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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Imperio malvado e o progressista bonzinho: hipocrisia e desinformacaodos companheiros bolivarianos

Se Snowden fosse equatoriano...
Moisés Naím
Folha de S.Paulo, 28/06/2013

Snowden e Assange têm sorte: não são jornalistas equatorianos e denunciam Obama e não Rafael Correa

Em meio a suas vicissitudes, Julian Assange e Edward Snowden podem alegrar-se com a boa sorte em ao menos um aspecto: não são jornalistas equatorianos. Ambos têm sorte pelo fato de o presidente do país prejudicado por seus vazamentos ser Barack Obama e não Rafael Correa.
O presidente Correa, autoungido protetor dos delatores globais, não vê com bons olhos repórteres equatorianos que denunciam a corrupção e os abusos de seu governo.
Em 2012, segundo o grupo equatoriano Fundamedios, houve 173 "atos de agressão" a jornalistas, incluindo uma morte e 13 ataques.
Em 16 de fevereiro de 2012, a relatora especial para a liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Catalina Botero, e o relator especial das Nações Unidas para a liberdade de opinião e expressão, Frank La Rue, expressaram preocupação com uma decisão da Corte Nacional de Justiça do Equador.
No julgamento de três executivos e um jornalista do jornal "El Universo" pela publicação de uma coluna que ofendeu Correa, eles foram sentenciados a três anos de prisão e ao pagamento de US$ 40 milhões.
A Associação Interamericana de Imprensa descreve nova lei equatoriana de mídia proposta pelo presidente como "o mais grave retrocesso para a liberdade de imprensa e de expressão na história recente da América Latina". O Comitê para Proteger Jornalistas diz: "Esta legislação promulga um objetivo chave da Presidência: amordaçar os críticos."
No entanto, numa explosão de hipocrisia e de dois pesos, duas medidas, o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, em discurso na Organização dos Estados Americanos em agosto de 2012, disse: "O asilo concedido ao sr. Assange é a luta pela liberdade de expressão, pelos direitos humanos, a luta para que o asilo seja respeitado em qualquer lugar do mundo". Isso mesmo.
Sobre um encontro com Assange, ele disse: "Pude lhe dizer cara a cara, pela primeira vez, que o Equador continua firmemente comprometido com a proteção de seus direitos humanos. Durante o encontro, falamos sobre as ameaças crescentes à liberdade das pessoas para se comunicar e saber a verdade, que vêm de certos Estados que põem toda a humanidade sob suspeita."
Seria agradável se o ministro se preocupasse com igual determinação com os direitos humanos e as ameaças à liberdade de expressão de seus compatriotas equatorianos.
Ao mesmo tempo em que o governo equatoriano agressivamente amordaça seus críticos internos, apresenta-se no palco mundial como campeão do direito de criticar os governos. Jornalistas que sofreram com o comportamento agressivo de Correa sabem que a propaganda dele e de Patiño por Assange e Snowden não passa disso --propaganda política vazia e hipócrita.
E todos sabemos que, por enquanto, os vazamentos alvejaram um governo apenas: o dos Estados Unidos. Aguardamos com grande interesse e expectativa a versão do WikiLeaks ou de Snowden sobre as comunicações secretas dos governos russo, iraniano, chinês ou cubano. Ou mesmo do governo equatoriano.

Mais inflacao, menos crescimento: havera plebiscito para isto?

O governo está se enrolando todo no tal de plebiscito da reforma política; os feiticeiros do Planalto nem sabem o que perguntar ao povo, essa entidade mítica capaz de compreender, num átimo, a diferença entre voto proporcional, distrital, distrital misto, listas fechadas, abertas, financiamento público exclusivo, parcial, privado, etc, enfim, essas coisas fáceis de responder por sim ou não.
Que tal se ele perguntasse se a população quer voto obrigatório ou livre, ou seja, facultativo?
Mas o governo também poderia perguntar se o povo quer mais ou menos crescimento, se ele quer mais, ou menos inflação. Acho que o povão perceberia melhor onde está o seu interesse.
Um governo incapaz de responder a estas perguntas simples, não merece organizar plebiscito nenhum.
Paulo Roberto de Almeida

Em deterioração

O Estado de S.Paulo, 27 de junho de 2013
Celso Ming

O Banco Central está fazendo certo esforço para recuperar credibilidade e voltar a conduzir as expectativas de inflação, tarefa que vinha prejudicada. E começa a conseguir, apesar da adoção de critérios discutíveis e das lacunas de comunicação.
O Relatório de Inflação divulgado nesta quinta-feira é o oposto da visão rosicler que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, expôs no dia anterior, no Comitê de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
O Banco Central admite que a inflação segue em deterioração. Além de crescente, está muito espalhada (“alto índice de dispersão”). Mas nega que esteja fora de controle. Ao contrário, afiança que a política monetária (política de juros) continuará sendo inexoravelmente acionada para conter a velocidade da alta.
As causas da inflação para o Banco Central são as mesmas apontadas há alguns meses: despesas excessivas do governo (“política fiscal expansionista”), demanda forte demais em relação à oferta e mercado de trabalho aquecido, que puxa os salários mais do que comportaria o aumento da produtividade do Trabalho.
De abril para cá, muita coisa mudou na atitude do Banco Central. Antes, vinha com conversa muito parecida com a que ainda mantém o ministro Mantega. Afirmava com todas as letras que a inflação era fenômeno temporário e que, mais adiante, confluiria mais ou menos naturalmente para a meta de 4,5% ao ano. Agora, fique bem entendido, a inflação só recuará à custa de aplicação dos corretivos.
No entanto, mantidas as coisas como previstas até agora (câmbio a R$ 2,10 por dólar e juros básicos a 8,0% ao ano), a inflação terminaria 2013 no nível dos 6,0%, portanto acima dos 5,84% em que ficou em 2012, e acima da meta de 4,5%. Não tem razão o ministro Mantega quando afirma que a inflação está recuando.
O Banco Central omitiu-se na avaliação do tamanho do repasse da alta do dólar sobre a inflação, no momento uma das principais causas de alta dos preços. O diretor de Política Econômica do Banco Central, José Hamilton de Araújo, limitou-se a dizer que o fator câmbio já não tem a mesma força de tempos atrás. Em todo o caso, disse ele, esse repasse deve ser hoje em torno de 6% a cada 12 meses. Ou seja, para cada 10 pontos porcentuais de alta do dólar em 12 meses, a inflação, no mesmo período, aumenta 0,6 ponto porcentual. Nos últimos 12 meses, até esta quinta-feira, o dólar ficou 5% mais caro em reais.
Ficou estranho que o Banco Central tenha incluído nos seus cálculos o impacto da baixa das tarifas dos transportes coletivos, mas não tenha incluído a alta do dólar.
O Banco Central reviu as projeções de evolução do PIB deste ano. O crescimento não será mais de 3,0% (segundo estimativa do Relatório de Inflação de março), mas de 2,7%.
Embora o Banco Central trabalhe hoje com mais realismo, não dá para embarcar de olho fechado nas suas projeções. Todas elas (de inflação, contas públicas, avanço do PIB e rombo nas contas externas) vêm sendo sistematicamente revisadas para pior e não se sabe até quando.
Os juros básicos continuarão subindo porque o governo não faz o suficiente para controlar a inflação.
CONFIRA:
Aí está a evolução do IGP-M em 12 meses.
A força do atacado. A escapada do IGP-M em junho, de 0,75% sobre maio, quando foi de zero por cento, mostra que há nova safra de inflação em formação. O IGP-M tem forte participação dos preços no atacado (60%) e um avanço desse componente tende a ser repassado para o custo de vida, medido pelo IPCA. A alta está relacionada com a esticada das cotações do dólar no câmbio interno. É o que transparece, também, no crescimento dos preços agrícolas no mercado atacadista.

Como e porque a Receita Federal e' um orgao fascista...

Fascismo, independente das milícias de botas pretas e marchas com bandeiras e slogans autoritários, é quando o Estado manda em você, e nunca o consulta para saber se você aprova, ou não, as medidas que ele está tomando e que afetam a sua vida, o seu bolso, as suas atividades em geral, inclusive particulares.
Quando a Receita se julga no direito de continuar arrecadando uma parte de seus rendimentos, sem sequer perguntar se esses rendimentos, já corroídos pela inflação, correspondem, ou não, ao poder de compra estabelecido na regulamentação precedente, isso é fascismo explícito.
Exatamente como faz a Receita Federal:


TABELA DO IMPOSTO DE RENDA ACUMULA DEFASAGEM DE 66,4%!
        
(Bianca Pinto Lima - Estado de SP, 27) A tabela progressiva do Imposto de Renda acumula atualmente uma defasagem de 66,4% em relação à inflação, segundo cálculos do Sindifisco Nacional. Essa discrepância faz com que a Receita Federal chegue ao bolso de cada vez mais brasileiros, consumindo os seus novos rendimentos.  Um exemplo claro disso é o que ocorre com um contribuinte que ganha R$ 2.784,81 por mês. Se a tabela tivesse sido integralmente corrigida, ele seria isento de IR. No entanto, de acordo com as alíquotas vigentes, é obrigado a entregar ao Leão durante o ano quase metade do seu 13º salário.

Crise de desorientacao - Editorial Estadao

Crise de desorientação

Editorial O Estado de S.Paulo, 28/06/2013

No encontro previsto para hoje com os líderes da oposição, a presidente Dilma Rousseff repetirá que a reforma política por plebiscito é fundamental para governo e Congresso provarem que ouviram e entenderam a voz da rua. E ela própria, se pelo menos uma vez deixar de lado o costume de fazer de suas audiências meros monólogos, relegando os seus convidados ao passivo papel de plateia, ouvirá críticas pesadas a essa sacada infeliz com que tentou passar a borracha sobre a mais desastrada de suas ideias desde que chegou ao Planalto - a convocação, mediante consulta popular, de uma Constituinte exclusiva para mudar as regras do sistema eleitoral e da atividade política.
Mesmo que seja escasso o tempo que ela lhes conceder na reunião, os deputados e senadores oposicionistas darão o troco em seguida, na entrevista coletiva de praxe em tais ocasiões, ainda em palácio. Será um replay das acres expressões de descontentamento transmitidas à imprensa pela maioria dos dirigentes sindicais chamados pela presidente na quinta-feira. Foi o primeiro grupo a desfrutar do duvidoso privilégio de ser instado a aderir ao plebiscito da reforma - na véspera, quando foi a vez da cúpula da OAB, a Constituinte exclusiva ainda não tinha recebido a extrema-unção. A reação dos sindicalistas foi além do esperado, mesmo levando em conta que, sobDilma, eles perderam a condição de interlocutores especiais a que foram alçados pelo antigo metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva e parcela substancial do espaço que detinham no aparelho do governo.
Contribuiu para isso o "estilo Dilma". Depois de falar sem interrupções durante 35 minutos - quando exortou os ouvintes a suspender a greve geral marcada para 11 de julho contra a inflação alta e o crescimento baixo -, deu os trâmites por findos, sem mais aquela, assim que os inscritos para falar opinaram sobre a situação nacional. Diante dos jornalistas, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, a acusou de ter feito uma reunião para discorrer sobre os seus "planos mirabolantes". Acrescentou que "saímos daqui como sempre saímos, sem encaminhamento das nossas reivindicações". Até aí, nada de mais: ele joga para a sua arquibancada. Mas o fato é que o defensor deDilma, o presidente da CUT, Vagner Freitas, foi menos do que convincente ao retrucar que o encontro se destinara a tratar das demandas da rua e não da agenda sindicalista.
A verdade, quem diria, foi enunciada pelo mais radical dos presentes, o presidente do PSTU e coordenador do CSP-Conlutas, José Maria de Almeida. O plebiscito de Dilma, apontou, é para desviar a atenção da crise de seu governo". Tanto é manobra diversionista que o tema da reforma política foi mencionado por apenas 1% dos participantes dos protestos, em pesquisa do Datafolha na Avenida Paulista. (Contra a corrupção foram 50%; contra o aumento das passagens, 32%; e por transporte melhor, 19%.) E tanto o governo está em crise que, para citar uns poucos exemplos, o PT não para de falar mal de sua condutora pelas costas; o PMDB está "por aqui" com o tratamento que ela lhe dispensa e que culminou com o anúncio da Constituinte exclusiva sem consulta prévia ao vice (e constitucionalista) Michel Temer; e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ficou nu - e só - diante de seus inimigos numa audiência, anteontem, na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.
Estavam presentes apenas 6 dos seu 36 membros titulares, o que deu margem ao sarcasmo do deputado Rodrigo Maia, tão logo Mantega se acomodou. "Ou o ministro está muito fraco ou os deputados já foram embora", fustigou. Depois de sua exposição previsivelmente otimista sobre "a nova matriz econômica", Mantega foi praticamente esfoliado pela oposição, que não se guardou de pedir a sua cabeça. "O ministro sofre de um surto psicótico", investiu ainda Maia. "A crise de confiança (no governo) se chama Guido Mantega e equipe econômica." O seu companheiro de partido, Mendonça Filho, desdenhou da exposição do ministro chamando-a de "ficção científica". Juntou-se a eles, entre outros, o tucano Duarte Nogueira, para diagnosticar que o governo "está feito uma barata tonta". É uma descrição apropriada.

Deepak Lal: Poverty and Progress (book review)

A hard look at jaded truths

Noted economist Deepak Lal provides a thoughtful counter-analysis of current notions about global poverty and global warming
Business Standard, Friday, June 28, 2013
Poverty and  and  about Global Poverty
Deepak Lal
250 pages; $24.95
Cato Institute, 2013
There are few original thinkers. They do not necessarily follow the current fashions and what they write sometimes appears incredible, outrageous, brilliant or even thoughtless. Agree with them or not, they have to be heard and read.  is one such person. To all and sundry, take a day or two off, turn off your cell phone and have fun, book in hand and mind guided by Mr Lal to wander across centuries and countries.

We have forgotten in India that an author can be anti-welfare and still have a soft heart towards the underprivileged; he can be critical of foreign aid and still be pro-globalisation; he can be critical of overuse of statistics and yet be highly quantitative in his approach to analysis. The leftists will find much here to criticise economic-liberals; the nationalists will find many arguments against interacting with the western world; and those on the right wing will find much that is wrong with the left and left-of-centre approach to development. And if you are none of the above, even better: Mr Lal will show you many interesting ways to look at the world.

Chapter 1 introduces and shares data on GDP for the past 2,000 years. More interesting is the brief history of the world, birth of capitalism and how countries achieved the turning point. The chapter is an interesting take on how and when various growth surges occurred and, interlinked with that,  reduction across the globe. He borrows data extensively from other sources to make a simple yet powerful point. Globally, poverty in terms of the number of poor has fallen more in an era in which there has been greater economic liberalism than when the government was meddling.

Chapter 2 brings in life expectancy, mortality, nutrition and literacy as other measures of well-being and shows that all have been improving consistently. This is obvious; if poverty is falling, other correlates should be improving. And since stuff like education is an input into better incomes, it should obviously improve faster than poverty. It would have been worth writing about if these indicators had worsened, but thankfully that’s not the case. There was no reason for this chapter, but in this day of Millennium Development Goals even original thinkers have to pay service to World Bank-type indicators.  Or … is it the soft heart peeping through Mr Lal’s hard-headed discourse? I wonder.

In Chapter 3, he shows that poverty has three components: structural, which is best addressed by growth; destitution, which is fairly limited; and conjunctural. I looked up Wikipedia and conjunctural means circumstantial — famine and suchlike. Mr Lal’s conjecture is that conjunctural poverty can only be addressed by income transfers that could flow from private efforts, such as charity or intra-family transfers; and that these have been replaced by public transfers in western societies.

This is a very important distinction, and policy makers frequently lose sight of it. Welfare can be the result of co-operative action both through the state and also without significant state involvement, and the latter can have insurance-like characteristics. The recommendations for welfare by the state are even more instigative than the preceding analysis: first option — do nothing; second — fund but don’t provide directly; third — involve private agents with superior <i> local <p> knowledge. And, finally, in the same vein, “ …foreign aid … is an idea whose time has gone”.

Chapter 4 ventures into the political economy space. Institutions and cultural arguments of developments are examined from a historical perspective. Mr Lal looks at how institutions and norms arise as a result of economic and geographic conditions and how they, in turn, impact long-term development outcomes. A structured model clearly exists in the author’s mind and he goes to some lengths to define its contours. The subject, however, is too diverse and the expanse of Mr Lal’s vision too wide for justice to be done in a few pages (17 to be precise). The claim that globalisation and liberal economic policies are the preferred route irrespective of the political economy comes as something of an anti-climax.

Chapter 5 replays the arguments that, internationally, as in India, there appears to be a vested interest in overplaying the extent of poverty. The underlying issue is that there is no perfect normative way of defining poverty. Also, as aggregate living standards improve, our notion of who is poor and who is not also changes.

But the more serious problem arises when the development sector, which includes but is not limited to the World Bank, indulges in poor-quality data work to bring out estimates that consistently show significantly higher levels of poverty. Mr Lal is not the first to claim this. Surjit Bhalla is another member of a small group of economists that is finding such inconsistencies when it looks under the woodwork.

Chapter 6 looks at a range of other misuses of quantitative techniques by economists. Mr Lal describes, quite convincingly, a host of conditions in which methods that appear “scientific” and objective fall flat when seen in the context of the underlying economic conditions. The point is that economics is a social “science” and economic conditions deal with human interactions and not physical phenomena.

Human beings organise and react to each other in different ways that do not neatly fit into the preconditions required for many of the quantitative techniques that even well-trained economists use. The result is that claims to statistically significant results out of objective scientific econometric analysis often turn out to be nothing but mumbo jumbo. A better and more difficult approach is analytical econometric history that involves placing all the available evidence and finding a plausible story that best fits the facts.

There were two takeaways for me. First, analyses of what policies work and what don’t – and which ones are desirable and which are not – cannot be determined by a simple regression analysis; they require a deep understanding of the historical antecedents and underlying conditions that are generating the data (the institutions and so on). And good analysis would first look into these aspects. Second –  this is a rather strong statement to make and suggests that economists need to be far more humble than we are –  what we can do at best is make educated guesses given the availability of limited evidence. Or did I get this part wrong? Mr Lal does not stop there.

Chapter 7 continues with the blitzkrieg . Many issues are taken up with one common thread: policy recommendations that call for greater state intervention in the economy. In each case, Mr Lal shows how bad economic judgement, deliberate misuse of data or poor quantitative analysis are used to show what is not necessarily correct. Hence, the Taiwan and South Korea manufacturing success was not necessarily because of state intervention (which may, in fact, have harmed them). Or the co-ordination failure and poverty trap arguments used to aid African countries were flawed and consequently did not help the receiver countries. This is the most technical of all chapters and perhaps the only one in which Deepak Lal the economist dominates Deepak Lal the rational commentator.

Chapter 8 studies microeconomic issues such as project appraisal, experimentation or randomised controlled trials (for which he has some disrespect); delves into the question of why surveys show the poor to be happier than we would otherwise believe, and take actions unlike those we would expect; and finally discusses the informal sector and microfinance. This is a “fun” chapter. Many uncommon insights, titbits, facts and factoids come together in a range of day-to-day economic policy.

Chapter 9 is about Africa and is rather dated, because many parts of Africa appear to have spontaneously shifted out of the low-growth, dictatorial-exploitation trap. And despite the new-found interest by the western and now eastern world (China), it is evident that Africa is no longer as helpless as was being made out in the past. Mr Lal, however, cautions: if you care about Africa, stay away from giving it aid. In other words, trade with it, don’t aid it.

Chapter 10 is the last chapter – though a concluding note follows it – and it focuses on .  Knowing Mr Lal’s penchant, I was expecting the obvious criticism of the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) type of work. And, boy, he does not disappoint! But first, the perspective. One, a large part of the CO2 and other so-called greenhouse gases will be from India and China, and eventually this will be far more than the developed countries, given their much larger populations.

So, policies curtailing their emission will adversely impact their growth. Two, he accepts that there is warming and there are greater greenhouse gases such as CO2 floating around (though he shows data that reveal some cooling in the 2000s). Three, he does not accept the correlation between CO2 and global warming. Instead, he argues that it may be the warming that is causing the rise in CO2 levels! It is possible, of course. After all, the Himalayan glacier story was faked by the IPCC and the veracity of the hockey stick graph showing rising temperatures has also been questioned. Agree or not, questioning what goes as gospel truth comes naturally to Mr Lal, and he forces you into this exciting and irreverent world.

Deepak Lal dislikes too much government. He dislikes even more quantitative work that is either inherently biased or not thought through well enough. He studies such work and shows you how to think through such flaws. He does not mince his words, hides nothing, and writes in a clear, unambiguous manner. For each of these reasons, the book is a good read. I will strongly encourage those interested in economic policy and, most important of all, students of economics to read this, and political entities across the economic spectrum and libraries to stock it.

The reviewer is director, Indicus Analytics.

Tomates assassinos? ou Tomate na cabeca? ou Tomates Verdes Fritos? Escolha o cenario...

Daria para fazer uma daquelas macarronadas de alimentar todo um quarteirão, como se costuma fazer nas grandes comemorações do Brás...

Augusto Nunes, 27/06/2013

O Banco Central anunciou que a inflação anual será de 6%. O índice ─ bem maior que o previsto por Guido Mantega e muito menor que a taxa real ─ subiria à estratosfera se os cálculos incluíssem a gastança com o visual de Dilma Rousseff em dia de pronunciamento na TV. Desde dezembro, cada aparição passou a custar exatamente R$ 3.125 ─ um salto de 681% em relação aos R$ 400 investidos até então em cuidados com cabelo e maquiagem.
O preço novo, revelado nesta terça-feira pela Folha, elevou espetacularmente o a conta das três discurseiras de Dilma entre o fim de 2012 e março deste ano. Beneficiário do aumento, o cabeleireiro Celso Kamura acha pouco. “Minha diária costuma ser de R$ 10 mil”, disse na entrevista a VEJA São Paulo. “A única coisa que ela banca é a passagem aérea”. Caso encomendasse o serviço a um salão de Brasília, a ilustre cliente pagaria menos de R$ 500.
Os R$ 9.375 desembolsados nas três aparições equivalem a
133 Bolsas Família mensais;
13,5 salários mínimos;
3.125 passes de ônibus em São Paulo;
32 cestas básicas;
3.522 quilos de arroz tipo 1;
1.482 quilos de feijão carioca.

Ou 2.343 quilos de tomate. Mais de duas toneladas.

Reuniao de Emergencia num certo pais longe daqui...

Gostaria de dar créditos aos autores, aos artistas, mas ainda não consegui: só aparece ao final do video.
Quem puder, por favor...
Vale a pena ver de novo. Plim, plim...

http://www.youtube.com/watch?v=__C90xZOmsQ&feature=c4-overview&list=UUEWHPFNilsT0IfQfutVzsag

Tem também aquela história da criação de um novo ministério, absolutamente pertinente:

http://www.youtube.com/watch?v=VNK7jF_vYlU&list=UUEWHPFNilsT0IfQfutVzsag

Da Marcha da Insensatez para a Marcha da Estupidez: o Brasil continua modesto na sua decadencia...

Sempre a mesma coisa: o Brasil não consegue fazer as coisas direito nem na sua caminhada para o precipício. Em lugar de cair em grande estilo, a ponto de provocar uma catástrofe de efeitos hollywoodianos, como aquela relatada pela historiadora Barbara Tuchman (na verdade, uma grande vulgarizadora), que redundou na mais destruidora das guerras europeias, o país fica enrolando a sua própria decadência.
Bem, pelo menos o surto atual já foi apelidado de Marcha da Estupidez, o que eu acho que retrata fielmente o estado mental de certas pessoas.
Não fiquem deprimidos, pois até aqui ainda está razoável.
Tenham absoluta certeza: vai ficar muito pior, mas muuuuiiito mais pior, como diria alguém.
Aliás aquele mesmo que vocês estão pensando, objeto do próximo post.
Paulo Roberto de Almeida

Reinaldo Azevedo, 27/06/2013

Nunca se esqueçam de que este “reaça” aqui, como dizem alguns, advertiu que estava em curso a marcha da irresponsabilidade. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RS), tornou-se agora o fanático do Passe Livre Estudantil. É o mais novo aliado da Mayara Vivian, a futura geógrafa e ex (suponho) garçonete do MPL. Ele está a fim de mudar a sua reputação junto aos chamados “progressistas”. Agora, se o povo quer, Renan quer também.
O senador conseguiu aprovar o regime de urgência para votar a proposta. Isso quer dizer que ela vai diretamente a plenário, sem passar nem pela Comissão de Constituição e Justiça. Os estudantes que, hoje em dia, já pagam meia, terão gratuidade total. Atenção! Só em São Paulo, 10% dos usuários do sistema já têm esse privilégio. Os que pagam meia são 12% — aí incluídos estudantes e professores. Por baixo, isso elevaria a gratuidade, suponho, para perto de 20%. Será assim: basta ser estudante, não paga — pouco importa a renda familiar.
A gratuidade total e mesmo a meia passagem, na maioria dos casos, já são uma estupidez, expressão óbvia de injustiça social. Mas estes são os tempos, não é? Pois é… Vamos lá, coleguinhas progressistas da imprensa! Saiam convocando as ruas “em nome do povo”. OS MAIS POBRES PAGARÃO A CONTA.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) tentou resistir: “Eu não sei o que diz o clamor das ruas. Mas a prudências recomenda que uma matéria dessas passe pela CCJ. Ele envolve um número enorme de recursos, não temos estimativa dos impactos. Precisamos de estimativa de quantos bilhões serão necessários para financiar o passe livre”.
Inútil. É claro que a proposta será aprovada no Senado. Os senadores não vão querer ficar de mal com o “espírito das ruas”, não é? A Comissão de Constituição e Justiça do Senado, diga-se, já aprovou uma PEC que põe o transporte entre os direitos sociais. Se é, então tem de ser oferecido de graça; será preciso haver o SUS dos ônibus, né? Espero que, ao menos, seja permitido que empresas particulares ofereçam um alternativa a quem quer pagar… Vocês sabem onde esse negócio daria: sucateamento do transporte público. É o que dá cair na conversa da Mayara Vivian. Não vou dizer que ela pensou como garçonete porque respeito a profissão.
Dilma poderia chamar o seu aliado Renan e dizer: “Isso não dá! A conta cai no colo dos prefeitos, e os prefeitos virão para cima de mim”. Para tanto, Dilma precisaria:
a: liderar — e ela não lidera:
b: ter um interlocução eficaz no Congresso — seu homem de confiança, hoje, é Aloizio Mercadante…
Se a estrovenga passar, um dos que mais vão sentir o peso, obviamente, será Fernando Haddad. A reputação deste rapaz, segundo estou sabendo, despencou. E ele nem pode acusar os “reacionários” da oposição, não é mesmo? Numa entrevista concedida à revista “Poder”, em abril, Haddad ficou muito bravo quando citaram meu nome. Babou de ódio mesmo. Afirmou que eu até fazia bem à esquerda porque demonstraria, segundo entendi, a insensibilidade da direita etc e tal. Vai lá, novo homem “sensível”! Dá o que pedem teus conselheiros “progressistas”! Faze o que querem teus aliados do Passe Livre!  

Chegou a hora de cobrar a revisão da Lei da Gravidade. Se a massa quer, Renan também quer.
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Por Gabriel Castro e Marcela Mattos,na VEJA.com, 27/06/2013

O governo pretende enviar na semana que vem ao Congresso Nacional a proposta do plebiscito para tratar da reforma política. O prazo da consulta e o conteúdo das perguntas ainda dependem, respectivamente, de uma resposta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do posicionamento de líderes partidários. “A princípio a presidente pretende encaminhar ao longo da semana que vem. Mas vamos aguardar a decisão do TSE”, disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, nesta quinta-feira.
A declaração de Mercadante foi dada após uma reunião nesta quinta em que a presidente ouviu presidentes de dez partidos da base aliada sobre o tema; no encontro, que durou quase três horas, a ideia do plebiscito foi aceita pela maioria das siglas – o PP defende a realização de um referendo. “Ficou absolutamente claro que a reforma política é necessária e que o povo deve ser ouvido nessa reforma”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, após a reunião.
Dilma receberá nesta tarde líderes de partidos aliados na Câmara e no Senado. Só depois de ouvir representantes da base e da oposição é que ela vai organizar as questões propostas ao Legislativo. Mas Mercadante já afirmou que a população decidirá apenas os “pilares” da reforma – e citou dois: o formato de financiamento de campanha e o sistema de votação para vereador e deputado.
Mercadante, que tem atuado como articulador de Dilma, disse que a consulta será feita no tempo mais curto possível, e que o tema não deve mobilizar toda a população. “Seguramente não são todos os cidadãos que vão se interessar por participar do plebiscito, mas todos aqueles que têm interesse neste debate terão espaço concreto de atuação: poder votar e ajudar a definir as prioridades da reforma política.”
O presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), foi escalado para falar ao lado de Mercadante e de Cardozo após a reunião e disse que não necessariamente as mudanças devem ser aplicadas já nas próximas eleições: “Algumas coisas devem valer em 2014, mas nem todo o conjunto da reforma necessariamente valerá para 2014. Isso é uma decisão que vai ser dada no Congresso Nacional e pode, inclusive, ser objeto do plebiscito”, disse.

A revolucao energetica nos EUA - Leonardo Maugeri (Harvard Belfer Center)

"The Shale Oil Boom: A U.S. Phenomenon"

Study Forecasts Tripling of U.S. Shale Oil Output

June 2013
Author: Leonardo Maugeri, Roy Family Fellow, Geopolitics of Energy Project

Introduction
There are several issues in the current debate on the so-called U.S. tight and shale oil ... revolution that contribute to reinforce extreme and seemingly irreconcilable attitudes. One of the central questions revolves around the real potential of this revolution and can be formulated simply as follows: Is oil production from shale formations just a temporary bubble or is it an event capable of significantly altering the U.S.—and possibly global—energy outlook?
This study addresses such questions on the basis of a general analysis of more than 4,000 shale wells and a much more focused analysis of 2,000 of these wells along with the activities of about one hundred oil companies involved in shale oil exploitation. The main results of such analysis are multifaceted.
On one hand, the large resource size – and the ability of the industry to develop it through steady improvements in technology and cost – dwarf earlier forecasts, suggesting the possibility that the United States may become the largest global oil producer in just a few years. On the other hand, the unique characteristics of shale oil – the drilling intensity in particular – make it extremely vulnerable to both price drops and environmental opposition in new and populated areas.
Drilling intensity is a key point in order to understand the real evolution of shale oil (as well as shale gas) activity in the United States and its flexibility – e.g. the possibility to rapidly adapt to shifting circumstances.
Given the early state of knowledge and technology, the U.S. shale oil boom is mostly a function of bringing as many wells as possible on line, due to the dramatic decline in production that follows the early months of activity with each new well. For example, by December 2012 it took about 90 new producing wells per month just to maintain North Dakota’s Bakken-Three Forks (the largest shale oil play so far in the United States) oil production of 770,000 barrels per day.
Drilling intensity in U.S. shale oil plays skyrocketed from a few hundred wells brought online (e.g., becoming productive) before 2011 to more than 4,000 in 2012 – a figure that outpaces the total number of oil and gas wells (both conventional and unconventional) brought online in the same year in the rest of the world (except Canada).
In the short- to medium-term (3 to 5 years), the correlation between drilling intensity and shale oil production will shape the evolution of U.S. oil production more than any other factor. And because drilling intensity is largely a function of the oil price, a significant dip in oil price may trigger a rapid twist in the shale oil boom.
The central role played by drilling intensity in this early stage of shale oil and gas development has a crucial but almost unnoticed implication for the possibility of replicating the success of the American experience in other parts of the world. The United States concentrates in its territory 60 percent of the global availability of drilling rigs; moreover, 95 percent of U.S. drilling rigs can perform horizontal drilling that together with hydraulic fracturing or “fracking” is required to liberate shale resources.
Combined with a relatively low population density in several shale areas, this vast supply is a key factor that allows the United States to achieve a drilling intensity level that is impossible for other countries to achieve. No other country in the world has ever experienced even a fraction of the overall U.S. drilling intensity, a common feature of the U.S. oil and gas industry since its inception. In 2012, for example, the United States completed 45,468 oil and gas wells (and brought online 28,354 of them) as against 3,921 wells completed in the rest of the world, except Canada.1
The drilling-intense nature of the shale business is a factor that will make the expansion of the shale phenomenon in other parts of the world improbable – at least in this decade. But there are other factors that will make the global replication of a U.S. style shale boom difficult, including an absence of private mineral rights in most countries, as well as the absence of the U.S. independent companies whose guerilla-style operational mindset has proven essential to the exploitation of shale formations that (unlike conventional oil and gas fields) require companies to move on a micro-scale, on multiple micro-objectives, and flexibly leverage short-term opportunities.
Although highly difficult to replicate, the U.S. shale experience may have a dramatic impact on the hydrocarbon sector by gradually introducing hydraulic fracturing as a means to recover more oil from conventional, mature, and declining oilfields worldwide.

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For Academic Citation:
Maugeri, Leonardo. "The Shale Oil Boom: A U.S. Phenomenon." Discussion Paper 2013-05, Belfer Center for Science and International Affairs, Harvard Kennedy School, June 2013.

Dani Rodrik: from Harvard to Princeton's Institute of Advanced Study, and a new blog...

Bem, eu já conheço (razoavelmente) o pensamento de Dano Rodrik (senão uma parte de sua obra) desde algum tempo. Agora, graças a seu anúncio de "mudança" para Princeton eu tomo conhecimento de que o Institute for Advanced Studies, onde pontificaram durante muitos anos George Kennan e Albert Hirschman (dois grandes pesquisadores e escritores, mas professores sofríveis) não pertence à Universidade, mas é independente. Eu sempre pensei que ele fosse uma espécie de fundação independente da Universidade, onde estive recentemente justamente para uma homenagem a Albert Hirschman, durante a qual comprei sua biografia por Jeremy Adelman.
Rodrik agora vai ocupar a cadeira que homenageia o grande economista, como ele um multidisciplinar, um pensador social, mais do que um economista.
Meus parabéns, portanto, e sucesso.
Paulo Roberto de Almeida

Dani Rodrik's Weblog

JUNE 27, 2013

Um sociologo na Academia: os outros nao perdem por esperar...

O sociologuês é uma língua chata; eu, por exemplo, por ter começado a ler sociologia muito cedo, adquiri um horrível estilo florestânico, feito de frases muito longas, apostos, predicados, complementos, interfrases, perifrases e outros expletivos que não me levaram a nada, a não ser escrever frases longas, prolixas, bref, ilísiveis.
Mas, nem tudo está perdido. A Academia nos prova que mesmo os melhores (quem sabe os piores também?) sociólogos também podem aspirar ser imortais.
Longe de mim pretender qualquer coisa, inclusive porque eu estou mais para Guilherme Figueiredo do que para FHC. Eu acho que, se ele não falou aquela famosa frase -- "Esqueçam o que escrevi" -- deveria ter dito, pelo menos em relação à parte menos nobre de sua sociologia, e a que ficou mais tristemente famosa, a tal da teoria da dependência (que dizem que foi mais falettiana do que fernandiana).
Em todo caso, valem cumprimentos e honrarias. Por outras coisas.
Por exemplo, por ter feito o Brasil um país melhor do que era antes. Bem antes do mito da "herança maldita", cujo  autor está deixando uma herança miserável, que vai pesar sobre o Brasil durante décadas a fio.
Quem sabe a gente consegue um outro sociólogo, dentro de mais dez anos para consertar o estrago?
Paulo Roberto de Almeida

ABL elege o sociólogo e professor Fernando Henrique Cardoso para a sucessão do jornalista João de Scantimburgo

Academia Brasileira de Letras elegeu hoje, quinta-feira, dia 27 de junho, o novo ocupante da Cadeira nº 36, na sucessão do jornalista João de Scantimburgo, falecido no dia 22 de março deste ano, em São Paulo. O vencedor, com 34 votos,  foi o sociólogo e professor Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República em dois mandados consecutivos (1995 a 1998 e 1999 a 2002). O eleito, imediatamente após o resultado, recebeu seus confrades e convidados na Fundação Eva Klabin, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. O novo Acadêmico recebeu 34 dos 39 votos possíveis. Votaram 24 Acadêmicos presentes e 14, por cartas. Houve uma abstenção.
"Essa eleição é um ato de respeito da Academia Brasileira de Letras à inteligência brasileira. A grande obra de Fernando Henrique Cardoso de sociólogo e cientista dá ainda mais corpo à Academia", afirmou o ex-presidente da ABL, Acadêmico Marcos Vinicios Villaça, logo depois da eleição, ainda no Petit Trianon.
Saiba mais
O novo Acadêmico
Fernando Henrique Cardoso foi Presidente da República em dois mandatos sucessivos (1995-1998 e 1999 - 2002). Doutor em Sociologia e Professor Emérito da Universidade de São Paulo, a obra de Cardoso abrange os campos da sociologia, ciência política, economia e relações internacionais.
Dentre outras instituições acadêmicas, foi professor nas universidades de Stanford, Berkeley e Brown, nos Estados Unidos, Cambridge, no Reino Unido, Paris-Nanterre, Collège de France e Maison des Sciences de L’Homme, na França, FLACSO e ILPES/CEPAL, em Santiago do Chile, bem como na Universidade do Chile. Ex-Presidente de Associação Internacional de Sociologia, é autor ou coautor de 23 livros e de mais de cem artigos acadêmicos. Seu livro Dependência e Desenvolvimento, publicado originalmente em espanhol em 1969, em coautoria com Enzo Falletto, é um marco nos estudos sobre a teoria do desenvolvimento, com dezenas de edições em 16 idiomas.
Participante ativo dos movimentos pelo restabelecimento do Estado de Direito no Brasil, envolveu-se com a política no final dos anos 70. Foi Senador pelo estado de São Paulo, Ministro das Relações Exteriores e Ministro da Fazenda, elegendo-se Presidente no primeiro turno da eleição de 1994. Sua trajetória como político foi consistente com sua vocação de intelectual comprometido com a defesa da liberdade, promoção da democracia e construção de uma ordem internacional mais justa. Ao término do mandato presidencial, Cardoso dedicou-se até hoje à promoção da paz, democracia e justiça em escala global. É membro do The Elders, grupo de dez líderes globais criado por Nelson Mandela para defender a paz e os direitos humanos.
Seus livros mais recentes são O presidente e o sociólogo (1998), A arte da política (2006),The accidental president of Brazil (2006), Cartas a um Jovem Político (2008) e A soma e o resto: um olhar sobre a vida aos 80 anos (2011). Seu último livro é Pensadores que inventaram o Brasil. Recebeu inúmeras honrarias e condecorações, sendo de destacar, no Brasil, a Ordem do Mérito, e no exterior, a Grã Cruz da Legião de Honra da França, o grau de cavaleiro na Ordem de Bath, na Inglaterra, as várias distinções recebidas de Portugal (Grão Cruz da Ordem Militar da Torre e da Espada, além da Ordem da Liberdade) e da Espanha (Grã Cruz e Colar de Isabel, a Católica). Quase todos os países da América Latina, do mesmo modo, distinguiram-no no mais alto grau.
Dentre os doutorados Honoris Causa que recebeu, contam-se os das Universidades de Bolonha, Salamanca, Cambridge, Oxford, London School of Economics e Lyon, na Europa, Rutgers e Brown, nos Estados Unidos, Quebec e London, no Canadá, bem como as Universidades do Chile e de Moscou. Em 2012 Cardoso foi agraciado com o Kluge Prize da U.S. Library of Congress for Lifetime Achievement in the Study of Humanity, a mais prestigiosa distinção na área das ciências humanas.
Academia Brasileira de Letras, 27/6/2013

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Lei da Irresponsabilidade Fiscal - Editorial Estadao

A responsabilidade necessária

27 de junho de 2013 | 2h 10
Editorial O Estado de S.Paulo
Cinismo ou desfaçatez talvez sejam as expressões mais adequadas para os contribuintes atentos, que acompanham as lambanças contábeis que o governo vem praticando há dois anos e meio, se referirem à proposta feita pela presidente Dilma Rousseff de se "construir", como ela disse, um pacto pela responsabilidade fiscal. Não há nenhuma necessidade de pacto para se assegurar a gestão rigorosa das finanças do governo, de acordo com o interesse público. Nesse campo, o País necessita, isto sim, é que o governo chefiado pela autora da proposta comece, afinal, a praticar a responsabilidade fiscal de maneira clara, sem subterfúgios ou artimanhas que desmoralizam suas políticas na área financeira e corroem a imagem da economia brasileira no exterior, tornando ainda mais difícil para o País amortecer o impacto da crise mundial.
A responsabilidade fiscal é, de fato, necessária "para garantir a estabilidade da economia e o controle da inflação" e tornou-se "especialmente importante no momento atual, quando a prolongada crise econômica mundial ainda castiga, com volatilidade, todas as nações", como disse a presidente na reunião com governadores e prefeitos de capitais em que tentou responder aos anseios dos que saíram às ruas nos últimos dias. É o que têm dito analistas responsáveis e cada vez mais preocupados com os rumos, ou descaminhos, da política econômica do governo. E é do governo, não de um pacto envolvendo outras áreas, a tarefa de recolocar as coisas nos trilhos. O que o governo Dilma fez e continua a fazer com insistência, no entanto, é exatamente o contrário do que é necessário no momento.
A responsabilidade fiscal, ressalve-se, não é importante apenas em períodos de dificuldades. Ela é importante sempre. Mas o governo da presidente que afirma sua importância neste momento é o que menos parece preocupado com isso desde 2000, quando, na consolidação do processo de estabilização da economia iniciado com o Plano Real, entrou em vigor a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Além de cumprir estritamente o que está na lei, uma política fiscal responsável precisa ser clara e confiável. Práticas reiteradas do governo Dilma, porém, mostram o contínuo afrouxamento da política fiscal, que se torna cada vez menos confiável. Os gastos continuam a crescer, muitas vezes sem produzir os resultados esperados, mas, da maneira como o governo vem contabilizando certas despesas, excluindo outras e lançando mão de receitas não convencionais, os resultados fiscais parecem razoáveis.
Nos últimos dias do ano passado, por exemplo, o governo sacou R$ 12 bilhões do Fundo Soberano do Brasil, criado para ser usado em situações de emergência financeira, e se apropriou antecipadamente de dividendos de R$ 7 bilhões que deveria receber da Caixa Econômica Federal e do BNDES ao longo de vários anos. Da meta de superávit primário definido para 2012, deduziu, como permitia a Lei de Diretrizes Orçamentárias, R$ 39 bilhões de investimentos no PAC.
Com meta menor e receitas artificialmente engordadas, o governo alcançou um superávit primário bem maior do que o fixado. Mas esse feito, longe de representar mais rigor no controle das despesas, mostrou a rápida deterioração da política fiscal. "Supostos ganhos podem ser suplantados pela perda de credibilidade do indicador", advertiu o TCU ao aprovar, com ressalvas, as contas do governo Dilma relativas a 2012.
A promessa de alcançar, também em 2013, a meta do superávit primário, correspondente a 3,1% do PIB, poderá ser cumprida, mas, como no ano passado, por meio de artifícios, como o abatimento dos investimentos do PAC e das desonerações fiscais que vem concedendo, sem grandes resultados práticos. Além disso, o governo pretende incluir, nas receitas, o que receberá com concessões de blocos do pré-sal. Trata-se, obviamente, de uma receita eventual.
A indispensável responsabilidade fiscal não carece de pacto; ela precisa de governos que a pratiquem responsavelmente.

Onde estao os que propunham desvalorizacao cambial? Sumiram? - Celso Ming

As consequências sempre vêm depois, já dizia um filósofo popular (não me perguntem quem).
Pois é, os luminares da economia competitiva -- sejam eles os da FIESP, o Bresser Pereira, os economistas keynesianos de botequim -- tanto pediram desvalorização do câmbio que ela veio, sem avisar, assim meio sorrateira, mas decisiva, o que já empurrou o real lá para baixo, e o dólar lá para cima.
Acharam que seria bom para todos: para os exportadores, para os industriais, para os consumidores (ao premiar a produção nacional e, portanto, o emprego) e sobretudo esses economistas que sempre prevêem catástrofes quando o real está muito valorizado.
Eles gostam de povo pobre, e de economia desvalorizada.
Enfim, quase não pensaram na inflação.
Agora aí está o governo, que antes reclamava da guerra cambial, e do tsunami monetário, que valorizava a nossa moeda, que passou a reclamar da valorização "excessiva" do dólar.
O castigo vem a cavalo, se dizia antigamente. Agora acho que vem nas telas dos computadores, e nas bancas de feiras, por mais humildes que sejam...
Paulo Roberto de Almeida

O fator câmbio

27 de junho de 2013 | 2h 07
CELSO MING - O Estado de S.Paulo
A disparada da cotação da moeda estrangeira no câmbio interno passou a ser um dos maiores focos de inflação. Falta saber o tamanho dessa conta, que, afinal, será repassada para os brasileiros.
Um dólar mais caro, é fácil entender, aumenta em reais os preços dos produtos importados e as dívidas em moeda estrangeira. Mas há um número considerável de itens aqui produzidos e também consumidos internamente que são cotados em dólares. São, em geral, as commodities, mercadorias cujos preços são formados em dólares no mercado internacional, como soja, milho, café, alumínio, cobre e fertilizantes.
Sempre tem gente que estranha explicações de que os preços dos ovos e da carne de frango ou de porco estejam subindo em consequência da alta do dólar. No entanto, frango e porco são organismos vivos que transformam proteína vegetal (soja e milho, principais componentes das rações animais) em proteína animal. Como soja e milho são commodities cotadas em dólares na Bolsa de Chicago, lá vai o câmbio para os preços da omelete, do frango assado e da linguiça.
Nos últimos anos aumentou a dependência brasileira dos importados. Em vez de produzir aqui dentro, a indústria achou mais conveniente intensificar a importação de máquinas, componentes, peças, capital de giro e tantas coisas mais. A Zona Franca de Manaus, por exemplo, não passa hoje de uma zona de processamento de importações. Limita-se quase exclusivamente a montar aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e motocicletas a partir de peças, chips e componentes importados, pagos em dólar. O impacto da alta do dólar sobre o custo do produto final será inevitável, tanto mais quanto maior for a dependência de fornecimentos externos.
O cálculo do impacto da oscilação do câmbio nos preços, aquilo que naquela linguagem empolada os economistas chamam de pass-through (repasse) é um exercício complicado, sempre sujeito a erros. Hoje, os analistas tendem a concluir que cada dez pontos porcentuais de alta ou baixa do dólar no câmbio interno produz 0,70 ponto porcentual de inflação mais alta ou mais baixa ao longo de um tempo.
Quando roda seus computadores para definir o tamanho dos juros básicos para empurrar a inflação para dentro da meta, o Banco Central tem de avaliar qual o impacto do câmbio na formação dos preços da economia. No Relatório de Inflação do primeiro trimestre, editado em março, o Banco Central trabalhou com um câmbio médio, em 2013, de R$ 1,95 e projetara uma inflação para o ano de 5,7%. Na última Ata do Copom, já havia revisto esse número para R$ 2,05. De lá para cá, o câmbio deu uma esticada de 8,3% e ainda não se estabilizou, fator que complica as novas projeções.
Hoje sai nova edição do Relatório de Inflação em que se espera que o Banco Central organize com mais clareza todos esses números que, por sua vez, devem definir a dosagem da alta dos juros, que tende a ficar próxima dos 10% ao ano no final de 2013.

Revista Brasileira de Direito Internacional-Brazilian Journal of International Law (1-2013)

Revista Brasileira de Direito Internacional - Brazilian Journal of International Law
http://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/rdi/issue/current

Direito Internacional Econômico

Sumário

Artigos

Crônicas internacionais - doi:10.5102/rdi.v10i1.2410PDF
Julia Motte Baumvol
Brazilian trade policy in historical perspective: constant features, erratic behavior - doi:10.5102/rdi.v10i1.2393PDF
Paulo Roberto de Almeida
Aspectos geopolíticos: do GATT à OMC- doi:10.5102/rdi.v10i1.2359PDF
José Augusto Fontoura Costa
A regulação internacional dos subsídios agrícolas: a contemporaneidade do paradigma realista para a compreensão do sistema de comércio agrícola internacional vigente. - doi:10.5102/rdi.v10i1.2067PDF
Natália Fernanda Gomes
Acordo TRIPS: One-size-fits-all? - doi:10.5102/rdi.v10i1.1987PDF
Tatianna Mello Pereira Silva
É interessante para o Brasil aderir ao tratado sobre compras governamentais da OMC? - doi: 10.5102/rdi.v10i1.2276PDF
Aubrey Renan de Oliveira Leonelli
A defesa comercial e a restrição da liberalização e integração comercial pelo aumento da alíquota de IPI de veículos importados no Brasil - doi:10.5102/rdi.v10i1.2377PDF
Ricardo Antonio Serrano Osorio, Clayton Couto
A Cooperação internacional na defesa da concorrência- doi:10.5102/rdi.v10i1.2420PDF
Vinicius Carvalho
Os acordos de comércio para além das preferências: uma análise da regulamentação sobre os “novos temas” - doi:10.5102/rdi.v10i1.2381PDF
Michelle Ratton Sanchez-Badin, Lucas da Silva Tasquetto
Integração econômica no Mercosul: opiniões consultivas e a democratização no acesso ao tribunal permante de revisão - doi:10.5102/rdi.v10i1.2334PDF
Eduardo Biachi Gomes
“Fundos abutres” vs. Estados nacionais: soberania e atuação do tribunal internacional do direito do mar a partir do caso da fragata libertad - doi:10.5102/rdi.v10i1.2344PDF
Alexandre Pereira da Silva, Mariana Yante Barrêto Pereira
Investimento estrangeiro: o padrão de tratamento justo e equitativo e o papel da boa-fé- doi:10.5102/rdi.v10i1.2349PDF
Fernando Santos Arenhart
A emergência do Direito Administrativo Global como ferramenta de regulação transnacional do investimento estrangeiro direto - doi:10.5102/rdi.v10i1.2369PDF
Andréa Rocha Postiga
Is investment arbitration an appropriate venue for environmental issues? A Latin American perspective. - doi:10.5102/rdi.v10i1.2070PDF
Nitish Monebhurrun
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e a construção de um conceito de internacionalidade contratual - doi:10.5102/rdi.v10i1.2375PDF
Frederico Eduardo Zenedin Glitz
Impacto e influência dos tratados e convenções internacionais sobre a lei brasileira de arbitragem - doi:10.5102/rdi.v10i1.2378PDF
Jamile Bergamaschine Mata Diz, Clarissa Correa Neto Ribeiro
A jurisprudência norteamericana e europeia sobre os acordos horizontais e verticais: substrato para análise da matéria no Brasil - doi:10.5102/rdi.v10i1.2427
Daniel Amin Ferraz
Revista de Direito Internacional, v. 10, n. 1 (texto integral)PDF
Marcelo D. Varella


ISSN 2236-997X (impresso) - ISSN 2237-1036 (on-line)