quinta-feira, 9 de junho de 2022

Editorial da FSP: o PT de sempre (programa econômico que afundou o Brasil)

 O PT perdeu o pelo, mas mantém os hábitos de lobo? Acho que não perdeu nem o pelo. E se tinham alguns neurônios, seus dirigentes provam que perderam todos ao criar o psicopata perverso com essas mesmas políticas que pretendem recriar.

Paulo Roberto de Almeida




100 dias de Guerra de Agressão da Rússia na Ucrânia: um pequeno depoimento - Paulo Roberto de Almeida (Instituto Montese)

Não sou, nunca fui, de me apresentar para falar sobre qualquer coisa para público indeterminado, Geralmente, no meu "natural reservoso" – como diria o coronel Ponciano de Azeredo Furtado, do genial "O Coronel e o Lobisomem", de José Candido de Carvalho –, prefiro ficar no meu canto de biblioteca, lendo, refletindo e escrevendo (nessa ordem), eventualmente dando aulas ou palestras também, quando me convidam, e depois publicando o que faço, se julgo adequado, apropriado e consistente. Não me convidei para falar neste evento: 

Mas, como insistiram em ter a minha opinião, eu a dei, mas não a tenho, pois foi gravada e será exibida na sexta-feira, 14hs, no Canal YouTube do Instituto Montese, um nome evocativo de uma das grandes batalhas da FEB na campanha da Itália.

Eventualmente, como sempre faço, para "aclarar as ideias" – alguns julgariam racista essa expressão –, eu também preparei um pequeno texto, que resume um pouco, mas muito pouco, do que penso sobre a maior tragédia do nosso tempo: um ditador sanguinário, genocida e criminoso de guerra tentando obliterar um povo e um país, pois que não obteve a sua submissão à sua tirania. Depois do fracasso dos primeiros dias da "operação militar especial" – na verdade, um campanha de extermínio –, Putin só tem três objetivos na sua guerra de agressão: destruir, matar, transformar a Ucrânia em Estado falido pelos próximos dez anos (na metade desse prazo a Ucrânia será admitida na UE, mas não precisa entrar na OTAN, nem é recomendável).

Meu texto, provisório, segue abaixo, para complementar o que eu terei falado nesse evento, gravado antecipadamente. Não vou recomendar que "divirtam-se", pois seria um escárnio na atual situação. 

Os 100 primeiros dias da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: o Brasil afronta o Direito Internacional e a sua história diplomática

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Notas para exposição oral resumida no quadro do webinar do Instituto Montese sobre “100 dias de Guerra na Ucrânia”, dia 10 de junho, 14hs.

  

Agradeço o convite do Instituto Montese para manifestar minha opinião, na condição de simples cidadão brasileiro, e também professor, mas não como diplomata brasileiro, sobre os 100 dias do que foi chamado de “Guerra na Ucrânia”. Gostaria, antes de mais nada, de fazer uma observação terminológica e factual, e aqui vou ser extremamente objetivo quanto aos termos e o significado preciso dos conceitos: não existe uma “guerra na Ucrânia”, e sim uma guerra de agressão da Rússia, mais especificamente uma guerra de seu ditador, contra o governo, o povo e o território de um país soberano, a vizinha Ucrânia. A designação é essa, pois a isso nos leva uma leitura do Direito Internacional, que é o foco desta contribuição; não tenho nenhuma competência para me pronunciar sobre o lado militar da questão.

Que a “operação militar especial”, tal como designada enganosamente pelo ditador russo, seja, de fato, uma guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia está meridianamente claro, a partir de uma leitura dos artigos 1º e 2º da Carta das Nações Unidas, estabelecida em San Francisco, ao término do mais cruel e mortífero conflito global em toda a história da humanidade. Assim também decidiu, preliminarmente, o julgamento de 13 juízes da Corte Internacional de Justiça, em 17 de março de 2022, contra apenas dois – por acaso os da Rússia e da China –, ordenando expressamente que a Rússia interrompesse imediatamente a guerra contra a Ucrânia e cessasse completamente as operações bélicas no território do vizinho país. A CIJ não tem, obviamente, nenhum poder sobre o lado militar dessa guerra de agressão, que já completou 100 dias, pois mesmo para se pronunciar apenas sobre os aspectos de Direito Internacional a ela ligados, a Corte dependeria de resoluções do Conselho de Segurança. Apenas esta peculiaridade da conformação do processo decisório no âmbito das Nações Unidas explica que resoluções aprovadas com ampla maioria naquele Conselho ou na Assembleia Geral permaneçam letra morta, ainda que a condenação moral é muito clara.

O ditador russo não deslanchou apenas uma guerra de agressão contra o território ucraniano, um país soberano, como tal reconhecido pelas Nações Unidas desde quando ele foi desmembrado da finada União Soviética no início dos anos 1990. Putin, ao invadir a Ucrânia, sem qualquer provocação ou gesto belicoso desse país, não apenas violou a Carta da ONU, mas destruiu mais de quatro séculos de difícil construção de uma ordem internacional baseada na força do Direito, e não no direito da força. Ele começou violando os tratados de Westfália (1648), sobre o reconhecimento recíproco da soberania dos Estados nacionais, cada um possuindo o direito de estabelecer o seu próprio regime político e a sua religião. Também violou princípios implícitos decididos no Congresso de Viena (1815), sobre a legitimidade dos Estados nacionais e o reconhecimento de seus enviados diplomáticos, como canais de diálogo e de consulta entre dois ou mais soberanos. Ele violou o Tratado de Paris (1856), que estabeleceu a paz entre os contendores da primeira guerra da Crimeia, de 1853 a 1855. Da mesma forma, agiu contrariamente às decisões das negociações de paz de Paris (1919), que estabeleceu a Liga das Nações, com disposições relativamente similares às da Carta de San Francisco sobre a proibição das guerras de agressão. Se colocou frontalmente contrário aos poucos dispositivos do Pacto Briand-Kellog (1928), de renúncia à guerra e de recursos aos meios pacíficos de solução de conflitos, depois incorporados à Carta das Nações Unidas.

Ou seja, Putin é um violador serial dos principais instrumentos multilaterais que foram sendo acordados dentro do espírito e da letra do Direito Internacional nos últimos quatro séculos. Pelas suas ações, registradas e devidamente avaliadas por observadores da Corte Internacional de Justiça e do Tribunal Penal Internacional, Putin já incorreu nos mesmos crimes de que foram acusados os dirigentes civis e militares nazistas no Tribunal de Nuremberg, em 1946: crime contra a paz, crimes de guerra e contra a humanidade. Putin mereceria um Nuremberg só seu, mas sobre isto a História se pronunciará no futuro curso dos eventos. Não vou me estender mais sobre os aspectos multilaterais da questão, e sim tratar da relação entre o Brasil e o Direito Internacional, que me parece seriamente comprometida. 

O Brasil sempre demonstrou, até recentemente, uma adesão inquestionável aos valores e princípios do Direito Internacional, tal como foram sendo elaborados e acatados nos últimos duzentos anos pela sua diplomacia, ainda que nem sempre o país tenha sido um seguidor fiel de alguns de seus dispositivos. Por exemplo, o compromisso assumido no âmbito do Congresso de Viena, na condição de Reino Unido ao de Portugal e Algarve, de fazer cessar o tráfico escravo, não foi traduzido na prática, como tampouco ocorreu, já como Estado independente, depois de assinar tratados bilaterais com a Grã-Bretanha prometendo fazê-lo em breves anos à frente. Mas, mesmo defendendo, até o Segundo Reinado, o nefando comércio, sua diplomacia, então guiada por Paulino Soares de Souza, argumentou de modo correto no plano jurídico, ao protestar contra o Bill Aberdeen, que equiparava o tráfico à pirataria, passível, portanto, de severa punição, indo até mesmo à pena de morte. Como escreveu em nota diplomática o Visconde do Uruguai, o tráfico não ameaçava o comércio internacional como a pirataria o fazia, e, de toda forma, não havia nenhum tratado internacional proibindo o horrível comércio de carne humana. Argumento bastante lamentável no plano moral, mas juridicamente correto.

O Brasil, por essa época, interferia nos assuntos internos do Uruguai, sob a justificativa de que do Uruguai partiam ataques contra o patrimônio de brasileiros em território nacional, num contexto de diferendos bem mais amplos com a Argentina de Rosas e com o Paraguai de Solano Lopes, que resultaram em duas guerras no espaço de duas décadas. Tampouco havia, a despeito do “espírito de Westfália”, um compromisso formal de não interferência nos assuntos internos de outros Estados, esporte ao qual se dedicavam todas as potências europeias da época. Desde a Guerra do Paraguai, e independentemente dos progressos feitos no terreno do Direito Internacional, assim como no âmbito de sua própria Constituição – a de 1891, por exemplo, proibiu terminantemente o recurso à guerra –, o Brasil se manteve integralmente fiel ao espírito e à letra dos instrumentos internacionais que foram sendo progressivamente incorporados aos edifícios hemisféricos e multilaterais dos dispositivos formais e informais regendo a ordem internacional. 

Os pilares dessa diplomacia nacional estritamente respeitadora da soberania nacional e de fiel cumprimento de instrumentos jurídicos internacionais foram impulsionados pela política externa do Segundo Reinado, consolidados pelos dois Rio Branco, pai e filho, e magnificamente sustentados por Rui Barbosa por ocasião da segunda conferência internacional da paz da Haia, em 1907; contrariando muitas vezes sozinho a arrogância das grandes potências, Rui Barbosa defendeu o princípio da igualdade soberana de todos os Estados, conceito que se converteu no eixo central do multilateralismo contemporâneo. O mesmo Rui Barbosa clarificou a observância da neutralidade em casos de guerra e procedeu a uma vigorosa tomada de posição em defesa do direito de neutralidade em situações de conflito, e sua violação, na famosa conferência feita em Buenos Aires, em 1916, doutrina sistematizada na obra Princípios Modernos do Direito Internacional, mais vulgarmente conhecida como Os Deveres dos Neutros

O Brasil, estritamente neutro, justamente, com respeito aos dois grandes conflitos globais da primeira metade do século XX, a Grande Guerra de 1914-18 e a Segunda Guerra, de 1939 a 1945, avançou para uma declaração formal de status bélico apenas quando foi covardemente atacado por forças marítimas do Império alemão e do Reich nazifascista, respectivamente. Participamos ativamente da construção da ordem econômica e política contemporânea, mesmo não concordando em San Francisco com o direito de veto que se atribuiu aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. 

Mas, o Brasil e sua diplomacia começaram a falhar no acatamento aos princípios do Direito Internacional desde que aqui se inaugurou uma política externa partidária, quando da diplomacia lulopetista praticada de 2003 a 2016. O presidente Lula ignorou completamente dispositivos da Convenção de Viena de 1961, sobre relações diplomáticas, relativos à não interferência nos assuntos internos de outros Estados, aliás incorporados explicitamente ao artigo 4º da Constituição de 1988, junto com vários outros princípios, que correspondem às cláusulas mais importantes observadas nas relações internacionais contemporâneas, coincidentes com os grandes instrumentos multilaterais que regem as relações entre Estados soberanos. Lula violou sistematicamente tais dispositivos ao interferir em praticamente todas as disputas eleitorais em Estados vizinhos, apoiando candidatos pertencentes ao mesmo arco político-ideológico do seu partido. Mais grave ainda: quando da nacionalização dos recursos em hidrocarburos da Bolívia, em 1/05/2006, ela mesma uma violação grave de um tratado bilateral Brasil-Bolívia e de um acordo do governo boliviano com a Petrobras, mediante inclusive o uso da força pelo presidente Morales, a diplomacia de Lula – que pessoalmente deveria saber antecipadamente dessa iniciativa de seu companheiro de postura política, mas que provavelmente desconhecia o emprego do exército boliviano para ocupar as instalações da Petrobras – não apenas concordou com a expropriação, como soltou uma nota apoiando o gesto ilegal do governo do país vizinho. Militares nacionalistas poderiam eventualmente considerar tal postura como o equivalente de uma traição à pátria. De forma geral, a diplomacia partidária tendeu a favorecer aliados políticos, na região e fora dela, mesmo em detrimento dos interesses nacionais, em alguns casos implicando e violação de acordos bilaterais (no caso de Itaipu) ou regionais (no caso do ingresso da Venezuela no Mercosul).

Outro episódio grave, ainda no plano do direito internacional, ocorreu quando da invasão do território ucraniano em 2014, sob as ordens do mesmo Putin, e a anexação ilegal da península da Crimeia: a diplomacia lulopetista, então sob comando da presidente Dilma Rousseff, não emitiu sequer um comunicado condenando a grave violação da soberania da Ucrânia, o que tampouco ocorreu quando da derrubada de um avião da Malásia sobrevoando a região da Ucrânia oriental, já em conflito justamente devido à ocupação ilegal daquele setor por forças russas não devidamente identificadas. Optou-se por uma postura totalmente inerte no plano da política externa e da diplomacia brasileira, contrastando com a obrigação pelo menos moral de defesa do direito internacional e dos princípios da Carta da ONU, num momento em que diversos países ocidentais protestavam vigorosamente contra a invasão e introduziam sanções contra a Rússia. A presidente Dilma se manifestou apenas quando cobrada pela imprensa, dizendo que o Brasil não se envolveria (sic) em assuntos de outros países, como se fosse esse o problema no caso. Uma provável razão pela inação vergonhosa do ponto de vista dos princípios sempre defendidos pela diplomacia profissional pode ter sido a parceria entre o Brasil e a Rússia no âmbito do Brics, uma construção claramente artificial, e totalmente política, entre quatro, depois cinco, países sem grandes convergências no plano da política internacional.

O caso da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, desde 24 de fevereiro de 2022, depois que o ditador russo passou semanas denegando a invasão, é infinitamente mais grave, ainda que o Brasil tenha supostamente aderido às resoluções votadas na ONU – no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral – e no seu Conselho de Direitos Humanos, condenando a Rússia pelos atos cometidos desde então, mas com explicações de voto que traduzem claramente a decisão do chefe de Estado brasileiro de evitar acusar diretamente a Rússia pelas transgressões bárbaras perpetradas em território ucraniano. Sem adentrar nas minúcias da Carta da ONU, dos grandes princípios do Direito Internacional, assim como dos protocolos existentes sobre as leis de guerra, cabe registrar apenas algumas observações sobre a postura política do Brasil, não apenas no tocante às resoluções votadas no âmbito da ONU e do Conselho de Direitos Humanos, mas refletindo igualmente a atitude geral das autoridades políticas brasileiras com respeito ao posicionamento geral em relação à guerra de agressão.

É notoriamente conhecido que o Brasil, como país e como diplomacia, se encontra atualmente singularmente isolado no plano internacional, aliás desde o início de 2019, tendo em vista, basicamente, a postura, digamos heterodoxa, do chefe de Estado e de governo no seu relacionamento externo, tanto regional, quanto internacional ou multilateral. Tal situação de isolamento internacional decorreu das políticas domésticas do governo Bolsonaro, notadamente no domínio ambiental, mas também por repetidos ataques às instituições – Congresso e Suprema Corte) –, aos meios de comunicação, às organizações da sociedade civil (não governamentais) das áreas de defesa do meio ambiente, dos direitos indígenas, de ação social em geral. Ademais, o chefe de Estado hostilizou parceiros estrangeiros, com destaque para os líderes europeus, o presidente peronista da Argentina e dirigentes tidos de esquerda de maneira geral. De forma bastante evidente buscou relações unicamente com colegas de direita ou extrema-direita, além de prestar submissão ao anterior presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

Foi nessa situação de extremo isolamento que o presidente buscou realizar uma visita de trabalho a um dos poucos líderes mundiais que poderia recebê-lo, o presidente da Rússia, provavelmente já antecipando conquistar um aliado para o que já pretendia fazer poucos meses à frente. Quando se decidiu tal viagem bilateral, entre os dois chanceleres, Serguei Lavrov e Carlos França, no início do último trimestre de 2021, não estavam claros, ainda, os preparativos para a planejada ofensiva russa contra o país vizinho, o que foi feito por meio da acumulação de tropas russas na fronteira comum nos últimos dois meses daquele ano. Ao tomar conhecimento desse planejamento, a chancelaria brasileira recomendou que o presidente adiasse ou cancelasse a viagem, o que ele se recusou a fazer, mesmo com manifestações de alerta vindas do próprio presidente americano, Joe Biden (a partir de dados da inteligência dos EUA). A visita, ocasião na qual o presidente brasileiro declarou sua “solidariedade” ao presidente russo e justificada pela necessidade de importação de fertilizantes russos, foi feita oito dias antes de efetivada a invasão, que foi até minimizada pelo presidente.

Independentemente de palavras e gestos do presidente, a postura oficial do Brasil que vale para fins de política externa e de legitimação junto à comunidade internacional são as declarações feitas junto às Nações Unidas, cujos órgãos principais, o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral, se ocuparam da questão da Ucrânia nas semanas seguintes à guerra de agressão da Rússia. Não cabe aqui reproduzir a íntegra das declarações da delegação do Brasil em Nova York e em Genebra (Conselho de Direitos Humanos), todas eles disponíveis no site do Itamaraty, ou a partir dos registros da ONU. O que cabe é sinalizar pormenores dessas declarações que revelam, se preciso fosse, o contorcionismo verbal da diplomacia profissional para evitar de responsabilizar claramente a Rússia pela guerra de agressão. Podem ser destacados quatro elementos nessas declarações que tornam evidente a postura do chefe de Estado no sentido de continuar apoiando objetivamente a postura de Putin. 

Em primeiro lugar, sem condenar explicitamente a violação flagrante da Carta da ONU, a delegação brasileira instou as partes à “cessação de hostilidades”, como se estas fossem recíprocas, ou seja, uma guerra empreendida por decisão de ambas as partes, e não uma guerra unilateral sem qualquer provocação da parte agredida e invadida. Em segundo lugar, a delegação também pediu negociações entre elas, tendo em vista as “preocupações de segurança das partes”, como se a Ucrânia tivesse ameaçado, em algum momento, a segurança da Rússia. Em terceiro lugar, mesmo votando pela condenação da Rússia na Assembleia Geral – uma votação de toda forma inoperante, dado uso abusivo do poder de veto em defesa do próprio transgressor da Carta da ONU –, a delegação brasileira se opôs terminantemente à imposição de sanções contra a Rússia, a pretexto de que qualquer punição agravaria a situação econômica no mundo inteiro, o que significa, implicitamente, que o agressor pode se safar impune das ilegalidades e crimes perpetrados. Em quarto e último lugar, a delegação também se pronunciou contrariamente ao fornecimento de armas à Ucrânia, a pretexto de não provocar maior número de vítimas, o que se traduz num simples “convite” a que um governo soberano renuncie à defesa do seu povo e território. 

Os quatro posicionamentos da delegação brasileira não são a rigor, ilegais, do ponto de vista do Direito Internacional, mas são altamente hipócritas, tendo em vista a acumulação de crimes de guerra e até, possivelmente, crimes contra a humanidade, perpetrados pelas tropas russas de ocupação. A hipocrisia puramente política – não teoricamente contrária ao direito internacional – se estende inclusive à oposição do Brasil à imposição de sanções à Rússia, a pretexto de que elas seriam “unilaterais”, e não aprovadas pelo CSNU, como se este pudesse fazê-lo não obstante o veto russo a qualquer medida contrária a seus interesses. No que concerne as sanções, cabe registrar que elas se conformam inteiramente ao espírito e à letra dos artigos 41 e 42 da Carta da ONU, que regulam tal faculdade. Ou seja, os países estão apenas aplicando as medidas previstas na Carta de San Francisco, numa situação em que – da mesma forma como ocorre nas cortes quando juízes se declaram impedidos de atuar em casos nos quais eles possam incorrer em qualquer conflito de interesse – o veto da Rússia não poderia ser aplicado em seu próprio favor, dado o fato de que ela é a parte agressora, aquela que violou as disposições mais relevantes do instrumento máximo do Direito Internacional. 

Ao se conformarem os 100 primeiros dias da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, neste dia 4 de junho de 2022, a diplomacia brasileira apresenta, por nítida pressão da presidência, um triste quadro de contorcionismo verbal e subterfúgios retóricos para evitar de se colocar, como geralmente fez ao longo de sua história de dois séculos, sob o espírito e a guarda de sagrados princípios do Direito Internacional, e até mais do que isso, da moralidade. A restauração da credibilidade e da legitimidade da diplomacia brasileira terá de aguardar a própria reconstrução de uma política externa coerente e condizente com as próprias cláusulas de relações internacionais que figuram no Artigo 4º de sua Constituição e que integram o seu patrimônio histórico de conformidade ao Direito Internacional em todas as circunstâncias.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4165: 3 junho 2022, 7 p.


quarta-feira, 8 de junho de 2022

Itamaraty comete irregularidades em processo investigatório - Sergio Couri (FSP)

 Itamaraty comete irregularidades em processo investigatório

Fui demitido pelo ministério mesmo sem ter praticado nenhum ato ilegal

Sergio Couri

Embaixador, economista, advogado e escritor

Em 17 de outubro de 2014, esta Folha publicou a reportagem "Itamaraty vai investigar contas do consulado em Mendoza" em razão de supostas irregularidades financeiras ocorridas quando fui cônsul-geral na cidade argentina, o que precipitou uma comissão disciplinar persecutória antes que eu pudesse esclarecer um simples mal-entendido.

A comissão cometeu 50 irregularidades no processo, violando Constituição, legislação e jurisprudência, como inexistência de denúncia, enquadramento pela sindicância sem provas e defesa, fim da instrução sem investigações por mim solicitadas, inversão do ônus da prova, acusações sem provas ou genéricas, extrapolações do raio investigativo, negação de vista dos autos e criptoimputações. Afrontaram o Código Penal com a ocultação de documentos e prevaricação, e os autos continham "rombo" de 800 páginas.

O consultor jurídico da Advocacia-Geral da União/Controladoria-Geral da União no Ministério das Relações Exteriores (MRE), George Galindo, omitiu-se em seu parecer. Galindo foi nomeado pelo então chanceler José Serra, em 2016, e adaptou-se ao jogo de poder interno do Itamaraty.

Em decorrência disso, fui demitido pelo então ministro Aloysio Nunes em novembro de 2017, com 50 anos de carreira e sem antecedente disciplinar. Hoje tenho 74 anos, e o afastamento cortou-me a aposentadoria, única fonte fixa de renda, e o plano de saúde. Luto nos tribunais para comprovar minha inocência.

Como o relatório da comissão me inocentou de lesão ao erário ou envolvimento de dinheiro público, nele se pretextou "cadastramento do Consulado Geral junto a uma casa de câmbio para troca de recursos particulares" —quando apenas identifiquei os funcionários que preenchiam os requisitos da lei argentina para trocar legalmente cheques pessoais por moeda norte-americana.

Em 2018, o processo foi julgado novamente, e o mesmo ministro reconheceu "elementos que justificavam proporcionalidade da pena". O MRE, no entanto, não tomou providências, pois a AGU alegou que a administração "não dispõe de margem discricionária", ao passo que legislação e jurisprudência amparam modificação de pena inadequada.

Impetrei mandado de segurança no Superior Tribunal de Justiça, sob relatoria do ministro Francisco Falcão. Ali ocorreram outros 33 vícios. O julgamento ignorou a preliminar de nulidade pelo bloqueio a recursos no curso do processo administrativo, assim como o rejulgamento da causa no MRE. Nos embargos, a minha defesa, que antes fora dissuadida de apresentar "sustentação oral", não foi convocada para questões de fato, apesar de regularmente inscrita, e o voto condutor do acórdão serviu-se de opinião da CGU e do Ministério Público, negando competência ao Judiciário, o que envolve o Supremo Tribunal Federal. O voto do relator teria sido disponibilizado algumas horas antes das sessões. Diante de pedidos de vista, o processo era retirado de pauta. No Carnaval deste ano, um recurso foi levado a julgamento virtual antes dos preexistentes.

Outro fato superveniente foram dois processos abertos no MRE para investigar em separado funcionários consulares pelas mesmas alegações —o que eu pedi anteriormente e foi ilicitamente negado. No rol, minha sucessora, outra diplomata e um oficial de chancelaria. Os processos foram "engavetados" por dois anos pelo corregedor Wladimir Valler Filho e, no final de 2021, "arquivados" pelo atual, Marco Nakata, sem penalidades.

Anteriormente, diante dos dois fatos novos, eu havia requerido aos ministros Ernesto Araújo e Carlos França a revisão do meu processo. Pressionados pela AGU/CGU, negaram-se ilegalmente a fazê-lo.

Diante do arquivamento, voltei a requerer reintegração ao ministro França, argumentando que, se não havia atos puníveis dos servidores, não havia do cônsul-geral. O ministro despachou dizendo que "não havia fatos novos".

Outro processo se encontra na Presidência da República, desde janeiro de 2021, para decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Sempre passei ao largo de atos ilegais. Além de servidor, sou economista, advogado e escritor. Fui assessor internacional do Estado-Maior do Exército (1986-88), representante do Itamaraty no Paraná (2003-11), cônsul-geral em Mendoza (2011-14) e embaixador em Santa Lúcia e na Organização dos Estados do Caribe Oriental (2014-17). Em 2007, o Itamaraty condecorou-me com a Ordem de Rio Branco.

Espero que este artigo contribua para uma conscientização em torno de meu esforço ingente pela reparação de tão gritante e impune injustiça.

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Comentários


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Claudio Luiz Vidal

Há 3 horas

Prezado Embaixador Sergio Couri, suas palavras me fizeram relembrar minha demissão do serviço público há 17 anos atrás. Me parece que no seu caso também lhe foi negado o direito de defesa, da contra prova, da inocência. É dura a vida de quem é técnico e profissional no serviço público, os que fazem politicagem, os que são amigos do rei, são os que se dão bem. Só posso lhe desejar coragem, perseverança e confiança na busca da verdade.


Lorenzo Frigerio

Há 9 horas

Se existe um bom órgão público a se privatizar, é o Itamaraty. Quem sabe assim deixe de ser um órgão inexpressivo e inócuo, uma máfia que levou anos para punir um alto funcionário assediador sexual notório, e mesmo assim só após grande repercussão pública. Está precisando chacoalhar a poeira assentada ali desde o Barão do Rio Branco, descarregar o ambiente, abrir as janelas para arejar.

Países do Brics reforçam consensos financeiros - Rádio Internacional da China

 Países do Brics reforçam consensos financeiros

Continuam os preparativos para a Cúpula do Brics, que se realizará em julho, sob a presidência da China

Rádio Internacional da China - A segunda reunião dos Ministros das Finanças e Presidentes dos Bancos Centrais dos Países do Brics de 2022 foi realizada na segunda-feira, (6) por videoconferência. Os participantes debateram a situação macroeconômica, coordenação política e investimentos em infraestrutura, entre outros temas. Eles também divulgaram uma declaração conjunta.

Segundo o documento, a economia global está enfrentando perturbações, fragmentação financeira e outros riscos e o sistema financeiro global deve servir a todos os países. Ao mesmo tempo, os participantes apelaram pela aceleração da realização da Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030 para procurar um desenvolvimento global mais forte, verde e saudável.

Além disso, os ministros também enfatizaram a importância do papel do Novo Banco de Desenvolvimento na defesa da união dos países do Brics e no impulsionamento das cooperações financeiras entre eles.

O ministro das Finanças da China, Liu Kun, disse que os países membros do grupo devem fortalecer a união e a cooperação, aprofundar a comunicação e a coordenação, defender em conjunto a saúde da humanidade, promover a recuperação da economia mundial, garantir a estabilidade do sistema econômico e financeiro internacional e aperfeiçoar o mecanismo e as regras da governança econômica global.

https://www.brasil247.com/mundo/paises-do-brics-reforcam-consensos-financeiros

 

Itamaraty de portas abertas: Wladimir Murtinho e o Palácio do Itamaraty (Correio Braziliense)

 Itamaraty de portas abertas

Correio Braziliense, 08/06/2022 06:00

O Palácio Itamaraty: conheça mais sobre o prédio símbolo da diplomacia  brasileira | Curso Sapientia 

Quando o governo republicano deslocou-se para o Palácio do Catete em 1897, após ter-se abrigado por seus oito primeiros anos no antigo palacete do Conde de Itamaraty, legou ao Ministério das Relações Exteriores a primeira sede da Presidência. O palacete no centro do Rio de Janeiro viria a sediar a pasta por mais de 70 anos e acabaria por atribuir também a alcunha pela qual se tornou conhecida a diplomacia brasileira. Tamanha é a identidade entre o nome e a instituição que, por ocasião da mudança para a nova capital, aquele que Oscar Niemeyer havia batizado "Palácio dos Arcos" consolidou-se como "Palácio Itamaraty", por decreto presidencial, antes mesmo de sua inauguração oficial em 1970.

As novas edificações combinaram a tradição de uma instituição centenária com a modernidade da nova capital. A face conhecida desse feito, Oscar Niemeyer, contou com a colaboração de diversos profissionais e operários que merecem nossa homenagem e gratidão. O responsável por levar o espírito do Itamaraty para a prancheta do arquiteto foi o diplomata Wladimir do Amaral Murtinho, entusiasta da nova capital e presidente da Comissão de Transferência do Itamaraty para Brasília. Murtinho transmitiu ao projetista as necessidades da instituição, as funções, os valores, a história. Envolveu-se direta e ativamente nos trabalhos de ambientação, idealizando verdadeira síntese das artes modernistas a serviço do país.

O diplomata enxergou como ninguém a oportunidade de fazer da nova sede da chancelaria verdadeira vitrine da criatividade, qualidade e produção brasileiras. Materiais, artistas, designers, temas, vegetação, tudo deveria remeter ao Brasil e valorizar o elemento nacional, refletindo a missão institucional. O Ministério das Relações Exteriores representa o Estado brasileiro: os objetos, os móveis, as obras de arte são expressões do país e revestem-se de papel de representação da nacionalidade e da cultura brasileira, para além de seu uso cotidiano.

A influência de Murtinho sobre a nova sede do Itamaraty impactou a paisagem urbana no coração da Esplanada. Ao insistir com Niemeyer que os convidados estrangeiros fossem recebidos em edifício mais imponente do que o originalmente planejado, tornou a sede do Ministério, mais tarde acompanhada pelo Palácio da Justiça, espécie de prelúdio à Praça dos Três Poderes.

Murtinho, contudo, não se preocupava apenas com a apresentação do Brasil para o mundo. Entendia que o patrimônio pertencia ao povo brasileiro, que deveria ter acesso a essa riqueza do país. Em 1967, após os primeiros eventos oficiais na nova sede do Ministério, franqueou o edifício à população de Brasília. Ao fazê-lo, repetia, talvez sem saber, iniciativa de 1930, quando o palacete no Rio de Janeiro foi aberto ao público por quatro domingos, após obras de restauro e a construção de novo edifício para a biblioteca.

Essas iniciativas antecederam a tradição de celebração do patrimônio, desenvolvida nos anos 1980 e 1990, quando diversos países pelo mundo passaram a estabelecer dias de "portas abertas", para a visitação pública de edifícios governamentais representativos. Algumas de nossas embaixadas adotaram a iniciativa e a mantém até hoje, como em Buenos Aires, Madri, Montevidéu e Paris.

Em linha com a intenção de ampliar o acesso aos espaços públicos, o MRE mantém há mais de uma década serviço regular de visitação educativa. Público e convidados têm a oportunidade de conhecer um pouco da história, da arquitetura e das obras de arte do acervo do Palácio Itamaraty. O percurso pelas áreas comuns e de recepção despertam o interesse não só pelos ambientes de trabalho, mas também pelas atividades do órgão e pelo significado da diplomacia para o Estado brasileiro.

Retomando as iniciativas de 1930 e 1967, e no intuito de aproximar cidadãos do cotidiano do Ministério, o Itamaraty abrirá suas portas neste sábado, 11 de junho, data de nascimento do embaixador Murtinho, para visita cívica estendida, que incluirá, além do trajeto tradicional, cerca de oito ambientes normalmente inacessíveis ao público. 

No ano em que o Brasil celebra o bicentenário da independência e o centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo, completam-se também 20 anos do falecimento de Wladimir Murtinho. Parece propício que o Itamaraty lance, nesse dia e neste ano, o que se espera venha a tornar-se nova tradição de Brasília: um dia de portas abertas da sede do Itamaraty, uma ocasião para resgatar, debater e celebrar o patrimônio histórico, artístico e cultural do órgão, da cidade e do país. Esse dia só poderia chamar-se Jornada Wladimir Murtinho.

https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2022/06/5013709-artigo-itamaraty-de-portas-abertas.html


Livro de Francisco Razzo: Minha contribuição para tornar o mundo um lugar ainda pior (sim, é isso...)

 


"A resposta não está na política e muito menos nos políticos"

Entrevista com o autor: Francisco Razzo

Razzo, que história é essa de contribuir para um mundo ainda pior?

Minha contribuição para tornar o mundo um lugar ainda pior se refere ao título de um texto do livro que, no conjunto, traz uma coletânea de textos que escrevi a partir de um problema que me persegue: a impotência humana diante das incertezas da vida. Trago comigo um princípio ético conjugado com uma visão cosmológica muito particular: é preciso saber agir como um mortal. Tudo no livro gira em torno do reconhecimento dessa condição. No próprio texto Minha contribuição para tornar o mundo um lugar ainda pior, faço uma reflexão a respeito de quão trágica pode ser a pretensão humana em propor, para toda humanidade, justamente o contrário.  

É por isso que você diz que gostaria que este livro fosse um “Tratado sobre as incertezas humanas”? 

Exatamente. Um tratado, em filosofia, diz respeito a um gênero literário que busca cobrir a totalidade dos temas fundamentais de um determinado assunto. Ou seja: o alfa e o ômega de toda abordagem racional. Comparado ao tratado, um gênero objetivo e sistemático, o ensaio aborda o assunto numa perspectiva mais experimental, no limite do pessoal. Portanto, seria quase uma contradição nos termos a ideia de “tratado sobre as incertezas humanas”. Ora, diante das incertezas, sobra apenas a aventura de se arriscar, sem a possibilidade de dar uma palavra final ao problema. Meu desejo de ter escrito um tratado não passa de uma pretensão assumidamente fracassada. Inspiro-me muito no poema Tratado geral das grandezas do ínfimo, do Manoel de Barros. 

Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogio

Você acha, então, que precisamos abandonar essa mania de se procurar salvadores do mundo, com soluções mirabolantes para todos os problemas…

No meu primeiro livro, A imaginação totalitária, estudei os perigos da política como esperança. Para mim, estava claro que o maior problema político é a incapacidade de lidarmos com a nossa natureza humana. A mente totalitária, fruto dos poderes da imaginação, busca corrigir o homem porque não suporta a ideia de viver como mortal. Políticos salvadores são consequências de teologias substitutas. Matamos Deus para cultuar homens ou qualquer outra bobagem – como diria Chesterton. Só há um problema que realmente interessa: encontrar sentido numa realidade aparentemente sem sentido. Fiquei convencido de uma coisa: a resposta a esse problema não está na política e muito menos nos políticos.

Nessas crônicas você está bem mais literário: narra lembranças da vida, fala de redes sociais, dos problemas do mundo e até traz um belo trecho de um romance que você ainda não terminou de escrever… foi difícil organizar os textos ou a coisa se deu de forma espontânea?

Tudo o que escrevi nos meus últimos quatro anos, que é o tempo que cobre a produção dessas crônicas, podem ser colocados em quatro eixos: a alegria e, às vezes, as tristezas das banalidades cotidianas; a destruição do senso de comunidade na era redes sociais; polêmicas diárias e eternamente infrutíferas da nossa sociedade; e onde encontro meu refúgio intelectual e moral: meu trabalho como professor, a experiência estética e a vida filosófica. Também me interesso muito por temas como religião e política, e espero, quem sabe, publicar um livro a respeito. Em Minha contribuição para tornar o mundo um lugar ainda pior, tentei responder a seguinte pergunta: nessa massa multiforme de experiências, é possível encontrar sentido? Mas respondendo a sua pergunta: não, não se deu de forma espontânea! Mas foi bem divertido montar esse quebra-cabeça. 

A impressão ao ler este livro é que se trata de uma espécie de autobiografia em crônicas. Através delas é possível conhecer um pouco de como você foi se formando como escritor e pensador, como você foi depurando suas ideias não apenas por leituras e estudos, mas também pelas experiências de vida… como a tentativa de assalto e o acidente de automóvel que viraram reflexões. Enfim, diga-nos o que o leitor pode esperar desse novo livro? 

Sim, bom resumo. Bom, eu sou muito agostiniano em minha forma de pensar a experiência filosófica – isto significa fazer da narrativa de vida um lugar fundamental para a experiência filosófica. No caso do Agostinho, um caminho pessoal para se colocar diante de Deus. Neste livro, traço um caminho inverso e não pretendo chegar a Deus – pelo menos não será o tema deste livro. Para ser preciso, não gostaria de chegar a lugar nenhum. Hoje, uma filosofia que não promete levar a lugar nenhum talvez seja a melhor forma de evitarmos contribuir para que o mundo se torne um lugar ainda pior. Nesse sentido, espero que o leitor também se divirta com o prazer dessa aventura um pouco pretensiosa de pensar a partir de qualquer lugar e, principalmente, sem o compromisso de encontrar grandes soluções para os problemas do mundo. 


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