Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
2043) PRA: works in English, French, Spanish
So, I decided to collect a few of my works in those languages, but only the more recent, because there are many others, especially in French, that were written some time ago, some decades ago, I mean...
A selection of works in English, in French, and Spanish
PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
Up to date: March 3rd, 2010
2060. “Brasil y su Política Exterior: una intervista periodistica”, Brasilia, 12 novembro 2009, 2 p. Respostas a questões da jornalista Carolina Pezoa Ascuí, La Nación, Chile - Sección Internacional. Postado no blog Diplomatizzando (03.03.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/03/1740-politica-exterior-de-brasil.html#links).
2043. “Entretien sur le président Lula”, Brasília, 9 setembro 2009, 8 p. Respostas a questionário colocado pelo jornalista luso-francês Vincent Paes, para a revista de negócios francesa Décideurs (http://www.magazine-decideurs.com/magazine/). Versão completa colocada no Blog Textos PRA (17.09.2009; link: http://textospra.blogspot.com/2009/09/518-entrevista-revistda-francesa-sobre.html). Versão resumida produzida pelo jornalista, publicada na revista Décideurs, reproduzida no Blog Diplomatizzando (17.09.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/09/1380-entretien-sur-le-bresil-pour-la.html). Entrevista publicada sob o título “Lula: orateur par excellence”, Décideurs: Stratégie Finance Droit (Paris: n. 109, octobre 2009, p. 13; ISSN: 1764-6774). Relação de Publicados n. 930.
2028. “The question of Ossetia and Russian intervention: a personal Brazilian view”, Brasília, July 23, 2009, 8 p. Answers to questions submitted by Yulia Netesova, European Bureau Chief of the Russian Journal. Divulgado no blog Diplomatizzando (22.11.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/11/1532-russina-intervention-in-south.html ).
2023. “Non-Intervention: a political concept, in a legal wrap: a historical and juridical appraisal of the Brazilian doctrine and practice”, Brasília, 8 Julho 2009, 17 p. (7.090 palavras). Ensaio sobre o conceito em causa, para informar escritório britânico de advocacia. Posted Blog Textos PRA (03.03.2010; link: http://textospra.blogspot.com/2010/03/569-brazil-and-non-intervention-paulo-r.html).
2020. “Le Brésil à deux moments de la globalisation capitaliste et à un siècle de distance (1909-2009)”, Brasília, 30 junho 2009, 25 p. Trabalho apresentado para o International Symposium “Inequalities in the World System: Political Science, Philosophy, Law” (Organizadores: Klaus-Gerd GIESEN Université d'Auvergne (Clermont-Ferrand, France) e Marcos NOBRE Université de Campinas/CEBRAP (Campinas/São Paulo, Brazil); São Paulo, 3-6 de setembro de 2009; Cebrap. Blog Textos PRA (03.03.2010 ; link : http://textospra.blogspot.com/2010/03/570-le-bresil-deux-moments-de-la.html).
2008. “Financial Architecture of the Post-Crisis World: Efficiency of Solutions”, Brasília, 22 maio 2009, 7 p. Answers to questions presented by researcher from the Post-Crisis World Institute Foundation, Moscou (Michael Mizhinski). Blog Diplomatizzando (03.03.2010: link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/03/1741-financial-architecture-of-post.html).
1999. “The share of the United States and Brazil in the modern civilization: A centennial homage to Joaquim Nabuco’s commencement speech of 1909”, Urbana, 23 abril 2009, 15 p. Paper presented at the Symposium: Nabuco and Madison: A Centennial Celebration (Madison, WI: University of Wisconsin, April 24-25, 2009); Available at link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1999NabucoMadison.pdf.
1996. “Brazil’s role in South America and in the global arena”, Urbana, 13 abril 2009, 7 p. Answers to questions presented by a M.A. Candidate 2010 of the Latin American & Hemispheric Studies Elliott School of International Affairs - George Washington University. Blog Diplomatizzando (13.04.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/04/1063-turismo-academico-13-brazils-role.html).
1983. “Mercosur-European Union Cooperation: A case study on the effects of EU activities and cooperation with Mercosur on regional democracy building”, Brasília, 2 fevereiro 2009, 26 p. Paper prepared for a Project of International IDEA to map out and analyze the perceptions on the European Union as an actor in democracy building, as seen from the EU's partner regions. Blog Textos PRA (03.03.2010; link: http://textospra.blogspot.com/2010/03/571-eu-activities-and-cooperation-with.html).
1950. “Les Brics et l’économie brésilienne : Interview pour la Chaire des Amériques – Université Paris I”, Brasília, 11 novembro 2008, 6 p. Respostas a questionário colocado por Vincent Paes, assistente da Chaire Amériques-Université de Paris I, para divulgação online. Divulgado em 25.11.2008, nos seguintes links: (a) Brics: http://www.economie-et-societe.com/article-24982794.html; (b) Brésil: http://www.economie-et-societe.com/article-25122338.html.
1942. “La puissance américaine vue d'Amérique Latine”, Brasília, 21 outubro 2008, 2 p. Interview à Radio France Culture, journaliste Thierry Garcin (Paris: émission le 29.10.2008, à 7h15, 10 minutes; link: http://www.radiofrance.fr/chaines/france-culture2/emissions/enjeux_inter/fiche.php?diffusion_id=66840).
1902. “Brazil in the world context, at the first decade of the 21th century: regional leadership and strategies for its integration into the world economy”, Rio de Janeiro, 26 junho 2008, 22 p. Essay for the volume edited by Joám Evans Pim (president IGESIP, Corunha; www.igesip.org; Editor Strategic Evaluation), on Brazilian Defense Policy: Current Trends and Regional Implications (to be published in United Kingdom). In: Joam Evans (org.), Brazilian Defence Policies: Current Trends and Regional Implications (London: Dunkling Books, 2009, 251 p.; ISBN: 978-0-9563478-0-0; link to book: http://www.lulu.com/content/7719508#), p. 11-26. Relação de Publicados n. 935.
1900. “Brazil: Mileposts to Responsible Stakeholdership”, Brasília-Tóquio, 24 junho 2008, 53 p. Joint text, written with Miguel Diaz, for the project “Mileposts to Responsible Stakeholdership” of the Stanley Foundation (http://www.stanleyfoundation.org/); presented by Miguel Diaz in a Washington meeting (July 8, 2008) and published at the website of the Project “Powers and Principles: International Leadership in a Shrinking World” (November 3rd, 2008; link: http://www.stanleyfoundation.org/articles.cfm?ID=504), under the title: “Brazil's Candidacy for Major Power Status”, by Miguel Diaz and Paulo Roberto Almeida, with a reaction by Georges D. Landau (Muscatine, IA: The Stanley Foundation, Working Paper, November 2008, 24 p.; link: http://www.stanleyfoundation.org/powersandprinciples/BrazilCandidacyMPStatus.PDF). Published in book form as: “Brazil's Candidacy for Major Power Status”, with Miguel Diaz. In: Michael Schiffer and David Shorr (Eds.). Powers and Principles: International Leadership in a Shrinking World (Lanham, MD: Lexington Books, 2009, 328p.; Co-published with: The Stanley Foundation; ISBN Cloth: 978-0-7391-3543-3; $85.00; ISBN Paper: 978-0-7391-3544-0; $32.95; p. 225-250). Link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/109StanleyBook2009.html. Relação de Publicados n. 897.
1890. “Brazil and the G8 Heiligendamm Process”, 18 maio 2008, 31 p. Paper preparado em colaboração com Denise Gregory, Diretora Executiva do CEBRI para publicação do Centre for International Governance Innovation - CIGI, do Canadá (www.cigionline.org). Publicado in Andrew F. Cooper and Agata Antkiewicz, Emerging Powers in Global Governance: Lessons from the Heiligendamm Process. Waterloo, Canada: Wilfrid Laurier University Press, Studies in International Governance Series, October 2008, p. 137-161; ISBN: 978-1-55458–057-6. © 2008 The Centre for International Governance Innovation (CIGI) and Wilfrid Laurier University Press; Available at: http://www.press.wlu.ca/Catalog/cooper.shtml).
1871. “Convergence and divergence in historical perspective: Regions and countries and their differing paths and rhythms towards sustainable integration into the world economy”, Brasília, 15 março 2008, 15 p. Opening Lecture at the 8th World Congress of RSAI: Regional Science Association International (http://www.aber.fea.usp.br/rsai2008/). Feita na FEA-USP (São Paulo, 17 março 2008). Preparado PowerPoint com imagens.
1868. “Brazil’s Integration into Global Governance: The rise of the Outreach-5 countries to a G-8 (plus) status”, Brasília, 9 março 2008, 29 p. Versão em inglês, ampliada, em colaboração com Denise Gregory, Diretora Executiva do Cebri, do trabalho 1866. Draft paper prepared for the project Dialogue on Global Governance with the “Outreach” countries - Konrad Adenauer Stiftung, para apresentação em seminário no Cebri, Rio de Janeiro, em 4 de abril. Revisões: 4 de junho; 15 julho; 8 setembro (26 p.). Última revisão: 30 de dezembro. Publicado, como “Brazil”, no volume: Growth and Responsibility: The positioning of emerging powers in the global governance system (Berlin: Konrad Adenauer Stiftung, 2009, 126 p.; ISBN: 978-3-940955-45-6; p. 11-30; link: http://www.kas.de/wf/en/33.15573/-/-/-/index.html?src=nl09-01). Trabalhos publicados n. 887.
1859. “Questionnaire on the G8 Summit Reform Process”, Brasília, 12 fevereiro 2008, 3 p. Answers and comments to a questionnaire on the Heiligendam Process (expansion of G-8 countries to the outreach 5) and global governance reform, presented by Prof. Colin I. Bradford, Jr. (Brookings Institution, Washington, and Centre for International Governance Innovation (CIGI), Waterloo, Canada).
1856. “Brazil and Global Governance”, Brasília, 30 janeiro 2008, 17 p. Colaboração a trabalho a ser apresentado pelo CEBRI para centro de estudos do Canadá (Centre for International Governance Innovation - CIGI).
1811. “The Foreign Policy of Brazil under Lula: Regional and global diplomatic strategies”, Brasília, 30 setembro 2007, 25 p. Published as “Lula’s Foreign Policy: Regional and Global Strategies”, chap. 9, In Werner Baer and Joseph Love (eds.), Brazil under Lula (New York: Palgrave-Macmillan, 2009, 326 p.; ISBN: 970-0-230-60816-0; p. 167-183; link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1811BrForPolicyPalgrave2009.pdf). Publicados n. 811.
1748. “Brazil as a regional player and as an emerging global power: Foreign policy strategies and the impact on the new international order”. Versão reduzida em inglês para publicação pela FES-SWP, dia 7.07.07; publicado sob a forma de Briefing Paper, series Dialogue on Globalization (Berlin: Friedrich Ebert Stiftung, July 2007; link: http://library.fes.de/pdf-files/iez/global/04709.pdf). Publicados n. 780bis.
2042) Agencia de Turismo Esquizofrenico do Palacio do Planalto Ltd.
SARNEY DE VOLTA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA!
Por Gabriela Guerreiro, na Folha Online (7.04.2010):
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta quarta-feira que vai cumprir de forma “protocolar” o período em que ocupar a presidência da República na semana que vem. Vinte anos depois de deixar a Presidência da República, o peemedebista disse que o seu tempo de presidente “já passou”, por isso vai somente cumprir uma determinação constitucional.
“Se isso for confirmado, cumpro protocolarmente. Já fui presidente, é um tempo que já passou”, afirmou.
Sarney assumirá a Presidência da República de segunda a quarta-feira da próxima semana com a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Washington — onde participa de conferência sobre segurança nuclear.
O presidente do Senado, porém, disse que ainda não foi informado oficialmente sobre a possibilidade de ocupar o cargo máximo do país nos próximos dias. “Estou surpreso, perplexo, soube pela imprensa.”
Colocar Sarney na presidência do país é a única forma de não inviabilizar as candidaturas do vice-presidente, José Alencar, a deputado ou senador por Minas Gerais, e de Michel Temer (PMDB-SP) a vice na chapa da pré-candidata do PT à sucessão de Lula, Dilma Rousseff.
Para evitar de assumir o lugar de Lula, o vice Alencar teve que arranjar uma viagem ao Uruguai. A agenda ainda está sendo montada por sua assessoria e deve incluir visita ao Parlamento uruguaio e ao presidente José Mujica. Temer também deixará o país, mas ainda não sabe para onde irá. Se os dois ficassem no Brasil, seriam obrigados a assumir o cargo por serem os primeiros na linha sucessória do presidente da República.
Com Lula, Alencar e Temer fora, Sarney assume porque é o terceiro na linha sucessória e não é candidato a nada nas eleições deste ano. A legislação eleitoral impede que candidatos ocupem, depois do dia 3 de abril, cargos no Poder Executivo. Se Temer ou Alencar assumissem a presidência no lugar de Lula, as candidaturas dos dois poderiam ser questionadas judicialmente.
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Agora comento (Agência PRA):
Tudo bem, a culpa não parece ser diretamente do Palácio do Planalto, embora aquilo esteja mais para agência de viagens do que propriamente para um escritório de trabalho.
A culpa é da legislação imbecil brasileira, política e eleitoral, que determina essa ciranda de homens adultos escapando do cargo de presidente da República, apenas porque desejam ser candidatos nas próximas eleições.
Em primeiro lugar, se deveria acabar com o ridículo cargo de Vice-Presidente da República, que nos nossos tempos de comunicação instantânea não serve para mais nada, posto que o presidente pode ser alcançado a qualquer hora em qualquer lugar.
Inclusive se tem a situação esdrúxula, e passavelmente inconstitucional, de se ter um presidente lá fora assinando tratados internacionais, e um outro aqui dentro, assinando ao mesmo tempo leis e decretos, o que é inacreditável: um país ter dois presidentes legalmente na posse de suas faculdades legais ao mesmo tempo. Deveria ser ilegal, mas é simplesmente ridículo e patético.
Em segundo lugar, se deveria simplesmente acabar com essas substituições de mentirinha, posto que eles não servem para rigorosamente nada, uma vez que o presidente não perde sua capacidade de assumir encargos, de dar ordens, de ter o seu séquito de burocratas onde quer que vá.
Em terceiro lugar, se deveria acabar com essa regra ridículo que impede o exercício de funções executivas para quem vai concorrer a um cargo executivo ou no Parlamento, posto que o mesmo não se aplica ao presidente que pretende concorrer à sua reeleição.
Tudo isso, no Brasil, é ridículo, sem falar desse aspecto absolutamente nojento de se ter de ficar buscando uma viagem para dois personagens da República apenas porque eles não podem assumir o cargo de presidente. Pelo menos eles poderiam renunciar temporariamente, ou dizer que não querem, como dois meninos emburrados, e passar o cargo adiante. Ou simplesmente não passar e acabar com essa pantomima custosa para os bolsos dos contribuintes...
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Addendum em 9.04.2010:
Do que escapamos:
Livres, enfim
Coluna do jornalista Carlos Brickmann:
Escapamos por pouco: o vice-presidente José Alencar desistiu de se candidatar a qualquer cargo nas próximas eleições e poderá ocupar a Presidência nas viagens de Lula. Se Alencar quisesse ser candidato, o substituto seria o presidente da Câmara, Michel Temer. Como Temer também é candidato (provavelmente a vice de Dilma, mas no mínimo à reeleição como deputado), também não poderia assumir. E o substituto legal, já hoje, seria o presidente do Senado, José Sarney. É duro pensar nisso. E lembrar que no caso ele seria o chefe da Polícia Federal, que investiga as empresas de sua família, comandadas por seu filho, é ainda pior.
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 8.04.2010)
2041) Matematica diplomatica parlamentar (ou vai la entender...)
"A modificação aumenta em três vezes o valor pago à energia cedida ao Brasil. Se for considerado como referência o ano de 2008, os pagamentos anuais feitos ao Paraguai pela energia de Itaipu passariam de cerca de US$ 120 milhões para cerca de US$ 360 milhões."
Juro que gostaria de entender essa conta diplomática...
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Paulo Roberto Almeida
Itaipu: relatório aponta ganhos para Brasil e Paraguai
Do Boletim da Liderança do PT na Câmara dos Deputados
8 de abril de 2010
Pedido de vista adiou, ontem, a votação do relatório do deputado Dr. Rosinha (PT-PR) à mensagem n° 951/09, que trata dos novos valores que o Brasil deverá pagar pela energia excedente de Itaipu. As alterações elevarão os pagamentos anuais feitos ao Paraguai. O relatório foi apresentado nesta quarta-feira e defende que o novo patamar de remuneração beneficiará tanto o Paraguai como o Brasil. Rosinha disse esperar que a matéria possa ser votada na próxima reunião da Representação Brasileira do Parlasul, provavelmente na próxima semana.
No Tratado de Itaipu está previsto que cada estado-parte do Mercosul se obriga a vender ao outro país a energia que não utilizar. Como o Paraguai utiliza apenas 10% da energia de Itaipu a que tem direito, o restante é vendido ao Brasil. O texto do relator altera o valor pago pela venda dessa energia. A modificação aumenta em três vezes o valor pago à energia cedida ao Brasil. Se for considerado como referência o ano de 2008, os pagamentos anuais feitos ao Paraguai pela energia de Itaipu passariam de cerca de US$ 120 milhões para cerca de US$ 360 milhões.
Rosinha considerou que o novo valor é aceitável, levando em consideração as vantagens que ele poderá trazer. “Os US$ 240 milhões adicionais que se pagarão ao Paraguai representam um custo muito baixo, comparativamente aos ganhos políticos, diplomáticos, econômicos e comerciais que o Brasil obtém ao apostar na integração regional e na prosperidade de seus vizinhos", disse.
O relatório de Rosinha afirma que não é razoável argumentar que a nova remuneração da energia cedida pelo Paraguai vá prejudicar o consumidor brasileiro. "É ganho para o Paraguai, no crescimento econômico e social, e para o Brasil, que ganha no sentido de ter um país vizinho mais desenvolvido e com mais estabilidade social. A resistência ao reajuste hoje é política", afirmou.
Se aprovada pela Representação Brasileira do Parlasul, a mensagem passa a ser um Projeto de Decreto Legislativo e será avaliado simultaneamente pelas Comissões de Relações Exteriores da Câmara, de Minas e Energia, de Finanças e Tributação, e de Constituição e Justiça. Depois de aprovado, o PDC será votado pelo plenário da Câmara para depois seguir para o Senado.
Segundo Rosinha, uma delegação paraguaia chegará ao Brasil na próxima semana para tentar conseguir dos líderes partidários no Congresso um acordo que permita que a matéria entre em regime de urgência e possa votada em plenário sem a necessidade de passar pelas comissões.
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(continuo sem entender...)
quarta-feira, 7 de abril de 2010
2040) Pausa para uma pequena reflexao sobre o Brasil - Andrei Pleshu
Autor: Andrei Pleshu, filósofo romeno.
“No Brasil, ninguém tem a obrigação de ser normal. Se fosse só isso, estaria bem. Esse é o Brasil tolerante, bonachão, que prefere o desleixo moral ao risco da severidade injusta. Mas há no fundo dele um Brasil temível, o Brasil do caos obrigatório, que rejeita a ordem, a clareza e a verdade como se fossem pecados capitais. O Brasil onde ser normal não é só desnecessário: é proibido. O Brasil onde você pode dizer que dois mais dois são cinco, sete ou nove e meio, mas, se diz que são quatro, sente nos olhares em torno o fogo do rancor ou o gelo do desprezo. Sobretudo se insiste que pode provar”.
Acrescento eu que a bizarrice brasileira vem aumentando muito nos últimos tempos, por obra de gregos e goianos (com o perdão dos goianos, mas eu quis dizer simplesmente que os ataques à racionalidade vêm de todos os lados).
Parece-me que estamos em linha com as preocupações manifestadas em meu último trabalho publicado:
“A coruja de Tocqueville: fatos e opiniões sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporâneo”
Espaço Acadêmico (ano 9, n. 107, abril 2010, p. 143-148).
2039) Mister Chavez goes to shopping (in the arms market)...
Editorial Washington Post
Wednesday, April 7, 2010
RUSSIAN PRIME Minister boasted after returning from a visit to Venezuela on Monday that he had sold President Hugo Chavez another $5 billion in weapons -- a huge sum for a Latin American army. Hours later State Department spokesman P.J. Crowley was asked for a reaction at his public briefing. First answer: "We don't care."
Mr. Crowley went on to say that State didn't see a legitimate need for all that equipment and was concerned that it might "migrate into other parts of the hemisphere." But his initial response was all too indicative of the continued complacency with which the Obama administration regards the political, economic and human rights meltdown underway in a major U.S. oil supplier -- and where it may lead.
The last time we looked in on developments in Venezuela, in January, we pointed out that Mr. Chavez had reacted to the unravelling of his economy and his own shrinking popularity by stepping up repression of the opposition. That continues: In the last couple of weeks the government arrested and brought criminal charges against three more leading critics. One is a former state governor and presidential candidate, who said in an interview -- correctly -- that Venezuela has become a haven for drug traffickers and terrorists. A second is the owner of the last television network that dares to criticize Mr. Chavez; the third is a deputy in the National Assembly who had denounced corruption involving members of the president's family.
Mr. Chavez's move against former Gov. Oswaldo Alvarez Paz came after a Spanish judge issued an indictment accusing the government and armed forces of facilitating contacts between Colombia's leftwing FARC terrorists and those of the Basque group ETA, who were allegedly concocting plots to assassinate the Colombian president and other leading politicians. Mr. Paz's "crime" was to talk about this development. The Spanish dossier is one of several demonstrating material support for terrorism by Mr. Chavez, who has made little secret of his preference for the FARC over Colombia's democratic government.
That brings us to the latest round of arms puchases from Russia, which come on top of $4 billion in weapons Mr. Chavez already ordered from Moscow. The arsenal includes T-72 tanks, MI-17 helicopters, and advanced fighter jets -- weapons suitable for the conventional war with which Mr. Chavez has repeatedly threatened Colombia.
The Obama administration's response has been to ignore or soft-pedal most of this. Political arrests are met with perfunctory statements of concern; the extensive evidence of support for terrorism is studiously ignored, lest the United States be compelled to act on its own laws mandating sanctions in such cases. About the flood of Russian weapons, aimed at intimidating one of the closest U.S. allies in Latin America, the administration publicly says, "we don't care." Colombians -- and average Venezuelans -- can only hope such breathtaking nonchalance is justified.
2038) Descendo à terra: para uma diplomacia comercial efetiva
Os dois mundos de Lula
Rolf Kuntz
O Estado de S. Paulo, Quarta-feira, 7 de abril de 2010
O presidente Lula ouviu ontem o relato de mais um fracasso. Nenhuma das grandes metas fixadas para 2010 na impropriamente chamada Política de Desenvolvimento Produtivo será alcançada: o investimento não chegará a 21% do PIB; o Brasil não aumentará sua participação no comércio internacional; o gasto privado com inovação tecnológica ficará abaixo do projetado em 2008; não haverá, na exportação, o desejado aumento da presença das pequenas empresas. O quadro foi a atração principal de um almoço no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio. Um dia antes, ele havia cobrado, em reunião ministerial, medidas urgentes para expansão do financiamento às exportações. Segundo ele, os chineses vêm conquistando mercados nas barbas dos brasileiros e é preciso reagir.
Se o presidente precisasse de números para reforçar a cobrança, poderia ter citado um relatório divulgado no mesmo dia pela Cepal, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe. O documento contém um balanço da competição entre China e Brasil em 11 mercados ou blocos. Na disputa pela venda de produtos similares, o Brasil teve um ganho de US$ 13,6 bilhões entre 1995 e 2008. A China, um aumento de US$ 512,5 bilhões.
O presidente Lula exigiu financiamentos. Isso é pouco. Os países mais eficientes no comércio têm políticas de competitividade. O Brasil tem um arremedo de política industrial. Nos últimos dez anos a maior taxa de investimento em máquinas, equipamentos e construções ocorreu em 2008: 18,7% do Produto Interno Bruto. Todos os competidores importantes investem mais de 30% em capital físico. Os chineses, mais de 40%. Os brasileiros poderiam ser bem mais competitivos do que hoje mesmo sem chegar perto desse nível.
Mas o investimento físico é só uma parte da diferença. Os países mais dinâmicos no comércio têm políticas educacionais muito mais sérias e produtivas. No Brasil, os números mais animadores indicam o esforço de universalização. Houve um empenho, acentuado a partir dos anos 90, para eliminar o analfabetismo. Mas a baixa eficiência do sistema é evidenciada por fatos bem conhecidos.
Cerca de 20% dos brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos são analfabetos funcionais. Empresários de vários setores queixam-se da escassez de mão de obra. Há muita gente em busca de trabalho, mas falta pessoal com um mínimo de qualificação. É desastrosa a formação básica em linguagem, matemática e ciências. No Brasil, o governo tem cuidado principalmente da multiplicação de vagas e de jovens diplomados, mesmo que os diplomas sejam obtidos em cursos de baixo nível e não abram perspectivas profissionais. Nos países com políticas sérias, procurou-se, nos últimos 30 anos, formar pessoal para participar efetivamente da produção e do crescimento econômico.
Na semana passada, o presidente disse ter feito uma revolução na educação. Deve ter sido um revolução com resultados comparáveis aos do PAC, o emperrado Programa de Aceleração do Crescimento. Essa é uma das características interessantes do presidente Lula: ele cobra resultados concretos de seus auxiliares, mas seu discurso político trata quase sempre de um mundo de fantasia. Tem sido assim com a imaginária política industrial, com a política educacional e com a diplomacia Sul-Sul.
Essa diplomacia atribui prioridade a parcerias com latino-americanos e outros emergentes. Mas são prioridades unilaterais. O governo brasileiro trabalhou contra as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Mas outros países da região não deixaram de buscar acordos com os Estados Unidos.
Com ou sem acordo, vários desses países têm tido acesso preferencial do mercado dos Estados Unidos. O Brasil não tem. Ao mesmo tempo, países latino-americanos têm concedido facilidades comerciais tanto aos Estados Unidos quanto aos chineses, enquanto o Brasil, nos acordos com os parceiros da região, sempre concede muito mais do que recebe.
O avanço chinês mais ameaçador para os brasileiros ocorreu na América Latina. Segundo a Cepal, a China teve um ganho de US$ 36,5 bilhões nas vendas ao mercado latino-americano, entre 1995 e 2008, nas áreas de competição com o Brasil. O Brasil perdeu US$ 698 milhões. A China avançou até na Argentina, sócia do Mercosul, onde as exportações brasileiras são sujeitas a barreiras protecionistas. Com um pouco mais de realismo, Lula cobraria não só financiamentos à exportação, mas também uma política industrial efetiva, uma reforma tributária para valer e uma diplomacia econômica sem fantasia. Mas para isso seria necessária uma iluminação como a de São Paulo, ao cair do cavalo na Estrada de Damasco.
2037) A arte de "desatrair" investimentos estrangeiros...
O Equador solicitará a nulidade da sentença arbitral da Corte Permanente de Abritragem da Haia que obriga o Equador a pagar US$ 700 milhões à Chevron e anunciou que enviará carta aos demais membros da Unasul, solicitando apoio à causa equatoriana.
Além da Chevron, que move 2 processos contra o Equador, nove outras empresas estão processando o Estado equatoriano: Global Net, Ulysseas, Occidental, Murphy, Burlington, Repsol, Perenco, Vatadur e Quiport.
Isso faz um bocado de problemas para quem pretende desenvolver o país, criar empregos e riqueza. Creio que Chávez aprovaria os procedimentos de seu colega e amigo do Equador, mas talvez os capitalistas estrangeiros não tenham a mesma opinião...
Paulo Roberto de Almeida
2036) A coruja de Tocqueville - este que aqui escreve
Em todo caso, meu último trabalho publicado:
A coruja de Tocqueville: fatos e opiniões sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporâneo
Espaço Acadêmico (ano 9, n. 107, abril 2010; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9800/5484).
Resumo: Anotações de um assistente de Tocqueville que, em sua missão de prospecção ao Brasil, constatou o desmantelamento das instituições públicas, como resultado de ações e iniciativas do próprio governo. São enunciados fatos que comprovam tal asserção e emitidas opiniões pessoais, sob a forma de notas de registro de viagem, que permitirão ao especialista em regimes democráticos concluir seu relatório de viagem, eventualmente sob a forma"de um "clássico revisitado", qual seja, uma análise das desventuras da democracia no maior país da América do Sul.
Para todo o sumário da Revista Espaço Acadêmico, em sua edição nº 107, abril de 2010, ver esta link de acesso: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current
2035) Diplomacia partidaria...
Por Eduardo Bresciani
G1, Brasília - 7/04/2010
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, passou por uma saia justa nesta terça-feira (6) na Comissão de Relações Exteriores do Senado ao mencionar que a ex-ministra Dilma Rousseff é sua candidata à Presidência da República. Ele foi interrompido pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que afirmou que Amorim votou em José Serra (PSDB-SP) em 2002 e foi cotado para ser ministro em um governo do PSDB.
Tudo começou quanto Tasso dizia que o Brasil não tinha alcançado os principais objetivos de sua política externa: a vaga permanente do Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas (ONU) e as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Amorim interrompeu o senador para dizer que os objetivos não eram somente do governo Lula. “Esses objetivos já eram antes, foram nossos e quem for eleito, espero que seja minha candidata…”, dizia quando foi interrompido por Tasso antes de terminar a frase. “Sua candidata?”, questionou o tucano em meio a burburinhos no plenário. “Sim, a candidata do meu partido”, respondeu Amorim. “Se fosse no governo anterior, o seu candidato seria o Serra. O senhor votou no Serra”, disse o tucano. Amorim não rebateu a afirmação de que deu seu voto ao tucano em 2002, quando Serra disputou a eleição contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro continuou a ser provocado por Tasso. “Você quer que eu termine?”, indagou o tucano. O ministro disse que sim. Tasso então começou a dizer que Amorim esteve próximo de Serra em 2002 e seria ministro das Relações Exteriores em um eventual governo tucano. Mencionou ainda que o primeiro cargo de indicação que Amorim ocupou foi ainda no governo de Fernando Collor (PTB-AL). “O senhor foi cogitado e trabalhou para ser ministro das Relações Exteriores do Serra. O senhor, aliás, começou como ‘collorido’ na época do Collor”, disse Tasso.
Em sua resposta, Amorim disse ter “muita honra” dos cargos que ocupou no governo Fernando Henrique Cardoso, entre eles o de embaixador na Organização Mundial do Comércio, e confirmou ser amigo de Serra. Negou, no entanto, que seria ministro com o tucano. “Sou amigo pessoal e tenho grande estima pelo governador Serra. Se ele considerou meu nome, nunca me disse nada disso.” Tasso rebateu: “O Serra sabe esconder as coisas e você chamava ele de presidente Serra”.
Amorim não quis prolongar a discussão. Ele reafirmou que os objetivos da política externa seriam os mesmos independentemente da vitória de Dilma ou de Serra na disputa pela Presidência. Tasso ainda ironizou a filiação de Amorim ao PT. “Seu neopetismo é comovente, tenho que ficar tocado com ele.”
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Nenhum comentário pessoal, apenas, talvez, seja útil relembrar duas de minhas "Dez regras modernas da diplomacia".
1. Servir a pátria, mais do que aos governos, conhecer profundamente os interesses permanentes da nação e do povo aos quais serve; ter absolutamente claros quais são os grandes princípios de atuação do país a serviço do qual se encontra.
(...)
6. Afastar ideologias ou interesses político-partidários das considerações relativas à política externa do país.
Para ler todas elas, ver em meu site: http://www.espacoacademico.com.br/004/04almeida.htm
terça-feira, 6 de abril de 2010
2034) Ainda o assunto dos caças franceses: um cidadão de bom senso (e de coragem)
Um Parlamento decente também investigaria o assunto em qualquer lugar do mundo...
MPF abre inquérito para investigar compra de caças
Por Nelia Marquez e Tânia Monteiro
Agência Estado, 6,04.2010
O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília instaurou no dia 30 de março inquérito civil público para apurar as negociações em torno da compra dos 36 caças pelo governo brasileiro. A investigação foi pedida pelo procurador José Alfredo de Paula Silva com base em representação do cidadão Vinícius Vasconcelos.
Embora a operação de compra ainda não tenha sido formalizada pelo governo brasileiro, a portaria que instaurou o inquérito considera que a escolha pelos caças franceses já é uma decisão do governo brasileiro “por critério de política externa”.
De acordo com a portaria do MPF, o objeto da investigação é a preferência do governo brasileiro em “escolher o caça francês Rafale, desprezando as concorrentes Gripen (sueco) e super Hornet (norte-americano), cujas propostas tinham preços menores”. Conforme o texto, ao decidir pelos caças franceses, o governo desprezou o “princípio da economicidade”.
2033) Les gaulois resistent, encore et toujours... a l'Anglais
Europa resiste à consagração do inglês como língua marítima
Parlamentares europeus estão resistindo à proposta da União Europeia de consagração do inglês como língua franca em todas as comunicações marítimas. Deputados de diferentes nacionalidades estão tentando inibir a regra, que "requer o uso do inglês como língua de trabalho" na navegação.
A iniciativa da União Europeia foi discutida no Comitê de Transporte do Parlamento Europeu. Os deputados Luis de Grandes Pascual (Espanha), Dominique Vlasto e Dominique Riquet (França) apresentaram reivindicações, pois, segundo eles, "nenhuma língua deve ser imposta como linguagem exclusiva de trabalho". Ainda segundo os políticos, "a questão é controversa, pois uma variedade de idiomas são utilizados indiscriminadamente no comércio internacional".
A introdução generalizada do inglês como língua obrigatória foi defendida pelo deputado belga Dirk Sterckx. "O uso de uma linguagem comum beneficiaria o transporte marítimo europeu e permitiria que a comunicação ocorresse de forma mais suave, causando menos confusão e atrasos administrativos", opinou.
Apesar do impasse causado, o inglês já é normalmente utilizado na comunicação entre os comandantes de navios e portos, órgãos oficiais e práticos. Porém, a documentação entregue às autoridades locais é muitas vezes apresentada na língua nativa.
Fonte : Guia Marítimo, 24/03/2010
2032) O imbroglio do pré-sal: uma confusao previsivel...
Lula foi o culpado
Por Mailson da Nóbrega
O Estado de S.Paulo, 6/04/2010
A decisão da Câmara de distribuir os royalties do petróleo com todos os estados e municípios, em detrimento das regiões produtoras, foi uma reprise de conhecido filme. Dava para perceber que isso poderia acontecer. Os parlamentares têm incentivos irresistíveis para transferir recursos permanentes às suas bases. Não enxergam seus efeitos negativos. Olham o interesse eleitoral. Muitos esperam virar heróis.
A mudança das regras de exploração do pré-sal continha muitos riscos, inclusive o de uma desastrosa repartição dos recursos. Lula colheu, pois, a tempestade dos ventos que semeou. A derrota foi acachapante: 369 deputados, dos quais 270 governistas, votaram a favor da emenda de Ibsen Pinheiro e Humberto Souto, os dois deputados que propuseram a “gracinha”, como o presidente chamou a tungada. Ele deveria saber que em questões como esta as lealdades se esfumaçam.
A maioria dos sistemas tributários modernos concentra a receita no governo central, ao qual costumam caber os impostos sobre o consumo e a renda, que têm ao mesmo tempo maior potencial de arrecadação e menor poder de distorção sobre a atividade econômica. Nessa esfera de governo a arrecadação costuma superar o gasto. Regiões menos desenvolvidas, ao contrário, precisam contar com a ajuda do governo central para se aproximar da situação das áreas ricas. Como fazer isso de forma permanente e justa não é trivial. Há sempre o risco de excessos prejudiciais a todos.
No Brasil, a partilha federativa dos recursos, que tinha entre seus propósitos o de promover a redução das desigualdades regionais, nasceu em 1965. Emenda constitucional de então destinou aos governos subnacionais 20% do imposto de renda e do IPI: 10% para o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e 10% para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). As regiões menos desenvolvidas recebem proporcionalmente mais.
Em 1969, a partilha se reduziu à metade, mas foi restabelecida entre 1976 e 1980. De 1981 a 1984, passou para 26%: 12,5% para o FPE e 13,5% para o FPM. De 1985 a 1988, foi para 31%: 14% para o FPE e 17% para o FPM. Com a Constituição de 1988, saltou para 47%: 21,5% para o FPE, 22,5% para o FPM e 3% para financiar o setor produtivo das regiões menos desenvolvidas. E mais 10% do IPI para estados exportadores. Em apenas oito anos, a partilha pulou de 10% para 47% do IR e de 10% para 57% do IPI. Perdeu-se qualquer senso de medida. A União foi churrasqueada à míngua de líderes. E em 2007 a partilha subiu para 48% (1% a mais para o FPM). Parece interminável, não?
Ao mesmo tempo, foram aumentadas as despesas obrigatórias do governo federal com o INSS, os funcionários públicos e a educação. O grave desequilíbrio foi atenuado pela elevação brutal dos tributos, com a resultante piora de sua qualidade. Para cobrir o buraco, a União recorreu a tributos não partilháveis, as contribuições. Mesmo assim, a situação piorou: menor capacidade de investimento, maiores ineficiências e abalo no potencial de crescimento. A partilha pro-duziu mais salários de servidores, corrupção e gastos correntes do que investimentos nos estados e municípios.
Essas lições não foram aprendidas por Lula. Era questão de tempo. O Congresso iria à farra com os recursos do pré-sal. Ficara fácil. O governo não tinha estratégia para neutralizar o apetite dos parlamentares. Lula preferiu ignorar a história. Guiou-se pela ideologia estatizante e por objetivos eleitorais. A discussão sobre o pré-sal foi feita a portas fechadas. O Congresso foi atropelado com o regime de urgência para apreciar os respectivos projetos de lei.
E o imbróglio continuou. Com o propósito de compensar os estados produtores, os senadores Francisco Dornelles e Renato Casagrande propuseram diminuir a parcela da União nesses recursos. Dos mais de 25% antes previstos para o governo federal, restarão menos de 10%. A pulverização dos recursos levará a novos desperdícios.
Uma saída seria deixar a decisão para depois das eleições, o que acabaria ficando para o próximo governo. Haveria tempo para uma discussão saudável e responsável sobre o regime de exploração e os recursos. O mal teria vindo para o bem.
2031) Negociacoes comerciais multilaterais: o papel dos emergentes - Patrick Messerlin
Caminhando com gigantes
Patrick A. Messerlin
Valor Econômico, 5.04.2010
Na esteira da Cúpula do G-20, em Pittsburgh, no ano passado, autoridades americanas e europeias insistiram em que os membros do G-20 estavam impondo novas responsabilidades. Elas convidaram as autoridades econômicas dos gigantes emergentes a se envolverem mais na concepção de um novo balizamento econômico mundial - sugerindo, implicitamente, que isso não aconteceu até agora.
No entanto, as evidências não sustentam essa visão. Brasil, China, Índia, Coreia e México já vinham desempenhando um papel decisivo em duas grandes áreas: o regime de comércio mundial e a gestão da crise econômica mundial; ainda não há definição no que diz respeito a uma terceira: as mudanças climáticas.
Poucas pessoas parecem perceber a contribuição fundamental das economias emergentes para o sucesso do regime de comércio mundial atual. Durante as últimas três décadas, o surpreendente sucesso da liberalização comercial da China fez muito mais para convencer outros países em desenvolvimento sobre os ganhos com o comércio do que todas as exortações dos países na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De forma similar, entre os membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), a China declarou seu mais profundo engajamento na liberalização de serviços, a Índia tem levantado a questão de maior liberalização dos serviços e o Brasil tem sido decisivo em romper com o protecionismo agrícola americano e europeu. Durante as negociações ministeriais cruciais na OMC em julho de 2008, o Brasil foi o negociador mais proativo. O fracasso nessas negociações falhas são geralmente atribuídos à Índia e aos EUA, mas a maioria dos observadores parece concordar que a responsabilidade dos EUA é maior.
Na administração de crises na esteira do colapso financeiro em 2008, as economias emergentes têm sido tão diligentes e ativas quanto os Estados Unidos e a União Europeia (UE). A deterioração do saldo orçamentário geral da Coreia do Sul, China e Índia foi tão grave quanto nos maiores países membros da UE. Medidas macroeconômicas discriminatórias relacionadas com a crise e adotadas em 2009 por todas as principais economias emergentes, exclusive a Índia e o Brasil, são comparáveis às implementadas nos EUA e em toda a UE.
Por último, porém não menos importante, o núcleo de economias emergentes absteve-se de elevar tarifas, e seus pacotes de estímulo concederam subsídios muito mais limitados aos setores bancário e automobilístico do que pacotes semelhantes nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Exceção foram as dramáticas medidas de estímulo na China, que, expressas em políticas industriais, serão uma fonte de problemas no futuro.
Quanto às mudanças climáticas, as posições das economias emergentes eram, até meados de 2009, negativas ou defensivas. Mas a Índia fez muito para mudar o ânimo quando tornou-se proativa no debate sobre mudanças climáticas na reta de chegada à mais recente cúpula de dezembro em Copenhague. Pouco antes da reunião, a China anunciou um corte substancial no crescimento, embora não no nível, de suas emissões.
As credenciais de liderança dos países do G-20, tais como Argentina, Indonésia, África do Sul, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul e Turquia, têm sido menos convincentes. Esses países têm sido mais hesitantes em questões de comércio, mais ambíguos quanto aos instrumentos que escolheram para administrar a crise e continuam relutantes em lidar com as questões ambientais. Essas atitudes também são paralelas, em larga medida, a seu desempenho econômico menos convincente.
O fato de que o núcleo das economias emergentes têm contribuído substancialmente para a formação do novo quadro econômico mundial não significa que elas não continuem a enfrentar sérios problemas. Em particular, as discrepâncias de renda entre elas e os países ricos põem em perigo seu crescimento e estabilidade política de longo prazo, e ainda poderão prejudicar seu futuro envolvimento no processo do G-20.
Está na moda, hoje, buscar a implementação de normas internacionais mais rigorosas como solução para a maioria dos problemas mundiais, mas essa estratégia não é bem adequada a uma mudança, ora em curso, nas relações econômicas internacionais. A emergência de novas potências mundiais, combinada à diminuição da influência das atuais potências, não é propícia a disciplina mais rigorosa. As potências emergentes do mundo tendem a mostrar-se cada vez mais não inclinadas a aceitar limitações que veem como tutela norte-americana ou europeia. Ao mesmo tempo, ainda estão longe de exercer liderança, poder ou de introduzir, eles mesmos, maior disciplina.
Isso significa que os países da OCDE terão que liderar mediante exemplo. O que, em termos concretos, significa essa abordagem? Primeiro, ao reformar suas próprias estruturas regulamentadoras nacionais deveriam evitar guinadas muito fortes que os distanciem substancialmente de mercados supostamente racionais e os aproximem de governos supostamente racionais. Ao contrário, devem melhorar a qualidade da regulamentação, juntamente com execução e fiscalização. Como a regulamentação é uma forma de concorrência entre governos, um foco em melhor regulamentação parece, cada vez mais, o melhor canal de influência à disposição dos países da OCDE.
Segundo, os países da OCDE devem manter seus mercados abertos, e abrir os que estão fechados - na agricultura (crucial para o crescimento sustentado de economias emergentes, como Argentina, Brasil e Indonésia) ou de serviços (crucial para países como a Índia ou Coreia). Acima de tudo, essas regiões detêm a chave da geração de mais crescimento baseado em mercados internos em todas as economias emergentes. Tudo isso implica apoio muito mais vigoroso dos países da OCDE, especialmente dos EUA, a uma conclusão bem sucedida da rodada Doha da OMC.
Neste ano, a Coreia do Sul - um dos países de melhor desempenho durante a crise mundial - ocupará a presidência do G-20. Apoiar as iniciativas da Coreia do Sul cria excelente oportunidade para os países da OCDE mostrarem que, embora continuem orgulhosos do mundo pós-Segunda Guerra Mundial, agora em desaparecimento, não temem o novo mundo que está emergindo.
Patrick A. Messerlin é professor de Economia da Sciences-Po (Institut d Etudes Politiques), em Paris, e foi conselheiro especial do diretor geral da Organização Mundial do Comércio 1999-2002.
2030) Seminario sobre a Revisao do TNP - Senado Federal
A Revisão do Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares
DATA: 07 de abril de 2010
LOCAL: Auditório do Interlegis - Senado Federal - Av. N2 - Anexo “E” Cep: 70165-900 - Brasília / DF
INSCRIÇÕES: scomcre@senado.gov.br cebrapaz@ceprapaz.com.br
INFORMAÇÕES: CRE (61) 3303-3259
CEBRAPAZ (11) 3223-3469
Apresentação
As armas nucleares e o uso da energia nuclear constituem o tema principal da VIII Conferência das Partes de Revisão do Tratado sobre a Não- Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que acontece no próximo mês de maio, na sede das Nações Unidas.
Realizada a cada cinco anos, a Conferência das Partes é o momento em que os Estados Signatários avaliam o cumprimento dos compromissos assumidos com o Tratado e estabelecem políticas dirigidas ao desarmamento e à não proliferação de armas nucleares. O atual regime tem ampliado o fosso entre as grandes potências nucleares, que pouco fizeram em relação ao seu próprio desarmamento e priorizaram a “Não-Proliferação”, criando obstáculos para o uso pacífico da tecnologia nuclear pelas nações em desenvolvimento.
Com base nessa discussão, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal (CRE) aprovou requerimento de autoria do Senador Inácio Arruda, apoiado pelo Presidente Eduardo Azeredo e outros senhores senadores, para a realização do seminário “A Revisão do Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares”. Contando com a participação de várias instituições (Cebrapaz, CMP, FUNAG, CCAI, ABED e UnB), o evento quer ampliar esse debate no âmbito da sociedade brasileira, discutindo a defesa da paz com desenvolvimento para todos.
Expositore:
Senador Eduardo Azeredo - Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal –CRE e da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional -CCAI;
Senador Inácio Arruda – Membro da CRE e autor do requerimento;
Reitor José Geraldo de Sousa Júnior - Universidade de Brasília - UnB;
Socorro Gomes - Presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz - CEBRAPAZ e do Conselho Mundial da Paz - CMP;
Eurico de Lima Figueiredo - Presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa - ABED;
Embaixador Jerônimo Moscardo - Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão - FUNAG;
Socorro Gomes - Presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz e do Conselho Mundial da Paz - CMP;
Professor Frederico Carvalho – Membro do Conselho Português para a Paz e a Cooperação;
Embaixador Sérgio Duarte Queiroz - Alto Representante para as Questões de Desarmamento nas Nações Unidas;
Odair Dias Gonçalves - Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
Professor Nielsen de Paula Pires - Professor do Instituto de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília - UnB;
Jackie Cabasso - Coordenadora para os EUA da organização Prefeitos pela Paz e ativista da luta pela abolição das armas nucleares;
Odilon Marcuzzo do Canto - Secretário da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares - ABACC;
Rogério Cezar Cerqueira Leite - Presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron - ABTLuS;
Prabir Purkayastha - Vice-Presidente da Organização de Paz e Solidariedade da Índia;
Dalton Ellery Girão Barroso - Pesquisador do Instituto Militar de Engenharia - IME;
Manoel Domingos Neto - Pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da UFF;
Ministro Santiago Irazabal Mourão - Chefe da Divisão de Desarmamento e Tecnologias Sensíveis do Ministério das Relações Exteriores - MRE.
Programação:
9h às 9h30 - Abertura
Senador Eduardo Azeredo - Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal –CRE e da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional -CCAI;
Senador Inácio Arruda – Membro da CRE e autor do requerimento;
Reitor José Geraldo de Sousa Júnior - Universidade de Brasília - UnB;
Socorro Gomes - Presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz - CEBRAPAZ e do Conselho Mundial da Paz - CMP;
Eurico de Lima Figueiredo - Presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa - ABED;
Embaixador Jerônimo Moscardo - Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão - FUNAG.
09h30 às 11h30
1° Painel: Tema: "O desarmamento e a não proliferação nuclear frente à Conferência de revisão do TNP".
Coordenação: Senador Eduardo Azeredo
Expositores:
Socorro Gomes - Presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz e do Conselho Mundial da Paz - CMP;
Professor Frederico Carvalho – Membro do Conselho Português para a Paz e a Cooperação;
Embaixador Sérgio Duarte Queiroz - Alto Representante para as Questões de Desarmamento nas Nações Unidas;
Odair Dias Gonçalves - Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
Professor Nielsen de Paula Pires - Professor do Instituto de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília - UnB;
Jackie Cabasso - Coordenadora para os EUA da organização Prefeitos pela Paz e ativista da luta pela abolição das armas nucleares.
11h30 às 13h
Respostas dos expositores sobre as indagações dos participantes e esclarecimentos adicionais.
14h30 às 16h30
2° Painel: Tema: "O desenvolvimento científico e tecnológico da energia nuclear e seu papel no cenário internacional”.
Coordenação: Senador Inácio Arruda
Expositores:
Odilon Marcuzzo do Canto - Secretário da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares - ABACC;
Rogério Cezar Cerqueira Leite - Presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron - ABTLuS;
Prabir Purkayastha - Vice-Presidente da Organização de Paz e Solidariedade da Índia;
Dalton Ellery Girão Barroso - Pesquisador do Instituto Militar de Engenharia - IME;
Manoel Domingos Neto - Pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da UFF;
Ministro Santiago Irazabal Mourão - Chefe da Divisão de Desarmamento e Tecnologias Sensíveis do Ministério das Relações Exteriores - MRE.
17h00 às 18h30
Respostas dos expositores sobre as indagações dos participantes e esclarecimentos adicionais.
18:30h às 19:00h - Encerramento
O seminário pode ser assistido neste link: http://www.interlegis.gov.br/produtos_servicos/infra-estrutura/videoconferencia/videoconferencia-na-internet-ii/
O evento acontece no auditório Senador Antonio Carlos Magalhães, do Interlegis e será transmitido por videoconferência para todas as assembleias legislativas e por videostreaming pelo portal do Interlegis.
http://www.interlegis.gov.br/Members/monicaco/folder.2010-01-25.4197721807/tratado-de-nao-proliferacao-de-armas-nucleares-em-debate-no-interlegis
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O leitor que me enviou este alerta, Paulo Araujo, a quem agradeço muitíssimo chamar-me a atenção para um tema importante, também formulou comentários, que transcrevo a seguir, com os quais concordo integralmente.
Aliás, uma vista rápida na lista das entidades que patrocinam esse seminário e na relação da maior parte dos participantes confirmaria que a maior parte se opõe, por motivos diversos, mas talvez concordantes ou talvez mesmo coicidentes, com o dito TNP. Mas, como lembra este comentarista, o mundo estaria muito pior sem o TNP do que com um instrumento que pode, sim, ser considerado desigual, discriminatório, iníquo, tudo o que se quiser. Sem ele, contudo, o mundo estaria provavelmente infestado de países nuclearmente armados, com sérias ameaças à segurança internacional. O que quer que se diga dos atuais cinco "monopolizadores" oficiais -- que são os mesmos do Conselho de Segurança, os chamados P-5, ou Permanent-Five -- eles foram capazes de assegurar, até aqui, um cenário de relativa responsabilidade na detenção e manejo dos artefatos nucleares. Não creio que o mesmo possa ser dito de alguns detentores atuais ou prospectivos...
Transcrevo aqui os comentários de Paulo Araujo:
"O trecho abaixo foi retirado da “Apresentação” do evento que ocorrerá sob patrocínio da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal – CRE:
”O atual regime tem ampliado o fosso entre as grandes potências nucleares, que pouco fizeram em relação ao seu próprio desarmamento e priorizaram a “Não-Proliferação”, criando obstáculos para o uso pacífico da tecnologia nuclear pelas nações em desenvolvimento.”
http://www.senado.gov.br/comunica/seminario_armas/default.asp
No trecho citado está evidente o destaque negativo e preconceituoso conferido ao TNP. Assertivas são enunciadas sem nenhum cuidado com a apresentação das provas. Na sucinta “Apresentação” nem ao menos uma linha sequer é colocada em contraponto à crítica ao Tratado. Sobretudo, nada se informa sobre os resultados do TNP em relação aos acordos de desarmamento que as duas principais potências (EUA e URSS) levaram a cabo nos últimos anos. Obviamente que estamos muito distantes da situação ideal de um mundo livre de armas atômicas, mas isso não é razão suficiente para a concluir que sem o TNP o mundo estaria em melhor situação.
Destaco os aspectos negativos apontados no texto da apresentação:
1. O TNP ampliou o fosso entre países. (Falso ou verdadeiro?)
2. As potências pouco fizeram e não priorizaram a \"não-proliferação\". (Falso ou verdadeiro?)
3. O TNP estaria criando \"obstáculos para o uso pacífico da tecnologia nuclear pelas nações em desenvolvimento\". (Falso ou verdadeiro?)
A conclusão sobre o TNP ser um entrave para o uso pacífico da tecnologia nuclear é falaciosa e, no mínimo, uma irresponsabilidade. Espero que o Seminário não se transforme em caixa de ressonância à pretensão de Lula de integrar na Conferência do TNP em maio o grupo de países que vão entrar aberta ou tacitamente em confronto com o Tratado de Não-Proliferação.
Mas o Seminário vem em boa hora. Em rápida pesquisa na internet encontrei quase nada sobre o que pensam a respeito do TNP os convidados. Apenas localizei estas declarações. Espero que sejam posições minoritárias. A rigor, nem deveriam estar presentes no Seminário, posto que a Constituição de 1988 veda a pesquisa nuclear para fins bélicos:
Eurico de Lima Figueiredo. Presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa - ABED;
“Pessoalmente, acho que em cinco ou dez anos a sociedade terá de dizer se quer ou não uma bomba atômica, independentemente de sermos signatários do TNP. É um passo natural de nossa independência nuclear. E isso terá de ser debatido por civis, dentro de regras democráticas”. (01/09/2009)
http://www.alide.com.br/joomla/index.php/capa/36-noticias/590-rumo-a-independencia
Prabir Purkayastha. Vice-Presidente da Organização de Paz e Solidariedade da Índia.
“Penso que um submarino nuclear tem muito pouco propósito a não ser que seja visto como parte de um sistema de disparo de armamento nuclear. Submarinos nucleares - em doutrinas nucleares convencionais - permitem uma capacidade de segundo ataque, porque podem ficar submersos por longos períodos. Sem armas nucleares, é difícil entender gastar dinheiro com brinquedos tão caros” (27/01/2010)
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100127/not_imp502066,0.php
O trecho abaixo é parte de um artigo escrito por Rubens Diniz (PC do B), secretário-geral do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz. O Cebrapaz é um dos expositores no Seminário sobre a Revisão do TNP e será representado pela sua presidente Socorro Gomes.
\"O TNP somente tem sido utilizado para pressionar os países e aumentar o fosso entre quem tem e quem não tem tecnologia sensível. Suas políticas estão dirigidas a cercear o desenvolvimento tecnológico dos países periféricos, aumentando o “fosso tecnológico”. Criam a cada momento mais mecanismos para fortalecer os obstáculos, como os Protocolos Adicionais. Tais medidas, cada vez mais restritivas, contribuem para a ampliação monopólio da tecnologia nuclear na mão de poucos países, o que serve para aumentar seu cinturão de poder e riqueza. Buscam desta maneira, manter sobre seu controle um bilionário mercado de energia nuclear. [...]
A quebra da política autônoma se deu na década de 1990, com os governos neoliberais de Fernando Collor de Mello e FHC. Foi um período marcado pela estratégia de inserção internacional subordinada aos interesses das grandes potências, que levou o Brasil a cancelar programas de pesquisa, fechar empresas que atuavam na área e pôr fim à assinatura do TNP, sem nenhum motivo ou ganho para o país.
O TNP não será o mecanismo que conduzirá o mundo ao desarmamento nuclear, sua natureza é outra. Não é necessário que o Brasil saia do TNP, mas, no entanto, não deve se comprometer com nenhum novo mecanismo de restrição como o “protocolo adicional”.”
http://cebrapaz.org.br/site/index.php?option=com_content&Itemid=&task=view&id=175
O requerimento para a realização do Seminário foi apresentado pelo senador Inácio Arruda (PC do B/CE).
Em rápida pesquisa na internet não encontrei declarações ou comentários sobre o que pensam os expositores convidados. Tanto os físicos quanto os embaixadores convidados têm posições pouco explícitas.
Pelo tom, acho que vão dirigir os ataques contra a falsa ideia de que o tratado é um entrave para a pesquisa nacional. Isso não é verdadeiro. O que temo é que cientistas favoráveis ao TNP não tenham sido convidados.
Quem ocupa papel preeminente na organização do Seminário é a Cebrapaz (pura novilíngua). Se puder, leia a íntegra do artigo de Rubens Diniz acima citado. A \"Apresentação\" do seminário no site do Senado/CRE é praticamente uma síntese do artigo.
Abraços.
Paulo Araujo"
Fecho este post com meus agradecimentos renovados ao Paulo Araujo, lamentando apenas não ter condições, estando atualmente em Shanghai, de assistir ao evento ou de formular comentários a respeito. Tentarei fazer, no entanto, na medida de minhas possibilidades.
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 6.04.2010)
segunda-feira, 5 de abril de 2010
2029) Construindo a heranca maldita: divida publica - Miriam Leitao
Novo aporte do Tesouro no BNDES é um absurdo
Miriam Leitão
O Globo, 5.04.2010
O Tesouro pode arcar com novo aporte no BNDES. Essa notícia, a manchete de hoje do jornal O Globo, causa espanto, porque no ano passado, o banco foi capitalizado em R$ 100 bilhões e depois em R$ 80 bi. Agora, estão falando em mais R$ 100 bilhões, o que é um absurdo. Esses recursos financiariam projetos do PAC-2 e da Copa.
O BNDES tem seu próprio funding no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que é um dinheiro barato, mas se o Tesouro ficar capitalizando haverá problemas, como o aumento da dívida, que parece que não sobe, porque eles divulgam o número da dívida líquida. Dão esse dinheiro ao BNDES como aporte e supõem que o banco, ao longo do tempo, transferirá recursos de volta ao Tesouro. Na dívida líquida, esse dinheiro não entra, mas sim na bruta, aumentando muito.
Essa coisa de achar que o BNDES vai pagar ao longo do tempo é uma manobra contábil para parecer que a dívida é pequena. Na verdade, o banco recebe isso como aporte, não como empréstimo; portanto, só terá de pagar se tiver bom desempenho.
Mas ele tem feito empréstimos pouco transparentes e alguns deles são um desastre, como os R$ 100 milhões colocados num frigorífico, que quebrou três meses depois.
Agora, o BNDES tem de entrar em alguns projetos de desenvolvimento e, em outros, as empresas têm de captar, porque o banco não pode ser o único financiador na economia brasileira porque isso custa muito caro para nós, contribuintes.
Isso porque o Tesouro pega empréstimos no mercado, quando vende seus títulos a um preço maior do que o BNDES daria, se pagasse ao Tesouro. Tanto que existe a possibilidade de captar no mercado através de debêntures, mas ele não faz isso porque teria de pagar mais do que o custo que ele vai emprestar. Vale lembrar que o dinheiro que ele empresta para as empresas é subsidiado.
Ficou uma confusão, é preciso mais transparência, porque isso não pode acontecer toda hora. Banco, governo e Tesouro devem explicar o que pretendem com mais esse aporte de R$ 100 bilhões no BNDES.
Ouça aqui o comentário na CBN
2028) Dois pontos de vista sobre a politica externa brasileira
Primeiro um artigo de um crítico:
Política externa desastrada
Marcelo de Paiva Abreu
O ESTADO DE S. PAULO, segunda-feira, 5 de abril de 2010
É difícil discordar da avaliação de que a política externa brasileira, desde 2003, tem sido pródiga em efeitos especiais e avara na obtenção de resultados efetivos.
Muita criação de novos foros e embaixadas, poucas negociações econômicas com benefícios tangíveis permanentes. Agora, de forma ainda mais preocupante, aumenta o risco de que a política externa "altiva e ativa" defendida pelo Itamaraty resulte em sérios danos aos interesses concretos brasileiros.
Embora Brasília se esfalfe em afirmar o contrário, as relações bilaterais do Brasil com os Estados Unidos passam por um momento difícil. Para os que duvidem disso, basta uma visita a Washington e conversas francas com os membros da administração do presidente Barack Obama ou políticos de qualquer partido.
É difícil debitar integralmente ao unilateralismo norte-americano o visível mal-estar em relação ao Brasil.
Um país que se preze deve zelar por sua soberania e assegurar que suas posições internacionais sejam dignas, independentes e respeitadas.
Poucas coisas são mais desprezíveis do que uma política externa subserviente. E, no entanto, em vários momentos da história republicana ocorreram episódios de acomodação à posição dos Estados Unidos, cuja rememoração é penosa.
A ruptura das relações diplomáticas com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1947, no afã de mostrar serviço a Washington, em meio a um surto de macarthismo tropical que levou à decisão sobre a ilegalidade do Partido Comunista do Brasil. O envio de tropas no episódio de intervenção na República Dominicana, em 1965. As reações às pressões do governo Carter quanto à violação de direitos humanos no Brasil, em meio a um delírio de Brasil Grande nuclear que beirou o ridículo.
Em contraposição, muitos dos momentos memoráveis da história diplomática brasileira têm a ver com oposição aos Estados Unidos.
O lançamento das bases de uma política externa independente no início da década de 60, incluindo a posição independente mantida em Punta Del Este quanto a Cuba, e o reatamento de relações com a União Soviética. A política africana, especialmente a angolana, no governo Ernesto Geisel. A reiterada resistência ao unilateralismo da política comercial norte-americana: denúncias do uso ilegal de retaliações relacionadas à propriedade intelectual na década de 80, panels vitoriosos na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre subsídios ao algodão e ação em Cancún do G-20, que afundaria a proposta protecionista agrícola dos Estados Unidos e da União Europeia, mais recentemente.
Uma coisa é resistir com dignidade ao unilateralismo dos Estados Unidos. Outra é engajar-se em hostilidade gratuita que redunda em deterioração das relações com os Estados Unidos, sem que haja benefício para o Brasil e, no limite, com custos inequívocos para interesses brasileiros. É a situação que hoje se configura com longa lista de problemas bilaterais.
A postura de endosso automático dos líderes populistas vizinhos, em especial do mussolinismo mal disfarçado em neobolivarianismo de Hugo Chávez, em suas provocações reiteradas dos Estados Unidos. As trapalhadas no episódio hondurenho com a diplomacia brasileira, ao final, contentando-se com o papel de estalajadeiro silencioso. Os lamentáveis comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto aos opositores do regime cubano, que se somaram à recusa de concessão de asilo aos boxeadores cubanos.
No caso extremo, complacência com o Irã, ao arrepio da posição relativa a sanções, não apenas dos Estados Unidos, mas também de "parceiros estratégicos" como a França. As trapalhadas com Israel, como se não fosse possível adotar posição decente no Oriente Médio, apoiando as aspirações palestinas e contendo os notórios excessos do governo israelense, sem trocar ternuras com Teerã.
Agora, com a convergência das posições dos membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre sanções ao Irã, há o risco palpável, não apenas de perda de face, mas de prejuízos concretos de empresas brasileiras com interesses na região.
Tornaram-se cada vez mais controvertidas as razões que poderiam justificar as posições adotadas por Brasília.
Alguns pensam em perniciosa combinação de altivez, na acepção de arrogância e antiamericanismo visceral. Outros pensam em paralisia analítica exacerbada por excesso de oportunismo. Pobre Barão.
Doutor em economia pela universidade de Cambridge, é professor titular no departamento de economia da PUC-Rio.
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Agora um ponto de vista mais conforme à visão oficial:
A encruzilhada da oposição no debate da política externa
Maria R. Soares de Lima e Fabiano Santos
VALOR ECONÔMICO, segunda-feira, 5 de abril de 2010
Projeção do Brasil no exterior levará a política externa a ser debatida na campanha eleitoral
Até o momento pouco sabemos a respeito das políticas governamentais atualmente em curso que sofreriam inflexão no caso de vir a ser vitoriosa a oposição nas eleições de outubro. Se a contundência das críticas for uma medida dos alvos de possíveis mudanças, certamente a política externa seria um deles. Como amplamente divulgado, tema chave da linha seguida pelo governo enfatiza a integração latino-americana. Inovações importantes ocorridas nessa política podem assim ser resumidas: 1) adoção de uma concepção de integração que ultrapassa a dimensão comercial, incluindo-se em seu bojo as dimensões social produtiva, energética e de infraestrutura; 2) a construção de instituições regionais, tais como a Unasul e o Conselho de Defesa Sul-Americana cuja função seria a de ampliar a coordenação política entre os diversos governantes envolvidos, além de fomentar uma identidade latino-americana; e, 3) concessão de tratamento diferenciado aos países mais frágeis da região, no sentido de diminuir assimetrias estruturais, como o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM).
A oposição tem desdobrado suas críticas em dois eixos: a) o Brasil cumpre o papel de sucker na região (termo sucker advém da teoria dos jogos aplicada a interações sociais. Designa o comportamento de um ator que coopera, mesmo diante da recusa por parte de seu oponente em fazê-lo). Vale dizer, o país coopera incondicionalmente, sem a necessária contrapartida no que tange o comportamento de seus parceiros nos esforços de cooperação regional; b) a agenda latino-americana é partidária, pois atende unicamente aos objetivos do PT, sendo prova disso o estreitamento das relações do governo Lula com presidentes "esquerdistas". (Nesse ponto, o argumento é menos convincente, já que o Brasil tem desenvolvido ótimas relações com governantes não esquerdistas, como Uribe, Alan Garcia e Felipe Calderon).
De todo modo, se a política externa continuar sendo ponto central de diferenciação entre as agendas do governo e da oposição, ao longo do período eleitoral, estamos diante de fato inédito e promissor. Inédito, pois tal política tradicionalmente não faz parte do debate político partidário no Brasil. Promissor porque, devido a vários motivos, em geral relacionados à complexidade de seu objeto, trata-se de área opaca para o eleitor médio, no Brasil e nas demais democracias mais ou menos desenvolvidas.
É saudável, portanto, a introdução desse tema no debate eleitoral, o que de resto, acaba por fazer jus à crescente diversidade de áreas e agentes envolvidos na agenda internacional do país, consequência natural da projeção que o Brasil vem alcançando na cena internacional. Fazer parte da campanha eleitoral significa que os atores políticos vão se ver instados a esclarecer suas posições, a fornecer indicadores, formular cenários e gerar expectativas a partir das quais os eleitores poderão cobrar resultados. Enfim, teremos a chance de vivenciar uma fase de esclarecimento em torno de pontos que são cada vez mais relevantes para a sociedade.
Sabemos mais, contudo, sobre o que poderá vir a ser a política externa no caso de uma vitória das forças governistas do que no caso oposto. Afirmativa, de resto, verdadeira para diversas outras políticas governamentais, já que para o cidadão das ruas, o desempenho corrente é a medida mais próxima e eficiente do comportamento e decisões a serem tomadas no futuro. A oposição se encontra nesse caso em clara situação de desvantagem, pois não estando de posse dos meios de administração não tem como demonstrar qual será sua política caso vença as eleições. Existem maneiras, entretanto, de minimização dessa assimetria, a mais clássica e importante delas é a participação no debate parlamentar, mais especificamente nas comissões especializadas e pertinentes ao tema.
Qual tem sido no Congresso a contribuição dos partidos de oposição ao encaminhamento da agenda internacional? De um lado, temos visto a preocupação em se explicitar posições, esclarecer as várias dimensões das propostas eventualmente em tramitação, propiciar o debate pluralista em torno dos diversos setores nelas envolvidos. Esse certamente foi o caso quando da realização das inúmeras audiências públicas, no âmbito da Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul. De outro, constatamos orientação que pouco esclarece sobre as implicações substantivas dos cursos alternativos de ação no front externo. Exemplo dessa linha de comportamento consiste nas tentativas de obstruir processos corriqueiros de endosso legislativo às indicações feitas pelo Executivo para preenchimento de postos diplomáticos fundamentais, como é o caso do retardo de nomeação dos nossos embaixadores na Venezuela e no Equador.
Questões de política externa possuem dimensões claramente vinculadas ao interesse nacional, como são exemplo, a integridade política e territorial do país e a manutenção da estabilidade e segurança regionais. A delicadeza do problema enfrentado pela oposição no Congresso reside no fato de que ao inserir essa política no debate eleitoral corre-se o risco de forjar divisões naquilo que deve ser objeto de consenso suprapartidário. No caso da política de integração da América do Sul tal risco ainda é mais importante por conta da combinação de dois pontos cruciais a nosso ver: a) a relevância do continente para os interesses econômicos e político-estratégicos brasileiros; e b) a assimetria em termos do peso econômico e político do Brasil face às nações vizinhas.
Nesse contexto, a estratégia obstrucionista da oposição no Legislativo é equivocada. O ideal seria uma crítica propositiva, que insistisse na institucionalização de mecanismos regionais de coordenação da ação coletiva no continente. Instituições capazes de fazer convergir os interesses nacionais brasileiros com os interesses nacionais dos nossos vizinhos.
Maria Regina Soares de Lima,professora e pesquisadora do IUPERJ, é coordenadora do Observatório Político Sul-Americano (OPSA/IUPERJ);
Fabiano Santos, professor e pesquisador do IUPERJ, é coordenador do Núcleo de Estudos sobre o Congresso (NECON/IUPERJ).
2027) Pausa para humor - Barao de Itararé
http://www.culturabrasil.pro.br/itarare.htm
Máximas e Mínimas do Barão de Itararé
Aparício Torelli - o "Barão de Itararé"
. De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
. Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.
. Quem empresta, adeus...
. Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
. Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
. Quando pobre come frango, um dos dois está doente.
. Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
. Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.
. Quem só fala dos grandes, pequeno fica.
. Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.
. Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de . . Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).
. Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.
. Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
. O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
. Os juros são o perfume do capital.
. Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.
. Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.
. O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
. A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.
. Cobra é um animal careca com ondulação permanente.
. Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.
. Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.
. Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.
. É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.
. A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.
. Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.
. O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.
. Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.
. Mulher moderna calça as botas e bota as calças.
. A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
. Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
. Pão, quanto mais quente, mais fresco.
. A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.
. A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
Apparício Torelly, (o "Barão de Itararé), que também usou o pseudônimo de "Apporelly", era gaúcho de Rio Grande, nascido em 29/01/1895. Estudou medicina, sem chegar a terminar o curso, e já era conhecido quando veio para o Rio fazer parte do jornal O Globo, e depois de A Manhã, de Mário Rodrigues, um temido e desabusado panfletário. Logo depois lançou um jornal autônomo, com o nome de "A Manha". Teve tanto sucesso que seu jornal sobreviveu ao que parodiava. Editou, também, o "Almanhaque — o Almanaque d'A Manha". Faleceu no Rio de Janeiro em 27/11/71. O "herói de dois séculos", como se intitulava, é um dos maiores nomes do humorismo nacional. Extraído de "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé", Distribuidora Record de Serviços de Imprensa - Rio de Janeiro, 1985, págs. 27 e 28, coletânea organizada por Afonso Félix de Souza.
Mais “Máximas e Mínimas” do Barão de Itararé!
. Deus dá peneira a quem não tem farinha.
. Testamento de pobre se escreve na unha.
. Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo.
. Precisa-se de uma boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa.
. O fígado faz muito mal à bebida.
. O casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e um religioso.
. Com as crianças é necessário ser psicólogo. Quando uma criança chora, é porque quer balas. Quando não chora, também.
. O menino, voltando do colégio, perguntou à mãe:
-- Mamãe, por que é que pagam o ordenado à professora, se somos nós que fazemos os deveres?
. O feio da eleição é se perder.
. A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas, em geral, enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.
. Com dinheiro à vista toda gente é benquista.
. Se você tem dívida, não se preocupe, porque as preocupações não pagam as dívidas. Nesse caso, o melhor é deixar que o credor se preocupe por você.
. Palavras cruzadas são a mais suave forma de loucura.
. A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis.
. O homem cumprimentou o outro, no café.
-- Creio que nós fomos apresentados na casa do Olavo.
-- Não me recordo.
-- Pois tenho certeza. Faz um mês, mais ou menos.
-- Como me reconheceu?
-- Pelo guarda-chuva.
-- Mas nessa época eu não tinha guarda-chuva...
-- Realmente, mas eu tinha...
. O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que falar.
. O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.
. O mal alheio pesa como um cabelo.
. A solidez de um negócio se mede pelo seu lucro líquido.
. Que faz o peixe, afinal?... Nada.
. A sombra do branco é igual a do preto.
. "Eu Cavo, Tu Cavas, Ele Cava, Nós Cavamos, Vós Cavais, Eles Cavam. Não é bonito, nem rima, mas é profundo...
. Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
. Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra!
. Devo tanto que, se eu chamar alguém de "meu bem" o banco toma!
. Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta...
Uísque e mulher ranzinza
Eu tinha doze garrafas de uísque na minha adega e minha mulher me disse para despejar todas na pia, porque se não...
- Assim seja! Seja feita a vossa vontade, disse eu, humildemente. E comecei a desempenhar, com religiosa obediência, a minha ingrata tarefa.
Tirei a rolha da primeira garrafa è despejei o seu conteúdo na pia, com exceção de um copo, que bebi.
Extraí a rolha da segunda garrafa e procedi da mesma maneira, com exceção de um copo, que virei.
Arranquei a rolha da terceira garrafa e despejei o uísque na pia, com exceção de um copo, que empinei.
Puxei a pia da quarta rolha e despejei o copo na garrafa, que bebi.
Apanhei a quinta rolha da pia, despejei o copo no resto e bebi a garrafa, por exceção.
Agarrei o copo da sexta pia, puxei o uísque e bebi a garrafa, com exceção da rolha.
Tirei a rolha seguinte, despejei a pia dentro da garrafa, arrolhei o copo e bebi por exceção.
Quando esvaziei todas as garrafas, menos duas, que escondi atrás do banheiro, para lavar a boca amanhã cedo, resolvi conferir o serviço que tinha feito, de acordo com as ordens da minha mulher, a quem não gosto de contrariar, pelo mau gênio que tem.
Segurei então a casa com uma mão e com a outra contei direitinho as garrafas, rolhas, copos e pias, que eram exatamente trinta e nove. Quando a casa passou mais uma vez pela minha frente, aproveitei para recontar tudo e deu noventa e três, o que confere, já que todas as coisas no momento estão ao contrário.
Para maior segurança, vou conferir tudo mais uma vez, contando todas as pias, rolhas, banheiros, copos, casas e garrafas, menos aquelas duas que escondi e acho que não vão chegar até amanhã, porque estou com uma sede louca ...
Apparício Torelli, Barão de Itararé, o Brando, (1895/1971), "campeão olímpico da paz", "marechal-almirante e brigadeiro do ar condicionado", "cantor lírico", "andarilho da liberdade", "cientista emérito", "político inquieto", "artista matemático, diplomata, poeta, pintor, romancista e bookmaker", como se definia, era gaúcho e é um dos maiores humoristas de todos os tempos. Dele disse Jorge Amado: "Mais que um pseudônimo, o Barão de Itararé foi um personagem vivo e atuante, uma espécie de Dom Quixote nacional, malandro, generoso, e gozador, a lutar contra as mazelas e os malfeitos".
Aqui pode-se ver o brasão da Casa de Itararé:
Antes "Duque", num gesto de humildade rebaixou-se para "Barão"...
O texto acima foi extraído do livro "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé", Editora Record - Rio de Janeiro, 1985, pág. 28 e seguintes, uma coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa.
2026) Quote of the week - Winston Churchill
Winston Churchill
2026) Quote of the week - Winston Churchill
Winston Churchill
2025) Para um debate de alto nivel sobre a Politica Economica do Governo - Gustavo Franco
Ele me foi enviado gentilmente por um leitor deste blog, Zamba.
Muito grato a ele.
Paulo Roberto de Almeida
(Aeroporto de Dubai, 5.04.2010)
NOSSA ECONOMIA
A arte de embralhar causas e efeitos
GUSTAVO H.B. FRANCO *
Revista Época, edição 510 - 25/02/2008
* Economista e professor da PUC-Rio e escreve quinzenalmente em ÉPOCA. Foi presidente do Banco Central do Brasil (http://www.gfranco.com.br/; gfranco@edglobo.com.br)
Nunca antes, numa crise internacional, a moeda brasileira ficou mais forte e o Brasil foi visto como um “porto seguro” para as aplicações financeiras. Esta podia ser uma das bravatas do nosso Presidente: o Real valendo mais que dólar, forte como nunca, reflexo de uma economia de mercado em acelerado progresso e de um governo iluminado.
Mas vamos deixar de lado o fato de que não é bem assim, como deve suspeitar o leitor, e refletir sobre uma questão filosófica mais transcendente, relativa à natureza das relações de causa e efeito no mundo da economia e da política.
Na verdade, não creio que exista problema mais difícil na ciência econômica. Um helicóptero que despeja cédulas de cem reais em cima de uma grande capital “causará” um aumento no custo de vida na referida cidade? Ou vice versa?
Antes de examinar este e outros problemas da espécie convém lembrar o preceito básico da lógica elementar segundo a qual a causa vem antes do efeito; o observador atento deverá, portanto, sempre procurar, acacianamente o que vem primeiro: o governo iluminado ou progresso econômico.
É claro que, na vida real, as coisas são mais complexas; nem sempre há clareza se o governo iluminado veio antes, ou muito antes, do progresso econômico. Na verdade, existem outras coisas que causam o progresso econômico e que o pesquisador pode não estar percebendo.
Pode ser, por exemplo, que seja uma economia internacional em franca expansão, face ao surgimento da China, a causar o progresso econômico no Brasil. Neste caso, seriam duas, portanto, as causas do progresso brasileiro, o governo iluminado e a China.
Na verdade, todavia, é possível que essas duas causas tenham peso diferente, ou mesmo que a China esteja causando a expansão da economia globalizada e o progresso no Brasil, e que o governo iluminado não tenha muita relevância nem para uma coisa nem para a outra. Na verdade, é possível mesmo que o governo não seja nada iluminado e que o progresso no Brasil esteja sendo causado por fatores alheios a nós, e pertinentes à China e ao pujante crescimento da economia internacional.
Mas o governo, que pode não ser nada iluminado, tem bons marqueteiros e entende perfeitamente as dúvidas que afligem os cientistas sociais e os eleitores quando se trata de identificar relações de causa e efeito. E num rasgo de grande iluminação lança uma iniciativa chamada PAC que consiste muito mais essencialmente em deixar claro que quer o crescimento, do que propriamente em mecanismos que sabidamente causam o crescimento.
Como as pessoas sabem que as causas costumam vir antes dos efeitos, elas escutam que o governo deflagrou iniciativas voltadas para o crescimento agrupadas pela enigmática sigla PAC. E em seguida são informadas que efetivamente está se observando algum crescimento. É de se concluir que PAC, ou o governo iluminado, produziu o crescimento? Ou terá sido a China?
Aqui entra uma certa mágica, ninguém vai querer acreditar que o crescimento foi causado pela China, por uma razão muito simples: a China está fora do controle do eleitor. É mais confortável supor que foi o PAC que causou o crescimento, pois esta crença proporciona ao eleitor uma esperança. Ou uma ilusão, faz pouca diferença. Na verdade, é disso que trata esta ciência conhecida como “marketing”, o estudo de um público com vistas a fazê-lo enxergar determinada coisa que, às vezes, não existe exatamente da forma como se vende.
Fidel Castro, por exemplo, é um milagre de “marketing”, um ditador que se aposenta com pensão completa, e mesmo com algumas homenagens, e sem que nenhum juiz espanhol venha lhe apoquentar como foi o caso de outro ditador mais ao Sul, o General Pinochet. Fidel parece ter migrado para o mundo da ficção, onde vigora uma espécie de “suspensão da descrença”. Acreditamos no que não existe, não enxergamos as mazelas e defeitos do líder, e o herói revolucionário se torna um mito que nenhuma acusação é capaz de atingir. O que são alguns cadáveres, ou algumas transações financeiras exóticas tendo lugar no quarto ao lado?
domingo, 4 de abril de 2010
2024) Suite a une erreur, nous nous excusons
O fato é que há uma verdadeira salada de números, tendo alguns leitores atentos me cobrado anteriormente esse aspectos bizarro de minha sequência: de repente, há um salto para a frente, ou para trás, e muitos posts ou ficam com numeração muito alta, denotando algum "desaparecimento" misterioso de vários deles, ou então ficam com numeração baixa, ocorrendo nesse caso repetição de números mais adiante.
Isso tudo talvez possa ser explicado pelo fato de eu por vezes postar cansado, e então digitar errado (trocar um zero por um nove, por exemplo, ou vice-versa), ou então pelo fato de dispor de vários blogs (especializados, em textos mais longos, por exemplo, ou em resenhas de livros, whatever). Tem também a possibilidade de que alguns comentários se referem a posts anteriores e, ao retomar a sequência da postagem, eu possa ter partido novamente daquele, não do último da séria.
Seja qual for o motivo -- e isso não tem a menor importância quanto ao conteúdo, posto que a maior parte dos blogs não efetua essa numeração manual -- eu pretendo reconstituir a sequência exata assim que dispuser de tempo, pois isso envolve uma operação manual, cansativa, repetitiva e não automatizável.
Nada que afete o conteúdo do post para seus leitores, apenas uma pequena obsessão minha quanto a ordem em meus papeis e registros (se eu não numerasse meus artigos terminados, por exemplo, eu simplesmente perderia o controle dos trabalhos).
A bientôt, e muito obrigado a todos aqueles que me alertaram para as incongruências da minha numeração...
Paulo Roberto de Almeida
(Dubai, 5 de abril de 2010)
1024) Passeando nos Emirados Arabes...
Paulo Roberto de Almeida
Dubai, 4 de abril de 2010
Bem, nao posso reclamar da contagem, mas ainda ficaram me faltando 3 dos sete emirados.
Estou passeando nos Emirados Árabes Unidos (pelo menos é o que dizem), e dos sete da lista (Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Fujairah, Ajman, Umm al-Quwain e Ras al-Khaimah), consegui percorrer os quatro primeiros, em carro alugado e em dois dias completos.
Ficou faltando os três últimos, que são, na verdade, enclaves minúsculos no Golfo Arábico (que os iranianos insistem em chamar de Golfo Persa, por razões mais do que geográficas) e que penso conhecer uma outra vez que por aqui passe. Não que acrescentem muito, mas seria apenas para ter a conta redonda, ou no caso, em número impar.
Dos sete, o mais importante é incontestavelmente Dubai, a economia mais importante da região. A capital, contudo, fica em Abu Dhabi, na verdade uma cidade quase sem graça comparada a Dubai. Esta, a despeito do que dizem do petróleo, não depende em quase nada do chamado "ouro negro", e sim do comércio. Trata-se de uma espécie de Miami do Oriente Médio, com todos os shoppings de luxo que se puder imaginar, vias expressas, prédios luxuosíssimos (inclusive o prédio mais alto do mundo, e o hotel mais luxuoso de todos), e um comércio realmente impressionante.
Esses minúsculos estados já foram possessão portuguesa, desde o Vasco da Gama, mas depois os ingleses entraram no jogo e raptaram, como se sabe, todos eles, inclusive Aden, que era um posto importantíssimo. Pelo menos limparam as costas dos piratas, que parece que se mudaram para a Somália...
Eles tem muito petroleo, claro, o que explica a riqueza impressionante, mas aparentemente mal distribuída. Dubai é riquíssima, Sharjah tem muitos museus (mais de 16 pelas minhas contas, dos quais consegui visitar dois, o arqueológico e o de cultura islâmica), e Abu Dhabi também tem palácios impressionantes e os três tem hoteis de luxo, resorts e prédios altíssimos refinados.
Estive também em Fujairah, que é uma espécie de primo pobre, quase socialista, comparado aos irmãos mais ricos. É o único dos emirados que fica no Oceano Indico, com um pedaço de Oman na ponta da península (e continuando depois de Fujairah). O museu é de uma pobreza fransciscana e o forte está caindo aos pedaços, muito diferente do forte de Dubai que abriga um museu muito bem organizado (ficava em frente do meu hotel, ou o contrário...).
Eles são ricos, sim, mas não acredito que isso seja o resultado do petróleo, pois do contrário Nigéria, Venezuela e outros petro-estados também seria ricos e não são. Isso é o resultado do comércio livre, da abertura aos investimentos estrangeiros, sobretudo abertura de espírito.
Em Dubai, em Abu Dhabi e nos outros emirados se encontram todos os tipos de pessoas, imigrantes e estrangeiros trabalhando, muitos turistas. Todo tipo de mulheres: desde as americanas e europeias de short ou bermuda, até aquelas cobertas dos pés à cabeça.
Tentei mas não consegui fotografar uma de burka passando em frente a uma loja de lingerie, com manequins vestidas a caráter... Enfim, é a liberdade completa, ou quase...
Parto nesta segunda-feira 5 de abril para Shanghai, outra cidade riquíssima, mas sem a liberdade de que gozam os Emirados...
Paulo Roberto de Almeida
(Dubai, 5 de abril de 2010)