sábado, 9 de junho de 2012

Uma licao de economia: primeiro, vincular fatos a causas

Um Anônimo -- essa mania de se esconder é indicativo de fraqueza, vergonha, incerteza, dúvidas pessoais, ou o quê?; pensam que eu vou triturar o crítico? -- me escreve a propósito deste post: 

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "As duas vias da América Latina: protecionismo e in...": 
Não entendo essa tendência de ver o Brasil como fechado, em quanto é obvio que nem os Estados-Unidos nem a União Européia são mercados abertos.
Entendo o posicionamento liberal do senhor, mas Washington despreza Milton Friedman e Hayek mais ainda do que Brasilia.
O Brasil tem varios problemas internos, não precisa de problemas externos.
É so ver a situação da Estonia hoje, ultraliberal : quase perdeu 20% do PIB na crise. 

Meu único comentário -- pois não tenho tempo para dar um lição de economia em que se mostra ignaro de certos fatos elementares, mas nem é minha função, ou a missão deste blog, fornecer aulas de qualquer coisa para curiosos de passagem -- seria curto, apenas uma síntese:


A primeira tarefa de quem pretende aprender qualquer coisa seria a de se desembaraçar de crenças e opiniões e se ater a fatos, objetivos, mensuráveis, dados da realidade, e, seguidamente, de vincular certos fatos a determinadas causas. Como disse um filósofo pedestre, as consequências sempre vêm depois, ou seja, determinados fatos, que podem ser causa de determinados processos produzem consequências.
Em economia, certos fatos são estabelecidos a partir de dados objetivos da realidade, não de opiniões, muito menos de teorias de autores, mesmo economistas famosos. Portanto, deixemos esses personagens de lado.
Vejamos: 
1) "tendência de ver o Brasil fechado"? Tendência???!!!
O Anônimo desconhece estatísticas comparadas de coeficientes de abertura externa. Mas ele pode aprender o que é isso, e ver como o Brasil se situa em relação a outros países.
Se ele quiser estabelecer uma correlação linear, verá que os países mais abertos são os mais ricos (com uma ou outra exceção, que tem a ver com outros fatores, o que não impede que os países, mesmo com baixo coeficiente, sejam abertos ao comércio internacional).
2) Segundo o Anônimo, o Brasil tem suficiente problemas internos, assim pode escolher ficar afastado de problemas externos. 
Bem, aqui não se trata de uma questão de economia, mas de lógica elementar. Existem livros para isso também. Não preciso indicar.
3) "A Estônia perdeu 20% do PIB porque era neoliberal". (sic)
My God, o simplismo se juntou à ignorância dos fatos para estabelecer uma das correlações mais estúpidas que já escutei.


Contra argumentos de certos Anônimos, não existem fatos que os recusem.
A fé dos Anônimos na sua própria ignorância só perde para a pachorra que têm de me escrever para desmentir meus fatos, substituindo-os pelas suas próprias crenças e pelas que acham que supostamente eu mantenho.
Como sempre faço, minha única recomendação seria esta: mais estudo, mais livros, menos bobagens tupiniquins, mais leituras de boa qualidade com o que nos vem de fora (não da mesma tribo, claro).
Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

As duas vias da América Latina: protecionismo e integracao global - Stratfor

Existem hoje, na América Latina, três grupos de países, simplificando um pouco: os globalizados (tipo Chile e México); os reticentes (tipo Brasil e Argentina), e os bolivarianos (enfim, não encontrei termo melhor para designar os malucos que estão querendo voltar meio século atrás, como Venezuela, Equador, Bolívia, e alguns outros). Peru e Colômbia estão entre os globalizadores e os reticentes, dependendo de quem governa e de quais são as políticas econômicas: atualmente estão mais próximas da integração global, mas sempre pode mudar.
Enquanto alguns se inserem no mundo, outros preferem a política do avestruz. Pior: procuram encontrar bodes expiatórios para os problemas que enfrentam. Nunca é culpa deles, apenas dos outros, do capitalismo perverso, do tsunami financeiro, da guerra cambial, enfim, qualquer coisa, menos as bobagens internas.
Assim vai a América Latina: alguns realistas, outros surrealistas...
Paulo Roberto de Almeida 



Stratfor, June 8, 2012 | 0554 GMT

Leaders from Colombia, Chile, Peru and Mexico gathered in the Chilean Atacama Desert this week to sign an agreement pledging unity under the newly minted Pacific Alliance. First envisioned a year ago during a meeting in Lima, the alliance's first move will be to remove all bilateral visa restrictions, and the countries hope that the bloc will evolve into a multilateral free trade area. The Pacific Alliance unites four of Latin America's most trade- and business-friendly countries. According to Chilean President Sebastian Pinera, the bloc intends to focus explicitly on developing a trade agenda with Asia. The agreement is also sure to impact trade with the United States, a major export destination for all three countries.
Perhaps the most striking aspect of the agreement is the way it contrasts with Latin America's other major trade grouping: Mercosur, or the Market of the South. Mercosur groups Brazil, Argentina, Paraguay and Uruguay, and its trade policies inevitably cater to the needs of the two biggest partners -- Brazil and Argentina. The group's reaction to global economic turmoil has been to withdraw behind trade barriers in an economic policy that closely mirrors the import substitution industrialization theory that heavily influenced Latin American policy during the middle of the 20th century.
The contrasts between the Pacific Alliance and Mercosur reveal historical divisions and political orientations. They also highlight the extreme geographic barriers to integration within the region.
Latin America can be loosely conceptualized as a string of habitable "islands" separated by the massive geographic barriers formed by the Caribbean Sea, the Andean mountain chain and the impenetrable Amazon rainforest. The most contiguous fertile territory with the potential for development exists in the Rio de la Plata river basin, which is divided among the Mercosur members. Mexico is a part of North America and is naturally more oriented toward the United States and Canada than it is toward Latin American states.
The Andean nations should be considered in two separate groupings. The Caribbean Andes comprise Colombia and Venezuela and fit squarely into the geopolitical and economic backyard of the United States. The South American Andes, on the other hand, find themselves isolated not only from the Rio de la Plata countries, but also from the direct attention of the United States -- being as they are squarely located in South America.
What all the Pacific Alliance members share is a shoreline on the Pacific Ocean and an abiding interest in trade with Asia and the United States. Certainly interbloc trade will create opportunities to generate wealth. The opportunities for multilateral trade are inherently limited, however, as the Andean members are primarily reliant on commodity exports, and Mexico is the only country in the grouping with a well-developed industrial base. These countries do not have the same kind of natural geographic linkages that characterize a grouping like Mercosur, and nothing like Mercosur's initial intentions for a customs union should be expected out of the Pacific.
The Pacific Alliance is in many ways simply a maritime trading pact that will attempt to present a united regional front in trans-Pacific trade issues. This is a political and economic arena that is inherently dominated by the agendas of the United States and China, a fact exacerbated by growing U.S. attention to East Asia. But even four countries that display so many similar characteristics will find it difficult to forge a united bargaining position. Like many Latin American trading blocs before it, the Pacific Alliance will face the challenge of attempting to smooth over divergent and competing domestic interests while remaining geographically isolated from one another.

Liderar significa atender as expectativas dos vizinhos: integracao global e protecionismo

Se o Brasil quiser liderar a América do Sul não poderia estar adotando o comportamento do avestruz, fechando-se no protecionismo.
Certas coisas são atávicas...
Paulo Roberto de Almeida 

Latin American Pacific Bloc Rejects Brazil-Led Protectionism

By Randall Woods
Bloomberg, 7/06/2012

Leaders from Latin America’s most open economies will sign a trade accord today to increase commerce along the Pacific rim of the region, distancing themselves from countries such as Argentina and Brazil that are raising import restrictions amid the global slowdown.

Chilean President Sebastian Pinera is hosting the meeting at Paranal, the site of a telescope in the northern desert, to ratify the Pacific Alliance trade bloc with his counterparts from Mexico, Peru and Colombia. Representatives from Costa Rica and Panama will attend as observers and eventually say they may join the bloc, which was created in April last year.

Those attending “are the most outwardly focused and open economies in the region,” Abraham Lowenthal, a Latin American expert at The Brookings Institution in Washington, said in a phone interview. “This is in keeping with where these countries are going in terms of diversifying their international economic relations.”

The alliance will remove barriers not covered under existing bilateral free trade agreements, such as the free movement of people, establishing a bloc that accounts for more than 35 percent of Latin America’s gross domestic product. The drive toward free trade contrasts with the slow pace of integration in the four-nation Mercosur trade bloc led by Brazil and Argentina, which hasn’t achieved its goal of a common market more than two decades after its creation.
Open Economies

Chile has the most open trade policies of any country in Latin America and ranks 14th in the world, followed in the region by Uruguay, Costa Rica, Peru, Panama and Mexico, which is in position 65, according to the World Economic Forum’s 2012 ranking of 132 countries for trade openness. Brazil, Latin America’s biggest economy, ranks 84 followed by Argentina at 96 and Venezuela at 130.

Pacific Alliance members are seeking ways to further link financial services after bourses from Lima, Bogota and Santiago last year formed the integrated exchange known as Mila. Mexico’s main stock exchange has expressed interest in joining the Andean exchange, said Rodrigo Contreras, acting director of Chile’s international economic relations office.

The bloc also will create ties with Asia as Latin America looks to that region for growth. Latin American exports to Asia Pacific grew three times faster than those to the entire world between 2006 and 2010, while China is on track to overtake the European Union as the second-biggest source of imports behind the U.S., according to United Nations data.
Opportunity for Trade

The alliance is an “opportunity to promote and consolidate new investments and greater trade between our countries, as well as a decisive step to consolidating our integration with the Asian Pacific,” Pinera said in a statement on the Foreign Ministry’s website.

The Pacific Alliance’s openness contrasts with the Mercosur, which also includes Uruguay and Paraguay.

After a surge in car imports from China, Brazilian President Dilma Rousseff this year raised taxes for automakers that don’t assemble in the country. Along with Argentina, Brazil also raised Mercosur’s common external tariff on 100 products to protect manufacturers from foreign competition.

Separately, Brazil raised taxes on foreign investment in a bid to weaken the real, whose 10 percent rally in the first two months of the year was the world’s largest.
Defending Industry

The loose monetary policy of the developed world had caused a “monetary tsunami,” pushing up currencies in emerging markets and making Latin America “easy prey for de- industrialization,” Rousseff said during a trip to Colombia last month.

Argentina has stepped up its barriers to imports of everything from glassware to kitty litter to protect its industry this year, prompting a World Trade Organization challenge from the European Union. The government says it won’t backtrack.

“We are determined to continue with import substitution despite the criticism from some parts that only live from imports,” Argentine President Cristina Fernandez de Kirchner said on June 4 in the northern province of Catamarca.

While Mercosur has signed only one free trade agreement since its creation in 1991, with Israel, Pacific Alliance members all have deals with the U.S. and all but Colombia has one with China. The four countries are rated investment grade by Standard & Poor’s.
Chile Trade

Chile, which has trade agreements with 58 countries, is considering legislation that would eliminate all import tariffs by 2015 in a bid to compete with Singapore and Hong Kong as one of the world’s most open economies.

Chile’s benchmark IPSA stock index is down 13 percent in the past year, while Mexico’s IPC index is up 7 percent. That compares with declines of 17 percent in Brazil’s Bovespa index and 30 percent for Argentina’s Merval.

“This alliance isn’t against Brazil or Argentina, but shows that we believe in a track of openness,” Mercedes Araoz, a former Peruvian finance and trade minister who helped pave the way to today’s accord, said in a phone interview from Mexico City. “If you want to be a member you have to believe in that openness, which we believe really helps us create more jobs.”

Economist Intelligence Unit analisa a economia brasileira

Números medíocres, para dizer o mínimo. Em face disso, discursos e tentativa de estimular novamente o crédito.
Mas, não é pecado perguntar: de onde sai o crédito, mesmo?
Paulo Roberto de Almeida

June 5th 2012

FROM THE ECONOMIST INTELLIGENCE UNIT
The first-quarter GDP figures released on June 1st left observers and the Brazilian government with a sense of foreboding—output grew by only 0.2% quarter on quarter (a mere 0.8%, year on year). The authorities have announced a series of further measures to stimulate private consumption, including an easing of credit conditions, and also are likely to buoy public investment. Even assuming a pick-up in the second half of 2012 in response to stimulus measures (past, present and future), given year-to-date activity in Brazil and a weakening external environment Brazil's GDP is likely to grow closer to last year's tepid outturn (2.7%) than the 3% the Economist Intelligence Unit forecast before the first quarter results were published.
The first-quarter results were lower than the EIU's estimate (0.4%) and the same as the outturn in the fourth quarter of 2011 (see table). There was reason for disappointment practically all round. On the supply side, there was a sharp fall in agricultural production–the steepest since 2005–mainly due to bad weather conditions, affecting one of Brazil's most important export commodities, soybeans. The services sector continued to register relatively weak growth, of some 0.6%.
The major surprise was the rise of 1.7% in the industrial sector (manufacturing, extractive industries, construction and utilities) in the first quarter, incorporating 1.9% growth in the manufacturing segment, which contradicted the grim outlook suggested by the monthly figures published by the national statistics office, the IBGE. Over the last few months, industrial output fell consistently, according to the IBGE's monthly survey. However, the monthly data are based on a smaller sample of sectors than that used to compile the national accounts. The problems facing Brazilian manufacturing were largely reflected in the drop in investment and the significant deceleration in export growth, which stagnated in the first three months of 2012. And in any case, the sequential gain in the first quarter came after a sharp fall in the fourth quarter of 2011 and weakness since the second quarter. In year-on-year terms, industrial output fell 2.6% in the first quarter.
Gross domestic product growth by sector
(% real change, quarter on quarter; seasonally adjusted)
201020112012
2 Qtr3 Qtr4 Qtr1 Qtr2 Qtr3 Qtr4 Qtr1 Qtr
Agriculture & livestock2.2-5.10.16.8-1.81.2-0.1-7.3
Industry1.30.11.01.4-0.4-0.8-0.51.7
of which: Manufacturing0.80.20.21.3-0.3-1.8-2.21.9
Services1.11.41.00.50.8-0.30.40.6
GDP at market prices1.20.91.00.90.5-0.10.20.2
Source: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
On the demand side, continued growth in consumption and government expenditures were not enough to completely compensate for the disappointing performance in investment spending and exports, both hit by the global slowdown in the first quarter. Although there was also a decrease in import growth, the overall contribution of the external sector to GDP continued to be negative.
Looking ahead, investment is unlikely to rebound that strongly, given both the internal domestic problems facing the Brazilian industrial sector–rickety infrastructure and an onerous tax structure–as well as the deteriorating global environment. Recent measures undertaken by the government to boost industrial production and private investment have, to date, had little or no effect, partly due to the high level of external uncertainty. As a result, the authorities have announced a series of further measures to increase consumption and ease credit conditions.
Gross domestic product growth by component
(% change, quarter on quarter; seasonally adjusted)
201020112012
2 Qtr3 Qtr4Qtr1 Qtr2 Qtr3 Qtr4 Qtr1 Qtr
Household consumption0.92.41.90.50.6-0.11.01.0
Government consumption1.20.80.2-0.22.1-0.80.51.5
Gross fixed investment3.63.2-0.22.11.1-0.6-0.6-1.8
Exports of goods & services-0.33.92.6-2.22.11.81.80.2
Imports of goods & services3.96.21.71.14.9-1.82.11.1
GDP at market prices1.20.91.00.90.5-0.10.20.2
Source: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Many observers have been highly critical of these steps given the recent rise in household delinquency rates, particularly in credit for automobile purchases—the sector where the government has chosen to focus the new stimulus package. Measures include the reduction of reserve requirements for the extension of credit for vehicles purchases, as well as aggressive interest-rate decreases in consumer credit lines provided by the two large public commercial banks, Caixa Econômica Federal (CEF) and Banco do Brasil (BB).
Although critics are correct in pointing out the risks of stimulating further indebtedness and consumption in light of the high level of household debt service obligations as a share of disposable income, which currently stands at some 22%, there is a degree of exaggeration in the views expressed by some that the recent measures will be completely ineffective. Although household debt has increased substantially over the last few years, it still accounts for only about 20% of GDP. Furthermore, the deleveraging cycle in Brazil is fairly rapid, given that about 45% of household debt matures in less than 12 months; housing credit (at much longer maturities) accounts for only 5% of GDP. With new measures aimed at facilitating refinancing and the continuation of the monetary easing cycle by the Central Bank—with the Selic likely to be cut by 50 basis points to 8% at the mid-July meeting—it is likely that consumption will pick up in the second half of 2012.
That said, the disappointing result for activity in the first quarter and the small statistical carry over effect (as GDP growth petered out over the course of 2011) imply that even with the introduction of policies to stimulate consumption, GDP growth will almost certainly fall well short of the government's target of between 3.5% and 4%. Therefore, the authorities are already considering a number of additional measures to boost growth. These include further credit extensions to the private sector from the national development bank, BNDES; measures to increase private investment, such as tax breaks for specific sectors; and a possible reduction in the primary fiscal surplus target (either formally, or more likely, by excluding some investment spending from the calculations). Currently, that target is 3.1% of GDP.
However, since gross and net public-sector debt as a share of GDP have been decreasing on a consistent basis, and also as cuts of 400 basis points since August 2011 have reduced debt-interest payments on Selic-linked debt (debt interest payments last year amounted to 5.7% of GDP), the government has some fiscal space to increase expenditures and/or to lower taxes. And given the authorities' concern over the economy's investment rate, which fell to 18.7% of GDP in the first quarter of 2012 from 19.5% a year earlier, it is also highly probable that they will boost public investment. Barring a full-blown euro zone crisis, the government is unlikely to provide a strong fiscal stimulus (of the sort applied in 2009 in the wake of the collapse of the Lehman Brothers investment bank), given that general elections are some way off and the president's personal popularity is high (70%), thanks to still low unemployment levels and her anti-corruption stance.
Although policymakers' ability to lift GDP growth significantly is limited by domestic and external factors, the Economist Intelligence Unit still envisages a tangible rebound in economic activity in the second half of the year, driven by both the stimulus measures already implemented (including an aggressive monetary easing cycle under way since August 2011) and the additional fiscal and credit steps the government is likely to take. That said, given the disappointing first-quarter results, in 2012 Brazil's GDP is likely to grow close to last year's below-potential outturn of 2.7%. But the pick-up in the second half of this year will provide strong carry-over effects into 2013, lifting GDP growth to 4.5%.
Economist Intelligence Unit
Source: Economist Intelligence Unit

Diplomacia partidaria e politica externa do Brasil - Marcio Bittar

Independente do partido do autor do artigo, caberia fixar-se nos argumentos, não em quem os expede.
http://www.contilnet.com.br/Conteudo.aspx?ConteudoID=18194

06/06/2012 14:41 - Atualizado em 06/06/2012 15:26
Os Equívocos da Diplomacia Petista
Marcio Bittar
É eloquente o mutismo da diplomacia brasileira diante dos constantes ataques do governo cubano aos dissidentes políticos em greve de fome, desqualificados pelo presidente brasileiro, à época, como meros criminosos comuns.

O mundo assiste, com indignação, a crescente onda de violência perpetrada pelo governo sírio contra sua população civil, que culminou, na última semana de maio, com o massacre ocorrido em Houla, que resultou em 108 mortos, dentre eles, 49 crianças com menos de 10 anos, marcando a exacerbação das pressões por uma intervenção por parte da ONU naquele país.

No momento em que os principais países recorrem às mais duras medidas para repudiar o massacre sistemático do povo sírio por seu próprio governo, o Brasil mais uma vez decide contemporizar e defende a manutenção do diálogo com o ditador sírio Bashar AL-Assad, isolando o Brasil perante a comunidade internacional.

Este é mais um episódio que mancha a diplomacia brasileira, somando-se aos diversos sinais de apoio a ditaduras que desrespeitam os direitos humanos, promovidos pelo governo do PT, resultando em fatos grotescos, como a recepção em Brasília do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e a viagem do presidente Lula a Teerã para tentar evitar, inutilmente, uma ação da comunidade internacional contra o programa nuclear iraniano. 

Ou manifestações de simpatia pelo ditador do Zimbábue, Mugabe, com quem se reuniu por iniciativa de Hugo Chávez. Ou a impotência diante da transformação da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa num palanque do aliado Manuel Zelaya, presidente deposto de Honduras.

É eloquente o mutismo da diplomacia brasileira diante dos constantes ataques do governo cubano aos dissidentes políticos em greve de fome, desqualificados pelo presidente brasileiro, à época, como meros criminosos comuns.

Também é inegável a ligação umbilical do PT com as FARC, uma notória força terrorista que tem se dedicado muito mais aos sequestros, atentados, assassinatos e tráfico de drogas do que propriamente à luta política contra o governo constitucionalmente eleito da Colômbia. E essa história ligação passou a afetar, de forma negativa, a nossa política externa com aquele país vizinho.

Da mesma forma, o Itamaraty assiste com uma omissão surpreendente, aos arroubos ditatoriais do governo de Hugo Chavez, que cala, com violência, a imprensa e a oposição venezuelana.

Ora, a questão da política externa, em qualquer país democrático, é uma política de Estado, e não de governo ou de partido. Mas, ao longo dos governos petistas tem ocorrido uma clara inversão de valores, com uma grande influência da ideologia partidária nas ações do Itamaraty.

Essa partidarização da política externa respondeu, primordialmente, ao objetivo de dar uma satisfação ideológica aos segmentos mais radicais do PT, como uma espécie de compensação pela continuidade no modelo econômico herdado do governo do PSDB. Ocorre que essa prática tornou-se hábito e hoje a diplomacia “companheira”, promovida nos governos petistas, demonstra uma opção por um modelo terceiro-mundista arcaico e um antiamericanismo infantil e estéril.

São vários os equívocos cometidos pelo governo, no seu afã de pintar com cores ideológicas as relações externas. O Governo brasileiro apoiou para a direção da Unesco o cidadão egípcio antissemita Farouk Hosni, e foi derrotado fragorosamente. E, o mais grave, para apoiar uma indicação de flagrante caráter partidário, o Brasil desprezou o diplomata brasileiro Márcio Barbosa, que teria o apoio dos países europeus e dos próprios Estados Unidos.

Na viagem da presidente Dilma à China em 2011, os direitos humanos estiveram ausentes da pauta, mesmo diante das notícias de que, desde as Olimpíadas e dos protestos em Xinjiang e no Tibete, ocorreu uma onda repressiva que é a pior desde os massacres da Praça da Paz Celestial. A prisão do Nobel da Paz Liu Xiaobobo e do artista plástico Ai Weiwei são somente a ponta do iceberg da violência política chinesa. E o governo brasileiro mantém-se silencioso, em nome de discutíveis interesses comerciais.

É inaceitável que aqueles que ocupam o governo brasileiro e a bem pouco tempo lutavam contra a ditadura militar, empunhando bandeiras em favor das liberdades, hoje relativizem os direitos humanos.

O viés ideológico da nossa política externa significa o abandono de posições constitucionais de defesa dos direitos fundamentais e tem custado caro ao país. Lembro que o governo boliviano expropriou as instalações da Petrobras naquele país, e o Brasil respondeu a esse gesto criminoso contra os interesses nacionais com absoluta omissão.

Atualmente cidadãos brasileiros são vítimas de ataques da polícia do “companheiro” Evo Morales. Agricultores e comerciantes instalados há muitos anos nas franjas da fronteira entre a Bolívia e o Brasil, são expulsos de forma sumária e violenta, e a diplomacia brasileira assiste a todos os arroubos populistas do Presidente Boliviano com absoluta leniência.

É urgente que o governo devolva a diplomacia brasileira ao trilho dos ditames constitucionais, que determina o respeito à prevalência dos direitos

humanos, abandonando a posição dúbia de silencio obsequioso diante de violações cometidas por países como a Síria, o Irã, China, Venezuela ou Bolívia.

Se o Brasil cresce com importância potencial no cenário mundial, não tem como continuar tratando política externa com posições anacrônicas e eivadas por preconceitos. Quando o governo se omite diante de barbáries, a omissão se dá em nome de todos os cidadãos brasileiros.

A diplomacia imposta pelo PT, em razão dos equívocos acima apontados, vem descapitalizando de maneira crescente a credibilidade internacional do Brasil, comprometendo, desse modo, o próprio prestígio do País. Esta situação vem sendo agravada pelo empenho do governo em construir parcerias com regimes pautados pelo arbítrio. A continuidade desta diplomacia é indesejável e inconstitucional.

*Marcio Bittar é Deputado Federal pelo PSDB/AC e Presidente do Diretório Estadual do PSDB/AC

Lula: mudando a relação de forcas no mundo

Realmente é difícil ser da América do Sul: não nos convidam para nada. Temos de enfiar o pé na porta e dizer que chegamos para o baile.
Depois vai ser preciso pagar o custo do baile. Não vale sair de fininho no fim da festa, ou só aproveitar os comes e bebes e querer ficar fora da despesa...
Paulo Roberto de Almeida


Lula critica países ricos e quer o Brasil junto às tomadas de decisão

Correio do Brasil, 7/6/2012 14:17,  Por Redação - do Rio de Janeiro
Lula
Lula, ao lado do prefeito Eduardo Paes, em uma inauguração no Rio de Janeiro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as nações mais ricas em relação ao combate à crise econômica e cobrou a inclusão do Brasil nos processos decisórios. Durante ato na noite passada, ao lado do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral, ele lamentou que a última conversa entre os líderes do G8, grupo das antigas nações de maior economia mundial, tenha se dado sem a participação brasileira.
– Mesmo quando a gente conquista o direito de participar do baile, eles não nos convidam. Não é fácil ser da América do Sul, como não é fácil ser da periferia de alguma cidade – disse.
Lula acrescentou que é preciso lembrar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que o Brasil está entre as sete maiores economias do mundo, à frente de nações “falidas” como França e Itália.
– Nem a China tem a segurança de crescimento que o Brasil tem até 2020 – afirmou.
O discurso foi realizado durante a inauguração do primeiro corredor exclusivo para ônibus no Rio de Janeiro, uma das obras voltadas à melhoria da mobilidade urbana com vistas à Copa de 2014 e à Olimpíada de 2016. Lula aproveitou ainda para elogiar a nova geração de políticos que, segundo ele, tem mais preocupação com as camadas pobres da sociedade, e lembrou os ganhos para a população da boa relação entre os governos federal, estadual e municipal.
– Acabou o tempo em que os governantes só gostavam de governar na rua dos ricos, no bairro dos ricos. Tem gente que acha que pobre só gosta de pé de frango. Não. A gente gosta de peito de frango também – discursou.
Nos momento em que arrancou mais aplausos da plateia, Lula falou sobre governar para os mais pobres.
– Eu sempre digo para a Dilma que cuidar dos pobres é a coisa mais barata que existe. Se pobre pudesse ser vendido como ação em época de eleição, seria a ação mais valorizada na bolsa de valores. Uma vez o Joãosinho Trinta foi criticado porque a Beija-Flor tinha muito luxo. Ele disse: ‘pobre gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual’. Ele estava certíssimo. A gente não gosta de comprar coisa de segunda, a gente não gosta de pisar na lama, a gente quer morar bem – concluiu Lula.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

PIB do Brasil tem ENORME aumento...

Bem, não se trata exatamente daquele PIB que vocês estão pensando, mas da Produção Intensa de Bobagens, o que nunca falta no Brasil, mas por vezes acelera mais...
Paulo Roberto de Almeida 

Discurso não resolve crises

Editorial O Estado de S.Paulo, 07 de junho de 2012
Quando mais se espera que, não podendo mais deixar de reconhecer o tamanho dos problemas, o governo Dilma adote um plano articulado para debelar os efeitos mais nocivos da crise mundial sobre a economia brasileira, o que se vê é a repetição do que tem feito até agora, sem resultados concretos: vender otimismo, ameaçar os pessimistas e construir um cenário cada vez mais distante da realidade. Utilizam-se promessas para enfrentar problemas.
Embora tivesse demonstrado, no início da semana, grande preocupação com a situação - sobretudo depois da constatação, pelo IBGE, da estagnação da economia no primeiro trimestre -, a ponto de convocar uma reunião de emergência com os principais ministros e auxiliares da área econômica para decidir ações imediatas, na terça-feira a presidente Dilma Rousseff parecia ter descoberto um novo quadro econômico. Na sua avaliação, a expansão da economia em 2012 não será menor do que a registrada no ano passado (quando o PIB cresceu 2,7%), como está sendo previsto pela maioria dos economistas do setor privado, porque o governo vai lançar mão dos instrumentos necessários para estimular os investimentos e sustentar o crescimento do consumo.
"Quem aposta na crise, como (fez) há quatro anos, vai perder de novo", profetizou Dilma, na solenidade do Dia Mundial do Meio Ambiente. Repetiu a bravata feita pelo presidente Lula em 2009, que disse que quem apostasse que a crise internacional iniciada no ano anterior quebraria o Brasil acabaria "quebrando a cara". O País, disse Dilma, tem um "arsenal de providências" que podem ser colocadas em prática. "Sistematicamente, tomaremos medidas para expandir o investimento público, estimular o investimento privado e o consumo das famílias."
É o que se espera que seja feito, mas de maneira eficiente. Em tese, esse tripé sustentará a atividade econômica e propiciará o crescimento mais rápido dentro de algum tempo. Mas, na prática, há superdimensionamento de um dos pés e atrofia dos outros dois. O que o governo tem feito com grande insistência é estimular o consumo, por meio da ampla oferta do crédito, a juros menores. É uma política cuja eficácia está limitada pela capacidade de endividamento das famílias e pela disposição dos bancos de emprestar. O aumento do comprometimento da renda das famílias com despesas financeiras e o crescimento dos índices de inadimplência indicam que essa política terá efeitos cada vez menores.
As incertezas do cenário internacional e os impactos da crise na economia brasileira paralisaram os investimentos privados. Por isso, é o momento adequado para o governo utilizar seu "arsenal de providências" e acelerar os investimentos públicos. Até agora, porém, o governo Dilma mostrou pouca aptidão para isso. Os investimentos federais neste ano são os menores dos últimos três anos (para o período janeiro-maio), como mostrou o Estado, ontem.
Demonstrando despreocupação com o quadro econômico, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a economia registrará em maio e junho índices de crescimento "muito maiores" do que em abril e o resultado do segundo trimestre será melhor do que o do primeiro. Na sua avaliação, a economia superou a fase de estagnação e entrou numa rota positiva. "Teremos crescimento do PIB e da produção industrial", destacou, referindo-se ao setor que, em abril, apresentou resultados decepcionantes. Citou a indústria automobilística, que tem grande peso na composição do PIB, e que, na sua opinião, "agora vai crescer mais do que outros setores".
Igualmente sem demonstrar preocupação com o cenário, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu as medidas adotadas pelo governo para estimular o crédito e o consumo das famílias. Num momento em que caberia à autoridade monetária no mínimo apontar os riscos do contínuo estímulo aos financiamentos quando diminui a capacidade financeira do consumidor e cresce a inadimplência, Tombini tem-se limitado a defender as ações do governo - com o qual mostrou perfeito alinhamento durante a audiência pública na Câmara dos Deputados.

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