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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sistema eletrico brasileiro: "mais moderno e robusto do mundo"???

O ministro da área, cujo nome pode ser esquecido pela história, declarou, sem ficar vermelho ou gaguejar, que o sistema elétrico brasileiro é robusto: "Não existe no mundo sistema tão moderno quanto o do Brasil...", disse ele, sem que tenha sido contestado por alguma outra autoridade ou pelos jornalistas presentes à primeira entrevista depois do inexplicável (e inexplicado, até agora) apagão no Nordeste do Brasil.
Parece que a presidente (ou presidenta, como preferirem) não gostou da explicação, como comenta este editorial do Estadão:
Paulo Roberto de Almeida

Dilma não aceita explicações
Editorial - O Estado de S.Paulo
10 de fevereiro de 2011

A presidente Dilma Rousseff não aceitou as explicações das autoridades do setor elétrico para o apagão ocorrido na madrugada de sexta-feira em oito Estados da Região Nordeste. A falta de energia, durou cinco horas, prejudicou 46 milhões de pessoas e dezenas de milhares de empresas, inclusive de grande porte, como as do Polo Industrial de Camaçari. Mas, para o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, não houve apagão, mas uma simples "interrupção temporária de energia". E acrescentou que "não há sistema de energia mais moderno do que o brasileiro; pelo contrário, o nosso sistema é melhor do que na maior parte do mundo". Dilma rejeitou a explicação de que uma falha num cartão eletrônico do sistema de proteção da Subestação Luiz Gonzaga foi a responsável pela "interrupção temporária" e convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto para discutir o assunto.

Colapsos de menor amplitude ocorreram em todo o País, em escala crescente, entre 2008 e 2010 e o tempo médio das interrupções no fornecimento passou de 16 horas para 20 horas anuais, acima dos limites tolerados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A duração das interrupções no Nordeste (onde o problema é mais agudo) foi de 27 horas, em 2010, chegando a 44 horas, no Estado de Sergipe. E o número de ocorrências no Nordeste mais que duplicou entre 2008 e 2010 - de 48 para 91. Em 2009, um apagão generalizado na região durou mais de uma hora.

De modo geral, o sistema elétrico brasileiro padece com a falta de manutenção e de substituição de equipamentos obsoletos e com a ausência de mecanismos de redundância - com eles, se falhar um equipamento, entra em operação o sistema de backup.

Trata-se de um desmazelo cujas consequências são as interrupções frequentes, como as de anteontem, na cidade de São Paulo, onde uma pane da Subestação Bandeirantes da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) deixou 2,5 milhões de pessoas e 627 mil imóveis residenciais ou comerciais sem energia nas áreas da Paulista, Brigadeiro Luis Antônio, 13 de Maio, Vila Olímpia, Itaim-Bibi, Vila Leopoldina, Perdizes e Pinheiros, além de parte do município vizinho de Guarulhos.

Acentua-se, assim, o contraste entre a confiança do ministro Lobão na segurança do sistema e a realidade. Afinal, é evidente a falta de investimentos em transmissão e distribuição.

A falha ocorrida na Subestação Luiz Gonzaga, operada pelas Centrais Hidrelétricas do São Francisco (Chesf), é emblemática, pois se trata de empresa incluída entre as de melhor reputação no setor estatal de energia. Desligada uma das linhas de transmissão entre a Subestação Luiz Gonzaga e Sobradinho, caíram outras cinco do mesmo trajeto, sem quaisquer outras justificativas, como intempéries ou falha humana.

Não admitindo que haja falhas na manutenção, as autoridades não conseguem encontrar outra explicação plausível para o apagão. O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, admite, por exemplo, que, "efetivamente, houve um defeito" (num cartão de proteção da Subestação Luiz Gonzaga), mas não por falta de manutenção, segundo ele. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ainda não se manifestou. O ONS, aliás, ainda não apontou as causas da ocorrência registrada no dia 26, quando houve o desligamento automático das unidades geradoras da Usina de Funil (área de Furnas), afetando o Estado do Rio.

Uma das explicações para os problemas que ocorrem no setor elétrico está no crescimento da demanda de energia. A verdade é que o sistema não está respondendo à demanda.

Especialistas no setor argumentam que as usinas geradoras não investem o que seria necessário porque as concessões estão chegando ao fim e o governo federal não informou se pretende prorrogá-las - e em que condições - ou se fará novas licitações. Com isso, sucedem-se, cada vez com mais frequência, os apagões. É uma situação inadmissível.

Ajuste Fiscal!??! Corte de Despesas?!?! Alguem acredita nisso???

Não eu, pelo menos, tampouco o economista que transcrevo abaixo.
Anunciado assim, com números globais, R$ 50 bilhões, até parece uma ENORME economia. Visto porém de perto, a coisa se dilui logo.
Começando pela pergunta, como feita por um economista sensato, esperada: "corte em relação a quê?"
Se a previsão orçamentária de 2011 estabelecia gastos 100 bilhões de reais superiores ao orçamento anterior, então um "corte" de 50 bilhões representa, de fato, um aumento de igual valor, ou seja, corte de nada, e um aumento efetivo. Basta isso?
Claro que não. Seria preciso saber onde o governo vai cortar.
Eu aposto com vocês que ele não vai cortar em NENHUM gasto, ou só em perfumaria.
Todos os supostos "cortes" (como diriam os jornalistas) vão incidir sobre investimentos, ou gastos não recorrentes, tirando-se, é claro, como já anunciado enfaticamente, os "gastos" com esse fantasma propagandístico que se chama PAC.
O PAC é uma mentira muito bem pregada, que políticos e jornalistas continuam repetindo sem nenhum espírito crítico. Um "label", uma bacia -- os americanos chamam de pork barrel -- na qual você joga tudo o que seria normalmente feito (e o que seria inclusive feito com dinheiro de estatais e de agentes privados, ou seja, seria feito do mesmo jeito, com previsão orçamentária ou sem) e chama de PAC, apenas para iludir a galera (menos uns poucos, claro).
As famosas emendas parlamentares são uma contrafação de orçamento, pois se trata apenas de compra, no sentido mais estrito da palavra, de parlamentares para votar conforme a vontade do governo, partindo de uma lista caótica de projetos privincianos -- muitos deles em ONGs dos próprios parlamentares -- que não atende a nenhum critério de racionalidade orçamentária, nem visão nacional. Apenas isso: comida para os porcos, com perdão dos mesmos, verdadeiros.
Segue abaixo a análise de um economista conhecido.
Paulo Roberto de Almeida

O Improvável Corte do Custeio em R$ 50 bilhões
Blog do Mansueto Almeida, 10/02/2011

O Ministério da Fazenda surpreendeu a todos e anunciou um corte de R$ 50 bilhões no gasto público. Sim, surpreendeu a todos com o tamanho do corte, mas não disse de onde vai cortar e, assim, por enquanto, o que foi anunciado não passa de palavras ao vento. Eu gostaria de estar errado, mas confesso que o que foi dito na entrevista coletiva é muito mais uma carta de boas intenções do que o detalhamento de medidas concretas que todos esperavam.

Teria sido melhor se o Ministério da Fazenda tivesse divulgado um número menor e tivesse especificado, exatamente, de onde vai cortar ao invés de divulgar um número cabalístico de R$ 50 bilhões que, por enquanto, não passa de uma vaga promessa.

Vamos ver cada uma das medidas anunciadas e fazer as malditas contas:

(1) Primeira medida: o primeiro foco do ajuste fiscal será na folha de pagamentos, um dos maiores gastos da União. Para tanto, o governo está contratando junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV) uma auditoria externa na folha de pagamentos para detectar incorreções.

Isso chega a ser brincadeira de mau gosto. No âmbito de estados e municípios, no pasado, isso fazia até sentido quando a contabilidade pública era rudimentar e existiam funcionários fantasmas. Mas no caso do Governo Federal que tem o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) é muito improvável que haja “fantasmas” no serviço público federal, a não que o governo desconfie da lisura do governo Lula. Os gastos com pessoal aumentaram não por causa de fraudes, mas porque o governo Lula aumentou os salários e contratou mais funcionários. Ao longo de oito anos do governo Lula, o gasto com pessoal ficou entre 4,30% (2005) e 4,76% do PIB (2009), terminando em 4,55% do PIB, em 2010. O peso da folha de do governo federal poderia ter sido muito menor se os aumentos ao setor público tivessem sido mais seletivos, mas acho difícil e improvável que haja fraudes que exija uma auditoria externa da FGV.

(2) A ministra também disse que novas contratações no setor público serão olhadas com lupa e que não há neste momento qualquer medida para elevação dos valores pagos para os funcionários em cargo em comissão.

Não sei dizer se a suspensão de concursos públicos é uma medida boa ou ruim, já que há órgãos com excesso de funcionários e outros com carência. A Ministra deveria ter dito quais carreiras não precisam de novos funcionários e aquelas que ainda precisam de funcionários, até porque há ainda uma parte de terceirizados que têm que ser substituídos por funcionários concursados. De qualquer forma, a economia possivel destas medidas é mínima neste ano. Assim, não vai ajudar muito no esforço de R$ 50 bilhões anunciado.

Quanto aos cargos de DAS (comissão dos cagos de direção do serviço público federal), duvido que não haja um aumento pelo seguinte motivo: os cargos de comissão no legislativo aumentaram muito. Um assessor técnico hoje no legislativo (sem vinculo com o setor público) ganha uma comissão de R$ 16 mil. Se você tiver vinculo no executivo, seu salário mensal aumenta em R$ 10 mil. O salário do Secretário de Política Econômica, DAS-6, é de R$ 11.179,36 (sem vinculo com o setor público). Ou seja, do ponto de vista estritamente financeiro, vale mais assessorar um Senador da República do que ser Secretário de Politica Econômica.

(3) Segundo a ministra do planejamento, há a intenção de publicar um decreto reduzindo em 50% em termos nominais as despesas com viagens e diárias.

Impressionante? Acho que não. Algum de vocês sabem o potencial de economia decorrente dessa medida? OK, vamos aos números. Em 2010, o governo federal gastou R$ 976,9 milhões com passagens e despesas com locomoção; R$ 1,04 bilhão com diárias de pessoal civil e mais R$ 220,2 milhões com diárias de militares. Somando tudo temos R$ 2,2 bilhões. Uma redução de 50% significa um economia potencial de R$ 1,1 bilhão, ou apenas 2% do que foi anunciado (R$ 50 bilhões). como falam meus amigos americanos: “No big deal”.

(4) PAC não sofre corte: Ministra do Planejamento afirmou ainda que não haverá corte no Orçamento do PAC nem adiamento na execução das obras. Segundo ela, a maior parte do corte anunciado nesta quarta será no custeio como, por exemplo, na redução das despesas com telefonia, energia elétrica, água e consumo de materiais, em geral.

Não quero ser pessimista, mas isso é impossível. Vou repetir: é impossível um corte de custeio de R$ 30 bilhões, R$ 40 Bilhões ou R$ 50 bilhões de um ano para outro. Um corte de custeio dessa magnitude só seria possível se o governo deixasse de pagar dividas judiciais, cortasse a compra vários das despesas do SUS, não pagasse as despesa de indenizações e restituições, etc. Serei mais específico correndo o risco de ser chato.

(a) quais as principais despesas de custeio?

A tabela abaixo detalha as principais despesas de custeio, todas aquelas que em 2010 foram acima de R$ 1 bilhão. O total das principais despesas de custeio foi de R$ 194,5 bilhões. Assim, poderia parecer que um corte de R$ 50 bilhões em cima de R$ 194 bilhões, um corte de 25%, seria factivel.

Um momento! Os ministros falaram que não iriam cortar gastos sociais. Vou supor que educação é saúde entram na conta de gastos sociais. Assim, vamos fazer algumas correções nesta conta.

Principais Despesas de Custeio - R$ bilhão (2010)
Fonte: SIAFI , Elaboração: Mansueto Almeida

(b) Principais despesas de custeio para saúde e educação

A tabela abaixo é a mesma tabela do custeio acima, mas apenas para gastos com educação e saúde. Como se observa, algumas contas de custeio como “material de consumo” e “contribuições” são na sua maioria gastos com a função saúde e educação.

Principais Despesas de Custeio - R$ bilhão (2010) – Função Saúde e Educação
Fonte: SIAFI , Elaboração: Mansueto Almeida

(c) Se retirarmos das principais despesas de custeio os gastos com saúde educação restam R$ 122,4 bilhões, ao invés dos R$ 194,5 bilhões iniciais.

Principais Despesas de Custeio menos despesas com Saúde e Educaçã0- R$ bilhão (2010)
Fonte: SIAFI , Elaboração: Mansueto Almeida

(d) Resultado Final: No entanto, há ainda algumas contas que não serão objetos de cortes (ver despesas acima em amarelo): (i) LOAS (Beneficio Mensal ao Deficiente e ao Idoso); (ii) Bolsa-familia (outros auxílios financeiros a pessoa física); (iii) auxilio financeiro a estudantes; e (iv) seguro-desemprego e PIS/PASEP (outros benefícios de natureza social).

O governo falou que iria aumentar o controle dessa ultima conta, mas é muito difícil por fiscalização diminuir a rotatividade do mercado de trabalho. No Brasil, com o mercado de trabalho aquecido, infelizmente, aumenta a rotatividade da mão-de-obra e o seguro-desemprego aumenta, ao invés de diminuir. Fazendo mais essas correções restam apenas R$ 53,7 bilhões de custeio, em 2010, para cortar os R$ 50 bilhões.

Principais Despesas de Custeio sem gastos com educação, saúde, gastos sociais- R$ bilhão (2010)
Fonte: SIAFI , Elaboração: Mansueto Almeida

Infelizmente, o corte das despesas anunciado nesta quarta-feira não é possível e o governo está se desgastando com esse tipo de medida sem necessidade. O resultado fiscal este ano será melhor do que no ano passado, mas esqueçam o corte anunciado de R$ 50 bilhões concentrado apenas em custeio, sem sacrificar investimentos e gastos sociais. Simplesmente não é possível.

A propósito, em 2003, o primeiro ano do governo Lula, o ajuste fiscal foi feito em grande parte em cima do investimento público que foi cortado em 50%. Quem era o Ministro do Planejamento na época? Um economista chamado Guido Mantega, que agora ocupa a pasta da Fazenda e sabe que não se consegue cortar muito o custeio de um ano para outro.

Mais uma vez, gostaria de estar errado sobre tudo que falei acima, mas o simples fato de o governo não ter divulgado quais as contas específicas que sofrerão cortes, dá a impressão que o anuncio de restrição fiscal não passa de um conjunto de intenções.

Desculpem a análise longa e chata.

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PRA: Está não apenas desculpado, como agradecido. Sem ter a competência do Mansueto em matéria econômica ou orçamentária, devo apenas reiterar minha admiração por um funcionário público que, como eu, não deixa o cérebro em casa quando começa a trabalhar...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pausa para...um pouco de recato...

Esses congressistas americanos... pundonorosos...
Imaginem só: o cara enviou uma foto sem camisa pela internet para uma mulher:

New York Congressman Resigns After Internet Postings

Representative Chris Lee of New York, caught in the midst of
a scandal involving a shirtless photo he reportedly sent to a
woman on the Internet, has stepped down, according to a
senior Congressional official.

Mr. Lee, a Republican, notified the Republican Speaker of the
House of his decision in a letter he sent this afternoon
after the scandal erupted.

Read More:
http://cityroom.blogs.nytimes.com/2011/02/09/new-york-congressman-resigns-over-shirtless-photo/?emc=na

Eles precisam saber se comportar nessas matérias, como os congressistas brasileiros

Anarquismo em liquidacao: tentando salvar o que pode ser salvo...

Brincadeira. Não corremos ainda esse risco de ver o anarquismo e os anarquistas em alguma lista de espécies ameaçadas de extinção.
Sempre resistirão os últimos crentes, para garantir a sobrevivência desta simpática seita, à qual sou também propenso a aderir para certos temas...

A liquidação é apenas de livros.
Recebi de uma editora e livraria anarquista.
Aproveitem (e ajudem a propagar a tribo).

ANÁLISE DO ESTADO / O ESTADO COMO PARADIGMA DE PODER
Eduardo Colombo
De R$ 18,00 por R$ 10,00

ANARQUISMO HOJE: Um Projeto para a Revolução Social
União Regional Rhône-Alpes
De R$ 22,00 por R$ 12,00

ANARQUISMO, OBRIGAÇÃO SOCIAL E DEVER DE OBEDIÊNCIA
Eduardo Colombo
De R$ 18,00 por R$ 10,00

ANARQUISTAS JULGAM MARX, OS
Alexandre Skirda / Maurice Joyeux / Rudolf Rocker / Gaston Leval / Eric
Vilain / Jean Barrué / Daniel Guerin / Michel Ragón
De R$ 25,00 por R$ 14,00

APELO À UNIDADE DO MOVIMENTO LIBERTÁRIO
Jean-Marc Raynaud
De R$ 18,00 por R$ 10,00

ARTE E ANARQUISMO
Pietro Ferrua / Michel Ragon / Gaetano Manfredonia
De R$ 18,00 por R$ 10,00

AUTOGESTÃO E ANARQUISMO
Gaston Leval / René Berthier / Frank Mintz
De R$ 22,00 por R$ 15,00

BAIRRO, A COMUNA, A CIDADE...,O: Espaços Libertários
Murray Bookchin / Paul Boino / Marianne Enckel
De R$ 18,00 por R$ 10,00

BIBLIOGRAFIA LIBERTÁRIA, A: O Anarquismo em Língua Portuguesa
Adelaide Gonçalves / Jorge E. Silva
De R$ 24,00 por R$ 12,00

BOA EDUCAÇÃO, A: EXPERIÊNCIAS LIBERTÁRIAS E TEORIAS ANARQUISTAS NA EUROPA
DE GODWIN A NEIL
Francesco Codello
De R$ 68,00 por R$ 50,00

CATECISMO REVOLUCIONÁRIO / PROGRAMA DA SOCIEDADE DA REVOLUÇÃO INTERNACIONAL
Mikhail Bakunin
De R$ 18,00 por R$ 12,00

DA ESCRAVIDÃO NOS ESTADOS UNIDOS
Elisée Reclus
De R$ 28,00 pot R$ 24,00

EDUCAR PARA EMANCIPAR
Hugues Lenoir
De R$ 28,00 por R$ 24,00

ELEITOR, ESCUTA! / A PODRIDÃO PARLAMENTAR
Sébastien Faure
De R$ 18,00 por R$ 10,00

ENGANADORES, OS / POLÍTICA DA INTERNACIONAL, A / AONDE IR E O QUE FAZER
Mikhail Bakunin
De R$ 18,00 por R$ 12,00

ESPANHA LIBERTÁRIA: A Revolução Social Contra o Fascismo
Gaetano Manfredonia / René Berthier / Gaston Leval / Augustin Souchy /
John Mac Govern / Carl Einstein / Le Libertaire / Monde Libertaire
De R$ 22,00 por R$ 15,00

ESSENCIAL PROUDHON, O
Francisco Trindade
De R$ 18,00 por R$ 10,00

ESTADO E SEU PAPEL HISTÓRICO, O
Piotr Kropotkin
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EVOLUÇÃO, A REVOLUÇÃO E O IDEAL ANARQUISTA, A
Elisée Reclus
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FALSO PRINCÍPIO DA NOSSA EDUCAÇÃO, O
Max Stirner
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HISTÓRIA DO ANARQUISMO
Vários autores
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HISTÓRIA DO MOVIMENTO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIO
Eduardo Colombo / Daniel Colson / Alexandre Samis / Maurizio Antonioli /
Frank Mintz / Cláudio Venza / Rudolf De Jong / Larry Portis / Francisco
Madrid / Marianne Enckell / Phillippe Pelletier
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HOMEM E A TERRA, O: A CULTURA E A PROPRIEDADE
Elisée Reclus
De R$ 20,00 por R$ 15,00

HOMEM E A TERRA, O: EDUCAÇÃO
Elisée Reclus
De R$ 20,00 por R$ 15,00

HOMEM E A TERRA, O: O ESTADO MODERNO
Elisée Reclus
De R$ 20,00 por R$ 15,00

IDÉIA DOS SOVIETES, A
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INSTRUIR PARA REVOLTAR: Fernand Pelloutier e a Educação
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INTERNACIONAL, A: DOCUMENTOS E RECORDAÇÕES V. I
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De R$ 32,00 por R$ 25,00

LIBERDADE DO CORPO: Soma, Capoeira Angola e Anarquismo
João da Mata
De R$ 22,00 por R$ 15,00

MAIO DE 68: OS ANARQUISTAS E A REVOLTA DA JUVENTUDE
Maurice Joyeux, Helene Hernandez, Hugues Lenoir, Jean-Pierre Duteuil
De R$ 29,00 por R$ 25,00

MANIPULAÇÃO SIONISTA, A
Allain Coutte
De R$ 32,00 por R$ 12,00

MAX STIRNER: UMA FILOSOFIA RADICAL DO EU
Carlos Díaz
De R$ 22,00 por R$ 15,00

MAX STIRNER E O ANARQUISMO INDIVIDUALISTA
Jean Barrué, Emile Armand, Gunther Freitag
De R$ 18,00 por R$ 10,00

NESTOR MAKHNO E A REVOLUÇÃO SOCIAL NA UCRÂNIA
Nestor Makhno / Alexandre Skirda / Alexandre Berkman
De R$ 18,00 por R$ 10,00

NOVOS TEMPOS 3: Faces do Horror
Hector Morel / Edson Passetti / Errico Malatesta / Daniel Colson /
Alexandre Samis / Laboratório de Estudos Libertários / José Luis Solazzi
De R$ 15,00 por R$ 5,00

ORDEM DO CASTIGO NO BRASIL, A
José Luis Solazzi
De R$ 40,00 por R$ 30,00

PALAVRAS DE UM REVOLTADO
Piotr Kropotkin
De R$ 45,00 por R$ 35,00

PEDAGOGIA LIBERTÁRIA, A
Edmond Marc Lipiansky
De R$ 22,00 por R$ 18,00

RACIONALISMO COMBATENTE, O: Francisco Ferrer y Guardia
Ramón Safón
De R$ 18,00 por R$ 10,00

REPÚBLICAS DA AMÉRICA DO SUL, AS: SUAS GUERRAS E SEU PROJETO DE FEDERAÇÃO
Elisée Reclus
De R$ 20,00 por R$ 15,00

Editora Imaginário
www.editoraimaginario.com.br

Lancamento de livro: Alexandra David-Néel - Carmen Lícia Palazzo

O Espaço Cultural Lendo & Pintando
convida para o lançamento do livro:

Alexandra David-Néel: Itinerários de uma orientalista
de autoria da historiadora Carmen Lícia Palazzo

a ser realizado no seguinte endereço:
CLN 309 Bloco C Subsolo
no dia 10/02/2011 (quinta-feira) das 17h às 20h
Asa Norte, Brasília

Somos todos keynesianos agora? Eu não (nunca fui de religioes...)

Brincando, OK. A influência de Keynes é inegável, e ainda descontando o fato de termos um numeroso bando de true believers, adoradores do semi-deus da macroeconomia, alguns até fundamentalistas, a maior parte dos economistas do chamado mainstream é moderadamente keynesiana, ou seja, reconhece sua importância para a análise e a formulação de políticas econômicas, mesmo depois que elas fizeram chabu, nos anos 1970.
Em todo caso, cabe ler com atenção suas contribuições e limitações (dentre as quais eu vejo a mais importante: o impacto da conjuntura, e do contexto inglês, na formulação de suas principais propostas de políticas.
Eis uma seleção de textos:

Blog José Roberto Afonso
Nº 313 - 09/02/2011 - Keynes

General Theory (Luzetti & Ohanian)
The General Theory of employment, interest, and money after 75 years: the importance of being in the right place at the right time by Matthew N. Luzzeti and Lee E. Ohanian. This paper studies why the General Theory had so much impact on the economic profession though the 1960s, why that impact began to wane in the 1970s, and why many economic policymakers cling to many of the tenets of the General Theory. PDF attached.

Keynes x Welfare State (Marcuzzo)
Keynes and the Welfare State by Maria Cristina Marcuzzo. In this paper, Marcuzzo proposes some further thoughts on the matter, Keynes's role in the foundation of the Welfare State. Focusing two aspects in particular: The first is an assessment of Keynes's views vis-à-vis what we now understand by the Welfare State, the second a comparison between these views and those of Beveridge, the twin founding-father of the system, as they emerge in the exchange they had on the subject. http://bit.ly/b7CHqI

Livros: John M. Keynes
A teoria geral do emprego, do juro e da moeda e As conseguências econômicas da paz são dois livros clássicos de John Maynard Keynes disponíveis para acesso eletrônico, respectivamente, em: http://bit.ly/fa49dU e http://bit.ly/dK88zK

Keynes x Hayek (youtube)
A funny video circulating on the internet. The video is a brilliant jest where Hayek and Keynes resurrected and go to the conference on the global economic crisis and their analysis are presented in the form of rap. See: http://www.youtube.com/watch?v=d0nERTFo-Sk

Return of the Master (Skidelsky)
Robert Skidelsky published excerpt in New York Times from his new book, "Keynes: The Return of the Master". "We have been living through one of the most violent collapses in economic life seen in the last hundred years. Yet economics - the scientific study of economic life - has done an exceptionally poor job in explaining it. ... To get a handle on these issues we need John Maynard Keynes". See: http://nyti.ms/1hqeD

A cidade mais cara do mundo: Luanda - The Economist

Eye-wateringly expensive
The Economist, Feb 8th 2011
by O.A.

LUANDA - FILING expenses is one of Baobab’s least favourite things to do, never more so than after a trip to Angola. It is painful to explain to The Economist bosses that Luanda, the capital, really is that expensive. A by no means luxurious hotel room costs $400, a non-alcoholic drink in the lobby $10 ($2 in a supermarket). The underwhelming hotel buffet will set you back $75 and a pizza on a street corner $25.

A regular taxi ride easily adds up to $50, especially since the taxi company (the only one in town) starts the meter as soon as the car leaves the depot. There are no cruising cabs. For a driver with a decent car I paid $350 per day (for two days only, then I walked everywhere in 35°C heat and 100% humidity). An apartment costs $10,000-$15,000 to rent per month or at least a million dollars to buy. Labourers get paid $50 per month. That tells you a lot about the gap between rich and poor. Angola has one of the worst Gini coefficients in the world.

For several years Luanda has been the most expensive city in the world. That is not primarily a consequence of the influx of oil money, although there is a lot of it about since Angola is sub-Saharan Africa’s second biggest producer. The crazy prices were initially the result of limited supply during and shortly after the civil war that ended in 2002. When peace became permanent, trade routes opened up again and new companies tried to enter the market.

But insiders had come to like the wildly above-average profits they were making and so made sure the trade barriers stayed in place. In Luanda an avocado can cost $5, while in the countryside you get a hundred avocados for $10. To get fruit to town, lorry drivers and merchants have to negotiate a mesmerising obstacle course of bribe-seeking officials, guards, thugs, policemen and soldiers.

The supermarket Casa Dos Frescos sold a melon for $100 shortly before Christmas to an irate Frenchman. He tried to sue the retailer for profiteering in a local court last month and presented a picture of the rather ordinary melon plus the receipt. The judge threw out the case for lack of evidence—the original melon. The Frenchman had eaten it.

Sorry iPads first generation: voces se apressaram demais...

Uma constatação que é também uma dica: nunca se precipitar sobre uma novidade, por mais atrativa que ela seja ou pareça.
Ela sempre vai ter alguns probleminhas que serão corrigidos em seis meses, na geração seguinte, e sempre serão mais caras do que o sucessor, e menos eficientes também.
Era o que deveria acontecer com os iPads. Por isso eu ainda não comprei o meu.
Estava esperando este anúncio...
Paulo Roberto de Almeida

Report: iPad 2 in production
By Hayley Tsukayama
The Washington Post, February 9, 2011

A report from the Wall Street Journal says that Apple has begun production of the next generation of the iPad. The Wall Street Journal, citing people familiar with the matter, claims that the new tablet will be thinner and lighter, will sport at least one camera for video conferencing and will have better graphics and a more memory. The iPad 2's display, however, will reportedly be the about the same as its first-generation predecessor. While there are no pricing specifics, the report indicates that prices for the new tablets will be about the same as the current iPad, $499-$829.

That seems to confirm many of the rumors circulating about the tablet, though having "at least one camera" doesn't definitively indicate that the new tablet will have a rear-facing camera, as has been widely reported for months.

The sources also said the iPad will be available on Verizon and AT&T from its launch, but not on T-Mobile or Sprint's networks.

Apple is heading into a much different tablet market with the iPad 2 than with the original iPad, facing a crowded lineup of tablets designed, essentially, to take on the Apple device head-to-head.

One likely challenger, the Motorola Xoom, is reportedly set to launch by the end of the month for $799.

Um indice das revoltas nos paises arabes - The Economist

Interessante exercício de "propensão à revolta", poderíamos dizer, nos países árabes, que oferece a Economist.
Fatores contingentes, como "eficiência" da repressão, diáspora de dissidentes, influência da imprensa ocidental também poderiam ser considerados para refinar o modelo. Mas a tabela é, em si, interessante, assim como sua explicação.
Pena que países não-árabes, como o Irã ou Paquistão, não possam também figurar no índice.
Paulo Roberto de Almeida

The Shoe Thrower's index
The Economist online, February 9th 2011
An index of unrest in the Arab world

IN THIS week's print edition we ran a table showing a number of indicators for members of the Arab League. By adding a few more and ascribing different weights to them we have come up with the Shoe Thrower's index, which aims to predict where the scent of jasmine may spread next. Some factors are hard to put a number on and are therefore discounted. For instance, dissent is harder in countries with a very repressive secret police (like Libya). The data on unemployment were too spotty to be comparable and so this important factor is discounted too. We took out the Comoros and Djibouti, which do not have a great deal in common with the rest of the group, and removed the Palestinian territories, Sudan and Somalia for lack of data. The chart below is the result of ascribing a weighting of 35% for the share of the population that is under 25; 15% for the number of years the government has been in power; 15% for both corruption and lack of democracy as measured by existing indices; 10% for GDP per person; 5% for an index of censorship and 5% for the absolute number of people younger than 25. Jordan comes out surprisingly low on the chart, which suggests the weighting might need to be tweaked.
Post suggestions in the comments below and we will refine it.

Reconstruir a democracia (com dinheiro fica mais facil...)

Com o título acima, transcrevi nesta Quarta-feira, Fevereiro 09, 2011, em meu blog Textos PRA(mais precisamente neste link), a matéria que vai reproduzida apenas parcialmente abaixo, retirada do Der Spiegel, o mais importante semanário alemão, que pode ser lida por inteiro no site da revista (neste link) e também no link acima de meu blog auxiliar.
O interessante a observar é que determinados milionários, a partir de um momento na vida, se aborrecem por ter muito dinheiro e, acossados ou não por problemas de consciência, resolvem se dedicar a alguma causa nobre. Bill Gates, Warren Buffet, George Soros são os exemplos mais conhecidos, mas existem muitos outros. Entre eles eu colocaria, por exemplo, o brasileiro Jorge Paulo Lemann, que se dedica a causas educacionais no Brasil e no exterior, no que ele faz muito bem.
Não vou criticar o milionário alemão que quer salvar ou reconstruir a democracia nos países avançados.
De fato, dona democracia é uma velha senhora que pode ter acumulado algumas gorduras aqui e ali, exibe já muitas rugas e pode estar mesmo acometida de mal de Alzheimer, em alguns lugares. Por isso, esse jovem milionário se dedica a certas tarefas cosméticas e reparadoras.
Minha única observação de princípio seria esta: não creio que a deterioração (muito relativa) da democracia nos países avançados seja de molde a afetar a paz e a segurança internacionais, ou resolver alguns problemas que esses países enfrentam nas suas relações com os países pobre, como: imigração selvagem, tráfico de drogas, criminalidade extensiva, e até ameaças reais à paz e a segurança internacionais (como os piratas da Somalia, por exemplo), sob a forma de tensões étnicas, religiosas, sociais e e políticas, todas elas derivadas da insuficiência de desenvolvimento nesses países (muitos Estados falidos, e outros a caminho disso, como o Paquistão, entre muitos outros).
Por isso, acho que esse milionário poderia se dedicar a fazer diferença onde o seu dinheiro faria mesmo diferença, como na educação e saneamento básico nos países mais pobres, sem que no entanto cair na vala comum em que os ditadores e corruptos do Terceiro Mundo vão buscar seus milhões desviados da ajuda internacional.
Apenas uma sugestão, claro.
Mas fiquem com a leitura, muito interessante.
Paulo Roberto de Almeida

Nicolas Berggruen's Fight for Democracy
By Markus Feldenkirchen
Der Spiegel, 02/09/2011

A Billionaire's Mission to Create a Better World
Nicolas Berggruen wants to save democracy.

(leia neste link)

O Brasil e os livros: uma relacao tenue - Murillo de Aragao

Lendo o Brasil
Murillo de Aragão

Os dados sobre leitura no Brasil são escassos e inconsistentes. Mesmo assim, apontam para uma situação dramática. Segundo pesquisa do Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê, em média, 1,3 livro por ano. Em 2007 éramos 77 milhões de pessoas que não liam e 21 milhões de analfabetos. Vinte e dois por cento dos entrevistados disseram que liam apenas por obrigação; 13% afirmaram realmente não terem gosto nenhum por leitura.

A pesquisa também revelou a enorme concentração de livros: 66% estão nas mãos de apenas 20% da população, ao passo que 8% desta não têm nenhum livro em casa, e 4%, somente um. Os mesmos dados indicam que nossos estudantes, mesmo os de cursos superiores, leem apenas dois livros por ano, enquanto na França esse número chega a oito, na Inglaterra a nove, e nos Estados Unidos a dez.

Já Galeno Amorim, novo presidente da Biblioteca Nacional, diz que os brasileiros leem 4,7 livros por habitante. O que é bem melhor do que o número apontado pelo Instituto Pró-Livro. Sem conhecer o retrato fiel da leitura de livros no Brasil, temos que recorrer a outra mídia para saber mais.

Em um país de quase 200 milhões de pessoas, a circulação média de jornais por dia não atinge 5 milhões de exemplares. Mais precisamente: 4.314.425 exemplares. O resultado é de 2010 e representa um acréscimo de 2% na circulação total de jornais em comparação com o ano anterior. Os dados são do IVC (Instituto Verificador de Circulação).

Para uma mídia que sempre sofreu com a concorrência maciça da televisão, a falta de hábito de leitura, o baixo poder aquisitivo da população e, mais recentemente, a internet, o resultado poderia ser comemorado. Porém, o desempenho dos jornais é pífio. Imaginem: o Brasil cresceu mais de 7% em 2010, e o transporte aéreo, mais de 20%.

Para piorar, no ranking dos jornais mais lidos no Brasil vemos que pelo menos a metade apresenta qualidade editorial, digamos, inconsistente. E os tradicionais “jornalões” terminam sendo das cidades de sempre: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Aparecem ainda, entre os mais vendidos, jornais de Vitória, Manaus, Goiânia e Salvador, sendo que apenas em Vitória e Salvador trata-se de jornais tradicionais. Brasília, a capital da República, aparece na 20ª posição, com o Correio Braziliense com uma circulação média de 57 mil exemplares, o que é risível, considerando sua população de 2 milhões de habitantes. O Jornal de Brasília sequer foi ranqueado.

Aparentemente, o Rio de Janeiro lê mais do que São Paulo. A circulação de jornais cariocas (O Globo, Extra, Meia Hora, Lance, Expresso e O Dia), entre os 20 mais do país, ultrapassa em alguns milhares os jornais de São Paulo (Folha, Estadão, Agora e O Amarelinho). Os números do IVC representam um triste retrato do fluxo de informação no Brasil. O brasileiro lê pouco e mal. A internet, tal qual colocada, também não representa um grande avanço em termos de qualidade de informação.

Os dados sobre as revistas também não são estimulantes. Em 2009, a circulação atingiu 442 milhões de exemplares – lembrando que em 2001 chegamos a ter 454 milhões de exemplares em circulação. Em 2009 houve uma discreta recuperação em relação ao ano anterior. Mesmo assim, os números são modestos, se comparados ao tamanho da população.

O caminho para melhorar a leitura no Brasil e almejar um fluxo mais qualificado e intenso de informações é a educação. Apenas com melhor educação teremos melhor e mais leitura, e vice-versa. É um círculo virtuoso ou vicioso, de acordo com a existência ou não do hábito de leitura e da qualidade do que se lê.

Artigo disponível nos seguintes links:
O TEMPO (PARTE: EDITORIAIS > OPINIÃO)
http://www.otempo.com.br/jornais/

Blog no Noblat
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

Blog do Murillo de Aragão (na seção artigos).
http://www.blogdomurillodearagao.com.br/

Recomecou a novela dos avioes da FAB (que vai se estender até... sabe-se la quando...)

Provavelmente além de 2012, pois este ano é de cortes.
Mas, essa novela tem tudo para render mais um pouco.
Querem apostar?
Paulo Roberto de Almeida

Dilma diz a americanos que considera Boeing melhor opção
Reinaldo Azevedo, 08/02/2011

Da Reuters. Volto em seguida:

A presidente Dilma Rousseff disse a autoridades dos Estados Unidos que considera o F-18 da Boeing como a melhor opção de caça para a FAB (Força Aérea Brasileira), mas que ainda está tentando obter melhores condições com relação à transferência de tecnologia.Dilma citou o tema da compra dos caças durante uma reunião na segunda-feira, em Brasília, com o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, segundo fontes familiarizadas com a conversa.

Os demais concorrentes no processo de compra dos caças são o Rafale, da francesa Dassault, e o Gripen NG produzido pela sueca Saab. As declarações de Dilma, junto a sua decisão prévia de adiar a licitação em vez de decidir imediatamente pelos Rafale, como propunha o Ministério da Defesa, sugerem que ela está se inclinando pela proposta da Boeing, num negócio que pode moldar as alianças militares do Brasil pelas próximas décadas.

Mas, Dilma disse a Geithner que continua preocupada com as questões de transferência da propriedade tecnológica, algo que o Brasil pleiteia que seja incluído no acordo, para poder desenvolver sua própria indústria militar. A presidente afirmou estar buscando condições melhores por parte da Boeing, além de garantias de que o governo dos EUA permitirá que tecnologias militares estratégicas mudem de mãos. O Palácio do Planalto não quis comentar as informações. A porta-voz da Boeing, Marcia Costley, afirmou que as garantias de transferência tecnológica são uma questão a ser decidida pelos dois governos.

Ela acrescentou que, como parte do eventual negócio, a empresa norte-americana estaria disposta a fornecer ao Brasil também tecnologia e outros tipos de assistência em áreas como transportes, satélites e sistemas bélicos. “A Boeing tem capacidade e recursos para cumprir suas promessas. A respeito da transferência de tecnologia, e tem um histórico para provar isso”, disse Costley por e-mail.

TEMA PARA OBAMA
O contrato, que deve chegar a pelo menos US$ 4 bilhões, sem incluir os lucrativos acordos de manutenção e possíveis aquisições adicionais, já sofreu vários adiamentos durante as últimas décadas, conforme o governo brasileiro tentava equilibrar as necessidades da FAB e fatores diplomáticos, de custo e outros. Os três finalistas têm se empenhado para melhorar suas ofertas. Segundo fontes, a última proposta havia sido apresentada há mais de um ano e que, por isso, seria preciso recalcular os termos.

Enquanto isso, o governo dos EUA quer oferecer as garantias adicionais que Dilma busca. A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, disse que já ofereceu uma garantia por escrito de que o eventual acordo com a Boeing será respeitado pelo governo dos EUA. Mas, Dilma pediu que haja também algum tipo de resolução nesse sentido por parte do Congresso norte-americano. Na visita que fará em março ao Brasil, o presidente Barack Obama pode oferecer novas condições.

A Dassault continua tentando fechar o negócio. Na semana passada, o diretor de exportações da empresa francesa, Eric Trappier, disse a jornalistas que estaria disposto a transferir para o Brasil toda a tecnologia disponível. Mas, há uma limitação para as empresas: em vez de reiniciar a licitação do zero, Dilma busca modificações nas atuais propostas, e pretende tomar a decisão ainda neste ano, segundo um assessor.

Comento [Reinaldo Azevedo]:
Começa a contagem regressiva para o desmentido.

Presidente ou presidenta?: um problema da mais alta relevancia

Acho, sinceramente, que o país precisa parar um pouco para discutir essa questão do sexo, perdão, do gênero da presidente, perdão presidenta. Não, o gênero já está determinado, desde que ela nasceu, por sinal, e não há sinal de que pretenda mudar de gênero, pelo menos não no plano propriamente sexual. Mas quem sabe no terreno literário, ou terminológico?
Oh céus, oh deuses, como vamos fazer em face de todas essas dúvidas cruéis?
Chamaremos a presidenta de presidente, mesmo contra as suas preferências?
Ficamos com a Academia Brasileira de Letras, com o dicionário, ou com algum decreto presidencial?
Enfim, o debate já começou, como discute este jornalista, por demais conhecido...
Paulo Roberto de Almeida

Abaixo a fada e viva o fado, grita a pós-feminista!
Reinaldo Azevedo, 08/02/2011

A maior contribuição da agora senadora Marta Suplicy (PT-SP) à língua portuguesa havia se dado no terreno da metáfora. Quando tinha um programa de TV, ainda “sexóloga”, foi indagada sobre a importância do tamanho do pênis. Misturando o conto de fadas com um conto de…, bem, resistirei à tentação do trocadilho porque a VEJA me daria um puxão de orelha, respondeu: “Não importa o tamanho da varinha, mas a mágica que ela faz”. Há controvérsias. Adiante!

Na tarde desta terça, ela decidiu demonstrar por que está no Senado, onde é primeira vice-presidente. José Sarney, o acadêmico presidente, o “lírico de Saraminda” (a fogosa que, suponho, não concordaria com a fada em nome de um bom fado); o sub-épico sertanejo de “Maribondos de Fogo”, este prosador incansável na tentativa de produzir prosa…, bem, Sarney referiu-se a Dilma Rousseff como “presidente”.

Marta resolveu bater a varinha do feminismo na mesa! Interrompeu Sarney — que cobria Dilma Primeira de elogios, é claro — e o corrigiu:
— Presidente não, presidenta!

Um tantinho vexado, ele respondeu:
— As duas formas estão corretas. Vou usar a forma francesa: “Madame le président“

Deus nos guarde! Com efeito, estamos diante de uma questão de suma importância, não é mesmo? “Presidente”, em português, é um substantivo comum de dois gêneros, que admite também a variável “presidenta”. E Sarney, no caso, está certo. É raro isso acontecer, mas, diante de Marta, quem não estaria? Eduardo Suplicy talvez…

Na sua resposta, aliás, Sarney entrou numa questão que chegou a gerar certa polêmica entre as feministas francesas, que defendiam a forma “Madame la presidente” para mulheres. Ocorre que a palavra, em francês, é “président” e só, no masculino. E quem define se existe o feminino ou não, por lá, é a Academia Francesa. A nossa também tem esse poder normativo — e participou ativamente da última, e tola, reforma ortográfica. O problema da nossa academia é que se mete com tipos como Sarney, e aí ninguém dá bola para a instituição, que tem ares de coisa sagrada na França.

Nos documentos oficiais do governo, Dilma exige ser chamada de “presidenta”, para deixar marcado que ela é uma mulher, coisa certamente incontestável. Submeter a língua a questões políticas de gênero é, com certeza absoluta, coisa de desocupados; a depender da circunstância em que se o faça, é também manifestação de má-criação.

Marta certamente tornará a Mesa do Senado mais politicamente correta e, bem…, mais malcriada. Inclusive com a gramática!

“Abaixo a fada e viva o fado!”, grita a pós-feminista!

Bebam - e comentem - com moderação!

Obesidade se espalha no Terceiro Mundo: e agora, como fica o Fome Zero Universal???!!!

Primeiro a notícia, sem dúvida decepcionante para alguns:

Obesidade se espalha por países em desenvolvimento
original em The Economist, 8/02/2011

Aumento está ligado a um crescimento da riqueza econômica

Os aumentos nos níveis de obesidade são uma notícia ruim para a população e para os orçamentos da saúde, mas também estão relacionados a boas notícias, como o aumento da riqueza econômica.

Os três mapas do gráfico abaixo, que foram elaborados de acordo com um novo estudo global liderado pelo Professor Majid Ezzati, da Imperial College, em Londres, e publicado pelo “Lancet”, mostram que – com exceção da Polinésia – a obesidade era um fenômeno dos países ricos em 1980.

Em 2008 o mundo das países ricos se expandiu, levando a obesidade a grupos em países até então considerados pobres como o Brasil e a África do Sul. Durante esse período, a incidência de casos de obesidade entre homens dobrou e se aproximou dos 10%. Um país resistiu obstinadamente a essa tendência. Desde que a Índia abriu sua economia, em 1990, seus homens, em média, emagreceram. O estudo sugere que o Congo é o país mais magro do mundo, e Nauru, o mais gordo. O mapa da Imperial College pode ser visto aqui.
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Bem, eu conheço um falador contumaz que queria sair pelo mundo reduzindo a fome e a miséria, pretendendo até implantar um "Fome Zero Universal" (aliás, desde 2003, sem jamais ter conseguido).
Como é que ficamos agora?

Diplomata reintegrado, com 70 anos (e a aposentadoria?)

Nada contra que se faça justiça contra erros, abusos e arbítrios cometidos no passado, mas a Constituição determina que a aposentadoria é compulsória aos 70 anos...
Paulo Roberto de Almeida

Diplomata é reintegrado ao Itamaraty
Evandro Éboli
O Globo, 08/02/2011

Anistiado, Jom Tob Azulay, que foi perseguido na ditadura, vai para Nova Déli

BRASÍLIA. Depois de 34 anos, o diplomata Jom Tob Azulay foi reintegrado aos quadros do Itamaraty, no cargo de conselheiro do quadro especial. Azulay deixou o Ministério das Relações Exteriores em 1976, depois de sofrer seguidas perseguições do regime militar. Em agosto de 2010, a Comissão de Anistia aprovou sua condição de anistiado político e seu retorno ao Itamaraty. Em janeiro, ele finalmente voltou e, no fim deste mês, seguirá para seu novo posto diplomático, em Nova Déli, na Índia.

Azulay, de 70 anos, foi cônsul do Brasil em Los Angeles, no início dos anos 1970, e um divulgador, nos Estados Unidos, do documentário "Brazil: a report on torture" ("Brasil, o relato de uma tortura"), com depoimentos de ex-presos políticos brasileiros, na época exilados no Chile.

Ele ingressou no Instituto Rio Branco em 1965 e sofreu perseguição no trabalho, o que o obrigou a solicitar remoção para o Consulado-Geral em Los Angeles, onde permaneceu até 1974. Afastou-se do trabalho no Itamaraty em 1976, quando já estava de volta ao Brasil.

O documentário, realizado pelo cineasta americano Haskel Wexler, trata de parte do grupo de ativistas da luta armada que foi trocado pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, em 1971. Os militantes, para denunciar a tortura, encenaram no filme práticas como pau de arara, choque elétrico, espancamento e afogamento. Azulay, que também é cineasta, conseguiu uma cópia e fazia exibições para brasileiros que viviam ou passavam pelos EUA. Uma dessas sessões se deu na casa do músico Oscar Castro Neves, na presença de Tom Jobim e Elis Regina, que estavam na cidade para gravar um álbum.

Azulay disse que, naquele período, foi criado um aparato repressivo no Itamaraty:

- Os militares tinham um olhar diferente para o Itamaraty, por se tratar da relação com o exterior. Era muito importante a preservação de certa imagem do regime. Quando me tornei cônsul, nos Estados Unidos, fiz sessões quase públicas contra o governo. Estava em rota de colisão irreversível.

O diplomata diz lamentar que o documentário seja desconhecido no Brasil. Até hoje, foi realizada apenas uma exibição, num evento na Comissão de Anistia, ano passado.

- Inacreditável que até hoje esse filme seja desconhecido no Brasil. Só há uma explicação: a sociedade reprime e joga véu de esquecimento sobre a tortura - disse Azulay.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Confissoes virtuais (mas a US$ 1,99): enfim, poupando gasolina, sai barato...

Na verdade, não sei se dispensa uma presença efetiva, mas bem que se poderia pensar em outro dispositivo, ou applicativo iTunes, para facilitar essas confissões...

Igreja Católica nos EUA aprova aplicativo para confissões
Alexandre Mello, Blog do Estadão
8 de fevereiro de 2011 | 15h26
Um aplicativo de iPhone destinado a ajudar os católicos a se confessarem (e encorajá-los ao retorno da fé) foi sancionado pela Igreja Católica americana. É o que informa a Reuters.

O app Confession: A Roman Catholic foi criado pela empresa Little iApps e já está disponível no iTunes por US$ 1,99.
Segundo seus inventores, o software não substitui o ritual da confissão e, sim, um padre ainda é necessário para perdoar os pecados. Mas afirmam categoricamente que o uso do app foi “oficialmente autorizado pelo bispo Kevin Rhoades, da Diocese de Fort Wayne, em Indiana”.
O conteúdo do Confession: A Roman Catholic foi desenvolvido com a ajuda dos bispos Thomas Weinandy, da Conferência de Bispos Católicos Americanos (USCCB), e Dan Scheidt, da Igreja Católica Rainha da Paz, de Indiana.
Basicamente, são quatro passos: a configuração do usuário; um exame de consciência (onde o usuário relembra os dez mandamentos e responde um teste); a confissão em si e o que os padres dizem sobre isso.

Adiando uma cupula (mas vai ser preciso trocar de cupula tambem...)

O anúncio é banal, corriqueiro, até esperado, necessário, indispensável: havendo problemas de agenda, é preciso remarcar os compromissos.
Primeiro o anúncio, que foi veiculado também pelo boletim da liderança de certo partido governamental no Congresso:

Cúpula América do Sul-Países Árabes tem nova data

A Embaixada do Peru no Brasil confirmou ontem ao Ministério das Relações Exteriores que a 3ª Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), em Lima, prevista para começar no dia 12 deste mês, foi remarcada para 20 de abril. Assessores brasileiros foram informados sobre o adiamento das reuniões em decorrência da crise que atinge parte do mundo muçulmano. É uma medida de precaução, a pedido dos líderes políticos dos países árabes.

A presidenta Dilma Rousseff estrearia na cúpula nos dias 15 e 16 de fevereiro. Em um primeiro momento, caberia a ela discursar em duas situações – para os empresários e depois para os líderes políticos sul-americanos e árabes. Porém, o adiamento da cúpula pode mudar parte do cronograma.

O adiamento da cúpula, na avaliação do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), é estratégico, já que havia um grande risco de vários líderes de países árabes não comparecerem ao evento em função do agravamento da crise política. “Não havia outra alternativa senão o adiamento da cúpula. A ausência destes governantes no evento poderia levar a cúpula ao fracasso. Precisamos de uma cúpula consistente, prestigiada, para não perdermos credibilidade”, defendeu.

Cúpula - No total, representantes de 33 países integram a Aspa. Dos 22 países árabes que fazem parte da cúpula, seis passam por um momento delicado na política interna, como o Egito, a Jordânia, o Líbano, a Palestina, a Síria e o Iêmen. Em decorrência dessa turbulência, os líderes políticos da região pediram à organização da cúpula da Aspa para adiar sua realização.

Até o adiamento da cúpula, os negociadores planejavam divulgar, depois das reuniões, uma nota conjunta em defesa do ambiente democrático e do bem da população. O caso da criação do Estado palestino também teria destaque em apoio à autonomia e defesa da região. A medida seria uma resposta à crise política no Egito e nos demais países.

Desde o final do ano passado, há uma série de discussões pautadas para a Aspa, que se estendem à questão política na região árabe. Na lista de prioridades estão a preocupação com os efeitos da alta do preço dos alimentos, a falta de água nos países árabes e os problemas gerados por causa da desertificação.

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Medida de precaução é eufemismo.
Só que além da data, vai ser preciso trocar de cúpula também, pois os da cúpula anterior correm o risco de terem certas dificuldades para chegar, alguns até estando em lugares incertos e não sabidos, outros certamente não foram sabidos ao ponto de reformar seus regimes a tempo e agora amargam um doce exílio (tão doce quanto o permitido pelas reservas pessoais acumuladas em tantos anos de liderança sábia e esclarecida), e outros estão sendo sabidos a ponto de adiarem uma cúpula qeu corre o risco de ser adiada mais uma vez e até de não se realizar.
Que tristeza, não é mesmo? Tanta coisa para ser dita e esses manifestantes atrapalhando o calendário governamental.
Aproveitando a espera, quem sabe não se reforma a agenda, também, colocando, por exemplo, temas como direitos humanos, democracia, boa governança na ordem do dia?
Enfim, é só uma sugestão...

Trem-bala: medida pode ser provisoria, mas o prejuizo vai ser permanente...

A rigor, não se trata de um trem-bala, mas de uma licença para assaltar os cofres públicos, uma medida altamente irresponsável, no limite do criminoso. Tendio os Correios na operação não poderia dar outra, aliás, mas nem precisaria...

Medida provisória para salvar trem veloz
DCI, 08/02/11 (p.A5)

Uma das medidas provisórias mais polêmicas que travam a pauta da Câmara dos Deputados, a MP 511/ 10 (do trem-bala), ganhou a partir de hoje uma grande adesão: a participação dos Correios.

Integracao regional: balanco (em 2008) e perspectivas

Descubro agora, graças a um amigo, que um trabalho meu sobre a integração na América do Sul, elaborado mais de dois anos atrás no quadro de um projeto regional, foi "publicado" e encontra-se disponível para leitura e download:

Integração regional e inserção internacional dos países da América do Sul: evolução histórica, dilemas atuais e perspectivas futuras
ALMEIDA, Paulo R. de. Integração regional e inserção internacional dos países da América do Sul: evolução histórica, dilemas atuais e perspectivas futuras. São Paulo: Instituto Fernando Henrique Cardoso; Santiago do Chile: Corporación de Estudios para Latinoamérica (Cieplan), 2008. 55 p. Contribuição ao projeto: “Uma Nova Agenda Econômica e Social para a América Latina”. Disponível em: http://www.ifhc.org.br/.
Mais especificamente neste link.

Ray Charles: o insubstituivel (de verdade)

Ouvindo a caminho do trabalho:

Unchain My Heart
Ray Charles

Unchain my heart, baby let me be
Unchain my heart 'cause you don't care about me
You've got me sewed up like a pillow case
but you let my love go to waste so
Unchain my heart, oh please, please set me free

Unchain my heart, baby let me go
Unchain my heart, 'cause you don't love me no more
Ev'ry time I call you on the phone
Some fella tells me that you're not at home so
Unchain my heart, oh please, please set me free

I'm under your spell like a man in a trance
But I know darn well, that I don't stand a chance so
Unchain my heart, let me go my way
Unchain my heart, you worry me night and day
Why lead me through a life of misery
when you don't care a bag of beans for me
So unchain my heart, oh please, please set me free

I'm under your spell like a man in a trance
But I know darn well, that I don't stand a chance so
Unchain my heart, let me go my way
Unchain my heart, you worry me night and day
Why lead me through a life of misery
when you don't care a bag of beans for me
So unchain my heart, please, please set me free
(please set me free)
Oh won't you set me free
(please set me free)
Woah, set me free
(please set me free)
Woowow, set me free little darlin
(please set me free)
Oh won't you set me free

Brasileiras e brasileiros: quero falar diretamente a vocês...

..., sim, se trata do primeiro Estado da Nação da nova presidente.
Tive a sorte de "capturar" um esboço do que está sendo preparado para seu primeiro pronunciamento "livre", digamos assim.
Não sei, na verdade, se ela vai dizer tudo isso, mas no que depender de mim, diria isso e muita coisa mais, que não posso dizer...

Brasileiras e brasileiros: quero falar diretamente a vocês...
(o primeiro Estado da Nação da nova presidente)

Espaço Acadêmico (ano 10, n. 117, fevereiro 2011, p. 93-98; ISSN: 1519-6186)
Relação de Originais n. 2238b; Publicados n. 1021.

Brasileiras e brasileiros,
Estou desde o dia 2 de janeiro no comando efetivo do país e esta é a primeira vez que eu tenho a honra e a oportunidade de me dirigir diretamente a vocês. Meu discurso de vitória, no dia 31 de outubro de 2010, e o de investidura no cargo, no Congresso Nacional, em 1o. de janeiro de 2011, trouxeram a vocês o que eu poderia dizer, respeitando as formalidades dessas ocasiões cerimoniosas, numa linguagem politicamente correta, feita com base em subsídios preparados por meus assessores de campanha. Agora pretendo ser menos cerimoniosa, dirigindo-me diretamente a vocês, neste primeiro pronunciamento público, que pretendo seja o mais franco e aberto possível. Em primeiro lugar, vou pedir para cessar essa “coisa” de me chamar de presidenta: meu feminismo não chega a esse ridículo de feminizar todos os cargos existentes na Nação; daqui a pouco, algum assessor subserviente vai querer me chamar de chefa de Estado, de governanta, ou ainda de coisas piores...

Brasileiras e brasileiros, ou vice-versa,
Desejo falar a vocês, de coração aberto, sobre os problemas do Brasil;...
(...)

[Leia o resto aqui]

Davos e FSM: irmaos siameses?

Nem tanto, mas duas modas que já passaram de moda...
Vejam meu artigo mais recente:

Fórum Econômico e Fórum Social: dois mundos impossíveis e contraditórios?
Paulo Roberto de Almeida
Mundorama, 8/02/2011


Entre o final de janeiro e o começo de fevereiro de cada ano são realizados, sucessivamente ou por vezes simultaneamente, dois fóruns mundiais, mas “inimigos”: de um lado, o dos capitalistas de Davos – o Fórum Econômico Mundial, ou WEF, na sua sigla em inglês – e, de outro, nos últimos dez anos, o dos antiglobalizadores do Fórum Social Mundial (FSM), em diferentes cidades tidas como, momentaneamente, “alternativas” (e Porto Alegre o foi, enquanto esteve sob o comando do PT). Já passou o tempo em que os militantes do segundo grupo se organizavam para perturbar, ou mesmo para tentar impedir a realização do primeiro, como faziam com todos os demais encontros “capitalistas” de par le monde, formando correntes de bloqueio, destruindo algumas propriedades e enfrentando a polícia nas ruas dessa pacata estação de esqui da Suíça (ou de outras cidades que por acaso abrigam reuniões periódicas dos “poderosos” do mundo).

Os antiglobalizadores – graças, justamente, à globalização, mas isso eles não reconhecem – se tornaram agora um grupo por demais “importante” para apenas protestar ruidosamente contra os encontros de capitalistas: eles já têm seu espaço garantido na mídia e na agenda de muitas ONGs e por isso se dedicam, hoje, com a mesma seriedade de uma multinacional “grisalha”, a transmitir suas próprias “soluções” aos problemas mundiais, chegando até a obscurecer, em algumas ocasiões, as propostas do primeiro grupo. Cabe, assim, tratar de suas agendas respectivas e de suas propostas, se é que alguma proposta significativa pode “emergir”, de um ou outro fórum, para “resolver”, de fato, problemas cruciais da humanidade.

Esses problemas, como se sabe, têm nome e “endereço”: pobreza ainda disseminada em diferentes regiões do planeta, ameaças à paz e à segurança internacionais em diversos hotspots do mundo, conflitos renitentes, sob a forma de guerras civis, enfrentamentos étnicos ou religiosos, em países próximos daquela condição associada a um “Estado falido”, poluição e perspectivas de novos cenários malthusianos com o aquecimento global antrópico, enfim, questões que estão há muito tempo na agenda das principais potências e organismos internacionais e que são, ou deveriam ser, tratadas também nos encontros mundiais de globalizadores e antiglobalizadores, onde quer que eles se reúnam. Vamos tentar ver um pouco mais de perto o que representam, de fato, esses encontros e analisar suas “soluções”.

Fórum de Davos: capitalistas “arrependidos” e fora de foco

O Fórum de Davos surgiu no início dos anos 1970 com a finalidade explícita de reunir representantes da elite do empresariado mundial e os dirigentes políticos com responsabilidade de governos em torno das questões mais relevantes da agenda mundial, num momento – choques do petróleo e revolução islâmica no Irã – em que o mundo se debatia entre a estagflação dos países ricos e as crises econômicas – geralmente de dívida externa – dos países em desenvolvimento. Seu organizador, Klaus Schwab, tinha a intenção de facilitar o diálogo entre esses dois grupos, já que o G7 se reunia praticamente a portas fechadas e que as reuniões das instituições de Bretton Woods – FMI e Banco Mundial – e do Gatt tampouco permitiam a participação do setor privado; haveria, portanto, um espaço a ser preenchido por uma ONG como a que ele criou precipuamente com essa finalidade: juntar reguladores e decisores em torno dos problemas do momento.

Os objetivos eram, sem dúvida alguma, meritórios: encontrar um terreno neutro, quase de lazer (já que Davos sempre se distinguiu pelas suas pistas de esqui), para fazer avançar a coordenação de políticas entre os principais atores da economia mundial – Estados e companhias globalizadas –, sempre com intenção de, através do diálogo informal, despojado do peso das burocracias governamentais, fazer com que algumas novas ideias pudessem ser concretizadas no terreno das políticas práticas e das iniciativas intergovernamentais, com vistas a incrementar, de modo adequado e mutuamente benéfico, a chamada interdependência econômica global. Nesse sentido, a agenda de Davos não era muito diferente daquela do G7, da OCDE ou daqueles entidades multilaterais, com a vantagem de oferecer um espaço de discussão informal, sem os rigores e os compromissos das declarações oficiais de governos e entidades.

Passados quarenta anos de sua criação, qual seria o balanço a ser feito do WEF e de suas contribuições, eventualmente positivas, para a melhoria das condições econômicas e sociais no nosso planeta? Elas são inegavelmente positivas, pelo simples fato de se ter mais um espaço de diálogo entre a chamada “sociedade civil” – ainda que representada majoritariamente pelos capitalistas, ou seja, os “ricos e poderosos”, como diriam seus opositores – e líderes governamentais, tratando de problemas relevantes da agenda mundial: crescimento econômico, desenvolvimento sustentável (que é o novo mantra da agenda ecológica de radicais e cientistas do meio ambiente), comércio internacional (que sempre anda aos “trancos e barrancos”, ao sabor das rodadas de negociações comerciais multilaterais), sistemas financeiros (e a verdadeira anarquia monetária e cambial que existe nessa área), questões tópicas de saúde, segurança, comunicações, ou questões mais amplas, como desenvolvimento social, distribuição de renda, diversidade cultural, etc.

Aos poucos, porém, essa agenda passou a refletir o “politicamente correto” das agências intergovernamentais, com uma linguagem cuidadosamente escolhida para não ofender “gregos e goianos”, e tomando o cuidado para tampouco contrariar as prioridades governamentais, para não afastar os líderes governamentais, que, junto com os capitalistas, são os que sustentam financeiramente o WEF. Na verdade, os encontros de Davos são uma ocasião adequada para que estes últimos, em suas missões de lobby e de novas oportunidades de negócios, encontrem os decisores de governo, ou seja, continuem a fazer aquilo que eles normalmente fazem em direção de suas capitais e nos países focados para investimentos e transações comerciais. Podem até ocorrer cenas implícitas de corrupção, dado que a profusão de atores tornam menos visíveis certos encontros e conversas que, no plano puramente nacional, seriam refletidas pela imprensa local e pelos competidores de outros países.

Nesse ambiente de “mútuo congraçamento”, de troca de favores gentis, de palavras amenas uns com os outros, só poderia dar no que deu: a agenda do WEF foi capturada pelas prioridades repetidamente reincidentes – com perdão pela redundância – das agências intergovernamentais, das ONGs de “bem-pensantes” – como Raymond Aron se referia a essas “almas cândidas”, interessadas, equivocadamente, em fazer o “bem” para o mundo, mas sempre pelas vias erradas – e das personalidades beneméritas, sempre prontas a agitar alguma “ideia generosa”, desde que aquilo lhes garantisse alguns minutos de publicidade gratuitas nas telas dos canais internacionais e dos grandes jornais de circulação mundial.

Pois foi assim que pudemos ver, poucos anos atrás, uma conhecida artista de Hollywood, seduzida pela agenda de um cantor idiota (mas de sucesso) de “salvar os africanos” da miséria e da fome, conduzir numa plenária do WEF, ao vivo, uma campanha imediata de doações em favor do continente africano, anunciando imediatamente que estava depositando um milhão de dólares na caixinha de uma entidade qualquer que se dedicava, justamente a essa atividade benemerente. Foi o sinal para que os capitalistas entusiasmados – não tanto pela África, mas provavelmente pela atriz sedutora – passassem a soltar seus milhares de dólares pela mesma causa. No espaço de uma hora, a conta deve ter subido a vários milhões, que provavelmente foram perdidos nas semanas e meses seguintes com a triste realidade da assistência oficial e privada ao “desenvolvimento” africano: metade gasta nos meios e suprimentos adquiridos nos próprios países desenvolvidos, outro quarto nos canais de intermediação africanos (com pelo menos uma parte voltando para os bancos offshore que mantêm contas numeradas) e o que sobrou sendo finalmente aplicado na atividade-fim (sem qualquer esperança de algum tipo de mudança nas realidades africanas).

Patéticos esses capitalistas de Davos, que agora precisam ser um pouco de tudo: sustentáveis, igualitários, socialmente conscientes, ecologicamente ativistas, politicamente equilibrados, culturalmente diversificados, includentes em matéria de gênero, raça e cor, sexualmente abertos, compreensivos com todas as religiões, favoráveis a cotas para todo tipo de minoria, apoiadores sinceros de uma “diplomacia supranacional da generosidade”, enfim, superhomens (e supermulheres), tudo menos simples capitalistas, vocês sabem, daquele velho estilo, interessados apenas em lucros e resultados para seus acionistas e proprietários. Eles estão quase pedindo desculpas por serem ricos e poderosos, por produzirem resultados tangíveis para suas empresas, ou simplesmente por serem capitalistas. Estão com a consciência culpada por terem um estilo de vida tão “luxuoso”, enquanto mais da metade da humanidade patina na miséria: “o que podemos fazer?”, suplicam eles…

Eu diria que eles deveriam voltar a ser o que sempre foram: capitalistas, apenas isso. Sua função principal é, essencialmente, a de produzirem resultados para seus proprietários e acionistas, quanto mais lucro melhor. Como o lucro só pode ser proveniente de alguma atividade lícita de mercado – claro, tem aqueles que vão a Davos para conseguir um contrato suculento com algum príncipe, mas esses são minoria – eles estarão cumprindo, assim, a função que lhes foi atribuída pela economia de mercado. Qualquer outra atividade “politicamente correta” que eles resolverem empreender, como empreendem de fato, é pura hipocrisia social, é uma rendição às novas patrulhas ideológicas que frequentam – infestam, seria o termo mais apropriado – esses encontros a partir dos organismos internacionais e das entidades não governamentais pretensamente caritativas e humanitárias.

O mundo dos capitalistas é o mundo dos retornos de mercado, dos lucros crescentes, das inovações tecnológicas, da competição desenfreada, da promoção das novas ideias para vencer a concorrência, enfim, o mundo que eles sempre conheceram antes de começar essa onda do “politicamente correto” que se revela economicamente estúpido. Os capitalistas não vão produzir um “outro mundo possível”, melhor do que o atual, entenda-se, seguindo as recomendações economicamente irracionais de ONGs e dinossauros intergovernamentais; eles apenas vão prolongar os diferenciais de produtividade, as desigualdades sociais e regionais, a não-educação, a corrupção, a ineficiência dos aparatos estatais na maior parte dos países em desenvolvimento, enfim, as mesmas realidades a que assistimos atualmente, depois de quatro ou cinco “décadas do desenvolvimento” decretadas pela ONU.

Mas também suspeito que eles vão para Davos praticar a mais velha das vaidades humanas, o exibicionismo do rico perdulário: “eu chego de jatinho particular, eu alugo um chalé a 300 mil dólares por um fim de semana, eu dou uma festa regada a champagne legítimo, eu vou esquiar em pista exclusiva, e depois, se sobrar tempo, passo naquela mesa-redonda para demonstrar minha compreensão com as causas do momento” (aproveitando para ver aquele velho corrupto do Oriente Médio). Enfim, isso também existe, e Davos até pode sair mais barato em matéria de lobby, ao concentrar toda essa fauna no mesmo lugar. Aposto como teremos mais quarenta anos de WEF, no mesmo estilo, com capitalistas cada vez mais encurralados no politicamente correto dos tempos que correm. Enfim, more of the same…

Os “alternativos” do FSM: socialistas reciclados na economia solidária

Outra é a fauna dos encontros anuais (e regionais) do FSM: viúvas do socialismo, órfãos do comunismo, frustrados com o prolongamento (várias vezes repetido) das “crises finais” do capitalismo, filhos ingratos da globalização, ingênuos de todo gênero e um gênero especial de velhos “velhacos” do altermundialismo profissional, aqueles capazes de vender ideias vazias para mentes igualmente vazias, como são as dos jovens que frequentam em sua grande maioria esses encontros ruidosos e caóticos. Assim como Davos é um convescote de luxo para os capitalistas (e outros poderosos do globo), os encontros do FSM são um piquenique catártico, geralmente austero, para todos esses rebentos rebeldes da globalização.

As grandes estrelas são esses embromadores de sempre, nomes conhecidos na academia e nos meios de comunicação para serem repetidos aqui gratuitamente. A eles se somam alguns populistas e demagogos do chamado Terceiro Mundo, em maior número, atualmente, da América Latina, um continente atrasado que costuma produzir esse tipo de fauna política (já que em outras regiões, o pessoal está mais ocupado em realmente fazer emergir suas economias). Eles vêm “debater” – conforme leio no programa – “a conjuntura global e a crise, a situação dos movimentos sociais e cívicos e o processo do Fórum Social Mundial.”

Em matéria de resultados efetivos para a prosperidade do mundo, eles conseguem ser ainda mais negativos, e irrelevantes, do que os capitalistas de Davos, pois que estes últimos pelo menos produzem bens, serviços, utilidades mercantis que entram nos vastos circuitos da globalização, ao passo que os primeiros só produzem palavras, palavras e mais palavras. Nunca tantos se reuniram tanto, para transpirar tanto, sem qualquer inspiração útil, em torno de tão magras ideias (if any). Parece incrível, mas eles conseguem se repetir a cada ano, sem trazer nada de novo para o debate público. Senão vejamos.

Leio no documento de base dos antiglobalizadores: “A situação global está marcada pelo aprofundamento da crise estrutural da globalização capitalista.” Ou então: “Análises do movimento altermundista estão sendo aceitas, reconhecidas e contribuem para a crise do neoliberalismo. As propostas produzidas pelos movimentos são aceitas como base, por exemplo, para o monitoramento dos setores financeiro e bancário, para a eliminação dos paraísos fiscais, de tributos internacionais, para o conceito de segurança alimentar, até então considerados heresias, estão nas agendas do G8 e do G20.” Mais ainda: “Essas propostas tem sido acolhidas, mas não se efetivam por causa da arrogância das classes dominantes confiantes no seu poder.” (ver: “O que está em jogo no Fórum Social Mundial 2011”; 25.01.2011; disponível: http://www.forumsocialmundial.org.br/noticias_01.php?cd_news=2996&cd_language=1.)

Também leio na imprensa que um desses líderes latino-americanos presentes ao FSM de Dacar foi enfático em condenar a exploração e a dominação dos malvados de sempre, exaltando a liberação dos povos pela mão de dirigentes anti-imperialistas como ele: “Assim como a África foi colonizada e submetida, a América Latina também foi invadida pela Europa, que para ali foi aniquilar povos indígenas.” O caminho para a liberdade, porém, passa pela correta identificação dos adversários: “Sabemos bem quem são os inimigos do povo: o capitalismo, o neoliberalismo, o neocolonialismo, que possuem instrumentos para seguir impondo políticas e saqueando as riquezas da população.” Basta isso: já sabemos o resto.

O mais curioso, nesse tipo de catarse “social”, é que esses líderes condenam a exploração dos países ricos e poderosos, mas querem liberdade de emigração, ou seja, fronteiras livres para que seus “povos explorados” possam ter acesso aos mercados de trabalho das potências exploradoras. Não seriam eles cúmplices daqueles europeus que foram saquear as riquezas dos “povos originários”, querendo agora que esses mesmos povos sejam explorados desta vez no centro mesmo do sistema explorador?

É isso, pelo menos, que deduzo de algumas palavras de ordem do documento de base, que pede um “mundo diferente da globalização dominante”. Para isso, os antiglobalizadores pretendem colocar a questão dos “direitos dos migrantes e da migração que questione o papel das fronteiras, bem como a organização do mundo.” Mas se é para escapar da globalização assimétrica, como é que eles pretendem agora oferecer seus povos no altar da globalização, como vítimas expiatórias de um “novo mundo possível”? Vai entender…

E como é que os antiglobalizadores pretendem construir esse “outro mundo possível”? Segundo eles, mobilizando as forças de “movimentos de campesinos, sindicatos, grupos feministas, de juventude, habitantes locais, grupos de imigrantes reprimidos, grupos indígenas e culturais, comitês contra a pobreza e contra a dívida, a economia informal e a economia solidária, etc.” Enfim, majoritariamente os lumpen, e bem menos os trabalhadores da economia formal, que costumavam ser os “coveiros do capitalismo” naquela versão antiga das velhas teses alternativas à economia de mercado. Para piqueniques culturalmente diversos está muito bem, mas para construir uma alternativa real e credível a essa globalização assimétrica que está aí, deve-se reconhecer que essa tribo é bem menos homogênea do que os capitalistas de Davos. Vai ser difícil um entendimento sobre uma plataforma comum, e abrangente, de mudanças sociais e políticas que conduzam a esse “outro mundo possível”, se é verdade que os antiglobalizadores sabem onde querem chegar (o que eu duvido).

Na sua linguagem sempre enrolada, típica de acadêmicos que vivem sua labuta constante na embromação cotidiana de alunos passivos, os antiglobalizadores reconhecem que a luta não é fácil: “O processo do FSM pôs em cena as bases para essa nova cultura política (horizontalidade, diversidade, convergência das redes de cidadãos e dos movimentos sociais, atividades autogestionadas, etc.) mas ainda deve inovar mais em muitas dificuldades relativas à política e ao poder, para conseguir superar a cultura política caduca, que para a imensa maioria persevera dominante.” Pois é, o mundo é mesmo pouco complacente com suas ideias vazias (se que eles têm alguma). Os capitalistas de Davos, pelo menos, costumam expressar seus objetivos apontando para resultados mais tangíveis: tanto de crescimento (descontada a inflação), lucros aumentados em x%, investimentos em y%, empregos criados em tal ou qual país, novos centros de pesquisa e desenvolvimento, z% do faturamento global aplicado em inovação, dividendos em alta, abertura de capital, etc.

Se os antiglobalizadores tivessem algum tipo de benchmark, e fossem avaliados por uma dessas consultorias globais em organização e métodos, eles provavelmente seriam reprovados. Só não fecham a “barraca” porque conseguem operar a custos mínimos, graças, entre outras benesses do capitalismo, ao free lunch da globalização: e-mail e blogs gratuitos (thanks Google), telefonia de graça por VOIP, patrocínio de empresas estatais e de governos “iluminados”, milhas acumuladas e passagens e diárias dadas pelas entidades de fomento à pesquisa pública, enfim, um sem número de benefícios do sistema que eles conspurcam de forma totalmente ingrata e incompreensível.

Capitalistas e antiglobalizadores: defasados e esquizofrênicos

Ao fim e ao cabo, tanto os capitalistas de Davos, quanto os antiglobalizadores do FSM (que são, em grande medida, anticapitalistas, com exceção dos jovens, que não são nada; são apenas a favor de um “mundo melhor”) estão de certa forma em descompasso com as realidades do mundo e aparentemente sem propostas sobre como empreender a construção desse “outro mundo possível” a que ambos os grupos aspiram (ao que parece). Os primeiros porque deixaram de ser apenas capitalistas para se apresentarem em “reformadores sociais”, quando esta não é a sua tarefa e a sua “missão histórica” (como diria Marx). Os segundos porque não têm mesmo nenhuma proposta viável a apresentar para a “reconstrução” do mundo, e se contentam em repetir slogans vazios e dar voltas em torno de suas teses requentadas sobre a globalização não-assimétrica e a economia solidária.

A rigor, ambas as tribos já fazem parte da paisagem da globalização, com seus rituais consagrados e seus estilos respectivos de promover encontros, convescotes requintados no primeiro caso, piqueniques rústicos no segundo. Não se espera que ofereçam, por isso mesmo, soluções inovadoras aos problemas do mundo atual. Os capitalistas porque parecem estar perdendo seus “espíritos animais” e domando aquela ganância por lucros em favor de “ações socialmente responsáveis” – que são um travestimento das únicas atividades que deveriam empreender vigorosamente, que são: inovar, vender e ganhar dinheiro – e os antiglobalizadores porque não dispõem, de nenhum modo, de estatura intelectual para apresentar propostas concretas a problemas concretos: eles ficam no seu mundo de palavras vazias, de discursos erráticos, de soluções utópicas, sem qualquer aplicabilidade ao mundo real.

O mundo vai ter de esperar mais um pouco: talvez um recesso da onda de “politicamente correto” de um lado e um cansaço dos slogans repetitivos de outro. Quando isso vai ocorrer, eu não sei; só sei que os espetáculos anuais de Davos e dos encontros do FSM começam a ser aborrecidamente recorrentes, como esses produtos pasteurizados que já saíram do gosto popular. Um outro Davos é possível, um outro FSM é possível: ninguém tem nada a perder inovando em cada uma das frentes, só tem um mundo novo a ganhar.

Paulo Roberto de Almeida é Doutor em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas (1984); diplomata de carreira do serviço exterior brasileiro desde 1977; professor de Economia Política Internacional no Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro Universitário de Brasilia – Uniceub; autor de diversos livros de história diplomática e de relações internacionais (www.pralmeida.org).

MDIC: pais civilizado = pais protecionista (ainda bem...)

Ufa! Eu andava preocupado com toda essa linguagem protecionista, similar nacional, concorrência desleal, essas coisas antigas que só revertem em produtos mais caros para o consumidor nacional, e aí vem nosso "protetor maior" e restabelece a verdade das coisas, com uma lógica inatacável, anunciando e justificando, antecipadamente (e sem possibilidade de retaliação no âmbito da OMC, e também sem qualquer consulta a nossos sócios do Mercosul), essas medidas civilizadas, o que me deixa infinitamente mais tranquilo.
Ainda bem. Estava começando a ficar preocupado.
Sei agora que tudo é feito em favor da indústria nacional, e que política comercial não é política industrial.
Estamos salvos. O ministro nos coloca no patamar dos países civilizados.
Imaginem só: ficar no bloco dos países bárbaros, que são anacronicamente liberais em comércio internacional! Saímos das trevas e penetramos nos umbrais da civilização.
Glória, glória...
Paulo Roberto de Almeida

Governo estuda produtos importados que podem ter imposto maior
07 Feb 2011

O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, afirmou nesta sexta-feira que o governo está analisando todos os 12 mil itens da balança comercial brasileira para definir sobre quais produtos deve elevar a alíquota de importação. A data para divulgação dessas medidas ainda não foi definida, já que o processo de análise é demorado, segundo o ministro.

O governo quer aumentar essas taxas para proteger o país do aumento das importações, que têm afetado vários setores, a exemplo dos segmentos de calçados, de eletroeletrônicos e de produtos têxteis.

De acordo com Pimentel, a elevação da alíquotas do Imposto de Importação não será feita num setor inteiro, e sim pelos itens mais afetados.

"Não vamos fazer tratamento por atacado. Vamos olhar item por item e, naqueles em que claramente está havendo prática de preços fora da média da competição internacional, nós vamos aplicar as taxas de importação permitidas pela OMC [Organização Mundial do Comércio]", declarou.

A atual legislação da OMC diz que os países podem ter uma taxa de importação de até 35% para itens de sua pauta de comér cio exterior.

O ministro defendeu que a prática não significa que o país vai aderir ao "protecionismo". "Nós teremos uma prática de defesa comercial, como todos os países civilizados fazem, que é defender a indústria de seu país", afirmou, após reunião em São Paulo com empresários para discutir inovação.

O Ministério do Desenvolvimento está à frente do plano "de defesa comercial", mas segundo o ministro, a palavra final sobre a alta das alíquotas será da Camex (Câmara de Comércio Exterior).

Em janeiro, Pimentel já havia anunciado que o governo prepara medidas de desoneração do setor produtivo para aumentar a competitividade da indústria do país, incluindo redução de tributos sobre a folha de pagamento.

O Imperio e os seus SOBs (ou b. inglorios, como preferirem...)

Parece que os EUA tem seus problemas com alguns aliados pouco frequentáveis...

Oito aliados que constrangem os EUA
Luiz Raatz, Blog Radar Global
O Estado de S.Paulo, 07.fevereiro.2011

Após listar os nove erros de Hosni Mubarak, a revista Foreign Policy enumerou os oito aliados que prejudicam a imagem dos EUA como defensor da democracia e das liberdades individuais. São autocratas que desrespeitam os direitos humanos e são acusados de corrupção no Oriente Médio, África, Ásia Central e Sudeste Asiático. Veja a lista:

Rei Abdullah – Arábia Saudita
Chefe de uma das últimas monarquias absolutas do planeta, o rei Abdullah governa a Arábia Saudita desde 2005. O país, que controla um quinto das reservas mundiais de petróleo e tem nos EUA seu principal cliente, não tem sistema judiciário, nem Parlamento. A lei islâmica é aplicada em todas as instâncias da sociedade e as mulheres sofrem particularmente com isso. Não há liberdade religiosa, e dissidentes são frequentemente presos e torturados.

Ali Abdullah Saleh – Iêmen
Saleh tomou o poder no Iêmen em 1979 – quando o país ainda era dividido pela Guerra Fria – e desde a unificação, em 1991, governa todo o país. As eleições parlamentares foram adiadas indefinidamente e Saleh frequentemente reprime com violência separatistas do sul. O país é considerado por muitos analistas como institucionalmente instável. Nos últimos dias, manifestantes foram às ruas, a exemplo do que aconteceu no Egito e na Tunísia, para pedir a saída do ditador. Saleh prometeu não concorrer mais à reeleição.

Rei Abdullah II – Jordânia
A Jordânia, ao lado do Egito e da Arábia Saudita, é um dos principais aliados americanos no Oriente Médio e desempenha um papel especial na mediação do conflito entre israelenses e palestinos. O estado de exceção foi suspenso no país em 1989 e o parlamento voltou a funcionar, mas há denúncias de fraudes e perseguição a partidos islâmicos. Após os protestos no Egito e na Tunísia, o rei dissolveu o gabinete e nomeou um novo primeiro-ministro.

Meles Zenawi – Etiópia
Após vencer as eleições de 2010 com 99,6% dos votos, o partido de Zenawi foi acusado pela Human Rights Watch de cercear o espaço da oposição e a liberdade de imprensa. O governo também é acusado de distribuir ajuda humanitária para conseguir apoio político. A Casa Branca criticou a votação, mas manteve a ajuda de US$ 583,5 milhões por ano.

Yoweri Museveni- Ruanda
O primeiro-ministro do país gerou polêmica após o parlamento propor uma lei que pune o homossexualismo com a pena de morte. O premiê também foi criticado após comprar um avião de US$ 50 milhões em um país cuja maioria das pessoas vivem com menos de US$ 1 por dia.

Usbequistão – Islam Karimov
Único presidente da história do Usbequistão, Karimov assumiu o poder com a queda da União Soviética, em 1991. Ele baniu partidos políticos, principalmente os islâmicos, e passou a censurar a imprensa e opositores. O Usbequistão frequentemente é listado como um dos países que mais usa a tortura no mundo.

Casaquistão – Nursultan Nazarbayev
Outra ex-república soviética da Ásia Central, o Casaquistão também é governado pelo mesmo presidente desde 1991. E Nazarbayev não dá sinais de que vai deixar o poder. Em janeiro, o Parlamento convocou um referendo para ‘pular’ as eleições de 2012 e 2017 e estender o mandato do presidente para 2020.

Nguyen Tan Dung – Vietnã
Com o fim da Guerra Fria, Vietnã e EUA, que lutaram uma sangrenta guerra nos anos 1960 e 1970, se reaproximaram. Mas o partido comunista continua no poder. Nos últimos anos, ativistas de direitos humanos foram presos e perseguidos. O premiê Nguyen Tan Dung ganhou um segundo mandato.

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E no caso do Brasil, quem seriam os aliados incômodos?
FC, HC, EM, MA, RC e outros...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Brasil e a revolta no Egito - Saad Eddin Ibrahim

O jornal O Globo, em sua edição desta segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011 (O Mundo, p. 23), traz entrevistas com um dos mais famosos militantes democráticos do Egito, levado ao exílio pela repressão do regime de Hosni Mubarak, o sociólogo (atualmente nos EUA) Saad Eddin Ibrahim, que falou com a correspondente do jornal em NY, Fernanda Godoy.

Entre suas declarações registradas sobre a crise no Egito, encontram-se esta duas últimas perguntas e respostas dadas pelo dissidente democrata:

"Espero que Obama não seja enganado"
Entrevista: Saad Eddin Ibrahim

Fernanda Godoy
O Globo, 7/02/2011

O senhor acha que outros países, como o Brasil, deveriam se engajar nesse processo de negociação?
IBRAHIM: Espero que sim. Sou muito crítico de três países: Brasil, África do Sul e Índia. Esses três países nos desapontaram, faltaram conosco.

Por que o senhor diz isso?
IBRAHIM: Porque esses são países do Terceiro Mundo. Se eles tivessem tomado uma posição em defesa da democracia no Egito, teria sido recebido de outra maneira. Todas as vezes que os EUA ou a Europa falavam em democracia, os representantes do regime gritavam: 'Imperialismo!', 'Colonialismo!!'. Mas se a Índia, o Brasil ou a África do Sul tivessem ficado do nosso lado, como nós fizemos quando eles lutavam contra o apartheid ou a ditadura militar brasileira, se esses países, que são democracias emergentes, sem aspirações colonialistas, tivessem se colocado do lado da democracia, teriam ajudado muito. O governo não poderia dizer que estávamos convidando a uma intervenção.

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Sem comentários...
Paulo Roberto de Almeida

"Debate" Paulo Roberto de Almeida vs Delfim Netto - Valor Econômico

O jornal Valor Econômico desta segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011, traz, na seção "Cartas de Leitores" (p. A13), a carta que encaminhei ao jornal uma semana atrás, exatamente no dia 1/02.2011, comentando um artigo do economista e professor Delfim Neto no mesmo dia.
O "articulista" Delfim Netto responde, e transcrevo aqui abaixo os dois textos:

Desenvolvimento
"O artigo "O desenvolvimento é mais embaixo", de Antonio Delfim Netto, publicado no Valor de 01/02, página A2, constitui notável inversão de fatores causais, relativamente aos fatores de indução ou de aceleração desse processo. Ao "explicar" essa "história de mercado", que só funcionaria adequadamente se fosse bem organizado pelo Estado, o articulista se refere ao caso da Inglaterra e da Holanda, mas diz que no caso da China, supostamente bem dotada em fatores de produção, a elevação da produtividade só se deu quando se teve "um Estado indutor" que respeitasse e dignificasse a atividade do setor privado; libertasse o 'espírito animal' dos empresários e garantisse que cada um poderia apropriar-se dos benefícios de sua iniciativa."
Não lhe ocorre que a história pode e deve ser lida completamente ao contrário: se o Estado (comunista) chinês não tivesse proibido tudo isso, o processo de desenvolvimento na China poderia ter vindo muito antes, sem esses entraves criados pelo Estado.
Em resumo, as três condições do ex-deputado devem ser lidas completamente ao contrário: "se um Estado 'normal' (não indutor), não tivesse proibido as atividades do setor privado, se ele não tivesse extirpado os capitalistas do país, se ele não tivesse proibido a propriedade privada..."
Paulo Roberto de Almeida (e-mail)

Resposta do articulista Delfim Netto:
"Interessantes as observações do professor de Economia Política, Paulo Roberto de Almeida, do Uniceub. Certamente não devo ter explicado bem e o ilustre professor obviamente não poderia entender o papel do Estado-indutor numa economia de mercado e, principalmente, as diferenças entre o seu funcionamento e o que acontece na China que, apesar das reformas de Deng, ainda não pode ser considerada como uma economia de mercado, propriamente".

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Retomo (PRA):

Bem, não vou mesmo debater neste curto espaço com o "ilustre Professor", como ele me chamou.
Gostaria apenas de deixar registrado que não estávamos falando da "economia chinesa", tal como ela funciona sob a mão protetora e muito visível do Estado comunista, mas sim do processo de desenvolvimento genericamente, que Delfim Netto entende ser melhor conduzido quando o Estado produz aquelas maravilhas em favor do setor privado.
Continua não lhe ocorrendo que o buraco é realmente mais embaixo, e que se o Estado não tivesse se metido a fazer todos aqueles entraves, ele não precisaria funcionar depois como "indutor".
Ou seja, se o Estado não tivesse aprisionado antes os "espíritos animais" dos capitalistas, ele não o precisaria libertar depois, como uma espécie de favor dessa maravilha que se chama Estado-indutor.
Delfim Netto, como bom amigo do Estado -- e por isso o PT gosta tanto dele, agora -- não consegue conceber uma economia de mercado sem esse papel relevante atribuído ao Estado. Ele deve achar, também, que as chamadas "forças de mercado", deixadas por sua própria conta, só podem conduzir um país à ruina e ao desastre.
Bem, não creio que conseguiremos, agora, corrigir seu pensamento. Mas talvez ele não pense assim, e só escreve o que escreve por dois motivos: é muito distraído e escreve qualquer coisa, apenas para se desempenhar como colunista e embolsar os seus "caraminguás"; quer prestar serviço ao Estado-indutor do PT e ser contratado para "consultorias", o que também pode render outros "caraminguás", aliás bem mais saborosos vindos do Estado-indutor...
Paulo Roberto de Almeida