terça-feira, 21 de outubro de 2014

Declaracao politica: com desculpas aos meus leitores - Paulo Roberto de Almeida


Declaração política: com desculpas aos meus leitores

Paulo Roberto de Almeida

Meu site, meu blog e eventuais plataformas em outras ferramentas são usualmente dedicados a temas de relações internacionais e de política externa do Brasil, mas também ao debate de ideias, se possível inteligentes, em áreas afins a meus campos de pesquisa acadêmica e de trabalho profissional: políticas públicas, desenvolvimento, relações econômicas internacionais e políticas setoriais: comercial, financeira e tecnológica, de preferência em perspectiva histórica e em escala comparativa, no plano internacional.
Minhas preocupações primárias, essenciais, são essas, e o que coloco nesses veículos tem motivações basicamente didáticas, e já explico por que. Tendo começado na vida acadêmica muito tempo atrás, no século passado, sempre empreguei o essencial de meu tempo livre e de minhas reflexões intelectuais com essa orientação especificamente didática, ou seja, traduzir minhas leituras em linguagem compreensível para alunos de graduação e de pós-graduação.
Sobre isso acrescento minha experiência profissional, na diplomacia, o fato de ter vivido em muitos países, ter viajado intensa e extensivamente, e de ter recolhido, sempre, impressões e informações empiricamente embasadas sobre tudo o que eu vi, tudo o que eu li, tudo a que assisti e registrei nesses anos todos (todos os meus trabalhos, desde o início, estão relacionados em meu site pessoal).

Pois bem, a despeito de todas essas preocupações intelectuais, também sou um cidadão brasileiro e não por ser obrigado a votar nas eleições -- sou contra o voto obrigatório, mas mesmo sendo facultativo eu votaria, em qualquer circunstância -- sou a favor de tomadas de posição, pois é evidente que é o meu destino, o de meus familiares e descendentes que está em jogo a cada escrutínio eleitoral.
Cada eleição é o momento de delegarmos a alguém a faculdade de usar o nosso dinheiro para fazer alguma coisa que reputamos importante, para nós mesmos ou para o Brasil.
Assim, não sou de me eximir em nenhum momento, e o ato de renunciar ao dever eleitoral -- sendo o voto obrigatório ou não -- me parece uma renúncia de escolha, uma indiferença que pode ser fatal, pois, queiramos ou não, nosso dinheiro vai ser usado por políticos para fazer algo de bom ou de menos bom -- talvez até algo de ruim -- no quadro da democracia representativa -- por certo falha -- em que vivemos.

Pensando assim, e pedindo mais uma vez desculpas a meus leitores, por trazer um tema fora dos meus focos habituais de pesquisa e de debate, vou tomar posição.
Não a favor de qualquer um dos candidatos do segundo turno, pois eu não os considero os candidatos ideais, pelo menos não são os que eu escolheria para me representar. Tenho restrições a ambos, mas um dos dois vai "sobreviver", e passar a decidir como gastar o "meu" dinheiro a partir de 1o. de janeiro de 2015.
Sendo assim, prefiro, numa escolha de simples bom-senso, ou de senso comum -- o que não é o meu hábito -- escolher pelo menos ruim, pelo que vai desperdiçar em menor proporção o meu dinheiro.
Mas isso não é tudo, e talvez não seja o mais importante. Também entram aqui considerações questões menos prosaicas, que não tem a ver com dinheiro e sim com valores, com princípios, com a ética na vida pessoal e profissional.

Como sabem todos os que me leem, eu tenho alergia a certas atitudes, entre elas a exaltação da ignorância. Mas alerto imediatamente: não à ignorância “normal”, das pessoa que não tiveram condições de se educar no plano formal; todos nascemos igualmente ignorantes, mas muita gente, infelizmente, não tem chances de estudar e de se aperfeiçoar. Eu me refiro à incultura deliberadamente cultivada, que é aquela escolha por permanecer ignorante mesmo tendo todos os meios à disposição para se informar e esclarecer questões que são importantes para todos nós. A ignorância voluntária, se ouso dizer, é algo grave, quando todos os meios existem para alguém se informar e fazer escolhas inteligentes.
Mas, o que mais tenho horror, mesmo, ojeriza, asco, repúdio absoluto, é por desonestidade intelectual, ainda que o adjetivo intelectual não deveria ser aplicado neste caso. Explico. Desonestidade intelectual é quando a pessoa tendo todos os instrumentos à mão para fazer uma escolha racional e para declarar isso de público, prefere recorrer à mentira por escolha política, por vantagens pessoais, por oportunismo profissional, enfim, por uma série de razões que não são confessáveis de público, e que ela justamente procura esconder, pois aquela escolha racional contrariaria, digamos, sua situação pessoal, seu conforto material, suas vantagens financeiras, enfim, tudo, menos o compromisso com a verdade e com a honestidade.

Sendo assim, vou pedir desculpas a meus leitores e proclamar abertamente minhas escolhas, de maneira honesta, objetiva, sincera, como sempre procurei ser neste blog, ou em qualquer outro espaço público que me é oferecido para expressar meu pensamento.
Como também sabem todos os que seguem meu blog ou minhas eventuais intervenções em outras plataformas, grande parte do que é disponibilizado não me pertence, mas sim a terceiros: notícias, informações, análises, artigos de opinião, estudos de instituições de pesquisa, etc., enfim, tudo aquilo que alimenta minhas reflexões e esparsos comentários precedendo cada uma das postagens.
Eventualmente eu também coloco algumas das minhas produções, e meu site pessoal lista escrupulosamente tudo o que produzo, e tento colocar à disposição tudo aquilo que se presta a tal possibilidade (à exclusão, portanto, de material que pertence a alguma editora ou a revistas que exigem exclusividade).
Em também tento seguir os mesmos procedimentos nas plataformas que uso, ou seja, postar material de fontes diversas, tentando sempre distinguir o que é FATO e o que é OPINIÃO, e encimando, sempre quando possível, de comentários meus sobre o que segue no post, ou seja, tomando partido, cada vez que isso for necessário, em relação ao material divulgado.

Creio que assim estarei sendo honesto, em primeiro lugar comigo mesmo -- já que tenho opiniões e posições um pouco sobre tudo, sem querer parecer pretensioso -- e em segundo lugar com meus leitores, que me honram com suas visitas e comentários (sempre bem-vindos, mesmo alguns malucos “claramente” ilegíveis).
Estamos vivendo agora um momento decisivo na vida do país, e a escolha que fizermos agora vai influenciar nossas vidas pelo menos pelos próximos quatro anos, e provavelmente mais além, pois ações governamentais possuem o dom do que se chama de “lasting effects”, ou seja efeitos prolongados no futuro.

Não vou me eximir, não vou me ausentar, farei o que todo cidadão deve fazer, em sua comunidade, em sua "ágora", em seu país, para fazer da nação (e quem sabe até do mundo) um lugar melhor do que o que recebemos, para que os que vierem atrás de nós não tenham de se bater com os mesmos problemas que enfrentamos hoje: uma nação ainda insuficientemente desenvolvida, um sistema político tremendamente corrupto, ausência de segurança para todos os que saem às ruas das grandes metrópoles (e de outras cidades também), ameaças de desemprego, de inflação, de aumento de tributos, de falhas nos serviços públicos, de péssima qualidade nos sistemas públicos de saúde, de educação, de transportes, os preços absurdos que pagamos para nos alimentar, para nos abrigar, nos comunicar, enfim, tudo isso que vocês reconhecem como problemas reais do Brasil.
Meu esforço de contribuir para uma melhor solução a esses problemas -- não a ideal, por certo, mas uma mais aceitável do que a outra -- vai refletida nos próximos posts.
Os que escolhem voluntariamente ler o que escrevo, sabem perfeitamente qual é o meu “partido”, qual é a minha escolha: o partido da inteligência, a escolha da honestidade, a da defesa de certos valores que são facilmente dedutíveis de tudo o que vai acima. Na verdade, não tenho partido e nunca terei. Não sou de partidos, sou apenas eu sozinho e minha consciência .

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 21 de outubro de 2014.

A realidade e a percepcao: como distinguir uma da outra? - Paulo Roberto de Almeida

Um texto igualmente publicado neste espaço, em data anterior. mais válido do que nunca.


A realidade e a percepção:
Como distinguir uma da outra?

Paulo Roberto de Almeida


Pessoas normais são influenciadas pelo que leem, ouvem, veem, sobretudo na televisão, e agora, crescentemente, nos meios digitais de comunicação e de informação. Daí a importância da propaganda e da publicidade (as duas não devem ser confundidas) na formação de imagens, conceitos, de opiniões.
O PT, partido formado em boa parte por quadros conscientes dos efeitos da propaganda política sobre as grandes massas, aprendeu, desde sempre, a importância de dispor de uma eficiente máquina de propaganda (e não tanto de publicidade, pelo menos não a verdadeira) para obter vitórias políticas e eleitorais.
O que se assistiu, na última década (mais exatamente nos últimos doze anos) foi a uma campanha maciça de propaganda destinada justamente a enaltecer os feitos dos governos lulo-petistas, servindo, paralelamente, para ampliar os recursos do partido com oportunidades inéditas de faturamento semilegal, como evidenciado em diversos casos de contratações suspeitas ou claramente superfaturadas.
Uma comparação dos gastos “publicitários” dos governos anteriores com os recursos mobilizados e executados sob os governos lulo-petistas revelaria, justamente, um crescimento exponencial desses gastos, muito acima do simples crescimento do PIB, bem mais do que a inflação e até superiores ao aumento – já por si exagerado – dos gastos públicos em geral, todos eles em escala ascendente. A população brasileira não tem consciência da evolução especialmente exorbitante desses gastos, e certamente se espantaria se lhe fosse apresentada uma tabela comparando, por exemplo, a expansão da propaganda indevida – que se tenta disfarçar como publicidade governamental – com o crescimento (ou até a diminuição relativa) das despesas em saúde, educação, transportes ou segurança pública.
A realidade desses setores é amplamente negativa, como revelado nas manifestações espontâneas da classe média (nova ou velha, não importa muito agora) de junho de 2013, mas a percepção que a população tem do governo e dos governantes é sem dúvida, amplamente mais favorável do que deveria ser, fruto, justamente, da intensa propaganda feita em favor desses governos, pelos próprios. Essa percepção é parte tornada ainda mais distante da realidade por obra de uma classe de jornalistas amplamente favorável ao governo, o que também é fruto de anos e anos de uma formação deficiente nas faculdades de jornalismo, maciçamente dominadas por uma ideologia antimercado e pró-intervenção do Estado na economia.
Esses dois fatores básicos – gastos excessivos em propaganda governamental e atitude favorável de repórteres e jornalistas – explicam a grande distância entre a boa imagem do governo e o seu péssimo desempenho na maior parte dos gastos públicos. O esforço governamental, sobretudo partidário, continua de forma ainda mais intensa, e deve produzir resultados eleitorais compatíveis com os recursos investidos. Como se diz na linguagem publicitária, a propaganda é a alma do negócio. Nunca antes na história do Brasil o negócio político vendeu sua alma para assegurar a continuidade de um poder construído em grande medida sobre a base de imagens falsas.
Provavelmente, como também se acredita no meio político, as percepções são mais importantes do que os fatos. E não existe nenhuma dúvida de que as versões mais frequentes são aquelas apoiadas na propaganda mais intensa. Recursos não faltam para isso, ao que parece...

Paulo Roberto de Almeida
Montreal, 4-5 de julho de 2014.

O que esta' em jogo nestas eleicoes - Paulo Roberto de Almeida

Um texto que já havia sido postado aqui, antes do primeiro turno, mas que é ainda apropriado para o segundo turno.


O que está em jogo nestas eleições:
Reflexões de circunstância e de alguma constância

Paulo Roberto de Almeida 

Eleições, todas elas, são, majoritariamente, um retrato instantâneo da realidade em que se vive, e, num segundo plano, mas de forma inconsciente ou minimizada, uma projeção utópica do futuro que se deseja. Ou seja, se espera que políticos – mandatários ou representantes do povo – possam fazer pelos seus eleitores aquilo que gostaríamos que eles fizessem por nós, todos nós. Trata-se, portanto, de um reflexo da conjuntura em que se vive e de uma esperança depositada num cenário prospectivo, que se imagina ser melhor do que o atual.
Os militantes da causa, e os true believers (existe certa identidade entre as duas categorias), votam pelos chefes, pelas palavras de ordem que lhes são passadas e que eles incutem como obrigação pessoal, quaisquer que sejam a dita conjuntura e os cenários prospectivos que eles possam traçar individualmente: eles são obedientes e determinados, mas também são poucos, no conjunto dos eleitores e sozinhos não poderiam determinar um resultado eleitoral, a não ser marginalmente, ou em circunstâncias excepcionais. Na maior parte das vezes, eleições são o resultado da expressão majoritária de eleitores comuns, cidadãos trabalhadores, pessoas simples, que sempre fazem algum tipo de cálculo quanto à melhor representação de seus interesses.
Eleitores, em geral, mesmo os mais ignorantes e deseducados politicamente, votam de acordo com os seus interesses materiais, não de acordo com crenças abstratas, salvo aquela minoria de militantes disciplinados e de true believers, já mencionados.
A massa dos eleitores brasileiros é constituída por pessoas da baixa classe média e dos chamados estratos populares, ou seja, pessoas e famílias com renda não superior a 2,5 salários mínimos, que compram quase tudo pelo famoso sistema dos “dez vezes sem juros”, e que possuem uma educação elementar, talvez rústica, para empregar uma palavra neutra. Muitos integram aqueles analfabetos funcionais de que falam algumas pesquisas sobre a capacidade de leitura e compreensão (mínimas) de grande parte da população adulta (talvez mais de um terço). Mesmo os que completaram mais de um ciclo de estudos, não internalizaram de verdade sua educação formal, e retiram a maior parte de sua percepção do mundo dos meios audiovisuais de comunicação e de informação, que são os canais abertos de massa, rádios populares e, crescentemente, a internet. Todos eles possuem celulares, mesmo camponeses e garis de rua, e todos eles possuem uma compreensão razoável do que seja um político: um sujeito que está ali para tirar vantagens pessoais a cada quatro anos, mas que pode, eventualmente, trazer algum benefício ao eleitor e à sua família, geralmente um emprego no Estado, o asfalto, a iluminação pública, a saúde, a segurança.
Eleições são momentos de acordos tácitos entre os candidatos e os eleitores, os primeiros mentindo desbragadamente, os segundos fingindo que acreditam, mas esperando tirar mais vantagens do candidato A do que do candidato B.
As eleições brasileiras de 2014 não serão diferentes na forma e nas modalidades de suas predecessoras, com a distinção atual de que o partido hegemônico construiu uma formidável máquina eleitoral – graças ao uso indiscriminado e inescrupuloso de recursos públicos, legal e ilegalmente – e faz absoluta questão de continuar mantendo controle sobre o poder, de uma forma ou de outra (e provavelmente mais de outra do que de uma). Sendo um partido true believer, mas especificamente neobolchevique e não religioso – ou religioso à sua maneira –, ele acha que encarna os interesses populares, e que é o único capaz de transformar o Brasil à sua imagem e semelhança. O que seria isso?: idealmente, uma sociedade igualitária, voltada para a promoção social e a inclusão dos mais pobres na sociedade de consumo, junto com a limitação do que ele percebe serem as perversidades econômicas e as iniquidades sociais naturalmente vinculadas ao capitalismo. Eles acreditam sinceramente nisso, mas apenas os militantes da causa, e esta é a sua legitimação política aos olhos de seus eleitores potenciais.
Na prática, e de forma muito diferente da imagem idealizada, os oligarcas que dominam o partido, com a ajuda de apparatchiks profissionais – exatamente segundo o modelo bolchevique – constituem uma associação voltada exclusivamente aos seus interesses pessoais, e que não hesitam, e sobretudo não hesitarão, em usar quaisquer meios disponíveis para preservar e aumentar esse poder de que dispõem atualmente. Nesse sentido, eles correspondem etimologicamente ao que se poderia chamar de máfia, ou seja, uma entidade inescrupulosa voltada para a defesa exclusiva dos interesses dos oligarcas que a compõem, e para a expansão de sua riqueza e poder, de todos os tipos.
De fato, seu comportamento é o de uma máfia, mas que atua não exclusivamente pelo segredo e na clandestinidade, escondendo os seus crimes (o que eles também fazem, sem nenhuma hesitação). Como partido político, que é sua face mais visível, eles também atuam de forma aberta – embora não desprezem os meios ilegais quando necessário, e em outras circunstâncias também – e têm a missão de conquistar seus devotos mais fiéis, como uma igreja de true believers, enfim. Aparentemente, ele foram bem sucedidos, pois conseguiram criar um formidável curral eleitoral que responde pelo nome de Bolsa Família. É isso que torna estas eleições diferentes das precedentes.
O que está em jogo, portanto, nestas eleições, é a continuidade da máfia no poder, ou uma alternância eleitoral, o que se afigura difícil. A pequena educação política da população brasileira parece indicar que a máfia será bem sucedida em seu projeto de continuidade do poder. É isto que está em jogo em outubro de 2014.

Paulo Roberto de Almeida
Toronto, 21 de setembro de 2014

Crimes economicos do lulo-petismo (com a conivencia do STF): financiamento publico de campanhas

Já tratei do assunto muitas vezes e o faço de novo. E eu o farei quantas vezes achar necessário e enquanto a ameaça pairar sobre nós. E continuarei a fazê-lo ainda que o STF venha mesmo a tomar a decisão infeliz: refiro-me à possibilidade de se proibirem as doações de empresas privadas a campanhas eleitorais. Se e quando isso acontecer, e estamos muito perto, boa parte do processo político brasileiro mergulhará definitivamente na clandestinidade. O equívoco do dia é do ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo.
Ele foi convidado a falar na Conferência Nacional de Advogados, que começou nesta segunda, no Rio. A seu lado, estava outro companheiro de tribunal — e põe companheiro nisso — Luís Roberto Barroso, verdadeiro formulador e patrocinador da tese da proibição das doações privadas, apresentada pela OAB; tese da qual, depois, ele foi juiz, o que deveria escandalizar os advogados presentes à conferência. No discurso de abertura do evento, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, destacou a necessidade de  criar novas regras para o processo eleitoral. Coêlho, diga-se, é um pré-candidato ao Supremo. Parece a Casa do Bolinha.
Lewandowski, Barroso e Coelho aderiram à proposta do PT, segundo a qual é preciso instituir o financiamento público de campanha. Infelizmente, essa proposição já conta hoje com a maioria do Supremo. Só não se bateu o martelo ainda porque o ministro Gilmar Mendes pediu vista do processo.
Atenção, senhores leitores. Na origem dessa formulação — e pouco me importa se esses senhores tão sérios e tão vetustos se dão conta disto ou não —, está a incrível má-fé de políticos e partidos que pretendem justificar seus crimes, atribuindo-os à lei eleitoral. Pergunto: foi a necessidade de financiar campanhas políticas que forçou o PT a organizar o mensalão? A resposta é “não”! O “petrolão”, que é o assalto organizado à Petrobras, é só uma consequência indesejada de uma lei carrasca? Uma ova!
Pra começo de conversa, o dinheiro público já financia as legendas. O Fundo Partidário, dinheiro saído do Tesouro, terá distribuído ao fim deste ano R$ 313.494.822,00. O horário eleitoral custará em renúncia fiscal R$ 839 milhões. Só esses dois itens já somam R$ 1.152.494.822. E olhem que não está nessa conta o custo do horário político gratuito — que é diferente do eleitoral.
Atenção! Segundo dados do próprio TSE, com base nas previsões de despesas dos candidatos, as eleições de 2014 custarão, no mínimo, R$ 74 bilhões. E olhem que, todos sabemos, os partidos costumam mentir. Por baixo, estimo que o conjunto fique em torno de R$ 100 bilhões: quatro orçamentos anuais do Bolsa Família! O Tesouro dispõe desse dinheiro?
Caso se institua o financiamento público, é claro que esse valor será drasticamente reduzido — e, pois, faltará grana aos partidos, que recorrerão, sim, às empresas. Como estarão impedidas de doar legalmente, o que se terá é um aumento brutal do caixa dois. Mais: enquanto as estatais estiverem loteadas entre partidos, serão terrenos férteis para a corrupção — e pouco importa se os ladrões roubarão para si ou para seus partidos.
A tese da proibição das doações privadas de campanha, que hoje une o presidente do Supremo, outros ministros da Corte e o presidente da OAB — com o apoio burro de parte considerável da imprensa —, é de uma incrível irresponsabilidade. Os criminosos e larápios estão rindo de orelha a orelha. Tudo o que querem é uma legislação que crie imensas dificuldades para que eles possam cobrar mais caro pelas facilidades. Se, hoje, com a lei permitindo as doações privadas, as estatais já se transformaram em instrumento de extorsão de empresas privadas, imaginem como será depois.
O pior é ver esses senhores vetustos a defender tamanha estupidez com aquele ar sério e compenetrado. Ignoram a lógica elementar, mas afetando a gravidade de grandes pensadores.

A pedidos: comparando o Brasil e a Alemanha - Roberto Ellery e Paulo Roberto de Almeida

O economista Roberto Ellery fez o que a presidente-candidata mandou: em lugar de comparar o Brasil com o Chile, como tinha aventado, entre outros países, o candidato oposicionista, ela disse que o Brasil precisava ser comparado com "economias maiores", com a da Alemanha, por exemplo.
Indiferente ao absurdo da pretensão -- que só poderia passar na cabeça de quem não entende nada de economia, e muito menos sabe história econômica, ou que jamais consultou estatísticas na vida -- cabe reconhecer que qualquer comparação entre países é válida, mesmo entre os Estados Unidos e a Somália, por exemplo.
Claro, alguém poderia mostrar, numa perspectiva de longo curso, que o diferencial de renda per capita entre os Estados Unidos recém independentes, digamos em 1790, e a então Somália, ou o que estivesse no seu lugar, fosse, chutando, de vinte vezes "apenas". Dois séculos depois, essa diferença deve ser superior a 100 vezes, se não for mais. Tudo bem, vocês podem argumentar, sempre se pode comparar, e descobrir que os EUA avançaram e a Somália estagnou, ou afundou. Coisas da vida.
Mas vamos comparar nosso paísinho que parece grande, com os mesmos EUA, grandões de verdade. Cem anos atrás, nós tinhamos uma renda per capita que não ultrapassava 11% da renda dos americanos, já então o povo mais rico do planeta. Avançamos, aos saltos e tropeços, no decorrer do século XX, mas o máximo que conseguimos fazer foi 25% ou 28% do PIB per capita americano, isso no auge do regime militar, quando tivemos taxas de crescimento chinesas, no início dos anos 1970 (bem, os chineses é que exibem agora as taxas "brasileiras" de quase meio século atrás). Atualmente, devemos nos situar abaixo de 20% da renda americana, o que significa que recuamos, ou então, o que é mais provável, eles avançaram mais do que nós (não tiveram hiperinflações, por exemplo).
Mas, esse tipo de comparação não é a mais significativa: dados brutos, em si, nunca são um indicador satisfatório para o desenvolvimento de um país. Eles podem refletir situações e conjunturas de crescimento -- ou de estagnação, com ou sem inflação, etc. -- mas o desenvolvimento implica em transformações estruturais, com prosperidade social, ou seja, crescimento da renda per capita, certo?
A esse título, a comparação do Brasil com a Alemanha nos deixa muito mal no retrato, a despeito do que pretende a presidente.
Mas, ela também recusou a comparação com o Chile, a pretexto de que o Chile é um pequeno país, com uma economia menor do que a do Rio Grande do Sul, disse ela. Outra bobagem, pois a esse título, a Alemanha também é um "pequeno" país em população e território, comparada com o Brasil, mas faz um PIB, total e per capita, várias vezes superior ao do Brasil, certo?
Mas, por que uma comparação com um "pequeno país" não serviria para esses exercícios de comparação? Só pelo tamanho? Mas isso é uma bobagem monumental. O mundo abriga países grandes, pequenos, médios, gigantes e minúsculos, sem que isso apresente qualquer problema para a prosperidade, ou a miséria, de seu povo. Temos grandes países miseráveis -- a Índia, por exemplo, ou de certo modo ainda a China rural -- e pequenos países riquíssimos, Suíça ou Luxemburgo.
O que importa, na verdade, é a qualidade das políticas econômicas de um país, de qualquer país, que o habilite a alcançar a prosperidade do seu povo, ou estagnar na decadência durante certo tempo, ou muito tempo. Desse ponto de vista, o Chile também dá de 7 a 1 no Brasil, como constata Roberto Ellery em relação à Alemanha, no trabalho que eu transcrevo aqui abaixo. Saindo de uma posição modesta em PIB per capita, o Chile cresceu muito no decorrer dos últimos 25 anos, ultrapassando o Brasil e sendo admitido como membro da OCDE, uma espécie de clube de países ricos, como se diz frequentemente.O Chile, nos anos 1990, foi um tigre asiático numa América Latina estagnada.
Isso porque as políticas econômicas do Chile foram muito mais consistentes do que as nossas durante largo tempo. Política fiscal sólida, inflação baixa, câmbio realista, abertura ao comércio e aos investimentos estrangeiros, poucos subsídios a indústrias.  É isso que faz a diferença, e é isso que deve ser comparado.
Se continuarmos com as políticas econômicas da presidente, estaremos condenando o Brasil a ser, não uma Somália, mas talvez uma Índia ou uma China, durante os dois ou três séculos em que esses gigantes estagnaram na competição pelo desenvolvimento econômico e social. O que o Brasil prefere?
E então, vamos comparar desempenhos de países?
Com vocês o texto do Roberto Ellery.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil e Alemanha: A presidente mandou e eu comparei. 

Blog do Roberto Ellery, 20/10/2014

Não me agrada comparar Brasil e Alemanha, somos um país pobre e eles são ricos, isso torna a comparação meio que inócua. Como a maioria dos que trabalham com crescimento econômico creio que comparações entre países só podem ser feitas quando o PIB per capita tem alguma proximidade, seja quando da comparação seja em um passado não tão distante. Mas como a presidente mandou comparar Brasil com a Alemanha no último debate e eu sou um súdito cidadão obediente farei a comparação.
No formato de nações independentes que conhecemos hoje o Brasil nasceu em 1822 quando D. Pedro I proclamou nossa independência de Portugal e a Alemanha nasceu em 1871 quando o Chanceler Oto von Bismark liderou a unificação alemã. Somos portanto uns cinquenta anos mais velhos que eles. Enquanto tivemos uma história relativamente pacífica com algumas revoltas internas (destaque para a Revolução Farroupilha e a Guerra de Canudos) e uma guerra em nossas fronteiras (Guerra do Paraguai) os alemães foram protagonistas das duas Guerras Mundiais que ocorreram no século XX. Na primeira saíram com a economia destruída, na segunda tiveram o país fisicamente destruído, para piorar após a II Grande Guerra foram divididos em áreas de influência das potências vencedores e assim ficaram até 1989 quando a Alemanha se reunificou. Não apenas somos mais velhos como desfrutamos de um maior período de paz e não tivemos territórios ocupados por potências estrangeiras.
Mesmo assim somos muito mais pobres que os alemães. Se compararmos o PIB per capita da Alemanha com o do Brasil a diferença é gritante, de acordo com os dados do FMI corrigidos por poder de compra o PIB per capita da Alemanha em 2013 foi de 43.475 dólares internacionais, de acordo com o Banco Mundial foi de 43.332 dólares internacionais, a diferença é explicada por métodos diferentes de ajuste do poder de compra. Para os que não são da área ajuste pelo poder de compra é uma forma de comparar valores em países onde os preços internos são diferentes. No Brasil o PIB per capita foi de 14.987 dólares internacionais pelo FMI e 15,034 pelo Banco Mundial, ou seja, ajustado pelos preços internos, o alemão médio umas três vezes mais que o brasileiro médio. Se não fizermos o ajuste pelo poder de compra o PIB per capita da Alemanha em 2013 foi US$ 45.085 e o do Brasil foi US$ 11.208 (dados do Banco Mundial), por esse critério os alemães são quatro vezes mais ricos que os brasileiros.
A comparação da renda per capita ficou ruim para o Brasil. Devo dizer que a comparação pode ser injusta com as intenções da presidente afinal PIB per capita não é construído em um governo, depende de toda uma história. É mais provável que a presidente queria saber como cada país cresceu durante o governo dela. Antes de passar aos números faço um alerta. Existem bons motivos para um país pobre (vá lá classe média baixa) como o Brasil crescer mais do que um país rico como a Alemanha. Quem trabalha com modelos neoclássicos imediatamente pensa em rendimentos decrescentes, quem prefere os modelos de crescimento endógeno pode pensar em oportunidades de inovação. Um país rico para crescer precisa descobrir e adotar novas tecnologias, um país em desenvolvimento (ficou melhor que pobre ou classe média baixa) como o Brasil pode apenas adaptar e/ou adotar tecnologias já existentes. Passemos aos números.
Para evitar problemas com correção por paridade de poder de compra calculei a taxa de crescimento a partir do PIB per capita em valores constates da moeda local de cada país conforme calculado pelo FMI. No período entre 2011 e 2014 o único ano em que o PIB per capita do Brasil cresceu mais que o da Alemanha foi em 2013, no acumulado do período o PIB per capita do Brasil cresceu 2,87% e o da Alemanha cresceu 7,41%. A conclusão é que não apenas os alemães são mais ricos que os brasileiros como ficaram ainda mais ricos durante o período em que Dilma governou o Brasil. A figura acima mostra o crescimento do PIB per capita em cada ano e no acumulado do período para os dois países.
Outra variável que está sempre no debate econômico é a inflação. Nesse quesito também nos saímos pior que os alemães. Em todos os anos nossa inflação foi maior que a deles, a média das inflações para o Brasil foi de 6,12%, para a Alemanha foi de 1,61%, a maior inflação que tivemos no período foi de 6,5% em 2011, a maior deles foi de 2,28% também em 2011, no acumulado nossa inflação entre 2011 e 2014 foi de 26,84% e a deles foi de 6,6%. A figura ao lado mostra a inflação dos dois países em cada ano e no acumulado, a diferença é gritante. Se no caso do crescimento podemos apelar para transformações de poder de compra para salvar o resultado aqui não tem discussão: nossa inflação é muito maior que a deles.
Deixemos de falar de inflação e de crescimento, isso é coisa de economista, de acordo com a sabedoria econômica oficial o que importa mesmo é o emprego. Falemos então de emprego, mas antes cabe uma ressalva: um desempregado na Alemanha tem renda maior que um orgulhoso membro da classe média brasileira conforme a definição do governo. Existem duas modalidades de seguro desemprego na Alemanha (link aqui). O primeiro tipo de benefício corresponde a 60% do salário de referência (€ 5.600 em 2013) podendo chegar a 67% se o beneficiário tiver filhos menores de 18 anos, esse benefício é pago por um período de 90 a 360 dias a depender do tempo que a pessoa ficou no último emprego. O segundo tipo de benefício é de € 350 por mês e é destinado a que ultrapassa o tempo de recebimento do primeiro benefício ou que não tem renda suficiente, os que recebem esse benefício são obrigados a participar de programas de treinamento. Tomando os 60% do salário de referências os beneficiários do primeiro tipo recebem pelo câmbio de hoje (3,15) o equivalente a R$ 10.584, ou seja, pelos critérios do nosso governo seria um sujeito rico no Brasil. Os beneficiários do segundo tipo de benefício recebem o equivalente a R$ 1.102,50 por mês, pelos critérios do governo seria de classe média no Brasil. É claro que comparar desemprego em condições tão diferentes quanto as vigentes no Brasil e na Alemanha é um exercício de pouca utilidade, mas não fui quem inventei de comparar Brasil com Alemanha, pelo contrário, avisei que não era uma boa ideia. Feitas as ressalvas passemos para os números. De acordo com o Banco Mundial (link aqui) a taxa de desemprego no Brasil em 2012 era de 6,9%, na Alemanha era de 5,4%. Não me dei por satisfeito e fui procurar números mais recentes (bendita Wikipedia, link aqui). Achei que em novembro de 2013 a taxa de desemprego no Brasil era de 5,4%, em fevereiro de 2014 a taxa de desemprego na Alemanha era de 5,1%. Mais uma vez a Alemanha se saiu melhor que o Brasil, e olha que nem usei os números da PNAD ampliada...
Estava decidido a não terminar o posto sem que o Brasil ganhasse em algum critério, não que o Brasil saísse de minha comparação pior do que a seleção se saiu no confronto com os alemães. Pensei que pelo menos nosso futuro poderia ser mais promissor que o deles e fui olhar a taxa de investimento nos dois países. A figura à direita mostra a comparação. Começamos na frente, em 2011 nossa taxa de investimento ficou de 19,73% contra míseros 18,51%, mantemos a dianteira nos anos seguintes, mas não teve jeito, após quatro anos de governo Dilma os alemães nos ultrapassaram também nesse quesito, ver figura à direita. A nação rica que está cuidando mais do futuro do que a nação pobre, talvez não por acaso que eles sejam mais ricos.
Me incomodei com a hipótese que os ricos alemães estejam mais preocupados com o futuro do que os brasileiros, não pode ser, pensei eu, desesperado peguei um daqueles livros do MEC para doutrinar ensinar nossos jovens para ver achava uma resposta. Achei! Alemães são malvados e constroem seu futuro com o sacrifício dos outros povos, passei a pensar como achar uma variável para confirmar a tese do livro do MEC que a esta altura era meu fio de esperança. Resolvi olhar a taxa de poupança, certamente os alemães financiam seus investimentos com dinheiro que pegam no resto do mundo enquanto nó temos que usar nossa poupança para financiar nosso investimento e ainda mandar dinheiro para financiar os alemães. Infelizmente os dados de poupança não confirmam a tese do livro do MEC, não apenas os alemães poupam mais do que nós, ver figura acima, como ainda poupam mais do que investem. Na realidade somos nós que pegamos dinheiro do resto do mundo para financiar nosso investimento, em todos os anos investimento mais do que poupamos. Malditos brasileiros malvados que expropriam os alemães!
Joguei a toalha. A comparação estava me deixando deprimido. Somos mais velhos (0x1), tivemos mais tempo de paz como nação independente (0x2), eles são muito mais ricos (0x3), eles cresceram mais (0x4), eles têm menos inflação (0x5), a taxa de desemprego deles é menor (0x6), nós investimos menos (0x7) e eles poupam mais (0x8). Decidido a não tomar um vexame maior que a canarinho apelei ao STJD, voltei aos dados do FMI e peguei a taxa de crescimento do PIB real conforme calculada pelo FMI, entre 2011 e 2014 nós crescemos 6,7% e eles cresceram 6,35%, tudo bem que em 2014 eles devem crescer mais de quatro vezes o que vamos crescer, mas quem se importa? Arranquei um ponto deles para nós, igualei a seleção nos 7x1. Não vou dizer que estou satisfeito, mas resolvi parar, vai que eles se invocam e fazem mais um...

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: o governo sainte entrega resultados piores do que os que recebeu - Luiz Guilherme Medeiros

Transcrevo, abaixo, curta nota de Luiz Guilherme Medeiros, do Instituto Liberal do Centro-Oeste, que faz uma breve reflexão sobre o momento eleitoral, com base nos dados econômicos disponíveis, de inflação, de crescimento e de provável aumento do desemprego.
Acredito que esses dados fornecem elementos adequados para informar o cidadão ainda indeciso sobre quais são as escolhas a serem feitas na atual conjuntura, contribuindo para um voto consciente.
Eu me permitiria acrescentar uma reflexão pessoal, que constato como qualquer outro observador do cenário político eleitoral de 2014: o Brasil se encontra dividido, talvez não tão profundamente como acreditam alguns ideólogos, ou como circunstancialmente revelam algumas sondagens eleitorais, e felizmente não tão dividido quanto outras sociedades mais infelizes do que a nossa -- a Venezuela, por exemplo -- mas ainda assim dividido, segundo linhas de clivagem que eu pretendo explorar em outro pequeno texto de reflexão. Só posso antecipar que a atual divisão -- complexa, e não apenas social e política -- terá consequências negativas para o processo político que se inicia com o novo governo, qualquer que seja ele. Essa divisão também terá consequências sobre as reformas, inevitáveis, que se impõem, em face de um quadro recessivo e de inflação ascendente.
Infelizmente, sou obrigado a constatar isto, mas não quero me antecipar sobre o que pretendo escrever em breve.
Enquanto isso fiquem com esta pequena nota informativa e reflexiva.
Paulo Roberto de Almeida

O atual governo alega que se importa com os pobres, mas não é isso que suas atitudes revelam
Luiz Guilherme Medeiros
Instituto Liberal do Centro-Oeste, 20/10/2014 (recebido: 17:00)

A gestão Dilma realizou um feito surpreendente: entregou quase todos os indicadores econômicos do Brasil piores do que pegou.

Criamos poucos empregos, nosso crescimento é baixo, a renda da população não aumenta e a inflação cada vez mais desvaloriza o Real. Um cenário ruim para o trabalhador humilde, que teme começar a ver suas oportunidades de ganhar sustento se reduzirem.

São as consequências de políticas econômicas ruins, que vem emperrando nosso desenvolvimento nos últimos quatro anos.

O que o governo faz diante disso? Cruza os braços e nega a existência do problema.

Está claro que o modelo atual fracassou. Continuar com ele é fazer o Brasil afundar em seus problemas, ver as nossas conquistas retrocederem. Não é razoável por tudo a perder simplesmente porque nossos representantes se enganam, ou tentam nos enganar.

Precisamos de mudança. Vamos renovar nosso país e começar as reformas necessárias para voltarmos a crescer com vigor, aumentando a prosperidade de todos.

Imediatismo ou compromisso com a nação. A escolha é sua.

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,mercado-projeta-crescimento-de-0-27-do-pib-neste-ano,1579580
http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2014/10/inflacao-de-setembro-chega-675-e-estoura-o-teto-da-meta-do-governo.html

Eleicoes 2014: mentiras companheiras sobre FMI e desemprego

Parece que é uma obsessão: a candidata oficialista, mais bem oficiosa, continua exibindo seus fabulosos dotes para a mentira e a mistificação, não tanto por iniciativa própria, pois ela pouco entende do que está falando, mas porque segue determinações dos apparatchiks do partido totalitário e pelos marketeiros pagos a peso de ouro.
Ela ainda afirmou, nesta segunda-feira 20, a mesma mentira que vem propagando desde o início da campanha eleitoral, a saber, que o governo FHC "quebrou o Brasil três vezes", e que seus adversários criaram desemprego.
A matéria está aqui:

http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,em-carreata-no-rio-dilma-afirma-que-tucanos-se-ajoelharam-diante-do-fmi,1579647

Já ofereci minha contribuição sobre o tema das relações do Brasil com o FMI, mas me permito acrescentar aqui algumas considerações sobre  a questão do desemprego.
Sobre o Brasil e o FMI, recomendo, antes da leitura do material abaixo, visitar estes dois links deste blog:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/o-brasil-nao-quebrou-tres-vezes-mentira.html
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/eleicoes-2014-o-brasil-quebrou-3-vezes.html

Agrego mais algumas considerações:


A alegação de que o governo do PSDB “quebrou o Brasil três vezes”, e a de que o Brasil “teve de se humilhar frente ao Fundo Monetário Internacional, aceitando imposições na política econômica para receber milhões de empréstimo”, constituem deslavadas mentiras. Diversos economistas respeitáveis já desmantelaram essa mistificação, mas os companheiros e sua candidata continuam a repetir isso, como se uma mentira repetida diversas vezes pudesse virar uma verdade, como dizia Goebbels, o famigerado ministro da propaganda de Hitler. Como os antigos fascistas e nazistas, o PT também parece gostar desse tipo de propaganda mentirosa.
A verdade é a seguinte. Os anos 90 foram muito conturbados no plano financeiro. O Brasil estava recém saindo de uma inflação de 900% ao ano, tentando consolidar o Plano Real, quando o México, em dezembro de 1994, enfrentou graves problemas cambiais, que também  afetaram o Brasil. Três anos depois, em 1997, foi a vez dos países asiáticos entrarem em convulsão, inclusive com a queda de vários governos na região. Mas o mais terrível, para o Brasil, foi a moratória russa, em agosto de 1998, dando um calote monumental em vários bancos europeus e num grande fundo americano. Os mercados imediatamente se retraíram, e cessaram todos os tipos de financiamento internacional, até mesmo para operações de comércio exterior. Com essa retração, as reservas do Brasil diminuíram bastante, e embora não houvesse risco imediato, o governo FHC resolveu ampliar essas reservas apelando ao FMI e a diversos países credores. 
Seria preciso deixar bem claro que o Brasil NUNCA quebrou, nem uma, nem duas, nem três vezes. Em todas as oportunidades, o Brasil negociou acordos PREVENTIVOS com o FMI, que colocou à disposição do país alguns bilhões de dólares que reforçaram as reservas internacionais. Foram 20 bilhões de dólares da primeira vez, 10 da segunda e 30 bilhões da terceira vez.
Em 2001 a Argentina quebrou espetacularmente e isso afetou o Brasil também, já que muitos investidores externos não fazem muitas distinções entre mercados emergentes. O Brasil fez um novo acordo com o FMI, pois em 2000, passado o perigo da moratória russa, o Armínio Fraga, na época presidente do Banco Central, já tinha pago a maior parte do dinheiro emprestado no final de 1998. 
Finalmente, em 2002, novas turbulências surgiram, mas em escala muito mais vasta, e por uma razão muito simples: todo mundo temia o que pudesse acontecer no Brasil, depois de anos e anos que os "economistas" do PT pregavam ruptura dos contratos e calotes na dívida externa e até na dívida interna. Esta foi a razão de porque o Brasil teve de ir mais uma vez ao FMI, em 2002, diga-se de passagem, para negociar um acordo que foi feito para beneficiar o governo Lula. Este ficou tão agradecido que até falou em convidar o Armínio para continuar colaborando com o seu governo. Isso está documentado, no próprio livro que o ministro Palocci publicou sobre o seus anos como ministro.
  O Brasil quebrou, sim, uma vez mas foi em 1987, na moratória do Sarney, hoje aliado dos companheiros, uma decisão irrefletida, tomada por influência de muitos economistas que ainda hoje apoiam o governo companheior. Esse gesto deixou o Brasil isolado dos mercados internacionais de capitais durante vários anos. Nenhum país normal pode achar bom ficar sem a possibilidade de recorrer a mercados externos de capitais, e o  governo  companheiro faz isso, de forma contínua e normal, recorrendo aos mercados internacionais sempre quando necessário
Por fim, o empréstimo negociado em 2002 para ajudar o governo Lula, foi estendido duas outras vezes pelo ministro Palocci, que, aliás, sabiamente, ainda aumentou o superávit primário que tínhamos negociado com o FMI em mais meio ponto do PIB. O presidente Lula, num gesto bem mais demagógico do que de sapiência econômica, resolveu terminar esse acordo com o FMI em 2005, mais por razões eleitorais do que outra coisa: esse empréstimo poderia continuar por dois ou três anos mais, e o Brasil só pagava 4,5% de juros ao ano por ele; sem ele, o Brasil continuou a tomar dinheiro lá fora, mas em bases comerciais, custando o dobro disso. Ou seja, o gesto de Lula custou vários milhões de dólares ao Brasil.
 
Sobre a Taxa de Desemprego:
   A candidata vive dizendo que os governos lulo-petistas criaram milhões de empregos e que nunca antes na história do Brasil a taxa de desemprego foi tão baixa. A realidade não é bem essa, como explico a seguir.
A taxa de desemprego anunciada pelo IBGE não reflete a realidade do mercado de trabalho em nosso país. Ela é calculada unicamente sobre um quinto da população ativa do país, e apenas e tão somente em seis grandes regiões metropolitanas. Em números claros, estamos falando de pouco mais de 20 milhões de pessoas, num total de 113 milhões de brasileiros em condições de trabalhar. Ou seja, muito pouco para medir a taxa de desemprego real.
Os companheiros também se vangloriam de estar assistindo, por meio do Bolsa Família, 13 milhões e meio de famílias, ou seja, quase 55 milhões de pessoas. Não sei se é o caso de exibir orgulho pelo fato de o País ter praticamente um quarto da sua população como dependentes oficiais do Estado. Isso é uma Argentina inteira, com um cartão magnético, o que não tira ninguém da pobreza, apenas subsidia o consumo de pessoas pobres. Não sei tampouco se é normal um país ter um número tão elevado de assistidos, mas isso é uma outra discussão. Vamos à taxa de desemprego.
Pode-se calcular quantos, na população assistida pelo Bolsa Família, poderiam estar na população economicamente ativa, e trabalhando em empregos formais? Calculando por baixo, devem ser pelo menos três milhões de pessoas, que simplesmente estão fora do mercado de trabalho porque de outro modo perderiam o acesso ao esquema oficial de ajuda.
Pois bem, se juntarmos a taxa de desemprego do IBGE, já metodologicamente falha, mas que dá 5,7% da população economicamente ativa, a esse contingente de assistidos, a taxa de desocupação efetiva poderia subir para até 16%  do total, ou seja, quase três vezes a taxa oficial. A nossa taxa de atividade atualmente, segundo o IBGE, é de 57% da população em idade de trabalhar, mas ela deveria ser de pelo menos 64%.

Paulo Roberto de Almeida  
Hartford, 20/10/2014


 



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