Um colega acadêmico descarregou um trabalho meu, na verdade um projeto de livro do qual eu NÃO pretendia participar, uma obra que daria continuidade à obra Pensamento Diplomático Brasileiro (1750-1964), da qual fui um dos proponentes e animadores.
Não pretendia participar pois pressenti que seria uma obra deformada, em 2016 provavelmente, e agora certamente. Mas, como insistiram comigo, uma vez que eu havia praticamente estimulado a obra acima referida, acabei preparando uma projeto, mas explicitando que NÃO iria colaborar com ela, pois já imaginava os problemas que teria uma obra sobre a diplomacia do regime militar feita principalmente por diplomatas (sempre subservientes ao poder e aos poderosos).
O trabalho está disponível no seguinte link:
https://www.academia.edu/38056037/Pensamento_Diplomatico_Brasileiro_o_periodo_autoritario_1964_1985_2016_
Abaixo transcrevo apenas o sumário e depois o esquema da obra (que obviamente NUNCA seria feita, e obviamente não segundo minhas sugestões). Algum desses dias eu faço essa obra, ao meu estilo.
Paulo Roberto de Almeida
Pensamento Diplomatico Brasileiro: o periodo autoritario (1964-1985) (2016)
2016, Pensamento Diplomatico Brasileiro: o periodo autoritario (1964-1985)
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Brasília, 14 de julho de 2016.
(texto preliminar; sujeito a revisão substantiva)
"A melhor tradição do Itamaraty é saber renovar-se."
Antônio F. Azeredo da Silveira
Os objetivos desde documento preliminar de planejamento são os de apresentar algumas reflexões em torno do conceito e da temática indicados no título e de formular, tentativamente, propostas de organização e um esquema para a possível composição de um segundo conjunto de textos vinculados sequencialmente à obra Pensamento Diplomático Brasileiro, formuladores e agentes da política externa, 1750-1964 (Brasília: Funag, 2013, 3 vols.; ISBN: 978-85-7631-462-2), organizada pelo ex-presidente da Funag (2012-2014), embaixador José Vicente Pimentel, da qual fui um dos primeiros propositores e um dos colaboradores, ao lado de diversos outros colegas de carreira e de representantes da academia.
Trata-se da continuidade desse projeto exitoso, que parece ter encontrado vasto e positivo acolhimento por parte da comunidade brasileira trabalhando ou se exercendo academicamente na área, que justamente parece estar reivindicando o seu prosseguimento no período ulterior àquele da primeira obra, desta vez cobrindo as duas décadas do regime militar brasileiro.
Este texto está dividido nas seguintes partes: uma primeira, de reflexões sobre a noção de "pensamento diplomático brasileiro", tal como suscetível de cobrir um amplo espectro de formulações e ações diplomáticas brasileiras, disseminadas por diferentes orientações de política externa, com atores diversos ao longo de um período bastante complexo-certamente excepcional-da história do Brasil; uma segunda, que busca capturar os elementos essenciais do período em questão (1964-1985), evidenciando alguns dos traços distintivos de sua política externa e da participação do estamento diplomático em sua formulação e execução; e uma terceira, que propõe um esquema preliminar sobre o que se poderia chamar de "índice de matérias" do que seria esse novo volume de um projeto que teve um início auspicioso, e que se espera possa apresentar continuidade adequada, antecipando, inclusive, uma possível continuidade (um terceiro volume) para o período subsequente, eventualmente chegando à atualidade. Segue-se uma bibliografia e uma cronologia.
Pensamento Diplomático Brasileiro: o período autoritário (1964-1985)
Esquema tentativo
1. Prefácio (apresentação da obra, conexões com PDB-1 e características deste PDB-2)
2. Introdução conceitual: existiu um “pensamento diplomático” específico à era militar?
Parte I: A diplomacia e a política externa antes da era militar
3. O Brasil, a América Latina e o mundo no início dos anos 1960: contextualizações
4. O desenvolvimento econômico brasileiro e suas principais conexões internacionais
5. A Política Externa Independente e a diplomacia profissional antes do golpe militar
Parte II: A ruptura que deveria ser breve (1964-67)
6. O golpe militar no contexto da Guerra Fria: uma decorrência da revolução cubana?
7. Impacto inicial sobre a política externa e a diplomacia: principais mudanças
8. O alinhamento da primeira fase e o debate no Congresso e na sociedade
9. A diplomacia brasileira e o início do debate sobre a ordem econômica mundial
10. Os chanceleres Vasco Leitão da Cunha e Juracy Magalhães: perfis biográficos
Parte III: A radicalização política e a recuperação diplomática (1967-1971)
11. A política externa a partir de 1967: recuperação do desenvolvimentismo
12. A busca da autonomia nuclear, Tlatelolco e a recusa do TNP
13. A política comercial externa e os subsídios à exportação: a agenda do GATT
14. Capacitação científica e tecnológica e os parceiros da cooperação bilateral
15. O milagre brasileiro e a atração de capitais: IED e empréstimos externos
16. A questão nuclear na primeira fase do regime: Sérgio Correa da Costa
17. A diplomacia regional da primeira era militar: um continente em chamas?
18. A diplomacia do Prata e seus principais arquitetos diplomatas
Parte IV: A diplomacia brasileira e seus principais desafios (1971-74)
19. A ideologia da segurança nacional e o desafio guerrilheiro: o problema cubano
20. Direitos humanos e repressão política: os contenciosos internacionais
21. Intervenções clandestinas no entorno regional: contrariando a Constituição?
22. A economia política internacional do Brasil: comércio, finanças, investimentos
23. O primeiro choque do petróleo e a aposta no modelo de desenvolvimento
24. A diplomacia multilateral no início dos anos 1970: o fim de Bretton Woods
25. O chanceler Gibson Barbosa, a diplomacia africana e os grandes temas do Prata
26. O tratado de Itaipu Binacional, com o Paraguai, e as relações com a Argentina
Parte V: A diplomacia do pragmatismo responsável (1974-79)
27. Características gerais da mais dinâmica diplomacia do período militar
28. A diplomacia do presidente Geisel e do chanceler Silveira: perfis biográficos
29. Contexto internacional e regional da política externa brasileira na era Geisel
30. Os grandes projetos de desenvolvimento e sua interface externa
31. O estabelecimento de relações diplomáticas com a República Popular da China
32. O Acordo Nuclear com a República Federal da Alemanha e reações americanas
33. O reconhecimento da independência de Angola e suas implicações diplomáticas
34. A política comercial externa na era dos choques do petróleo
35. A controversa declaração de voto na ONU sobre o sionismo
36. Exportações de armamentos e cooperação com “estados vilões”
37. Memorando de Consultas Políticas com os EUA: uma relação especial?
38. Os direitos humanos e a denúncia do Tratado de Assistência Militar com os EUA
39. O Tratado de Cooperação Amazônica (1978) e seu significado regional
40. O esgotamento do modelo econômico e o caminho da abertura política
Parte VI: A diplomacia da transição numa era de crises econômicas (1979-1985)
41. O acordo tripartite Itaipu-Corpus (1979) e a diplomacia do equilíbrio hidrográfico
42. O segundo choque do petróleo e seus reflexos diplomáticos: a fragilidade brasileira
43. A crise da dívida externa e a diplomacia da dívida: a dependência brasileira
44. A América Latina começa a diversificar seus modelos de políticas econômicas
45. O despertar da China, o declínio soviético e seus reflexos na política mundial
46. O multilateralismo econômico: do fim de Bretton Woods às crises do GATT
47. O conflito das Malvinas e o fim da solidariedade hemisférica: como o Brasil reagiu
48. O protecionismo comercial brasileiro e as relações com o FMI
49. Transições democráticas e a mudança de padrões diplomáticos ao final do regime
50. Saraiva Guerreiro e seus principais assessores diplomáticos: breves perfis
Parte VII: Balanço da diplomacia e da política externa na era militar
51. Mudanças nos contextos internacional e regional dos anos 1960 aos 80
52. Alterações do ambiente econômico externo num período de duas décadas
53. A situação da América Latina em perspectiva internacional comparada
54. O declínio do dirigismo econômico, o neoliberalismo e a ascensão da Ásia
55. A diplomacia profissional brasileira, seu papel e status político na era militar
56. O que mudou, o que ficou? Continuidades e rupturas da política externa
57. Conclusões tentativas: o que foi o “pensamento diplomático” da era militar?
58. Fontes e bibliografia
59. Cronologia do período; chanceleres e secretários-gerais do Itamaraty
60. Notas sobre os autores e colaboradores
3012. “Pensamento Diplomático Brasileiro: o período autoritário (1964-1985)”, Brasília, 13 julho 2016, 43 p. Proposta de trabalho para a Funag, no seguimento do primeiro projeto, que cobriu o período 1750-1964. Entregue ao presidente da Funag, sem intenção de participar. Partes servindo de subsídio para redação de um capítulo sobre as relações internacionais do Brasil durante o regime militar brasileiro, para obra coletiva sob a direção de Jorge Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado , Brasil Republicano (Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003, 4 vols., várias edições e reimpressões). Projeto em curso. Utilizado para compor trabalho para a II Jornada de Pensamento Político Brasileiro (IESP-UERJ), em 2017 (n. 3112).