Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Justica brasileira conivente com o crime: é o minimo que se pode dizer
Registre-se que os bandidos em questão, todos juízes bem postos, estavam apenas sendo aposentados compulsoriamente, ou seja, passariam a ganhar os mesmos altos salários sem trabalhar, e não se leu, ou ouviu, que teriam de devolver o dinheiro desviado.
O Brasil é um país em que a Justiça protege os seus próprios criminosos...
Paulo Roberto de Almeida
STF suspende punição de juízes acusados de desviar R$ 1 milhão
Mário Coelho
Congresso em Foco, 04/08/2010
CNJ condenou magistrados do Mato Grosso acusados de desviar dinheiro de tribunal para a maçonaria
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello suspendeu na segunda-feira (2) a aposentadoria compulsória de três juízes acusados de desviar dinheiro do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT) para a maçonaria. Os magistrados Graciema Ribeiro das Caravellas, Antonio Horácio da Silva Neto e Juanita Cruz da Silva Clait Duarte foram aposentados compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) após investigação em processo disciplinar concluir sobre a existência do esquema beneficiando a Grande Oriente do Mato Grosso.
Por unanimidade, o CNJ condenou em fevereiro sete juízes e três desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Todos eram acusados de uso irregular de verbas com distribuição privilegiada de pagamentos atrasados. Parte da verba foi usada para sanear o rombo financeiro de loja maçônica integrada por alguns dos magistrados. Por conduta antiética, corrupção ativa e passiva, todos foram condenados à aposentadoria compulsória proporcional. Os dez eram acusados de arquitetar e executar um esquema que desviou mais de R$ 1 milhão do tribunal para a entidade maçônica.
Ao analisar os mandados de segurança, Celso de Mello entendeu que, neste momento, não era função do CNJ abrir o processo disciplinar e investigar o caso. Para ele, quem deveria fazer isso era o Tribunal de Justiça do Mato Grosso. Na decisão, ele enfatizou que a atuação do Conselho deve observar o princípio da subsidiariedade. Ou seja, o CNJ deve ter um papel subsidiário e complementar em relação aos tribunais, atuando somente quando constatada a ineficácia dos mecanismos ordinários de administração e repressão do poder Judiciário local.
"O desempenho da atividade fiscalizadora (e eventualmente punitiva) do CNJ deveria ocorrer somente nos casos em que os Tribunais – havendo tido a possibilidade de exercerem, eles próprios, a competência disciplinar e correicional de que se acham ordinariamente investidos – deixassem de fazê-lo (inércia) ou pretextassem fazê-lo (simulação) ou demonstrassem incapacidade de fazê-lo (falta de independência) ou, ainda, dentre outros comportamentos evasivos, protelassem, sem justa causa, o seu exercício (procrastinação indevida)", afirmou o ministro na decisão.
Celso de Mello, no entanto, ressaltou que sua decisão pode ser revista pelos pares do Supremo. Mas ele disse que a remessa da denúncia ao CNJ pelo corregedor-geral de Justiça do Mato Grosso frustou a possibilidade de a corte local analisar o caso. "Ao precipitar a atuação do CNJ, sem sequer haver ensejado ao TJMT o exercício de sua competência correicional em sede disciplinar, o corregedor teria, aparentemente, inviabilizado a prática, pelo Judiciário local, de uma prerrogativa que não lhe poderia ter sido subtraída, o que teria implicado, por efeito da inobservância do postulado da subsidiariedade, transgressão à autonomia institucional do Tribunal de Justiça daquela unidade da federação”, enfatizou o ministro do STF.
Viva o Big Brother? - o fim do anonimato na Internet, preve CEO da Google
Bem, de certa forma isso já ocorre no Brasil, como qualquer observador mais atento sabe muito bem...
Le PDG de Google prédit la fin de l'anonymat sur Internet
Le Monde, 05.08.2010
Eric Schmidt estime que le passage à un système d'identification des internautes, à la demande des Etats, est inévitable.
"Si je regarde suffisamment vos messages et votre localisation, et que j'utilise une intelligence artificielle, je peux prévoir où vous allez vous rendre. Montrez-nous 14 photos de vous et nous pourrons vous identifier. Vous pensez qu'il n'y a pas quatorze photos différentes de vous sur Internet ? Il y en a plein sur Facebook !" Coutumier des déclarations fracassantes sur la vie privée, le PDG de Google, Eric Schmidt, a estimé, mercredi 4 août, lors de la conférence Techonomy, que l'anonymat sur Internet était voué à disparaître et serait remplacé par une "transparence totale".
Pour M. Schmidt, le monde "n'est pas prêt pour la révolution technologique qui s'annonce". Avec l'explosion des données rendues publiques par les internautes, les épidémies ou les crises deviennent prévisibles ; le monde produisant aujourd'hui, selon lui, autant de données en deux jours qu'entre "l'aube de la civilisation et 2003". Le moteur de recherche a par exemple lancé un outil de suivi de la progression de la grippe A, basé sur les recherches effectuées par les internautes.
Mais cette explosion du volume de données peut également être mise à profit à des fins moins bénéfiques, juge M. Schmidt. "La seule manière de gérer ce problème est une vraie transparence, et la fin de l'anonymat. Dans un monde où les menaces sont asynchrones, il est trop dangereux qu'on ne puisse pas vous identifier d'une manière ou d'une autre. Nous avons besoin d'un service d'identification personnel. Les gouvernements le demanderont", assure-t-il.
Divida Publica e Crescimento - um estudo do FMI
Paulo Roberto de Almeida
Public Debt and Growth
MANMOHAN KUMAR, International Monetary Fund (IMF) - Research Department
JAEJOON WOO, DePaul University - Department of Economics
IMF Working Paper No. 10/174
This paper explores the impact of high public debt on long-run economic growth. The analysis, based on a panel of advanced and emerging economies over almost four decades, takes into account a broad range of determinants of growth as well as various estimation issues including reverse causality and endogeneity. In addition, threshold effects, nonlinearities, and differences between advanced and emerging market economies are examined. The empirical results suggest an inverse relationship between initial debt and subsequent growth, controlling for other determinants of growth: on average, a 10 percentage point increase in the initial debt-to-GDP ratio is associated with a slowdown in annual real per capita GDP growth of around 0.2 percentage points per year, with the impact being somewhat smaller in advanced economies. There is some evidence of nonlinearity with higher levels of initial debt having a proportionately larger negative effect on subsequent growth. Analysis of the components of growth suggests that the adverse effect largely reflects a slowdown in labor productivity growth mainly due to reduced investment and slower growth of capital stock.
Mudanca climatica e politica comercial - Patrick Messerlin
PATRICK A. MESSERLIN, Groupe d'Economie Mondiale at Sciences Po (GEM Paris)
World Bank Policy Research Working Paper No. 5378
Abstract:
Contrary to what is still often believed, the climate and trade communities have a lot in common: a common problem (a global "public good"), common foes (vested interests using protection for slowing down climate change policies), and common friends (firms delivering goods, services, and equipment that are both cleaner and cheaper). They have thus many reasons to buttress each other. The climate community would enormously benefit from adopting the principle of "national treatment," which would legitimize and discipline the use of carbon border tax adjustment and the principle of "most-favored nation," which would ban carbon tariffs. The main effect of this would be to fuel a dual world economy of clean countries trading between themselves and dirty countries trading between themselves at a great cost for climate change. And the trade community would enormously benefit from a climate community capable of designing instruments that would support the adjustment efforts to be made by carbon-intensive firms much better than instruments such as antidumping or safeguards, which have proved to be ineffective and perverse. That said, implementing these principles will be difficult. The paper focuses on two key problems. First, the way carbon border taxes are defined has a huge impact on the joint outcome from climate change, trade, and development perspectives. Second, the multilateral climate change regime could easily become too complex to be manageable. Focusing on carbon-intensive sectors and building "clusters" of production processes considered as having "like carbon-intensity" are the two main ways for keeping the regime manageable. Developing them in a multilateral framework would make them more transparent and unbiased.
Proibicao de exportacoes: nao se pode impedir politicos de adotarem medidas estupidas (ou pode?)
Bem, depois "aconteceu" o socialismo, que, como todos sabem, diminuiu tremendamente a capacidade da União Soviética de não só abastecer o mundo -- o que ele deixou de fazer já na primeira guerra mundial e logo em seguida à revolução de 1917, com a guerra civil subsequente e a construção do "socialismo num só país" -- como também de alimentar o seu próprio povo. Entre fomes acontecidas e fomes fabricadas, o socialismo matou muita gente, e simplesmente retirou a URSS da economia mundial durante sete décadas (eu disse sete décadas, o que é o equivalente a três gerações), salvo por uma ou outra commodity valorizada (petróleo, gás, alguns minérios e metais não ferrosos, como ouro, que a URSS contrabandeava via empresas de fachada e países off-shore para reabastecer de divisas suas caixas esquálidas).
Curiosamente estou lendo agora mesmo mais um desses livros de história virtual, What If?, que tem um capítulo explorando a possibilidade de que Lênin não tivesse chegado à Estação Finlândia -- numa operação patrocinada pela então inimiga da Rússia, a Alemanha, para espalhar o caos em sua contendora na frente oriental -- ou que de alguma forma ele não teria sido capaz de liderar o putsch (sim, foi um putsch, não uma revolução) de Outubro (ou novembro, segundo o calendário gregoriano) de 1917, e que a Rússia, portanto, tivesse continuado em sua trajetória de desenvolvimento capitalista e tendencialmente democrático. Bem, isso são histórias que depois eu conto. Voltemos ao nosso grão.
Como se depreende da matéria abaixo, o primeiro-ministro russo Vladimir Putin pensa banir as exportações de grãos, à raiz da seca e das queimadas que se abateram sobre o país neste verão europeu. Com o perdão da palavra, que pode ofender os mais sensíveis, trata-se da medida mais estúpida que se possa tomar do ponto de vista econômico. Supostamente feita para evitar mais inflação e desabastecimento, ela vai distorcer os mercados, diminuir a oferta de grãos na próxima safra, enviar o sinal errado aos mercados mundiais de grãos e gerar mais confusão e efeitos negativos do que o pretendido como "solução" para o problema.
A mesma medida tinha sido adotada, como se sabe, nos recentes problemas de inflação e desabastecimento nos mercados argentinos de grãos e de carnes -- já afetados por controles de preços, impostos às exportações e outras medidas restritivas -- que converteram a Argentina numa IMPORTADORA DE CARNE (para honrar contratos, o que é extremamente grave).
Não se pode impedir -- talvez se devesse tentar -- políticos de adotarem medidas estúpidas como essa, mas pelo menos ninguém me impede de expressar minha opinião de leigo. Nem o Brasil está isento desses ataques de estupidez de políticos. Dois anos atrás, no auge do pico dos preços dos minérios nos mercados internacionais, o então ministro das Minas e Energia, um pau mandado de outro político amigo do poder, também cogitou de introduzir um imposto à exportação, supostamente para evitar inflação e desabastecimento do mercado interno (sempre as razões invocadas por esses cérebros diminutos).
Pergunto-me o que a cidadania e os agentes econômicos podem fazer contra medidas estúpidas adotadas por responsáveis políticos nesse tipo de situação? Talvez nada no plano nacional ou internacional, em nome da soberania nacional, mas talvez economistas sensatos pudessem estabelecer um "Alto Tribunal das Estupidezes Econômicas", uma espécie de comitê virtual encarregado de analisar as medidas econômicas desse calado e caracterizá-las pelo que efetivamente são: estupidezes econômicas...
Paulo Roberto de Almeida
Russia grain export ban sparks price fears
By Catherine Belton in Moscow and Jack Farchy and Javier Blas in London
Financial Times, August 5 2010
The prices of everyday staples such as bread, flour and beer are set to rise sharply after Russia imposed a ban on grain exports, triggering panic in commodities markets and sending wheat prices to their highest since the 2007-08 global food crisisfood crisis.
Vladimir Putin, Russian prime minister, announced the ban on all the country’s grain exports, effective within 10 days, after a severe drought devastated crops and wildfires spread across the country.
The move, which caught traders and food producers by surprise, pushed the price of wheat to its highest in two years and evoked memories of the last time the then Soviet Union suffered a catastrophic crop failure in 1972. And Moscow introduced export restrictions during the 2007-08 global food crisis, triggering a wave of panic buying from North Africa and Middle East importers.
“There is full blown panic in the European grain market,” a senior trader said.
European wheat prices rose more than 12 per cent to hit a peak of €236 a tonne on record trading volumes. US wheat futures also jumped and are up more than 80 per cent since mid-June, the fastest rally in nearly 40 years. There were fears that food price inflation could take off and that the world could even suffer a repeat of the 2008 food crisis should the big shortfall in wheat output persist. “Soaring grain prices have brought food inflation back to centre stage,” said Joachim Fels of Morgan Stanley in London.
Prices of other crops including barley, corn and rapeseed, also jumped sharply.
Shares in some of the world’s largest food companies tumbled on fears they would struggle to pass on all the increased costs of buying wheat to millions of households already suffering the effects of the financial crisis. However, several companies have already said they plan immediate price hikes on goods, such as bread and biscuits.
Unilever, the British consumer goods group, dropped 5.2 per cent, while General Mills, one of the world’s largest food companies, was 2.5 per cent lower. Nestlé fell 2.1 per cent.
“I think it would be expedient to introduce a temporary ban on export grains and other agricultural goods,” Mr Putin told a cabinet meeting. “We cannot allow an increase in domestic prices and we need to maintain the number of cattle.”
The ban would take effect from August 15 and last until December 31, a spokesman for Mr Putin said.
The worst drought in more than a century in the Black Sea region has led to widespread alarm. Forecasts for the Russian grain crop have been falling daily, with the agriculture ministry’s most recent projection at 70m-75m tonnes, down from 85m tonnes a fortnight ago. Last year, the harvest was 100m tonnes.
Traders at Glencore, the world’s largest commodity trading company, on Tuesday warned the crop could fall to about 65m tonnes.
Cargill, the world’s biggest trader of agricultural commodities, criticised Moscow’s move. “Such trade barriers further distort wheat markets by making it harder for supplies to move from areas of surplus to areas of deficit, and by preventing price signals from reaching wheat farmers,” it said.
Arkady Zlochevsky, president of the Grain Union lobby group, said that the swift imposition of the ban risked undermining Russia’s reputation as a reliable supplier.
The UN on Wednesday attempted to quell growing panic in the markets, saying that fears of a repetition of the 2007-08 food crisis were unjustified.
But it also cut its forecast for global wheat production by 25m tonnes to 651m tonnes, the biggest revision in 20 years, and warned that a continuation of the current weather conditions could affect planting of the next Russian crop, with “potentially serious implications” for global wheat supplies in the 2011-12 season.
Arkady Zlochevsky, president of the Grain Union lobby group, said the government needed to warn exporters ahead of such a decision and give them time to meet existing contracts, according to Interfax. “What are we to do with the grain that has already reached port?” he asked. “We have no mechanisms for returning it.”
The Russian lobbyist also said the Egyptian tenders that Russian traders had fought hard to win could now be under threat. “Russia’s reputation as a reliable supplier of grain could be under threat from such a sharp decision.”
Mr Zlochevsky said it would make more sense to impose a ban later, by September 1 for example, so as to give exporters time to unload contracted supplies.
Mr Putin said the government would disburse Rbs35bn ($1.17bn) in subsidies to agricultural producers. He also added that Russia would use its grain stores for distribution without auction to regions in need.
Copyright The Financial Times Limited 2010.
Burgueses estupidos (por uma vez) -- Reinaldo Azevedo
Essa é a nossa burguesia, que vive de dinheiro público, ou seja, do meu, do seu, do nosso dinheiro...
Paulo Roberto de Almeida
A miséria dos nossos ricos
Reinaldo Azevedo, 05.08/2010
Publiquei ontem um post que traz dois vídeos de Paulo Skaf, candidato do PSB ao governo de São Paulo e presidente licenciado da antigamente mítica — um mito do passado mesmo!!! — Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Leiam o post publicado às 20h44. Trata-se de um exemplo clássico da chamada “vergonha alheia”. Digo, muito constrangido, que aquilo ali, com todos os rigores da demagogia barata, é parte da “nossa elite”. Como exclamaria ou imprecaria o poeta Manuel Bandeira, “Meu Jesus Cristinho!!!”.
O fato de Skaf, que nem empresário é mais, ser presidente da Fiesp já é uma piada de salão. Que seja o chefão da principal federação de indústrias do país e filiado a um partido que se diz “socialista”, bem, isso só nos cobre de ridículo — ridículo certamente redobrado para aqueles que o elegeram. E essa eleição tem história.
Pesquisem na Internet. O governo Lula — sim, ele mesmo! — entrou pesado no jogo da sucessão da Fiesp por intermédio do então todo-poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu, para garantir a vitória do azarão Skaf contra Cláudio Vaz, que era o candidato de Horácio Lafer Piva, então presidente, considerado tucano demais. Skaf se elegeu em 2004 e foi reeleito em 2008, unificando as presidências da Fiesp e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). E começou a preparar a sua candidatura a alguma coisa… Restou-lhe um partido que se diz… socialista!
O fato de a principal entidade empresarial do país estar nessa miséria política e intelectual diz muito destes dias que vivemos. Tá bom, conto. Fui a Nova York com as minhas meninas nos dias em que andei distante. É claro que elas visitaram a liquidação da Macy’s, em que se compra por alguns trocados o que aqui se vende quase a mão armada. Todo mundo visita. Mas também ficaram fascinadas com a “Frick Collection”, a casa-museu do empresário Henry Clay Frick (1849-1919), na esquina da Quinta Avenida com a 70, que as esquerdas certamente diriam ter sido um grande fdp (aliás, as da época já consideravam isso…), mas que conseguiu reunir a maior concentração de Rembrandts por metro quadrado no mundo. O risco de cruzar com brasileiros por lá é pequeno, menor do que na Macy’s…
Provocando um tantinho, eu diria que Frick esfolou a “craçe operária” para oferecer a preços módico El Greco, Goya e Piero della Francesca para as massas que se interessarem. E quem não se interessar? Que se dane! Não existe ditadura que imponha El Greco como obrigação… E os nossos “Fricks”? Bem, em vez de nos doar Rembrandts, eles tomam caminhões deles na forma dos subsídios estatais. Devolverão uma fatiazinha aos políticos por intermédio das doações de campanha e das propinas. Nada de museus, de universidades ou bibliotecas…
No fundo, gostam mesmo é de um cartório, com juros camaradas do BNDES, para depois falar, hipocritamente, em defesa da livre iniciativa, na qual não acreditam tanto assim. Esse é o ambiente que deu à luz uma figura como Paulo Skaf, que paga o mico de estrelar aqueles vídeos: ator canastrão, político canastrão e empresário canastrão.
Senadores chilenos SERAO expulsos da Venezuela: uma previsão imprevidente
Para acompanhar...
VENEZUELA NÃO QUER OBSERVADORES INTERNACIONAIS NAS ELEIÇÕES DE 26/09/2010!
El Mercurio, 02.08.2010
El senado chileno decidió no acatar la inhabilitación que hiciera la presidenta de la Asamblea Nacional de Venezuela, Cilia Flores, sobre el envío de un grupo observadores de cara a las elecciones parlamentarias del próximo 26 de septiembre. El senador de la Democracia Cristiana en Chile, Patricio Walker, declaró que “no se entiende que alguien se moleste porque somos invitados por la oposición para ir como observadores internacionales. Somos del Parlamento de un país amigo". "Vamos a ir igual, y si nos quieren sacar que nos saquen. No vamos a ir a agredir a nadie, vamos invitados por amigos. Aunque sea como turistas vamos a ir. Es importante que el pueblo venezolano se exprese y que pueda establecer un contrapeso al poder total que se quiere establecer", señaló.
Desmantelando o keynesianismo - Gary North
Gary North
Artigos - Economia
Instituto Von Mises Brasil, 04 Agosto 2010
Gary North ensina como reduzir a pó os sofismas do keynesianismo, a teoria econômica idolatrada pelos sociais-democratas, nazistas e socialistas, responsável pelo crescimento da opressão estatal e de grandes colapsos econômicos nas últimas décadas.
Quatro imagens fornecem as ferramentas conceituais necessárias para refutar a teoria econômica keynesiana: a arma, a carteira, o título da dívida e a impressora de dinheiro. Lembre-se delas todas as vezes que você ler uma propaganda keynesiana exaltando os últimos planos de gastos do governo. Explico.
Pense que você está em um debate público. Se você quiser arruinar um oponente intelectual em um debate, descubra qual o seu principal ponto fraco e atenha-se a ele. Nunca o deixe escapar. Garanta que a platéia sairá do debate tendo em mente todas as refutações que você apresentou.
Ao se preparar para um debate, lembre-se sempre desse princípio da comunicação eficaz: "É mais fácil esquecer uma formula do que uma imagem mental".
Economistas acadêmicos amam fórmulas. E essa é justamente sua maior vulnerabilidade. Ao contrário das fórmulas da física, as fórmulas dos economistas escondem profundos erros conceituais; erros que simples imagens mentais mostram ser um absurdo total. O indivíduo comum pode prontamente perceber e entender esses erros por meio do uso de simples imagens mentais. Já os economistas acadêmicos, por outro lado, são deliberadamente treinados em sua pós-graduação para ignorar essas imagens. Eles são facilmente cegados por fórmulas. Isso os coloca em desvantagem nos debates públicos, especialmente quando têm de debater membros de uma escola de pensamento econômico que não utiliza fórmulas: a escola austríaca de economia. Irei agora dar uma demonstração de como esse princípio funciona num debate.
A FÓRMULA CENTRAL DO KEYNESIANISMO
A descrição da economia keynesiana na Wikipédia é um bom lugar para se começar. Aqui, temos a fórmula keynesiana presente em todos os livros-texto:
Em representação científica, a Fórmula Keynesiana consiste da seguinte composição:
C + I + G + X - M = Y(PIB)
que significa:
Consumo + Investimento + Gastos Governamentais + Exportações - Importações = Produto Interno Bruto
Isso é coisa padrão. Começa aqui:
Os gastos são o núcleo da economia keynesiana - que formam o gasto agregado. Consumo (C) é uma série de decisões individuais de alocação de recursos por toda a sociedade. Investimento (I) é uma série de decisões individuais de alocação de recursos por toda a sociedade. Exportações (X) são uma série de decisões individuais de alocação de recursos por toda a sociedade. O mesmo se aplica às importações.
Já os gastos governamentais representam um tipo diferente de decisão de alocação. "Está vendo essa arma? Está vendo para onde ele está apontada? Passe a carteira!"
O estudante pode ver que o gasto total se baseia em todas as quatro letras da fórmula. C, I, X e M se originam das ações dos proprietários originais dos recursos. Já o G não se origina das ações dos proprietários originais dos recursos. G se origina da ação do seu novo proprietário, após múltiplas transações feitas sob a mira da arma.
G não cria nada. G confisca. G não pode gastar nada que não tenha antes extraído à força dos consumidores ou investidores.
C, I, X e M são baseados na produção. Eles representam forças criativas. G é baseada no confisco. Não é uma força criativa. Tudo o que é gasto por G é feito à custa de C, I, X ou M. Quando G gasta, ele o faz à custa de todos os outros.
Um estudante perspicaz é esperto o bastante para imaginar o que a maioria das pessoas faz quando constantemente ameaçadas por ladrões com armas, mesmo quando os ladrões carregam distintivos. Elas não irão colocar todo o seu dinheiro em suas carteiras. Elas irão esconder parte do seu dinheiro. Elas não irão gastá-lo. Pessoas que carregam distintivos e armas chamam esse ato de entesouramento da moeda. Trata-se de Algo Muito Ruim, eles nos asseguram.
PEGANDO EMPRESTADO DE PEDRO PARA SUBSIDIAR PAULO
É aqui que Keynes vem ao socorro dos governos de todos os lugares. Para evitar que as pessoas entesourem seu dinheiro - mantendo-o assim a salvo da sanha tributária, mas consequentemente levando a uma redução do gasto agregado -, Keynes aconselhou aos governos oferecerem títulos de dívida que paguem juros. Dessa forma, os governos poderiam obter empréstimos, gastar e, com isso, manter o nível do gasto agregado. "Escondam as armas. Ofereçam títulos."
Apenas estudantes muito espertos irão fazer essas duas perguntas óbvias:
De onde o governo irá tirar dinheiro para pagar esse empréstimo e seus juros?
De onde as pessoas irão tirar dinheiro para emprestar ao governo?
As respostas dos políticos para a primeira pergunta é fácil: (1) nós iremos contratar mais homens com distintivos e armas; (2) nós iremos oferecer mais títulos de dívida. Porém, essas não são respostas elucidativas; são apenas embromação, pois a pergunta continua sem resposta.
Então Keynes acrescentou isso: "Imprimam mais dinheiro". Ele especificamente ensinou que os salários reais iriam cair junto com o poder de compra em tempos de inflação de preços. Membros dos sindicatos iriam aceitar esses menores salários reais, Keynes ensinou. Isso iria levar a um maior emprego: salários menores significam mais demanda por mão-de-obra. Ele implicitamente supôs que os sindicalistas eram tolos, assim como os economistas que eles contratariam para fazer negociações.
E quanto à segunda pergunta? De onde os emprestadores tirarão dinheiro para emprestar para o governo? A resposta de Keynes fazia aparente sentido naquela época, quando as pessoas guardavam ouro (nos EUA) ou moeda corrente (em todo o resto do mundo) em casa. Porém, após 1934 nos EUA, quando Seguro Federal para Depósitos Bancários foi criado (seguro esse que hoje existe em todo o mundo), o argumento de Keynes perdeu o sentido. As pessoas passaram a depositar seu dinheiro nos bancos. Os bancos então passaram a emprestar esse dinheiro. Dali em diante, o governo poderia emitir vários títulos e incorrer em grandes déficits orçamentários, que os bancos iriam utilizar o dinheiro de seus correntistas para comprar esses títulos do governo. O problema é que os empreendedores agora não teriam mais a mesma facilidade de antes para conseguir empréstimos junto a esses bancos, que passaram a canalizar o dinheiro para os títulos do governo.
Keynes imaginou que, sob esse arranjo, o gasto agregado não iria se alterar. É aí que sua teoria desmorona.
Mesmo no primeiro caso - entesouramento da moeda -, o argumento já não fazia sentido em 1933. Quando a moeda é entesourada, os preços têm de cair. Quando os preços caem em consequência do entesouramento - que representa um aumento da demanda por moeda -, a moeda volta a ser gasta. Os vendedores tornam-se sedutores: "Tenho uma grande promoção para você!" Com isso, as pessoas deixam de entesourar e passam a gastar. Se os preços são livres e flexíveis - e em um livre mercado eles são -, então o governo não precisaria emitir títulos para fazer com que as pessoas voltassem a gastar. Bastaria apenas remover todas as restrições legais que impedem esse rearranjo de preços: tarifas, quotas e políticas de preços mínimos.
Tão logo o estudante entenda isso, o professor poderá ir adiante e passar da lógica para a retórica: persuasão por meio da imagística.
SUBSTITUA IMAGENS POR FÓRMULAS
Eis o verbete da Wikipédia para gastos do governo.
Gastos governamentais ou despesas governamentais consistem em compras do governo, as quais podem ser financiadas por senhoriagem [inflação], impostos ou empréstimos contraídos pelo governo. Os gastos governamentais são considerados um dos principais componentes do produto interno bruto.
John Maynard Keynes foi um dos primeiros economistas a defender déficits governamentais como parte de uma política fiscal para curar uma contração econômica. Na economia keynesiana, acredita-se que um maior gasto governamental eleva a demanda agregada e aumenta o consumo.
Aqui, eu sugiro o seguinte. Faça a pergunta novamente: "Como o governo irá fazer para pegar o dinheiro da carteira ou da conta bancária dos emprestadores sem que isso reduza os gastos deles?"
Continue mencionando 'carteira'. As pessoas conhecem e entendem de carteiras. Elas não entendem muito é de fórmulas. Continue mencionando 'impressoras'. Elas sabem o que é falsificação.
O estudante deverá sempre ter a imagem mental de uma arma, de uma carteira, de um título de dívida e de uma impressora. Uma fórmula não transmite conhecimento eficazmente. Uma imagem mental, sim. As pessoas esquecem fórmulas mais rapidamente do que esquecem imagens mentais.
O núcleo da economia keynesiana é este: atribuir uma produtividade econômica autônoma à agência em posse da arma. De alguma forma, o governo pode elevar o gasto agregado da economia (1) sem estar produzindo nada de novo e (2) sem que isso reduza os gastos em outros lugares da economia. Keynes nunca explicou como isso seria possível. Nem seus discípulos.
Eis o núcleo do erro keynesiano: "G pode aumentar sem subtrair de C, I, X e M". É fácil mostrar isso pela fórmula. Mas ainda é apenas uma fórmula. Tente transformar a fórmula em uma imagem mental.
Diga ao estudante, "Quando você vir G, pense numa arma" [em inglês é mais fácil: G = Gun]. Essa imagem mental destroi a autoridade da fórmula.
E o estudante vai retrucar: "Toda a economia keynesiana não pode ser resumida apenas nisso". Mas pode. Com efeito, toda a economia keynesiana é apenas isso. E ele prossegue: "Alguém teria apontado isso ainda em 1936 se isso fosse tudo o que há nela." Poucos, além de Mises e Hayek, fizeram isso. E esses poucos passaram a ser ignorados após 1948, o ano em que Paul Samuelson publicou seu livro texto de economia.
Como assim? Por que toda essa platitude foi aceita? Por causa daquilo que George Orwell observou em 1946, o mesmo ano em que Keynes morreu. "Enxergar o que está na frente do nariz exige um esforço constante".
Seja a criança na parada que grita: "O imperador está nu!" Comece com a explicação mais simples - a visual - sobre o núcleo do colossal erro de Keynes. Não deixe passar batido.
Comece com a arma, a carteira, o título da dívida e a impressora. A fórmula do PIB é simplesmente uma fachada para agradar economistas.
A quem interessar possa, estou desenvolvendo um projeto de análise crítica da teoria keynesiana sob a perspectiva da escola austríaca. Para mais informações, venha aqui.
Gary North , ex-membro adjunto do Mises Institute, é autor de vários livros sobre economia, ética e história. Visite seu website.
Publicado no site do Instituto Ludwig von Mises Brasil com o título: Quatro imagens mentais para imunizar pessoas sensatas contra o keynesianismo
Tradução: Leandro Augusto Gomes Roque
O Ministerio da Utopia (SAE) - Demetrio Magnoli
Demétrio Magnoli
O Estado de S. Paulo, 05/08/2010
Intelectuais tendem à utopia, pois ela precisa de uma descrição e eles são seus autores. Isaiah Berlin não está entre os filósofos mais célebres precisamente porque é um pensador antiutópico. "As utopias têm o seu valor - nada amplia de forma tão assombrosa os horizontes imaginativos das potencialidades humanas -, mas como guias da conduta elas podem se revelar literalmente fatais", anotou Berlin. As utopias almejam a completa realização de um conjunto de premissas, com a exclusão de todas as outras. É um caminho muito perigoso, "pois, se realmente acreditamos que tal solução é possível, então com certeza nenhum preço será alto demais para obtê-la".
A democracia constitui um sistema político avesso à utopia porque, por definição, rejeita atribuir estatuto de verdade incontestável a qualquer conjunto de premissas ideológicas. Os intelectuais utópicos têm um lugar na democracia - o de instigadores do debate público. Mas o sistema democrático de convivência de ideias contraditórias se estiola quando eles são alçados à posição de sábios oficiais e suas utopias são convertidas em verdades estatais.
Samuel Pinheiro Guimarães, até outro dia secretário-geral do Itamaraty, foi guindado à Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). No novo cargo, elaborou um documento intitulado O Mundo em 2022, ainda em versão preliminar, que circula no governo e no Itamaraty. Trata-se de um delineamento das tendências do sistema internacional, com propostas de políticas estratégicas do Brasil. Dito de modo direto, é a plataforma de uma utopia ultranacionalista, a ser aplicada num hipotético governo de Dilma Rousseff, que colide com os valores e as tradições da democracia brasileira.
Num texto escrito em português claudicante, o intelectual utópico expõe uma doutrina antiamericana que solicita uma curiosa articulação estratégica entre Brasil, Rússia, Índia e China "para reformar o sistema internacional e torná-lo menos arbitrário". Os Brics, acrônimo cunhado no interior de um banco de investimentos, constituem um "bloco" apenas na acepção restrita de que seus integrantes passaram a influenciar a governança econômica global. Eles, porém, não compartilham interesses geopolíticos relevantes - uma evidência clamorosa que escapa por completo à percepção de Guimarães, moldada por um obsessivo antiamericanismo.
Os equívocos teóricos pouco significam, perto das prescrições políticas. Nostálgico do "Brasil-potência" dos tempos de Ernesto Geisel, Guimarães atribui ao Estado os papéis de "estimular o fortalecimento de megaempresas brasileiras (...) para que possam atuar no cenário mundial globalizado" e de conduzir um programa de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de amplas implicações militares. Os significados desta última proposição podem ser entrevistos na passagem em que o autor define o Tratado de Não-Proliferação Nuclear como o "centro" de um processo ameaçador de "concentração de poder militar". A leitura do documento oferece indícios sugestivos para a compreensão da lógica subjacente à aproximação entre Brasil e Irã e à operação diplomática brasileira de cobertura do programa nuclear iraniano.
No programa ultranacionalista, ausências falam tanto quanto presenças. Ao longo de 54 itens, não há nenhuma menção aos direitos humanos. Não é surpreendente: um livro de Samuel Pinheiro Guimarães, publicado em 2006, qualificou a defesa dos "direitos humanos ocidentais" como uma forma de dissimular "com sua linguagem humanitária e altruísta as ações táticas das Grandes Potências em defesa de seus próprios interesses estratégicos". A militância do governo Lula contra a política internacional de direitos humanos - expressa na ONU, em Cuba, no Irã, no Sudão, na China e em tantos outros lugares - não é um fenômeno episódico, mas reflete uma visão de mundo bem sedimentada. Lastimavelmente, as ONGs brasileiras de direitos humanos financiadas pela Fundação Ford trocaram a denúncia de tal militância pela aliança com o governo na difusão da doutrina dos "direitos raciais".
A utopia regressiva de Samuel Pinheiro Guimarães colide com a Constituição, que veta a busca de armas nucleares e situa a promoção dos direitos humanos no alto das prioridades de política externa do Brasil. Se a sua plataforma política aparecesse na forma de artigo, isso não seria um problema - e, talvez, nem mesmo uma fonte de debates interessantes. As coisas mudam de figura quando ela emerge como documento de Estado, produzido num Ministério encarregado de formular as diretrizes estratégicas do País.
O governo Lula exibe, sistematicamente, inclinação a partidarizar o Estado. A contaminação ideológica da política externa é uma dimensão notória dessa inclinação. Há, contudo, um antídoto contra a doença, que é a supervisão parlamentar das diretrizes estratégicas de política externa. Nos EUA, uma nação presidencialista como a nossa, as prioridades e os orçamentos do Departamento de Estado são submetidos ao crivo do poderoso Comitê de Relações Exteriores do Senado, expressão do controle social, bipartidário, sobre uma política de Estado. O Senado brasileiro tem uma Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Entretanto, sua gritante ineficácia, que exprime uma carência quase absoluta de poder real, proporciona ao governo as condições para a continuidade da folia ideológica em curso.
A SAE foi concebida como uma jaula dourada para acomodar (e ridicularizar) Roberto Mangabeira Unger, quando ele aderia ao governo que definira como "o mais corrupto da história". Agora, sob Guimarães, a jaula transforma-se em linha de montagem de uma utopia ultranacionalista que funcionaria como a régua e o compasso da inserção internacional do Brasil. A Nação tem o direito inalienável de se proteger contra o Ministério da Utopia, sujeitando a política externa ao escrutínio democrático dos parlamentares.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
O PT e as FARC: por que todo esse medo da verdade?
Poderia ser pior: as FARC, por exemplo, poderiam ser como certos ditadores que existem por aí, que matam seus povos de fome. Na verdade, ela É como eles, só que ainda não conseguiu dominar a Colômbia. Se dependesse dos cubanos e dos petistas, elas já o teriam conseguido.
O PT poderia, por exemplo, começar explicando porque a ex-ministra-chefe da Casa Civil, hoje sua candidata a presidente(a), requisitou a mulher do representante das FARC no Brasil para trabalhar num ambiente acolhedor em Brasília, com DAS e tudo... Não precisa nem dizer quanto ganha, basta dizer por que mesmo foi feita esse ato administratico, incompreensível para tantos brasileiros que também gostariam de ganhar um emprego, asi no más...
Bem, não custa lembrar alguns episódios dessa ligação do PT com as FARC. Não precisa ficar envergonhado; agora que tudo é possível, basta reconhecer o que já está documentado.
O Foro de São Paulo não é uma fantasia
Reinaldo Azevedo, 30.01.2008
"Os petistas falam do Foro sem receio. Fizeram-no no vídeo preparado para o 3º Congresso do partido, no fim de agosto e início de setembro do ano passado. Procure no YouTube. Parte do jornalismo brasileiro, no entanto, pretende que tratar do assunto é dar asas a uma fantasia paranóica. Eis uma prática antiga da esquerda.
Ela sempre foi craque em ridicularizar a verdade, transformando-a numa caricatura, de modo que |seus adversários intelectuais ou ideológicos não encontrem senão a solidão e o desamparo"
Vivemos os últimos dias de 2007 e os primeiros de 2008 sob o signo do terror. Setores da imprensa do Brasil e do mundo se deixaram seduzir pela pauta dos bandidos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Co-estrelaram a farsa protagonizada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que "libertou" duas reféns (há oitocentos!), os governos do conservador Nicolas Sarkozy, presidente da França, e do "progressista" Luiz Inácio Lula da Silva. Os maus herdeiros de Tocqueville (1805-1859), autor de Democracia na América, querem apenas resgatar do coração das trevas Ingrid Betancourt, uma cidadã que também tem nacionalidade francesa – e depois esquecer aquele canto amaldiçoado das... Américas. Já Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula e representante brasileiro na "negociação", estava lá como um utopista. Ele é fundador de uma entidade internacional chamada Foro de São Paulo, que tem como sócios tanto o PT como as Farc. Existe, portanto, uma entidade em que essas duas organizações são parceiras, companheiras e partilham objetivos comuns.
O tal Foro foi criado em 1990 por Lula e pelo ditador Fidel Castro. Reúne partidos e grupos de esquerda e extrema esquerda da América Latina. Era a resposta local ao fim do comunismo – a URSS seria oficialmente extinta no ano seguinte. Há dois anos e meio, no aniversário de quinze anos da entidade, a reunião dos "companheiros" se deu no Brasil. E Lula discursou para a turma. Não acredite em mim, mas nele. A íntegra de sua fala está no endereço oficial www.info.planalto.gov.br. Clique no terceiro item da coluna à esquerda, "Discursos e entrevistas", e depois faça a procura por data: está lá, no dia 2 de julho de 2005.
Em sua fala, o presidente brasileiro:
- exalta a atuação de Marco Aurélio Garcia no Foro:
"O companheiro Marco Aurélio tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990";
- explicita as vinculações da organização com Chávez:
"O Chávez participou de um dos foros que fizemos em Havana. E graças a essa relação foi possível construirmos (...) a consolidação do que aconteceu na Venezuela, com o referendo que consagrou o Chávez como presidente da Venezuela";
- canta as conquistas internacionais da patota:
"E eu quero dizer para vocês que muito mais feliz eu fico quando tomo a informação, pelo Marco Aurélio ou pela imprensa, de que um companheiro do Foro de São Paulo foi eleito presidente da Assembléia, foi eleito prefeito de uma cidade, foi eleito deputado federal, senador (...)";
- expõe os tentáculos internos de que o Foro se serve:
"Vejam que os companheiros do Movimento Sem-Terra fizeram uma grande passeata em Brasília. (...) A passeata do Movimento Sem-Terra terminou em festa, porque nós fizemos um acordo entre o governo e o Movimento Sem-Terra";
- e reafirma a marcha rumo ao poder no continente e, se der, fora dele:
"Por isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio daqui para Brasília com a consciência tranqüila de que esse filho nosso, de quinze anos de idade, chamado Foro de São Paulo, já adquiriu maturidade, já se transformou num adulto sábio. (...) Logo, logo, vamos ter que trazer os companheiros de países africanos para participarem do nosso movimento (...)."
Os petistas, como se vê, falam do Foro sem receio. Fizeram-no, por exemplo, no vídeo preparado para o 3º Congresso do partido, no fim de agosto e início de setembro do ano passado. Procure no YouTube. Parte do jornalismo brasileiro, no entanto, pretende que tratar do assunto é dar asas a uma fantasia paranóica. Eis uma prática antiga da esquerda. Ela sempre foi craque em ridicularizar a verdade, transformando-a numa caricatura, de modo que seus adversários intelectuais ou ideológicos não encontrem senão a solidão e o desamparo. Se você é do tipo que prefere anuir com o crime a ficar sozinho, acaba se comportando como um vapor barato do tráfico ideológico.
Já lembrei no blog a viagem que o escritor francês André Gide (1869-1951) fez à URSS em 1934, para participar do Primeiro Congresso dos Escritores. O evento era organizado por Jdanov, o poderoso ministro da Cultura. Intelectuais de todo o mundo estiveram lá. Só Gide denunciou o regime do ditador soviético Stalin (1879-1953), o que fez no livro Retour de l’URSS. Isso lhe valeu o ódio da esquerda internacional e uma espécie de ostracismo. André Malraux (1901-1976) foi um dos que silenciaram. Fez pior do que isso: afirmou que os Processos de Moscou, farsas jurídicas a que Stalin recorria para eliminar seus adversários (e até aliados), não maculavam a essência humanista do socialismo. De fato, o autor de A Condição Humana era um espião soviético. As esquerdas têm muitos heróis nascidos no solo fertilizado pelos cadáveres de seus adversários. Posso ficar só, mas repudio o crime.
Malograda a primeira expedição de Chávez e dos "observadores" para resgatar os reféns das Farc, o Itamaraty divulgou uma nota no dia 1º de janeiro lamentando o desfecho e concluía: "O governo brasileiro reitera seu apoio ao processo de paz na Colômbia, assim como a disposição de aprofundar sua contribuição a iniciativas de fortalecimento do diálogo interno naquele país". Traduzindo a linguagem diplomática: o Brasil reconhecia as Farc como "força beligerante" – uma reivindicação de Chávez –, e não como grupo terrorista. No dia 14 de janeiro, em seu programa de rádio, foi a vez de o próprio Lula afirmar: "Na medida em que as Farc se dispõem a libertar dois reféns, ela está dando (sic) um sinal de que é possível libertar mais. Portanto, o apelo que eu faço é que o governo colombiano e o meu amigo, o presidente (Álvaro) Uribe, mais os dirigentes das Farc se coloquem de acordo para que se possa (sic) libertar mais pessoas que estão seqüestradas". Os terroristas, que recorrem a assassinatos e seqüestros e vivem da proteção que oferecem ao narcotráfico, eram, assim, reconhecidos como expressão política legítima – agora não apenas no Foro de São Paulo, mas no âmbito da diplomacia e do governo brasileiros.
Isso tudo é irrelevante? Não é, não. Já publiquei no blog a lista dos partidos e organizações que integram o Foro: além do PT, do PC do B e das Farc, estão, entre outros, o também colombiano Exército de Libertação Nacional, o Partido Comunista de Cuba, o Partido Comunista do Chile, o Partido Comunista da Bolívia (aliado de Evo Morales), o Partido Comunista da Venezuela (engolido por Chávez), a Frente Sandinista de Libertação Nacional e o PRD mexicano (Partido da Revolução Democrática), do arruaceiro López Obrador, aquele que não aceita perder eleições.
A recusa em condenar as Farc, a defesa incondicional do governo de Hugo Chávez na Venezuela, o apoio às pantomimas de Evo Morales na Bolívia – mesmo e especialmente quando ele contraria interesses brasileiros – e de Rafael Correa no Equador e as relações sempre especiais com a tirania cubana fazem parte do alinhamento do governo do PT com este "Comintern" (Internacional Comunista) cucaracho, o Foro de São Paulo.
Ah, não. Não haverá uma revolução comunista liderada pelos petistas. É mais lucrativo operar uma "revolução" na telefonia, não é mesmo? Condescender com a hipótese do levante é uma forma de fazer uma caricatura do que vai acima. O que estou afirmando, e isto é inconteste, é que existe uma organização na América Latina, chamada Foro de São Paulo, a que pertencem o PT e as Farc, que coonesta grupos e governos que optaram pelo terror, pela ditadura ou por ambos. O que essa gente faz é chantagear a democracia, cobrando muito caro por aquilo a que temos direito de graça. E isso se dá, como sempre, sob o silêncio cúmplice e medroso dos democratas.
E que se note: por motivos óbvios, os petistas são mais decentes quando silenciam sobre os crimes das Farc do que quando fingem indignação em entrevistas.
Mercosul vira uniao aduaneira; NAO DIGA!!!, ja tinha esquecido...
(a) ausência total de barreiras para a circulação de mercadores entre os países membros;
(b) tarifa externa comum;
(c) outras coisas, nunca realizadas...
Bem, ainda não fizeram a zona de livre comércio, a primeira etapa da integração, nem aplicaram integralmente e de maneira uniforme as tarifas definidas em 1994 (e jamais aplicadas conjuntamente por todos eles), mas pelo menos já se tem um pedaço de papel que quer dizer "Código Aduaneiro".
Sua existência não quer dizer que ele seja aplicado de maneira objetiva e completa, pois até hoje as tarifas que deveriam ser comuns diferem na prática, e de muito.
O Mercosul é mais furando que um queijo gruyère (se estou certo que este é aquele com muitos furinhos para cima e para baixo). De fato, esse Código Aduaneiro não impede a existência de impostos nacionais exclusivos, inclusive de exportação, o que é inacreditável para um bloco.
Também tem gente que não sabe o que é uma união aduaneira e vive confundindo blocos comerciais com associações de ajuda mútua. Santa ignorância...
Paulo Roberto de Almeida
Mercosul aprova criação de código aduaneiro
Daniel Rittner
Valor Econômico, quarta-feira, 04 de agosto de 2010
San Juan (Argentina) - Após seis anos de negociações sem resultados, os países do Mercosul aprovaram o código aduaneiro do bloco, que deverá harmonizar normas e procedimentos alfandegários adotados pelos quatro sócios. "Poucos acreditavam que podíamos chegar a esse acordo, porque não apostavam no aprofundamento do Mercosul", disse a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
O código aduaneiro somou-se a dois outros importantes avanços alcançados na reunião de cúpula: o fim da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) para mercadorias de terceiros países que circulam dentro do Mercosul e a assinatura de tratado de livre comércio com o Egito, o segundo fora da América do Sul. O primeiro foi fechado com Israel.
Os avanços levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dizer que foi "a melhor cúpula" de seus dois mandatos e desde 1994, quando foi assinado o protocolo que transformou o Mercosul em união aduaneira - ou seja, com aplicação de tarifa de importação comum a bens extrazona.
A conclusão do código aduaneiro foi costurada ontem, com a intervenção de Cristina junto ao presidente do Uruguai, José Mujica, cuja diplomacia resistia a aprovar o documento. A divergência se concentrava em um ponto: a aplicação de direitos (impostos) de exportação, seus valores e características. Os uruguaios reclamavam dos impostos que a Argentina mantém sobre a exportação de soja e outros produtos agropecuários, como trigo e carne. Para eles, esses impostos distorcem o mercado.
Por isso, o Uruguai insistia em designar o Mercosul como autoridade para a aplicação dos direitos de exportação. No fim, adotou-se uma solução salomônica: o código evita o assunto e são reconhecidos todos os impostos prévios à sanção. Foi o que propiciou o acordo.
Contente com os resultados, Lula alfinetou o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, José Serra: "E tem gente que critica o Mercosul". Em seguida, demonstrou orgulho por ter ajudado a enterrar as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), em 2003.
"A Alca, no fundo, era uma proposta que não tinha nenhuma intenção de ajudar os países mais pobres a se tornarem minimamente competitivos", afirmou Lula "Basta examinar o fluxo comercial e os avanços que houve na integração, principalmente política. Existe um processo de aumento da confiança que não existia há oito anos."
As mulheres de Chavez; quer dizer, as que trabalham para ele...
O artigo abaixo trata de outro aspecto, menos conhecido, da vida de Chávez: seu gineceu, ou melhor, sua tropa de aguerridas combatentes, defensoras, vigilantes, whatever...
Sempre se aprende alguma coisa com El Profesor, mesmo que não sejam lecciones de economía al revés...
Paulo Roberto de Almeida
NOTITARDE
Aullidos para el sordo
Charito Rojas
"A mi juicio, el mejor gobierno es el que deja a la gente más tiempo en paz". Walt Whitman (1819-1892), poeta estadounidense.
A Chávez le gustan las mujeres. Esta rodeado de ellas. Le son incondicionales y fieras, como un perro doberman que clava la mordida y no afloja hasta que su presa deja de moverse. Las mujeres son responsables, implacables, incisivas. Las de Chávez, digo. Las que trabajan con Chávez, quiero decir. Las que siguen ciegamente sus órdenes y latiguean a sus subalternos para que también obedezcan al amo.
Ellas acabaron, por órdenes de su jefe, con la separación de poderes en Venezuela. Y han recibido a cambio grandes premios: la confianza del jefe, buena vida, cambios notables en su expectativa futura. A ver. La Presidenta de la Asamblea Nacional, Cilia Flores ha dado un gran vuelco a su status desde 1998 a la fecha: de abogado II de la PTJ, se catapultó a diputada al Congreso y luego se empoderó de la Presidencia de la Asamblea, cargo que, siguiendo el ejemplo que Chávez dio no quiere aflojar. Y la dejan allí porque lo ha hecho bien: ordena la aprobación de todas las leyes que necesita la revolución, decapita a los diputados que se atreven a poner algún pero cuando se dan cuenta de la gravedad de lo que están sancionando, corta el sonido a los micrófonos y se permite mandar a confesar a diputadas de oposición. Por pecadoras, dice Cilia, que por cierto ha cambiado mucho su imagen física en estos años, producto de tanta prosperidad.
Luisa Estela Morales, Presidenta del Tribunal Supremo de Justicia, acompaña todas las ocurrencias jurídicas del jefe. Aunque su especialidad es el derecho agrario, la doctora Morales hace incursiones temerarias en el derecho constitucional y ha llegado a afirmar que la "división de poderes debilita al Estado", y aboga por una revisión de ese principio establecido en la Carta Magna de 1999. En su jurisdicción, no hay una sentencia favorable a opositores ni se admiten recursos que perjudiquen el proyecto socialista-comunista en marcha.
La otra Luisa, la Ortega Díaz, ha hecho de la Fiscalía el arma más eficaz del gobierno contra la oposición. Mientras persigue implacablemente a líderes, periodistas, productores e instituciones no afectas al chavismo, los delincuentes medran a su antojo. 148.000 muertes, el 91% de ellas impunes, hablan de los 11 años de justicia revolucionaria en Venezuela. La Fiscal debe muchas respuestas al país y su hora de asumir responsabilidades, como a las otras damas poderosas, llegará.
Por su parte la Defensora del Pueblo (qué título tan grande para esta señora) Gabriela del Mar Ramírez, no ha defendido el derecho a la vida de los venezolanos, su derecho a recibir una educación de calidad o a comer alimentos en buen estado. Jamás la hemos escuchado reclamar al gobierno en nombre del pueblo que debe defender. Jamás ha levantado su voz en un país donde el ciudadano es agredido diariamente por un gobierno ineficaz, por la corrupción, por los seguidores de un plan empobrecedor.
Y si hablamos del CNE, tenemos decir que la Dra. Lucena se ganó el apodo de Tibisí con palmas y honores. Igual que la Gatica de María Ramos, ella tira la piedra y esconde la mano, nunca reconoce falta alguna de objetividad en las actuaciones del cuerpo comicial y ha sido artífice de la felicidad del jefe… hasta donde los votos de la oposición se lo han permitido.
Hay otras mujeres en la vida de Chávez, que curiosamente, es un hombre sin mujer conocida en su vida personal. No tiene tiempo y tal parece que tampoco ganas de compartir su gloria con nadie. Pero en su gestión pública se apoya en la agresividad de la Comandante Fosforito, en la violencia de Lina Ron, en la incondicionalidad de diputadas, ministras, gobernadoras, dirigentes. Internacionalmente sus migas son con Cristina Kitchner, a quien en Argentina consideran una Chávez con faldas.
Bien por el matriarcado del Comandante. Mal por su machismo. Porque lamentablemente, todas estas mujeres, pese a que algunas son universitarias, están sometidas a lo que sería el equivalente de un marido golpeador: le dicen lo que quiere oír so pena de perder el cargo, de caer en desgracia, de perder el poder que ostentan. La declaración de Cilia Flores clamando al Vaticano por la destitución del Cardenal Urosa Savino, apenas dos días después de haberle recibido "muy respetuosamente" en la Asamblea y haberse fotografiado toda sonriente junto al purpurado, habla de algo que ella misma reconoció: le jalaron las orejas desde Miraflores por tanta cortesía y le ordenaron echar nuevamente las cabras al monte, aunque fuera un disparate cantinflérico, como le gusta a los rojitos.
Con tales personajes no cabe decencia, educación y mucho menos diálogo. Ellas están cuidando sus privilegios y el país que se jorobe. A ninguno de estos revolucionarios de quincalla le importa la sangre de ese 60% de asesinados menores de 25 años. Toda una generación perdida a manos del hampa o exiliada a manos de la revolución. La condición despiadada y canalla con la que el gobierno actúa contra los productores del campo, los medios de comunicación, los empresarios, banqueros, comerciantes y la iglesia, es imitada por el hampa que siente estar protegida por la negligencia oficialista que cree que el presupuesto del país es para consolidar una revolución comunista y no para darle a los venezolanos la calidad de vida que merecen.
Los usurpadores de la Constitución están en cuenta regresiva: las madres de los muchachos asesinados, las familias transidas de dolor, los venezolanos angustiados que todos los días salen a la calle encomendándose a Dios para que los devuelva con vida, los pequeños y grandes comerciantes y productores, están contando las horas que faltan para que esta pesadilla termine. Para que Venezuela tenga un gobierno que destine los recursos a sembrar prosperidad, a luchar contra la inseguridad, a levantar la infraestructura y el músculo industrial del país. A amar a los venezolanos como un buen padre de familia.
Mientras aúlle, amenace, embista y utilice a sus mujeres para castigar a quienes se oponen a esta felonía, no escuchará lo que este pueblo trata de decirle y que voy a traducir en palabras sencillitas: estamos cansados de usted y de su revolución, queremos un gobierno que gobierne para bien de todo el país, que respete a los ciudadanos y que cumpla su obligación constitucional de dar a los 26 millones de habitantes de este país lo que la Carta Magna dice.
Faltan apenas 52 días para las elecciones parlamentarias. Y esto está muy callado, a excepción del vociferante. Eso me preocupa. Algo bulle en las entrañas de este país maltratado. Siento que el ciudadano está afinando su puntería para marcar un voto que decidirá el futuro inmediato. Nadie confía en una Fuerza Armada entregada a Cuba y a los grandes negocios del gobierno. Pero silenciosamente, los demócratas están transmitiendo el mensaje del orden del día: tomar puestos en la Asamblea Nacional para impedir que se sigan aprobando leyes que están despojando a los venezolanos de sus legítimos derechos y posesiones. Septiembre será el Waterloo del comunismo del siglo XXI.
Charitorojas2010@hotmail.com
Twitter:@charitorojas
Divida do Brasil com o FMI: a farsa de sua quitacao - Flavio Morgenstern
Volto a reafirmar, e me assusta que os jornalistas não tenham chamado a atenção para o fato -- claro, falar mal do FMI virou esporte nacional há muito tempo -- que a operação toda foi uma fraude, pois redundou em que o Brasil "se livrou" (como gostam de afirmar os ingênuos ou de má-fé) de uma dívida remunerada a juros camaradas para assumir compromissos remunerados a juros de banqueiros (vocês sabem o que eu quero dizer).
O artigo abaixo elabora um pouco mais sobre isso e vale a leitura.
Mas, volto a reafirmar, me assusta que jornalistas e comentaristas econômicos não tenham alertado para a fraude em questão.
Paulo Roberto de Almeida
A farsa da quitação da dívida externa
Flavio Morgenstern
Instituto Millenium, 3.08.2010
As observações de Bastiat não apenas permanecem atuais, como são capazes de explicar fatores ocultos ainda desconhecidos do grande público nos trâmites econômicos, muitas vezes de proporções abissais.
Bastiat, em sua obra O que se vê e o que não se vê, define corretamente que há mais de um personagem em uma transação econômica: aquele que paga, aquele que recebe e aquele que poderia ter recebido. O último é a peça fundamental no entendimento de questões econômicas. É aquele sujeito economicamente ativo que deixa de lucrar por força de o pagador escolher fazer outra compra. O exemplo de Bastiat trata da destruição de um bem, sendo que sua restituição não constitui lucro para seu dono – e, por conseguinte, para a sociedade. Como resultado geral, o pagador perde um bem, sem ganhar nenhum outro que valha o mesmo. Seria o mesmo que perder o próprio dinheiro.
Mas, quando se perde dinheiro, a perda não é clara e nítida ao perdedor? Na verdade, pode ser aí que reside o maior engano – e o maior perigo – do nosso sistema: gastamos um caudal de dinheiro antes mesmo de vê-lo, de pegá-lo, de termos um contato com ele que nos lembre, o tempo todo, que ele é nosso. Some-se a isso uma cultura que trata o Estado como aquele que deve ser o provedor de tudo (sem nunca perguntar o que não se vê: quanto isso custará?) e a falta de questionamento sobre o funcionamento dos impostos (que, afinal, é um dinheiro gasto por imposição), também devido à complexidade de cálculo, e temos a mais formidável máquina de destruição de riqueza já criada.
Um exemplo recente foi a suposta quitação da dívida externa brasileira com o FMI. Ao citar uma sigla que causa arrepios até em brasileiros cultos (que nem por isso são versados no “economês”), foi fácil para o governo pintar-se em tons de competência que beiram a mágica, ao passo que, na verdade, praticava uma destruição prejudicial a todos os brasileiros, que não viram seu dinheiro ser vaporizado.
A quitação da dívida externa, que atemoriza os brasileiros desde a época desenvolvimentista, era uma “promessa” governista de seus tempos de passeatas anti-FMI. Para tal, aumentou sobremaneira a dívida interna: em 2005, o governo vira devedor do mercado financeiro em US$12,4 bilhões – valor bem próximo aos US$15,5 bilhões que pagou ao FMI. Com isso, a balança comercial brasileira passa de uma situação deficitária para uma superavitária: do déficit de US$ 33,4 bilhões em 1998, para o superávit de US$ 13,5 bilhões, em 2006. A dívida externa, então, não foi “quitada” (afinal, qualquer dólar que um brasileiro fique devendo para um site de compras estrangeiro é computado na “dívida externa”), e sim passamos a uma situação de superávit. Contudo, trocou-se, na prática, uma dívida com juros de 4% ao ano por outra, com o mercado interno, com juros entre 8% e 12,75% – o Tesouro continua a pagar juros acima de 13% da dívida interna.
Essa troca, em microeconomia, nunca seria feita – nem mesmo o trabalhador menos instruído em educação financeira aumentaria de bom grado os juros de sua dívida. Porém, como se trata de grandezas macroeconômicas, e o governo pôde se ver livre de palavras como “dívida externa” e “FMI”, a ação foi aplaudida, enquanto o partido situacionista era saudado como salvador da situação econômica do Brasil – e toda a oposição era demonizada homogeneamente como uma oligarquia que nunca tinha feito nada pelo bem do brasileiro em todos os outros governos.
Tal e qual um sindicato de funcionários públicos, que pressionam uma autoridade política por fins econômicos, a motivação aqui também foi eleitoreira, e não financeira – faz mais sentido pagar também do seu próprio bolso uma dívida que pode atingir 12,75% de juros ao invés de uma de 4%, desde que seu partido permaneça no poder – o que também inclui salários oriundos diretamente da máquina estatal, que serão superiores em bem mais de 12,75% aos salários que poderiam obter da iniciativa privada.
Este processo de crescimento exponencial da dívida interna já vinha sendo produzido desde antes da era FHC. Se em janeiro de 1995 a dívida interna era de 62 bilhões, em janeiro de 2003, quando Lula foi empossado, a dívida estava em R$ 687 bilhões. Com Lula, ela atinge R$ 1,6 trilhão em dezembro de 2008 (ou R$ 1,9 trilhão, se computados os títulos em poder do Banco Central e as dívidas das estatais) – aumento de 60% em três anos. Este é o custo da ação governamental de “quitação” (ou balanceamento) da dívida externa. Pode parecer um custo por demais elevado – porém, o valor eleitoreiro de quitar uma dívida que é anátema de décadas do Brasil é incalculável.
Para um panorama mais abrangente, os gastos do governo até 2008 com juros e amortizações da dívida pública foram de 30,57% do orçamento (R$ 282 bilhões). Se calcularmos os recursos emitidos para o refinanciamento das dívidas este percentual sobe para 47%. E estes 17% de diferença do orçamento governamental escondem uma verdadeira batata quente que é passada pelas mãos de governante a governante há decênios: o refinanciamento da dívida significa, como acontece com toda dívida em prestações que não foi paga, renovar as parcelas vencidas com novos prazos – e, naturalmente, com novos juros.
Na prática, isso é jogar a bomba para o próximo governo pagar – um custo de ação alto para o orçamento (dinheiro público tratado aqui como dinheiro de ninguém), mas duplamente vantajoso, em termos políticos: além de se livrar, no presente, da problemática, o próximo governo, possivelmente oposicionista, terá de arcar com dívidas maiores, fazer ajustes fiscais ortodoxos, cortar benefícios que geram impopularidade em uma parcela grande do eleitorado e ter menos dinheiro em caixa para gastar do que o governo anterior, que criou essas dívidas. Como um governo em crise parece incompetente, a população, que não analisou friamente as causas da austeridade governista, ficará com uma saudosa sensação de que o governo anterior (que gerou a própria crise com gastos esdrúxulos) era melhor, pois “quitava dívidas” e gastava mais com o povo. O governo não apenas garante que se livrará, a curto prazo, de uma bomba relógio financeira: ele garante que seu nome vai ficar na história como o último governo antes de uma crise. (A Grécia sofre agora por isso, assim como, em proporções menores, a cidade de São Paulo, após gestões seguidas de arroubos fiscais de Maluf, Pitta e Marta Suplicy.)
Outra forma de torturar os números até que eles confessem uma verdade estatística que eles não possuem é esconder uma das variáveis da equação para poder inverter o sinal desfavorável em favorável. O custo de escolha da ação governamental, então, parece ter sido melhor do que o de outros governos – quando na verdade não o foi. Por exemplo, o governo petista aponta que a dívida interna correspondeu, em meados de maio de 2010, a 42% do PIB (a relação dívida/PIB é a forma mais correta de análise desses dados), enquanto no governo FHC este patamar atingiu um pico de 56% em 1998. Ou seja, o que vale não é o valor da dívida em si, mas sim o seu percentual em relação ao PIB. Além de se esquivar das quatro crises internacionais seqüenciadas que o governo FHC enfrentou (não sem merecer críticas), esta fração ignora a retração do PIB no governo Lula – ademais, a dívida pública fica alta para fazer reservas, mas isso na verdade aumenta muito a dívida bruta, que é o que importa e não aparece nos gráficos. Se o PIB cai, contudo, a dívida aumenta, já que neste cenário é necessário aumentar os juros, aumentando ainda mais a dívida até que o governo resolva diminuir as despesas – cortar na carne, impopularmente. Com o orçamento engessadíssimo, esta manobra é meio abafada, já que cada imposto precisa ir para um lugar específico, conforme a Constituição – por isso também se cria tantas “contribuições”.
O próprio crescimento do PIB merece atenção especial: já em 2004, no segundo ano sob égide do governo Lula, o país cresceu 4,9% – valor mais alto do que o melhor período tucano (4,4%, em 2000). Aqui, além de fingir desconhecer as crises que o governo FHC enfrentou (México em 1995, tigres asiáticos em 1997, Rússia em 1998 e o terror islâmico em 2001), faz-se uma manobra inversa do que a relação do PIB com a dívida: esconde-se o crescimento mundial e fica-se só com o PIB. Enquanto o mundo crescia a 2,9%, o Brasil patinava em 0,6 em 2003, graças aos temores do mercado em relação ao próprio projeto petista.
Já em 2005 o mundo crescia a 4,3%, e estávamos novamente bem abaixo: 2,3% (dados do Ipeadata, IBGE, Banco Mundial e FMI). Comparado ao crescimento mundial, o crescimento petista, desde 1961, só fica acima da desastrosa gestão Collor (desempenho médio negativo de -57,8%).
Também é o mesmo princípio que rege o câmbio do Real. Com o câmbio apreciado, a inflação fica mais lenta (as metas de inflação deixaram de assustar a população desde o Plano Real), e com os preços dos produtos importados abaixando desde então (só segurados por impostos altíssimos), os brasileiros passam a consumir produtos que nunca puderam ter, sobretudo bens de consumo duráveis, como eletroeletrônicos. Também as transações internacionais se tornam favoráveis ao consumidor médio: pode-se viajar mais e as dívidas e juros em dólar se tornam mais baratas (estranhamente, o governo trocou sua dívida em dólares por uma dívida em reais atrelada à taxa de juros, o que, novamente, significou mais gastos que não se vê, pautados num nacionalismo que apenas parece nos tirar das guerras do mercado americano).
O preço disso tudo é um pouco menos visível, e geralmente apenas sentido em longo prazo (novamente, talvez durante um governo oposicionista, dentro de alguns anos). As exportações já começaram a sentir este peso – a demanda externa ficou estancada, o que fez com que o governo aplicasse o complexo swap cambial reverso para tentar amenizar a situação do fluxo de recursos em 29 de setembro de 2008, no auge da crise americana. O baixo crescimento brasileiro deve-se ao fato de ter se escorado na demanda externa, há décadas maior do que as importações – e, para manter o crescimento, agora depende da expansão da demanda interna.
Mais uma vez, a escolha desastrosa do governo esconde-se em uma relação que não é vista: o efeito contrário da apreciação cambial sobre empregos e a produção coincide com o pico da demanda interna – com o aumento da demanda, o câmbio não parece “culpado” pela retração, já que outras forças empurram a economia. Porém, o consumo que aumenta é o de bens duráveis, que menos empregam trabalho local e que mais têm tecnologia automatizada – destruindo alguns empregos num médio prazo. Por fim, as atividades comercializáveis também perdem investimentos, comprometendo as próprias tecnologias que facilitou em um primeiro momento. Mas, com fácil certeza, os efeitos nocivos desta ação, o custo de oportunidade oculto da escolha do governo, só serão sentidos quando ninguém mais se lembrará de culpar as autoridades atuais.
Com isso, expõe-se algumas escolhas econômicas discutíveis, com custos que, como nos dizia Bastiat, não são vistos – e, piores do que a destruição de um bem, são relações de destruição de dinheiro macroeconômicas e governamentais – ou seja, além de envolverem quantias gigantescas, tornam-se, através de impostos, obrigatórias para toda a população destruir a sua riqueza.
1984, and the like (uma certa sensacao de deja vu...)
Claro que a obra de George Orwell é um exagero, pois se trata de uma novela. Ela representa o paroxismo do que seria viver num Estado absolutamente totalitário e policialesco, algo assim como uma Coréia do Norte pelo culto ao lider, uma Cuba pela miséria materia e moral, servidos por uma Stasi muito mais poderosa e onipresente, tudo isso elevado ao cubo, ao quádruplo, exponencialmente sei lá. Orwell não conhecia a União Soviética, ele apenas a conhecia de relatos e da ação dos soviéticos e seus aliados na Guerra de Espanha, e na própria Grã-Bretanha de sua época, uma época de stalinismo triunfante e de imbecilização dos comunistas (bem, não sei se melhorou desde então, talvez não; vale conferir no site do PCdoB).
Já andei por estados candidatos a réplicas de Orwell, ou melhor, cópias imperfeitas de 1984, já visitei alguns (vários, aliás), já me estarreci com o ambiente kafkiano que emanava de tudo (por sinal, li O Processo de Kafka num desses estados stalinistas).
O Brasil não tem condições de virar um Estado orwelliano.
Mas certas pessoas e movimentos se esforçam para construir um fascismo ordinário no país, aliás bem ordinário, desses que já despontam nos arredores.
Tem gente que adora ditaduras...
Paulo Roberto de Almeida
“Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força”
Blog Reinaldo Azevedo
03/08/2010 - às 13:58
Os regimes autoritários têm grande preocupação com a linguagem. Não basta apenas calar a divergência: também é preciso submeter a língua a uma torção que inverta o sentido das palavras. George Orwell, no livro “1984″, foi ao ponto. Vocês se lembram qual era o lema do “Partido”?
“Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força”.
Em “Oceania”, a Polícia do Pensamento se encarregava de manter a ordem. Dicionário, por lá, nem pensar: o vocabulário foi escoimado das palavras que pudessem servir à expressão de um pensamento de oposição.
Em “1984″, o Ministério do Amor reprimia o desejo, além de torturar os rebeldes; o Ministério da Verdade se encarregava de censurar as más notícias e de criar mentiras a serviço do Partido; o Ministério da Fartura administrava a fome, e o Ministério da Paz conduzia os assuntos da guerra.
Os indivíduos tinham direito a seus “dois minutos de ódio” contra os inimigos em eventos patrocinados pelo Grande Irmão.
O livro é o retrato do horror. Para muitos, no entanto, trata-se de uma promessa de futuro.
Gramsci de opereta (ou o fascismo redivivo)
Posso não ter tempo para escrever sobre tudo o que gostaria, mas arrumo tempo para ler (quase) tudo o que me interessa, mesmo que para isso precise sacrificar horas de sono, e até algum lazer bobo (como ficar vendo esses filmes americanos de boa qualidade, por exemplo).
Bem, tudo isso para dizer que, embora não concorde com tudo isso (ou talvez com o estilo do jornalista em questão), acho que ele toca nas questões reais, aliás as únicas que interessam nesse nosso Brasil de fraudadores políticos e de meliantes eleitorais.
Apenas por isso, ou talvez mais do que isso, transcrevo o que segue...
Paulo Roberto de Almeida
Esmagados pelo esquerdismo oficial. Ou: ecos do totalitarismo
Reinaldo Azevedo, 4.08.2010
Vamos a um daqueles textos longos? Então vamos!
A decisão do TSE, que, parece, pretende interditar o binômio “PT-Farc” no debate político , deve ser entendida, penso eu, num âmbito maior do que excesso ou falta de rigor jurídico. Especialmente porque, em seu direito de resposta no site do PSDB, os próprios petistas não se ocuparam de repudiar os narcoterroristas colombianos. Limitaram-se a anunciar os seus bons propósitos. E, como sabemos, bons propósitos todos temos. Com alguma ironia, devo lembrar que o Capeta seria apenas um diabo sincero e malsucedido se revelasse o que realmente pretende. Ele só é o Capeta das tentações porque mente, cheio de ardil, não porque é mau… Sigamos.
Não sei se notam: parece que uma espécie de superestrutura, digamos, “moral” está a policiar o confronto de idéias. E é sobre isso que quero falar. É nesse contexto que enxergo a decisão do TSE. Não quero ficar fazendo proselitismo contra esta ou aquela decisão do tribunal. Ocupo-me de entender a questão política e cultural que ela revela. Vamos ter de voltar um pouco no tempo.
Ninguém, como o teórico comunista italiano Antonio Gramsci, conseguiu sintetizar tão bem o horror totalitário. Com uma particularidade: à diferença de um George Orwell, por exemplo, Gramsci era um partidário do totalitarismo. Quando ele imagina o “Partido” como o “Moderno Príncipe”, estabelece o que, para ele, é um horizonte a ser alcançado. Vale lembrar, mais uma vez, o que escreveu. Leiam com atenção:
“O moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que o seu desenvolvimento significa, de fato, que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio Moderno Príncipe e serve ou para aumentar o poder ou para opor-se a ele. O Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume”.
É o sonho do totalitarismo perfeito. Notem que o “partido” se transforma na única referência dos indivíduos, cujos atos serão avaliados segundo o que é o que é não é útil àquele ente, que toma o lugar da divindade. No mundo sonhado por Gramsci, não há pensamento possível fora do “Moderno Príncipe” — mesmo que seja para… opor-se a ele! O fascismo, segundo a fórmula de Giovanni Gentile, pregava: “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. A fórmula de Gramsci substituía o Estado pelo Partido. E tudo, fascismo ou socialismo, era uma porcaria anti-humanista.
Do fascismo, felizmente, há não mais do que resquícios quase folclóricos aqui e ali. Nem mesmo se pode dizer que foi assumindo nova conformação, guardando a sua essência. Acabou! No Brasil, por exemplo, a coisa mais parecida com um partido fascista é mesmo o PT, mas isso se deve à semelhança — de fato, é a mesma matriz — do fascismo com o socialismo. Este, sim, ainda está muito presente na cultura política moderna, o que não deixa de ser espantoso, prova do quão hábeis têm sido os esquerdistas em manipular a história. Ninguém quer “socializar” mais nada, claro! Reportagem da VEJA desta semana — falo depois a respeito — demonstra que o “socialismo” pode movimentar bilhões entre continentes. O que restou das velhas teorias do bolchevismo, aí sim, foi o desapreço pela democracia e a tentação, ainda presente, de substituir a sociedade pelo partido.
Não há mais a menor chance — e Gramsci vislumbrou isso precocemente — de se fazer uma revolução de caráter soviético ou, se quiserem modernizar a conversa, cubano. Já era! A “guerra socialista”, que é hoje apenas guerra contra a democracia, se dá na esfera dos valores. Como é que Gramsci imaginava que o partido deveria “subverter as relações intelectuais e morais”? Pondo seus quadros para ocupar funções de Estado — naquele Estado dito burguês com o qual o partido queria acabar. Em suma, tratava-se de fazer uma GUERRA DE VALORES. E as modernas esquerdas continuam a fazê-la.
Águas hostis ao confronto democrático podem ter batido na praia do TSE? Por que não? O tribunal não é uma bolha imune à metafísica influente. Caso se aceite como fato, e parece ter sido o caso, que o PT mantém, sim, vínculos, intelectuais que sejam (estou sendo generoso), com as Farc, mas se repudie por imprópria a inferência de que isso significa, por desdobramento lógico, aquiescência com o narcotráfico, creio que duas operações mentais, já no território do que os marxistas chamariam superestrutura, estão operando:
1 - tenta-se reconhecer o grupo narcoterrorista como algo mais do que, afinal, narcoterrorismo;
2 - tenta-se preservar o PT de si mesmo, lavando as manchas de sua história.
Relembro: em seu direito de resposta, os petistas não repudiaram aquele movimento. Talvez tribunal e partido considerem que sobrevive nos narcoterroristas aquela estranha legitimidade que as esquerdas costumam reivindicar, que lhes daria licença para matar em nome da construção de um novo homem. Certamente não ocorreria ao TSE punir partido ou veículo de comunicação que afirmassem que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, empregou no governo federal a mulher de Olivério Medina, com requerimento assinado e tudo. Talvez os ministros aceitem que se informe, conforme provam os e-mail do laptop de Raúl Reyes, que Medina segue sendo um líder terrorista e que as Farc se ocupam do narcotráfico. Mas não se pode afirmar que o requerimento sugere uma ligação entre o PT e um movimento de narcotraficantes. Aí não pode. A política, submetida à escolástica esquerdista, é um território onde A é igual a B, B é igual a C, mas A não é igual a C porque isso já seria ilação demais… Para alguns, a boa política repudia até a matemática.
Vamos ver. Quantas foram as vezes, ao longo desses sete anos e meio — e mesmo agora, durante a campanha — em que Lula contou a história como bem quis, acusando o governo FHC, entre outras falácias, de ter “quebrado o Brasil três vezes”, o que é uma mentira boçal? Quantas foram as vezes em que Lula chamou para si os benefícios da estabilidade — e o PT o fará de novo na campanha eleitoral —, quando é fato que se opôs ao Plano Real? Apontar os reiterados contados do PT com as Farc rende punição, mas mentir a respeito de fatos históricos comprovados está protegido pelo direito à liberdade de expressão? Chegamos ao duplipensar orwelliano pela via petista-gramsciana? Ignorância, agora, é força?
Mas quê… Um “valor” já se insinuou nas trincas legais da democracia e tenta fazer a sua morada num tribunal superior — na imprensa, ele já é dominante: apontar a vinculação do PT, ainda que nem ele o negue, com as Farc constitui dano moral e política do medo. Imaginem a assinatura de Serra num requerimento contratando a mulher de um terrorista de extrema direita… Sua candidatura já teria sido liquidada. Não haveria a menor chance de isso acontecer, claro. Levo o argumento ao limite para que fique bem clara a natureza da questão. Vocês já perceberam que nenhum repórter — NENHUM!!! — teve a “coragem” de perguntar para Dilma por que ela requisitou os serviços da mulher de Medina? Vocês já repararam que nenhum repórter teve a coragem de perguntar para Dilma por que ela solicitou os préstimo da mulher de um terrorista? Por que não? Vai ver que isso soaria “reacionário” demais, o que, desde logo, torna as Farc, então, “progressistas”…
É claro que são tempos difíceis estes. O critério da conveniência antecede o da mentira e o da verdade, de sorte que uma falácia conveniente, mas assente em valores hegemônicos do “Partido”, é só exercício da política; já uma verdade inconveniente, que contesta a verdade oficial, é tratada como crime a merecer reparação. Nessa marcha, segundo a predição de Gramsci, teremos de nos filiar ao PT se quisermos fazer críticas ao… PT. A ser assim, o partido não precisa nem mesmo cuidar de proteger a sua reputação. Um tribunal se encarregará de fazê-lo.
Diplomacia dos acordinhos comerciais...
Paulo Roberto de Almeida
O Mercosul e seus parceiros
Editorial - O Estado de S.Paulo
04 de agosto de 2010
Sem um acordo sequer com os grandes mercados do mundo rico, o Mercosul acaba de fechar seu segundo tratado de livre comércio fora da América do Sul. Desta vez o acerto foi com o Egito. O anterior foi com Israel. Há um acordo de preferências comerciais com a Índia, definido formalmente como primeiro passo na direção de um pacto de livre comércio. O entendimento com o Egito foi oficializado na cidade argentina de San Juan, na segunda-feira, no primeiro dia da reunião de ministros e presidentes do bloco. Foi um dos principais eventos de uma conferência sem grandes emoções.
A ministra de Indústria e Comércio da Argentina, Débora Giorgi, descreveu o acordo como um passo importante para o bloco, porque o Egito, com 76 milhões de habitantes, tem crescido com rapidez e alcançou no ano passado um PIB de US$ 187 bilhões. O chanceler Celso Amorim mostrou igual entusiasmo. Segundo nota do Itamaraty, o acerto com o Egito "reafirma o interesse dos países do bloco em negociar acordos comerciais ambiciosos".
O acordo pode ser interessante, mas a adjetivação usada pelos diplomatas brasileiros é um tanto exagerada. No ano passado, o Brasil exportou US$ 1,4 bilhão para o mercado egípcio e importou US$ 87,7 milhões. Os principais produtos exportados foram minério de ferro, açúcar, carne bovina congelada e aviões. As principais importações foram de fertilizantes e algodão. O autor da nota aproveitou para lembrar negociações com outros parceiros da região - Jordânia, Marrocos e países do Conselho de Cooperação do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos e Omã).
A parte final da nota é especialmente instrutiva para quem quer entender as atuais prioridades comerciais do Itamaraty e do Palácio do Planalto. Segundo a notícia, o Egito tem acordos de livre comércio com a União Europeia, a Turquia, o Mercado Comum da África Oriental e Austral e a Área de Livre Comércio Pan-árabe. Graças ao novo acordo, os países do Mercosul poderão exportar para o Egito com as mesmas facilidades já concedidas àqueles blocos e países.
Em outras palavras: o Brasil poderá competir com os países da União Europeia e com a Turquia pelo mercado egípcio. Mas o governo brasileiro e seus parceiros do Mercosul fizeram muito menos que o necessário, nos últimos dez anos, para competir com o Egito e a Turquia pela conquista de mercados na Europa.
Egípcios, turcos e vários países do Mediterrâneo têm acesso privilegiado à União Europeia, concorrendo vantajosamente com os brasileiros. Os negociadores do Mercosul deveriam ter trabalhado há muito tempo para eliminar essa diferença, mas objetivos como esse não se encaixam bem na sua concepção de comércio. O acordo com a União Europeia, em negociação há mais de dez anos, permaneceu emperrado por muito tempo, principalmente por causa de divergências entre Brasil e Argentina. As discussões foram retomadas e o acordo agora está próximo, segundo autoridades do Mercosul. Mas isso já foi dito em outras ocasiões.
Os governos do Brasil e da Argentina tiveram o cuidado, pelo menos, de não enterrar as negociações com os europeus, como fizeram no caso da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A liquidação da Alca dependeu muito mais de Brasília e Buenos Aires do que de Washington. Depois, o governo americano avançou em conversações com outros sul-americanos. Reação do Itamaraty: são acordos sem grande consequência, porque esses mercados são menos importantes que o brasileiro para os EUA. Como agora, os estrategistas de Brasília enxergaram o quadro de cabeça para baixo.
Com aqueles acordos, outros países sul-americanos teriam acesso preferencial ao maior mercado não só do hemisfério, mas do mundo, e ganhariam investimentos de empresas interessadas nessa vantagem. Empresas brasileiras também seriam atraídas. Além disso, esses países se abriram não só às indústrias americanas, mas também às de outros países, como a China. O Brasil perdeu de todos os lados. Só os estrategistas de Brasília parecem não perceber.
Elogio da exploracao (well, sort of...)
Mas prometo tratar, num próximo artigo, de modo elogioso, da exploração, um dos fenômenos mais relevantes do progresso civilizatório. Não pretendo chocar ninguém, apenas abalar a ingenuidade de alguns...
Paulo Roberto de Almeida
Países ou pessoas ricas o são devido a que os pobres são pobres?
por Paulo Roberto de Almeida
Ordem Livre, 02 de Agosto de 2010
Este é, provavelmente, um dos mais equivocados, mas persistentes, “axiomas” da teoria social dita de esquerda sobre as origens das desigualdades entre as pessoas e os países. Embora não especificamente marxista em sua origem, foi com o marxismo que essa “tese” se difundiu e adquiriu ares de “evidência histórica” como nunca tinha sido o caso no pensamento utópico das correntes socialistas anteriores. De fato, desde Babeuf (e sua “conjuração dos iguais”), passando por Proudhon – “A propriedade é um roubo” – e pelos anarquistas de todas as tendências (menos os anarco-capitalistas, claro, que são mais exatamente libertários), “progressistas” de todas as cores vêm repetindo (em todas as variantes possíveis, e com sucesso) esse credo aparentemente plausível, mas redondamente falso e, no limite, intelectualmente desonesto.
A partir do Manifesto Comunista (1848), que sacraliza a ‘interpretação materialista’ da história como sendo o desenvolvimento da luta de classes desde o começo dos tempos – entre amos e escravos, senhores feudais e servos, burgueses e proletários –, e dos diversos volumes do Capital, que colocam no centro da “teoria da exploração” a extração de mais-valia, o “axioma” ganhou ares de verdade científica, posto que se conformando aparentemente às evidências prima facie. Sim, é um fato que as sociedades são desiguais, internamente e entre si, que algumas categorias sociais são imensamente ricas, enquanto os pobres formam a maioria da população, assim como os países pobres constituem a maioria da comunidade internacional. Daí é fácil chegar à conclusão de que os ricos se apropriaram de riqueza criada pelos pobres e que os países avançados se tornaram ricos porque exploraram – pela via do colonialismo e do imperialismo – países da periferia dominada e oprimida. A relação de exploração e de intercâmbio desigual perduraria até hoje, como “atestam” dezenas de discursos na ONU, e em várias de suas agências, e os representantes desses países.
Universitários ainda são instruídos (como se o livro constituísse verdade histórica incontestável) com a mais inacreditável salada terceiro-mundista de que se tem notícia desde o aparecimento do conceito, consagrado no obsessivamente editado As Veias Abertas da América Latina, cujo autor – devidamente identificado como o “mais perfeito idiota latino-americano” – se serve de todos esses equívocos simplistas para provar que a região poderia ter sido rica e desenvolvida não fosse pela “exploração colonialista” das potências ibéricas e pela “dominação imperialista” dos Estados Unidos. Estupidamente, a “exploração” começa desde o descobrimento, como se a América Latina pudesse ser o que ela é hoje sem o seu passado colonial.
Sem recusar a realidade da dominação e da exploração, e até mesmo do “intercâmbio desigual” – relações que se encontram em todas as situações possíveis, desde o ambiente familiar até um contrato juridicamente perfeito –, cabe descartar como insustentável a tese da acumulação de riqueza numa ponta, como o resultado da extração dessa mesma riqueza na ponta miserável. Mesmo as situações de dominação direta e de exploração pela força bruta, são derivadas de um diferencial anterior de produtividade e de capacitação tecnológica. Afinal de contas, ninguém é imperialista apenas como expressão de uma vontade dominadora, ou por puro ato de barbárie: não se é imperialista porque se quer, mas apenas porque “se pode”.
Para dominar um outro povo, é preciso, antes de tudo, dispor de um aparato produtivo moderno – que se reflete, obviamente, no poder de fogo dos canhões; é necessário, também, uma organização econômica superior, para poder “extrair recursos”; estes são os requisitos prévios e indispensáveis ao ato de dominação. Ou seja, é preciso ter feito a sua “acumulação primitiva” de fatores de dominação e de exploração, e não exatamente no sentido marxista da expropriação direta, mas no da aquisição preliminar de “meios de exploração” produtiva: em geral, ninguém se torna mais capaz explorando camponeses analfabetos e trabalhadores ignorantes.
Na origem das desigualdades entre os povos, e dos diferenciais de renda entre as pessoas, situa-se um fator econômico relativamente simples no seu conceito, mas provavelmente complicado nas suas diversas manifestações concretas: ele se chama produtividade do trabalho e condensa aquilo que numa terminologia marxista se poderia designar por ‘modo inventivo de produção’. Ele significa que um sistema econômico mais eficiente é necessariamente constituído por pessoas altamente produtivas – e, portanto, com uma educação de qualidade – capazes de reter os frutos do seu trabalho (o que se chama direitos de propriedade, normalmente garantidos pelo estado). Sistemas desse tipo eram, na prática, inexistentes até uma fase relativamente recente da história da humanidade; seu aparecimento não decorre da revolução industrial; ao contrário, é esta que decorre daqueles fatores, segundo Douglass North.
As diferenças entre os países – que eram, até então, relativamente homogêneos em sua baixa produtividade agrícola – começam a se aprofundar a partir desse crescimento acelerado da produtividade, num processo que os historiadores econômicos chamam de “grande divergência”. Com exceção de uma reduzida elite, sempre abastada em todas as épocas e sociedades, os níveis de vida de “ricos” e “pobres” não conheciam diferenças radicais; mesmo um conhecido milionário, como o banqueiro Nathan Rothschild poderia – como de fato ocorreu – morrer de uma simples infecção provocada por um arranhão.
O mesmo Rothschild, aliás, não ficou rico explorando os pobres, ainda que ele tenha emprestado bastante dinheiro para países “emergentes”, como o Brasil imperial e o da Velha República; seus lucros fabulosos decorreram de empréstimos para os próprios países ricos, ou melhor, para os reis, príncipes e os governos desses países. O fabuloso poderio militar, as proezas tecnológicas e a riqueza da sociedade americana não derivam da exploração de países pobres, ao contrário: as empresas americanas são capazes de “explorar” esses países justamente por dispor de uma tecnologia superior e de uma organização dos negócios mais eficiente do que as dos “explorados”.
Em outros termos, renda, riqueza e poder são o resultado da eficiência do sistema econômico e da produtividade do trabalho daqueles que são responsáveis pela organização do sistema, não o produto da exploração de outros povos e trabalhadores, ainda que essa realidade também exista (mas ela não é o centro, nem a chave explicativa das diferenças e das desigualdades distributivas entre povos e pessoas). Bill Gates, por exemplo, o Rothschild de nossa época, nunca extraiu um quilo sequer de matéria prima de qualquer país que fosse: sua riqueza é fruto da pura inteligência.
Explicações simplistas, como a “teoria” marxista da “exploração”, podem ser admitidas em pessoas de baixa instrução e de pequena capacidade de raciocínio; que também sejam partilhadas por universitários e até por pessoas tidas por ‘intelectuais’ já revela uma insuficiência de compreensão de como o mundo funciona realmente. Isso só pode ser fruto de miopia ideológica ou de desonestidade intelectual, quando não é demonstração de ignorância histórica, pura e simples. Enfim, nada que a leitura de bons livros de história e de manuais honestos de economia não consiga remediar.
Creio que os acadêmicos marxistas precisam melhorar a produtividade de suas leituras: eles não têm nada a perder, a não ser os grilhões ideológicos que os prendem a explicações ultrapassadas. Eles têm um mundo inteiro a ganhar...