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domingo, 1 de abril de 2012

Presidente Dilma: revisaremos a politica economica (surpreendente!)


Empresa Brasileira de Comunicação
01/04/2012

Brasil decide revisar completamente sua política econômica; entrevista exclusiva com a presidenta Dilma em seu retorno da reunião dos Brics
01/04/2012 - 12h28 – URGENTE, Exclusivo
·       Internacional
Renato Girão
Repórter da Agência Brasil
A bordo do avião presidencial – Durante o longo percurso aéreo de retorno ao Brasil da reunião dos Brics em Nova Delhi – combinada à visita oficial feita à Índia –, a presidenta Dilma Rousseff concedeu, em 31 de março, importante entrevista exclusiva à Agência Brasil, da Empresa Brasileira de Comunicação, cujos elementos principais são reproduzidos a seguir. Nessa entrevista, feita depois que o avião presidencial fez escala técnica em Palermo, na Itália, quando o repórter da EBC foi admitido no compartimento presidencial da aeronave, a presidenta tratou do que andam fazendo os países do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – mas se ocupou, também, das medidas que deve anunciar dentro em pouco no Brasil em torno da política industrial e da reforma tributária. Um relato completo da entrevista deverá ser colocado no site da EBC tão pronto se desgrave a entrevista; seguem trechos selecionados.
EBC: Presidenta, que avaliação a Senhor faz desta mais recente cúpula dos BRICs?
DR: Você sabe que eu achei essa reunião mais interessante, mais objetiva, do que a que fizemos no ano passado na China? A declaração saiu um tanto grande demais para o meu gosto, mas você sabe como são as coisas com esse pessoal diplomático, eles sempre colocam mais coisas do que é humanamente possível ler em 10 minutos. Mas a conclusão é essa mesma: os emergentes, em especial o nosso grupo dos Brics, se tornaram indispensáveis na nova ordem mundial; ninguém mais poderá dizer, ou fazer alguma coisa, sem levar em conta nossas propostas. Nos queremos participar, e temos propostas concretas a fazer.
EBC: A Senhora poderia indicar algumas dessas propostas presidenta?
DR: Bem, tem a questão da nossa participação nos organismos econômicos, você sabe, a OMC, Bretton Woods, essas aí: não queremos mais ser apenas ouvidos, mas queremos que o poder de decisão reflita a importância que já adquirimos no cenário mundial. É certo que muito desse poder é da China, mas nós também temos o que dizer, e precisamos aumentar a nossa quota em cada uma delas. (...)
EBC: Os emergentes, e os BRICS nesse grupo, vão então continuar pressionando nesse sentido, presidenta?
DR: Ah, disso não tenha nenhuma dúvida. Na próxima reunião do G20, que os mexicanos estão organizando, aí pelo meio do ano, nós vamos botar a boca no trombone outra vez. Não silenciaremos enquanto nossas justas reivindicações não forem atendidas. E tem também essa coisa do desenvolvimento sustentável, e aí será o Brasil a ter um papel decisivo para o bom resultado das negociações, na reunião que teremos em seguida no Rio. O Brasil tem o que mostrar e não devemos nos curvar a quem já destruiu todas as suas florestas e agora vem nos cobrar que deixemos intactas as nossas, esquecendo das nossas necessidades de desenvolvimento; ele será sustentável, certo, mas será desenvolvimento. (...)
EBC: A reunião do México não será também uma nova oportunidade para cobrar dos países desenvolvidos uma solução mais rápida para a crise deles?
DR: Ah, isso com certeza! Vamos continuar exigindo que eles coloquem a casa em ordem, pois o que está acontecendo agora é aquilo que os historiadores já chamaram de “exporte a crise para o seu vizinho”. Com todo esse tsunami financeiro vindo dos países ricos, eles estão contribuindo – ainda que não fosse essa a intenção – para a valorização da nossa moeda, o que é uma forma de protecionismo disfarçado, ao inverso, você me entende? (...)
EBC: O Brasil está sendo vítima dessa situação internacional, presidenta?
DR: Mas é claro, e cada vez mais. Os americanos e europeus querem colocar a culpa nos chineses, mas a verdade é que os chineses, apesar de manterem lá a sua moeda grudada no dólar, eles guardam os dólares que ganham e fazem essa imensa reserva internacional que eles têm agora, de mais de três trilhões de dólares. São os americanos e europeus que estão despejando rios de dinheiro no mundo, desvalorizando suas moedas, para ganhar mais espaços no comércio internacional, e ao mesmo tempo ajudando a valorizar a nossa moeda. Nós não vamos permitir isso, e vamos atuar decisivamente para inverter a situação. (...)
EBC: Só mais uma pergunta, presidenta: parece que a equipe econômica está preparando mais um novo pacote de medidas para ser anunciado em sua volta. A Senhora poderia, se não for incômodo, detalhar algumas dessas medidas e dizer para a gente em que elas vão consistir, exatamente; por exemplo, medidas setoriais para ajudar a indústria, um pouco mais de defesa comercial, novas medidas na área cambial, o que a Senhora gostaria exatamente de fazer?
DR: Bem, eu não posso agora detalhar medidas que estão sendo discutidas com a minha equipe econômica, mas acho que não vai ser assim tão imediatamente na minha volta, não. Acho que precisamos fazer a coisa com responsabilidade, e não quero só mais um pacote com anúncios de improviso e medidas emergenciais para este ou aquele setor. Acho que o Brasil já está grande o suficiente para ser tratado com respeito, e por isso quero pensar um pouco mais em soluções mais duradouras, não apenas de curto prazo. Essa coisa de ficar fazendo pacotinhos para este ou aquele setor já deu o que tinha que dar. Precisamos pensar agora em coisas mais grandes, mais consistentes.
Não posso adiantar o que estamos preparando, mas uma coisa eu posso dizer. Já chegou na hora de pensarmos em uma verdadeira reforma tributária, do contrário é aquela choradeira toda vez que eu me reúno com os nossos capitães da indústria, todos eles com as mesmas reclamações. E eles pensam que é só culpa do governo federal? Não, isso não! Os governadores e prefeitos também pressionam nessa coisa, e na verdade eles não estão tão interessados em reforma tributária quanto em avançar sobre a parte do governo nas receitas, que, dizem eles, o governo federal não reparte com eles, porque são contribuições e não impostos. Mas, se for assim, nunca faremos reforma tributária e, mais importante, nunca reduziremos a carga, que está alta, eu reconheço; os nossos colegas dos Brics não tem essa carga toda, que mais parece coisa de país escandinavo, não é mesmo? E você não acha que o Brasil é um país escandinavo, acha?, com todos aqueles serviços, aquela maravilha...
Pois bem, o que eu vou propor é, como não tem acordo nenhum sobre uma reforma tributária ideal, perfeita, que nunca vai existir, a gente simplesmente se ponha de acordo sobre a redução da carga bruta, passo a passo, de maneira linear, um pouquinho de cada vez, assim ninguém terá do que reclamar. Daremos tempo aos estados e municípios – coisa de dez a quinze anos, digamos – para se eles se ajustarem, mas a ideia é essa mesma: reduzir as alíquotas, todas as alíquotas, de alguns pontinhos, digamos meio ponto percentual por ano, assim a queda na arrecadação será pequena, e em dez ou quinze anos teremos um nível aceitável de carga fiscal.
E veja você que é até possível que a nossa arrecadação suba. Tem aí um economista, esqueci o nome dele agora, que diz que quando se aumenta muito o nível dos impostos, a arrecadação na verdade diminui, porque as pessoas ficam encontrando maneiras de evadir, compreendeu? E quando se diminui a carga, a arrecadação aumenta, pois reduz essa necessidade de fraudar, me entende? Acho que tem de ser por aí.
Mas tem também outra coisa: acho que essa mania de ficar fazendo política setorial, para esse ou aquele ramo da indústria, já não funciona mais; porque na semana seguinte, chega mais um pessoal em Brasília reclamando as mesmas medidas, ou outras, para o seu setor também. Aí vira bagunça, não é mesmo. Por isso estou instruindo o meu pessoal a parar de fazer remendos no cobertor e passar a costurar um cobertor novo, com medidas iguais para todo mundo. Mais transparência e isonomia, entende? (...)
O Brasil merece isso, já é grande. Mas, com isso também vamos parar de ficar dando proteção a todo mundo, cada vez que um ou outro chora: como vamos reduzir os impostos, progressivamente, não podemos criar essas barreiras que depois vão repercutir mal lá fora, e aí ficar dando muito trabalho para o pessoal do Itamaraty. Acabou o protecionismo à la Argentina!
Agora, com licença que eu tenho uma coisa para terminar de ler aqui no meu iPad.
EBC: Obrigando Senhora Presidenta pela excelente entrevista.
Edição: Tales Carvalho

5 comentários:

Leandro Pereira disse...

Nao acredito no que estou lendo nesse post! Seria uma parodia?

Antonio Vinicius disse...

Rapaz, será mesmo!? Estou perplexo!

Coelhinho da Páscoa disse...

Que coincidência! Ano passado, no dia 01/04/2011, o Brasil denunciou o Tratado de Assunção. Hoje, 01/04/2012, a presindente declara: "Acabou o protecionismo à la Argentina!"

Anônimo disse...

O Ipad foi comprado no Brasil ou no exterior?? Nao esqueca de declara-lo para a receita, hein?

Nataniel disse...

Ahhh professor, outro 1° de abril?! kkkk