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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Putin promete fertilizantes a Bolsonaro - Matheus Schuch (Valor)

 Em conversa com Bolsonaro, Putin promete fornecimento ininterrupto de fertilizantes, diz Kremlin


Presidente da Rússia teria reforçado ainda a importância de restaurar o livre comércio de alimentos; Palácio do Planalto e o Itamaraty não se manifestaram

Por Matheus Schuch, Valor — Brasília
27/06/2022 13h24

Em conversa por telefone com o presidente Jair Bolsonaro, o líder russo Vladimir Putin prometeu garantir o fornecimento ininterrupto de fertilizantes ao país e renovou a intenção de cooperar para ampliar as relações entre os países em áreas como agricultura e energia. As informações foram divulgadas pelo Kremlin. Até agora, o Palácio do Planalto e o Itamaraty não se manifestaram.

Em nota publicada em sua página oficial, o governo russo disse que Putin reforçou a importância de restaurar o livre comércio de alimentos e fertilizantes, destruído, na sua opinião, por sanções impostas pelo Ocidente. As medidas foram adotadas após Putin invadir a Ucrânia.

Bolsonaro, que visitou Putin no Kremlin em fevereiro, dias antes do início da guerra, tem defendido o estreitamento das relações com a Rússia como forma de garantir os insumos necessários para a produção agrícola brasileira.

Confira, abaixo, a íntegra da nota divulgada pelo governo russo, em tradução literal: "Conversa telefônica com o presidente do Brasil Jair Bolsonaro

Os problemas da segurança alimentar global são considerados em detalhes. O presidente da Rússia fez uma avaliação detalhada das causas da difícil situação do mercado mundial de produtos agrícolas e fertilizantes. A importância de restaurar a arquitetura do livre comércio de alimentos e fertilizantes, desmoronada pelas sanções ocidentais, foi enfatizada.

Nesse contexto, Vladimir Putin ressaltou que a Rússia está empenhada em cumprir suas obrigações de garantir o fornecimento ininterrupto de fertilizantes russos aos agricultores brasileiros.

A intenção mútua de fortalecer consistentemente a parceria estratégica entre os dois países foi confirmada, incluindo a expansão da cooperação mutuamente benéfica em vários campos, incluindo agricultura e energia.

Alguns assuntos da agenda internacional também foram abordados, inclusive levando em conta a presidência rotativa do Brasil no Conselho de Segurança da ONU a partir de 1º de julho.

Foi acordado continuar os contatos em vários níveis."

https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/06/27/em-conversa-com-bolsonaro-putin-promete-fornecimento-ininterrupto-de-fertilizantes-diz-kremlin.ghtml

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Um general retroativo: Villas-Boas e a sinecura no GSI - Monica Gugliano (revista Piaui)

 questões do expediente 

Por que o general caiu

Os bastidores da demissão – às carreiras – do ex-comandante Villas Bôas

Monica Gugliano  
Revista Piauí, 22 jun 2022

Nesta terça-feira, dia 21 de junho, uma edição extra do Diário Oficial da União publicou a exoneração do general Eduardo Villas Bôas do cargo de “assessor especial” do também general Augusto Heleno, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Noticiou-se que a demissão ocorreu “a pedido” do próprio Villas Bôas, cujos familiares teriam convencido o general a deixar sua função no GSI para focar nos cuidados com a saúde. Em 2016, Villas Bôas foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa incurável. Só que os bastidores da demissão foram bem diferentes dessa versão oficial.

Na sexta-feira, 17 de junho, a piauí entrou em contato com o GSI e perguntou se o general Villas Bôas continuava na folha de pagamento do órgão, recebendo um salário de 13.623,39 reais. A revista queria saber se o general cumpria a jornada de trabalho de 40 horas semanais prevista no contrato. Caso não comparecesse fisicamente ao GSI, a piauíperguntava o tipo de tarefa que o general cumpria. Na ocasião, o GSI não se manifestou.

Na segunda-feira, dia 20, a piauí voltou a acionar o GSI pedindo uma resposta. No início da tarde, um alto funcionário – militar, que pediu para não ser identificado, porque não queria ser envolvido publicamente no assunto – informou, em conversa telefônica, que o general Villas Bôas seria exonerado naquele mesmo dia. Deste modo, o general seria poupado do constrangimento público de aparecer numa reportagem como funcionário-fantasma, e o governo se safaria da acusação de bancar uma sinecura ao miliar. A informação da exoneração, disse o militar, estaria no Diário Oficial de terça-feira. Antes, porém, seria preciso consultar o presidente Jair Bolsonaro e, obtida a autorização, avisar a família de Villas Bôas.

Em que pese a informação da futura exoneração, a piauí insistiu com o GSI para confirmar – ou não – se o general trabalhava e o que fazia. Às 18h43, a assessoria de imprensa do órgão enviou um e-mail à revista, assinado pelo general Augusto Heleno. O e-mail tem omissões eloquentes. Não diz se Villas Bôas efetivamente trabalhava no GSI nem esclarece se cumpria alguma tarefa.

Diz apenas o seguinte:

“O General Villas Bôas é Assessor do GSI.

General Heleno.”

No Diário Oficial de terça-feira não constava a exoneração de Villas Bôas. A informação – enfim autorizada por Bolsonaro e devidamente antecipada aos familiares do general – só saiu na edição extra, que começou a circular no meio da tarde.

Villas Bôas foi empregado no GSI em janeiro de 2019. Dois meses depois, em março, ele foi aposentado – reformado, como se diz no jargão militar – pelo Exército por invalidez em decorrência da ELA. A portaria, do dia 21 de março, saiu assinada pelo general de brigada João Denison Maia Correia, hoje na reserva, e trazia uma curiosidade: era retroativa. Dizia que o general deveria ser considerado aposentado desde 2016. Só que, nesta época, Villas Bôas era comandante do Exército, posto que ocupou de 2015 até 2019.

Consultado pela piauí, o Exército não explicou a razão da aposentadoria retroativa.


quinta-feira, 9 de junho de 2022

Eleições 2022: Bolsonaro abandonou o Brasil à fome - Editorial Estadão

 O Brasil foi abandonado

Bolsonaro e seus sócios do Centrão largaram o País à própria sorte para cuidar de seus interesses eleitorais. Resultado: 33 milhões de brasileiros com fome

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 

09 de junho de 2022 | 03h00 

O País voltou a ser assombrado pelo espectro da fome em uma escala que não se via desde a década de 1990. De acordo com os dados do 2.º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, divulgados ontem, são 33,1 milhões de brasileiros que dormem e acordam todos os dias sabendo que não terão o que comer. Além desse inacreditável contingente de nossos concidadãos vivendo em condições sub-humanas, equivalente às populações da Bélgica, de Portugal e da Suécia somadas, mais da metade da população brasileira (58,7%) está submetida a algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave). 

Aí está a dimensão do retrocesso patrocinado por um dos piores presidentes da história brasileira. O nome de Jair Bolsonaro estará indelevelmente ligado à degradação da dignidade de milhões de seus governados, seja por sua comprovada incapacidade moral e administrativa para o cargo, seja por sua notória aversão ao trabalho. A fome já seria inadmissível mesmo que fosse algo localizado; sendo verificada em larga escala, mesmo em um país em que há fartura de alimentos, trata-se de uma atrocidade. 

Bolsonaro e seus sócios do Centrão no Congresso abandonaram o País à própria sorte porque não estão interessados no bem-estar dos brasileiros a não ser na exata medida de seus objetivos eleitoreiros. Por essa razão, há profunda desconexão entre as prioridades da atual cúpula do Estado e as da esmagadora maioria dos cidadãos – a começar pela mais primária delas, a de fazer três refeições por dia. 

Um governo que fosse digno do nome, com apoio de um Legislativo igualmente cioso das necessidades mais prementes daqueles a quem cumpre representar, estaria empenhado dia e noite em garantir o bem-estar de seus governados antes de qualquer coisa, proporcionando-lhes as condições mínimas para uma vida digna por meio de políticas públicas responsáveis, bem elaboradas e implementadas. Mas não é isso o que acontece.  

Desde que assumiu o cargo, Bolsonaro só tem olhos para a reeleição. Nunca governou de fato o País nem jamais demonstrou interesse em fazê-lo. Populista, toma decisões sempre de supetão e sem qualquer planejamento, para responder a questões imediatas, deixando para depois ou simplesmente ignorando problemas de longo prazo. Assim chegamos à fome. 

Os presidentes das duas Casas Legislativas, por sua vez, também parecem estar mais preocupados com a recondução aos cargos na próxima legislatura do que em aliviar o padecimento real da população. Só isso explica a chancela às teses estapafúrdias de Bolsonaro, como essa obsessão em torno dos combustíveis, como se a causa raiz para o aumento do número de brasileiros passando fome do ano passado para cá (mais 14 milhões de pessoas) fosse o preço do litro do diesel e da gasolina. 

A fome que dói nesses tantos milhões de brasileiros não decorre diretamente da pandemia de covid-19, da delinquência de Vladimir Putin ao invadir a Ucrânia nem da alta dos preços dos combustíveis. A fome é o resultado mais perverso da acefalia governamental do País há quase quatro anos. É corolário desse arranjo macabro engendrado por um presidente da República extremamente fraco que, para não ser ejetado do poder, se viu obrigado a vender sua permanência no cargo a oportunistas no Congresso, franqueando-lhes nada menos que o controle sobre parte do Orçamento sem a necessidade de prestar contas. 

A pusilanimidade do presidente da República, portanto, explica muita coisa. Mas, em defesa de Bolsonaro, é bom dizer não se teria chegado ao atual estado de coisas inconstitucional sem a colaboração decisiva de parte considerável da classe política, que ignora o que vem a ser interesse público.  

Conforme a Constituição, a “dignidade da pessoa humana” é fundamento da República Federativa do Brasil (artigo 1.º, III), e um dos objetivos dessa República é “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (artigo 3.º, III). Além disso, o artigo 6.º cita a “alimentação” como um dos direitos sociais. Para o consórcio político que sustenta o bolsonarismo, essas determinações são letra morta. 


sexta-feira, 20 de maio de 2022

Futura embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley, corre o risco de esperar na fila para entregar credenciais - Miriam Leitão (O Globo)

 Futura embaixadora dos EUA não fica em cima do muro e diz que confia em eleições justas no Brasil, apesar de Bolsonaro


Por Míriam Leitão
O Globo, 19/05/2022 • 11:09

A indicada à embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley, afirmou ontem, em sabatina no Senado americano, mostrou uma visão interessante sobre o país: disse que há instituições democráticas para uma eleição justa, independente das declarações de Bolsonaro. Salientou que o Brasil tem um legislativo e judiciário independente e uma imprensa livre. 

Ele separou a atuação do presidente Bolsonaro das instituições democráticas. Normalmente diplomata preferem não fazer críticas ao presidente do país no qual vai servir. Ela fez declarações pouco usuais numa sabatina. Alguns integrantes da comissão do Senado mostraram ceticismo em relação à democracia brasileira, mas ela deixou clara sua confiança nas instituições. Mesmo com restrições ao presidente Bolsonaro, demonstrou que confia no país. 

Elizabeth Bagley  tem uma experiência muito grande como observadora de eleições, então ela chega no momento certo e no país certo, já que tudo indica que o pleito no Brasil será complicado por conta da posição do presidente Bolsonaro. Ele mesmo disse que elas seriam “conturbadas”. 

Também falou sobre a questão ambiental, mostrando que ela vai atuar na defesa da Floresta Amazônia, no combate ao desmatamento, na proteção das populações locais que defendem a floresta. Lembrou da importância do país, já que o Brasil tem 30% das florestas tropicais do mundo e 60% da Amazônia. 

A informação que se tem é que o Planalto não se agradou muito com essas declarações da embaixadora, mas o Itamaraty gostou até porque Carlos França, ministro das relações exteriores, ganhou uma declaração favorável. Disse que França é moderado e elogiou o voto brasileiro condenando a invasão da Ucrânia.

https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/futura-embaixadora-dos-eua-nao-fica-em-cima-do-muro-e-diz-que-confia-em-eleicoes-justas-no-brasil-apesar-de-bolsonaro.html

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Bolsonaro avalia tirar Carlos França do comando do Itamaraty - Robson Bonin (Veja-Radar)

Minha opinião: eu acho que seria muito ruim para a imagem internacional do Brasil, mas muito bom para a carreira do Carlos França, para que não termine como o ex-chanceler acidental...

Paulo Roberto de Almeida

Bolsonaro avalia tirar Carlos França do comando do Itamaraty
Presidente têm conversado com especialistas da área internacional do governo para encontrar um novo ministro das Relações Exteriores
Por Robson Bonin
Veja (Radar), 21 abr 2022

Descontente com as posições do Itamaraty em discussões internacionais — inclusive em temas recentes no Conselho de Segurança da ONU –, o presidente Jair Bolsonaro começou a ouvir figuras importantes do governo para encontrar um nome que substitua o chanceler Carlos Alberto França no comando do Itamaraty.
A situação do chanceler se deteriorou no Planalto nos últimos meses e piorou bastante nas últimas semanas, quando o Brasil não seguiu países árabes — além de Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido — numa discussão no Conselho de Segurança da ONU que condenava ações terroristas no Oriente Médio. Bolsonaro, ao ser cobrado sobre a posição da diplomacia brasileira, sequer havia sido informado pelo chanceler do assunto.
Diante da crise provocada pela falta de apoio do Brasil a países árabes, Bolsonaro enviou o almirante Flávio Rocha, secretário Especial de Assuntos Estratégicos, aos Emirados Árabes para desfazer o mal estar criado pela posição brasileira. A troca de comando na diplomacia brasileira é questão de tempo.


quinta-feira, 3 de março de 2022

"Presidente" do Brasil: estamos entregues a um DÉBIL MENTAL, ele e a tropa de energúmenos que o cerca - O Antagonista, O Globo

 Sinto muito: eu raramente me dedico a xingar as pessoas, mas neste caso não estou, de verdade, xingando, apenas constatando algo que pode ser deduzido diretamente do que se pode ler nesta nota do Antagonista: ESTAMOS SENDO GOVERNADOS POR UM DÉBIL MENTAL, o dirigente psicopata e os que cercam, os que são capazes de acreditar nos argumentos aqui expressos.

Mais abaixo da nota do Antagonista, transcrevo a íntegra da nota que vem sendo circulada. Ou é oportunismo puro é simples, ou é debilidade mental  no mais alto grau.

Nesse caso, vou repetir para ficar bem claro: ESTAMOS SENDO GOVERNADOS POR UM DÉBIL MENTAL, em toda a sua plenitude.

Para que fique constância do que afirmo, assino e dato embaixo.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3/03/2022

Bolsonaro compartilha mensagem que prega “Nova Ordem Mundial” e exalta Rússia

Redação O Antagonista

Ao longo do conflito entre Ucrânia e e o governo de Vladmir Putin, que já dura sete dias, Jair Bolsonaro tem evitado condenar as ações do Kremlin.

Jair Bolsonaro compartilhou em alguns grupos de WhatsApp um texto que critica a atuação dos Estados Unidos no atual contexto geopolítico e que exalta a Rússia como integrante de um seleto grupo de países que seria capaz de enfrentar a “Nova Ordem Mundial”.

“USA não é mais uma nação virtuosa”, inicia a mensagem, obtida pelo jornal O Globo.

“Só existe a Rússia, a China e a Liga Árabe capaz de enfrentar a NOM (Nova Ordem Mundial). O Brasil está no radar da NOM e de toda a esquerda. Três ministros do STF e a mídia brasileira (via fraude eleitoral), estão prontos a entregá-lo pela metade do preço que o presidente da Ucrânia entregou seu país”.

O texto prossegue:

“Pela primeira vez na vida, encarem a realidade nua e crua – a NOM está pronta para instalar um governo hegemônico mundial e o Brasil será a horta dele! O comunismo se transmutou, voltou para o seu berço europeu, agora não prega mais lutas de classes e sim pautas, como as do preconceito, minorias, sexuais, machismo… Prega a morte de Deus e a submissão de todas as nações a uma minoria com poder e dinheiro capaz de submeter toda a humanidade!”.

O texto é uma reprodução de várias afirmações de Olavo de Carvalho, que morreu no mês passado. Alguns integrantes do governo endossam esse tipo de bobagem, como o assessor especial de Assuntos Internacionais Filipe G. Martins.

Ao longo do conflito entre Ucrânia e Rússia, Jair Bolsonaro tem evitado se manifestar contra as ações de Vladmir Putin, alegando que isso poderia comprometer o fornecimento de fertilizantes para o Brasil.

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A ÚNICA VERDADE

- A Rússia não é a União Sovietica;

- Vladimir Putin não é Stalin;

- USA não é mais uma nação virtuosa;

- Só existe a Rússia, a China e a Liga Árabe capaz de enfrentar a NOM (Nova Ordem Mundial);

- O comunismo tem outro nome, se chama Progressismo e seu berço é a Europa;

- O Brasil está no radar da NOM e de toda a esquerda. Três ministros do STF e a mídia brasileira (via fraude eleitoral), estão prontos a entregá-lo pela metade do preço que o presidente da Ucrânia entregou seu país;

- Os mesmos que desejam que o Presidente brasileiro tome uma posição firme no conflito Rússia X Ucrânia, são aqueles que desejam tomar de nós a Amazônia. 

- Se Bolsonaro não tivesse corrido para fazer aliança com Putin (fertilizantes,  ...), nem eleições teríamos;

- Tirem as máscaras de pano e as que encobrem a verdade!!

- Pela primeira vez na vida, encarem a realidade nua e crua - a NOM está pronta para instalar um governo hegemônico mundial e o Brasil será a horta dele!!

- O comunismo se transmutou, voltou para o seu berço europeu, agora não prega mais lutas de classes e sim pautas, como as do preconceito, minorias, sexuais, machismo ...

- Prega a morte de Deus e a submissão de todas as nações a uma minoria com poder e dinheiro capaz de submeter toda a humanidade!

- Chega de cegueira! Canadá já caiu! França, Inglaterra, Alemanha e agora os USA, são apenas vassalos da NOM!

- Apoiemos e confiemos no nosso Presidente nas suas decisões ou seremos aniquilados como nação! 🇧🇷

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Se isso não é debilidade mental, não sei mais o que é.

Paulo Roberto de Almeida


terça-feira, 1 de março de 2022

Apesar de Bolsonaro, Brasil está cumprindo seu papel no Conselho de Segurança, apontam diplomatas - Janaína Figueiredo (O Globo)

Apesar de Bolsonaro, Brasil está cumprindo seu papel no Conselho de Segurança, apontam diplomatas

Ouvidos pelo GLOBO, embaixadores destacaram a preservação de pilares essenciais do Itamaraty nas posições expressadas pelo Brasil na ONU

BUENOS AIRES — Diante da dissonância entre declarações do presidente Jair Bolsonaro e as posições expostas pelo Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, diplomatas ouvidos pelo GLOBO destacaram o que consideram, de forma unânime, uma “atuação correta e apegada a nossas tradições e valores expressados na Constituição” do Ministério das Relações Exteriores comandado por Carlos França, no posto há quase um ano.

As falas do chefe de Estado — solidariedade à Rússia e “neutralidade” diante da invasão entre outras — são consideradas por alguns parte de uma narrativa para um público interno que, inevitavelmente, causa dano à imagem do país no exterior. Mas hoje, segundo Roberto Abdenur, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, China e Alemanha, “a voz de Bolsonaro não é levada a sério mundo afora. Trata-se de uma pessoa desmoralizada”.

— O que conta perante a comunidade internacional são os pronunciamentos oficiais do Brasil nos principais foros globais, no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral das Nações Unidas. Bolsonaro joga para a extrema direita radical — enfatizou o embaixador. 

Os discursos do embaixador Ronaldo Costa Filho, representante do Brasil na ONU, deixam algumas posições do Brasil muito claras: a defesa de princípios básicos do direito internacional como a soberania dos países e a integridade territorial; condenação ao ataque da Rússia e apelo para que as hostilidades cessem; questionamento à aplicação unilateral de sanções contra a Rússia por parte dos EUA e UE, pelos riscos que este tipo de medidas coercitivas implicam para muitos países, não apenas os envolvidos na guerra; e a crítica, também, a iniciativas como o fornecimento de armas para a Ucrânia, que possam arrastar o mundo para uma guerra descontrolada. O Brasil teme, afirmaram fontes diplomáticas, que a ameaça de utilização de armas nucleares, lançada pelo presidente Vladimir Putin, possa se tornar realidade.

O Itamaraty, ressaltaram as fontes, deve encontrar um difícil equilíbrio entre preservar sua relação com uma potência como a Rússia (sócia nos Brics, junto com China, Índia e África do Sul), considerada um aliado estratégico e comercial importante, e, ao mesmo tempo, manter-se apegado aos pilares mais fundamentais da tradição diplomática brasileira.

No Conselho de Segurança, os representantes do Brasil, segundo O GLOBO apurou, conversam com todos os demais membros, de Rússia, China, Índia e Emirados Árabes aos EUA e Noruega. O governo brasileiro não faz, porém, como o México (também membro rotativo que acaba de iniciar um período de dois anos), articulações sobre temas específicos. O governo do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador se articulou com a França e a Noruega para promover uma resolução sobre a entrada de ajuda humanitária ao território ucraniano. 

Na visão do embaixador Marcos Azambuja, que representou o país na França e Argentina, “o Brasil está desconfortável numa situação na qual deve defender princípios, mas, ao mesmo tempo, interesses que não pode abandonar”.

— O Brasil, na votação de sexta-feira no Conselho de Segurança, tinha de prestar tributo à tradição diplomática. Mas a Rússia é um parceiro importante, e o Brasil tem de se cuidar muito para não cair no automatismo de uma nova Guerra Fria — avaliou Azambuja.

ApeloNo 5º dia, ataques russos se aproximam de Kiev e ouço: 'vamos embora enquanto temos chance', relata Yan Boechat

Quando você tem uma guerra, aponta o embaixador Everton Vieira Vargas, ex-representante do Brasil na União Europeia, Alemanha e Argentina, “deve ficar do lado do agredido, sobretudo num caso tão transparente como este. Isso foi dito por nosso embaixador na ONU”.

— O Brasil fez o que tinha de fazer. Por outro lado, temos uma parceria importante com a Rússia, e é preciso pensar nos interesses brasileiros. O Itamaraty está adotando uma posição que busca preservar esses interesses — apontou Vieira Vargas.

Na mesma linha, o embaixador Rubens Barbosa, que já chefiou as embaixadas brasileiras em Washington e Londres, e atualmente preside o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), opinou que “o Itamaraty está fazendo prevalecer a linha tradicional da Chancelaria”.

— Estamos conversando com todos e acho que deveríamos, também, conversar com os latino-americanos. O Itamaraty está atuando dentro de suas linhas, com uma posição muito clara sobre questões essenciais como soberania e integridade territorial — ampliou Barbosa.

O Brasil, concordou o embaixador Gelson Fonseca, diretor do Centro de História e Documentação Diplomática da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações  Internacionais (Cebri), “está fazendo o jogo certo”.

— Quando houve de condenar, o Brasil condenou, não tem outro caminho. Nosso comportamento no Conselho de Segurança é correto, estamos seguindo a melhor doutrina multilateral de nossas tradições —  afirmou Fonseca.

A condenação à invasão da Ucrânia por parte da Rússia era algo que, goste ou não Bolsonaro, a diplomacia tradicional que França tenta defender como chanceler devia fazer. Enquanto o presidente fala para sua base interna e para a rede de direita e extrema direita à qual continua pertencendo, ao lado de figuras como o ex-presidente americano Donald Trump, o Itamaraty está, na opinião de todos os entrevistados, cumprindo seu papel com dignidade.

Entre mortos e feridos, o Ministério das Relações Exteriores está, salientaram os diplomatas ouvidos, conseguindo preservar uma tradição histórica e respeitada no mundo. Muitos, pedindo para não serem identificados, asseguraram que as preocupações da Rússia sobre sua segurança também devem ser compreendidas, e lembraram que em 1962 os EUA cogitaram invadir Cuba quando a então União Soviética instalou mísseis balísticos na ilha. 

Exemplos de invasões ocorridas nas últimas décadas também surgiram nas conversas para mostrar que, em outros momentos, outros países atuaram sem o aval do Conselho de Segurança. A aplicação unilateral de sanções também foi questionada. Existe apreensão pelo impacto que possam ter no Brasil, sobretudo no setor de alimentos e, entre outros, nas importações de fertilizantes russos, importantes para o agronegócio brasileiro.

sábado, 12 de fevereiro de 2022

O 'capitólio' de Bolsonaro - Cristina Serra (FSP)

 O 'capitólio' de Bolsonaro

A turbulência está só começando; apertemos os cintos

por Cristina Serra

FSP, 11/02/2022


Bolsonaro apresentou, nos últimos dias, pequena mostra de como será sua campanha à reeleição. Dá para identificar três eixos muito bem coordenados. Um deles é o discurso e a produção de símbolos para arregimentação de suas bases. Nisso, merecem destaque sua imagem em um clube de tiro e os palavrões, emitidos em estudado tom de desabafo, em comício, no Nordeste.

Também voltaram os ataques golpistas ao sistema eletrônico de votação e deturpações, como a expressão "ditadura das canetas", em evidente alusão às decisões de ministros do STF. Misturadas a muitas baboseiras, proliferam ameaças explícitas, como a que foi feita por Eduardo Bolsonaro: "(...) a gente vai dar um golpe que a gente vai acabar com o Lula". São apitos para mobilizar os cães de guerra.

Um segundo eixo é tentar inundar a sociedade com mais armamento e munição, como se pode notar na proposta de "anistia" para quem tem armas em situação irregular. É o anabolizante que vem apascentando (não apenas) milícias e facções bolsonaristas. Por último, há a engrenagem digital do ódio, operada de dentro do governo.

Essas dimensões convergem para promover a violência em escala individual e coletiva, num ciclo multiplicador e permanente de tensões sociais. Esse é o terreno onde grassaram o nazismo e o fascismo. Não é à toa que a defesa do nazismo surge com aparente naturalidade em um podcast com milhões de seguidores.

Nada é aleatório. É perceptível um método de propagação e reverberação de ondas de fúria, que degradam os valores da civilidade e sedimentam a brutalidade e a estupidez como referências para o convívio social e a resolução de conflitos cotidianos.

Bolsonaro age com desenvoltura no pântano e é assim que ele imagina enfrentar Lula, chegar ao segundo turno e vencer. Se não der certo, restará o delírio de insuflar algo semelhante ao "capitólio" de Trump, nos EUA. A turbulência está só começando. Apertemos os cintos.


Cristina Serra é paraense, jornalista e escritora. É autora dos livros “Tragédia em Mariana - a história do maior desastre ambiental do Brasil” e “A Mata Atlântica e o Mico-Leão-Dourado - uma história de conservação”.

Fonte: FSP 11/02/2022

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Deu no Washington Post: Bozo vira "amigo dos pobres" (para inglês ver...) - Anthony Faiola (WP)

 Por obra e graça das eleições, o Bozo pretende se converter em alguém que ele nunca foi: o amigo dos pobres. Esse jornalista que conhece bem o Brasil desmonta o mito...

Paulo Roberto de Almeida

The Washington Post

Supporters in Brasilia watch TVs showing Brazilian President Jair Bolsonaro speaking at a ceremony where he officially joined the centrist Liberal Party on Nov. 30. (Raul Spinasse/AP Photo)



Supporters in Brasilia watch TVs showing Brazilian President Jair Bolsonaro speaking at a ceremony where he officially joined the centrist Liberal Party on Nov. 30. (Raul Spinasse/AP Photo)


Brazil’s far-right Bolsonaro reaches for an unlikely title: President of the Poor


By Anthony Faiola

The Washington Post, December 1, 2021


For many Brazilians, Jair Bolsonaro’s presidency has been no fairy tale. Since his convincing victory in 2018, he has stood accused of encouraging massive deforestation in the Amazon rainforest and undermining the free press. A Senate panel recommended he be charged with crimes against humanity for willful mismanagement of the coronavirus, which he dismissed as a “little flu.”

And yet, to the surprise of some, the same welfare critic who once suggested that one cure for poverty was birth control has also sought to reinvent himself as something of a fiscal Robin Hood, taking from Brazil’s public coffers to give to the poor. His latest and largest effort: a potentially historic — some say catastrophic — revision to the social safety net that critics fear could break Brazil’s national piggy bank.

Bolsonaro’s Auxílio Brasil, or Brazil Aid, program would beef up financial assistance to the less fortunate ahead of next year’s election. So expensive as to blast through Brazil’s mandatory fiscal ceiling, the social spending spree requires approval in both legislative houses for a rejiggering of state finances to afford it. After clearing the lower house this week, it has moved to the Senate, which has promised a quick airing.

The cornerstone of Bolsonaro’s hastily slapped together social agenda, Auxílio Brasil will replace Bolsa Familia, the much-hailed aid effort cobbled together nearly two decades ago by his political archenemy, leftist former president Luiz Inácio Lula da Silva. Perhaps not coincidentally, the two may square off in a clash of political titans in next year’s presidential vote. Neither has officially declared their intentions, but many Brazilians expect they will run and the success or failure of Auxilio Brazil is likely to emerge as a hot button topic on the campaign trail.

Yet even some of Bolsonaro’s critics concede the far-right leader should be credited with doing right, at least for a time, by Brazil’s poor during the pandemic — even if he appeared to do so in a reach for political gain. As Congress last year was debating support for the poor, Bolsonaro appeared to sense an opportunity. His government had proposed a modest pandemic bonus for the poor, a number Congress decided needing beefing up. Not to be outdone, Bolsonaro vowed to one-up Congress’s offer.

The result became a globally watched experiment in poverty reduction. By August of last year, as monthly cash assistance for some families reached the equivalent of about $232, extreme poverty hit a historic low of 2.3 percent. In fact, a World Bank report found that out of the 22 million people lifted out of poverty across Latin America by pandemic-related government transfers in 2020, 77 percent of them were in Brazil. Compare that to less generous pandemic assistance offered under leftist President Andrés Manuel López Obrador in Mexico, where 3.8 million more people fell into poverty during the pandemic.

“I don’t think anyone would argue that he should not have done something along these lines,” Cesar Zucco, a political scientist at Brazil’s Getulio Vargas Foundation, told me of Bolsonaro’s pandemic efforts for the poor. “Maybe you have to give that one to him. But it was excessive, and it wasn’t well designed. It did help him boost his popularity.”

Bolsonaro’s popularity, in fact, shot through the roof, as the poor backed him in record numbers.

“He became a hero,” Ricardo Fernandes, a 31-year old actor from Rio de Janeiro’s City of God favela, told the Guardian last year. Gradually, however, that aid was scaled down and millions of Brazilians cascaded back into poverty. As they did, Bolsonaro’s approval ratings tanked.

With elections looming next year, he appears to have learned that you can buy popularity.

“He is obsessed with the idea that he needs to give out money in order to boost his popularity,” Zucco said.

Doling out cash or food baskets, particularly ahead of elections, is a common political ploy in parts of Latin America. But for Brazil, the impact of Bolsonaro’s social safety net revamp could be far longer lasting.

By creating Auxilio Brasil, he is effectively killing Bolsa Familia, the globally recognized effort launched in 2003 that offered cash assistance to the poor in exchange for those families ensuring, for instance, that their children go to school and are properly vaccinated. Over the years, Bolsa Familia has helped lift millions out of poverty and contributed to a reduction in income inequality, of which Brazil has one of the world’s highest rates.

Apparently eager to stake his own claim to being a president of the poor, Bolsonaro offers more money to more families in his new program. But critics like Zucco say it has substantial failings — not least of which is that it would be funded for only one year, requiring a new vote in 2022 to keep it alive.

Critics also argue that Bolsonaro’s program does not appropriately deal with the realities of extreme poverty. A day-care voucher, for instance, would be offered only to families that demonstrate that they have a job, effectively omitting the unemployed.

“The government has not explained how it will implement the new benefits or who will be responsible for their implementation, evaluation and monitoring,” Luciana de Souza Leão, an assistant professor of sociology at the University of Michigan, said in a university publication. “Launching a new program like this is destined to be a failure. Poor families will be the most affected since they will have to navigate a system that not even policymakers seem to understand besides dealing with the uncertainties about the program’s future.”

It is also very expensive, appearing designed less as a vehicle for long-term poverty reduction and more as a quick way to win votes in the favelas, or urban slums. Calling Bolsonaro bad for Brazil’s economy, the Economist also notedthat his spending bill allots a “large chunk” of extra money to financing “opaque budget amendments that grant overpriced public-procurement contracts to individual legislators in return for their support for president.”

As the Financial Times reported, investors are dismayed by the prospect of heavily indebted Brazil exceeding its mandatory spending ceiling — passed in 2016 to rein in budgets and enforce longer-term financial health.

“Bolsonaro has always been against Bolsa Familia — he always hated it as the typical ‘money for lazy people’, etc.,” Filipe Campante, a Brazilian professor of economics at Johns Hopkins University in Baltimore, told the Financial Times. “But at the same time he knows he needs to give people something so he can have a shot at reelection.”


sábado, 27 de novembro de 2021

Carlos Brickmann: Bolsonaro e os ingênuos (28/11/2021)

QUEM NUNCA FOI QUER VOLTAR

COLUNA CARLOS BRICKMANN

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 28 DE NOVEMBRO DE 2021

 

 

Tanto Sergio Moro quanto os militares que acreditavam que derrotar o PT era o caminho para eliminar a corrupção no Brasil ouviram a mesma história: venha com Bolsonaro e terá carta branca para fazer o que for necessário. Eles acreditaram, coitados. O general Santos Cruz, com aquela imutável cara de bravo, revelou-se tão ingênuo quanto o sorridente Nelson Mandetta, ambos convencidos de que ser amigos de Bolsonaro há décadas era garantia de que as promessas seriam cumpridas. Mandetta, médico, tropeçou num problema ideológico: a cloroquina. Moro, juiz com fama de justiceiro, e os militares que achavam que corrupção era coisa só do PT, escorregaram na mesma casca de banana: a rachadinha. Caíram. Sobraram os generais tipo Pazuello (“meu gordinho”, como o definia Bolsonaro) e um superministro beeeem flexível, Paulo Guedes. Bolsonaro só precisa tomar um cuidado com o Posto Ipiranga: se disser “vamos juntos”, Guedes senta-se e aguarda novas ordens.

Boa parte do pessoal que o presidente descartou se junta agora em torno de Moro, tentando vender na campanha um bolsonarismo sem Bolsonaro. Os fardados e os sem farda acreditam que com Moro poderão agir livremente. E se enganam de novo: um juiz tão cheio de si que orientava promotores só vai permitir a seus auxiliares que optem entre o “sim, senhor” e o “é para já, Excelência”. Cada um fará aquilo que tiver vontade de fazer, desde que seja autorizado pelo presidente Moro. Haverá mais compostura, claro. E só.

 

O que dizem

E ninguém imagine que a linguagem de hoje vá melhorar muito. Quem é capaz de chamar “cônjuge” de “conge” ainda pode piorar muito.

Tempo, tempo

Moro tem chances? As pesquisas de hoje dizem que sim. Mas as eleições não serão realizadas hoje. Teremos um bom tempo de campanha. O Auxílio Brasil começa a entrar no bolso de alguns milhões de eleitores, beneficiando Bolsonaro; Lula tem muito a explicar aos eleitores – e, embora não haja nada de novo, e muita gente ache que as acusações perderam o efeito, é preciso esperar para saber se relembrar histórias mal contadas vai ou não tirar alguns de seus votos. Moro também vai achar dificuldades no caminho. Há diversas coisas que podem acontecer: Alckmin, por exemplo, tem seus votos. Se sair como vice de Moro ou de Lula, pode desequilibrar uma campanha empatada. É preciso esperar. Fernando Henrique, que pensava em desistir da política por achar que não tinha votos nem para ser deputado federal, ganhou de Lula no primeiro turno. Quércia, que teria sido um candidato forte em 1989, esperou a eleição seguinte, e não teve votos nem para ameaçar os favoritos.

A hora do Brasil

Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata, , é o novo primeiro-ministro da Alemanha, no lugar que por 16 anos foi de Angela Merkel. A coligação que comanda tem forte presença do Partido Verde. E, não por acaso, um dos primeiros comentários oficiais após a posse se referiu ao Brasil. O sempre discreto embaixador alemão em Brasília, Heiko Thoms, avisou que irão aumentar as pressões para que o Brasil combata o desmatamento. Não pede muito: apenas que o país cumpra sua própria legislação em vigor, que proíbe o desmatamento ilegal. Thoms diz que ouviu de gente do Governo que haveria neste ano queda de 5% no desmatamento, “e de repente ficamos sabendo que em vez de queda houve um crescimento de 22%”.

Lembrança: o novo Governo alemão informou que só ratificará o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia “se os países sul-americanos adotarem compromissos efetivos e verificáveis para proteger o meio-ambiente e os direitos humanos”. Que diz Bolsonaro sobre os temas citados?

As palavras do presidente

Bolsonaro, em sua live semanal, disse que a história do desmatamento da Amazônia “é a mesma xaropada de sempre”. Há anos, conta, leu que em 2010 a Amazônia seria uma imensidão de areia. “Em 2010 não aconteceu nada disso. Em 2021 não aconteceu nada disso também. Mas olha a matéria de agora: ‘Amazônia está perto de ponto irreversível e pode virar deserto’”. Bolsonaro admite práticas irregulares na Amazônia. Que é que propõe para que sejam combatidas? “Tem desmatamento ilegal? Tem. É só outros países não comprarem madeira nossa, é simples. Tem queimada ilegal? Tem, mas não é nessa proporção toda que dizem aí”.

 

 

terça-feira, 2 de novembro de 2021

O pária internacional se apresenta ao mundo, e ninguém dá a mínima bola…

 Não tenho certeza de que o Brasil virou um pária internacional, mas no caso de Bolsonaro isso é evidente.

Minhas respostas à consulta de um jornalista a propósito da cúpula do G20:

O Brasil à deriva: sua desimportância para o mundo

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(http://www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com)


1) Qual é a importância do G20 para o Brasil? Como avalia a passagem de Bolsonaro pela Itália? 

PRA: O G20 é menos efetivo do que foi o G7 para a coordenação das questões de equilíbrio macroeconômico mundial, pelo menos quando o capitalismo ocidental dominava mais da metade da economia global. Sua diversidade não ajuda, e até complica o debate e a adoção de soluções concretas para desafios conjunturais. Pelo menos servia, até a chegada de Bolsonaro ao poder, para que o Brasil integrasse o que se chama de inner core do processo decisório dos países economicamente relevantes no debate em torno da agenda econômica e financeira mundial. Agora nem isso, ou muito pior do que isso, pois o Brasil se tornou globalmente insignificante, não só para o debate sobre essa agenda, como também para aplicar uma agenda racional para a própria política econômica doméstica. O termo “passagem pela Itália” é totalmente apropriado, pois jamais se poderia falar de uma “participação de Bolsonaro” nesta reunião do G20: esta foi nula, inexistente, absolutamente medíocre, pois só leu um discurso preparado, além de tudo mentiroso.

[Fiz uma versão mais realista do que ele teria dito, por si próprio neste texto: 4005. “O discurso do mentiroso no G20: um texto alternativo, mais condizente”, Brasília, 30 outubro 2021, 2 p. Uma nova versão para o discurso do Bozo na reunião do G20 em Roma, em 30/10/2021. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/10/o-discurso-do-mentiroso-no-g20-um-texto.html).]


2) Quais efeitos concretos o isolamento do presidente em grandes eventos refletem para o país?

PRA: Bolsonaro sempre envergonhou o Brasil, desde sua primeira incursão externa, no Foro Econômico Mundial de janeiro de 2019, em Davos, quando tentou interessar o ex-vice-presidente Al Gore (que aparentemente desconhecia quem fosse) numa “exploração conjunta” das “riquezas da Amazônia”. Depois envergonhou o país em visitas bilaterais, quando elogiou ditadores como Pinochet e Stroessner, e novamente na sua primeira “passagem” pela abertura dos debates na AGNU de 2019, quando fez um discurso para o público interno, centrado na salvação do Brasil do “socialismo”. Continuou assim, nas duas AGNUs seguintes, sempre falando para a sua tribo de admiradores ignaros. A cada vez, ele aprofunda o isolamento e a desimportância concreta do Brasil para o mundo. Os efeitos não se resumem na diminuição da nossa imagem externa, mas impactam diretamente o atrativo do Brasil para o mundo que conta: os investidores internacionais (fundos financeiros ou empresas interessadas em investimentos diretos) e até as possibilidades de cooperação em diversas áreas. Sua agressividade antiambiental afastou milhões da Noruega e da Alemanha do Fundo Amazônia, assim como praticamente o conjunto da UE no tocante à entrada em vigor do acordo Mercosul-UE. Em resumo, o Brasil de Bolsonaro deixou de existir para interlocutores do G20, da COP, do Mercosul e até do BRICS.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 1 novembro 2021, 2 p.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Bolsonaro, o monstro do presente - Dorrit Harazim

domingo, 17 de outubro de 2021

Dorrit Harazim - Delinquente em série

O Globo

Dias atrás, o New York Times presenteou seus leitores com a história do cidadão espanhol Martín Zamora e de seu novo modelo de negócio. Proprietário de uma funerária na cidade portuária de Algeciras, de onde se avista o Marrocos, logo ali na ponta africana do Mediterrâneo, Zamora tornou-se catador e repatriador de cadáveres. Seus cadáveres são de migrantes anônimos que morrem afogados ao tentar a travessia, flutuam à deriva por semanas antes de aportar na costa espanhola e permanecem por meses no necrotério local por falta de quem os procure. Acabam enterrados em vala comum, sem identificação. Segundo a ONG Caminando Fronteras/Walking Borders, que desde 2002 atua nessa necrofronteira, 2.087desses seres humanos em busca de vida morreram ou sumiram naquelas águas.

O cidadão Zamora ampliou seu negócio funerário abrindo uma frente detetivesca. Com autorização das autoridades locais e gratidão do imã de Algeciras, ele persegue pistas ínfimas para devolver nome e identidade aos mortos. Um amarfanhado pedaço de papel encontrado em algum bolso pode conter um número de telefone quase apagado e abrir um leque de buscas; a logomarca fabril na roupa esgarçada de outro cadáver pode ser fotografada e divulgada nas redes sociais, como garrafa jogada ao mar. Quando o corpo está irreconhecível, um sapato, uma aliança, uma camiseta podem servir de fio da meada, explica o espanhol.

Com que finalidade, tudo isso? Para ele tentar localizar algum parente do morto, em algum país do além-mar, e oferecer entregar o ente perdido em domicílio, com esmero e respeito. Zamora é um benemérito? Não, cobra US$ 3.500 para embalsamar e transladar. Nos últimos anos já identificou e repatriou mais de 800 mortos.

Zamora então é vil, como os coiotes argentários que abandonam suas vítimas? Nem um pouco, seu trabalho é honrado, e as famílias que podem pagar agradecem por poder encerrar de forma digna a incerteza do luto.

Na verdade, o cidadão Zamora pode ser descrito como testemunha consciente de seu tempo. Contou a Nicholas Casey, do Times, ter “a sensação de que dentro de alguns anos — 30, 40, 50 anos, não sei quantos —as gentes do futuro olharão para nós um pouco como monstros. Vão nos ver como monstros porque saberão que deixamos as pessoas morrerem deste jeito”.

Disse tudo, e vale como reflexão para esses dias de encerramento da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Covid-19 no Senado. Não será preciso aguardar décadas para “gentes do futuro”, no Brasil, saberem que deixamos mais de 600 mil pessoas “morrerem deste jeito”. É esperado que a culpa dos principais responsáveis pela orfandade em massa nas famílias brasileiras esteja dissecada no relatório final prometido para terça-feira. As ignomínias, baixezas, pulhice e desdém para com a vida alheia estarão tipificados na forma de crimes penais e devem levar ao indiciamento de ao menos 40 pessoas, além do predador-chefe, Jair Bolsonaro.

A inação cúmplice por parte de entidades como o Conselho Federal de Medicina, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, na figura de seu diretor-presidente Paulo Rebello Filho, os Ministérios Públicos e Legislativos estaduais, vários ministérios e secretarias coniventes, a deliberada experimentação com humanos da operadora Prevent Senior, médicos e servidores públicos corrompidos — todos, em conjunto, fizeram o Brasil sangrar. A extensão do material coletado vai muito além do que pôde ser compartilhado ao longo das arrastadas sessões do horror praticado, transmitidas ao vivo. Espera-se que o texto do relatório final seja cirúrgico, claro e sem rebusques verbais de indignação. O documento terá peso histórico para a República, para consulta das “gentes do futuro”.

Além disso, servirá como retrato parcial da Presidência de Jair Bolsonaro — o conjunto da obra de destruição do país pelo ex-capitão continua em aberto até 2022. Até porque trata-se de um delinquente em série, que se afirma na reincidência — seja na rejeição continuada e ostentatória da vacina contra a Covid-19, seja no descumprimento metódico de obrigações constitucionais. A forma por ele escolhida para governar não mudará: está assentada no irracionalismo, na idealização do conflito e da violência e no desprezo à livre circulação de ideias. Para quem, até agora, se considera apenas testemunha involuntária da delinquência bolsonarista, vale lembrar o espanhol Zamora: o que fazer para também não sermos considerados monstros no futuro?

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Brasil é excluído de viagem de secretário de Biden - Thomas Traumann (Veja)

Tremenda esnobada, como diríamos popularmente. Mas, na linguagem diplomática, significa mais um "chega prá lá", ou seja, não queremos papo com você, pois você é rude, grosseiro, inconveniente, mal educado, agride nacionais e estrangeiros, é autoritário,  tudo o que detestamos.

Paulo Roberto de Almeida 


Brasil é excluído de viagem de secretário de Biden
Secretário de Estado dos EUA vai visitar a América do Sul mas deixa Bolsonaro fora da agenda
Por Thomas Traumann | 13 out 2021, 11h11 

O secretário de Estado dos EUA (cargo equivalente ao de ministro das Relações Exteriores), Antony Blinken, deve excluir o Brasil da sua primeira viagem à América do Sul. O anúncio deve ser feito nos próximos dias e confirma a falta de diálogo entre os líderes dos dois países mais importantes das Américas. A mensagem clara do presidente Joe Biden é que o Brasil de Bolsonaro está fora da sua agenda.

A diplomacia é uma arte de sinais. Na semana passada, Blinken estava no México para tratar de imigração e cooperação econômica. Como observou o brazilianista e jornalista Brian Winter, na revista Piauí, desde que tomou posse em janeiro, Biden já conversou por telefone com quase 40 chefes de Estado, incluindo os do México, Colômbia e Guatemala. Com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, Biden falou antes da posse, dando seu aval para as negociações da dívida do país com o FMI. Com Bolsonaro, a relação é nula.

A decisão da Casa Branca de manter distância de Bolsonaro tem nome e sobrenome, Donald Trump. No domingo, o filho e principal conselheiro de política externa de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, postou orgulhoso no Twitter um bilhete assinado por Trump, em mais uma prova da adoração que a família sente pelo ex-presidente americano. Bolsonaro foi o penúltimo líder mundial a cumprimentar Biden pela vitória (antes, apenas, da Coréia do Norte) e afirmou publicamente que houve fraudes na vitória do democrata. Eduardo Bolsonaro está contratando vários ex-assessores de Trump para ajudar na campanha de reeleição do pai.

No mês passado, os presidentes dos Comitês de Relações Exteriores e de Justiça do Senado _ as duas comissões mais importantes da Casa_ enviaram uma carta pública ao secretário Blinken alertando sobre as ameaças de Bolsonaro de fazer um golpe de Estado. Insistimos com o senhor a deixar claro que os EUA apoiam as instituições democráticas brasileiras e que qualquer ruptura antidemocrática com a atual ordem constitucional terá sérias consequências”, diz a carta. A exclusão do Brasil na viagem do secretário do Estado não está relacionada às constantes críticas dos políticos democratas ao presidente, mas serve como uma resposta aos senadores.

Em agosto, o principal assessor de segurança do governo Biden, Jake Sullivan, esteve em Brasília para uma reunião com Bolsonaro e, sutilmente, falou da confiança dos EUA nas instituições democráticas brasileiras - uma forma diplomática de pedir que cessassem as intimidações ao Supremo Tribunal Federal. No que foi considerado uma provocação pelos americanos, no dia seguinte ao encontro, Bolsonaro fez uma ameaça direta ao ministro do STF, Alexandre de Moraes: “a hora dele [Moraes] vai chegar”.

No encontro, Sullivan havia alertado Bolsonaro e vários ministros dos cuidados antiespionagem caso a indústria chinesa Huawei dominasse o fornecimento de material na licitação do 5G, marcada para novembro. Os conselhos foram ignorados. Os EUA também não conseguiram avançar nas negociações para projetos de proteção ambiental. Ao contrário. Bolsonaro promoveu a aprovação pela Câmara da Lei da Grilagem, que legaliza a posse e o desmatamento de áreas de parques nacionais invadidas por fazendeiros e madeireiros. A legislação é o maior retrocesso ambiental na Amazônia em décadas.

Com o diálogo travado sobre democracia, direitos humanos, ambiente e tecnologia 5G, restaram poucos temas para os diplomatas americanos e brasileiros conversarem. Desde julho os EUA estão sem embaixador em Brasília e, sem um motivo de diálogo urgente, a escolha do novo representante deve demorar meses.

https://veja.abril.com.br/blog/thomas-traumann/exclusivo-brasil-e-excluido-de-viagem-de-secretario-de-biden/


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

O discurso que deveria ter sido e não foi: subsídios do Itamaraty para o discurso na AGNU, expurgados na PR - Matheus Leitão (Veja)

 O discurso que o Itamaraty vazou e Bolsonaro não fez

Circula entre empresários brasileiros a versão moderada do discurso que o presidente faria. Para que tentar melhorar a imagem? Chanceler fez “arminha” 
Por Matheus Leitão | 23 set 2021, 10h54

Após o discurso pária do presidente Jair Bolsonaro nas Organizações das Nações Unidas, o Itamaraty resolveu tentar melhorar a sua imagem, como numa contenção de danos, vazando trechos do que seria a ideia original do discurso do chefe da nação brasileira na ONU.

Segundo a coluna apurou, o Ministério das Relações Exteriores fez circular esses trechos até entre empresários. Essa versão do discurso não lido, pode ser uma espécie de Porcina, porque ele também foi sem nunca ter sido.

Geralmente é assim. Em um evento como o da ONU, a Presidência recebe do Ministério das Relações Exteriores propostas iniciais e normalmente a assessoria direta do presidente altera certas palavras, acrescenta algum ponto. Às vezes muda para pior. Neste caso específico, não só piorou muito como adicionou mentiras, como quando disse que no último 7 de setembro os brasileiros fizeram a maior manifestação da história do país.

Um ponto que o ministro Carlos França queria passar era o ambiental e climático, já que haverá a reunião do Clima em Glasgow em dezembro. Mas o trecho foi muito distorcido.

Esta coluna escreveu sobre isso em reportagem com o título “Na batalha da ONU, Bolsonaro massacrou o Itamaraty”, mostrando até trechos que seriam do Ministério das Relações Exteriores e os que seriam de Bolsonaro.

A ideia agora de vazar “o discurso que não foi” faz parte de uma tentativa de mostrar que o Itamaraty seria uma força moderadora no governo Bolsonaro.

O único problema é que esse movimento da pasta é em vão, já que o atual ministro das Relações Exteriores, Carlos França, conseguiu destruí-lo em um só gesto, ao fazer o sinal de arminha a manifestantes brasileiros contrários ao governo em Nova York.

Qualquer outro ministro poderia fazer o gesto ridículo, tão repetido pelo presidente Jair Bolsonaro há anos, já que a democracia brasileira escolheu eleger um governo armamentista. Mas, Carlos França não.

Desde cedo aprende-se no Itamaraty que os diplomatas defendem os interesses do Estado e não de um específico governo. Isso tem que ser a máxima de qualquer diplomata. É o primeiro ensinamento da diplomacia.

Quando ele faz a arma, França aderiu ao bolsonarismo. Defendeu o bolsonarismo. E não os interesses do estado brasileiro.

Na verdade, a tentativa de melhorar a imagem do Ministério das Relações Exteriores, vazando o discurso porcina, não resolve o problema, senhor chanceler.

Recolha as armas, ou as arminhas, porque o senhor fez um gesto que demonstra o que escolheu: representar um grupo político e não país como um todo.

https://veja.abril.com.br/blog/matheus-leitao/o-discurso-que-o-itamaraty-vazou-e-bolsonaro-nao-fez/

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Contestando Bolsonaro: rebatendo o discurso na AGNU 2021 - Paulo Roberto de Almeida

 Contestando Bolsonaro: rebatendo o discurso na AGNU 2021

 

Paulo Roberto de Almeida

 

Texto liberado pela PR

Paulo Roberto de Almeida

Venho aqui mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões.

A mídia em geral, na sua diversidade, reflete o que se vê na realidade. Quem não concorda, quer mentir. 

O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019.

Sim, mudou para pior: aumentou o desmatamento, o despeito à democracia, as mentiras oficiais, a mediocridade.

Estamos há 2 anos e 8 meses sem qualquer caso concreto de corrupção.

Mentira: toda a família está envolvida em corrupção, assim como a Saúde e outros. 

O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a seu povo.

Demagogia barata: mudou de religião por oportunismo; desrespeita a CF-1988 e já teve várias famílias, o que não é bom sinal. Só tem lealdade à sua tribo!

Isso é muito, é uma sólida base, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo.

Ridículo: nem o PCdoB ou o PT queriam o socialismo; só queriam extorquir os capitalistas, para viver bem.

Nossas estatais davam prejuízos de bilhões de dólares, hoje são lucrativas.

MENTIRA! Continuam dando prejuízos e são deficitárias na maior parte.

Nosso Banco de Desenvolvimento era usado para financiar obras em países comunistas, sem garantias. Quem honra esses compromissos é o próprio povo brasileiro.

Bobagem: o BNDES dos companheiros financiou sim projetos em países governados pela esquerda. Mas não consta que tenha se envolvido em falcatruas deliberadas.

Tudo isso mudou. Apresento agora um novo Brasil com sua credibilidade já recuperada.

Mudou para pior. Nunca foi tão baixa a credibilidade do Brasil, que se deteriora cada vez mais, por causa do capitão.

O Brasil possui o maior programa de parceria de investimentos com a iniciativa privada de sua história. Programa que já é uma realidade e está em franca execução.

Fantasia pura; existem muitos projetos, pois o Brasil carece de infraestrutura, mas o programa não é o maior da história; no regime militar foi muitas vezes mais, e poderá ser ainda.

Até aqui, foram contratados US$ 100 bilhões de novos investimentos e arrecadados US$ 23 bilhões em outorgas.

Dados sujeitos à caução; o Brasil não é o imenso canteiro de obras que se apregoa e muitos projetos estão parados por desconfiança em relação ao futuro.

Na área de infraestrutura, leiloamos, para a iniciativa privada, 34 aeroportos e 29 terminais portuários.

Isso é programa para o ministério setorial, não para discurso na ONU. A informação é ridícula para a AGNU.

Já são mais de US$ 6 bilhões em contratos privados para novas ferrovias. Introduzimos o sistema de autorizações ferroviárias, o que aproxima nosso modelo ao americano. Em poucos dias, recebemos 14 requerimentos de autorizações para novas ferrovias com quase US$ 15 bilhões de investimentos privados.

Não tem a mínima importância ser parecido ou não ao modelo americano. Essa continha de padeiro, contabilizando valores e projetos não é tema para discurso na AGNU, que se destina a posicionamentos do país em face dos grandes problemas da agenda internacional; disso não há sequer um traço do discurso medíocre.

EM NOSSO GOVERNO PROMOVEMOS O RESSURGIMENTO DO MODAL FERROVIÁRIO.

So what?, perguntaria o inglês. O que isso tem a ver com a postura do Brasil no plano da agenda internacional? 

Como reflexo, menor consumo de combustíveis fósseis e redução do custo Brasil, em especial no barateamento da produção de alimentos.

Esse é um programa doméstico, que não tem nenhum interesse para a audiência da AGNU: o custo Brasil não é um assunto para esse tipo de discurso.

Grande avanço vem acontecendo na área do saneamento básico. O maior leilão da história no setor foi realizado em abril, com concessão ao setor privado dos serviços de distribuição de água e esgoto no Rio de Janeiro.

My God! O que a distribuição de água no RJ interessa à comunidade internacional? Discurso de vereador que está pensando na sua próxima eleição, não de um estadista que pretende falar em nome do seu país.

Temos tudo o que investidor procura: um grande mercado consumidor, excelentes ativos, tradição de respeito a contratos e confiança no nosso governo.

Por acaso se trata de um caixeiro-viajante tratando de vender boas oportunidades de mercado? Quem redigiu esse discurso regula bem da cabeça?

Também anuncio que nos próximos dias, realizaremos o leilão para implementação da tecnologia 5G no Brasil.

O Brasil já está atrasado, e o governo mais ainda na questão do 5G, porque ficou cedendo a instintos anti-chineses da administração americana anterior.

Nossa moderna e sustentável agricultura de baixo carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do território nacional.

Manipulando dados para ver se impressiona a plateia, mas o público presente está focado em outras questões, completamente alheias a isso.

Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa.

Pena que o seu governo se empenha em destrui-la sistematicamente todos os dias.

Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países.

Nenhum país do mundo tem as necessidades setoriais do Brasil. 

O Brasil é um país com dimensões continentais, com grandes desafios ambientais.

Qual é a novidade nisso? As dimensões todo mundo sabe; os desafios não estão sendo enfrentados, ao contrário.

São 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 66% são vegetação nativa, a mesma desde o seu descobrimento, em 1500.

O Brasil não tinha isso tudo em 1500. E é mentira que dois terços da vegetação nativa tenham sido preservados tal qual desde aquela data.

Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta. Lembro que a região amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental.

O governo do capitão está empenhado sistematicamente em destruir o bioma amazônica, desenvolver mineração em terras indígenas, pastoreio, pensando que isso é desenvolvimento. 

Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros, destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal.

O capitão já estará morto em 2050 ou 2060, e não adianta prometer; o mundo quer saber o que está sendo feito agora para proteger o meio ambiente; os órgãos de controle continuam sucateados, sem pessoal, e sem os recursos necessários para desenvolver suas tarefas.  

E os resultados desta importante ação já começaram a aparecer!

Não apareceram até agora; o que se viu foi destruição, total e completa.

Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior.

MENTIRA! O que ocorreu, na verdade, foi o aumento do desmatamento, o maior em dez anos, em agosto. O capitão tenta enganar os incautos, mas não conseguirá. 

QUAL PAÍS DO MUNDO TEM UMA POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL COMO A NOSSA?

Pode ter, mas o desgoverno do capitão se empenha em destruir a política de preservação ambiental melhor do mundo.

Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia!

Virou agente de viagem, o que não é exatamente o momento mais oportuno.

O Brasil já é um exemplo na geração de energia com 83% advinda de fontes renováveis.

E isso não se deve absolutamente nada ao seu governo, e sim às três gerações anteriores de planejadores setoriais.

Por ocasião da COP-26, buscaremos consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global. Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em volumes relevantes.

O ex-antiministro do ½ ambiente já havia feito chantagem semelhante na COP-25: se vocês querem que a Amazônia seja preservada, paguem, enviem recursos, do contrário esse governo não pode garantir que cumprirá com suas obrigações estipuladas em acordo multilateral.

O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo.

Quadro idílico que não combina com a realidade. Os demais países estão até mais empenhados na agenda da sustentabilidade, sem, no entanto, fazer propaganda do que é agenda estabelecida.

Ratificamos a Convenção Interamericana contra o Racismo e Formas Correlatas de Intolerância.

Bastava comunicar a ratificação ao departamento apropriado das Nações Unidas, sem tirar vantagem desse ato. 

Temos a família tradicional como fundamento da civilização. E a liberdade do ser humano só se completa com a liberdade de culto e expressão.

Conversa fiada para o público interno. A família tradicional já não é o único fundamento da civilização. Os revolucionários de 1789 já sabiam disso.

14% do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600.000 índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades.

Quer sinalizar que são um exagero em termos de dimensões? Melhor para o futuro do Brasil. Os índios já podem desenvolver atividades econômicas em suas terras, e o fazem; o que está ocorrendo, na verdade, é uma deformação desses objetivos, com o fito de repassar a grileiros e madeireiros.

O Brasil sempre participou em Missões de Paz da ONU. De Suez até o Congo, passando pelo Haiti e Líbano.

Isso também já se sabe, e nenhuma delas ocorreu em seu governo, que ainda falta pagar compromissos com algumas delas.

Nosso país sempre acolheu refugiados. Em nossa fronteira com a vizinha Venezuela, a Operação Acolhida, do Governo Federal, já recebeu 400 mil venezuelanos deslocados devido à grave crise político-econômica gerada pela ditadura bolivariana.

Outros países acolheram muitos mais refugiados da ditadura bolivariana. A nossa Constituição e a Lei da Imigração já estabelecem esses deveres de solidariedade humana nesse tipo de caso, sem que a ideologia esteja em causa. A intenção deve ser puramente humanitária.  

O futuro do Afeganistão também nos causa profunda apreensão. Concederemos visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos.

Os cristãos constituem uma minoria extremamente reduzida no Afeganistão; asilo deve ser dado em bases universais, não discriminado por religião. Ou seja, homens muçulmanos não podem vir?

Nesses 20 anos dos atentados contra os Estados Unidos da América, em 11 de setembro de 2001, reitero nosso repúdio ao terrorismo em todas suas formas.

Um cumprimento oportunista e desprovido de sentimentos reais, pois nunca se estabeleceu um diálogo direto entre os dois presidentes.

Em 2022, voltaremos a ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Agradeço aos 181 países, em um universo de 190, que confiaram no Brasil. Reflexo de uma política externa séria e responsável promovida pelo nosso Ministério de Relações Exteriores.

A rotatividade nessas ocupações de vagas nos cargos onusianos se desenvolve de modo mais ou menos natural, sem questionamentos quanto à ideologia do país. Ditaduras são escolhidas para o Conselho de Direitos Humanos da ONU: é a hipocrisia diplomática normal...

Apoiamos uma Reforma do Conselho de Segurança ONU, onde buscamos um assento permanente.

O tema da reforma da Carta, e ampliação do CSNU, não está em causa atualmente, e com o seu governo não existe chance.

A pandemia pegou a todos de surpresa em 2020. Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo.

Hipócrita! Sempre demonstrou total desprezo pelo número de vítimas no Brasil e se empenhou em aumentá-lo.

Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo.

Canalha! Se opôs a todas as medidas de controle da pandemia. Isolamento ou lockdown (que nunca ocorreu) nunca foram causas de inflação e muito menos de falta de alimentos no mundo. Existe um problema de renda, não de produção. 

No Brasil, para atender aqueles mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial de US$ 800 para 68 milhões de pessoas em 2020.

Canalha e mentiroso; governos e prefeitos foram responsáveis com as vidas humanas, o que nunca foi o caso do capitão genocida. Esse número está claramente inflado e não corresponde aos valores reais pagos à população. 

Lembro que terminamos 2020, ano da pandemia, com mais empregos formais do que em dezembro de 2019, graças às ações do nosso governo com programas de manutenção de emprego e renda que nos custaram cerca de US$ 40 bilhões.

Mais números fantasiosos e inflados, quando a realidade mostra um aumento do desemprego de 2019 para 2021. Todos os países investiram no auxílio emergencial, mas o Brasil o fez de modo improvisado e com impulsos erráticos. 

Somente nos primeiros 7 meses desse ano, criamos aproximadamente 1 milhão e 800 mil novos empregos. Lembro ainda que o nosso crescimento para 2021 está estimado em 5%.

Os números são sujeitos à caução novamente, e de toda forma, o discurso deveria ser sobre temas da agenda global, não sobre medidas de política interna que não estão na pauta das discussões ali. 

Até o momento, o Governo Federal distribuiu mais de 260 milhões de doses de vacinas e mais de 140 milhões de brasileiros já receberam, pelo menos, a primeira dose, o que representa quase 90% da população adulta. 80% da população indígena também já foi totalmente vacinada. Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil, serão atendidos.

O Brasil está claramente atrasado na vacinação, por culpa exclusiva da vacinação. Dados brutos não interessam muito, pois o que vale, sempre, é a proporcionalidade da população coberta pelas medidas e nesse terreno estamos claramente em defasagem com respeito às médias mundiais. Grande parte desse esforço se deveu a governadores, não ao governo federal, que só fez corrupção. 

Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina.

O capitão insiste no negacionismo e na oposição às medidas não farmacológicas de controle da pandemia. Tampouco fez grande coisa na vacinação. 

Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina.

CANALHA! Continua fazendo propaganda do tratamento precoce, contra qualquer recomendação científica comprovada, e se escondendo atrás do CFM bolsonarista.

Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label.

MENTE mais uma vez, e esconde os métodos que usou quando foi infectado. Esconde sua carteira de vacinação sob um sigilo de CEM ANOS. CANALHA COMPLETO, PSICOPATA!

Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial.

GRANDE IDIOTA! Pessoas e países responsáveis sempre apoiaram os métodos científicos comprovados.

A história e a ciência saberão responsabilizar a todos.

Demagogia barata. A história o condenará como um GENOCIDA que é!

No último 7 de setembro, data de nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo.

Demagogo e mentiroso. As manifestações foram claramente encomendadas com o uso maciço de recursos públicos, e deverá haver responsabilização criminal pela violação da legislação eleitoral e sobre probidade no serviço público.  

Como demonstrado, o Brasil vive novos tempos. Na economia, temos um dos melhores desempenhos entre os emergentes.

Seria patético se não fosse ridículo. O Brasil é um dos países de menor sucesso na recuperação econômica, e voltamos aos velhos tempos da inflação.

Meu governo recuperou a credibilidade externa e, hoje, se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos.

É tão ridícula a afirmação, que não merece nenhum crédito. O Brasil vem perdendo bilhões de dólares de fuga de capitais, de brasileiros e estrangeiros.

É aqui, nesta Assembleia Geral, que, vislumbramos um mundo de mais liberdade, democracia, prosperidade e paz.

Frase banal, aliás, total déjà vu, já que se trata de uma afirmação gratuita, sem qualquer fundamento na realidade. 

Autores: burocratas da presidência e familiares ignorantes.

Autor: Paulo Roberto de Almeida, em meu próprio nome e responsabilidade

 

Brasília, 22 de setembro de 2021.