Eleições 2014
Aécio: 'Dilma errou a mão em uma campanha sem limites'
Depois de se encontrar com Marina em São Paulo, tucano foi à Bahia
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, durante campanha em Salvador, nesta sexta-feira (17)(Igo Estrela/Divulgação)
Depois de ver expostos assuntos de sua vida pessoal em plena campanha política, o candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, deu ordem para sua campanha mapear cada pronto fraco seu para poder se preparar para responder ao que classifica como “pancadaria” da equipe da adversária Dilma Rousseff (PT). Temas controversos, como sua recusa em fazer o teste do bafômetro, foram discutidos pelo bunker tucano, que acredita que não há mais espaço para recuo na temperatura da disputa presidencial. O próprio Aécio admite que Dilma “perdeu a mão” ao colocar ataques como centro de sua estratégia, mas a orientação a auxiliares do candidato é a de que o clima de guerra de acusações entre PT e PSDB deve ser potencializado nos próximos debates presidenciais, na TV Record, no domingo, e na TV Globo, na próxima quinta-feira.
“É uma campanha sem limite. A candidata já se apresenta como derrotada porque o nível que ela permitiu que a campanha tomasse é algo inédito. Não é nem só ela [que errou a mão], mas a campanha dela como um todo. Acho que ela perdeu a mão, ela não está permitindo ao Brasil conhecer as propostas que ela tem”, disse o tucano após participar de atos políticos em Salvador.
Ao contrário da bem-sucedida desconstrução de Marina Silva (PSB) promovida pelo PT no primeiro turno, Aécio acredita não ter o “queixo de vidro” da pessebista e afirma estar preparado para qualquer nível de agressão. “Como eles acham que acertaram na tática da desconstrução da Marina, acham que comigo podem vir pelo mesmo caminho. Sou o candidato de um sentimento, de um movimento nacional e ele é a minha força. Isso vale mais do que qualquer ataque, ofensa ou calúnia”, declarou.
Leia também:
Ao lado de Marina, Aécio diz: 'Disputa política não é guerra'
A Marina do segundo turno: com Aécio e sem coque
Nos últimos dias, Aécio reuniu em São Paulo aliados em Estados considerados estratégicos para dar orientações sobre como rebater ataques e onda de boatos, além de como desconstruir a tese de que apenas a reeleição da presidente-candidata Dilma Rousseff seria capaz de manter benefícios sociais, como os programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. Após amargar a terceira colocação entre os eleitores da Bahia, o quarto colégio eleitoral do País com 9,5 milhões de eleitores, o tucano elencou um time de aliados para cabalar votos em pelo menos 32 cidades estratégicas no Estado e desconstruir a boataria petista.
“Sem fulanizar em assuntos, existe hoje arsenal muito consistente de informações para desmontar as armações que o PT vem tentando fazer. Ele está preparado para pancadaria. Não adianta apanhar sem reagir. É uma campanha de enfrentamento”, afirmou o aliado e prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM).
O prefeito de Salvador está entre seus principais cabos eleitorais na região, além de o candidato derrotado ao governo do Estado, Paulo Souto (DEM) e o candidato derrotado ao Senado, Geddel Vieira Lima (PSDB). A despeito de o próprio Aécio considerar a união PMDB-DEM na Bahia como uma de suas alianças estratégica e de o time ter sido atropelado pelo petista Rui Costa logo no primeiro turno, a proposta agora é para que Aécio consiga entre 35% e 37,5% dos votos dos baianos, diminuindo o amplo favoritismo de Dilma Rousseff.
Nesta sexta-feira, ao lado de aliados políticos, Aécio Neves cumpriu parte da agenda em Salvador, onde percorreu trecho do centro histórico da cidade ao lado de militantes e fez um comício no Pelourinho, próximo da casa do escritor Jorge Amado. Em forte tom emocional, o tucano disse que, se eleito, pretende trabalhar pela diminuição da desigualdade social e mais uma vez atacou o PT pelo nível da campanha presidencial. “Nossa proposta não se contentará com a administração diária da pobreza. Vamos tomar medidas para a superação definitiva da pobreza no Brasil, fazendo o país crescer”, declarou. “Os nossos adversários não têm limite. Não fazem o jogo da boa política. Temos que estar prontos e preparados para o bom combate. A cada mentira, a cada infâmia e a cada calúnia falarei dez verdades sobre eles para que possamos mudar definitivamente esse país”, disse ele no comício.
“Serei parceiro dos baianos e farei com que essa terra avance, até para que isso sirva de exemplo àqueles que acreditam que não devem agir de forma republicana. Estamos a pouquíssimos dias da libertação do Brasil. Vamos permitir que o Brasil volte a ser de todos os brasileiros, e não mais de um grupo político que se apoderou do poder e trata como se fosse sua própria propriedade”, completou o candidato.
Petrobras – Depois de ter utilizado o esquema de corrupção na Petrobras como arma política prioritária para atacar a adversária Dilma Rousseff, Aécio também defendeu nesta sexta-feira investigação sobre o recebimento de propina pelo ex-deputado e ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra para impedir o funcionamento de uma CPI para investigar a estatal. O envolvimento do cacique tucano, morto no início do ano, foi apontado pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento Paulo Roberto Costa, que fez um acordo de delação premiada com a Justiça. É a primeira vez que um político do PSDB é citado como integrante do esquema.
“[Defendo] mesmo tratamento para todos. Temos que pedir que as investigações avancem e sejam feitas. Se alguém tiver responsabilidade, independentemente de partido político ao qual esteja filiado ou sem partido político, deve responder sobre seus atos”, disse. Para ele, quando a candidata Dilma Rousseff citou a suspeita contra Guerra no debate desta quinta-feira, no SBT, ela acabou por dar crédito às revelações que antes desqualificava. Costa também colocou no rol de corruptos políticos do PT, PMDB e PP. “Pela primeira vez, ela agora parece confirmar ou crer nos depoimentos do Paulo Roberto Costa. Não vimos nenhuma atitude dela em relação a pessoas muito próximas a ela que foram citadas como receptoras desse ‘propinoduto’ que se criou na Petrobras”, afirmou.
Paraíba - Em dois rápidos comícios na Paraíba, em Campina Grande e em João Pessoa, Aécio agradeceu os votos do eleitorado paraibano que lhe rendeu o melhor desempenho no Nordeste. "Eu aprendi muito cedo que em Minas Gerais temos um Nordeste em nosso território, que é o Vale do Jequitinhonha. Por isso, quero ser o melhor presidente que o Nordeste já teve", disse em palanque montado no centro de João Pessoa. Ao seu lado estava o candidato tucano ao governo, Cassio Cunha Lima, e o senador Cícero Lucena Filho (PSDB).
O início do comício em Campina Grande atrasou mais de duas horas e quase que o jatinho que levava o candidato tucano não consegue pousar no aeroporto da cidade, que fecha às 20h.
Rouco e quase sem voz, Aécio falou por menos de dez minutos em cada cidade. "Estou pronto para derrotar o PT e iniciar um novo ciclo de desenvolvimento nesse país", encerrou.