Faculdade de Filosofia, em 1949 - localizada ainda no prédio da Praça da República e com classes que não tinham mais do que 12 alunos. Relembra, ainda, fazendo referência aos seus colegas, que todos queriam mesmo ser socialistas e não sociólogos. E que de repente se viram frente a um grupo de jovens professores que vestiam aquele obrigatório avental branco de cientistas de laboratório, como Florestam Fernandes e, mais discretamente, Antonio Candido - que lhes ensinaram a nunca transigir com o rigor da análise, com a solidez da pesquisa ou com qualquer coisa que prejudicasse a fluência dos argumentos. 
Além de ensaios menores sobre Euclides da Cunha, Paulo Prado, Caio Prado Jr. e Sérgio Buarque, e de uma primorosa resenha de Os Parceiros do Rio Bonito, de Antonio Candido, as análises mais detalhadas recaem sobre Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre, Celso Furtado e Raymundo Faoro. O ensaio sobre Nabuco, de difusa inspiração freudiana, recupera os episódios da infância do grande abolicionista, incluindo a afetiva convivência com os escravos e as dramáticas perdas familiares. Já ao discorrer sobre a trajetória política de Nabuco, Fernando Henrique parece indiretamente falar um pouco de si - do intelectual que participa da política, se entrega inteiramente a ela em dados momentos, mas não quer se despersonalizar e nem perder seus mais caros valores existenciais.
Já os ensaios mais longos sobre Gilberto Freyre constituem uma espécie de desabafo de consciência culpada do autor, que pertenceu a uma geração que, durante os anos 1950 e 1960, tratou de rotular o autor de Casa Grande & Senzala como o reacionário criador e propugnador de uma (ilusória) democracia racial brasileira. Rótulos que nasceram menos de uma discutível "escola paulista de Sociologia" e mais da primeira leitura de um sociólogo militante, ansioso por cobrar dos outros uma posição de recusa da ordem estabelecida. Sem deixar de apontar os deslizes e os devaneios literários de Freyre, Fernando Henrique - desta feita escrevendo já em 2010 - ressalta a força mítica da obra do pernambucano: a sociedade patriarcal; as relações desiguais, mas próximas, entre as raças; o repúdio do racismo como guia heurístico (sem prejuízo dos deslizes racistas) e a afirmação de uma cultura singular, acabaram se tornando parte tácita e indistinguível da realidade brasileira. Mito é muito simplesmente a narrativa de uma história que não aconteceu, mas também daquela história que gostaríamos de acreditar que aconteceu - ou que ainda virá a acontecer, a qual fruímos, à maneira de Borges, com "prévio fervor e misteriosa lealdade". De qualquer forma, ao definir o estilo de Freyre como encantatório, cheio de reveladoras epifanias, Fernando Henrique não se esquece ainda de apontá-lo como um inesperado precursor daqueles estudiosos que criaram um método todo particular, no qual as sutilezas do estilo narrativo substituem os modelos teóricos e os conceitos abstratos.
Também se destacam as observações sobre Caio Prado Jr: um autor no qual "o método e os achados interpretativos caminham juntos, sem que ele esteja a cada instante batendo no peito para fazer o ato de contrição dos marxistas acadêmicos". 
Se apenas o epílogo do livro reproduz uma aula magna, ministrada pelo então ministro das Relações Exteriores aos alunos do Instituto Rio Branco, poderíamos dizer que o estilo de quase todos os ensaios é menos do político e mais aquele de um fluente professor - que também nos dá a deixa para uma outra definição de um clássico: "quando o livro é grande, os andaimes pesam menos e é preciso ver menos a maquinaria utilizada e mais a beleza da obra construída, mesmo que, às vezes, sem muito rigor". Nesta elegante e ponderada releitura da pedagogia da brasilidade, talvez seja mesmo possível reconhecer o que há ainda de atual e de inatual naqueles clássicos - todos eles um tantinho angustiados em pensar o futuro do País a partir de um retrato panorâmico de seu povo e de sua história. Se alguns daqueles retratos panorâmicos envelheceram, outros ainda fazem falta, sobretudo num país que vivencia - como, aliás, todo o mundo contemporâneo - uma crise de perspectivas de futuro.
* ELIAS THOMÉ SALIBA É HISTORIADOR, PROFESSOR DA USP E AUTOR DE RAÍZES DO RISO, ENTRE OUTROS

sábado, 22 de junho de 2013

Perguntas ainda sem resposta: Argumentos substantivos ou Atirando contra o mensageiro...

Eu sou por natureza didático, e polêmico, assim parece ser a minha essência, com todos os defeitos inerentes às duas qualidades (ou falta de). Gosto de ler, de refletir, e de escrever. Como também me julgo um cidadão responsável, pelo menos tentativamente, por uma parte dos problemas do país (afinal de contas sou pago com os impostos de todos os trabalhadores brasileiros, e não tenho certeza de que a minha produtividade no trabalho seja condizente com a remuneração e outros privilégios associados), eu também pretendo oferecer minhas críticas à situação corrente e minhas sugestões sobre como melhorar o país.
Faço a minha parte, em todo caso, que é esta mesma: leio, reflito, escrevo e publico, neste instrumento solitário que é este aqui.
Mas, sendo um veículo aberto, eu me exponho às criticas, comentários, sugestões, e até xingamentos, dos 15 leitores que devo possuir regularmente. Não me importariam muito as ofensas, se ao menos elas trouxessem algum comentário substantivo junto, mas isso é mais raro.
Adesistas Anônimos e Mercenários a Soldo, como eu os designei, exibem o péssimo costume de atirar sobre o mensageiro, em lugar de se debruçar sobre as questões. Por vezes é uma palavra errada, uma concordância mal feita, uma crase mal colocada (sempre na pressa da redação), pronto; basta isso para os AAs e os MSs soltarem sua bateria de ofensas. Algumas, até a maioria, eu posto aqui, pois não tenho problemas com que me critiquem e até me ofendam, pois isso é também um demonstrativo de como anda o Brasil, sempre com a ofensiva dos totalitários ao pretender dividir o país entre nós e eles, ao inverso, se vocês me entendem.
O "nós" deles é o poder totalitário, que não admite críticas nem contestações, o pensamento único gerado pelo partido totalitário e que pretende monopolizar o poder.
O "eles" somos nós, os que admitem o debate democrático, que acreditamos nas virtudes da democracia, e que achamos que alternância no poder sempre é bom e salutar em qualquer sociedade.
Fiz uma série de postagens especialmente dedicadas a meus leitores furibundos e até agora não recebi nenhum comentário, nem para responder, nem para ofender, o que pode ser preocupante.
Talvez eles não tenham tido tempo de ler tudo o que escrevi, e por isso vou resumir aqui as perguntas que fiz aos AAs e aos MSs.
Aqui vão elas, com seus respectivos links para as explicações introdutórias.

1) Pergunta: o Brasil precisa de 40 ministérios?
2) Por que nossa taxa de poupança voluntária é tão baixa, e por que o investimento público é inacreditavelmente baixo, o que impede que tenhamos taxas mais robustas de crescimento?
3) O Brasil precisa de rádios, TVs, jornais públicos, ou pagos com o dinheiro público?
4) Quais são os argumentos a favor do Fundo Soberano do Brasil?
5) Sabendo que a maior parte dos países (inclusive aqueles que exibem alta qualidade no ensino) gasta aproximadamente, na média, entre 5 e 6% nos orçamentos educacionais, por que o Brasil precisaria colocar 10% do PIB no dispendio educacional?
 
Está aberta a estação de caça ao mensageiro, ou a abertura da academia socrática...
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 22/06/2013

A paranoia normal de dirigentes eleitos: atinge qualquer um...

Dirigentes acuados, ou contestados, sempre tendem para a paranoia, e começam a falar bobagem, como o Erdogan, neste caso.
Interessante como pessoas que subiram pelo voto, uma vez no poder, tendem a se sentir autorizados a tudo, e desenvolvem não só comportamentos paranoicos, como também sentimentos autocráticos ou autoritários, quando não tendencialmente totalitários.
Já vimos isso no Brasil, também, basta olhar os candidatos a déspotas...
Paulo Roberto de Almeida 

PROTESTOS
Erdogan: Brasil e Turquia são alvo de conspiração internacional
Folha de S.Paulo, 22/06/2013 - 15h38 | Redação | São Paulo

Premiê turco afirmou que os dois países -- duas potências emergentes -- sofrem tentativa de desestabilização vinda de fora

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que enfrenta uma onda de manifestações em seu país, afirmou neste sábado (22/06) que os protestos registrados nos últimos dias no Brasil fazem parte uma conspiração para desestabilizar a presidente Dilma Rousseff, assim como estaria acontecendo com ele próprio.

Erdogan falava a centenas de milhares de simpatizantes na cidade de Samsun, uma das paradas de uma jornada de mobilizações em apoio a ele. Há três semanas, protestos contra a construção de um centro comercial da Praça Taksim de Istambul foram violentamente reprimidos pela polícia. A repressão impulsionou as manifestações, onde palavras de ordem contra Erdogan e pela sua saída do governo são frequentes.

Situação semelhante aconteceu no Brasil, quando a repressão da Polícia Militar do Estado de São Paulo nas quatro primeiras manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus (responsabilidade da prefeitura), metrô e trem (responsabilidade do governo do estado) – especialmente em 14 de junho, pela violência e agressão contra jornalistas – chocou o país.

Antes apoiada pelos principais jornais, a ação da polícia gerou uma onda de protestos, que acabaram absorvendo outras pautas, como corrupção, inflação, insegurança, algumas incluídas em um rechaço à realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

A violência registrada nas manifestações seguintes – quinta-feira (20/06) na cidade de São Paulo houve agressão contra militantes de partidos de esquerda – foi condenada nesta sexta-feira (21/06) por Dilma, que se dispôs a receber os manifestantes e propôs um pacto para buscar atingir as demandas dos que protestaram.

Assim como Dilma, que lidera um país com altos níveis de crescimento econômico e social, Erdogan tem alta aprovação após 10 anos de governo. Para ele, os protestos são alimentados por forças estrangeiras, banqueiros e a mídia turca. Em Samsun, o premiê disse que o Brasil – outra economia emergente – foi alvo da mesma tentativa de desestabilização.

“O mesmo jogo está sendo jogado no Brasil. Os símbolos são os mesmos, Twitter, Facebook, são os mesmos, a mídia internacional é a mesma. Os protestos estão sendo levados ao mesmo centro”, analisou Erdogan. “Eles estão fazendo o máximo possível para conseguir no Brasil o que não conseguiram aqui. É o mesmo jogo, a mesma armadilha, o mesmo objetivo”. 


Leia mais

Duas imagens, duas atitudes: com meu inteiro apoio...

Estas duas fotos eu pesquei num post tradicional, todos os sábados, no blog do Augusto Nunes, que sempre seleciona imagens estupendas, para puro deleite...

Um leitor, como eu: 


Um iconoclasta, como eu: 

O bom negocio da semana, a oportunidade do mes, a oferta de uma conjuntura...


Anúncio na Lojinha do PT em São Paulo, nesta semana:

"Bandeiras oficiais com 10% de desconto”

O NYTimes nao larga do pe' do Brasil: tambem, com todas essas manifestacoes bizarras...

Não dá outra, a cada dia que recebo o New York Times, lá está o Brasil, na capa, bem no meio, com alguma foto de manifestantes em alguma capital brasileira e o relato objetivo, fiel, pelo correspondente Simon Romero, que ainda assim transcreve, acriticamente, declarações de esquizofrênicos econômicos, como os do Movimento Passe Livre, sem agregar outras afirmações, de economistas não esquizofrênicos, por exemplo, para mostrar como a proposta é idiota, ou colocando em termos mais corteses, como ela é economicamente irracional e socialmente injusta. Enfim, como dizem que o NYT é o melhor jornal do mundo (eu também acho, mas ele é ligeiramente distorcido para a social democracia), aqui vamos lá, mas também vou procurar postar o que sai no Wall Street Journal, que eu considero, de fato, o melhor jornal do mundo, junto com o Financial Times, e o que pode sair na Economist, a melhor revista do mundo desde meados do século 19...
Paulo Roberto de Almeida

Despite Assurances by Brazil’s President, Protesters Stage Another Day of Demonstrations



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SÃO PAULO, Brazil — Brazil braced for another day of demonstrations on Saturday, after many in the country’s sweeping protest movement angrily dismissed an effort by President Dilma Rousseff to address their broad demands.
Ari Versiani/Agence France-Presse — Getty Images
A bus stop was damaged by protesters in Rio de Janeiro.
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People took to the streets in some cities on Saturday morning, with protests expected in more than 20, including São Paulo, Rio de Janeiro and smaller state capitals in the Amazon, like Rio Branco. One of the biggest was in Belo Horizonte, where an estimated 20,000 people had gathered by early afternoon.
Ms. Rousseff initially remained silent as the protest movement grew, although she publicly embraced the protesters’ cause on Tuesday. Tens of thousands of people thronged the streets of São Paulo and other cities on Monday, and by Thursday more than a million demonstrators had turned out in dozens of cities.
In a speech on Friday night, Ms. Rousseff, a former guerrilla who fought the country’s military dictatorship in the 1970s, praised the demonstrators for bringing a new energy to Brazilian politics and said repeatedly that she would listen to “the voice of the streets.”
“If we can take advantage of the impulse of this new political energy,” she said, “we can do many things better and faster that Brazil has not been able to do because of political or economic limitations.”
But the proposals she offered in response to those voices were short on details, and included some programs for which she had been unable to garner support in the past. Ms. Rousseff said she would create a national transportation plan to promote mass transit, dedicate oil revenues to education and bring in foreign doctors to bolster the health care system.
Even as Ms. Rousseff’s recorded message was being broadcast on television, demonstrators continued to march, and many said they were unaware that the president was speaking to them.
“I don’t believe in her promises,” Sergio Mazzini, 65, said late Friday night during a protest in the São Paulo city center. “There have been too many promises for me to keep believing. We don’t know where all this is leading, but they are trying to fool us.
“They don’t live our reality, so it’s easy to talk about hospitals and schools when it’s us who are suffering for lack of investment in priorities.”
Felipe Possani, 20, an intern at a bank who was wearing a white mask in the style popularized by the hacker group Anonymous, had nothing but scorn. “She’s a joke,” he said. “She’s just faking.”
The protests were initially set off by demands for a rollback of transit fare increases, which officials in several cities agreed to last week. But citizens have also demanded action on an array of issues, calling for improvements in health care, public transit and education, lower taxes, gay rights and an end to corruption.
Another issue surging to the fore is a proposed constitutional amendment to limit the power of the Public Ministry, a body of independent public prosecutors.
Selena Mokdad, 19, a student, said she was deeply worried that the protest movement would lose its way by making too many diffuse demands, noting that there were no clear leaders to provide focus for the grievances.
“They’re fighting for everything and nothing specific, so they’re not going to change anything,” Ms. Mokdad said.
And while many protesters angrily rejected Ms. Rousseff’s proposals as empty promises, others said she should be given a chance.
“It’s a bit naïve to talk about Dilma all the time,” Ms. Mokdad said, adding that Ms. Rousseff had inherited a country with deeply ingrained problems, like corruption. “She’s not responsible for everything. She’s like in the wrong place at the wrong time. I don’t think the problem is her.”
At the heart of the movement is a rejection of traditional politics in Brazil. Protesters have expressed deep cynicism toward the main political parties and their leaders.
Ms. Rousseff is expected to run for a second term next year, but a poll of protesters in São Paulo by Datafolha, a top research firm, found that only 10 percent said they would support her for re-election. Aécio Neves, a leader of the main opposition party, the Social Democrats, received just 5 percent support.
But 30 percent said they would support Joaquim Barbosa, the chief justice of the Supreme Court, who has won widespread admiration throughout Brazil for crusading against corruption and trying — until now, without success — to send political leaders convicted in a huge embezzlement and vote-buying scheme to jail.
Some prominent voices in Brazil have also begun lashing back at aspects of the protest movement. The Rio de Janeiro newspaper O Globo published a scathing editorial on Saturday in which it questioned the protesters’ repudiation of political parties.
“It is an illusion to think that in democracy political projects can be carried out on the margin of parties,” O Globo said.
And Fernando Henrique Cardoso, a former president of Brazil who broadly restructured the economy in the 1990s, warned that the protests could offer more jolts to political leaders.
“I have my doubts the parties are capable of capturing all this and at least transforming their message,” Mr. Cardoso said in an interview with the newspaper Folha de São Paulo.

Paula Ramón contributed reporting.

Videos, fofocas e mentiras: comentarios e sugestões - Paulo Roberto de Almeida e colaboradores...

Este blog tem como princípio expor ideias, argumentos, se possível inteligentes (como reza o seu Estatuto, acima indicado), para pessoas inteligentes.
OK, de vez em quando eu posto aqui ideias e argumentos estúpidos, idiotas, até irracionais, apenas para fazer o confronto com os bons argumentos e as ideias úteis ao progresso social, à prosperidade econômica, às liberdades democráticas, enfim, à racionalidade e à ética pública.
Todos os argumentos e afirmações procuram ter o seu embasamento empírico, ou seja, apoiar-se em fatos, dados, estatísticas, que podem ser comprovados por todos, sejam eles de esquerda, de direita, tucanos, petralhas, liberais, intervencionistas, até keynesianos de botequim, como existem às pencas em todos os cantos do país, mesmo sem saber que o são (como alguns ministros do governo).Quando não têm dados comprobatórios, é porque as afirmações são de uma tal platitude, ou self-confirming, que seria ofender a inteligência dos que aqui comparecem com dados corriqueiros.
Por exemplo, seria um truíusmo idiota trazer dados em apoio ao argumento de que a Europa está em crise (profunda), e os Estados Unidos também (menos profunda, aliás em reversão). Ninguém disputaria isso, com base na leitura de qualquer jornal, nos últimos 5 ou 6 anos.
Agora, existem diferentes interpretações quanto às razões dessa crise, e eu não tenho hesitação em afirmar o que segue, embora alguns possam achar ofensivo: os neobobos, por exemplo, acham que essa crise foi provocada por mercados desregulados e pela ganância de banqueiros e especuladores de Wall Street. Eu já acho que ela foi provocada por erros de política econômica dos governos, e daí derivam respostas totalmente diferentes em relação ao que se pode fazer frente a isso, e são diferenças radicais. Mas, não é uma simples questão de achismo, eu contra os neobobos. Dados podem ser trazidos para comprovar uma e outra posição, e se por vezes não o faço é por simples falta de tempo, para colar estatísticas ou escrever longas exposições histórico-analíticas, para provar que a especulações dos loiros de olhos azuis, e as barbeiragens e cupidez (até crimes) dos banqueiros só existiram porque os governos assim permitiram, por suas políticas inadequadas, de juros, de fiscalidade, de dirigismo aqui e ali, subsídios indevidos, créditos exagerados, etc.
Enfim, esse debate sobre os mercados e os Estados é eterno, e vai continuar, mas eu sempre vou privilegiar a opinião bem fundamentada, os argumentos apoiados em dados fiáveis, as afirmações sustentadas em estatísticas imparciais, que não são nem de esquerda ou de direita, mas simples expressão da realidade.

Bem, vou desviar-me momentaneamente dessa linha do blog, para colocar aqui uma fofoca e dar o link de um video, este apenas para rebater mentiras e incorreções, quanto aos problemas brasileiros atuais.
A fofoca, recebida de fontes absolutamente fiáveis, mas que não serão, provavelmente confirmadas na prática, é a seguinte:

Na última conversa da tutelada com o seu tutor, do construtor com o seu poste, o grande e genial guia dos povos sugeriu à desorientada pessoa que nos comanda (a mim apenas figurativamente) que trocasse o seu responsável econômico, em vista da evidente deterioração da situação econômica, pelo antigo "ministro" tucano (na verdade presidente de uma das mais importantes agências públicas), o neoliberal que garantiu uma boa condução da política monetária, assegurando, assim, uma boa gestão da inflação e o sucesso político eleitoral desses esperto político.
Bem, isso a revista The Economist já tinha sugerido em dezembro, sinceramente, e foi retrucado com um pronunciamento oficial em apoio ao keynesiano de botequim que bagunçou a economia brasileira nos últimos seis anos. Como o resultado foi o contrário do que ela esperava, a revista, ironicamente, sugeriu exatamente o contrário, na recente matéria que ela dedicou ao Brasil (Stuck in the mud, aqui postada). Bem, vamos ver se desta vez dá certo, tanto pelo lado da Economist (Stay, stay...), quanto pelo lado do guia genial dos povos.
Se isso ocorrer, não restará a este blog, como a vários outros instrumentos do gênero, continuar com a ironia em direção aos esquizofrênicos econômicos (e os companheiros estão nessa a pelo menos 90% da sua constituency), perguntando se a seu modelo econômico de fato não funciona, sendo preciso importar tucanos de carteirinha e neoliberais confirmados para colocar ordem na bagunça econômica que eles criaram.

Quanto ao vídeo, não tenho muito a agregar, pois ele também é politicamente motivado, embora toque em questões reais, com comprovação do que afirma. Quem quiser conferir, pode fazer aqui:



Pronto, chega de fofoca, voltemos a leituras mais interessantes...
Paulo Roberto de Almeida

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