Continuidade da transcrição da resenha de Gladson Miranda, desde as postagens anteriores:
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Abreu, Marcelo de Paiva (org.):
A Ordem do Progresso:
dois séculos de política econômica no Brasil
2.
ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014, ISBN 978-85-352-7859-0
íntegra da resenha
(...)
CAPÍTULO 16 - CONSOLIDAÇÃO DA ESTABILIZAÇÃO E RECONSTRUÇÃO
INSTITUCIONAL, 1995-2002
Rogério
L. F. Werneck
Fernando Henrique assumiu a presidência a
meio de bastante otimismo, o Plano Real parecia estar dando certo, a inflação
estava sendo contida, mas foi em 1995 que pareceu haver uma fragilidade, pois a
crise mexicana afetou o quadro externo e surgiu o receio de que a política
cambial pudesse atrapalhar a balança comercial. (pg. 331-332)
“Com a posse do novo governo, no início
de 1995, a condução da política econômica tornou-se uma operação muito mais
complexa. Por um lado, a agenda passou a ser bem mais ampla do que era. Já não
se tratava mais de concentrar todos os esforços no objetivo maior de pôr fim ao
processo de alta inflação. Uma extensa gama de novas questões passou a exigir
atenção. Ao mesmo tempo, ainda faltava muito para que o novo regime de baixa
inflação pudesse ser considerado consolidado. E a melhor forma de assegurar
essa consolidação logo mostrou ser questão altamente controvertida dentro do
novo governo”. (pg. 334)
A crise mexicana abriu os olhos dos
economistas para possíveis cautelas a serem observadas, pois em razão da
“necessidade de financiamento externo da economia teria que ser mantida em
níveis bem mais moderados do que se imaginava possível, encurtara-se o tempo
disponível para levar à frente as reformas econômicas requeridas para
viabilizar o ajuste estrutural do setor público que se fazia necessário”. (pg.
339)
Durante a década de 1990, algumas
privatizações tiveram mais importância, como a Vale do Rio Doce. A liberação
comercial sofreu uma reversão durante o governo FHC, ainda que estivesse
havendo um imenso esforço com a substituição do plano de estabilização pelo
Plano Real. O Brasil vinha procurando reforço nas relações com a OMC. (pg. 343)
O ano de 1996 girou praticamente em torno
da mobilização do Congresso para aprovar uma emenda que possibilitasse a
reeleição de FHC – aprovada no ano de 1997 –, sendo que sua popularidade vinha
em constante crescimento. (pg. 344)
“Expectativas de que, tendo conseguido a
aprovação da emenda da reeleição, o governo estaria afinal disposto a mobilizar
seus recursos políticos para reverter a deterioração das contas públicas e
fazer avançar a agenda de reformas, logo se mostraram infundadas. Na verdade, o
Planalto continuou incapaz de mostrar convicção acerca da importância do ajuste
fiscal, até nos aspectos mais elementares”. (pg. 346)
No ano de 1997 estourou a Crise Asiática,
o que, juntamente com a vulnerabilidade econômica brasileira, trouxe enormes
preocupações. A situação foi devidamente controlada em 1998, mas a
“inconsistência macroeconômica ainda não tinha sido resolvida”. (pg. 347)
“Em gritante contraste com que o governo
contemplava, o abandono do crawling peg deflagrou um processo descontrolado de
desvalorização, com efeitos de desestabilização devastadores que perduraram
pela maior parte do primeiro bimestre de 1999. Os danos acabaram sendo
amplificados por dois fatores. De um lado, como a mudança da política cambial
implicava sério rompimento do acordo que acabara de ser firmado com FMI, o país
perdeu o apoio das instituições multilaterais e do G-7. De outro, o Banco
Central permaneceu precariamente tripulado durante a pior parte da crise,
exatamente quando sua atuação se fazia mais necessária”. (pg. 349)
A crise precisava ser resolvida e o
presidente chegou a conclusão que precisaria mudar sua equipe econômica. Nesse
sentido, resolveu nomear Arminio Fraga para a presidência do Banco Central, o
que possibilitou novas renegociações de acordos com o FMI e a futura melhora na
economia. (pg. 349)
“No início de 2000 a economia parecia bem
mais sólida do que um ano antes. A turbulência deflagrada pela desvalorização
havia sido superada. A inflação estava sob controle. E havia um programa
impressionante de consolidação fiscal em andamento. O ano 2000 estava fadado a
ser o melhor ano do segundo mandato de FHC”. (pg. 351)
Internamente, o Brasil vinha sofrendo com
incertezas no quadro político e acerca da evolução econômica. Foi então que o
país percebeu que o desastre da gestão ocasionou uma exigência descomedida de
energia elétrica, sendo que o país estava prestes a encarar uma escassez de
energia, causando enorme vulnerabilidade da economia. (pg. 352)
Com queda da popularidade do governo no
poder à época e o aumento da popularidade dos candidatos da oposição, o PT, foi
feita uma tentativa de renegociação do acordo com o FMI para a estabilização da
economia. O acordo sofria resistência, mas ao final acabou sendo realizado,
dado o comprometimento em cumpri-lo realizado pelo potencial presidente, Lula.
(pg. 355)
“O término do segundo mandato de FHC
testemunhou outra mudança da maior importância. Não havia dúvida de que o país
tinha feito uma travessia muito difícil em 2002. Mas ao fim e ao cabo dessa
travessia, uma mudança política crucial tinha ocorrido. Depois de ter sido
derrotado três vezes, o PT tinha finalmente vencido a eleição presidencial. Mas
o vencedor teve de se desfazer de boa parte de suas velhas e arraigadas crenças
e deixar de lado o discurso radical, para se deslocar rapidamente para o centro
do espectro político e adotar como sua a política macroeconômica do governo que
chegara ao fim. Não foi uma mudança menor. O que parecia ser um abismo
intransponível entre governo e oposição tinha dado lugar a um amplo conjunto de
ideias sensatas compartilhadas por governo e oposição”. (pg. 356)
(continua, para o final)
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