Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
Nunca Antes na Diplomacia: este era o título de meu livro de 2014, sobre os anos bizarros do lulopetismo. Acho que vou ter de revisar esse título, ou pelo menos o julgamento... Paulo Roberto de Almeida Brasília, 13 de março de 2019
Trade and tariffsare all over the news because President Trump is going after China.
The president’s tweets and public statements tell us he doesn’t liketrade deficits, particularly the one with China. He seems to view it as a win-or-lose proposition.
That’s not exactly right.
For one, a trade deficit between two nations isn’t unusual. Precisebalancewould be strange. Countries have different needs, so some import more than others.
Also, it’s not like the side with the deficit loses anything.
In this case, China gets our dollars and we get Chinese-made goods. Your house is probably stuffed with little pieces of the U.S.-China trade deficit.
Is that bad? As an economic matter, it’s just reality.
Americans want Chinese goods more than we want the dollars spent on them.
Chinese want those dollars more than they want the goods.
It’s not about winning or losing. Everybody gets what they want.
The Real Threat
There’s a catch, though. I said, “The Chinese want those dollars,” but they’d prefer to use their own currency. Eventually they will, too, but for now we still settle our trade in dollars.
Just as our homes hold Chinese goods, Chinese bank accounts hold trillions of greenbacks. That’s the other side of the trade deficit President Trump hates so much. It’s the same money.
What do the Chinese do with those excess dollars?
Well, they invest many of them in U.S. Treasury securities — to the point that China is our government’s largest foreign lender.
Some people see this as ominous, fearing China will dump this paper and cause a crisis. But doing so would probably require Beijing to take a big loss, and that’s not its style.
The bigger danger is thatChina may simply buy fewer Treasury bonds. This is simple math. Chinese investorscan’tbuy our T-bonds unless they have excess dollars — and they won’t if the president succeeds in reducing the trade deficit.
See the problem?
The U.S. government spends way more than it collects in taxes.
Treasury must finance the difference by selling bonds.
Someone with dollars must buy those bonds.
China’s dollar surplus makes it a natural buyer.
If China doesn’t buy our bonds, somebody else will… but probably at higher interest rates. Prices rise when an external force constrains supply. This will raiseWashington’s interest costsand furtherenlarge the debt.
And when Treasury rates rise,otherlong-term interest rates (like mortgage rates) rise too. That could make home purchases more expensive, reducing other consumer spending and maybe hurting the housing industry.
So attacking this trade deficit problem — which isn’t really a problem — risks making someactualproblems even worse. That’s not “winning.”
Burning Bridges
Now, some say all of this is a negotiating tactic… that the president’s unpredictable tough talk leaves opponents off guard and sets up a “win.”
Such tactics worked for Trump in private business. In fact, the president’s business skill is why many folks voted for him. He promised to negotiate great deals and had a track record for doing it.
The problem: Governing isn’t a business.
In a transactional business like real estate, you probably won’t deal with the same counterparty again. Burning bridges behind you can make senseifyou have thousands more unburned bridges in front of you.
In politics, both domestic and international, you must negotiate with the same people repeatedly on different topics. If you’re unreasonable on Item A, it also affects Item B.
Trade negotiations are particularly hard because so many groups have a stake in the outcome. Overt threats rarely help. They might even hurt, by sparking opposition that prevents the other leader from offering concessions.
On the Brink of a Global Trade War
Trump is right that China hasn’t always played fair. Many other nations feel the same way. That’s a negotiating tool the U.S. could use to our advantage.
As China’s biggest export market, the U.S. has plenty of leverage. We could haveeven moreleverage by working with China’s other top customers, primarily Western Europe.
But Trump isn’t doing that. He is doing theoppositeby openly threatening Canada, the EU, Japan and other developed countries with tariffs as well.
This makes it hard to ask for their help against China — and even gives China an opening toseek EU supportagainstthe U.S.
Consequently, the chance of getting significant reforms from China is lower, and the risk of a negative outcome like trade war is higher.
Maybe President Trump sees that as a risk worth taking. But it highlights another key difference between business and government negotiations.
In his real estate deals, the people at risk were Trump himself and the business partners who willingly joined him. As president, he’s generating risk foreveryone. No one gets to opt out.
Financial markets see this and don’t like it at all — nor should they. Events could easily spiral out of control, with harsh economic consequences.
China’s response so far is to threaten its own tariffs on U.S. agriculture and other Trump-friendly sectors. They think penalizing the president’s supporters will make him back down.
I’m not so sure, for two reasons:
First, those same business groups failed to stop the president’s earlier trade actions. Their influence on the White House appears to have waned.
Second, being punished by China might make the president’s supportersmoreloyal, not less. Outside attacks often unify people who might otherwise split.
If so, the trade fight is likely to get worse before it gets better. So get ready for a long siege.
A despeito de estar limitado ao período 2014-2018, como indicado em seu subtítulo, meu livro comporta dois textos que foram elaborados neste princípio de ano de 2019.
existe uma pequena seção do capítulo 23, que também foi redigida em janeiro deste ano. Permito-me transcrevê-la abaixo. Paulo Roberto de Almeida
23.9. Epílogo: estaríamos numa versão circular da história?
Termino a revisão, perfunctória, desse meu depoimento, num momento também crucial da democracia brasileira, em uma conjuntura em que se afastou – pelo menos temporariamente – o antigo regime lulopetista, que ameaçava reinstalar-se no poder ainda em outubro de 2018. Entre o final de 2018 e o início de 2019, tem-se a impressão de que concluímos não apenas um governo de transição – o do vice-presidente Michel Temer, alçado constitucionalmente à condição de presidente como resultado do “golpe” parlamentar processando entre maio e agosto de 2016 –, mas também encerramos um regime político, embora ainda não “enterrado” completamente, pois que objeto de uma resistência política e de alguma barragem “intelectual” em meios importantes da opinião pública (os ambientes universitários e dos meios de comunicação, prioritariamente), o que permite afirmar que o nefando regime criminoso possui certa resiliência política (que não está limitada aos militantes partidários e lideranças sindicais, já que dispondo igualmente de fortes apoios em meios jurídicos e corporativos), e de alguma simpatia no exterior. Com efeito, tanto a história do “golpe” contra o governo lulopetista, como uma suposta “ameaça” de retorno ao autoritarismo dos tempos da ditadura militar, e mesmo de implantação de um suposto “fascismo”, como resultado do recente processo eleitoral, encontraram bastante acolhimento nos periódicos estrangeiros, mesmo alguns mais “liberais” ou supostamente conservadores, como a revista Economist, por exemplo.
Ao final desse regime, iniciamos uma nova etapa na vida do país, aparentemente nas antípodas das orientações em vigor anteriormente, mas que conservam algumas das características já evidenciadas naquela fase, a saber: ideias e conceitos identificados com correntes de direita, ou conservadoras, que não se limitam ao alegado liberalismo econômico proclamado pelos novos donos do poder. Talvez seja ainda muito cedo para apresentar evidências ou argumentos tendentes a confirmar aquela visão circular da história, presente em determinadas teorias historiográficas ou até religiosas. Cabe observar com atenção as novas orientações, para depois efetuar alguma análise objetiva da nova situação. Quanto ao meu papel, ele permanecerá substancialmente o mesmo, qual seja: a observação cuidadosa da realidade, a reflexão ponderada, a manutenção de minha independência de pensamento, em total honestidade intelectual, com a prática sempre recomendada do ceticismo sadio, a melhor atitude que se pode manter em contextos transitórios e levando a destinos ainda incertos.
Continuarei, no que me concerne, em meu quilombo de resistência intelectual: o blog Diplomatizzando, não para fazer resistência ao novo governo, mas simplesmente para praticar meu esporte habitual: a análise crítica das políticas públicas e sua possível adequação às necessidades do Brasil. Temos um problema de curto prazo – o déficit orçamentário e o ajuste fiscal –, um desafio de médio prazo – a manutenção de uma taxa de crescimento sustentado via investimentos produtivos – e um outro enorme desafio de médio e longo prazos: a elevação dos ganhos de produtividade, questão estruturalmente vinculada aos níveis medíocres da educação de massas no Brasil. Espero sinceramente que o Brasil possa vencer seus mais urgentes desafios e introduzir novos padrões de educação.
Durante os dois anos de minha gestão à frente do IPRI – de 3 de agosto de 2016 a 4 de março de 2019 – esforcei-me por ampliar a audiência dos eventos que, com a ajuda de colegas e assistentes, organizei ao longo desse período. Um relatório completo de tudo o que o IPRI realizou ao longo desses dois anos e meio, e também tudo o que fiz, pessoalmente, no mesmo período, figura neste blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/ipri-meu-relatorio-de-atividades-2016.html). Aparentemente, essa abertura ao público externo, especialmente à comunidade acadêmica, corre o risco de ser revertida, a julgar pela últimas iniciativas tomadas pelas novas autoridades da Casa. Desde o início do ano, fui instruído a não empreender nenhum evento, até que o ministro de Estado e o novo presidente da Fundação Alexandre de Gusmão examinassem o meu programa de atividades para 2019, para depois decidir o que poderia ser efetivamente empreendido. Em 42 anos de trabalho no Itamaraty é a primeira vez que fui ordenado a não trabalhar, o que me pareceu muito estranho, quando não vexaminoso, para mim e para o IPRI. Uma das atividades que já estavam programadas, e comprometidas formalmente com a seção cultural da embaixada da França em Brasília, era composta de duas palestras-debate a cargo de uma professora da Sorbonne, Laurence Badel,a primeira sobre os diplomatas escritores (para a qual eu fui convidado em minha condição pessoal, não com diretor do IPRI), a segunda sobre o centenário das negociações de paz de Paris, em 1919, sob organização do IPRI, ambas previstas para ocorrer no Instituto Rio Branco, mas no âmbito da "Semaine de la Francophonie", organizada por todos os países de expressão francesa representados em Brasília. Tomei conhecimento, na tarde de terça-feira que ambas atividades, que seriam realizadas em auditório aberto, no dia 19, foram convertidas em aulas fechadas, exclusivamente para os estudantes do Instituto Rio Branco, o que pode representar uma espécie de desfeita tanto para a professora francesa, quanto para a embaixada da França em Brasília. Ontem, por sinal, recebi um convite do embaixador da França para um almoço na Residência, a propósito dessa visita. Creio que será algo melancólico. Tempos não convencionais no Itamaraty, tal como coloquei em subtítulo de meu livro de 2014: "Nunca Antes na Diplomacia". O próximo livro se chamará "Contra a Corrente". Paulo Roberto de Almeida
Vélez e Araújo perdem tempo administrando vaidade, superstições e despreparo
O Brasil destina mais de 5% de sua renda ao sistema educacional público —patamar compatível com padrões internacionais— sem conseguir ensinar o básico aos jovens que farão sua economia funcionar nas próximas décadas.
Na prova internacional Pisa de 2015, nossos estudantes classificaram-se em posições decepcionantes em matemática (63ª entre 70 países), leitura (58ª) e ciências (65ª).
Diante desse panorama, o que acontece no Ministério da Educação transcorridos mais de dois meses do governo Jair Messias Bolsonaro (PSL)? Uma sucessão de maus passos e intrigas, que nada têm a ver a produtividade nacional.
Eis a decorrência previsível de tratar a pasta como quintal para estripulias dos setores mais caricatos na coalizão de forças conservadoras que elegeu o presidente. O mesmo se observa no Itamaraty.
No MEC, fala-se numa misteriosaLava Jato da Educação, a qual só logrou produzir oscilações na Bolsa dos títulos de conglomerados de ensino. Nos bastidores, as chamadas alas pragmática e ideológica se engalfinham.
Vélez, reagindo a invectivas do escritor Olavo de Carvalho desde a Virgínia (EUA), passou ademitir ex-alunos do ideólogoque o indicara. Tal desenvoltura teria irritado o presidente, que exigiu a exoneração de um militar instalado no gabinete, ao que parece, para vigiar e coibir excessos.
Nas Relações Exteriores, o campo se mostra igualmente conflagrado. Ernesto Araújo se inclina a um alinhamento com Washington, potencialmente prejudicial ao volumoso comércio com a China.
Ironicamente, a potência asiática se prepara para aumentar as importações de soja dos EUA, em detrimento de produtores brasileiros.
Com a vizinha Venezuela à beira de um conflito civil, Araújo voltou sua atenção, na semana passada, para textos críticos à sua gestão publicados porPaulo Roberto de Almeida, diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri). Demitiu-o.
Ato contínuo, constrangeu-se a adiar palestra no Ipri dopróprio sogro, o embaixador aposentado Luiz Felipe Seixas Corrêa.
Vélez e Araújo perdem tempo precioso administrando uma mistura de vaidade, superstições e despreparo. A responsabilidade maior é do presidente, que enxerga o país pelas lentes enviesadas da internet.
O centenário
de nascimento do embaixador Sérgio Corrêa da Costa, em 19 de fevereiro, nos
permite rememorar algumas das facetas de um dos mais importantes representantes
de uma geração de diplomatas que marcou de forma indelével sua passagem pelo
Itamaraty. Correa da Costa, junto com Roberto Campos, Azeredo da Silveira,
Ramiro Saraiva Guerreiro, Gibson Barbosa, Vasco Leitão da Cunha, Jorge Carvalho
e Silva, Mozart Gurgel Valente, Miguel Ozorio, Antonio Correa do Lago, entre
outros, deram sua contribuição para que a Chancelaria brasileira se afirmasse
como uma instituição a serviço do Estado, acima de partidos ou de ideologias.
Diplomata de
carreira, mas com interesses que iam além das atividades como servidor público
exemplar, atuou como consultor no setor privado e tornou-se respeitado como
intelectual e historiador.
Conheci
Correa da Costa quando chegou a Londres em 1968 para chefiar a embaixada junto
a Corte de Saint James, onde eu começara a servir no exterior com o embaixador
Jaime Chermont. O novo embaixador chegava do Brasil tendo deixado a Secretaria
Geral do Itamaraty.
Estávamos no
governo Costa e Silva e o Ministro era Magalhães Pinto. Como Secretario
Geral, Corrêa da Costa ousou ser avançado para o seu tempo, onde os
radicalismos internos e externos em tempos de Guerra Fria, deixavam pouco
espaço para posições independentes. Na defesa do interesse brasileiro, superou
facciosismos políticos internos e articulou a volta de cientistas que se
exilaram no exterior. Entre outras iniciativas, foi um pioneiro na defesa do
interesse brasileiro na energia nuclear e seu grande estimular Deu
grande ênfase ao planejamento diplomático com o apoio de brilhantes diplomatas
como Paulo Nogueira Batista e Ovidio de Andrade Melo.
Depois de
Londres, serviu como embaixador do Brasil nas Nações Unidas e Washington, onde
também deixou sua marca. Aposentou-se em Washington em 1986. Aí passou a trabalhar na empresa de consultoria de Henry
Kissinger - Kissinger Associatese deu aulas de História do Brasil na
Universidade da Carolina do Norte. Posteriormente foi viver em Paris, onde
trabalhou como advogado internacional no escritório Coudert-Freres e atuou como árbitro, em litígios submetidos à apreciação
da Câmara de Comércio Internacional.
A designação
do diplomata, no inicio de sua carreira, em 1940 para trabalhar no Arquivo histórico
do Itamaraty foi um fator acidental que teve grande influência na sua formação
e pelo seu gusto pela história, Ali instalou, como ele mesmo dizia, uma 'tenda
de trabalho'. Sua pesquisa nos arquivos do Itamaraty resultaram em intensa
produção intelectual. As Quatro Coroas de D. Pedro I (1940) e D.
Pedro I e Metternich (1942), A Diplomacia Brasileira na Questão de
Letícia (1942), sobre o diferendo entre a Colômbia e o Peru e A Diplomacia do Marechal - Intervenção estrangeira na revolta da Armada
foram escritos nesse período.
Correa da
Costa sempre atuou guiado pelo que Machado de Assis chamou de “instinto de nacionalidade”. Não apenas contribuiu para
dar conteúdo e sentido à temática nacional, mas, sobretudo, viveu intensamente
a sua época. Tanto na diplomacia, como na cultura e na história.
Em
Paris, na veia de historiador, publicou Brasil, Segredo de Estado (2001) e Crônica
de uma Guerra Secreta: Nazismo na América (2005). Ao mesmo tempo, dedicou-se
a uma pesquisa original sobre a presença de palavras estrangeiras em diferentes
idiomas. Esse trabalho trouxe um novo elemento a esse debate sem precedentes: o
estudo da globalização lexical, filão até então pouco examinado. No final de
1999, foi publicado na França, e depois no Brasil, Mots sans Frontières
- Palavras sem fronteiras. Pela originalidade e por mostrar até aquele
momento a força do idioma francês, o trabalho recebeu, por indicação do
Instituto de França e da Academia Francesa, o grande prêmio da Fundação
Príncipe Louis de Polignac, do Principado de Mônaco.
Na
diplomacia, a palavra tem um
significado muito sutil e delicado. É um instrumento de trabalho refinado e com
muitas implicações para o entendimento entre as nações, para a paz e para as
disputas politica, comerciais e bélicas. Correa da Costa foi um militante
da globalização da palavra. Depois de ser apresentada na Academia Brasileira de
Letras (ABL) no Rio de Janeiro e no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, a
exposição Palavras sem Fronteiras foi acolhida no Itamaraty em 2018 e saudada
pelo Ministro Aloysio Nunes Ferreira.
Em agosto de 1983 foi eleito
para a cadeira número sete da ABL, que tem por patrono Castro Alves.Em seu discurso de posse, não se esqueceu do Itamaraty, lembrando que a “tradição da
Chancelaria consiste em identificar em cada momento histórico os interesses
nacionais a defender. A constante preocupação com o Brasil perante o mundo e a
busca permanente de meios para bem cumprir sua missão valeram justamente ao
Itamarati a qualificação de “estado-maior civil da Nação”.
Em Paris, seu apartamento se
transformou em um ponto de reuniões entre intelectuais brasileiros e franceses.
Durante mais de uma década, Sérgio Corrêa da Costa acabou sendo, na
pratica, o representante da Academia Brasileira de Letras junto à sua congênere
francesa,. Tornou-se amigo de Maurice Druon, secretário perpétuo da Academia
Francesa, que tinha, como ele, raízes maranhense, de Helène Carrère d´Encausse,
sua sucessora e também de Philippe Rossillon, o secretário-geral da União
Latina.
Homem do
mundo, Correa da Costa, servidor do Estado, é um exemplo para as novas gerações
de diplomatas que deveriam também reafirmar sempre seu “instinto da
nacionalidade“, em uma instituição de excelência, como o Itamaraty.
Rubens
Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington
Antes que os bolsonaristas mais aguerridos peguem em armas, esclareço: o lunático do título não é quem vocês estão pensando. Refiro-me a Olavo de Carvalho, o guru que faz a cabeça do presidente.
O autoproclamado filósofo emplacou dois pupilos como ministros: o das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. As presepadas dos discípulos não saciaram o mestre. De seu escritório em Richmond, ele se dedica a semear intrigas e provocar novas crises em Brasília.
No fim de janeiro, Olavo se lançou numa cruzada contra o vice-presidente Hamilton Mourão. Chamou o general de “maluco”, “covarde”, “psicopata”, “charlatão desprezível” e “vergonha para as Forças Armadas”.
Como o vice não pode ser demitido, o ideólogo escolheu outros alvos. Na semana passada, o embaixador Paulo Roberto de Almeida o culpou por sua exoneração do Ipri, o instituto de pesquisas do Itamaraty. O diplomata havia chamado Olavo de “sofista” e “debiloide”.
Na sexta-feira, o guru da ultradireita surpreendeu ao pedir que seus alunos no governo, “umas poucas dezenas”, entregassem os cargos imediatamente. “O presente governo está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo, e andar em companhia desses pústulas só é bom para quem seja como eles”, dramatizou.
Era só jogo de cena. Na verdade, Olavo queria revanche após saber que alguns pupilos haviam sido rebaixados na hierarquia do MEC. A tática funcionou. Ontem Bolsonaro mandou Vélez demitir três militares que se contrapunham aos olavistas no ministério. O expurgo mostra que o governo é refém de um personagem que divulga teorias conspiratórias e se descreve como “apenas um véio lôco” no Facebook.
Além de ver comunistas em toda parte, Olavo promove uma campanha incansável contra as universidades e o jornalismo profissional. Não por acaso, é cultuado por blogs governistas que propagam “fake news”.
Há poucos dias, o blogueiro que difamou uma repórter do jornal “O Estado de S. Paulo” pediu doações em dinheiro para o guru. “Professor Olavo precisa da nossa ajuda”, justificou.