sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Gabinete de transição vai ter apoio diplomático para preparar engajamento de Lula no exterior - Pedro Nogueira (CNN)

Gabinete de transição vai ter apoio diplomático para preparar engajamento de Lula no exterior 

Equipe comandada por Audo Araújo Faleiro, assessor internacional da Presidência durante os governos do PT, também vai fornecer ao gabinete de transição informações sobre o calendário diplomático 

Pedro Nogueira, CNN, 11/11/2022

O diplomata Audo Araújo Faleiro lidera o trabalho de ligação entre o Itamaraty e o gabinete de transição. Os profissionais vão preparar as viagens de Lula, como a COP-27, no Egito, produzir documentos, incluindo respostas a chefes de estado estrangeiros, além de organizar a recepção de embaixadores e telefonemas com dignitários de outros países

A equipe também vai fornecer ao gabinete de transição informações sobre o calendário diplomático, com oportunidades estratégicas de engajamento do governo-eleito no exterior, e elencar assuntos administrativos que precisam de respostas rápidas no início da nova gestão.

Um dos primeiros compromissos do grupo de ligação foi o encontro com o Encarregado de Negócios da Embaixada do Egito, para preparar a logística da comitiva à conferência sobre mudanças climáticas. A reunião aconteceu no CCBB, na quarta (9).

Ministro de Segunda Classe da carreira diplomática, Audo Faleiro foi indicado por Celso Amorim, embaixador aposentado considerado o braço direito de Lula para assuntos internacionais. Amorim é também o diplomata que serviu por mais tempo no cargo de Ministro das Relações Exteriores, superando o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira. O embaixador é cotado para compor a equipe de transição, na área de Relações Exteriores.

Sem revanchismo

Fontes no Ministério afirmam que a escolha de Faleiro envia dois sinais. O primeiro é de que o governo de transição busca um Itamaraty sem revanchismo. O segundo, que sua a transição busca boas relações com a atual gestão do chanceler Carlos França, para garantir uma transição suave.

Diplomatas relatam um clima de “caça às bruxas” no serviço diplomático durante a gestão de Ernesto Araújo, primeiro chanceler de Bolsonaro. Audo teria sido um dos alvos desse regime.

Nomeado chefe da Divisão da Europa Ocidental no Itamaraty em 2019, o diplomata foi exonerado menos de uma semana depois. O motivo: ele serviu na assessoria internacional da Presidência da República durante os governos do PT, sob o comando de Marco Aurélio Garcia. Além disso, trabalhou na embaixada brasileira na Venezuela. Outros diplomatas com posições de destaque nos governos Lula e Dilma também caíram no ostracismo.

Colegas relatam que Audo é uma das pessoas que encarou essa situação com serenidade. A expectativa é de que não haja um novo campo de batalha de perseguição.


Audo Faleiro assessora transição de Lula na diplomacia - Murilo Fagundes (Poder 360)

 Audo Faleiro assessora transição de Lula na diplomacia


Embaixador e ex-assessor para assuntos internacionais da Presidência é indicação do chanceler Celso Amorim

PODER 360
MURILO FAGUNDES 
11.nov.2022 (sexta-feira) - 13h17

O ex-assessor para assuntos internacionais da Presidência Audo Faleiro foi escalado pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o gabinete de transição. O embaixador atua como elo entre o Itamaraty e a equipe do governo transitório.

O Poder360 apurou que Faleiro já conduz reuniões preparatórias para as viagens do petista ao Egito, onde participará da COP27, e a Portugal, onde encontrará os chefes de Estado e Governo. Faleiro é indicação do ex-chanceler Celso Amorim, braço direito de Lula em assuntos relacionados à diplomacia.

Faleiro é avaliado por colegas como alguém com perfil sereno e apaziguador. Foi escolhido para conduzir uma transição sem entreveros com o atual chanceler, Carlos França.

O embaixador escalado pelo PT, diplomata de carreira, foi alvo do ex-chanceler Ernesto Araújo, em 2019, no início da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). À época, 4 dias depois de ser nomeado para chefiar a Divisão de Europa do Ministério das Relações Exteriores, Faleiro foi demitido.

EGITO E PORTUGAL 
Lula visitará Portugal depois de participar da COP27, conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas), em Sharm El Sheikh (Egito). A informação foi confirmada pelo Poder360, mas a agenda ainda não foi divulgada.

Na 4ª feira (9.nov), o petista disse que sua viagem internacional começará na 2ª feira (14.nov) de manhã e terminará no sábado (19.nov). Lula afirmou também que começará a montar sua equipe de ministros depois de retornar ao Brasil.

Lula foi convidado pelos integrantes do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal para participar da COP27. O coordenador do grupo, Waldez Góes (PDT), governador do Amapá, foi quem fez o convite. Mas Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, anunciou o convite publicamente em 31 de outubro.

A defesa da pauta ambiental foi uma das principais bandeiras de Lula durante a campanha eleitoral. O presidente eleito defende que o Brasil volte a ser protagonista perante os outros países, especialmente para liderar respostas à emergência climática.

Na 2ª feira (7.nov), o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim disse que a ida de Lula ao evento mostra “atitude, engajamento e respeito às metas climáticas”. “É uma questão de participação ativa, de desenvolvimento sustável, em que não se vê desenvolvimento e clima como conflito. Acho que essa é a visão dele”, declarou Amorim.

Lula enfrentará pressão para escolher lado em disputas internacionais - Daniel Buarque (FSP)

 Lula enfrentará pressão para escolher lado em disputas internacionais, diz analista


Presidente eleito deve encarar desafios impostos pelo contexto global, marcado por tensões entre potências

Folha de S.Paulo
Daniel Buarque
11.nov.2022 às 4h00

SÃO PAULO | INTERESSE NACIONAL
A experiência dos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência e o discurso dele durante a campanha e após a vitória nas eleições deste ano indicam que o Brasil deve passar a se inserir mais em questões globais e se envolver em organizações internacionais do que o que se viu ao longo dos últimos quatro anos sob Jair Bolsonaro (PL).

"Lula é muito mais familiarizado com a linguagem internacionalista, então podemos esperar um Brasil mais engajado retórica e diplomaticamente", explicou o professor de relações internacionais na University of West Florida Jacob Shively em entrevista ao portal Interesse Nacional.

Mesmo com esta tendência favorável a um papel global mais ativo para o Brasil, essa "volta do país ao mundo", como disse o presidente eleito, vai enfrentar desafios impostos pelo contexto global marcado por tensões entre grandes potências, com um contraste entre o Ocidente liderados pelos Estados Unidos e a China e a Rússia, avaliou Shively. "O Brasil e seus vizinhos provavelmente enfrentarão pressão para escolher um lado nas principais questões comerciais e diplomáticas", disse.

Shively é coautor do recém publicado artigo acadêmico Brazil’s Changing Foreign Policy Ambitions: Lula, Bolsonaro and Grand Strategy Analysis in the Global South, em que compara a política externa brasileira nos governos de Lula e Bolsonaro. Ele argumenta que cada governo foi limitado ou moldado pelo status e por investimentos econômicos, diplomáticos e militares existentes do Brasil, mas os cálculos políticos domésticos e compromissos ideológicos de cada presidente se desdobraram de forma marcante.

Apesar dessas diferenças, ele avalia que o posicionamento de Lula até o momento sobre a Guerra na Ucrânia indica que alguns elementos da política externa do atual governo podem continuar vivos no próximo governo, refletindo "uma versão de esquerda do nacionalismo de Bolsonaro".

Assim que foi declarado vencedor, Lula disse que "o Brasil está de volta ao mundo". O que o senhor acha disso? O que espera que mude na política externa brasileira e como isso afetará o papel internacional do país? Lula está parcialmente correto. Com base em seu histórico, é provável que ele insira o Brasil em questões globais e envolva mais organizações internacionais do que Bolsonaro. Lula é muito mais familiarizado com a linguagem internacionalista, então podemos esperar um Brasil mais engajado retórica e diplomaticamente. Além disso, com o enfraquecimento da pandemia e dos principais escândalos de governos anteriores, Lula pode ter menos distrações domésticas para se concentrar no exterior.

Ainda assim, a mudança na política externa pode se mostrar mais restrita com este governo Lula em comparação com 2003. A situação econômica do Brasil e os interesses comerciais internacionais restringem qualquer presidente. Além disso, o forte contingente bolsonarista no Congresso Nacional deixa Lula com menos espaço para impulsionar grandes mudanças dentro e fora do país.

Tão importante quanto isso, o próprio Lula parece ter moderado suas ambições para o Brasil no mundo. Sua retórica de campanha neste ano sugere que ele quer mudar a perspectiva do Brasil de nacionalista para internacionalista, mas 20 anos atrás ele imaginou o Brasil se juntando a outros Estados em ascensão compartilhando a liderança em nível global e na América do Sul.

O Brasil viu seu perfil diplomático crescer nesse período; no entanto, as maiores ambições de Lula, da liderança latino-americana a uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, falharam em grande parte em produzir mudanças reais.

Lula também disse que o mundo sente falta do Brasil no cenário global. O senhor concorda? Há espaço para o país ter um papel ativo internacionalmente? Sempre há espaço para o Brasil desempenhar papel global ativo. Está em uma posição única graças ao seu tamanho, influência cultural, recursos e posição em organizações internacionais. Como sempre, o desafio do Brasil é equilibrar seus desafios políticos, sociais e econômicos internos com a projeção de uma agenda clara e consistente com o resto do mundo.

Nesse contexto, Bolsonaro enquadrou o mundo em grande parte em termos de amigos e ameaças, com alguns Estados –notadamente a China– como parceiros de negócios necessários e pragmáticos.

As ambições de política externa de Lula são moderadas em comparação com seus dois primeiros mandatos, mas ele traz uma visão mais ampla do papel do Brasil no cenário mundial. Nos próximos meses, precisamos observar as indicações de seu gabinete e as prioridades políticas iniciais.

Onde ele investir seu "capital político", como dizemos em ciência política, revelará se Lula estará exercendo um papel assertivo como fez em seus primeiros mandatos ou se podemos esperar que a retórica da política externa do Brasil mude, mas suas prioridades diplomáticas e econômicas básicas permaneçam basicamente estáveis.

O mundo mudou muito desde que Lula foi presidente em seus dois primeiros mandatos. Há uma guerra acontecendo na Europa e crescentes tensões entre os EUA e a China. Como esse contexto afetará a forma como o Brasil pode se posicionar globalmente? Quais o senhor acha que serão os maiores desafios para o Brasil de Lula no cenário internacional? Em nível global, o maior desafio nos próximos anos para o Brasil de Lula e muitos outros governos será a crescente separação entre o que poderíamos chamar de ordem econômica e política liderada pelos EUA em contraste com Pequim e, em menor grau, Moscou.

O Brasil e outros governos da América Latina viram as advertências retóricas de Washington sobre a integração econômica com a China, mas isso foi apoiado por relativamente pouca pressão econômica e diplomática. É provável que isso mude. Os desenvolvimentos que impulsionam esse movimento incluem os choques na cadeia de suprimentos associados à pandemia, o crescimento das ameaças à segurança cibernética e a expansão estratégica sob Xi Jinping e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Os líderes em Washington e em outros lugares estão menos otimistas de que a integração global tenha sempre um resultado positivo. Hesito em chamar o que vemos de uma nova Guerra Fria. Isso é exagerado. Ainda assim, o Brasil e seus vizinhos provavelmente enfrentarão pressão para escolher um lado nas principais questões comerciais e diplomáticas.

Além disso, a pressão para agir sobre as mudanças climáticas continua a crescer. Para Bolsonaro, a Amazônia como recurso econômico era um ponto contínuo de forte tensão com certos governos estrangeiros, principalmente França e Alemanha.

Dado seu histórico de políticas e retórica atual, Lula provavelmente aliviará essa tensão. Ainda assim, podemos esperar que a Amazônia seja uma grande preocupação internacional ao lado de uma série de outros desafios ambientais que todas as economias modernas enfrentam. Lula e seu governo podem sentir a pressão internacional para inovar ou agir além de seus planos atuais.

Quando Trump deixou o governo dos EUA, houve muita discussão sobre o quão sério o mundo levaria a nova direção da política externa de Biden, já que Trump conseguiu mudar a posição internacional do país (como no caso do Acordo de Paris). Será que algo assim vai acontecer com Lula e com o Brasil? O mundo vai levar a sério essa "volta" do Brasil à política externa tradicional? Este é um verdadeiro desafio para qualquer democracia polarizada. Em suma, o mundo levará a sério essa mudança de política externa, mas sua disposição de segui-la com compromissos diplomáticos e econômicos pode ser limitada até que vejam surgir uma direção clara no cenário político doméstico. Por um lado, minha própria pesquisa sugere que a mudança da política externa nos Estados Unidos e no Brasil é mais restrita entre as administrações do que podemos imaginar. Compromissos existentes, interesses econômicos, expectativas ideológicas e assim por diante dificultam a realização de mudanças práticas e revolucionárias.

Além disso, os governos tendem a construir reputações e históricos, e seu corpo diplomático profissional tende a permanecer mais estável do que suas lideranças políticas. Esses fatos podem suavizar a tendência de mudança de liderança para criar política e reputação.

Apesar disso, as prioridades dos líderes importam para percepções e compromissos diplomáticos. Assim como os observadores precisam se perguntar se as prioridades da política externa de Biden podem desaparecer após a próxima eleição, eles também estarão observando a política do Brasil em busca de dicas sobre se e até que ponto os compromissos externos do Brasil serão confiáveis e duradouros.

O que o senhor acha que restará das mudanças promovidas por Bolsonaro na política externa brasileira? Provavelmente veremos os aspectos mais volúveis da abordagem de política externa de Bolsonaro serem revertidos, mas provavelmente veremos alguns aspectos do nacionalismo geoestratégico e econômico de Bolsonaro permanecerem. Mais visivelmente, veremos a retórica da política externa brasileira se afastar das prioridades nacionalistas de Bolsonaro. Bolsonaro destacou a conversa de "valores tradicionais" e civilização judaico-cristã, juntamente com grande ceticismo em relação às instituições globais. Em termos práticos, Bolsonaro enfatizou o relacionamento com outras lideranças de direita e viajou menos do que Lula quando era presidente. Muito disso será relativamente fácil para Lula reverter ou abandonar.

Ainda assim, o próprio Brasil tem uma longa história de foco doméstico regional. Bolsonaro se baseou nessa tradição. Lula tentou se opor a essa preferência em seus dois primeiros mandatos, mas em sua última campanha ele parece ter seguido alguns aspectos da liderança de Bolsonaro. O exemplo mais revelador pode ser seus comentários sobre a Guerra da Ucrânia.

Ao enquadrar os dois líderes como igualmente responsáveis, ele seguiu amplamente uma versão de esquerda do nacionalismo de Bolsonaro. Nessa abordagem, a liderança procura enfatizar os interesses econômicos específicos do Brasil e evitar emaranhados globais mais amplos, particularmente emaranhados que são percebidos como instigados no Norte Global.

Petista do desastre econômico, Guido Mantega, sabota a candidatura de Ilan Goldfajn ao BID - Raquel Landim (CNN)

 Mantega envia carta a EUA, Chile e Colômbia e pede para adiar eleição no BID


Um dos técnicos mais respeitados do país, Goldfajn foi indicado para concorrer ao comando do BID pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes

Raquel Landim, da CNN
11/11/2022 às 11:40

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, enviou uma carta a representantes dos governos americano, chileno e colombiano pedindo para adiar a eleição para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), marcada para o dia 20 de novembro, apurou a CNN.

No caso dos Estados Unidos, o documento foi entregue a secretária do Tesouro Janet Yellen.

Conforme pessoas que tiveram acesso à carta, Mantega diz falar em nome da equipe econômica do novo governo e afirma que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva gostaria de indicar outro candidato. Hoje, o candidato brasileiro à presidência do BID é o economista e ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

Um dos técnicos mais respeitados do país, Goldfajn foi indicado para concorrer ao comando do BID pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, que passou por cima de divergências pessoais ao optar pelo seu nome.

O BID é uma instituição multilateral responsável por US$ 12 bilhões em empréstimos para governos na América Latina.Embora Mantega tenha enviado a carta e conte com apoio de setores do PT, a oposição ao nome de Ilan não é consenso na aliança em torno de Lula.

Aliados da senadora Simone Tebet, da deputada eleita Marina Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin apoiam o economista. Além de suas posições liberais em economia, Goldfajn também é conhecido pela atuação em projetos de defesa da Amazônia.

A movimentação desses setores do PT, no entanto, provocou descontentamento em Washington. Não deve ser suficiente para adiar a eleição, mas ameaça a vitória do candidato brasileiro, que parecia garantida.

Fontes que acompanham o processo dizem que, se ficar claro que existe uma divisão no Brasil, os Estados Unidos preferem apoiar o candidato do México, Gerardo Esquivel.A CNN procurou a equipe do presidente eleito Lula e aguarda um posicionamento. Procurado, Ilan Goldfajn prefere não se pronunciar neste momento.

As missões da diplomacia de Lula a partir de sua ‘reestreia’ na COP - Victor Ohana (Carta Capital)

 As missões da diplomacia de Lula a partir de sua ‘reestreia’ na COP


O presidente eleito precisa retomar agendas abandonadas por Bolsonaro e calcular gestos diante de novos conflitos

POR VICTOR OHANA 
Carta Capital, 11.11.2022

Ao pisar no Egito, para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dará a largada para a reestreia da sua política externa, desta vez em uma conjuntura bem diferente da que encontrou em 2003.

No evento, o petista deve dar o tom da sua gestão ambiental e marcar sua diferença com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na campanha, ele prometeu reduzir o desmatamento e zerar o garimpo ilegal, entre outras bandeiras.

A expectativa é de que Lula se encontre com o secretário-geral da ONU, António Guterres, além de realizar reuniões bilaterais. Há, ainda, um convite do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, para que visite Lisboa na volta.

A questão climática está em consonância com a preocupação de expoentes da União Europeia, como o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente da França, Emmanuel Macron, dois líderes que não esconderam suas preferências a Lula e chegaram a recebê-lo com honras de chefe de Estado antes da eleição.

Apesar de Lula receber a confiança de grandes políticos globais no tema, a COP27 deve mostrar que o percurso não será um passeio. A conjuntura é de missões não cumpridas, por fatores como a falta de recursos doados por países ricos, a deflagração de uma crise energética e o aumento de conflitos diplomáticos.

No ritmo atual, as perspectivas são catastróficas e apontam para um aquecimento de 2,8º graus em 80 anos.

A pauta certamente será uma das mais destacadas entre Lula e líderes europeus, mas ainda há outras conversas relevantes, como o andamento do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

Depois de 20 anos na gaveta, o tratado foi firmado por Bolsonaro no primeiro ano de mandato. O presidente voltou festejando um possível incremento no PIB de até 125 bilhões de dólares, mas diversos especialistas avaliaram que a parceria poderia colocar o Brasil em uma condição submissa na cadeia global.

Isso porque, embora houvesse uma expectativa de eliminar tarifas sobre exportações brasileiras à Europa, como frutas e café solúvel, os itens industrializados do continente também teriam redução de preço aqui no Brasil, o que poderia afetar a competitividade da indústria brasileira.

Lula mesmo já defendeu a reformulação do acordo, com o argumento de que a União Europeia deveria compreender a necessidade de que países latino-americanos também possam comercializar produtos com valor agregado.

Outra questão com a Europa deve ser o posicionamento que Lula adotará em relação à Rússia.

Com a esperada retomada da agenda do petista em fortalecer os Brics, líderes acompanham com atenção qual será o nível de aproximação do governo brasileiro com Vladimir Putin, devido à guerra da Ucrânia.

Para Silvia Capanema, historiadora e professora da Universidade de Paris 13-Nord, Lulanão demonstra tendência de concordar com a invasão russa, mas também deve apresentar uma postura crítica à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan.

O alastramento do bloco militar liderado pelos Estados Unidos – e com forte participação europeia – irritou a Rússia e foi usado como justificativa para a operação na Ucrânia, país que ensaia há tempos a sua entrada no grupo.

A relação com Lula é mais sensível, porém, para Macron, que vê importância nesse diálogo para reposicionar a sua influência no globo e chegar à América Latina, destaca Capanema. A França, hoje, é presidente do Conselho da União Europeia, mas a Alemanha segue como a principal liderança do continente.

Além disso, Macron teve problemas pessoais com Bolsonaro e chegou a responder ofensas do presidente brasileiro à própria primeira dama francesa. O entusiasmo do presidente da França ficou evidente com o telefonema a Lula, para parabenizá-lo e confirmar o seu interesse em estabelecer um contato próximo.

“Macron quer se colocar como adversário da extrema-direita na França”, avalia Capanema. “Outra questão é que Macron é ausente na América Latina. Ele não fez o mesmo gesto nas eleições de outros países. Agora, ele se coloca dessa forma porque quer se reposicionar com um diálogo à América Latina, e o Brasil é o principal país.”

Lula anima a China e preocupa os EUA
Lula também volta ao xadrez internacional no meio de uma rivalidade ampliada entre a China e os Estados Unidos.

Os chineses estão animados. Com Bolsonaro, as relações comerciais não foram rompidas, mas houve insatisfações diplomáticas em série, por declarações de membros do governo que incitavam o preconceito contra o país.

O presidente da China, Xi Jinping, saudou Lula após a eleição e mencionou a perspectiva de “um novo patamar” para a “parceria estratégica” entre os dois países.

Conforme mostrou CartaCapital, o governo chinês tem interesse especial no Maranhão, onde já iniciou diálogos para estabelecer um novo ponto para a Rota da Seda, ambicioso projeto econômico do país asiático.

A China busca diversificar a sua fonte de minério de ferro e amenizar a dependência da Austrália, país com o qual tem passado por atritos diplomáticos. Além disso, quer aumentar a importação de outros itens do Brasil.

Em julho, um dos formuladores do mega projeto logístico chinês esteve em São Luís do Maranhão com autoridades do estado e defendeu a importância da parceria. Em 3 de novembro, houve um fórum virtual sobre o tema.

Agora, com a vitória de Lula no Planalto e de Carlos Brandão (PSB) no governo, a perspectiva é positiva.

Brandão esteve sete vezes na China, quando era vice-governador de Flávio Dino, e enaltece abertamente os laços com Pequim: “Podemos oferecer de forma vantajosa rotas de comércio exterior para o sul da África, sul da Ásia e para a China”, reforçou o atual governador, em vídeo divulgado na semana passada.

O estado já tem a autorização para instituir uma Zona de Processamento de Exportação, quer expandir a sua malha ferroviária e rodoviária e espera inaugurar um gasoduto de 200 quilômetros até 2025.

A partir do novo governo, o Maranhão está otimista com a atração de investimentos chineses para expandir a sua infraestrutura, conforme indica o presidente da estatal maranhense Gasmar, Allan Kardec Duailibe.

“Com Bolsonaro, era bem complicado o diálogo com a China. Agora, fica mais fácil de negociar diretamente e trazer esses investimentos. O ganho é extraordinário com a eleição do presidente Lula”, disse Duailibe à CartaCapital.

Apesar das boas previsões com a Nova Rota da Seda, o Brasil precisa analisar a parceria com a China de forma cuidadosa para ter ganhos reais, segundo análise da coordenadora do Brics Policy Center, Ana Saggioro Garcia.

A pesquisadora diz que o projeto pode vir como uma oportunidade, mas alerta que a relação entre credor e devedor pode se tornar desigual caso os termos dos acordos não sejam muito bem examinados.

Além disso, o Itamaraty sob Lula terá de ter cautela para manter as relações saudáveis com os Estados Unidos.

Na observação da professora, Biden demonstra preocupação com a aproximação de Lula com Xi Jinping e logo se inclinou ao petista. Na quinta-feira 10, o presidente dos Estados Unidos disse que quer se encontrar pessoalmente com o homólogo brasileiro em breve.

“Os Estados Unidos não podem perder mais nenhuma face de influência”, analisa a especialista. “Já perderam o Afeganistão, perderam um espaço na África. A América Latina ficou entre as últimas fronteiras. Eles lançaram, ainda com o Trump, um programa de investimentos em infraestrutura, tentando contrapor à possibilidade de os latinoamericanos aderirem à Belt and Road. Biden deve fazer de tudo para manter Lula ao lado dele.”

Novo governo deverá integrar países latinos
Conforme o próprio Lula já antecipou em seus discursos de campanha, o seu desafio na América Latina será impulsionar a integração regional. O cenário é favorável, com países governados por por presidentes que se identificam com a esquerda: Argentina, Colômbia, Chile, Bolívia, Peru, Venezuela, Cuba e México.

Para Hugo Ramos, doutor em Relações Internacionais e professor da Universidade
Nacional do Litoral, da Argentina, uma das iniciativas mais esperadas é a reedição da União de Nações Sul-Americanas, a Unasul, ou a instituição de um espaço similar que permita a coordenação das políticas no continente no cenário internacional. O bloco havia sido criado por Lula em 2008 e foi abandonado por Bolsonaro em 2019 junto a outros líderes de direita.

Ramos também destaca a possível volta do Brasil à Comunidade de Estados LatinoAmericanos e Caribenhos, a Celac, também deixada por Bolsonaro, no início de 2020, e
o fortalecimento do Mercosul. Segundo ele, uma ideia difícil de ser implementada que ganha peso favorável com Lula é a criação de uma moeda comum.

O especialista menciona, ainda, a influência que a vitória do presidente brasileiro pode ter na eleição da Argentina, prevista para outubro de 2023. O kirchnerismo, que deve tentar a reeleição, não necessariamente ganharia votos com o apoio de Lula, mas é provável que a derrota de Bolsonaro prejudique candidaturas da extrema direita argentina, sobretudo a de Javier Milei.

Além disso, Ramos lembra a proposta apresentada a Lula e a Bolsonaro pelo embaixador da Argentina, Daniel Scioli, que envolve um plano de “integração profunda” entre os dois países, como uma política de Estado em áreas como infraestrutura, mineração e energia. Para o professor, essa cooperação deve avançar com o petista no Planalto.

“Para a Argentina, independentemente do presidente, o Brasil é um país muito relevante, quiçá o país mais relevante em sua política para o exterior”, avalia o estudioso, que é especialista em integração regional.

Outra expectativa é o nível de relação que o Brasil deverá adotar com a Venezuela.

Para Ramos, o aprofundamento de um vínculo de Lula ao governo de Nicolás Maduro pode resultar num rechaço ainda mais forte dentro do Brasil do que ocorreria na década de 2000, devido à ascensão do bolsonarismo.

O que se pode esperar, segundo ele, é que o Brasil não reproduza gestos agressivos como os praticados pelo Grupo de Lima, que excluiu a Venezuela dos campos de discussão no continente. Também é possível que Lula tenha um olhar mais compreensivo aos processos políticos venezuelanos e pregue a autodeterminação dos povos.

Mas também é esperado que Lula reconheça Maduro como o presidente legítimo da Venezuela, segundo o professor de Relações Internacionais Ricardo Fagundes Leães, da ESPM. Ele ressalta que a reaproximação com governo chavista foi um dos primeiros atos de Gustavo Petro na Colômbia.

Na opinião do pesquisador, o petista tem uma margem de manobra maior na política internacional para aplicar o seu projeto político e a sua visão de mundo.

Além do reconhecimento de Maduro como presidente, a quem o petista já enviou saudações e disse ser filho de Bolívar, Leães também diz esperar que o petista ajude a Bolívia a se integrar com o Mercosul. O país, governado por Luis Arce, é um estado associado ao bloco, mas ainda não foi formalizado como membro.

“A arena internacional sempre foi um campo onde Lula gostou de se destacar”, salienta Leães. “Mesmo no contexto de 2003, em que o governo fazia ajuste fiscal com [Antônio] Palocci no Ministério da Fazenda e [Henrique] Meirelles no Banco Central, ele já buscou colocar seus valores em prática na área internacional, e eu acredito que isso vá acontecer de novo.”


Pensamento brasileiro nas relações internacionais: itinerários desde a redemocratização (1985-2022) - Paulo Roberto de Almeida (Synthesis, UERJ)

Mais recente trabalho publicado: 


Dossiê 200 Anos de Pensamento Internacional Brasileiro: Lugares e Perspectivas - Volume 1


1478. “Pensamento brasileiro nas relações internacionais: itinerários desde a redemocratização (1985-2022)”, revistaSynthesis (Cadernos do Centro de Ciências Sociais da UERJ; v. 15, n. 2, maio-agosto 2022, p. 103-120; ISSN versão impressa: 1414-015X; ISSN versão digital: 2358-4130; DOI: 10.12957/Synthesis.2022.70875; link da revista: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/issue/view/2801; pdf do artigo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/view/70875/43915). Relação de Originais n. 4057, 4060, 4061, 4062, 4063, 4064, 4068 e 4145.

Anexo não publicado:

4068. “Política internacional, contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1985 a 2022”, Brasília, 20 janeiro 2022, 32 p. Atualização e complementação do trabalho 4030, para servir como um dos anexos ao trabalho “Pensamento brasileiro nas relações internacionais: itinerários desde a redemocratização (1985-2022)”, contribuição a número especial da revista Synthesis (do Instituto de Ciências Sociais da UERJ), sobre os “200 anos de Pensamento Internacional Brasileiro”, sob a direção de Dawisson Belém Lopes e Elizeu Santiago. No Academia.edu (link: https://www.academia.edu/68745737/Pol%C3%ADticainternacionalcontextoregionalediplomaciabrasileiraacompanhadadelistagemseletivadaproduçãoacadêmicaemrelaçõesinternacionaiseempol%C3%ADticaexternadoBrasilde1985a2022); complementado com a atualização da Bibliografia diplomática cronológica (link: https://www.academia.edu/68747311/bibliografiadiplomaticacronologica19852022).

 Excerto do artigo:

Pensamento brasileiro nas relações internacionais: itinerários desde a redemocratização (1985-2022)

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, doutor em ciências sociais, mestre em planejamento econômico, professor. (www.pralmeida.org)

Contribuição a número especial da revista Synthesis (Instituto de Ciências Sociais da UERJ), sobre os “200 anos de Pensamento Internacional Brasileiro”.

Publicado na revista Synthesis (Cadernos do Centro de Ciências Sociais da UERJ; v. 15, n. 2, maio-agosto 2022, p. 103-120; ISSN versão impressa: 1414-015X; ISSN versão digital: 2358-4130; DOI: 10.12957/Synthesis.2022.70875; link da revista: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/issue/view/2801; pdf do artigo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/view/70875/43915). Relação de Originais n. 4057, 4060, 4061, 4062, 4063, 4064, 4068 e 4145.

 

 

Resumo: O ensaio parte da ideia de que haveria um pensamento condutor da política externa e guia da diplomacia brasileira, o que nem sempre correspondeu à realidade, seja a partir de sua formulação e execução, no plano estatal, seja na sua elaboração e interpretação conceitual, no plano acadêmico. Mas o itinerário da política externa brasileira, na sua concepção original, e a sua aplicação prática, por meio da diplomacia, permitiu construir, ao longo do tempo, um conjunto de fundamentos conceituais e práticos que tornaram a atuação externa do Brasil admirada no mundo, pela solidez de suas posições e pela qualidade de seus representantes profissionais. O ensaio discute “pensamento internacional brasileiro” no contexto das grandes etapas de desenvolvimento da política externa desde a redemocratização dos anos 1980 até a fase recente, quando ocorreu o que é provavelmente a maior ruptura nos padrões tradicionais, ou inovadores, da diplomacia nacional. 

Palavras-chave: política externa; diplomacia brasileira; pensamento internacional; Itamaraty; rupturas e continuidades.

Abstract: This essay starts by the question whether there is a guiding set of conceptions conducting the development of the Brazilian external policy, from its inception, and its practical application, by means of the professional diplomacy, even if there are many discontinuities along the course. The essay follows the historical itinerary of the Brazilian foreign policy, from the initial starting date (1985), up to the current situation, when a major discontinuity disrupted the traditional patterns of professional diplomacy.

Key words: foreign policy; Brazilian diplomacy; international thinking; Itamaraty; continuities and discontinuities.

 

Sumário: 

1. Desenvolvimento do campo das relações internacionais na redemocratização

2. Os grandes eixos da pesquisa e das atividades docentes nos anos 1980-1990

3. A diplomacia do Sul Global e sua influência na produção acadêmica

4. Ruptura política a partir de 2016-2018: o desaparecimento do pensamento

5. Tendências atuais e perspectivas para o pensamento internacional do Brasil

Bibliografia e referências

Texto completo publicado neste link: 

https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/view/70875/43915

e na plataforma Academia.edu; link: 

https://www.academia.edu/90549448/Pensamento_brasileiro_nas_relacoes_internacionais_itinerarios_desde_a_redemocratizacao_1985_2022_Synthesis_2022_

(SYN)THESIS é o periódico quadrimestral editado pelo Centro de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, orientado para a divulgação de  trabalhos científicos relacionados à área das ciências sociais e  humanas: Administração, Antropologia, Arqueologia, Ciência Política, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Direito, Filosofia, História, Relações Internacionais, Serviço Social e Sociologia, bem como as derivadas de suas relações interdisciplinares.

e-ISSN: 2358-4130 | ISSN: 1414-915X | Ano de criação: 1992 - impresso, 2012 - eletrônico | Área do conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas | Qualis: B4 (Interdisciplinar); B5 (Filosofia).


O destino da nação: declínio ou renovação da democracia brasileira? - Paulo Roberto de Almeida (2020)

 Um texto escrito dois anos atrás, que caberia revisar à luz da conjuntura deste final do pior governo que tivemos desde o primeiro governador geral do Brasil, D. Tomé de Souza, em 1549, ou seja, desde sempre.

Texto disponível neste link da plataforma Academia.edu:

https://www.academia.edu/90543389/O_destino_da_nacao_declinio_ou_renovacao_da_democracia_brasileira_2020_

destino da nação: declínio ou renovação da democracia brasileira?

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

[Objetivo: Notas para desenvolvimento oral no quadro de debates no âmbito do projeto BNFB; finalidadepalestra-debate, 8/09/2020; 16h00]

 

 

Sumário: 

1. Prolegômenos conceituais preliminares

2. A História não se repete, nem mesmo como farsa

3. O que fazer na ausência de algum estadista circunstancial?

4. Uma nova Idade das Trevas?

 

 

1. Prolegômenos conceituais preliminares

Sou bastante cético quanto ao primeiro B do projeto “Bolsonarismo Novo Fascismo Brasileiro”, provavelmente contra a opinião de certa parte dos cientistas políticos de nossa torre de marfim acadêmica, atualmente mais parecida a uma Torre de Babel no que concerne justamente a interpretação desse fenômeno. Recuso-me a atribuir tanta honra (invertida) a essa espécie de lumpen-fascismo, quando ele talvez não mereça sequer uma nota de rodapé nos futuros livros de história do Brasil a serem escritos até o final do século XXI.

Será que essa doença política superficial – uma mera alergia de pele? –, incômoda neste momento, desaparecerá sem deixar muitos traços na epiderme da sociedade brasileira, ao lhe aplicarmos uma pomada eleitoral em 2022? Ou será que ela persistirá por pelo menos mais um período de mandato presidencial – graças ao sucesso temporário dos remédios distributivos que estarão sendo aplicados neste terceiro ano de desgoverno – até que o fracasso previsível do populismo de direita conduza o país aos mesmos impasses econômicos já produzidos por certos populismos de esquerda?

Difícil dizer agora: não sou profeta, e não tenho os dons prospectivos de certos cientistas políticos, que se exercem nas artes difíceis de prever resultados eleitorais com tal distanciamento no tempo. Tampouco pretendo entrar num debate terminológico sobre a natureza mais ou menos fascista do “bolsonarismo”, em vista da imensa confusão já criada entre os que defendem tal analogia conceitual e aqueles que, independentemente da essência real desse fenômeno, já lhe reconhecem uma organicidade própria. 

(...)


Íntegra do texto disponível neste link da plataforma Academia.edu:


https://www.academia.edu/90543389/O_destino_da_nacao_declinio_ou_renovacao_da_democracia_brasileira_2020_

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