sexta-feira, 16 de junho de 2023

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida mais vistos em Academia.edu, de 17/05 a 16/06/2023

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida

mais vistos em Academia.edu de 17/05 a 16/06/2023

 

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4402) Discurso de Lula no G7 de Hiroshima, relido e comentado (2023)

132

136

64

4247) Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação (2022)

79

81

43

4388) Oportunidades internacionais para o Brasil (2023)

78

86

45

4399) Relações internacionais, política externa e produção especializada no Brasil, 1945-1985 (2023)

76

78

53

Marxismo e Socialismo (2019)

37

2,829

1,231

Manifesto Globalista (2020)

35

900

174

24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (2014)

33

3,617

434

A Constituicao Contra o Brasil: Ensaios de Roberto Campos

31

5,340

1,284

22) Prata da Casa: os livros dos diplomatas (Edição de Autor, 2014)

31

15,504

742

Falacias Academicas: um livro incompleto (2010)

30

418

154

14) O Estudo das Relações Internacionais do Brasil (2006)

29

2,224

975

2784) Academia.edu: uma plataforma de informação e colaboração entre acadêmicos (2014)

27

1,316

62

Links para entrevistas no canal YouTube (11/11/2018)

26

320

20

Formacao de uma estrategia diplomatica: Relendo Sun Tzu para fins menos belicosos

26

462

92

Uma carreira na diplomacia para jovens estudantes (2020)

24

477

112

23) Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (2014)

24

2,207

259

 

Guiné Equatorial do ditador amigo do PT aplica chantagem contra o Brasil

 O amigo dos companheiros, que acolheram um país hispanófono na CPLP, aplica golpe contra empresas privadas brasileiras.

Guiné Equatorial retém R$ 750 milhões em bens de quatro empresas privadas brasileiras

'Apreensão preventiva' ocorre cinco anos após incidente diplomático envolvendo o filho do presidente equato-guineense

Por Eliane Oliveira — Brasília
O Globo, 15/06/2023 20h01  Atualizado há 12 horas

Um incidente diplomático envolvendo o filho do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, ocorrido há cinco anos, levou o governo do país da África Central a reter o equivalente a US$ 156 milhões (R$ 750 milhões), valor informado pelo Itamaraty, em bens de quatro empresas privadas brasileiras. A "apreensão preventiva", anunciada na quarta-feira, é vista como uma retaliação por algumas fontes da área diplomática ouvidas pelo GLOBO.

Além de filho do presidente, Teodoro Nguema Obiang Mangue é o vice-presidente de Guiné Equatorial e pivô do impasse. Em setembro de 2018, autoridades brasileiras apreenderam dinheiro em espécie e joias, no aeroporto de Viracopos, em valor estimado em mais de US$ 16 milhões que estavam na bagagem de 11 membros da delegação que acompanhava Mangue em visita ao Brasil. Também houve o sequestro, pelo Poder Judiciário, de automóveis e imóvel na cidade de São Paulo, no âmbito de um inquérito policial, instaurado em março de 2018, que apura eventual crime de lavagem de dinheiro.

A legislação nacional proíbe o ingresso no país de pessoas com dinheiro em espécie acima de US$ 10 mil. Como a visita não era de caráter oficial e Mangue era a única autoridade com imunidade, os bens foram apreendidos.

Para reaver os recursos e as jóias, o Ministério Público da Guiné Equatorial apresentou uma ação por "perdas e danos" à Justiça de seu país. O Judiciário informou que o prejuízo havia sido de cerca de US$ 130 milhões, que teriam de ser indenizados ao governo equato-guineense. Por conta disso, decidiu compensar as perdas com bens das construtoras ARG, LTDA, Zacope e OAS GE.

"Finalmente, depois de cinco anos, a Guiné Equatorial obteve justiça, graças a suas próprias instituições, após o incidente diplomático em Campinas, no Brasil, em 2018", escreveu Mangue em uma rede social, no dia da decisão.

Ele enfatizou que espera que, com a decisão, "saibam medir as consequências dos seus atos", dirigindo-se ao governo brasileiro. Segundo o vice-presidente, "apesar de haver infringido os protocolos internacionais sobre o tratamento de altas personalidades, não quiseram reconhecer seu erro".

Procurado, o Itamaraty informou que a decisão é de primeira instância e destacou ver com preocupação a apreensão dos bens de empresas brasileiras. De acordo com o órgão, houve bloqueio das contas bancárias locais das construtoras e retidos créditos junto ao Tesouro do país, para garantia do pagamento de US$ 156 milhões ao governo da Guiné Equatorial.

"O governo da Guiné Equatorial alega que a medida judicial – que ignora serem os bens confiscados alheios ao Estado brasileiro – seria represália aos desdobramentos dos processos administrativo e criminal conduzidos no Brasil contra o vice-presidente Teodoro Nguema Obiang Mangue", diz um trecho de uma nota do Itamaraty em resposta ao GLOBO. "O governo brasileiro acompanha com preocupação as medidas adotadas pelo Governo da Guiné Equatorial".

Antonio Risério sobre a ideologia identitária: palestra na ABL

Transcrevo, da página do Antonio Risério no Facebook, o texto de sua palestra na Academia Brasileira de Letras, em data recente. Por acaso, seu texto me recordou um antigo artigo que eu fiz em 2004, sobre os perigos da ideologia do afrobrasileirismo, como uma possível forma de Apartheid, este aqui: 

1322. “Rumo a um novo apartheid? Sobre a ideologia afro-brasileira”, Brasília, 29 ago. 2004, 11 p. Ensaio sobre a possibilidade de uma separação “mental” dos grupos raciais no Brasil, com base na promoção das diferenças entre a etnia negra e as demais. Publicado na revista Espaço Acadêmico (a. IV, n. 40, set. 2004). Postado em meu blog Diplomatizzando (2/09/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/a-ideologia-do-afrobrasileirismo-base.html). Relação de Publicados n. 489.

Agora, o teor da palestra de Antonio Risério: 

MINHA INTERVENÇÃO/PARTICIPAÇÃO NO EVENTO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS:
Começo com três afirmações claras e diretas que não deixem a menor dúvida sobre o que penso a respeito do identitarismo, essa onda de absolutização de identidades grupais e de sacralização desses mesmos grupos, todos supostamente “oprimidos” pela civilização ocidental e a sociedade capitalista. 
A primeira: raras vezes, na história política e social recente do planeta, um movimento ocidental, partindo de causas fundamentalmente justas, terá se perdido e se pervertido tanto, pelos descaminhos da mentira, da fraude, da trapaça, da ignorância, da violência e do autoritarismo. 
A segunda, que nos toca ainda mais de perto: não teremos como construir um futuro coletivo comum com base no fragmentarismo, na guetificação, no neorracismo e no neossegregacionismo que caracterizam ostensivamente a práxis multicultural-identitarista, hoje ideologia dominante tanto no “establishment” político-acadêmico, quanto no “establishment” midiático-empresarial. Em tela, a negação da nação. Partindo de Hegel, o filósofo esloveno Slavoj Zizek vai ao ponto central. A identificação primária do sujeito é com a comunidade “orgânica” primordial em que nasceu. O sujeito supera este vínculo primário quando se identifica com uma comunidade maior, secundária, “artificial”, “universal”, que é a nação. A nação nasce, portanto, de uma nacionalização do étnico. E o que o multicultural-identitarismo propõe é o percurso inverso: a etnização do nacional. E o modelo aqui são os Estados Unidos, país que nasceu multicultural, onde o Estado-Nação é cada vez mais vivido como mero marco formal para a coexistência de uma multiplicidade de comunidades étnicas, sexuais, de estilo de vida, etc. Para não falar do Canadá, que, antes de ser uma nação, é uma espécie de condomínio, onde, se Québec obtiver a independência, aquilo provavelmente se desintegra. É neste sentido norte-americano que se pretende reordenar o Brasil. Do sociólogo marxista-uspiano Oracy Nogueira, que dizia que os negros deviam se conduzir aqui como uma nação-dentro-da-nação, ao antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que hoje diz que o Brasil não passa de uma ficção, um aglomerado de etnias e culturas forçadas a viver juntas, “sob o tacão do Estado”. Neste caso, o conceito de “etnia” teria efeito retroativo, obrigando o Brasil a se rearrumar como consórcio multiétnico – ou, na gíria identitarista já em voga hoje, como um “pluripaís”, do qual o “homem branco” pode muito bem ser eliminado (ou, concedamos, reduzido à insignificância). A terceira afirmação: há uns vinte anos atrás, quando lancei meu primeiro livro de crítica e de alerta a propósito do identitarismo, também o historiador carioca José Roberto Pinto de Góes, num pequeno artigo de jornal, avisava: “o Brasil pode vir a se tornar um país dividido entre negros e brancos, sim, trocando a valorização da mestiçagem pelo orgulho racial. Mas isso só poderá acontecer à custa de muita desinformação sobre o nosso passado”. E sobre o nosso presente, acrescento. A menos que os mestiços brasileiros, que formam a imensa maioria da população do país, se assumam como tais. O que é cada vez mais difícil. No começo deste século, o sociólogo identitarista Antonio Sérgio Guimarães dizia que, pelo simples fato de pretos serem socialmente estigmatizados, mestiços brasileiros jamais se diriam negros. Respondi na época que diriam, sim: desde que houvesse vantagens objetivas – emprego e renda, principalmente –, a “lei de Gerson” iria se impor. E é o que vemos hoje: com patrocínios do poder econômico privado e benesses do poder público, tudo quanto é mestiço corre para se declarar “negro”, passando a viver assim com uma identidade de empréstimo. Discurso induzido e reforçado pela mídia, quando vemos, em novelas da Globo, mestiços quase brancos fazerem discursos inflamados como “negros”. É a cooptação generalizada. Ser mestiço, hoje, não dá camisa a ninguém. O negócio é ser negão, mesmo que a pessoa não tenha uma só gota de sangue negro em suas veias.
Por vários motivos, penso que as coisas vão continuar seguindo esse rumo pelo menos por um bom tempo. Não só porque o identitarismo acha que tem a verdade absoluta, que todos devem se ajoelhar diante de seus dogmas, que é portador do destino histórico da humanidade, como faz uma combinação terrível de ignorância e sectarismo. É um movimento semiletrado, ou produto da “ignorância credenciada”, que é a ignorância que ostenta crachás de pós-graduação, e se mostra absolutamente impermeável ao diálogo, ao debate público. Sim: a postura identitarista, diante de qualquer crítica, é forçar o crítico ao silêncio. É procurar desqualificá-lo, atacá-lo como machista ou supremacista branco, acusá-lo de lutar apenas por seus próprios interesses e privilégios. Afinal, o identitarismo tem a maquete da sociedade perfeita nas mãos e não vai perder tempo discutindo o assunto com quem pensa diferente. Quem pensa diferente, na verdade, sofre de algum insuperável déficit moral e é inimigo da felicidade humana. E o argumento é então substituído pelo insulto, o debate cede lugar a um neomacartismo, com seus cancelamentos e linchamentos virtuais, quando milícias militantes silenciam todo e qualquer dissenso, perseguindo, destruindo reputações e carreiras, etc. Ao lado disso, eles dispõem de um leque de expedientes igualmente ditatoriais, ferramentas de combate disfarçadas de conceitos, todos devidamente copiados da matriz estadunidense e aqui apresentados como coisas originais, a exemplo de “lugar de fala”, “racismo estrutural”, “outras epistemologias”, “apropriação cultural”. Recuso tudo isso, assentando sempre minha posição em solo histórico e socioantropológico e, politicamente, no campo da esquerda democrática, hoje superminoritária, praticamente asfixiada pelo identitarismo hegemônico e acusada de “fazer o jogo da direita”, como nos velhos tempos do stalinismo. Mas o combate é difícil porque hoje, de fato, vivemos, nesse campo, sob a ditadura do pensamento único, principalmente depois que o discurso inicialmente contestador das minorias foi abraçado pelas classes dominantes e dirigentes, entre cujas frações devemos incluir a elite midiática. De modo que há tempos, nos Estados Unidos, e mais recentemente no Brasil, o identitarismo é o discurso do poder (como se vê hoje no novo governo lulopetista), o discurso da burguesia (do Itaú-Unibanco, do Magazine Luíza, da Natura), o discurso da grande mídia, capitaneada pela Rede Globo e pela “Folha de S. Paulo”. Enfim, o identitarismo é o novo cânone. O filósofo Sérgio Paulo Rouanet já na década de 1990 denunciava a projeção do fascismo no identitarismo, e dizia que o discurso contestador era, já naquele final do século passado, o discurso do poder. Era, em suas palavras, “um movimento perfeitamente oficial, com credenciais de segurança em ordem, com carteira de identidade regularmente emitida pelos canais competentes”, embora ainda se considerasse “marginal”, alimentando “a ilusão esplêndida de ser um rebelde contra a ordem constituída”. E Rouanet fazia então a comparação desmoralizante: “Criticar a estética parnasiana era uma posição polêmica em 1922, mas se escutássemos alguém vociferando hoje contra o alexandrino, não teríamos a impressão de estar diante de um rebelde, e sim diante de um retardado mental”. No Brasil, esse discurso começou a tomar assento no aparelho estatal já no governo Sarney. Ampliou seus espaços, consideravelmente, nas gestões de Fernando Henrique Cardoso. Hoje, está na linha de frente do lulopetismo, do Itaú e da Globo. E conseguiu essa proeza porque jogou na lata de lixo o marxismo clássico e qualquer atenção sociológica para a existência de classes sociais. Com a abolição ideológica das classes sociais e, logo, do antagonismo entre burguesia e proletariado, e mesmo com a colocação em plano secundário das desigualdades sociais, tudo ficou mais fácil. Como vimos numa novela da Globo, uma personagem nascida numa família multimilionária pode ser vista, antes de tudo, como uma pessoa oprimida, pelo fato de ser “trans”. E esta ditadura do pensamento único se desdobra ainda em ditadura linguística. O identitarismo quer forçar (por lei, inclusive) que toda a sociedade fale como ele acha que ela tem de falar. E é também ele que determina o sentido, a semântica das palavras, como o Humpty Dumpty de Lewis Carroll em Through the Looking-Glass. Certo está o filósofo francês Adrien Louis: temos de contestar esta tentativa absurda de querer impor à sociedade uma determinada instrumentalização ideológica da língua. Ignorante e puritana, ainda por cima. Ou seja: o que está em questão, em primeira e última análise, é a liberdade do espírito. Porque o que o identitarismo pretende é sacrificar a palavra livre, “em proveito de um pensamento constantemente monitorado, vigiado”.
Como o ambiente brasileiro é predominantemente semiletrado e tardo-colonizado, copia-se aqui o que se elabora na matriz norte-americana. Assim é que, também entre nós, enquanto o identitarismo “sexual” se abre numa cornucópia de vertentes e nuances, o identitarismo racial se fecha a todas as gradações, como se fôssemos um povo marcado, desde sempre, pela pureza racial. Enquanto o identitarismo “sexual” amplia o leque naquele seu somatório de letrinhas, lbtg-etc.-etc., o identitarismo racial, trazendo para cá a fantasia racista norte-americana, reduz o Brasil a um estatuto de nação bicolor, como se fôssemos um povo nitidamente dividido entre pretos, de um lado, e brancos, de outro. Como se não existissem amarelos entre nós. E pior: como se não existissem mestiços no país. Sim. De uns tempos para cá, salvo as meritórias exceções de praxe, a palavra “mestiço” sumiu do mapa. Desapareceu das salas de aula e de seminários acadêmicos, dos discursos das elites midiática e empresarial, das páginas de jornais, revistas e livros de história, antropologia, sociologia, estética e política que falam do Brasil e das coisas brasileiras. O que significa, muito simplesmente, que os pretensos cronistas, repórteres, estudiosos e “intérpretes” do nosso país há tempo não olham para ele, para as pessoas que circulam em nossos espaços públicos e domésticos, nem para si mesmos. Falam do Brasil como se estivessem falando de outro lugar, desde que, por uma imposição ideológico-empresarial norte-americana, decidiram fechar os olhos à história biológica, social e cultural de nossa gente. Porque é impossível, sob pena de falsificação grosseira, tratar da configuração histórico-social do Brasil sem tratar da mestiçagem. Da grande mestiçagem popular brasileira, ocorrendo inicialmente em nossos primeiros pousos e ranchos, trilhas, feitorias, acampamentos, comunidades pesqueiras, fazendas de gado, plantações de cana ou de fumo, aldeias, póvoas, paróquias nascidas na esteira dos engenhos, quilombos e vilas coloniais. O Brasil é produto de um processo intenso e contínuo de contatos e trocas físicos e culturais. De escambos biológicos e simbólicos. Esta é a nossa realidade biossociocultural. Quem fechar os olhos para isso, não estará falando do Brasil. Com todas as assimetrias e crueldades que marcaram a construção histórica do país, nossas formas de viver, criar, produzir, amar, falar, cantar e pensar são indissociáveis das nossas mestiçagens. No meu livro mais recente, que está para ser lançado ainda este mês, MESTIÇAGEM, IDENTIDADE E LIBERDADE, digo justamente isso: que, a essa altura de nossa história como povo e nação, alguém ainda se sinta na obrigação de reafirmar publicamente que o Brasil é um país mestiço, é a prova mais ostensiva e escandalosa do quanto andamos alienados com relação a nós mesmos. Diante de tudo isso, penso que a solicitação, que hoje se deve fazer a brasileiros e brasileiras, é a seguinte: por favor, se olhem no espelho.

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Seleção atualizada de trabalhos sobre a guerra de agressão da Rússia contra a nação ucraniana, 2022-2023 - Paulo Roberto de Almeida

 Seleção atualizada de trabalhos sobre a guerra de agressão da Rússia contra a nação ucraniana, 2022-23  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Lista seletiva de trabalhos sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, atualizada em 14/06/2023.

  

4087. “Uma nota pessoal sobre mais uma postura vergonhosa de nossa diplomacia”, Brasília, 22 fevereiro 2022, 2 p. Comentários a nota do Itamaraty e a declaração feita no CSNU a propósito da invasão da Ucrânia pela Rússia, com referência à nacionalização dos hidrocarburos na Bolívia em 2006. Postado no blog Diplomatizzando(link:https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/02/uma-nota-pessoal-sobre-mais-uma-postura.html).

4098. “Renúncia infame: o abandono do Direito Internacional pelo Brasil”, Brasília, 7 março 2022, 5 p. Breve ensaio para o blog científico International Law Agendas, do ramo brasileiro da International Law Association (ILA; http://ila-brasil.org.br/blog/), para edição especial sobre “A política externa brasileira frente ao desafio da invasão russa na Ucrânia”, a convite de Lucas Carlos Lima, coeditor do blog, com base nas notas e declarações do Itamaraty com respeito aos debates no CSNU e na AGNU. Publicado, na condição de membro do Conselho Superior do ramo brasileiro da International Law Association, no blog eletrônico International Law Agendas (7/03/2022; link: http://ila-brasil.org.br/blog/uma-renuncia-infame/); blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/uma-renuncia-infame-o-abandono-do.html). Relação de Publicados n. 1442.

4099. “Quando o dever moral nascido do sentido de Justiça deve prevalecer sobre o “pragmatismo” que sustenta o crime”, Brasília, 9 março 2022, 1 p. Comentário sobre a postura objetivamente favorável do governo brasileiro ao agressor no caso da guerra na Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/quando-o-dever-moral-nascido-do-sentido.html).

4107. “O conflito Rússia-Ucrânia e o Direito Internacional”, Brasília, 16 março 2022, 12 p. Respostas a questões colocadas por interlocutor profissional sobre a natureza do conflito e suas consequências no plano mundial. Disponível Academia.edu (link: https://www.academia.edu/73969669/OconflitoRussiaUcraniaeoDireitoInternacional2022); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/o-conflito-russia-ucrania-e-o-direito.html).

4109. “Avançamos moralmente desde os embates de nossos ancestrais na luta pela sobrevivência?”, Brasília, 19 março 2022, 1 p. Considerações sobre a imoralidade e barbaridade dos atos que estão sendo cometidos pelas tropas de Putin na Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/avancamos-moralmente-desde-os-embates.html).

 4131. “Consequências econômicas da guerra da Ucrânia”, Brasília, 19 abril 2022, 18 p. Notas para desenvolvimento oral em palestra-debate promovida no canal Instagram do Instituto Direito e Inovação (prof. Vladimir Aras), no dia 21/04/22. Nova versão reformatada e acrescida do trabalho 4132, sob o título “A guerra da Ucrânia e as sanções econômicas multilaterais”, com sumário, anexo e bibliografia. Divulgado preliminarmente na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/77013457/AguerradaUcrâniaeassançõeseconômicasmultilaterais2022) e anunciado no blog Diplomatizzando (20/04/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/a-guerra-da-ucrania-e-as-sancoes.html). Transmissão via Instagram (21/04/2022; 16:00-17:06; link: https://www.instagram.com/tv/CcoEemiljnq/?igshid=YmMyMTA2M2Y=); (Instagram: https://www.instagram.com/p/CcoEemiljnq/).

4143. “Quão crível é a ameaça de guerra nuclear da Rússia no caso da Ucrânia?”, Brasília, 2 maio 2022, 3 p. Rememorando o caso dos mísseis soviéticos em Cuba. Postado no blog Diplomatizzando (link:https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/05/quao-credivel-e-ameaca-de-guerra.html).

4152. “O Brasil e a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, Brasília, 11 maio 2022, 16 p. Texto de apoio a palestra no encerramento da Semana de Ciências Sociais do Mackenzie, sobre o tema da “Guerra na Ucrânia e suas implicações para o Brasil” (13/05/2022). Disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/78954459/OBrasileaguerradeagressãodaRússiacontraaUcrânia2022) e no blog Diplomatizzando (13/05/2022: xc>chttps://diplomatizzando.blogspot.com/2022/05/guerra-na-ucrania-e-suas-implicacoes.html). Divulgado igualmente na página do Centro de Liberdade Econômica das Faculdades Mackenzie (link: https://www.mackenzie.br/liberdade-economica/artigos-e-videos/artigos/arquivo/n/a/i/o-brasil-e-a-guerra-de-agressao-da-russia-contra-a-ucrania). vídeo da palestra no canal YouTube do Mackenzie (link: https://www.youtube.com/watch?v=7jQtR277iDc). Relação de Publicados n. 1452.

4153. “Guerra na Ucrânia e suas implicações para o Brasil”, Brasília, 11 maio 2022, 5 p. Notas para exposição oral na palestra no encerramento da Semana de Ciências Sociais do Mackenzie, sobre o tema da “Guerra na Ucrânia e suas implicações para o Brasil” (13/05/2022). Divulgado no blog Diplomatizzando (14/05/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/05/guerra-na-ucrania-e-suas-implicacoes14.html); vídeo da palestra no canal YouTube do Mackenzie (link: https://www.youtube.com/watch?v=7jQtR277iDc).

4165. “Os 100 primeiros dias da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: o Brasil afronta o Direito Internacional e a sua história diplomática”, Brasília, 3 junho 2022, 7 p. Texto de apoio a participação em seminário do Instituto Montese sobre os “100 dias de guerra na Ucrânia”, com gravação prévia antes da apresentação. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/100-dias-de-guerra-de-agressao-da.html); emissão divulgada em 10/06/2022, 14h05 (link: https://www.youtube.com/watch?v=CEs-kG1hOjk; exposição PRA de 44:37 a 52:30 minutos da emissão). Relação de Publicados n. 1454.

 4168. “O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, Brasília, 9 junho 2022, 6 p. Posfácio ao livro A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira, e revisão geral, eliminando todas as tabelas, agora com 187 p. Apresentação no blog Diplomatizzando (11/06/2022; link:https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/meu-proximo-kindle-sobre-miragem-dos.html). Publicado em 12/06/2022 Brasília: Diplomatizzando, 2022; ISBN: 978-65-00-46587-7; ASIN: B0B3WC59F4; Preço: R$ 25,00;

 4171. “O Brasil está perdendo o rumo em sua postura enquanto nação civilizada?”, Brasília, 12 junho 2022, 5 p. Nota sobre a postura diplomática do Brasil em relação à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, aproveitando para apresentar o livro sobre o Brics, incluindo os dois sumários e o índice não numerado. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/o-brasil-esta-perdendo-o-rumo-em-sua.html).

4189. “O futuro do grupo BRICS”, Brasília, 30 junho 2022, 9 p. Texto conceitual sobre os caminhos enviesados do BRICS pós-guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, e reflexivo sobre as ordens alternativas no campo econômico e político. Elaborado a propósito de webinar promovido pelo IRICE (embaixador Rubens Barbosa) sobre “O futuro do grupo Brics” (30/06/2022), na companhia do presidente do NDB, Marcos Troyjo, e da representante da Secretaria de Comércio Exterior do Itamaraty, Ana Maria Bierrenbach. Postado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/o-futuro-do-grupo-brics-ensaio-por.html). Vídeo do evento disponível no canal do IRICE no YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=9Q9l8i4gyX4 ). Relação de Publicados n. 1464.

4206. “Sobre a guerra na Ucrânia e nossa próxima política externa”, Brasília, 24 julho 2022, 2 p. Nota sobre a postura de Lula em relação à questão da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/07/a-proxima-politica-externa-do-brasil.html). 

4217. “A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e a postura do Brasil”, Brasília, 14 agosto 2022, 10 p. Breve paper sobre a diplomacia brasileira no tocante à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, para participação em seminário híbrido sobre o posicionamento dos Estados latino-americanos frente ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, organizado pelo prof. Nitish Monebhurrun, no Ceub, no dia 17 de agosto). Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/84817949/4127AguerradeagressaodaRussiacontraaUcraniaeaposturadoBrasil2022) e no blog Diplomatizzando (15/08/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/os-estados-latino-americanos-frente-ao.html). 

4227. “Relação de materiais no Diplomatizzando sobre a guerra na Ucrânia”, Brasília, 2 setembro 2022, 3 p. Listagem dos materiais mais interessantes sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e seu impacto geopolítico. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/09/materiais-sobre-guerra-de-agressao.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/86055975/4227_Materiais_no_Diplomatizzando_sobre_a_guerra_de_agressao_a_Ucrania_2022_).

 4245. “O Brasil deixou de fazer parte da comunidade internacional? Desde quando?”, Brasília, 28 setembro 2022, 2 p. Nota sobre a postura do Brasil em face das violações da Rússia na sua guerra de agressão contra a Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/09/o-brasil-deixou-de-fazer-parte-da.html).

 4249. “Carta aberta ao Sr. Presidente da República”, Brasília, 7 outubro 2022, 1 p. Indagação a respeito de nossas obrigações constitucionais e internacionais, no tocante à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/10/carta-aberta-ao-sr-presidente-da.html).

 4293. “O Brasil e a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, Brasília, 20 dezembro 2022, 1 p. Nota sobre a futura diplomacia do lulopetismo no tocante à guerra na Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/12/o-brasil-e-guerra-de-agressao-da-russia.html).

4301. “Seleção de trabalhos sobre a guerra de agressão da Rússia contra a nação ucraniana”, Brasília, 10 janeiro 2023, 4 p. Lista seletiva de trabalhos sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/01/selecao-de-trabalhos-sobre-guerra-de.html).

4308. “O mundo aguarda o Brasil sobre a Ucrânia”, Brasília, 21 janeiro 2023, 2 p. Nota sobre a posição ambígua do Brasil em torno da questão da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/01/o-mundo-aguarda-o-brasil-sobre-ucrania.html).

4327. “Julgamento da História, pelo lado MORAL”, Brasília, 22 fevereiro 2023, 2 p. Nota sobre a postura da diplomacia brasileira em relação à guerra na Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/02/julgamento-da-historia-pelo-lado-moral.html).

4328. “Não ao inaceitável “Não Alinhamento Ativo”, que só significa um Desalinhamento Passivo e Inativo”, Brasília, 26 fevereiro 2023, 1 p. Nota sobre a postura proposta ao fantasmagórico Sul Global de Não Alinhamento Ativo em relação ao conflito da Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/02/nao-ao-inaceitavel-nao-alinhamento.html).

4329. “Os 12 pontos do ‘Plano de Paz” da China para a guerra na Ucrânia; comentários de Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 27 fevereiro 2023, 2 p. Comentários pessoais aos 12 pontos do Plano de Paz da China à guerra de agressão da China contra a Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/02/os-12-pontos-do-plano-de-paz-da-china.html).

4330. “Qual é o maior desafio à diplomacia brasileira, em décadas?”, Brasilia, 28 fevereiro 2023, 2 p. Nota sobre a questão do desafio russo e chinês à paz e à segurança internacionais, do ponto de vista do Brasil. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/02/qual-e-o-maior-desafio-diplomacia.html).

4344. “O que Putin quer de Lula? O que ele vai conseguir?”, Brasília, 25 março 2023, 6 p. Artigo para a revista Crusoé, sobre a próxima visita do chanceler Lavrov ao Brasil, tratando do Brics e da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Publicado na Crusoé (31/03/2023; link: https://crusoe.uol.com.br/edicoes/257/o-que-putin-quer-de-lula-o-que-ele-vai-conseguir/?fbclid=IwAR0HUZLik-L-mAziepagvbW2FtPFh-mtymnqIQHUhNSGKuu2dxVGndG0dKk?utm_source=crs-site&utm_medium=crs-login&utm_campaign=redir); divulgado no blog Diplomatizzando(18/04/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/o-que-putin-quer-de-lula-o-que-ele-vai.html). Relação de Publicados n. 1499.

4347. “Faz sentido o Brasil se aproximar de China e Rússia?”, Programa Latitudes n. 19, 1 abril 2023, 1h de conversa com os jornalistas Rogério Ortega e Duda Teixeira sobre as posições adotadas pela diplomacia petista em relação aos grandes temas da política internacional, como a invasão da Ucrânia e a retórica belicista da China (link: https://www.youtube.com/watch?v=3S2n8_pCtrw); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/faz-sentido-o-brasil-se-aproximar-de.html). Relação de Publicados n. 1501.

4351. “Em face de uma nova bifurcação da estrada, à nossa frente”, Brasília, 6 abril 2023, 1 p. Nota sobre mais um momento decisivo na vida da nação: a opção entre sustentar um crime ou optar pela Justiça. Divulgado no blog Diplomatizzando (6/04/2023: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/em-face-de-uma-nova-bifurcacao-da.html).

4354. “‘A Guerra Perpétua’, segundo Putin, ou o projeto de uma ‘nova ordem mundial’, como vontade e como representação”, Brasília, 7 abril 2023, 3 p. Publicado na revista Crusoé (14/04/2023; link: https://oantagonista.uol.com.br/mundo/paulo-roberto-de-almeida-na-crusoe-guerra-perpetua-de-putin/); divulgado no blog Diplomatizzando (23/04/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/a-guerra-perpetua-segundo-putin-ou-o.html). Relação de Publicados n. 1504.

4358. “O retorno da diplomacia presidencial nos cem dias de Lula”, entrevista com o jornalista Duda Teixeira da revista Crusoé (emissão em 9/04/2023, 14:29; link: https://crusoe.uol.com.br/diario/o-retorno-da-diplomacia-presidencial-nos-100-dias-de-lula/); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/o-retorno-da-diplomacia-presidencial.html). Relação de Publicados n. 1503.

4359. “O Brasil tem futuro? Um debate no programa Latitudes”, Brasília, 10 abril 2023, 6 p. Resposta a um comentarista no programa Latitudes 19, como registrado no trabalho 4347 (“Faz sentido o Brasil se aproximar de China e Rússia?”). Postado no site do YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=3S2n8_pCtrw), aguardando novos comentários. Divulgado inteiramente no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/um-debate-espontaneo-no-programa.html).

4365. “Potências revisionistas e rupturas da ordem global”, Brasília, 17 abril 2023, 4 p. Ensaio sobre os momentos de rupturas históricas em ordens políticas estabelecidas. Para aula no curso de mestrado em Relações Internacionais da UFABC, via online, em 18/04/2023. Primeira parte aproveitada para um pequeno texto sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia; postado, sob o título de “Lula tem certeza de que seria uma boa ideia colocar o Brasil do lado da Rússia e da China na construção de uma nova ordem mundial?”, no blog Diplomatizzando (26/04/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/deve-o-brasil-aderir-ideia-de-uma-nova.html); segunda e terceira partes, aproveitadas para novo artigo para a revista Crusoé, sob o título “Por que a tal de 'nova ordem mundial' é uma má ideia?”, sob o número 4374. 

4370. “Seleção atualizada de trabalhos sobre a guerra de agressão da Rússia contra a nação ucraniana”, Brasília, 23 abril 2023, 5 p. Lista seletiva de trabalhos sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, atualizada em 23/04/2023; revisão em 25/05/2023; atualizada em 14/06/2023. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/selecao-atualizada-de-trabalhos-sobre.html).

4374. “Por que a tal de ‘nova ordem mundial’ é uma má ideia?”, Brasília, 26 abril 2023, 4 p. Artigo publicado na revista Crusoé (9/06/2023; link: https://oantagonista.uol.com.br/mundo/crusoe-por-que-a-tal-de-nova-ordem-mundial-e-uma-ma-ideia-2/); divulgado no blog Diplomatizzando (14/06/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/06/por-que-tal-de-nova-ordem-mundial-e-uma_14.html). Relação de Publicados n. 1511.

4403. “Reflexões sobre uma grande fissura diplomática”, Belo Horizonte, 25 maio 2023, 2 p. Nota sobre a visão do mundo da diplomacia partidária do lulopetismo. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/05/reflexoes-sobre-uma-grande-fissura.html).

4409. “Diplomacia de Lula: Ucrânia, China, Cúpula sul-americana, Maduro”, Brasília 5 junho 2023, 4 p. Respostas a questões de correspondente de agência estrangeira em Brasília. Divulgado, sem indicação de interlocutor, no blog Diplomatizzando (14/06/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/06/diplomacia-de-lula-ucrania-china-cupula.html).

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4370, 23 abril 2023, 5 p.; rev.: 14/06/2023.


 

Diplomacia de Lula: Ucrânia, China, Cúpula sul-americana, Maduro - Paulo Roberto de Almeida

 Diplomacia de Lula: Ucrânia, China, Cúpula sul-americana, Maduro  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com). 

Respostas a questões de corresponde de agência estrangeira em Brasília.  

 

1) Rússia/Ucrânia: Brasil condenou a invasão e procura plano de paz, mas Lula acusou EUA e Europa de "alentar" a guerra, recebeu o chanceler russo, não se encontrou com Zelensky. Como analisa a postura acidentada ou incômoda do Lula adiante a guerra? Qual são os erros e acertos do Lula?

PRA: É preciso considerar que Lula, como líder do Partido dos Trabalhadores (PT), tem conexões, talvez vínculos de solidariedade não de todo explicados, com Cuba e com o Partido Comunista Cubano, desde praticamente sua origem, em 1980 (pelo perfil de boa parte de seus militantes e quadros profissionais, todos eles identificados com o socialismo esquerdista latino-americano, fortemente americano); durante seu governo, Lula forjou, além dos laços tradicionais com a esquerda latino-americana – o PT é um dos organizadores do Foro de São Paulo, criado em 1990, quando da implosão do socialismo e da “orfandade” de Cuba, que ficou sem os subsídios soviéticos –, uma cooperação e alianças estratégicas com outros países do chamado Sul Global, mas sobretudo com as duas grandes autocracias, Rússia e China, especialmente do ponto de vista do antiamericanismo. Quando se desempenhou à frente dos seus dois primeiros mandatos (2003-2010), sua diplomacia foi fortemente marcada pela criação do IBAS (Índia, Brasil, África do Sul, logo em 2003) e, sobretudo, a partir de 2006, oficializada em 2009, a criação do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), ampliado em 2011 para incluir a África do Sul, constituindo-se no BRICS. 

A resposta mais simples à pergunta acima é, portanto, esta: Lula adotou essa postura por antiamericanismo tradicional do PT e, mais especialmente, pela aliança com a duas grandes autocracias da Eurásia, reforçada nos três primeiros mandatos do PT e retomada desde seu terceiro mandato a partir desde ano de 2023. Ademais, convidado pelo G7 de Hiroshima, Lula esperava ser recebido como o grande líder dessa entidade fantasmagórica que responde pelo nome de Sul Global; ele foi completamente ofuscado pela presença de Zelensky, daí explicando-se seu incômodo em encontrar com o presidente ucraniano, que se apresentou como grande estadista de estatura mundial, sendo Lula relegado a segundo plano. Existe, também, portanto, um elemento de ciúme, e até de raiva, na atitude de Lula.

 

2) EUA/China: Ao viajar a Washington e Pequim ao início do governo, Lula sinalizou querer manter um balanço entre as potências. Conseguiu?

PRA: A busca de autonomia em sua política externa é uma velha tradição da diplomacia brasileira, e atravessou décadas, em governos autoritários e democráticos, civis ou militares. Houve uma conjuntura de alinhamento com os EUA durante a primeira Guerra Fria, quando os EUA eram a única potência dispondo de recursos financeiros, tecnológicos, comerciais e de cooperação para formação de capital humano, positivos para o crescimento e o desenvolvimento do Brasil. Desde essa época, o mundo se transformou e se diversificou. Depois de 150 anos de relação privilegiada com Washington, a China superou os EUA no plano do comércio bilateral, a partir de 2009. Mas, nos últimos anos, o turnover comercial Brasil-China representa mais do que o dobro do comércio somado dos dois outros primeiros parceiros com o Brasil, EUA e UE. O superávit de mais de 40 bilhões de dólares no comércio com a China é absolutamente essencial para garantir o equilíbrio das transações correntes do Brasil, que sem isso enfrentaria sérios problemas no equilíbrio do balanço de pagamentos.

Mas, esse equilíbrio entre as duas grandes potências é uma alegação quase sem fundamentos, pois que o PT e Lula já aderiram a essa ideia artificial de criação de uma “nova ordem global”, alternativa à ordem de Bretton Woods, desprezada como “ocidental”. As declarações de Lula em diversas ocasiões, mas especialmente em Beijing, deixaram muito claro sua definição de alinhamento com a China e com essa ideia da nova ordem global, também justificada pela busca de uma “multipolaridade” indefinida. Ou seja, o equilíbrio entre as duas grandes potências não possui o mesmo significado no plano prático, embora seja ainda a postura oficial do Itamaraty e a da maioria da opinião pública brasileira. 

 

3) Cúpula Sul-americana: Lula conseguiu reunir os líderes da América do Sul pela primeira vez em quase uma década, mas sua visão sobre Venezuela foi motivo de divisão. Uma semana depois, qual foi a importância da cúpula dos presidentes?

PRA: Lula tenta repetir o que tinha sido feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que reuniu, efetivamente pela primeira vez, os dirigentes da América do Sul, em 2000, com o objetivo de propiciar a integração física do continente (infraestrutura, energia, comunicações, etc.), por meio da IIRSA (Iniciativa de Integração Regional Sul-Americana). Esse grande objetivo foi deliberadamente sabotado pelo governo Lula, a partir de 2003, que se empenhou em criar, primeiro a Comunidade Sul-Americana de Nações (em 2004, numa reunião em Lima), iniciativa sabotada por Hugo Chávez, depois transformada na Unasul, que foi mais ou menos controlada pelos bolivarianos, com uma suntuosa sede em Quito, na época de Ruben Correa, construída com os petrodólares chavistas. A intenção, tanto de Lula quanto de Chávez, era claramente antiamericana, mas no plano da integração física ou comercial pouco se avançou na primeira década do século. 

O ativismo prático da diplomacia brasileira foi bem-sucedido, pois que se conseguiu mobilizar todos os dirigentes – com exceção do Peru, que ainda assim enviou um representante diplomático, seu chanceler –, mas as declarações de Lula, um dia antes do encontro de cúpula foram desastrosas, assim como o fato dele ter concedido honras de visita de Estado ao ditador venezuelano. Lula enfrentou desacordos com praticamente todos os demais dirigentes e foi expressamente desautorizado pelos presidentes do Uruguai e do Chile, que disseram ser afrontoso considerar a Venezuela uma democracia, como fez Lula da forma mais patética possível. Tanto foi assim que os presidentes não aprovaram nada de muito significativo, apenas repassando o dever de estabelecer novos mecanismos de integração – que não serão, de nenhuma forma, a repetição da Unasul, como pretendia Lula – a uma comissão de chanceleres (na verdade será de meros assessores diplomáticos), que terá um prazo de seis meses para se pronunciar. Ou seja, com suas declarações infelizes, Lula retirou qualquer evidência de sucesso em sua iniciativa de reunião de cúpula. Esta, como outras iniciativas – como uma próxima reunião de países amazônicos – respondem muito mais a um desejo megalomaníaco de Lula de ser considerado um grande líder regional e mundial, do que a um planejamento técnico bem concebido para fazer avançar um difícil processo de integração, numa fase de clara fragmentação do continente. 

 

4) Maduro: Como pode se explicar que, mesmo se o Tribunal Penal Internacional abriu um inquérito sobre violações de direitos humanos na Venezuela e líderes de esquerda como Boric tem críticas fortes contra Maduro, Lula defende o presidente venezuelano sem expressar crítica nenhuma sobre seu governo? Lula errou ao defender a Maduro? Por que? A liderança regional do Lula sofreu prejuízo?

PRA: Lula tem esses vínculos fortes com as ditaduras de esquerda, por razões ainda não de todo claras, mas que se vinculam às origens e aos compromissos do PT, e não possui nenhum espírito crítico ao defender esses ditadores – Chávez, Maduro, Ortega, e outros, no continente africano –, assim como as duas grandes autocracias da Eurásia, sendo que uma delas é claramente de direita (mas antiamericana, que é o que basta). Uma outra razão é a perspectiva de grandes negócios com todas essas ditaduras, muitos deles mesclados a transações paralelas, talvez muito lucrativas, tanto oficialmente, quanto oficiosamente, com possíveis comissões e subornos que já foram revelados por investigações posteriores. Negócios legais e pouco claros entre o Brasil e a Venezuela, na época de Lula 1 e 2 e de Chávez, continuados sob Maduro, podem ter liberados milhões de dólares para as duas partes, como evidenciado no Brasil e em outros países, inclusive africanos, em especial com Cuba e Venezuela, as duas ditaduras mais impenetráveis da região. A eleição de Bolsonaro em 2018 pode ser explicada pela enorme rejeição por parte da classe média brasileira, em relação à imensa corrupção dos anos PT na presidência da República. 

Em todos esses episódios, Lula foi movido por pouca, ou nenhuma ideologia, mas pela perspectiva de negócios vantajosos, no plano do Estado, do setor privado e do ponto de vista do partido, embora não se possa descartar o esquerdismo anacrônico do PT e de muitos dos esquerdistas que o sustentam politicamente. Esse viés esquerdista pró-ditatorial de Lula também pode ter contribuído para erodir parte de sua pretensão a tornar-se um líder regional sul-americano, agora sem a competição de Chávez e de Kirchner, como era o caso antes.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4409: 5 junho 2023, 4 p.

 

Por que a tal de ‘nova ordem mundial’ é uma má ideia? - Paulo Roberto de Almeida (Crusoé)

 Um trabalho publicado ainda no mês de abril, mas que ainda não tinha sido divulgado por inteiro, por ser exclusivo da revista Crusoé: 

4374. “Por que a tal de ‘nova ordem mundial’ é uma má ideia?”, Brasília, 26 abril 2023, 4 p. Artigo publicado na revista Crusoé (9/06/2023; link: https://oantagonista.uol.com.br/mundo/crusoe-por-que-a-tal-de-nova-ordem-mundial-e-uma-ma-ideia-2/). Relação de Publicados n. 1511.


Por que a tal de 'nova ordem mundial' é uma má ideia?

  

Paulo Roberto de Almeida, Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Publicado na revista Crusoé (9/06/2023; link: https://oantagonista.uol.com.br/mundo/crusoe-por-que-a-tal-de-nova-ordem-mundial-e-uma-ma-ideia-2/). 

 

Qualquer sugestão, proposta, imposição ou surgimento de uma nova ordem política e econômica, a mais forte razão, uma ordem que seja global, implica, necessariamente, a ruptura com a ordem pré-existente, em curso ou vigência num determinado período ou região. Normalmente, quaisquer ordens existentes são naturalmente transformadas ao cabo ou progressivamente a partir de mudanças estruturais nos sistemas econômicos e regimes políticos sobre os quais se sustentavam durante certo tempo. Mudanças “transformacionais” sempre ocorreram ao longo de toda a história humana, mesmo naqueles impérios mais solidamente estabelecidos ao longo de séculos. As rupturas são mais raras, sobrevindo como resultados de grandes catástrofes, guerras civis ou de agressão por um império mais forte.

 

Quais foram as grandes rupturas da ordem mundial na história?

Estados-nacionais constituem um tipo de organização estatal relativamente recente na história da humanidade. Anteriormente, povos, etnias, religiões, reinos e comunidades de diversas origens e formação viviam, sobreviviam ou se transformavam em ritmos e interações relativamente erráticas, mais frequentemente sob o domínio de impérios, que sempre foram mais resilientes do que pequenas unidades políticas. O conceito de Estado nacional deriva dos acordos de Westfália, em 1648, que passaram a reconhecer certos direitos e soberanias dos poucos Estados que deles participaram no século XVII. Eles são quase contemporâneos da expansão e consolidação de um dos mais longevos impérios desde a era moderna: o império otomano, que quase conquistava Viena por essa época e que durou cerca de 600 anos até ser dissolvido ao final da Grande Guerra de 1914-18. Antes disso, os impérios com maior destaque na história do mundo foram o romano (seis séculos desde 300 a.C.) e o chinês, que se arrastou por 26 dinastias desde 2 mil anos a.C. até o início do século XX. 

Cada um dos impérios relativamente organizados e resilientes nasceram, perduraram e desapareceram em meio a grandes rupturas da ordem que eles tinham conseguido estabelecer nos seus períodos respectivos de dominação bem-sucedida. O próprio Império Celeste foi por duas vezes transformado por invasões de povos estrangeiros: os mongóis, no século XII, que formaram o maior império do mundo nos 300 anos seguintes, e os manchus, que substituíram a dinastia Ming no século XVII. O grande Império Mughal, da Índia, foi conquistado pela Companhia Britânica das Índias Orientais, antes de ser cedido/vendido, ao Império britânico, o maior império da era contemporânea até seu desmembramento no pós-Segunda Guerra. As rupturas mais evidentes numa história mais regional do que global são relativamente poucas.

Na sequência da dissolução do Império romano do Ocidente – o do Oriente durou mil anos mais, como relatou Edward Gibbon –, os territórios atuais da Europa ocidental e central se fragmentaram em contínuas guerras, aparentemente unificadas pela fé cristã e por uma aparência de Sacro Império Romano-Germânico e pela dominação tanto espiritual quanto temporal da Santa Sé. A primeira ruptura da ordem política nas comunidades cristãs se deu a partir do revisionismo protestante, contra o império católico comandado a partir de Roma, por papas nem sempre muito cristãos. As guerras de religião que se disseminaram a partir do desafio de Lutero (e de outros exegetas da fé cristã) foram responsáveis por imensas destruições no coração da Europa até que o respeito à soberania respectiva de cada Estado cristão foi consagrado pelos tratados de Westfália. 

O Sacro Império Romano-Germânico sobreviveu precariamente durante quase dois séculos, até ser declarado extinto por Napoleão, cujas invasões (Itália, Prússia, países ibérios, até a Rússia) alteraram completamente o mapa da Europa e até do mundo (independências das colônias ibero-americanas). Uma nova ordem, quase global, foi então estabelecida formalmente em Viena, em 1815, no seguimento das guerras napoleônicas, num contexto de domínio generalizado das novas potências europeias sobre grande parte do mundo. Essa ordem, apenas ligeiramente perturbada pela primeira guerra da Crimeia (1853-55), persistiu por quase um século, até ser desmantelada completamente na Grande Guerra de 1914-18, quando pela primeira vez se tentou estabelecer um sistema multilateral, a Liga das Nações, para garantir a paz e a segurança internacionais. A experiência não foi das bem-sucedidas, pois que três tentativas de restabelecer o equilíbrio de potências e a cooperação econômica sob o signo do padrão ouro fracassaram completamente em seus objetivos: a conferência monetária de Gênova (1922), a comercial de Genebra (1927) e a econômico-financeira de Londres (1934). A partir daí, o mundo entrou num vórtice de guerras locais até o precipício.

O fracasso se deu basicamente em função das potências revisionistas do entre guerras, todas elas de tendências autoritárias e expansionistas: depois do desafio bolchevique à ordem capitalista, a tentativa mussolinista de reconstruir a grandeza do antigo império romano, o ímpeto revanchista da Alemanha hitlerista, desejosa de se vingar das humilhações infringidas pelo Tratado de Versalhes (1919) e o desejo dos militaristas fascistas do Japão de estabelecer o seu próprio domínio na Ásia Pacífico e na China, em substituição ao imperialismo das potências ocidentais, todos esses processos precipitaram a maior catástrofe bélica e humana jamais vista na história. Ela deu lugar a uma nova ordem mundial, forjada em Bretton Woods, formalizada em San Francisco e que se manteve num contexto de bipolaridade geopolítica e nuclear até 1991. Essa ordem durou algumas décadas, mas já tem desafios.

 

O que são potências revisionistas? Qual a experiência histórica com elas?

Potências revisionistas costumam ser impérios ascendentes, ou Estados nacionais fortes o bastante para elevar a sua voz no plano externo, e que, descontentes com a estrutura de poder que encontraram em seu processo de ascensão, decidem contestar a ordem existente. Em quase todas as ocasiões, o resultado de ambições não acomodadas numa acomodação e num confronto interimperial, o resultado foi o deslanchar de conflitos bélicos que podem chegar a um equilíbrio de forças total ou parcialmente novo. Assim ocorreu no contexto das guerras napoleônicas, do início do século XIX, assim como no fracasso do equilíbrio de potências europeias um século depois, que redundou na primeira tentativa de estabelecimento de um sistema multilateral para administrar, ainda que de forma oligárquica, paz e segurança internacional. A Liga das Nações era uma promessa de gestão de conflitos que jamais chegou a ser eficaz para os objetivos a que se propunha: não conseguiu responder a contento nem na invasão da Manchúria pelo Japão em 1931, nem na da Abissínia (o único Estado africano membro da Liga) massacrada pela Itália em 1937, nem nas crises sucessivas criadas por Hitler desde sua ascensão ao poder, inclusive no apoio bélico ao general Franco na guerra civil que destruiu a República espanhola entre 1936 e 1939.

Não foi possível, a despeito de todas as concessões, contentar todas as potências ascendentes, possuindo novas aspirações de um lugar ao sol, no quadro da dominação de poucos imperialismos europeus sobre a maior parte das periferias fornecedoras de matérias primas. O resultado traduziu-se na espiral agônica dos fascismos expansionistas que engolfou quase todo o mundo entre 1937 (invasão do resto da China pelo Japão) e entre 1939-1945, até sua derrota completa na maior conflagração bélica da história, com destruição generalizada na Europa e na Ásia e consequências para o resto do mundo. 

Não obstante oito décadas de paz relativa – não esquecendo as guerras por procuração no intervalo –, o mundo parece aproximar-se de um novo período de tensões causada por potências revisionistas: a Rússia, desejosa de se vingar das humilhações sofridas depois do desmantelamento do império soviético, em 1991, a China, descobrindo que o império americano deseja conter sua ascensão, e disposta a nunca mais sofrer as humilhações impostas pelas potências ocidentais e pelo Japão desde o declínio do Celeste Império, na dinastia Qing. Estaríamos chegando perto de uma nova ruptura da ordem mundial? 

 

O Brasil precisa de uma nova ordem global? Tem algo a ganhar com isso?

O Brasil foi um dos países “periféricos” e “subdesenvolvidos” que mais se beneficiou com a nova ordem surgida nos estertores da Segunda Guerra, em Bretton Woods, para sua estrutura econômica, San Francisco para seu sistema (precário) de preservação da paz e da segurança internacionais, além de mecanismos próprios para a cooperação entre Estados. Mesmo sem ser um grande comerciante global, soube aproveitar as possibilidades de explorar suas vantagens comparativas para se tornar, atualmente, um dos grandes celeiros globais. Também acolheu enormes volumes de investimentos diretos estrangeiros para dinamizar sua pobre indústria do início do século XX. E também completou a “substituição de importações” no campo científico ao importar muitos cérebros para suas universidades e mandar milhares de estudantes graduados completarem especializações no exterior. 

Que razões teria para o projeto de substituir a ordem que garantiu razoavelmente sua gradual ascensão a uma das mais importantes economias do mundo por uma outra ordem global que resultasse de um novo conflito geopolítico de resultados imprevisíveis? Algum interesse maior de natureza tão fundamental que não permitisse acomodar suas aspirações nos quadros existentes da ordem de Bretton Woods e da ONU? Estruturas orgânicas à parte, essa nova ordem, tal como vem sendo proposta por duas grandes autocracias não ocidentais, teria condições de preservar seus outros vetores no terreno dos valores e princípios que fundamentam sua adesão a um regime democrático, a um Estado de Direito garantidor das liberdades e de adequada defesa dos direitos humanos, numa sociedade aberta às diferenças e ao respeito das individualidades? Trata-se de uma aposta arriscada, que não deveria ser sequer considerada por um governo representativo de nossas aspirações democráticas.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4374: 26 abril 2023, 4 p.

Publicado na revista Crusoé, 9/06/2023, link: https://crusoe.uol.com.br/edicoes/267/por-que-a-tal-de-nova-ordem-mundial-e-uma-ma-ideia/?utm_source=crs-site&utm_medium=crs-login&utm_campaign=redir

 


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