Elefantes brancos devem ser excelentes no circo, ou como curiosidades em zoológicos, ms deveria ser mais importante definir primeiro o custo de um elefante branco, saber quanto ele vai custar e quanto de retorno ele vai dar para a sociedade...
Paulo Roberto de Almeida
EUA avaliam que submarino nuclear é "elefante branco"
Fernando Rodrigues
Folha de S.Paulo, 1/12/2010
Diplomata diz em telegrama confidencial que pode haver "buraco negro" de verba
Dois telegramas produzidos pela Embaixada dos EUA em Brasília no início de 2009 fazem duras críticas à Estratégia Nacional de Defesa lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2008.
Em um desses dois despachos aos quais a Folha teve acesso, ambos assinados pelo então embaixador norte-americano no Brasil, Clifford Sobel, há uma contestação sobre como as Forças Armadas brasileiras serão empregadas no futuro, sobretudo na proteção do mar territorial do país por causa da descoberta das reservas de petróleo da camada do pré-sal.
"Não há (...) informação sobre as possíveis ameaças a áreas de reserva de petróleo e a que a Marinha terá de responder contra-atacando, tornando difícil, por exemplo, avaliar a declaração contida na estratégia de que um submarino nuclear será necessário para proteger essas instalações", diz o telegrama, datado de 9 de janeiro de 2009.
A diplomacia norte-americana classifica como "consistente" o objetivo de modernizar o setor militar no Brasil, mas faz então uma ressalva:
"Deixando de lado elefantes brancos politicamente populares como o submarino movido a energia nuclear".
O desejo da Marinha de ter um submarino nuclear é citado sete vezes nos dois telegramas da diplomacia dos EUA. Ao final, esse equipamento é jogado numa lista de itens que podem impedir a concretização da Estratégia Nacional de Defesa.
"Há (...) sérias questões sobre o quanto desse plano será realizado, particularmente com outras supostas prioridades estratégicas, incluindo (...) submarinos nucleares e apoio governamental a empresas do setor de defesa que não sejam competitivas, algo que pode provocar o surgimento de buracos negros que vão sugar todos os recursos disponíveis", diz o telegrama, confidencial.
A compra dos submarinos foi fechada em setembro de 2009. São quatro modelos convencionais Scorpène e o desenvolvimento do casco e da integração de um reator brasileiro a uma unidade com propulsão nuclear.
O negócio soma 6,5 bilhões de euros (R$ 14,5 bilhões pela cotação de terça-feira).
Os dois documentos (um total de 12 páginas) a que a Folha teve acesso na terça-feira (30/11) fazem parte de um grande lote de telegramas dos diplomatas dos EUA que estão sendo vazados desde domingo pela organização não governamental WikiLeaks.
As informações estão surgindo no site da entidade: http://cablegate.wikileaks.org/. A Folha.com criou uma seção especial sobre o caso: folha.com.br/103334
Os telegramas lidos pela Folha são dedicados a analisar a Estratégia Nacional de Defesa do Brasil.
Os textos chamam a atenção para o fato de que o governo "permite "parceiros estratégicos", mas esses são vistos como os países que aceitam transferir tecnologias que tornarão o Brasil mais independente, não como um colaborador em operações de segurança".
O então embaixador dos EUA escreve em um trecho que "parece que Lula dá atenção" ao que dizia o então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. Na verdade, a influência dele -hoje fora do governo- era mais retórica do que prática.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Ambientalistas sensatos propoem metas modestas, mas ambiciosas, para os problemas do clima
Não sou especialista na questão, sequer um grande conhecedor do tema, apenas um curioso querendo aprender. Algo me diz, ao ler o artigo abaixo, que a visão dos três brasileiros é razoável e interessante, mas que ela carece de sustentação entre os principais países, o que significa que as soluções propostas não serão adotadas.
Ou seja: o mundo vai piorar antes de começar a melhorar. Talvez não seja uma má solução, pois persistem muitas dívidas sobre os efeitos reais das mudanças climáticas e sobre a capacidade de os sistemas econômicos (isto é, os mercados) de absorverem os desafios e transformarem os insumos "negativos" em materiais de reconversão e adaptação, combinando assim elementos positivos e negativos numa mesma equação adaptativa.
Paulo Roberto de Almeida
Uma nova arquitetura para o clima
Israel Klabin, Rubens Ricupero e José Goldemberg
O Globo, 1/12/2010
"A opinião pública já começa a entender que os impactos das mudanças climáticas afetarão nossas vidas"
No atual cenário internacional, que une crise econômica a impasses nas negociações sobre meio ambiente, só temos uma certeza: o fim do modelo Kioto de negociações internacionais e dos mecanismos de implementação do princípio do "poluidor-pagador".
Não estamos sós na avaliação. Em fevereiro de 2010, um grupo acadêmico produziu um relatório sobre políticas climáticas chamado Hartwell Paper. O objetivo era reavaliar as políticas climáticas após a grave crise econômica de 2008-2009.
Esse documento foi uma parceria do Instituto de Ciência, Inovação e Sociedade da Universidade de Oxford, com a London School of Economics. "Uma boa crise não deve ser desperdiçada", é um dos conselhos que o Hartwell Paper fornece, com a nossa total aquiescência. O foco central está na crítica às políticas climáticas atuais, à maneira pela qual são negociadas e como são compreendidas e praticadas por vários governos sob o guardachuva da Convenção do Clima.
As conclusões do Hartwell Paper são: essas políticas falharam e não controlaram ou reduziram as concentrações de gases de efeito estufa; o acordo que emergiu em Copenhague tem status incerto, seus compromissos e consequências não são claros; nenhum acordo de grande conseqüência foi alcançado, e o próprio mecanismo de diplomacia multilateral passou a ser questionado.
O peso dos emergentes não pode mais ser ignorado, e países como China, Brasil, Índia e África do Sul tomaram iniciativas e expressaram visões distintas. Alguns procuram implementar políticas domésticas ou bilaterais, cujos resultados podem ser mais facilmente alcançados. O que deverá acontecer em Cancún?
Nenhum de nós acredita que algo diferente seja proposto e, muito menos, mecanismos importantes sejam implementados a tempo de reduzir as emissões no curto prazo. Devemos reavaliar as soluções preconizadas até agora para a questão ambiental. O desafio é como alcançar objetivos ambiciosos com harmonia política. Propomos abordagens específicas para cada aspecto do problema ambiental.
Devemos distinguir as questões: florestas, qualidade do ar, poluição das águas, adaptação às mudanças climáticas, energia, etc, cada qual seguindo sua própria agenda. Os objetivos principais de uma nova agenda climática deveriam ser três: energia adequada (limpa, acessível, segura e de baixo custo), modelos de desenvolvimento que não comprometam os sistemas naturais e adaptação das sociedades aos impactos de eventos climáticos extremos.
Apesar do estabelecimento de mercados de crédito de carbono e do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), as emissões aumentaram nos últimos 20 anos. O aumento das emissões em países em desenvolvimento, que não têm compromissos de redução em Kioto, é a principal explicação.
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, em 2015 a emissão resultante da queima de combustíveis fósseis desses países ultrapassará pela primeira vez as emissões dos países ricos somados. Dessa maneira, não podemos ser coniventes com o mau uso da tese de responsabilidade diferenciada, isto é, por serem menos ricos e por terem iniciado seu processo econômico tardiamente, os países em desenvolvimento teriam um direito moral à poluição, e que impor restrições seria uma espécie de dumping ambiental por países de economia avançada.
Não é preciso, para que os países pobres se desenvolvam, gerar a poluição que os ricos produziram em dois séculos. Os perigos iminentes implicam responsabilidades conjuntas. Devemos procurar mecanismos aplicados nacionalmente que promovam o desenvolvimento, dentro de conceitos de uma economia limpa, a serem debatidos e apresentados na Rio+20.
É possível um salto na renda e bem-estar ao adotarmos tecnologias já disponíveis e práticas da nova economia. O Brasil tem por hábito se apropriar depressa de evoluções tecnológicas e conceituais que alimentam o modelo econômico e os padrões de consumo do mundo desenvolvido.
Foi essa também a espoleta que a China usou para a rápida evolução e absorção da modernidade de seu desenvolvimento. Isso ainda é possível para nós, porém em outro modelo de mercado e de novos conceitos de soberania que, em vez de nacional, se apresentaria como co-responsabilidades de um sistema global com baixa emissão de gases-estufa. Podemos aprender com bons modelos pelo mundo.
O Brasil tem exemplos para apresentar. O programa de etanol de cana-de-açúcar, a redução do desmatamento da Amazônia nos últimos anos e o acesso à eletricidade em zonas rurais conseguiram resultados positivos na área socioambiental.
Acreditamos que outros países podem dividir experiências exitosas em prol de uma verdadeira mudança de paradigma. Mudança climática é um problema perverso: não é facilmente identificável, sua complexidade não se reduz a modelos simples, as causas estão entranhadas nos sistemas sociais e econômicos que adotamos.
Uma "guerra à mudança climática" não chegará a lugar algum. É utópico pensar que há uma razão científica única. O que tentamos hoje é administrar a situação da melhor maneira possível e evitar cenários de maior risco.
A opinião pública já começa a entender que, embora difusos, os impactos das mudanças climáticas afetarão nossas vidas nos próximos anos. Os autores do Relatório Hartwell fizeram uma proposta interessante, que converge com nossas próprias ideias sobre mudanças no modelo econômico vigente.
O ponto central é o mecanismo de precificação do carbono, inicialmente pequeno, porém progressivo, de acordo com os custos do impacto ambiental produzido por cada setor que iria para um Fundo Global vinculado à inovação e ao desenvolvimento de tecnologias limpas. Com esse mecanismo será possível propiciar energia barata universal, motor fundamental para a inclusão social sustentável - não é pouca coisa, mas é possível.
Israel Klabin e Rubens Ricupero são membros do Conselho Curador da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; José Goldemberg é professor da Universidade de São Paulo.
Ou seja: o mundo vai piorar antes de começar a melhorar. Talvez não seja uma má solução, pois persistem muitas dívidas sobre os efeitos reais das mudanças climáticas e sobre a capacidade de os sistemas econômicos (isto é, os mercados) de absorverem os desafios e transformarem os insumos "negativos" em materiais de reconversão e adaptação, combinando assim elementos positivos e negativos numa mesma equação adaptativa.
Paulo Roberto de Almeida
Uma nova arquitetura para o clima
Israel Klabin, Rubens Ricupero e José Goldemberg
O Globo, 1/12/2010
"A opinião pública já começa a entender que os impactos das mudanças climáticas afetarão nossas vidas"
No atual cenário internacional, que une crise econômica a impasses nas negociações sobre meio ambiente, só temos uma certeza: o fim do modelo Kioto de negociações internacionais e dos mecanismos de implementação do princípio do "poluidor-pagador".
Não estamos sós na avaliação. Em fevereiro de 2010, um grupo acadêmico produziu um relatório sobre políticas climáticas chamado Hartwell Paper. O objetivo era reavaliar as políticas climáticas após a grave crise econômica de 2008-2009.
Esse documento foi uma parceria do Instituto de Ciência, Inovação e Sociedade da Universidade de Oxford, com a London School of Economics. "Uma boa crise não deve ser desperdiçada", é um dos conselhos que o Hartwell Paper fornece, com a nossa total aquiescência. O foco central está na crítica às políticas climáticas atuais, à maneira pela qual são negociadas e como são compreendidas e praticadas por vários governos sob o guardachuva da Convenção do Clima.
As conclusões do Hartwell Paper são: essas políticas falharam e não controlaram ou reduziram as concentrações de gases de efeito estufa; o acordo que emergiu em Copenhague tem status incerto, seus compromissos e consequências não são claros; nenhum acordo de grande conseqüência foi alcançado, e o próprio mecanismo de diplomacia multilateral passou a ser questionado.
O peso dos emergentes não pode mais ser ignorado, e países como China, Brasil, Índia e África do Sul tomaram iniciativas e expressaram visões distintas. Alguns procuram implementar políticas domésticas ou bilaterais, cujos resultados podem ser mais facilmente alcançados. O que deverá acontecer em Cancún?
Nenhum de nós acredita que algo diferente seja proposto e, muito menos, mecanismos importantes sejam implementados a tempo de reduzir as emissões no curto prazo. Devemos reavaliar as soluções preconizadas até agora para a questão ambiental. O desafio é como alcançar objetivos ambiciosos com harmonia política. Propomos abordagens específicas para cada aspecto do problema ambiental.
Devemos distinguir as questões: florestas, qualidade do ar, poluição das águas, adaptação às mudanças climáticas, energia, etc, cada qual seguindo sua própria agenda. Os objetivos principais de uma nova agenda climática deveriam ser três: energia adequada (limpa, acessível, segura e de baixo custo), modelos de desenvolvimento que não comprometam os sistemas naturais e adaptação das sociedades aos impactos de eventos climáticos extremos.
Apesar do estabelecimento de mercados de crédito de carbono e do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), as emissões aumentaram nos últimos 20 anos. O aumento das emissões em países em desenvolvimento, que não têm compromissos de redução em Kioto, é a principal explicação.
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, em 2015 a emissão resultante da queima de combustíveis fósseis desses países ultrapassará pela primeira vez as emissões dos países ricos somados. Dessa maneira, não podemos ser coniventes com o mau uso da tese de responsabilidade diferenciada, isto é, por serem menos ricos e por terem iniciado seu processo econômico tardiamente, os países em desenvolvimento teriam um direito moral à poluição, e que impor restrições seria uma espécie de dumping ambiental por países de economia avançada.
Não é preciso, para que os países pobres se desenvolvam, gerar a poluição que os ricos produziram em dois séculos. Os perigos iminentes implicam responsabilidades conjuntas. Devemos procurar mecanismos aplicados nacionalmente que promovam o desenvolvimento, dentro de conceitos de uma economia limpa, a serem debatidos e apresentados na Rio+20.
É possível um salto na renda e bem-estar ao adotarmos tecnologias já disponíveis e práticas da nova economia. O Brasil tem por hábito se apropriar depressa de evoluções tecnológicas e conceituais que alimentam o modelo econômico e os padrões de consumo do mundo desenvolvido.
Foi essa também a espoleta que a China usou para a rápida evolução e absorção da modernidade de seu desenvolvimento. Isso ainda é possível para nós, porém em outro modelo de mercado e de novos conceitos de soberania que, em vez de nacional, se apresentaria como co-responsabilidades de um sistema global com baixa emissão de gases-estufa. Podemos aprender com bons modelos pelo mundo.
O Brasil tem exemplos para apresentar. O programa de etanol de cana-de-açúcar, a redução do desmatamento da Amazônia nos últimos anos e o acesso à eletricidade em zonas rurais conseguiram resultados positivos na área socioambiental.
Acreditamos que outros países podem dividir experiências exitosas em prol de uma verdadeira mudança de paradigma. Mudança climática é um problema perverso: não é facilmente identificável, sua complexidade não se reduz a modelos simples, as causas estão entranhadas nos sistemas sociais e econômicos que adotamos.
Uma "guerra à mudança climática" não chegará a lugar algum. É utópico pensar que há uma razão científica única. O que tentamos hoje é administrar a situação da melhor maneira possível e evitar cenários de maior risco.
A opinião pública já começa a entender que, embora difusos, os impactos das mudanças climáticas afetarão nossas vidas nos próximos anos. Os autores do Relatório Hartwell fizeram uma proposta interessante, que converge com nossas próprias ideias sobre mudanças no modelo econômico vigente.
O ponto central é o mecanismo de precificação do carbono, inicialmente pequeno, porém progressivo, de acordo com os custos do impacto ambiental produzido por cada setor que iria para um Fundo Global vinculado à inovação e ao desenvolvimento de tecnologias limpas. Com esse mecanismo será possível propiciar energia barata universal, motor fundamental para a inclusão social sustentável - não é pouca coisa, mas é possível.
Israel Klabin e Rubens Ricupero são membros do Conselho Curador da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; José Goldemberg é professor da Universidade de São Paulo.
Ciencia: nivelando por baixo
Perguntar não ofende: por que devemos fazer cooperação com quem está abaixo da gente? Por que o Brasil investe recursos apenas para ficar no mesmo nível? Por que não fazemos um esforço para chegar a patamares mais elevados de estudo e pesquisa sobre Física? Por que essa latino-americanidade toda num terreno que prescinde de características sociais, culturais, geográficas ou linguísticas? Enfim: por que não cooperamos com quem é melhor do que a gente?
Paulo Roberto de Almeida
Programa Latino-Americano de Física busca cooperação científica no continente
Assessoria de Imprensa da SBF
Jornal da Ciência, 1.12.2010
Primeira ação será o Workshop sobre Tópicos Avançados de Física, que acontece de 5 a 8 de dezembro, em Foz do Iguaçu (PR)
Diminuir as assimetrias entre os países da América Latina no que diz respeito ao ensino e à pesquisa em Física. Esse é o objetivo do Programa Latino-Americano de Física (Plaf) que, ao longo de 2011, irá promover e incrementar a cooperação entre os profissionais da área que atuam no continente.
A primeira atividade da iniciativa será o Workshop sobre Tópicos Avançados de Física, que ocorrerá de 5 a 8 de dezembro, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu.
Coordenado pela Sociedade Brasileira de Física e pelas suas congêneres dos demais países do continente, o Plaf reunirá, em workshops e outros eventos de divulgação científica realizados em diversas instituições de ensino e pesquisa, alunos, docentes, cientistas e outras personalidades da Física.
"Para diminuir essas assimetrias na América Latina, precisamos começar pelos países que hoje apresentam uma situação mais delicada no que diz respeito às atividades de ensino e pesquisa, entre eles Paraguai, Bolívia e Equador", disse Carlos Alberto dos Santos, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Unila e coordenador do workshop.
Segundo ele, além de outro grande encontro que será realizado em meados de 2011, também em Foz do Iguaçu, e que deverá contar, provavelmente, com a presença de um cientista estrangeiro que já tenha ganhado um Prêmio Nobel em Física, o Plaf pretende reunir a comunidade de físicos em assuntos que estão na fronteira do conhecimento científico.
"Cosmologia", "Computação quântica", "Materiais orgânicos para dispositivos eletrônicos", "Spintrônica e grafeno: alternativas para a tecnologia do silício" e "Modelagem matemática de sistemas biológicos" serão alguns temas de palestras que serão apresentadas no primeiro workshop, destinado a alunos de graduação e professores do Ensino Médio.
"Escolhemos justamente tópicos mais avançados e que normalmente não são contemplados nos cursos de graduação, de modo a incentivar o interesse dos alunos por assuntos de ponta e de caráter internacional", afirma Santos. "Por isso estamos investindo, desde já, no trabalho de mobilização do maior número possível de cientistas do continente", aponta.
O Programa Latino Americano de Física, que tem apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), incluirá ainda a divulgação de cursos de pós-graduação e o apoio à criação de novos programas de especialização na área.
Para Adalberto Fazzio, ex-presidente da SBF e professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), as ações do PLAF no Brasil deverão ser mais intensas nos estados do Norte do país, como Acre, Roraima, Tocantins, Amapá e Amazônia. "Os alunos e professores dessas regiões precisam trocar mais experiências com a comunidade de físicos do país e do continente", conta.
Os encontros do programa não ocorrerão apenas no Brasil. "Deveremos ter também atividades em La Paz, na Bolívia, e Assunção, no Paraguai, por exemplo, de modo a incentivar a visita dos físicos brasileiros a essas cidades para aumentar o nível de interação local. O objetivo é evitar discussões de caráter político e aumentar a interação acadêmica por meio de ações de interesse de todas as universidades e institutos de pesquisa envolvidos", explica Fazzio.
Paulo Roberto de Almeida
Programa Latino-Americano de Física busca cooperação científica no continente
Assessoria de Imprensa da SBF
Jornal da Ciência, 1.12.2010
Primeira ação será o Workshop sobre Tópicos Avançados de Física, que acontece de 5 a 8 de dezembro, em Foz do Iguaçu (PR)
Diminuir as assimetrias entre os países da América Latina no que diz respeito ao ensino e à pesquisa em Física. Esse é o objetivo do Programa Latino-Americano de Física (Plaf) que, ao longo de 2011, irá promover e incrementar a cooperação entre os profissionais da área que atuam no continente.
A primeira atividade da iniciativa será o Workshop sobre Tópicos Avançados de Física, que ocorrerá de 5 a 8 de dezembro, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu.
Coordenado pela Sociedade Brasileira de Física e pelas suas congêneres dos demais países do continente, o Plaf reunirá, em workshops e outros eventos de divulgação científica realizados em diversas instituições de ensino e pesquisa, alunos, docentes, cientistas e outras personalidades da Física.
"Para diminuir essas assimetrias na América Latina, precisamos começar pelos países que hoje apresentam uma situação mais delicada no que diz respeito às atividades de ensino e pesquisa, entre eles Paraguai, Bolívia e Equador", disse Carlos Alberto dos Santos, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Unila e coordenador do workshop.
Segundo ele, além de outro grande encontro que será realizado em meados de 2011, também em Foz do Iguaçu, e que deverá contar, provavelmente, com a presença de um cientista estrangeiro que já tenha ganhado um Prêmio Nobel em Física, o Plaf pretende reunir a comunidade de físicos em assuntos que estão na fronteira do conhecimento científico.
"Cosmologia", "Computação quântica", "Materiais orgânicos para dispositivos eletrônicos", "Spintrônica e grafeno: alternativas para a tecnologia do silício" e "Modelagem matemática de sistemas biológicos" serão alguns temas de palestras que serão apresentadas no primeiro workshop, destinado a alunos de graduação e professores do Ensino Médio.
"Escolhemos justamente tópicos mais avançados e que normalmente não são contemplados nos cursos de graduação, de modo a incentivar o interesse dos alunos por assuntos de ponta e de caráter internacional", afirma Santos. "Por isso estamos investindo, desde já, no trabalho de mobilização do maior número possível de cientistas do continente", aponta.
O Programa Latino Americano de Física, que tem apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), incluirá ainda a divulgação de cursos de pós-graduação e o apoio à criação de novos programas de especialização na área.
Para Adalberto Fazzio, ex-presidente da SBF e professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), as ações do PLAF no Brasil deverão ser mais intensas nos estados do Norte do país, como Acre, Roraima, Tocantins, Amapá e Amazônia. "Os alunos e professores dessas regiões precisam trocar mais experiências com a comunidade de físicos do país e do continente", conta.
Os encontros do programa não ocorrerão apenas no Brasil. "Deveremos ter também atividades em La Paz, na Bolívia, e Assunção, no Paraguai, por exemplo, de modo a incentivar a visita dos físicos brasileiros a essas cidades para aumentar o nível de interação local. O objetivo é evitar discussões de caráter político e aumentar a interação acadêmica por meio de ações de interesse de todas as universidades e institutos de pesquisa envolvidos", explica Fazzio.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
O governo cria dinheiro e inventa bolhas...
A medida ou é inócua, ou é ilegal. Vejamos:
"Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB."
Ao que saiba, o Brasil, ou melhor, o governo do Brasil não produz superávit, de fato, e sim um déficit, pois o que ele chama de superávit primário é insuficiente para pagar os juros da dívida. Por definição, portanto, esse superávit não existe. Se o governo está usando uma parte do superávit para repassar ao Fundo Soberano -- que não é Fundo, nem Soberano -- ele está extrapolando o sentido da lei que criou esse tal de FSB, cuja única característica é ser do Brasil, como a jabuticaba, mas que não é bem um fundo -- como dito, não existe superávit fiscal ou de contas correntes, e sim déficits, nas duas vertentes -- e muito menos soberano, que existiria se a moeda brasileira fosse conversível.
O que o governo faz é emitir títulos da dívida pública para comprar divisas estrangeiras e assim fazer o seu colchão, que é utilizado completamente de forma arbitrária, sem qualquer controle do Parlamento, que está sendo castrado em seu direito de opinar, e de exigir que todos os recursos usados pelo governo estejam dentro do Orçamento.
Esse governo é um infrator primário da legalidade constitucional.
Paulo Roberto de Almeida
"Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB."
Ao que saiba, o Brasil, ou melhor, o governo do Brasil não produz superávit, de fato, e sim um déficit, pois o que ele chama de superávit primário é insuficiente para pagar os juros da dívida. Por definição, portanto, esse superávit não existe. Se o governo está usando uma parte do superávit para repassar ao Fundo Soberano -- que não é Fundo, nem Soberano -- ele está extrapolando o sentido da lei que criou esse tal de FSB, cuja única característica é ser do Brasil, como a jabuticaba, mas que não é bem um fundo -- como dito, não existe superávit fiscal ou de contas correntes, e sim déficits, nas duas vertentes -- e muito menos soberano, que existiria se a moeda brasileira fosse conversível.
O que o governo faz é emitir títulos da dívida pública para comprar divisas estrangeiras e assim fazer o seu colchão, que é utilizado completamente de forma arbitrária, sem qualquer controle do Parlamento, que está sendo castrado em seu direito de opinar, e de exigir que todos os recursos usados pelo governo estejam dentro do Orçamento.
Esse governo é um infrator primário da legalidade constitucional.
Paulo Roberto de Almeida
| Medida define uso de Fundo Soberano na guerra contra o real valorizado |
| O Globo, 30.11.2010 |
| O governo deu ontem mais um passo para que o Fundo Soberano do Brasil (FSB) seja usado para conter a excessiva valorização do real. A Medida Provisória (MP) 513, publicada ontem no Diário Oficial, define que compras de ativos feitas com recursos do FSB no exterior tenham o Banco do Brasil como agente de custódia. Embora a ação tenha um caráter técnico, ela abre espaço para que o Fundo entre no mercado de câmbio, utilizando dólares adquiridos no país para a compra de ativos lá fora, reduzindo a pressão sobre a cotação da moeda americana. Segundo os técnicos do Tesouro Nacional, o FSB já podia adquirir ativos no exterior, mas não tinha um agente de custódia definido. Isso é algo importante dentro da transparência exigida pelas regras do mercado internacional. Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB. A MP que criou o Fundo em 2008 permitia essa transferência de sobras do caixa do primário, mas como acabou perdendo a validade sem ser votada no Congresso, a possibilidade só voltou a existir agora com uma nova medida. A MP também autoriza uma capitalização do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) em títulos públicos no valor de R$1 bilhão. A MP permite ainda que o Fundo de Compensação das Variações Salariais (FCVS) seja o garantidor do seguro habitacional de seus próprios contratos, reduzindo custos para o mutuário. |
Wikileaks-China: nao se permitem leaks, justamente, nem antes, nem depois
O governo da RPC bloqueia o acesso do Wikileaks a seus cidadãos: faz sentido, pois o Yellow Big Brother já bloqueia dezenas, talvez centenas de sites, e não permite o acesso a blogs, YouTube, FaceBook e outras ferramentas interativas.
Só estão autorizadas, no momento, intrusões no Google, Yahoo e outros serviços ocidentais...
Paulo Roberto de Almeida
Só estão autorizadas, no momento, intrusões no Google, Yahoo e outros serviços ocidentais...
Paulo Roberto de Almeida
China bloqueia acesso ao WikiLeaks
Governo desconfia que haja relatos sobre política entre as Coreias e ataque cibernético no material
AP, 01 de dezembro de 2010 | 2h 08
PEQUIM - A China bloqueou nesta quarta-feira, 1º, o acesso ao site WikiLeaks, em meio a alegações embaraçosas, após o vazamento dos telegramas da diplomacia americana.
Quem tenta acessar o domínio wikileaks.org e cablegate.wikileaks.org, tem a informação de que a conexão com os sites não pôde de ser completada.
Esta é uma resposta padrão quando um site está bloqueado pelas autoridades chinesas, que exercem o rígido controle do conteúdo da internet.
O suposto motivo pelo bloqueio do site WikiLeaks é o vazamento de documentos que envolvem dados de vários países e suas relações diplomáticas.
Entre os documentos vazados poderiam estar inclusas a preparação dos líderes chineses numa eventual interferência na península coreana e os planos do Politburo chinês (órgão de direção do Partido Comunista Chinês) que organiza um ataque cibernético ao Google.
Quem tenta acessar o domínio wikileaks.org e cablegate.wikileaks.org, tem a informação de que a conexão com os sites não pôde de ser completada.
Esta é uma resposta padrão quando um site está bloqueado pelas autoridades chinesas, que exercem o rígido controle do conteúdo da internet.
O suposto motivo pelo bloqueio do site WikiLeaks é o vazamento de documentos que envolvem dados de vários países e suas relações diplomáticas.
Entre os documentos vazados poderiam estar inclusas a preparação dos líderes chineses numa eventual interferência na península coreana e os planos do Politburo chinês (órgão de direção do Partido Comunista Chinês) que organiza um ataque cibernético ao Google.
Wikileaks-Brasil: MST vai convidar embaixador americano para um duelo ao por do sol...
Não sei se seria o caso; sobretudo com esses enormes revólveres americanos, talvez o MST prefira arremesso de foices ou algo do gênero, mas eles devem estar incomodados com tanta gente querendo enquadrá-los por terrorismo, quando o que eles buscam, na verdade, seria uma forma de legalizar o terrorismo.
Paulo Roberto de Almeida
Wikileaks: documento diz que MST e movimentos sociais são obstáculos a lei antiterrorismo no Brasil
Marina Terra | Redação
30/11/2010 - 13:00
Um documento elaborado em novembro de 2008 pelo então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, cita o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e os movimentos socias como obstáculos à criação de uma lei antiterrorismo no Brasil.
O texto menciona o analista de inteligência estratégica na Escola Superior de Guerra André Luis Woloszyn (citado no documento como "Soloszyn"), que, em conversa com Sobel, disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "repleto de militantes esquerdistas que tinham sido alvos de leis da era da ditadura militar criadas para reprimir a violência politicamente motivada", dificilmente promulgaria uma lei que poderia enquadrar atos de grupos com os quais simpatiza, pois "não existe maneira de redigir uma legislação antiterrorismo que exclua as ações do MST".
Além disso, o "cabo" revelado pelo Wikileaks afirma que Brasília voltou atrás no desenvolvimento de uma legislação antiterrorismo por razões "políticas".
O MST ainda não se pronunciou sobre o assunto. De acordo com a assessoria de imprensa do movimento, o tema não foi debatido internamente.
A divulgação de telegramas das embaixadas e consulados dos EUA pelo mundo causaram grande constrangimento à diplomacia da Casa Branca. Foram numerosos os casos de críticas a dirigentes de vários países, escritas por representantes dos EUA ao redor do mundo, que se tornaram públicos.
De acordo com Soloszyn, poucos no governo e no Congresso brasileiro dão atenção para o tema do terrorismo, assim como para a existência de "potenciais bolsões de extremismo islâmico entre segmentos da grande comunidade muçulmana brasileira".
O analista brasileiro ainda sugere que o único fator que poderia modificar a "indiferença" com relação ao tema do terrorismo seria outra onda de violência como a que foi desencadeada no estado de São Paulo em 2006 pelo grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na época em que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) elaborou anteprojeto de lei que trata dos crimes terroristas e de seu financiamento em território brasileiro, adversários da lei, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), se pronunciaram.
Foi o caso do então presidente da organização, Cézar Britto, que afirmou em 2008 que a lei oferecia risco de restringir direitos humanos. “O problema de uma lei que não define o que é terrorismo é que ela pode ser aplicada em várias ações. Se não há uma definição clara do crime a ser punido, corre-se o risco de transformar em ato terrorista qualquer greve ou manifestação em que ocorra alguma ação de violência não prevista”.
Sem consenso
Sobel também conversou com José Antonio de Macedo Soares, secretário-assistente do Secretariado de Monitoramento e Estudos Institucionais do GSI, e o assessor do GSI Janer Tesch Hosken Alvarenga, que afirmaram ser "impossível" chegar a um consenso no governo em relação à definição de terrorismo. Alvarenga é quem disse a Sobel que a decisão de derrubar a proposta de uma legislação antiterrorismo foi "política".
"Quando lhe foi pedido que confirmasse notícia publicada no jornal diário Correio Braziliense dando conta de que a ministra Dilma Rousseff (chefe-de-gabinete do presidente Lula na Casa Civil) teria derrubado a proposta, Alvarenga tergiversou, sugerindo que vários 'clientes' teriam contribuído para a decisão, incluindo o Ministério da Justiça. No final, ele não negou o relato do jornal, afirmando que a decisão tinha sido 'política'", detalha o documento elaborado pelo funcionário norte-americano.
Conclusão dos EUA
Após abordar o tema com funcionários do governo brasileiro, Sobel diz ser "lamentável" a falta de apoio a uma legislação antiterrorismo no Brasil e considera "plausível" a hipótese de que o impedimento ao desenvolvimento da lei tenha partido da Casa Civil.
"Tirando algumas agências voltadas a questões de segurança, este governo evidencia muito pouco interesse por questões ligadas ao terrorismo, muito menos por legislação que sua base de apoio não tem interesse em ver promulgada e que exigiria capital político considerável para ser aprovada no Congresso".
Para Sobel, o Brasil desenvolve uma abordagem "Al Capone" (mafioso que fez fortuna traficando bebidas nos EUA durante o período de vigência da Lei Seca, nos anos 1930, e foi condenado apenas por sonegação de impostos) contra o terrorismo, ao enquadrar " os terroristas com base em violações alfandegárias, fraude fiscal e outros crimes que, infelizmente, incorrem em penas de prisão menores".
Clique aqui para acessar o texto divulgado pelo Wikileaks.
Paulo Roberto de Almeida
Wikileaks: documento diz que MST e movimentos sociais são obstáculos a lei antiterrorismo no Brasil
Marina Terra | Redação
30/11/2010 - 13:00
Um documento elaborado em novembro de 2008 pelo então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, cita o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e os movimentos socias como obstáculos à criação de uma lei antiterrorismo no Brasil.
O texto menciona o analista de inteligência estratégica na Escola Superior de Guerra André Luis Woloszyn (citado no documento como "Soloszyn"), que, em conversa com Sobel, disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "repleto de militantes esquerdistas que tinham sido alvos de leis da era da ditadura militar criadas para reprimir a violência politicamente motivada", dificilmente promulgaria uma lei que poderia enquadrar atos de grupos com os quais simpatiza, pois "não existe maneira de redigir uma legislação antiterrorismo que exclua as ações do MST".
Além disso, o "cabo" revelado pelo Wikileaks afirma que Brasília voltou atrás no desenvolvimento de uma legislação antiterrorismo por razões "políticas".
O MST ainda não se pronunciou sobre o assunto. De acordo com a assessoria de imprensa do movimento, o tema não foi debatido internamente.
A divulgação de telegramas das embaixadas e consulados dos EUA pelo mundo causaram grande constrangimento à diplomacia da Casa Branca. Foram numerosos os casos de críticas a dirigentes de vários países, escritas por representantes dos EUA ao redor do mundo, que se tornaram públicos.
De acordo com Soloszyn, poucos no governo e no Congresso brasileiro dão atenção para o tema do terrorismo, assim como para a existência de "potenciais bolsões de extremismo islâmico entre segmentos da grande comunidade muçulmana brasileira".
O analista brasileiro ainda sugere que o único fator que poderia modificar a "indiferença" com relação ao tema do terrorismo seria outra onda de violência como a que foi desencadeada no estado de São Paulo em 2006 pelo grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na época em que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) elaborou anteprojeto de lei que trata dos crimes terroristas e de seu financiamento em território brasileiro, adversários da lei, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), se pronunciaram.
Foi o caso do então presidente da organização, Cézar Britto, que afirmou em 2008 que a lei oferecia risco de restringir direitos humanos. “O problema de uma lei que não define o que é terrorismo é que ela pode ser aplicada em várias ações. Se não há uma definição clara do crime a ser punido, corre-se o risco de transformar em ato terrorista qualquer greve ou manifestação em que ocorra alguma ação de violência não prevista”.
Sem consenso
Sobel também conversou com José Antonio de Macedo Soares, secretário-assistente do Secretariado de Monitoramento e Estudos Institucionais do GSI, e o assessor do GSI Janer Tesch Hosken Alvarenga, que afirmaram ser "impossível" chegar a um consenso no governo em relação à definição de terrorismo. Alvarenga é quem disse a Sobel que a decisão de derrubar a proposta de uma legislação antiterrorismo foi "política".
"Quando lhe foi pedido que confirmasse notícia publicada no jornal diário Correio Braziliense dando conta de que a ministra Dilma Rousseff (chefe-de-gabinete do presidente Lula na Casa Civil) teria derrubado a proposta, Alvarenga tergiversou, sugerindo que vários 'clientes' teriam contribuído para a decisão, incluindo o Ministério da Justiça. No final, ele não negou o relato do jornal, afirmando que a decisão tinha sido 'política'", detalha o documento elaborado pelo funcionário norte-americano.
Conclusão dos EUA
Após abordar o tema com funcionários do governo brasileiro, Sobel diz ser "lamentável" a falta de apoio a uma legislação antiterrorismo no Brasil e considera "plausível" a hipótese de que o impedimento ao desenvolvimento da lei tenha partido da Casa Civil.
"Tirando algumas agências voltadas a questões de segurança, este governo evidencia muito pouco interesse por questões ligadas ao terrorismo, muito menos por legislação que sua base de apoio não tem interesse em ver promulgada e que exigiria capital político considerável para ser aprovada no Congresso".
Para Sobel, o Brasil desenvolve uma abordagem "Al Capone" (mafioso que fez fortuna traficando bebidas nos EUA durante o período de vigência da Lei Seca, nos anos 1930, e foi condenado apenas por sonegação de impostos) contra o terrorismo, ao enquadrar " os terroristas com base em violações alfandegárias, fraude fiscal e outros crimes que, infelizmente, incorrem em penas de prisão menores".
Clique aqui para acessar o texto divulgado pelo Wikileaks.
Wikileaks-Brasil: agora vem a fase dos desmentidos... (que serao desmentidos...)
O lado bom do Wikileaks é ver tanta gente boa (ops!) pega em frases incômodas (para dizer o mínimo). Gente que achava que sua frase iria ficar ali, entre quatro paredes, no máximo encerrada na fortaleza inexpugnável do Department of State (que aliás parece um bunker), e de repente, zut, voilà, lá está aquela frase incômoda estampada nos jornais.
E para que o desmentido? Não compreendo: se todo mundo sabe que é assim mesmo, para que se dar ao trabalho de desmentir? O próprio interessado poderia desmentir o desmentidor, desmentindo a nota e reafirmando aquilo que foi mentido e desmentido, ou desmentido mentirosamente, não sei se vocês me seguem...
Enfim, tudo isso é muito gozado...
Aguardaremos novos episódios hilariantes...
Tem de ter alguma história picante nisso tudo: 250 mil telegramas e nada de mais saboroso? Só essa aridez da high politics?! Não é possível! Queremos cenas explícitas de alguma coisa...
Paulo Roberto de Almeida
Em nota, Nelson Jobim nega ter dito que Samuel Guimarães ‘odiava os EUA’
por Rodrigo Alvares
O Estado de S.Paulo, 30.novembro.2010
O Ministério da Defesa divulgou nota nesta terça-feira, 30, através da qual o titular da pasta, Nelson Jobim, nega as afirmações atribuídas a ele em telegrama da embaixada dos Estados Unidos divulgado pelo site Wikileaks. Jobim, que encontra-se hoje em visita oficial à Polônia, teria ligado para o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Samuel Pinheiro Guimarães. De acordo com o telegrama, de 2008, Jobim teria dito ao então embaixador dos Estados Unidos do Brasil, Clifford Sobel, que Guimarães “odeia os Estados Unidos”. À época, Guimarães atuava como secretário-Geral das Relações Exteriores, o segundo cargo na hierarquia do Itamaraty.
Jobim desmentiu a afirmação e esclareceu a Guimarães que realmente em algum momento conversou sobre ele com o embaixador, mas disse que o tratou com respeito e classificou Guimarães como “um nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil”. De acordo com o ministro, “se o embaixador disse que Samuel não gosta dos Estados Unidos, isso é interpretação do embaixador, eu não disse isso. Samuel é meu amigo”, afirmou.
No telegrama, datado de 25 de janeiro de 2008, Jobim teria dito a Sobel que Guimarães aparecia como um “sério problema em diversos níveis”. Além de “odiar os EUA”, Guimarães também é descrito como alguém que trabalhava ativa e calculadamente para dificultar as relações do Brasil com os americanos e outros países industrializados.
E para que o desmentido? Não compreendo: se todo mundo sabe que é assim mesmo, para que se dar ao trabalho de desmentir? O próprio interessado poderia desmentir o desmentidor, desmentindo a nota e reafirmando aquilo que foi mentido e desmentido, ou desmentido mentirosamente, não sei se vocês me seguem...
Enfim, tudo isso é muito gozado...
Aguardaremos novos episódios hilariantes...
Tem de ter alguma história picante nisso tudo: 250 mil telegramas e nada de mais saboroso? Só essa aridez da high politics?! Não é possível! Queremos cenas explícitas de alguma coisa...
Paulo Roberto de Almeida
Em nota, Nelson Jobim nega ter dito que Samuel Guimarães ‘odiava os EUA’
por Rodrigo Alvares
O Estado de S.Paulo, 30.novembro.2010
O Ministério da Defesa divulgou nota nesta terça-feira, 30, através da qual o titular da pasta, Nelson Jobim, nega as afirmações atribuídas a ele em telegrama da embaixada dos Estados Unidos divulgado pelo site Wikileaks. Jobim, que encontra-se hoje em visita oficial à Polônia, teria ligado para o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Samuel Pinheiro Guimarães. De acordo com o telegrama, de 2008, Jobim teria dito ao então embaixador dos Estados Unidos do Brasil, Clifford Sobel, que Guimarães “odeia os Estados Unidos”. À época, Guimarães atuava como secretário-Geral das Relações Exteriores, o segundo cargo na hierarquia do Itamaraty.
Jobim desmentiu a afirmação e esclareceu a Guimarães que realmente em algum momento conversou sobre ele com o embaixador, mas disse que o tratou com respeito e classificou Guimarães como “um nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil”. De acordo com o ministro, “se o embaixador disse que Samuel não gosta dos Estados Unidos, isso é interpretação do embaixador, eu não disse isso. Samuel é meu amigo”, afirmou.
No telegrama, datado de 25 de janeiro de 2008, Jobim teria dito a Sobel que Guimarães aparecia como um “sério problema em diversos níveis”. Além de “odiar os EUA”, Guimarães também é descrito como alguém que trabalhava ativa e calculadamente para dificultar as relações do Brasil com os americanos e outros países industrializados.
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