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terça-feira, 5 de março de 2019

“Isso de limpar o petismo do Itamaraty é uma grande bobagem”, diz Paulo Roberto de Almeida

Os olavistas vão "adorar" que eu transcreva o Diário do Centro do Mundo, os petistas menos, mas o fato é que eles selecionaram justo a minha frase fetiche que os deixa contentes. 
Como é que eu, um marxista cultural, poderia concordar com essa limpeza dos petistas do Itamaraty, justo nós que seguimos escrupulosamente a Convenção Internacional de Proteção das Espécies Ameaçadas de Extinção (Cites)?
Eu acho mesmo que os petistas devem ser protegidos. Como é que a gente iria se divertir, sem eles? Onde é que a Direita iria encontrar os inimigos ideais?
Eu, todo ano, escrevia as minhas previsões imprevidentes, que eram aquelas apostas sobre o NÃO iria acontecer durante o ano. Por exemplo: o governo petista se render ao liberalismo (ou até ao capitalismo), o MST apoiar o agronegócio, essas coisas. Sem os petistas tudo ficou sem graça. Vamos preservar os petistas...

Paulo Roberto de Almeida

“Isso de limpar o petismo do Itamaraty é uma grande bobagem”, diz Paulo Roberto de Almeida

Diário do Centro do Mundo, 5/03/2018

Em entrevista ao Estadão, o embaixador exonerado pelo ministro Ernesto Araújo, Paulo Roberto de Almeida, falou sobre sua saída a qual ele diz ter sido por conta de seu “espírito libertário”, mas que já esperava que isso fosse acontecer.
O chefe de gabinete então deixou claro que a exoneração tinha relação com as postagens?
Sim, claro. Com meu blog, sem dúvida nenhuma. Mas isso já era previsível. Eu já estava preparado. Porque o ministro de Estado demitiu todos os chefes da Casa. Desde antes de tomar posse, em dezembro, eles estavam anunciando que todos os subsecretários, os embaixadores, estavam dispensados.
E no lugar, hoje, os embaixadores estão obedecendo a ministros de segunda classe no Itamaraty. E todas as secretarias são ocupadas por funcionários juniores, ou menos antigos dos que estavam antes. Há muito embaixador sem função, o que vai ser meu caso agora também.
Por que o senhor acredita que isso ocorreu?
Isso ocorreu porque o chanceler Ernesto Araújo também é um embaixador júnior. E ele está usando um critério geracional, digamos assim, para renovar a chefia. O que pode ocorrer em determinadas circunstâncias, mas o fato é que houve uma quebra de hierarquia muito clara no Itamaraty desde janeiro. Houve também uma ruptura dos procedimentos quanto à reforma na Casa, totalmente sem consulta, sem nenhuma preparação.
Como o senhor vê o desempenho do chanceler até este momento?
Não sou eu que estou vendo. Os jornalistas todos têm feito comentários sobre as posturas anti-globalista, anti-climatista, essas questões envolvendo a Venezuela. Os militares parecem também terem visto isso e adotaram uma espécie de “cordão sanitário” ao redor do chanceler.
(…)
O senhor acredita que ainda podem haver novas exonerações no Itamaraty?
Vários embaixadores já foram exonerados de seus cargos que estão sem função. Então, acho que há essa perspectiva geracional. Não conheço nenhum diplomata petista. Talvez tenha dois ou três, mas devem estar quietos. Essa coisa de limpar o petismo do Itamaraty, o marxismo cultural, isso é uma grande bobagem. Porque o Itamaraty é feito por profissionais, que, claro, atendem ao presidente, seguem a política externa do Palácio. Algumas medidas tomadas recentemente são pouco compatíveis com a chamadas tradições do Itamaraty.

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