Novos e velhos desafios ao ceticismo sadio e ao contrarianismo
Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: declaração à praça; finalidade: alerta preventivo]
Em 2003, convidado para ser o diretor de estudos do programa de mestrado da academia diplomática brasileira, o Instituto Rio Branco, fui vetado pelo novo poder recentemente estabelecido no Brasil: uma tropa de true believerscomposta por sindicalistas mafiosos, guerrilheiros reciclados neobolcheviques, diplomatas coniventes e colaboradores oportunistas.
Em 2004, colocado num completo ostracismo pelos novos donos do poder no Itamaraty, dei início ao meu quilombo de resistência intelectual, sob a forma deste blog Diplomatizzando, no qual ainda estou, com o mesmo espírito que me animou desde o início: postar coisas inteligentes para pessoas inteligentes, respeitosas da diversidade de pensamento, da liberdade de opinião e do ceticismo sadio em relação ao senso comum, às idées reçues(preconceitos estabelecidos e verdades reveladas), sem esquecer uma pequena ponta de contrarianismo.
Ao longo desses anos todos, navegando na maior parte do tempo contra a corrente, continuei sustentando as mesmas opiniões e atitudes, ainda que ao preço de grandes sacrifícios pessoais e familiares. Persisti, sustentado por valores e princípios invariavelmente comprometidos com a inteligência e a honestidade intelectual.
Marx tinha certa razão quando disse, num texto simplista sobre a ideologia, que as ideias das classes dominantes são as ideias dominantes. Concordo, mas eu mudaria algo pelo meio da frase: as ideias dos grupos que dominam o Estado, ou pelo menos o governo, pretendem se tornar as ideias dominantes, por indução discreta ou imposição arrogante daqueles que ocupam o poder. No que me concerne, nunca me dobrei a isso.
Em 2019, continuarei animado pelos mesmos propósitos e objetivos.
Boas ideias acabam prevalecendo no longo prazo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de dezembro de 2018
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