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sábado, 21 de janeiro de 2012

Une Saison en Academie, 2 - quase chegando...


Une Saison en Academie, 2

Paulo Roberto de Almeida
Em voo, Brasília-São Paulo, 14/01/2012

Ça y est: en vol! Não mais na véspera, mas no próprio dia em que começa minha licença para incursionar intelectualmente na Europa, que pretendo a mais produtiva possível, retomando aqui algumas reflexões em torno de minha pequena “estação na academia”, iniciadas poucos dias atrás.
Não pretendo, obviamente, repetir experiências, alimentar dúvidas ou sofrer as angústias existenciais do autor original do poema pré-surrealista Une Saison en Enfer. Arthur Rimbaud pode continuar tranquilo no panteão dos poetas malditos, que não é minha intenção reescrever qualquer peça do gênero. Inclusive porque Paris não é exatamente o que poderíamos chamar de inferno, embora não seja o paraíso que muitos cantam e incensam, ao contrário. Claro, em meio a uma campanha presidencial e a um intenso debate eleitoral, algumas greves – daquelas bem perversas, em que são especialistas as máfias sindicais francesas – serão inevitáveis, sobretudo nos transportes públicos e em alguns outros serviços essenciais (estes são os mais visados, sempre).
Como pretendo morar a walking distance do meu local de “trabalho”, espero poder escapar dos mau-humores desses sindicalistas, habitués em levar adiante seu combate de retaguarda. Claro, eles sempre podem atrapalhar, também, viagens de lazer, e por isso mesmo pretendo viajar o mais possível em carro alugado, o que todavia não garante escapar dos proverbiais embouteillages dos périphériques parisienses. A solução para esse tipo de incômodo está em viajar em horas impossíveis e por vias inesperadas, o que me será facultado pelo ritmo excepcionalmente leve das obrigações acadêmicas (aulas só às terças e quartas, duas horas de cada vez, já que ninguém é de ferro).
Terei algumas outras obrigações secundárias – como acompanhamento e orientação de mestrandos, palestras em fundações, entrevistas com jornalistas, contatos no mundo acadêmico e governamental francês, pesquisas de meu interesse – mas nada que atrapalhe muito o objetivo principal: as muitas viagens que pretendo fazer. Hoje em dia é muito fácil planejar, preparar e empreender viagens – com a ajuda de ferramentas como o Google Maps, Via Michelin, Wikipedia e milhares, literalmente milhões de sites turísticos – e o mais difícil, justamente, é escolher uma ou duas, selecionar dentre as dezenas de possibilidades interessantes, todas elas atraentes e apetitosas. Como já conheço muito bem a Europa mediterrânea e meridional, desde a península ibérica , sul da França, Itália, os Balcãs e a Grécia, pretendo desta vez me concentrar na Europa central e setentrional, revendo ou conhecendo velhos e novos lugares na Alemanha, República Tcheca, Polônia, países bálticos, com uma possível esticada a Kaliningrad – na verdade não sei o que restou da histórica e kantiana Koenigsberg – e a St. Petersburg.
Muitas leituras, muitas pesquisas e estudos, alguns trabalhos escritos completarão esta “saison académique”. Il me reste à souhaiter bon séjour!

Em voo, Brasília-São Paulo, 14/01/2012

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