O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Voce compraria acoes de uma empresa estatal pouco transparente?

Talvez sim, pelo menos por certo tempo.
Afinal de contas, o governo já fez as ações dessa companhia se valorizarem mais de 3 mil por cento, por manobras de certos "espertos" (ou bandidos) interessados justamente nisso.
Mas, você confiaria na palavra desse presidente de companhia que disse que vai apresentar lucros em apenas dois anos de funcionamento, subsidiando conexões baratas para o povinho miudo?
Talvez, pois o governo, mais uma vez, está colocando mais de 3 bilhões de reais na companhia, ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro. Fica fácil, assim, fazer caridade com o dinheiro alheio, como sempre acontece.
Em todo caso, acredito que o governo poderia tratar do que é verdadeiramente estratégico: colocar crianças em escolas de boa qualidade o dia inteiro.
Oferecer conexões de internet, isso o setor privado pode fazer e o setor privado não vai fazer escolas primárias de boa qualidade, funcionando o dia inteiro...
Acho que falta foco, e faltam prioridades a esse governo.
Não esperem a educação melhorar de qualidade pelo futuro previsível: os analfabetos vão poder continuar escrevendo errado em alta velocidade...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 7 de maio de 2010)

Sem subsídios, estatal vai ter lucro a partir de 2013, prevê novo presidente
Valor Econômico, São Paulo, 7 de Maio de 2010

De Brasília, 06/05/2010 -- O maior entusiasta da restauração da Telebrás ao longo das discussões do Plano Nacional de Banda Larga, Rogério Santanna, será seu novo presidente. Segundo ele, nos moldes do plano apresentado ontem, a partir de 2013 a Telebrás começará a apresentar lucro e, daqui a dez anos, apresentará um Ebitda (receita operacional líquida) de 51%. "Não será uma empresa subsidiada, que vai onerar os cofres públicos", diz Santanna. "Será uma empresa eficiente, que focará mais em inteligência do que na operação de serviços."

O fato relevante divulgado na terça-feira pela Telebrás indicava que a empresa poderá oferecer serviços de acesso onde a oferta não for considerada adequada, o que significa baixa atratividade econômica para empresas privadas. Para Santanna, porém, no resultado final, haverá bom lucro.
Foto Destaque

Ontem, a ação PN da empresa subiu 19,5% com a notícia da sua retomada como protagonista do PNBL. Nas contas do assessor especial da Presidência, César Alvarez, a Telebrás terá receita de R$ 5,7 bilhões daqui a dez anos.

Para ter fôlego para esta missão, a estatal - que perdeu qualquer atividade operacional com a privatização do setor em 1998 -, será capitalizada em R$ 3,22 bilhões. Santanna destaca, porém, que essa operação não precisa ocorrer no curto prazo, porque, para atingir as metas definidas para 2010, os cerca de R$ 280 milhões que a empresa tem em caixa seriam suficientes.

"O investimento (capitalização) será do Tesouro Nacional, mas os acionistas minoritários poderão acompanhar", diz Santanna. Para ele, está descartada a possibilidade de a Telebrás fechar o capital. "Isso nos obriga a ter bons critérios de governança corporativa e transparência." Além de operar a rede de 30,5 mil km de fibras ópticas que o governo quer ter até 2014, a Telebrás terá garantia de fornecimento de serviços a órgãos públicos federais, como a Receita Federal e a Previdência Social, sem necessidade de licitação.

Santanna é atualmente secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento. Ele substituirá Jorge da Motta e Silva, que foi indicado à presidência da Telebrás pelo ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira, hoje deputado federal do PMDB do Ceará.

Para Santanna, em cerca de dois meses a empresa poderá ser reativada. Hoje, a Telebrás tem 226 funcionários, dos quais mais da metade está alocada na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em 2020, o governo prevê que a empresa chegará a ter 400 funcionários. (DF)

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Addendum:
O governo é um especulador (como eu sempre desconfiei). (PRA)

O especulador
Miriam Leitão
O Globo - 06/05/2010

Durante mais de dois anos o governo soltou balões de ensaio, fez declarações, desmentidos, informações contraditórias sobre Telebrás, apesar de ser uma empresa com ações em bolsa. O resultado foi o que se viu: as especulações produziram uma violenta volatilidade, uma alta espetacular das ações. Altas e quedas produziram ganhos aos mais espertos.

A notícia que saiu aos pedaços foi confirmada: a Telebrás será a gestora do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). A forma correta de fazer isso era o governo decidir primeiro e anunciar depois. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deveria ter visto isso.

Manipular o mercado dessa forma é crime.

O governo Lula nada fez em matéria de telecomunicação.

Tudo o que aconteceu foi decorrente da privatização.

A telefonia estatal tinha 20 milhões de clientes dos serviços de telecomunicações. Agora, 12 anos depois, são 235 milhões. O número é maior do que a população porque alguns são consumidores de diversos produtos.

As empresas, como disseram ontem em nota, investiram R$ 180 bilhões nestes 12 anos. Nada disso seria possível se o setor permanecesse estatal.

O governo Lula não conseguiu sequer usar o fundo criado na venda das empresas, o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, que tem hoje R$ 10 bilhões depositado lá pelas empresas do setor. Esse fundo era exatamente para ampliar serviços como a banda larga.

Depois de sete anos sem fazer coisa alguma, o governo Lula, a sete meses do seu fim, lança um plano para investir R$ 13 bilhões em cinco anos e reintroduzir o Estado no setor. E o faz com óbvias fanfarras eleitoreiras.

Não há dúvida que o serviço de banda larga tem que ser ampliado, mas para isso o governo tem recursos dos fundos setoriais (Fust e Funtel) e muito a fazer. Há oito anos, a Anatel não oferece uma licença de TV a cabo. A última oferta de novas frequências (espectro radioelétrico) para utilização de serviços sem fio foi feita no final de 2008. Os serviços de telecomunicações pagam mais impostos que perfumes, bebidas e armas. Só para usar um exemplo: no modem de internet móvel há 75% de impostos.

O ex-ministro das comunicações Juarez Quadros não tem dúvidas que é preciso ampliar os serviços de banda larga no Brasil, mas acha que o governo reativar uma empresa em processo de liquidação é o caminho errado.

— Uma estatal depende de procedimentos burocráticos, como restabelecimento de um quadro de pessoal, aprovação da proposta do Executivo pelo Legislativo.

Tem amarras para investir — diz ele.

A Telebrás quando funcionava era uma holding de prestadores de serviço, ela em si não prestava serviço ao público. A própria lei que criou a estatal tem que ser mudada. Isso sem falar na Lei Geral de Telecomunicações, que definiu os participantes do mercado.

O economista William Alves, da XP Investimentos, explica que a Telebrás era uma massa falida, com patrimônio líquido negativo de R$ 400 milhões. Ou seja, possuía dívidas maiores do que o valor da própria empresa.

Se ela fosse vendida, ainda assim não haveria dinheiro para pagar tudo. Os prejuízos trimestrais eram constantes, com pagamentos de passivos trabalhistas, pensões e aposentadorias.

Como mostra o gráfico abaixo, até o final de 2007 as ações da Telebrás negociadas em bolsas não tinham valorização, ficavam encostadas com preço baixo. Mas após as primeiras declarações do então ministro Helio Costa e do presidente Lula, de que queria usar a empresa no PNBL, teve início a especulação: — Quem comprou esse papel não foi o investidor, mas o especulador. Esse é um papel totalmente especulativo porque não é possível projetar nada sobre a empresa, até porque ela não oferece mais nenhum tipo de serviço, é apenas uma massa falida.

Não gera receita, apenas despesa. Tudo essa alta aconteceu em função das declarações do governo — explicou William.

Somente este ano, as ações subiram mais de 160%. Ontem, após o anúncio oficial do Plano, as ações chegaram a subir mais de 40%, e o pregão teve que ser interrompido por conta da forte volatilidade.

Se quisesse ampliar e aumentar o acesso, o governo poderia retirar barreiras, regular, ampliar licenças e frequências, fazer desonerações para os serviços que considera prioritário ou faixas de renda, e usar os fundos para subsidiar a baixa renda. Poderia ter atuado na oferta e na demanda ao longo dos últimos sete anos, mas escolheu o caminho de injetar gás numa estatal falida e quebrando todas as regras de respeito ao mercado de capitais.

Inimigos do capital financeiro: nao apenas no Brasil

Não é só no Brasil que os supostos defensores da "economia popular" e inimigos do "capital financeiro internacional" tentam limitar e estrangular esses banqueiros gananciosos e outros especuladores financeiros.
Nos EUA, também, a demagogia e o populismo inconsequente tentam, por vezes, destruir ou desmantelar essa perna importante do capitalismo americano que são os serviços financeiros, com medidas regulatórias ou, em todo caso, limitativas de sua ação.
Cabe recordar que 70% do PIB americano é feito de serviços, não de indústria manufatureira ou de agricultura -- ridiculamente pequena, a despeito do lobbby gigantesco que captura recursos dos contribuintes -- e que o setor financeiro representa uma boa parte não apenas do PIB mas sobretudo da interface internacional do capitalismo americano.
Tentar cortar suas pernas e braços, portanto, representaria algo como tentar amarrar o Gulliver financeiro pelos liliputtianos do Congresso. Nem sempre isso é bem sucedido, como revela esta nota dos porta-vozes da Febraban americana:

From the Editors of American Banker

Senate Rejects Measure to Cap Size of Banks
WASHINGTON — After more delays and partisan fighting late Thursday over whether and how to proceed on financial reform, the Senate rejected 61 to 33 a populist amendment that would have forced the break up of the nation's biggest banks.
The measure from Democrats Sens. Sherrod Brown of Ohio and Ted Kaufman of Delaware would have placed a hard cap on banks of 10% of the nation's insured deposits. It would have limited a bank's nondeposit liabilities at 2% of the national gross domestic product. That cap would have been 3% for financial institutions that do not own a bank.
Had the provision been adopted and made it into law, these limits would have forced the largest institutions to shrink in size to roughly where they were a decade ago.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Uma advertência bem-vinda, e a tempo

O crescimento da economia brasileira tem sido alimentado a crédito, excessivo, generoso, por parte do governo. Com dinheiro, aliás, que foi retirado de nós (pelos impostos), ou que ainda será retirado (pela dívida pública e por novos impostos), ou por inflação, simplesmente.
Neste momento, caberia recordar algumas palavras sábias:

"There is no means of avoiding the final collapse of a boom expansion brought about by credit expansion. The alternative is only whether the crisis should come sooner as the result of a voluntary abandonment of further credit expansion, or later as a final and total catastrophe of the currency system involved."
Ludwig von Mises

Progressos do socialismo científico: o inacreditavel caso cubano

Se quiserem, leiam primeiro a noticia abaixo.
Nos sessenta anos em que Cuba foi "colônia informal" (ou formal, se quiserem) do império, sua produção aumentou constantemente. No momento da sua "libertação" era o principal produtor e exportador mundial, com quase 8 milhões de toneladas de açúcar, bem mais do que o Brasil, que hoje assumiu a condição de maior exportador (mas não produtor, que é a Índia).
Pois bem, hoje Cuba importa açúcar do IMPÉRIO (que lhe fornece, aliás, quase todos os seus produtos alimentares) para seu próprio consumo.
Deve ser por que a palavra de ordem é "libertar-se da monocultura colonial"; diversificar a economia, aumentar a capacidade tecnológica, etc, etc, etc.
Paulo Roberto de Almeida

La producción azucarera cubana se desploma a niveles de 1905
Emilia C. de Paula
El País – 05/05/10

La Habana – La industria azucarera cubana hace aguas por donde uno mire. Dos días después de que el Gobierno de Raúl Castro destituyera al ministro del ramo, Luis Manuel Ávila, por “deficiencias en su trabajo”, el diario Granma ha salido a escena con datos demoledores: este año la zafra será la peor desde hace 105 años, cuando Cuba apenas produjo 1,2 millones de toneladas de azúcar. Según el órgano oficial del Partido Comunista, la actual cosecha ha sido “pésima en producción y eficiencia”. “Desde 1905 el país no registraba una campaña azucarera tan pobre”, afirma, señalando entre las causas de esta debacle la ineficiencia crónica y “un elevado grado de imprecisiones y voluntarismo”.

No hay datos oficiales sobre cuál era el estimado de producción en la zafra 2009-2010, pero diversos analistas lo sitúan en torno a 1,4 millones de toneladas, similar al del año anterior. Según Granma, “al cierre de mayo” el atraso “rebasaba las 230.000 toneladas”, y falta poco más de un mes para concluir la temporada.

Según analistas, el resultado final de la cosecha pudiera estar entorno a 1,1 millones de toneladas, “o ser incluso menor”. Como datos de referencia valgan tres: en 1924, la zafra fue de 4,2 millones de toneladas; en 1958, de 5.6 millones; en 1990, último año de la hermandad con la URSS, la producción superó los 7,8 millones de toneladas.

La catástrofe es evidente. Desde que se inició la zafra a finales del año pasado, sólo han cumplido el plan asignado 10 de las 44 fábricas azucareras que activaron su maquinaria esta temporada; y si hablamos de territorios, solo dos de las 14 provincias cubanas lograron cumplir sus compromisos. Según Granma, al Ministerio del Azúcar le faltó “control y exigencia”.

La realidad es que llueve sobre mojado. Desde que la isla acometió un proceso de reconversión salvaje, el sector no ha levantado cabeza. Entre 2002 y 2004, Cuba reestructuró el sector azucarero, lo que supuso el cierre de casi un centenar de centrales (fábricas): de las 156 que existían quedaron 61, y se eliminaron más de 100.000 puestos de trabajo. Además, la superficie de cultivo disminuyó de dos millones de hectáreas a unas 750.000, según datos oficiales.

En la temporada 2008-2009, la isla produjo 1,4 millones de toneladas de azúcar y facturó más de 600 millones de dólares. Muy lejos de los 4.000 millones de dólares que obtenía cuando el azúcar era la principal fuente de ingreso de divisas y su producto de exportación más importante.

Mundorama: divulgando um empreendimento exemplar em RI

Fazendo explicitamente propaganda (o que não é hábito neste blog):

Mundorama
Divulgação Científica em Relações Internacionais – ISSN 2175-2052

O que é o Boletim Mundorama

Mundorama é uma abordagem ágil sobre os temas da agenda internacional e da política externa brasileira. A iniciativa divulga análises de conjuntura, notas técnicas, teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos científicos, relatórios de pesquisa, notícias de eventos e notícias sobre o acervo em formato digital de periódicos especializados. Tudo desenvolvido em uma abordagem não-exaustiva, mas cuidadosa e atenta aos rumos do desenvolvimento da comunidade especializada em Relações Internacionais no Brasil.

Mundorama é uma publicação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília – iREL-UnB, desenvolvida pela equipe do projeto integrado de pesquisa Parcerias Estratégicas do Brasil: as experiências em curso e a construção do conceito, e apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Em Mundorama são publicadas contribuições em formato variado dos pesquisadores vinculados ao projeto e de pesquisadores colaboradores externos cuja reflexão de algum modo se alinhe com os temas da nossa agenda. São especialmente valorizadas contribuições curtas versando sobre os temas da agenda internacional contemporânea.
Expediente

Editor: Antônio Carlos Lessa – Universidade de Brasília – UnB

Conselho Editorial/Equipe do projeto integrado de pesquisa Parcerias Estratégicas do Brasil: as experiências em curso e a construção do conceito:

* Amado Luiz Cervo – Universidade de Brasília – UnB
* Ana Flávia Granja e Barros Platiau – Universidade de Brasília – UnB
* Antônio Jorge Ramalho da Rocha – Universidade de Brasília – UnB
* Argemiro Procópio Filho – Universidade de Brasília – UnB
* Cristina Soreanu Pecequilo – Universidade Estadual Paulista – UNESP
* Eiiti Sato – Universidade de Brasília – UnB
* Estevão Chaves de Resende Martins – Universidade de Brasília – UnB
* Henrique Altemani de Oliveira – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
* José Flávio Sombra Saraiva – Universidade de Brasília – UnB
* Miriam Gomes Saraiva – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
* Paulo Fagundes Vizentini - Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
* Pio Penna Filho – Universidade de São Paulo – USP

Secretaria: Celi Rodrigues de Oliveira (admin@mundorama.net)
Quem somos

A equipe do projeto integrado de pesquisa “Parcerias Estratégicas do Brasil: a construção do conceito e as experiências em curso” é composta por professores de universidades brasileiras e estrangeiras, que colaboram em uma grande rede de pesquisa dedicada ao estudo do sistema de relações internacionais internacionais do Brasil, em múltiplas perspectivas teóricas e metodológicas. Os objetivos precípuos do projeto são, além da formação e do funcionamento regular da rede científica internacional, a formação de quadros em nível de pós-graduação especializados nos temas do projeto, a criação de uma ambiência multiinstitucional dedicada ao estudo e à pesquisa acerca dessa agenda (o que inclui o envolvimento de estudantes de graduação e a orientação de projetos de iniciação científica), a disseminação de resultados (publicação de trabalhos científicos, na forma de artigos e livros, e organização de seminários e cursos temáticos) e a formação de insumos para a formulação de políticas com repercussão internacional.

A iniciativa Mundorama, desenvolvida como portal de divulgação científica do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília e do projeto integrado de pesquisa, é dirigida pelo Professor Antônio Carlos Lessa (coordenador), com apoio técnico de Celi Rodrigues de Oliveira.

Biblioteca
Seleção de recursos bibliográficos sobre Relações Internacionais e política exterior do Brasil, em diferentes perspectivas metodológicas – acervos de periódicos científicos, teses de doutorado, dissertações de mestrado e relatórios técnicos


Revista Brasileira de Política InternacionalRBPI
Publicação semestral do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI), editada desde 1958. Na nossa biblioteca estão disponíveis os números completos publicados desde 1993.
Saiba mais sobre a Revista Brasileira de Política Internacional
Acesse as edições completas

Revista Cena Internacional
Publicação semestral do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (iREL-UnB), editada desde 1999. Na nossa biblioteca está disponível a série completa.
Acesse as edições completas

Meridiano 47 – Boletim de Análise de Conjuntura em Relações Internacionais
Publicação mensal do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, editada desde julho de 2000. Na nossa biblioteca está disponível a série completa.
Saiba mais sobre o Boletim Meridiano 47
Acesse as edições completas

Livros
Seleção de livros publicados em formato digital, disponíveis em bases de dados abertas.
Acesse a seleção

Teses de doutorado e dissertações de mestrado
Seleção de teses de doutorado e dissertações de mestrado em Relações Internacionais defendidas na Universidade de Brasília e em outras instituições nacionais componentes da rede.
Acesse a seleção

Relatórios técnicos
Seleção de documentos públicos (inclusive documentação diplomática) versando sobre temas relacionados à agenda internacional contemporânea e de especial interesse para a compreensão da política externa brasileira. Compõem primariamente esta base de dados documentos levantados pelos pesquisadores da rede em suas estratégias de pesquisa.

Como publicar

1. O Boletim Mundorama publica artigos de análise de conjuntura e resenhas de livros, além de notícias sobre eventos e processos seletivos;
2. As contribuições na forma de artigos e resenhas de livros devem conter cerca de 7.000 caracteres, incluindo espaços, e devem ser apresentadas em processador de textos de uso universal;
3. As contribuições podem ser submetidas em português, inglês ou espanhol;
4. As contribuições devem conter o nome completo do autor, sua titulação e filiação institucional;
5. No caso de resenhas de livros, devem ser informados os dados completos e o ISBN da obra analisada;
6. As contribuições devem vir acompanhadas de: 3 palavras-chave em português e 3 key words em inglês; Título em inglês; Resumo em português e abstract em inglês, ambos com até 20 palavras.
7. Não devem ser usadas notas de rodapé. No caso de citação de bibliografia, usar o sistema Chicago (Autor, data), referenciando a literatura citada ao final do artigo, em ordem alfabética, como se vê abaixo:

(...) [ver no link abaixo]

Todas as contribuições na forma de artigos e resenhas de livros serão submetidas a arbitragem científica. O processo de análise editorial se estende por cerca de 5 (cinco) dias úteis e os artigos aprovados são imediatamente publicados.
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Geovisitando este blog: um mapa dos curiosos e frequentadores

Consultando hoje, por puro acaso de clicar em cima, o linkezinho (desculpem o neologismo) Geovisit que figura ai do lado, constatei que, num dado momento (não me perguntem qual pois cliquei e depois esqueci, só voltando algumas horas depois) eu tinha um total de 464 curiosos, passantes, interessados, visitantes, turistas acidentais grudados nesta maravilha que vocês lêem agora (desculpem a brincadeira narcisística, estou gozando de mim mesmo).

Os temerários estavam assim distribuidos.
Brasil 397
Portugal 18
EUA 18
Reino Unido 4
Alemanha 4
Angola 4
França 3
Moçambique 2
Argentina 2
Espanha 2
Cote d’Ivoire, Senegal, Israel, Europa (sic), Grécia, Bangladesh, Suíça e Nova Zelândia, 1 cada...

Só ainda não descobri como esse programa consegue distinguir europeus da Europa. Só pode ser geografia de americanos...

Paulo Roberto de Almeida

Nunca antes neste pais...

Não, não é de quem vocês estão pensando que vou falar. Deixemo-lo em paz (ainda que ele poderia ter dito as mesmas coisas com outras palavras, provavelmente piores, e racistas, ainda por cima).
Não, vou falar de outra pessoa, diferente daquela acima sugerida, mas igualmente inacreditável (não tanto quanto...).
Nunca antes neste país um jornalista exerceu com tamanha sem-cerimônia seu direito de ser idiota, "desinformador", mistificador e simplesmente calhorda, como esse que vai abaixo, aliás muito conhecido e citado.
Vejam como eu sou ingênuo: eu pensava que a crise grega era de responsabilidade dos governantes, que tinham vivido durante muito tempo com o dinheiro alheio, aproveitando-se da taxa de juros do euro, mais baixa do que jamais seria a do seu país, que eles tinha escondido as contas públicas, enganado todo mundo -- o BCE, o FMI, os credores e até, vejam vocês, o povo grego -- enfim, que eles eram os únicos responsáveis por sua desgraça.
E agora, graças a esse idiota de jornalista eu descubro que os culpados por essa tragédia grega, a maior desde Ésquilo e Sófocles, são os habituais "piranhas" de Wall Street, os especuladores, os banqueiros gananciosos, os mercados financeiros, enfim, os culpados de sempre.
Como é que eu não fui descobrir isso antes???!!!
Se não fosse esse idiota de jornalista eu nunca teria desconfiado que os governantes gregos foram vilmente enganados por essa malta de traficantes do sistema financeiro internacional.
Como somos ingênuos...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 6 de maio de 2010)

O arrastão financeiro
CLÓVIS ROSSI
Folha de São Paulo, 6 de maio de 2010

LONDRES - Ataque especulativo tornou-se palavra branda demais para descrever o que está acontecendo na Europa. Já é um "arrastão", desses que vira e mexe acontecem nas praias do Rio ou nos condomínios de São Paulo.
A gota de sangue que pingou da Grécia (e ontem pingou literalmente, não figuradamente) despertou o apetite incontrolável das piranhas do mercado financeiro. Não há mais -se é que houve em algum momento- a menor "rationale" para o que está ocorrendo.
É só ler o que um dos operadores de mercado, Juan Luis García Alejo, do Inversis Banco, disse ao jornal espanhol "El País": "É impossível impor a calma nos mercados neste momento. Quando a Grécia não tinha um plano de ajuste, era castigada; quando o aprovou, era muito pequeno; e agora, que o endureceu, os investidores dizem que não acreditam nele".
Não é pequeno o estrago, de que dá prova frase de Angela Merkel, a chanceler alemã, em geral pouco dada a arroubos retóricos: "Estão em jogo o futuro da Alemanha e o futuro da Europa".
Surpreende o arrastão? A mim, nadica de nada. A ganância desenfreada tornou-se o combustível que move uma parte importante do setor financeiro.
O que surpreende é o silêncio de governantes, acadêmicos e até dos bancos não corsários, igualmente vítimas. Anteontem, o Santander sofreu um belo tombo por conta da especulação contra tudo o que cheirasse Espanha, cujo sangue está sendo pedido pelas piranhas.
O que você, Fábio Barbosa, presidente do Santander no Brasil e da Federação de Bancos e eterno pregador da ética nos negócios, tem a dizer?
Essa roleta infernal não gera "benefício social", como disse há dias George Soros, que é campeão mundial de ganhar dinheiro com as falhas do mercado, mas sabe enxergá-las e não se cala.

crossi@uol.com.br

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Puxa vida: ainda bem que temos jornalistas como este, como nunca houve antes neste país, gente que explica tudo direitinho, como nunca antes neste país... (um outro jornalista escreveria: como nunca ouve neste país, o que também serve...).
Vou dormir tranquilo: com gente atenta como ele, o Brasil está a salvo de qualquer ataque especulativo. Ele saberá nos alertar a tempo, antes que as contas do governo ofereçam o espetáculo que se espera delas. Como nunca antes desde Cabral...
PRA.

Um ecologista furioso com o governo - Jose Truda Palazzo Jr.

Lullismo internacional, um desastre ambiental
José Truda Palazzo Jr.
O Eco, 05/05/2010

"O Brasil vem protagonizando uma das exportações mais vergonhosas e danosas de que já se tem notícia na História: a exportação da destruição ambiental orquestrada por uma malta partidária servil ao empresariado retrógrado".

"...uma boçalidade ideológica que setores medievais do Itamaraty esposam: a visão de que medidas internacionais de conservação da Natureza são meras “barreiras não-tarifárias”

Durou pouco, ainda que tenha agregado mais um capítulo exótico à xenofobia ignara que promove o PT encilhado no Estado brasileiro, a mentira de que nosso Einstein de Garanhuns fora eleito pela revista Time como a pessoa mais influente do mundo . Ao fim e ao cabo, se tratava apenas de mais uma dessas listagens múltiplas de “personagens” que jornalistas gringos deslumbrados com o que não conhecem, compilam para encher lingüiça em suas publicações. Assim mesmo, é inegável que o neo-Pai dos Pobres dedicou boa parte de seus mal ganhos mandatos à frente da Presidência do Brasil para projetar uma imagem de suposta liderança internacional, de novo farol a iluminar as nações com sua sabedoria adquirida no pau-de-arara e no chão de fábrica, esses conhecidos ambientes formadores de saber diplomático e geográfico que credenciam ao posto, que se diz por ele almejado, de Secretário-Geral da ONU após seu ocaso como ocupante do Palácio do Planalto .

Esse mesmo deslumbramento raso, superficial da Time também pautou boa parte da reação internacional a Lullão Metralha durante os anos em que, no Exterior, se teciam loas ao ‘pobre torneiro mecânico perseguido pela ditadura’ e seus ideais democráticos e libertários, enquanto aqui se sucediam sob seu tacão tacanho os atropelos à lei e ao direito constitucional ao meio ambiente sadio e equilibrado; enquanto se vendia o país inteiro às empreiteiras parasitas para a construção acelerada de termo e hidrelétricas perdulárias e caríssimas, em detrimento das energias alternativas mais baratas e de geração descentralizada; e enquanto se condenavam todas as cidades do país de médio e grande porte ao caos do trânsito pela opção porcamente eleitoreira de subsidiar a venda de automóveis (para dar força às corporações automotivas e ao sindicalismo pelego do ABC paulista, berço histórico do que há de pior no petismo anti-ambiental) ao invés de aprimorar o transporte público. Nada disso viu a imprensa internacional, ofuscada pelo exotismo lullesco.

Felizmente, esse verniz de fábula acabaria por ser rachado pelos fatos. Primeiro, pela ausência efetiva de uma diplomacia digna do Itamaraty de Rio Branco e sua escola de renome internacional. Preferiu o neo-Pai dos Pobres cercar-se de nulidades truculentas como Marco Aurélio ‘Top Top’ Garcia, cujo conhecimento para ser “aceçor internassionáu” do Planalto se reduz a pouco mais do que o preço do charuto cubano e o gargarejo de afagos em portunhol a Hugo Chavez, e como esse lamentável arremedo de ministro de Relações Exteriores Celso Amorim, cujo servilismo ao atraque ideológico sobre as relações do Brasil com o resto do mundo deveria aterrissá-lo numa penitenciária, fosse este um país efetivamente sério. Juntos, o duo lullesco de Relações Exteriores vem protagonizando uma das exportações mais vergonhosas e danosas de que já se tem notícia na História: a exportação da destruição ambiental e sua ideologia legitimadora, feita em nome do governo brasileiro, mas orquestrada de fato por uma malta partidária servil ao empresariado retrógrado que domina as relações políticas nesse pobre país.

Senão vejamos. Este espaço é pequeno demais para listar os tropeços e crimes da “diplomacia” amadorista e ideologicamente prostituída da dobradinha Amorim e Top Top, mas alguns casos merecem destaque por seus desdobramentos ambientais.

O Haiti, pelo perfil, pelo custo ao Brasil e pela escabrosa desgraça de seus habitantes, é o caso mais flagrante de irresponsabilidade ambiental de nossa diplomacia. Ávidos pela projeção de estacionar uma “tropa de paz” naquele pobríssimo e devastado (social e ambientalmente) país, tentando utilizar isso para cacifar a miragem de um assento para Pindorama no Conselho de Segurança da ONU , lá estamos há anos com nosso Exército, reduzido a polícia de favelas, enquanto o que aquele país precisa de verdade é reconstrução. Não a reconstrução de facilitar a vida de empreiteiras, mas restauração ambiental que permita aos haitianos um mínimo de retomada de sua sociedade, de recomposição de sua agricultura, a qual necessita urgentemente do resgate de suas bacias hidrográficas. O Brasil que o Haiti necessita não é só o das baionetas, mas principalmente o das tecnologias e dos recursos para a recomposição ambiental, o que só não se leva àquele país porque plantar árvore, recuperar córregos, investir em agricultura familiar não engorda empreiteira nem aparece para os cartolas do Conselho de Segurança na estreita mentalidade dos ocupantes atuais do Planalto.

Segue-se na lista de intervenções desastradas a pataquada de Honduras. Um pequeno país da América Central que teria muito a ganhar de parcerias ambientais com o Brasil, e que vinha investindo em conservar sua biodiversidade , foi transformado em refém da trapalhada lullesca de oferecer, com o dinheiro de meu imposto, palanque grátis em nossa Embaixada ao golpista demagogo Manuel Zelaya, ajudando assim a paralisar a economia hondurenha e a dificultar a continuidade do fluxo de assistência, inclusive ambiental, para o país. Como o tema ambiental jamais faz parte das equações dos Maquiavéis-em-compota de nosso des-governo, lá está Honduras agora à míngua em suas necessidades de cooperação ambiental, enquanto nosso Einstein de Garanhuns, à falta do que fazer para cuidar do Brasil em ruína social e ambiental sob seu tacão tacanho, segue fazendo agressões apopléticas a Honduras , sem razão, sem noção e em detrimento da conservação da biodiversidade centro-americana. Pândega criminosa, mais uma vez motivada pela ignorância que rege a ideologia bufa a unir os caudilhos desse combalido continente.

A atuação do Brasil nos tratados internacionais de meio ambiente é outro escândalo que os ambientalistas chapa-branca, mansinhos e freqüentadores dos gabinetes palacianos, fingem não ver. O Brasil está se tornando motivo de chacota internacional por sua atuação servil aos interesses das máfias do tráfico de fauna, da pesca industrial indiscriminada e da devastação da biodiversidade, já seja por ação ou inação nos foros internacionais que correspondem. Na Convenção CITES, que trata (ou deveria tratar) da proteção de espécies ameaçadas contra o comércio internacional, o Brasil fez-se de morto na última reunião Plenária e não usou de sua decantada liderança para fazer aprovar medidas de proteção a espécies marinhas, tendo atuação absolutamente pífia, mera sombra do que foi em outras décadas quando nossa representação liderava os esforços pela proteção efetiva de espécies ameaçadas contra as máfias do tráfico.

Na ICCAT, Convenção para a Conservação do Atum Atlântico, que ser reuniu no Brasil em fins de 2009, a representação brasileira fez apenas jogo de cena sobre seu interesse em proteger as espécies capturadas ’acidentalmente’ por essa pesca predatória – tartarugas-marinhas, tubarões, albatrozes, todos ameaçadíssimos – mas não apenas não tomou qualquer medida efetiva para a adoção das medidas de mitigação necessárias, como ainda, através do Presidente brasileiro da Comissão, Fábio Hazin, que tem interesse diretos na pesca industrial, ajudou a manter aberta a matança do atum-vermelho , espécie ameaçadíssima e que se encontra em violento declínio graças à mineração da máfia da pesca industrial com a qual nosso atual des-governo colabora. Aliás, nesta reunião ficou claro que o Ministério do Meio Ambiente não manda mais nada nas políticas internacionais brasileiras que importam, estando tudo à mercê da histeria produtivista criminosa do Ministério da Pesca, cabidão lullesco de onde subsídios bilionários ajudam a estuprar o que resta do mar brasileiro e, via ICCAT e outros tratados pesqueiros onde nos mal representamos, do resto dos oceanos do mundo.

A Convenção da Diversidade Biológica é outro caso de miopia diplomático-ideológica. A representação do Brasil àquela Convenção que deveria zelar pela proteção da biodiversidade só se interessa por patentes, repartição de benefícios, e por evitar que se adotem medidas efetivas de obrigação de países criminosamente aniquiladores da biodiversidade, como o Brasil, para melhorar suas práticas. É assim que, ao invés de cumprir as metas de criação de áreas protegidas e defender a adoção de mecanismos vinculantes para a proteção da biodiversidade, nossos representantes vão lá para evitar que tais medidas aconteçam. Isso é reflexo direto de uma boçalidade ideológica que setores medievais do Itamaraty esposam: a visão de que medidas internacionais de conservação da Natureza são meras “barreiras não-tarifárias” a impedir o comércio de produtos brasileiros e, portanto, devem ser combatidas a qualquer custo. Os fósseis que defendem isso na diplomacia brasileira estão pouco se lixando para a biodiversidade, e acham que o Itamaraty é mera sucursal do empresariado exportador, de onde põem nossos impostos e nossa representação a serviço meramente de “aumentar o comércio”. Desnecessário dizer que essa mentalidade boçal encontrou eco e apoio em Top Top Garcia e seu iletrado chefe para dominar, de vez, a forma de ver a conservação da Natureza em nosso meio de Relações Exteriores.

Não vou sequer mencionar novamente as negociações de mudanças climáticas – é só ver o fiasco das posições brasileiras a respeito. Enquanto se esconde atrás do vozerio ignaro do Brasil contra as metas obrigatórias de redução das emissões de carbono, a China se prepara para em cinco anos se tornar o centro global de produção de insumos para energias renováveis não-poluentes, enquanto aqui só se fala em petróleo e carvão, bem ao gosto dos empreiteiros que bancam o PT e da Petrobras que banca Dilma para candidata a síndica desse condomínio do atraso em que ela ajudou a transformar o Brasil.

Salva-se, por enquanto, a participação do Brasil na Comissão Internacional da Baleia, graças à algo solitária clarividência do diplomata que lá nos representa, resistindo bravamente aos apelos de gente do próprio MMA por “negociar com o Japão” para reabrir a matança comercial de baleias em troca de espelhinhos e miçangas que vem sendo oferecidos para que os países voltem a endossar a matança dos grandes cetáceos. Aqui, por sorte, o MRE honra uma história de construção de uma política pró-conservação que o lullismo conseguiu por no lixo em todos os outros tratados de meio ambiente no qual o Brasil tem assento, mas neste – ainda - não.

Por fim, nosso des-governo vem promovendo, de maneira sórdida e criminosa, a exportação de seu modelo de servilismo às empreiteiras para países pobres da região, empurrando hidrelétricas destruidoras de florestas tropicais à Guiana e ao Equador, depois levando ainda por cima calotes homéricos que estouram em nosso bolso , e por aí vai, com as mesmas empreiteiras de sempre, aquelas das contribuições à próxima campanha presidencial como na anterior , ganhando suas boquinhas empurradas pela “diplomacia” paga com nosso dinheiro. É o lullismo internacional, devastador e boçal, fazendo escola junto a outros governos inconseqüentes da América latrina de sua visão escatologicamente atrasada e predatória.

Até quando? Provavelmente até o final do mal ganho mandato do Einstein de Garanhuns, mas por sorte uma parte da comunidade internacional, alarmada pela fraternidade que ele exibe aos piores ditadores fascistas e liberticidas – logo, também inimigos da conservação da Natureza, cuja defesa exige livre expressão do pensamento pelos cidadãos conscientes. Beijar Hugo Chavez, aplaudir Raúl e Fidel, e fazer-se de bedel de Ahmadinejad já resulta em que a comunidade internacional veja o verdadeiro Lulla por trás da maquiagem . Some-se a isso o escândalo da devastadora e genocida Belo Monte, e sua péssima repercussão internacional para a imagem do país , e poderemos, felizmente, comemorar que a desgraça que acometeu o Brasil nesses oito anos não se repetirá elegendo-se um tarado anti-Natureza para Secretário-Geral da ONU. Tenho fé.

José Truda Palazzo Jr. é jardineiro e indignado. Email: palazzo@terra.com.br

A falencia da ajuda ao desenvolvimento - Paulo R Almeida

Ainda um trabalho mais recente publicado:

2138. “A falência da assistência oficial ao desenvolvimento
Shanghai, 3 maio 2010, 5 p. Sobre o fracasso da cooperação e assistência financeira externa, adaptado do trabalho n. 2076.
Portal de Economia do IG (03.05.2010). Relação de Publicados n. 965.

Elogio à Burguesia - Paulo R de Almeida

Um trabalho publicado mais recente, em versão revista e ampliada sobre versão anterior:

2127. “Elogio da burguesia (com uma deixa para a aristocracia também)
Em vôo Lisboa-Roma, 26/03/2010; Firenze, 27.10.2010; Perugia, 28-29.10.2010; 8 p. Considerações sobre as elites culturais e a cultura popularesca.Revisto e ampliado em Xian e Shanghai, 21-25.04.2010, 12 p.
Espaço Acadêmico (ano 10, n. 108, maio 2010, p. 51-60). Relação de Publicados n. 960.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Homenagem ao maior frade de todos os tempos

Devemos todos prestar homenagem a este homem da Igreja que simplesmente revolucionou o mundo empresarial e o cálculo econômico, ao inventar a contabilidade de dupla entrada.
Uma invenção muito simples, mas absolutamente genial.
Pena que nem todos os políticos tenham tomado conhecimento de que existe essa coisa chamada contabilidade (ou seja, você não pode lançar uma despesa, sem que você tenha um crédito, ou saldos aprovisionados; da mesma forma você não pode fazer um investimento sem lançar aquilo como despesa). Tudo muito simples, e no entanto, aparentemente ignorado por tanta gente, sobretudo aqueles que acham que dinheiro nasce em árvores...
Paulo Roberto de Almeida

History of Double Entry Bookkeeping

Statue of LUCA PACIOLI Sansepolcro. 1995 erected by: "I concittadini e Le Scuole de Ragioneria in Jappone".

Photo credit: Instituut Pacioli drs. A. J. van der Helm and drs. Johanna Postma

Pacioli - "Father of Accounting" ?


"Luca Pacioli was one of the greatest men of the Renaissance. He is also one of the least well known. This is surprising, for Luca Pacioli's manuscripts and ideas changed the way the world worked then, and continue to affect modern daily life.

"Luca Pacioli was born in Borgo San Sepulcro, in Tuscany. He was probably born during 1445. He belonged, being the son of Bartholomeus Pacioli to a middle-class family. His first teacher was no less a person than the painter Piero della Francesca, who, typically for Italian Humanism, masterly connected mathematics, science and art. Pacioli joined a Franciscan monastery in Sansepulcro and became an apprentice to "a wealthy Venetian businessman, Antonio de Rompiaso. Together with Rampiaso's sons, he attended the lectures of the mathematician Domenico Bragadino in Scuolo di Rialto, a school of great importance for the history of Aristolelianism" (Lauwers and Willekens).

"Pacioli befriended the artist Piero della Francesca, one of the first and greatest writers and artists of perspective. Francesca and Pacioli journeyed over the Appenines, where Francesca gave Pacioli access to the library of Frederico, the Count of Urbino. The collection of four thousand books allowed Pacioli to further his knowledge of mathematics.

"Francesca also introduced Pacioli to Leon Baptist Alberti, who would become Pacioli's new mentor. Alberti brought Pacioli to Venice and arranged for him to tutor the three sons of the rich merchant Antonio de Reimpose. During this time, in the year 1470, Pacioli wrote his first manuscript at the age of twenty-five. The book was about algebra and was dedicated to the Reimpose boys.

"Alberti also introduced Pacioli to Pope Paul II. Paul encouraged Pacioli to become a monk and dedicate his life to God. After Alberti died in 1472, Pacioli took the pope's suggestion, and took the vows of Franciscan Minor.

"In 1475, Pacioli became a teacher at the University of Perugia, where he stayed for six years. He was the first lecturer to hold a chair in mathematics at the University. In his lectures, Pacioli stressed the importance of putting theory to practical use. This emphasis on application of theory made him unique among his peers. While at the University of Perugia, Pacioli wrote his second manuscript, dedicated to the "Youth of Perugia."

"After 1481, Pacioli wandered throughout Italy, and in some areas outside it, until he was called back to the University of Perugia by the Franciscans in 1486. By this time, Pacioli was beginning to call himself "Magister," meaning master, the equivalent of a full professorship in modern time.

"The year 1494 is the only date during Pacioli's life that is absolutely certain. It was during this year that the forty-nine-year-old Pacioli published his famous book Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita (The Collected Knowledge of Arithmetic, Geometry, Proportion and Proportionality). Pacioli wrote the Summa in an attempt to redress the poor state of mathematics teaching in his time. One section in the book made Pacioli famous. The section was Particularis de Computis et Scripturis, a treatise on accounting. De Scripturis was later described by some as "a catalyst that launched the past into the future." (Luca Pacioli: Unsung Hero of the Renaissance) Pacioli was the first person to describe double-entry accounting, also known as the Venetian method. This new system was state-of- the-art, and revolutionized economy and business. The Summa made Pacioli a celebrity and insured him a place in history, as "The Father of Accounting." The Summa was the most widely read mathematical work in all of Italy, and became one of the first books published on the Gutenberg press.

"Pacioli's important manuscript made him instantly famous, and he was invited to Milan to teach mathematics at the Court of Duke Lodovico Maria Sforzo in Milan. One of his pupils would be Leonardo da Vinci. During the seven years Pacioli and da Vinci spent together, the two would help each other create two masterpieces that would withstand the test of time. Da Vinci illustrated Pacioli's next and second most important manuscript De Divina Proportione ("Of Divine Proportions"). Pacioli taught da Vinci perspective and proportionality. This knowledge allowed da Vinci to create one of his greatest masterpieces, a mural on the north wall of the Santa Maria de Gracia Dominican cloister. This mural is the most famous painting of the fifteenth century, known as "The Last Supper." The geometry Pacioli taught to da Vinci would occur in many of da Vinci's later works. Da Vinci mentions Pacioli many times in his notes.

"In the years that followed Pacioli's relationship with da Vinci, he continued to teach and write. In 1509, De Divina Proportione and a work on Euclid were published in Venice. In the same year, Pacioli gave an important lecture on "Proportion and Proportionality," a lecture that emphasized the relationship of proportion to religion, medicine, law, architecture, grammar, printing, sculpture, music and all the liberal arts.

"In 1510, Pacioli was appointed director of the Franciscan monastery in Sansepulcro, much to the dismay of his fellow monks. In 1514, Pope Leo III called Pacioli to the papacy in Rome to become a teacher there. Scholars are unsure about what happened to Pacioli afterwards, but they are fairly certain that he never made it to Rome. Pacioli probably died on June 19, 1517 in the monastery in Sansepulcro." - Paul M. Goldwater, Ph.D.

"Perhaps the best proof that Pacioli's work was considered potentially significant even at the time of publication was the very fact that it was printed on November 10, 1494. Guttenberg had just a quarter-century earlier invented metal type, and it was still an extremely expensive proposition to print a book.

"The trial balance (summa summarium) is the end of Pacioli's accounting cycle. Debit amounts from the old ledger are listed on the left side of the balance sheet and credits on the right. The the two totals equal, the old ledger is considered balanced. If not, says Pacioli, that would indicate a mistake in your Ledger, which mistake you will have to look for diligently with the industry and intelligence God gave you." - Canham Rogers (Note 1)

"Among the many translations and adaptations of De Computis was a work by Domenico Manzoni, a native of Oderzo, published in 1540 and entitled Quaderno doppio col suo giornale ... : ``The Double Ledger with its Journal, newly composed and organized with extreme care, following the custom of Venice.'' I used a modern reprinting of the Quaderno, in Opere Antiche di Ragioneria, Milan 1911.

"The Quaderno is a textbook, and, as far as I can tell, the first book to use a realistic, fully worked out example to explain how double-entry bookkeeping works, an expository technique still used today. Manzoni leads us through a year in the life and fortunes of a Venetian merchant, one Alvise Vallaresso. We learn a lot about Alvise, because Manzoni's exposition begins with a complete inventory of the man's belongings and possessions as they were on the first of March 1540, and continues day by day tracking every lira of income and every soldo, grosso, and picciolo of expenses of his business (and of his household; the accounts were not kept separate) until the last day of February of the next year.

* "A note on currency. Merchants in Venice used a system of lire, soldi, grossi, piccioli akin to the pounds, shillings and pence recently abandoned in Britain: 32 piccioli make one grosso, 12 grossi make one soldo, and 20 soldi make a lira. Thus a lira was a substantial amount of money; a rough equivalent might be $1000 in today's currency. Another denomination is the ducato, which is 2 soldi or 24 grossi, like the old British florin. Prices are usually quoted in ducati and grossi; while the books are kept in lire, soldi, grossi, and piccioli.
On our rough scale a ducato is $100, a tenth of a lira. Even though translating this currency into dollars may be meaningless, it does give an easily grasped and accurate impression of relative costs.

* "A note on language. The Quaderno is written in Italian, but contains many words in their Venetian pronunciation (staro for staio, feze for fece, etc.) and in addition many words peculiar to Venetian. My reference for these words has been the Dizionario del Dialetto Veneziano by Giuseppe Boerio (Venice, 1856). In particular Boerio gives modern equivalents of the measures miro and bigonzo. For the translation of carisee and zambelotti I am indebted to Luca Molà of Warwick University, an expert on the Venetian textile trade. Thanks also to my colleague Lori Repetti for help with these questions."

"In this column we will let Domenico Manzoni teach us double-entry bookkeeping as we follow Alvise Vallaresso through a busy and tumultuous year in 16th-century Venice." - AMS Tony Phillips, Stony Brook

_____________________
Note 1: All quotes from L. Pacioli, Summa de arithmetica. Chapter: Particularis de computis et scripturis, Venecia (1494). Translation e.g. John Bart Geijsbeek (1914), reprinted in: Ancient double-entry bookkeeping, Scholars Book Co, Houston, Texas, USA (1974)

Pacioli's "Summa" has been reprinted by the Pacioli Society, Albers School of Business, Seattle University, 900 Broadway, Seattle, WA 98122-4338 (206) 296-5723

Juxstaposition: Sy, Aida and Tony Tinker Bury Pacioli in Africa: A Bookkeeper's Reification of Accountancy. Blackwell Publishing. Abacus Volume 42 Issue 1, Page 105 - March 2006

Sources:
Paul M. Goldwater, Ph.D. - University of Central Florida | Canham Rogers, Chartered Accountants and Management Consultants, Toronto | AMS.org American Mathematical Society: "The Romance of Double-Entry Bookkeeping" | L. Lauwers and M. Willekens Tijdschrift voor Economie en Management, Vol. XXXIX, 3, 1994. "Five Hundred Years of Bookkeeping. A Portrait of Luca Pacioli"

A caminho da Bandabras, ou Largobras, whatever...

Confirmando as piores expectativas daquela parte da cidadania que ainda pensa com a cabeça no lugar, o governo pretende criar, recriar, reativar (whatever) mais uma estatal, ele que já criou mais de 40 (talvez mais) nos últimos anos.
Supostamente, a nova companhia vai oferecer conexões a "preços módicos", ou seja, uma forma de fazer demagogia (sempre com o nosso dinheiro, claro).

Abaixo a matéria que confirma essas piores intenções, com este meu único comentário: vai custar caro, e vai pesar no seu bolso, caro contribuinte, mesmo que você não perceba e não se dê conta de nada, pois nesta terra de Vera Cruz (que era o seu nome, até ser descoberta pelo Nosso Guia) todos os impostos estão escondidos...

Telebrás confirma participação no Plano Nacional de Banda Larga
Do Portal G1, 5.05.2010:

A Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás) informou em comunicado nesta terça-feira (4) que “integrará o Programa Nacional de Banda Larga - PNBL”, de acordo com “decisão governamental, informada pelo Ministério das Comunicações”. Na prática, o anúncio significa a decisão do governo de reativar a estatal.
Ainda segundo o comunicado, a Telebrás ficará responsável por “implementar a rede privativa de comunicação da Administração Pública Federal; prestar apoio e suporte a políticas públicas de conexão à internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa, escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros comunitários e outros pontos de interesse público; prover infraestrutura e redes de suporte a serviços de telecomunicações prestados por empresas privadas, Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades sem fins lucrativos; e prestar serviço de conexão à internet em banda larga para usuários finais, apenas e tão somente em localidades onde inexista oferta adequada daqueles serviços”.

A ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, havia marcado para as 18 horas desta terça-feira uma reunião com outros ministros para discutir o PNBL. A expectativa é de que o plano seja oficialmente anunciado na quarta-feira (5) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Plano Nacional de Banda Larga está sendo discutido no governo desde meados do ano passado. No final de 2009, o presidente Lula solicitou estudos mais detalhados para avaliar quanto custaria ao governo montar uma estatal para atender também ao consumidor final, com o objetivo de baixar o preço da banda larga.

Estimativas da Casa Civil apontam para um custo total do projeto de até R$ 15 bilhões, entre recursos próprios de prestadoras e de financiamentos públicos. Mas o formato do programa ainda não foi definido.

Em novembro do ano passado, o Ministério das Comunicações apresentou um programa para ser executado pelas teles, com financiamento privado e público, através de desoneração tributária e uso de recursos de fundos setoriais retidos nos cofres do Tesouro.

A meta do PNBL é chegar a 2014 com 90 milhões de acessos à internet em alta velocidade.

No início de abril, a Oi apresentou ao governo um plano de expansão da banda larga no país em que a empresa ofereceria serviços de internet rápida a preços que podem variar de R$ 15 a R$ 35 - mesmos valores sugeridos pelo governo federal.

Dias depois, a Casa Civil se manifestou, dizendo que a Telebrás deveria ser a “espinha dorsal” do PNBL, enquanto empresas privadas de telefonia deveriam atuar de forma complementar.

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Quem quiser apostar comigo quanto ao cumprimento das metas do governo -- "A meta do PNBL é chegar a 2014 com 90 milhões de acessos à internet em alta velocidade" -- eu continuo colocando em jogo a minha coleção completa das obras do Lênin, uma oferta imperdível...

A Igreja em que pagando, tudo se perdoa, até assassinatos...

Calma, não é dessa Igreja que vocês conhecem, que estou falando, a tal que pratica a teologia da prosperidade: pagou, levou (ou seja, contribuiu, levou uma promessinha para casa, antecipando a riqueza próxima, o emprego, a casa própria, o carro, ou qualquer outra coisa).
Não, estou falando mesmo da Igreja Católica, especialista na venda de indulgências. Certo, certo, depois que Lutero se revoltou contra esse tipo de prática, quase quinhentos anos atrás, a Igreja resolveu reformar suas tabelas, ou melhor, abolir o horrível recurso ao pagamento de multas (a ela mesma, quem mais poderia ser?) para ser redimido de estupro, adultério, incesto, sodomia, pedofilia, zoofilia, e até assassinatos de padres e da própria mulher. Pagou, levou...
OK, isso acabou, mas se a Igreja pudesse pagar um pouquinho, hoje, para que esqueçam todos esses casos escabrosos que estão vindo atualmente à tona, talvez ela decidisse pagar. O pior é que ela já está pagando, mas os casos seguem aparecendo, numa corrente sem fim.

Em todo caso, para melhorar o conhecimento histórico de todos e cada um, transcrevo aqui a lista das indulgências e seus respectivos valores, tal como posta na página do jornalista (judeu, mas isso não tem nada a ver) Carlos Brickmann:

[ALERTA: um leitor atento, recolhido nos Comentários, me avisa que esse documento é falso, como aliás eu alertava que poderia ser no meu acréscimo final, depois da lista. Em todo caso, transcrevo tambem, a nota da Wikipedia que discute a questão.]

Taxa de venda de indulgências pelo papa Leão X (1517)
Brickmann e Associados Comunicação, site www.brickmann.com.br
30/04/2010 13:15

Obs.: A libra, ou lira, usada nos domínios papais da época, equivaleria hoje, grosseiramente, a algo como mil dólares, pouco menos de dois mil reais. Uma libra, ou lira, se divide em 240 soldos.
Fonte: IICPA - International Institute of Certified Public Accountants

A Taxa Camarae é um tarifário promulgado, em 1517, pelo papa Leão X (1513-1521) destinado a vender indulgências, ou seja, o perdão dos pecados.

Todos os delitos poderiam ser perdoados em troca do pagamento das taxas. Leão X declarou aberto o céu para todos aqueles, fossem clérigos ou leigos, que tivessem cometido crimes, desde que se manifestassem generosos com os cofres papais.

São 35 artigos:

1. O eclesiástico que cometa o pecado da carne, seja com freiras, seja com primas, sobrinhas ou afilhadas suas, seja, por fim, com outra mulher qualquer, será absolvido, mediante o pagamento de 67 libras e 12 soldos.

2. Se o eclesiástico, além do pecado de fornicação, quiser ser absolvido do pecado contra a natureza ou de bestialidade, deve pagar 219 libras e 15 soldos. Mas se tiver apenas cometido pecado contra a natureza com meninos ou com animais, e não com mulheres, pagará 131 libras e 15 soldos.

3. O sacerdote que deflorar uma virgem pagará 2 libras e 8 soldos.

4. A religiosa que quiser alcançar a dignidade de abadessa depois de se ter entregue a um ou mais homens, simultânea ou sucessivamente, quer dentro, quer fora do seu convento, pagará 131 libras e 15 soldos.

5. Os sacerdotes que quiserem viver maritalmente com parentes pagarão 76 libras e 1 soldo.

6. Para todos os pecados de luxúria cometido por um leigo, a absolvição custará 27 libras e 1 soldo; no caso de incesto, acrescentar-se-ão 4 libras.

7. A mulher adúltera que queira ser absolvida para estar livre de todo e qualquer processo e obter uma ampla dispensa para prosseguir as suas relações ilícitas pagará 87 libras e 3 soldos. Em idêntica situação, o marido pagará a mesma soma; se tiverem cometido incesto com seus filhos acrescentarão 6 libras.

8. A absolvição e a certeza de não serem perseguidos por crimes de rapina, roubo ou incêndio, custará aos culpados 131 libras e 7 soldos.

9. A absolvição de um simples assassínio cometido na pessoa de um leigo é fixada em 15 libras, 4 soldos e 3 dinheiros.

10. Se o assassino tiver morto dois ou mais homens no mesmo dia, pagará como se tivesse apenas assassinado um.

11. O marido que tiver maltratado sua mulher pagará 3 libras e 4 soldos; se a tiver morto, 17 libras e 15 soldos; se o tiver feito com a intenção de casar com outra, pagará um suplemento de 32 libras e 9 soldos. Se o marido tiver tido ajuda para cometer o crime, cada um dos seus ajudantes será absolvido mediante o pagamento de 2 libras.

12. Quem afogar seu próprio filho pagará 17 libras e 15 soldos; caso matem o próprio filho, por mútuo consentimento, o pai e a mãe pagarão 27 libras e 1 soldo pela absolvição.

13. A mulher que destruir o filho que traz nas entranhas, assim como o pai que tiver contribuído para a perpetração do crime, pagarão cada um 17 libras e 15 soldos. Quem facilitar o aborto de uma criatura que não seja seu filho pagará menos 1 libra.

14. Pelo assassinato de um irmão, de uma irmã, de uma mãe ou de um pai, pagar-se-á 17 libras e 5 soldos.

15. Quem matar um bispo ou um prelado de hierarquia superior terá de pagar 131 libras, 14 soldos e 6 dinheiros.

16. O assassino que tiver morto mais de um sacerdote, sem ser de uma só vez, pagará 137 libras e 6 soldos pelo primeiro, e metade pelos restantes.

17. O bispo ou abade que cometa homicídio por emboscada, por acidente ou por necessidade, pagará 179 libras e 14 soldos.

18. Quem quiser comprar antecipadamente a absolvição, por todo e qualquer homicídio acidental que venha a cometer no futuro, terá de pagar 168 libras e 15 soldos.

19. O herege que se converta pagará pela sua absolvição 269 libras. O filho de um herege queimado, enforcado ou de qualquer outro modo justiçado, só poderá reabilitar-se mediante o pagamento de 218 libras, 16 soldos e 9 dinheiros.

20. O eclesiástico que, não podendo saldar as suas dívidas, não quiser ver-se processado pelos seus credores, entregará ao pontífice 17 libras, 8 soldos e 6 dinheiros, e a dívida ser-lhe-á perdoada.

21. A licença para instalar pontos de venda de vários géneros, sob o pórtico das igrejas, será concedida mediante o pagamento de 45 libras, 19 soldos e 3 dinheiros.

22. O delito de contrabando e as fraudes relativas aos direitos do príncipe custarão 87 libras e 3 dinheiros.

23. A cidade que quiser obter para os seus habitantes ou para os seus sacerdotes, frades ou monjas autorização de comer carne e lacticínios nas épocas em que está vedado fazê-lo pagará 781 libras e 10 soldos.

24. O convento que quiser mudar de regra e viver com menos abstinência do que a que estava prescrita pagará 146 libras e 5 soldos.

25. O frade que para sua maior conveniência, ou gosto, quiser passar a vida numa ermida com uma mulher, pagará 45 libras e 19 soldos.

26. O apóstata vagabundo que quiser viver sem travas pagará o mesmo montante pela absolvição.

27. O mesmo montante terá de pagar o religioso, regular ou secular, que pretenda viajar vestido de leigo.

28. O filho bastardo de um prior, que queira herdar a cura de seu pai, terá de pagar 27 libras e 1 soldo.

29. O bastardo que pretenda receber ordens sacras e usufruir de benefícios pagará 15 libras, 18 soldos e 6 dinheiros.

30. O filho de pais incógnitos que pretenda entrar nas ordens pagará 27 libras e 1 soldo.

31. Os leigos com defeitos físicos ou disformes, que pretendam receber ordens sacras e usufruir de benefícios, pagarão 58 libras e 2 soldos.

32. Igual soma pagará o cego da vista direita, mas o cego da vista esquerda pagará 10 libras e 7 soldos. Os vesgos pagarão 45 libras e 3 soldos.

33. Os eunucos que quiserem entrar nas ordens pagarão 310 libras e 15 soldos.

34. Quem por simonia quiser adquirir um ou mais benefícios deve dirigir-se aos tesoureiros do Papa que lhos venderão por um preço moderado.

35. Quem, por ter quebrado um juramento, quiser evitar qualquer perseguição e ver-se livre de qualquer marca de infâmia, pagará 131 libras e 15 soldos. Pagará ainda por cada um dos seus fiadores a quantia de 3 libras.

Fonte: Pepe Rodríguez (1997). Mentiras fundamentais da Igreja católica.
Terramar - Editores, Distribuidores e Livreiros
(1.ª edição portuguesa, Terramar, Outubro de 2001 - Anexo, pp. 345-348)

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Concluindo esta pouco edificante postagem sobre a conivência da criminalidade com o salvamento financeiro da Igreja, cabe registrar que são duas as fontes indicadas, uma um site internacional, outra um livro sobre as mentiras da Igreja Católica. Pode-se acreditar numa lista que trata de mentiras?


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Segue agora a matéria completa da Wikipedia italiana:

Taxa camarae
Da Wikipedia, l'enciclopedia libera.
link


La Taxa Camarae o Taxa Camerae sarebbe un elenco tariffario risalente al 1517 e dovuto a papa Leone X, redatto allo scopo di vendere assoluzioni sacramentali per peccati gravi già commessi o da commettersi in futuro. Il documento è stato e viene tuttora diffuso in seguito alla sua pubblicazione in calce al libro anticlericale dello spagnolo Pepe Rodríguez, intitolato Mentiras Fundamentales de la Iglesia Católica (tradotto in italiano: Verità e menzogne della Chiesa cattolica). Per gli storici questo documento è senza dubbio un falso.
Indice
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* 1 Il testo
* 2 Discussione intorno alla veridicità dell'elenco
* 3 Probabile modello su cui il falso è stato costruito
* 4 Note
* 5 Bibliografia
* 6 Collegamenti esterni

Il testo [modifica]

Ecco la traduzione italiana dei 35 articoli di cui il documento sarebbe composto:

1. L'ecclesiastico che incorresse in peccato carnale, sia con suore, sia con cugine, nipoti o figliocce, sia, infine, con un'altra qualsiasi donna, sarà assolto, mediante il pagamento di 67 libbre, 12 soldi.

2. Se l'ecclesiastico, oltre al peccato di fornicazione chiedesse d'essere assolto dal peccato contro natura o di bestialità, dovrà pagare 219 libbre, 15 soldi. Ma se avesse commesso peccato contro natura con bambini o bestie e non con una donna, pagherà solamente 131 libbre, 15 soldi.

3. Il sacerdote che deflorasse una vergine, pagherà 2 libbre, 8 soldi.

4. La religiosa che ambisse la dignità di abbadessa dopo essersi data a uno o più uomini simultaneamente o successivamente, all'interno o fuori del convento, pagherà 131 libre, 15 soldi.

5. I sacerdoti che volessero vivere in concubinato con i loro parenti, pagheranno 76 libbre, 1 soldo.

6. Per ogni peccato di lussuria commesso da un laico, l'assoluzione costerà 27 libbre, 1 soldo; per gli incesti si aggiungerà a coscienza 4 libbre.

7. La donna adultera che chieda l'assoluzione per restare libera da ogni processo e avere ampie dispense per proseguire i propri rapporti illeciti, pagherà al Papa 87 libbre, 3 soldi. In un caso analogo, il marito pagherà uguale somma; se avessero commesso incesto con i propri figli aggiungeranno a coscienza 6 libbre.

8. L'assoluzione e la sicurezza di non essere perseguiti per i crimini di rapina, furto o incendio, costerà ai colpevoli 131 libbre, 7 soldi.

9. L'assoluzione dell'assassinio semplice commesso sulla persona di un laico si stabilisce in 15 libbre, 4 soldi, 3 denari.

10. Se l'assassino avesse dato la morte a due o più uomini in uno stesso giorno, pagherà come se ne avesse assassinato uno solo.

11. Il marito che infliggesse maltrattamenti a sua moglie, pagherà alle casse della cancelleria 3 libbre, 4 soldi; se fosse uccisa, pagherà 17 libbre, 15 soldi, e se le avesse dato morte per sposarsi con un'altra, pagherà, inoltre, 32 libbre, 9 soldi. Coloro che avessero aiutato il marito a perpetrare il crimine saranno assolti mediante il pagamento di 2 libbre a testa.

12. Chi affogasse suo figlio, pagherà 17 libbre, 15 soldi (o sia 2 libbre in più che per uccidere uno sconosciuto), e se a uccidere fossero il padre e la madre di comune accordo, pagheranno 27 libbre, 1 soldo per l'assoluzione.

13. La donna che distruggesse il figlio che porta nel suo ventre, e il padre che avesse contribuito alla realizzazione del crimine, pagheranno 17 libbre, 15 soldi ognuno. Colui che facilitasse l'aborto di una creatura che non fosse suo figlio, pagherà 1 libbra di meno.

14. Per l'assassinio di un fratello, una sorella, una madre o un padre, si pagherà 17 libbre, 5 soldi.

15. Colui che uccidesse un vescovo o un prelato di gerarchia superiore, pagherà 131 libbre, 14 soldi, 6 denari.

16. Se l'assassino avesse dato morte a più sacerdoti in varie occasioni, pagherà 137 libbre, 6 soldi, per la prima uccisione, e la metà per quelle successive.

17. Il vescovo o abate che commettesse omicidio per imboscata, incidente o per necessità, pagherà, per raggiungere l'assoluzione, 179 libbre, 14 soldi.

18. Colui che in anticipo volesse comperare l'assoluzione di ogni omicidio incidentale che potesse perpetrare in futuro, pagherà 168 libbre, 15 soldi.

19. L'eretico che si convertisse, pagherà per l'assoluzione 269 libbre. Il figlio dell'eretico arso, impiccato o giustiziato in qualsiasi altra forma potrà essere riabilitato solo mediante il pagamento di 218 libbre, 16 soldi, 9 denari.

20. L'ecclesiastico che non potendo pagare i propri debiti volesse liberarsi dall'essere processato dai creditori, consegnerà al Pontefice 17 libbre, 8 soldi, 6 denari, e gli sarà perdonato il debito.

21. Sarà concessa la licenza per installare posti di vendita di vari generi sotto i portici delle chiese, sarà concesso mediante il pagamento di 45 libbre, 19 soldi, 3 denari.

22. Il delitto di contrabbando e frode ai diritti del principe costerà 87 libbre, 3 denari.

23. La città che ambisse per i suoi abitanti o per i suoi sacerdoti, frati o monache, la licenza di mangiare carne e latticini in epoche in cui è proibito, pagherà 781 libbre, 10 soldi.

24. Il monastero che volesse variare la regola e vivere con minore astinenza di quella prescritta, pagherà 146 libbre, 5 soldi.

25. Il frate che per migliore convenienza o gusto volesse passare la vita in un eremo con una donna, consegnerà al tesoro pontificio 45 libbre, 19 soldi.

26. L'apostata vagabondo che volesse vivere senza ostacoli, pagherà uguale quantità per l'assoluzione.

27. Uguale quantità pagheranno i religiosi, siano questi secolari o regolari, che volessero viaggiare in abiti da laico.

28. Il figlio bastardo di un sacerdote che volesse essere preferito per succedere nella cura al padre, pagherà 27 libbre, 1 soldo.

29. Il bastardo che volesse ricevere ordini sacri e goderne i benefici, pagherà 15 libbre, 18 soldi, 6 denari.

30. Il figlio di genitori sconosciuti che voglia entrare negli ordini, pagherà al tesoro pontificio 27 libbre, 1 soldo.

31.1 laici contraffatti o deformi che vogliano ricevere ordini sacri e possedere benefici, pagheranno alla cancelleria apostolica 58 libbre, 2 soldi.

32. Uguale somma pagherà il guercio dell'occhio destro, mentre il guercio dell'occhio sinistro pagherà al Papa 10 libbre, 7 soldi. Gli strabici pagheranno 45 libbre, 3 soldi.

33. Gli eunuchi che volessero entrare negli ordini, pagheranno la quantità di 310 libbre, 15 soldi.

34. Colui che per simonia volesse acquistare uno o molti benefici, s'indirizzerà ai tesorieri del Papa, che gli venderanno il diritto a un prezzo modico.

35. Colui che per avere mancato un giuramento volesse evitare ogni persecuzione e liberarsi di ogni tipo d'infamia, pagherà al Papa 131 libbre, 15 soldi. Inoltre consegnerà 3 libbre per ognuno di coloro che erano stati garantiti.
Discussione intorno alla veridicità dell'elenco [modifica]

Fin dalla pubblicazione del libro vi furono numerose reazioni, specialmente da parte di tutte quelle persone che non erano a conoscenza di questo documento e desideravano avere maggiori informazioni in merito. La lista, infatti, è stata edita senza nessun necessario riferimento bibliografico. Occorre premettere che tutti gli atti dei pontefici (per lo meno in epoca moderna) sono noti e pubblicati in raccolte ed edizioni a stampa (il Bullarium romanum, anzitutto) e di tutti siamo a disposizione dell'originale. Ogni documento infatti veniva pubblicato ufficialmente e ricopiato in centinaia di esemplari che venivano inviati in ogni regione del mondo cristiano sottoposto all'autorità del Papa. Per questo motivo tutte le bolle dei pontefici e gli atti pubblici di governo sono disponibili in diverse copie dell'epoca, regolarmente sottoscritte e bollate dalla curia romana.

Ora, il documento sopra riprodotto non è riportato in nessuna delle edizioni degli atti pontifici, non è noto in forma originale e non se ne dispone di alcuna copia coeva che abbia un valore documentale accertato. Alcuni storici, per questo motivo, si sono affrettati a domandare al signor Rodríguez le necessarie referenze che egli aveva omesso di indicare, per verificare la provenienza del documento che egli aveva pubblicato, e che ad una prima lettura sembra chiaramente un falso denigratorio. Rodríguez non è fino ad oggi stato in grado di mostrare alcun documento papale originale; ha però solamente acconsentito a qualificarlo come "dubbioso". Rimane sullo sfondo il principio metodologico secondo cui un documento non esiste fino che non viene dimostrata prova accettabile della sua esistenza, e che è colui che produce documento che è tenuto a dimostrarne l'autenticità, e non coloro che il documento non conoscono. Diversamente chiunque potrebbe fabbricare un documento e presentarlo come autentico, e chiedere ad altri di dimostrare la sua falsità. Non si può dimostrare la falsità di una cosa che documentariamente non esiste.

Ben poco valore ha l'idea secondo cui il documento sarebbe nascosto in Vaticano. Ciò significherebbe che di quel documento esiste una sola copia, il che renderebbe immediatamente incredibile la dichiarazione secondo cui le tariffe sarebbero state realmente applicate e divulgate tra i fedeli. Un atto pontificio ufficiale non pubblicato con ogni mezzo è semplicemente un atto pontificio che non esiste. Peraltro, gli archivi vaticani che contengono la documentazione di quell'epoca sono aperti agli studiosi. Infine, se un documento è nascosto in una biblioteca, non si capisce come qualcuno sia in grado di pubblicarlo ma non sia in grado di chiarire nessuna delle circostanze in cui tale documento fu per lui accessibile.

Un gruppo di ricercatori ha raccolto una serie di documentazione in proposito, riprodotta nel loro sito internet[1]. Anzitutto fu domandato al Rodríguez di produrre la documentazione su cui egli si era basato; egli rispose che il testo era stato ricavato da alcune fotocopie di pagine in lingua francese, ora sbiadite. Non fornì copie di quelle pagine né si dimostrò in grado di dare una referenza di qualche valore storico. La corrispondenza tra Rodríguez e questi ricercatori è stata resa pubblica nel sito di questi ultimi.

Alcuni sostengono l'autenticità del documento pur senza essere in grado di produrre alcuna referenza verificabile da uno storico. La discussione procede quindi - ma esclusivamente in questo campo dei non addetti ai lavori - sul piano inverificabile della personale inclinazione clericale o anticlericale.
Probabile modello su cui il falso è stato costruito [modifica]

È ben noto che in età rinascimentale sono realmente esistiti alcuni tariffari della curia romana, le cui copie autentiche sono attualmente consultabili. Essi però regolavano semplicemente il compenso da versarsi alla curia per la redazione materiale di qualche documento canonico, come tassa dovuta all'ufficio, a seconda dell'impegno che la preparazione e la scrittura in bella copia del documento richiedeva. Oggi tali elenchi di prezzi non esistono più, in quanto i dipendenti degli uffici vaticani sono stipendiati mensilmente, indipendentemente dalla quantità di documenti che producono. L'elenco di prezzi, perciò, non è altro che un tariffario di un ufficio, e non ha nulla a che fare con l'assoluzione dei peccati.

Certamente all'epoca di Leone X fu pubblicata una lista di tariffe per la curia romana, che fu in vigore durante il suo pontificato. Ma è altrettanto certo che questa ed altre simili liste "soffrirono gravi interpolazioni per opera dei protestanti, che alterarono abilmente la fraseologia e le cifre, di modo da fornire un aspetto esclusivamente venale e simoniaco alle concessioni del pontefice, per cui i poveri erano spietatamente esclusi, mentre i ricchi potevano ottenere con il denaro tutto ciò che desideravano"[2]

Esistono numerose pubblicazioni di tariffari alterati, stampati nei paesi protestanti con intenzione di screditare la Chiesa romana. Oggi gli storici di ogni orientamento ne riconoscono l'evidente falsità, e li considerano documentazione utile per studiare i rapporti tra il protestantesimo e il cattolicesimo nei secoli delle controversie. Nessuna di queste liste alterate coincide però con il testo pubblicato da Rodríguez, e nessuna di esse giunge ad un tale grado di corruzione; probabilmente i falsari dell'epoca erano ben consapevoli che un carattere eccessivamente simoniaco del documento avrebbe immediatamente fatto dubitare della sua autenticità. Se sono dunque noti i modelli, rimane da accertare a chi sia dovuta la redazione del testo pubblicato da Rodríguez.

Note [modifica]
1. ^ Sito di studio sulla Taxa Camarae
2. ^ N. Storti, La Storia e il Diritto della Dataria Apostolica dalle origini ai nostri giorni, Napoli 1969, p. 268

Bibliografia [modifica]
Studi:
* N. Storti, La Storia e il Diritto della Dataria Apostolica dalle origini ai nostri giorni, Napoli 1969, pp. 268-277
* Joseph Mendham (Emancipatus), Taxatio papalis, London 1825.
* R. Gibbings, The taxes of the apostolic penitentiary, Dublin 1872.
* P. Woker, Das kirchliche Finanzwesen der Päpste, Nördlingen 1878.
* H. C. Lea, The Taxes of the Papal Penitentiary, in “The English Historical Review” VIII (1893), 424-438.
* A. Dupin, Taxes de la pénitencerie apostolique, Paris 1879.
* T. L. Green, Indulgences, Sacramental Absolutions, and the Tax-Tables of the Roman Chancery and Penitentiary, considered in reply to the charge of Venality, London 1872.
* M. Jung, De L’authenticité du Fameux Livre des Taxes de la Chancellerie de Rome, in “Bulletin de la Société de l’Histoire du Protestantisme Français”, 1857, pp.541-557.

Raccolta di fonti:
* L. Tomassetti - S. Franco (a cura di), Bullarium, Diplomatum et Privilegiorum Sanctorum Romanorum Pontificum, Torino 1857-1882.
* E. Fridberg (a cura di), Corpus Iuris Canonici, Graz (1955).
* M. Tangl, Die päpstlichen Kanzleiordnungen von 1200-1500, Aalen (1959).
* H. Denifle, Die älteste Taxrolle der apostolischen Pönitentiarie, in“Archiv für Literatur- und Kirchengeschichte des Mittlelalters” IV (1888), pp. 201-238.
Collegamenti esterni [modifica]
* Studio in italiano (sito di studio e documentazione sulla Taxa camarae e le sue probabili fonti)
* La Taxa Camarae del papa León X (sito di Pepe Rodríguez che riporta l'elenco tariffario)
* Cattolicesimo Portale Cattolicesimo: accedi alle voci di Wikipedia che trattano di Cattolicesimo

Falencia da Assistencia Oficial ao Desenvolvimento

Lendo o jornal The Guardian, nesta véspera de eleições britânicas, deparo-me com um artigo sobre o papel da política externa na campanha, ou melhor, no cenário político governamental inglês.
O autor, Dennis MacShane, argumenta, em "We ignore foreign policy at our peril" (May 4, 2010), que muitas coisas estão erradas na diplomacia britânica, o que como sempre ocorre, pode provocar um artigo prefeitamente contrário, defendendo a atual politica e recomendando maior ativismo internacional.
Destaco, porém, apenas um trecho desse artigo, para demonstrar um ponto que me ocupa, atualmente. Ele se refere à cooperação internacional para o desenvolvimento, um dos temas "nobres" da diplomacia do New Labour (e provavelmente também dos Conservadores), já que todo parece estar de acordo em que se deve "aumentar os esforços e a transferência de recursos para os países em desenvolvimento".
Eis o trecho:

It is 50 years since Harold Macmillan's Wind of Change speech and France, too, is celebrating the half-century of granting nominal independence to all its African colonies. Now China is recolonising Africa as Beijing scrambles to buy raw and precious materials and put African leaders on its payroll.
The Department for International Development (DfID) was set up with great fanfare 13 years ago and now has the lion's share of UK spend on international policy. But poverty, corruption and malnutrition has gone up not down in the countries where DfID operates. Meanwhile the BBC World Service faces a 25% cut in its budget as funds are diverted to pay for Adam Smith's overseas operation from the swollen DfID budget. Will Britain continue to replace statecraft by aidcraft?


Como estou lendo atualmente o livro de William Easterly, The White Man's Burden, sobre o fracasso da ajuda oficial ao desenvolvimento, permito-me reforçar esta frase, que concorda com os argumentos de Easterly sobre a inocuidade, e talvez o malefício da AOD: "...poverty, corruption and malnutrition has gone up not down in the countries where DfID operates."

William Easterly certamente concordaria: dos US$ 2,3 trilhões transferidos para os países em desenvolvimento, nos 20 anos de 1985 a 2005, provavelmente uma boa parte acabou em contas privadas, talvez em bancos suíços, ou simplesmente foi gasta inutilmente. Os países que receberam essa ajuda não estão melhor do que os que se viram por conta própria.
Voltaremos ao assunto...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 5 de maio de 2010)

Ingerencia nos assuntos internos de outros Estados: um conceito flexivel

O artigo abaixo, de um jornalista do Estadão, sobre como são flexíveis certos conceitos. Isso me lembra que escrevi um estudo (helas, antes da crise de Honduras) sobre o conceito de não ingerência e sua aplicação no e pelo Brasil:

2023. “Non-Intervention: a political concept, in a legal wrap: a historical and juridical appraisal of the Brazilian doctrine and practice
Brasília, 8 Julho 2009, 17 p. (7.090 palavras). Ensaio sobre o conceito em causa. Posted Blog Textos PRA (03.03.2010).

Honduras e o conceito “flex” de democracia
por Marcos Guterman
Blogs do Estadão, 04.maio.2010

O presidente Lula acha “precipitado” que se aceite o retorno de Honduras à comunidade internacional. Para ele, segundo seu porta-voz, reconhecer o governo de Porfírio Lobo agora seria “criar precedente perigoso para eventuais e futuros regimes de exceção” na América Latina.

Para lembrar: Porfírio Lobo foi eleito depois que Manuel Zelaya foi removido do poder por tentar mudar a Constituição, com a ajuda do venezuelano Hugo Chávez, para se perpetuar no poder. O governo Lula deu a isso o nome de “golpe”, apesar de Zelaya ter sido deposto segundo o que previa a Constituição. Honduras realizou então eleições, que já estavam marcadas, e Porfírio Lobo venceu, de forma limpa.

Nada disso parece emocionar Lula e seus assessores para questões internacionais. A tentativa de Honduras de retomar a normalidade institucional não é suficiente para que o governo brasileiro volte atrás de sua decisão.

O mesmo zelo, no entanto, não é observado quando se trata de Cuba, que não é um “futuro regime de exceção” na América Latina, mas sim uma antiqüíssima ditadura – que, no entanto, goza de profunda admiração de Lula. Enquanto as decisões internas em Honduras não são consideradas válidas pelo governo brasileiro, as decisões internas em Cuba – como perseguir dissidentes – são vistas como um problema exclusivamente cubano.

A posição do Brasil a respeito de Honduras não seria, afinal, tão controversa e estranha se, por outro lado, o governo Lula cobrasse da Cuba dos irmãos Castro e do Irã do “amigo” Ahmadinejad o mesmo respeito aos preceitos democráticos que diz defender com fervor no caso hondurenho. Parece, no entanto, que o conceito de democracia ganha inusitada flexibilidade, na política externa brasileira, quando se trata de preservar laços de seu interesse.

Livro: uma pioneira do orientalismo frances - Alexandra David-Neel


A Editora Annablume (São Paulo) acaba de lançar o livro que minha queridíssima esposa e companheira de estudos escreveu sobre Alexandra David-Néel, uma incrível francesa que viveu até às vésperas de completar 101 anos e viajou através da Ásia, deixando uma obra muito rica sobre o Oriente.
Alexandra foi correspondente de jornais franceses e dedicou-se ao estudo do budismo mas seus inúmeros livros cobrem uma ampla gama de aspectos culturais especialmente da Índia, da China e do Tibete. Entrevistou, entre outras personalidades, Gandhi e o 13º Dalai Lama.

Segundo a Editora, o livro estará disponível através do site www.annablume.com.br (loja virtual) ou através do fone (11) 3812-6764 (departamento de vendas) mas pode ser pedido também nas livrarias.

Sem lançamento presencial, pois estaremos fora do Brasil -- aliás na China -- até o início de novembro. Fica feita a divulgação via internet!!!
Maiores informações no site de Carmen Lícia:
www.carmenlicia.org

Crise grega: nao me venham dizer que foram os mercados que provocaram a crise

Cada vez que tem uma crise dessas, os apressadinhos de sempre, e até alguns apressadões, correm para acusar os "mercados", os banqueiros, os especuladores de a terem provocado. Longe disso: foram os governos os únicos responsáveis.
A síntese abaixo, de um jornalista da Folha, retrata um bom (se se pode empregar esta palavra) retrato do estágio atual da crise, que ainda vai ter desdobramentos...
O artigo, mais abaixo ainda, de Ilan Goldfajn, nos alerta para o que temos ainda de fazer...
Paulo Roberto de Almeida

A crise só acaba quando termina
VINICIUS TORRES FREIRE
Folha de S.Paulo, 4.05.2010

Empréstimo-monstro grego não dá cabo da crise; BCE dá mãozinha a bancos; tumulto grego ainda pode se espalhar

REMENDAR AS contas de um país pequeno como a Grécia com US$ 145 bilhões, ou R$ 250 bilhões, é impressionante, embora nem isso assente a crise. Mas extravagante mesmo foi o fato menos notado de que o Banco Central Europeu resolveu aceitar os títulos públicos gregos como garantia mesmo que todas as agências de avaliação de risco chamem de "podre" a dívida da Grécia. Parece um assunto estrambótico, relevante apenas para "nerds" financeiros. Mas não é, não.
O Banco Central Europeu insinua é que pode imprimir dinheiro para tapar um rombo grego ou outros.
Do que se trata? Bancos emprestam dinheiro ao governo grego: compram títulos públicos da dívida grega. Usam esses títulos como garantia para o dinheiro que eventualmente tomam no BCE.
Em tese, se todas as agências de risco relevantes dissessem que esses papéis são "podres", o BCE não poderia aceitá-los como garantia. Teria de pedir mais garantias ou dinheiro aos bancos. Isso é problema. Reduz o capital dos bancos. Coloca-os sob suspeita. Etc.
Se a Grécia dá calote, os primeiros caloteados são bancos que compraram títulos, decerto. Mas tais títulos estão no BCE. Se o BCE aceita papéis gregos "podres", pode ficar com a conta. Basta o BCE não exigir que os bancos privados fiquem com o mico, o que o BCE pode ter de fazer a fim de evitar "problemas sistêmicos". Isso é um cenário limite, de monetização da dívida grega. Mas, após a crise de 2008/9, essas probabilidades parecem menos remotas.
De imediato, o que o BCE está fazendo é evitar que os bancos gregos acabem no vinagre. Os bancos gregos são os principais detentores de títulos gregos. Se esses títulos não servirem para nada, como garantias para operações compromissadas com o BCE, podem ter "crise de liquidez". E até quebrar.
Enfim, a Europa faz gato e sapato de suas normas financeiras a fim de evitar o calote grego. Que pode vir mesmo com a dinheirama ofertada.
A fim de receber o dinheiro, a Grécia terá de produzir recessão e crise social. Se conseguir cortar na carne econômica, pode não resistir politicamente. O tumulto social pode derrubar o governo. E o acordo financeiro com o FMI e a UE.
Os governos português e, em menor medida, espanhol já estão sendo discretamente instados a arrochar suas contas. Vão aguentar politicamente? A Espanha já tem 20% de desemprego. E se os mercados decidirem que pode ser uma boa ideia especular com a baixa dos papéis ibéricos? Isto é, demandando juros mais altos desses governos a fim de rolar as dívidas deles.
A crise da dívida europeia não acabou. Seu destino, em parte, vai ser decidido no conflito político e social grego. Por ora, apenas sindicatos de servidores estão em combate. Com a continuidade da recessão, mais gente pode entrar na liça. Se o governo e o acordo gregos caírem, vai haver confusão além das ruas gregas.
Os investidores, gente com dinheiro grosso, "os mercados", podem começar a pedir juros estratosféricos para financiar a dívida portuguesa. E daí? Portugal vai cortar ainda mais gastos para honrar o serviço da dívida? O quanto vai aguentar?
Vai pedir água? Se pedir, como a União Europeia negaria ajuda?

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A tragédia grega e o Brasil
Ilan Goldfajn
O Estado de S.Paulo, 04 de maio de 2010

O esforço é para a tragédia grega ter um final feliz. Difícil imaginar na literatura de Sófocles e Eurípedes. Mas não é impossível, existem finais neutros na literatura. O mesmo vale para a economia grega em 2010. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia tentam reescrever o drama grego com muito dinheiro: o pacote anunciado no final de semana foi de EUR 110 bn para os próximos três anos. O problema que interessa não é o grego, mas o europeu. O pacote para a Grécia é a primeira batalha para defender Portugal, Itália, Irlanda e Espanha (os outros membros do grupo PIIGS, na sigla em inglês) e, talvez, o euro. E o Brasil?

O pacote anunciado foi especial em vários aspectos. Pela primeira vez o FMI está envolvido no pacote de ajuda - e no monitoramento das condições econômicas - a um país da área do euro (depois de sua criação). O FMI pôs à disposição da Grécia um pacote sem precedentes. Foram EUR 30 bn, o que corresponde a aproximadamente 3.200% da quota da Grécia no FMI, em comparação com os pacotes de 1.200% da quota da Letônia, recentemente, e de 2.000% da quota da Coreia na crise da Ásia, que eram os maiores até o da Grécia.

Também especial foi a participação dos países do euro no pacote. Antes se entendia que não haveria corresponsabilidade fiscal entre os membros da União Monetária (artigo 125 do Tratado de Maastricht) - o que significava (para os alemães, certamente) que não haveria resgate dos outros países. Agora, os países da zona do euro disponibilizaram EUR 80 bn, distribuídos entre os seus membros. O tamanho da ajuda corresponde a 0,9% do PIB dos países do euro, o que deve aumentar a dívida já elevada desses países (inclusive dos outros PIIGS que participaram do pacote). A pergunta que não quer calar: se a pequena Grécia custou quase 1% do PIB, quanto será(ia) o custo para salvar os outros PIIGS? A Europa tem esse dinheiro após a crise do ano passado?

A palavra "resgate" camufla a dureza dos ajustes a que a Grécia teve de se comprometer para fazer jus ao pacote anunciado. Estima-se que esse país terá uma queda do PIB de 4% neste ano, seguida de -2,6% no ano que vem, só voltando a crescer 1,1% em 2012. O déficit público terá de ser reduzido num total de 11% ao longo de três anos. De 13,6% do PIB em 2009 para 8,1% em 2010, 7,6% em 2011, 6,5% em 2012, 4,9% em 2013 e 2,6% em 2014, chegando finalmente abaixo dos 3% permitidos no Tratado de Maastricht. Haverá congelamento de salário por três anos, além da eliminação dos polêmicos 13.º e 14.º salários para servidores públicos e pensionistas. Haverá aumento na idade mínima de aposentadorias e na contribuição previdenciária. O imposto subirá de 2% para 23% para os bens que se encontram na faixa mais alta (e de 1% para 11% na faixa intermediária). Mesmo com todo esse esforço, a trajetória da dívida se estabiliza apenas em 2013, no altíssimo patamar de 150% do PIB. Após anos vivendo como os deuses, será que o povo grego está preparado para um longo período de ajuste e recessão? A alternativa amarga é o calote na dívida e, talvez, a saída forçada do euro.

Mesmo que haja compromisso do povo grego com o ajuste, ainda há outros riscos a considerar. No curto prazo, os governos terão de aprovar os empréstimos nos respectivos Parlamentos, uma tarefa dura politicamente, já que em última instância significa tirar recursos escassos nesta crise dos seus cidadãos para ajudar os gregos, que não foram o modelo de responsabilidade nos últimos anos. No médio prazo, questiona-se a capacidade de a Grécia retomar o crescimento, já que seu mercado doméstico estará comprimido (pelos ajustes nos salários) e o externo, em xeque, devido à paridade do euro, que não permite grandes ganhos de competitividade (a queda dos salários estimada não é suficiente para torná-los competitivos).

Finalmente, existe o risco de uma dívida de 150% do PIB ainda ser impagável, mesmo depois de todo o esforço dos gregos e troianos (digo, alemães, franceses, etc.). A dinâmica da dívida exige ajuste fiscal, juros menores e crescimento maior. As dificuldades para o ajuste e o crescimento já foram mencionadas acima. E os juros menores? Há um legítimo caso para incorporar um prêmio de risco para quem for voluntariamente financiar a dívida grega. Enfim, este não é um caso trivial.

O resgate à Grécia importa na medida em que é o primeiro bastião, de vários, na defesa última do próprio euro e do projeto político da União Europeia. Deixar o país declarar moratória (e talvez sair do euro) seria perigosamente admitir a primeira derrota nesse percurso. Mesmo assim, devem existir dúvidas nas tropas, questionando se são mesmo farinha do mesmo saco, se devem ir até o fim juntos. Na Alemanha, brincam que ninguém deveria sair do euro, a não ser os próprios alemães, que voltariam a usar o D-mark e ficariam livres das irresponsabilidades dos vizinhos. Tudo brincadeira, por enquanto.

Dizem que a palavra "tragédia" vem do grego antigo, do bode (tragos) e seu canto (ode). Eram os seres meio bodes que cantavam para o deus grego Dionísio. No Brasil, temos de ter cuidado com o canto que induz a acreditar que a economia não se encontra superaquecida, apesar do crescimento de dois dígitos e do aumento de inflação no primeiro trimestre do ano. Ou que o País não precisa de mais reformas para avançar. É o momento de tirarmos o canto desses meio bodes da sala e alavancarmos na atual boa reputação internacional do Brasil para continuar desenvolvendo e gerando prosperidade. O risco é embriagar-se com o canto dos meio bodes e desenhar um futuro incerto, de oscilação entre momentos prósperos e decepções. O drama grego dificilmente tem final feliz. O drama do Brasil tem toda a chance de terminar bem, mas requer perseverança e maturidade nas decisões atuais e futuras de política econômica.

ECONOMISTA-CHEFE DO ITAÚ UNIBANCO