quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Nota pública de médicos mineiros ao CRM-MG e ao CFM sobre o negacionismo brasileiro, inclusive de médicos

 Os médicos andavam muito silenciosos, tanto que muitos de nós os consideramos bolsonaristas de carteirinha. É até possível que a maior parte dos médicos tenha, sim, votado por monstro que ocupa a presidência, talvez ou provavelmente em razão do mais médicos e também da mega-super-hiper-giga corrupção petista. Na medida em que "seu" eleito revelou-se a besta que sempre foi, e que os mortos foram se acumulando, alguns dos conselhos regionais de Medicina começaram a se manifestar, mas isso depende, obviamente, de quem ocupa a presidência de turno desses conselhos, pois ainda tem muito bolsonarista idiota espalhado por aí, mesmo entre médicos, supostamente pessoas bem informadas e esclarecidas (o que não é exatamente o caso).

Esta Nota Pública AO Conselho Regional de Medicina, não DO CRM-MG, os médicos abaixo assinados fizeram um dos manifestos MAIS FORTES CONTRA o degenerado dirigente, só faltando chamá-lo do título que ele merece: GENOCIDA.

Paulo Roberto de Almeida


NOTA PÚBLICA

À sociedade, aos médicos, ao CRMMG e CFM

Uma tragédia se abate sobre o Brasil.

Uma tragédia humanitária sem precedentes na nossa história.

Já superamos 200.000 mortos. Milhões de infectados.

UTI’s e leitos hospitalares no limite de suas capacidades, chegando ao absurdo do que está ocorrendo em Manaus, com a falta de oxigênio.

A este quadro dramático, soma-se o aumento da miséria e do desemprego. O aumento de famílias vivendo nas ruas é visível a todos.

A fome é um espectro que ronda milhões de brasileiros.

E qual a resposta deste governo a esta calamidade?

Frente a essa situação dantesca, o governo acaba com o auxílio emergencial, o que levará ao desespero àqueles que o têm como única fonte de renda para a sobrevivência.

E, no enfrentamento da pandemia da COVID-19, oferece tratamentos sem eficácia clínica comprovada.

Nós, médicos mineiros, que já estivemos à frente de entidades médicas ou que estamos na linha de frente do atendimento à saúde da população ou no ensino médico, resolvemos dar nosso grito de alerta.

Não podemos nos calar frente a omissão das nossas principais entidades, Conselhos, Associações e Sindicatos Médicos.

A Medicina é uma profissão a serviço da vida e da sociedade.

Tem uma história de 2.500 anos, como Ciência e Arte.

Como Ciência, a Medicina deve se ater às medicações comprovadamente eficazes.

Ciência é a defesa de vacinação a todos, para controlar a circulação do vírus.

Afirmar, como faz o CFM, o caráter não obrigatório da vacina, não é ciência. Reforça a política negacionista deste desgoverno.

E como Arte, os Médicos devem cumprir seu papel em saber informar aos pacientes que, infelizmente, ainda não há medicamentos com comprovação científica para o tratamento da Covid-19.

A aceitação de nossas lideranças do uso de medicamentos que, comprovadamente, não trazem benefícios, nem preventivo e nem curativo, é uma afronta a estes princípios.

Chega!


Temos de dizer em alto e bom tom: a prescrição de ivermectina, cloroquina, hidroxicloroquina, nitazoxanida, azitromicina, doxiciclina, e outros não traz NENHUM benefício aos pacientes.

Ao contrário, leva a uma falsa sensação de segurança à população, com o consequente relaxamento nas medidas preventivas, estas sim, eficazes.

A aceitação deste papel de meros prescritores de placebos nos nivela a charlatães.

E nos tornam cúmplices de um governo de incompetentes, genocida.

Basta!

Toda literatura médica atual demonstra de maneira cabal a ineficácia destas drogas, além dos seus riscos.

Médicos, não aceitem este papel a nós reservado por este desgoverno! Entidades médicas, se posicionem claramente ao lado da Ciência e da Vida!

Os Médicos, por meio do CFM e dos CRM, devem ser orientados a não prescreverem medicamentos que não têm comprovação científica.

Tal orientação e inibição dessas prescrições se sobrepõem a autonomia do profissional médico. A autonomia médica não é um aval para a antimedicina.

A prescrição destes medicamentos não é uso off-label: é anti-ciência; é charlatanismo.

Esse cenário nos coloca como partícipes de uma política cruel, que finge que trata, enquanto

deixa as pessoas morrerem.

Conclamamos que as Entidades Médicas busquem atuar junto às outras entidades de saúde, em defesa de uma política que verdadeiramente enfrente esta barbárie:

- isolamento social; auxílio aos vulneráveis;

- investimentos maciços no Sistema Único de Saúde, para recuperação imediata de sua capacidade de atendimento;

- e investimentos maciços na capacidade brasileira de produção de vacinas.

Esta é a resposta a se esperar de quem tem compromissos com a Medicina e com a Vida.

Belo Horizonte, Minas Gerais, 15 de janeiro de 2021

Afrânio Donato de Freitas - Ex-vice-presidente da AMM, Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão

Alamanda Kfoury Pereira- Professora Departamento de GOB da FM/UFMG e vice-diretora da FM/UFMG, CRMMG-19222

Alzira de Oliveira Jorge - CRM MG 21539, Ex-Diretora da ANMR, Professora UFMG e Diretora Geral do Hospital Risoleta Tolentino Neves


Ana Maria Medes - CRM MG 20692

Arnoldo de Souza – Ex-Presidente do Sinmed GV e da AMGV

Carlos Roberto de Souza – CRM 22183, Anestesiologista Itabira

Celeste de Souza Rodrigues – CRM 17197

Celso Paoliello Pimenta - CRMMG 8153

Cláudia Ribeiro de Andrade - CRM 29.351, Professora de Pediatria da UFMG

Cristiano da Mata Machado - Ex-Presidente Sindicato dos Médicos

Cristina Alvim - Professora Pediatria UFMG

Darlan Corrêa Dias – Ex-Presidente do Sindicato dos Médicos de Governador Valadares e da Sociedade Mineira de Pediatria do Vale do Rio Doce

Deborah Carvalho Malta – Ex-Vice Presidente da AMINER, Professora da Escola de Enfermagem da UFMG

Dirceu Bartolomeu Greco – Ex-Conselheiro CRMMG

Eglea Maria da Cunha Melo – Pediatra, CRM 10026

Elson Violante - Ex-Diretor Sindicato dos Médicos

Enid Terezinha Freire de Moraes - CRMMG 8404

Evilázio Teubner Ferreira - Ex-Presidente CRMMG, ex-Conselheiro CFM Everaldo Crispim - Ex-Diretor da AMMG e Sindicato dos Médicos

Fausto Pereira dos Santos – Ex-Vice presidente ANMR, Pesquisador da Fiocruz Fernando Antônio Botoni - CRM 20989

Geraldo Luiz Moreira Guedes - Ex-Presidente CRMMG, ex-Conselheiro CFM

Gilberto Antônio Reis - Professor do Departamento de Medicina da PUC Minas

Gilson Salomão - CRMMG 14944, Presidente do Sindicato dos Médicos de Juiz de Fiora

Giovana da Costa César - CRM MG 38958

Helvécio Miranda Magalhães Júnior – Ex-Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte e Ex- Secretário de Atenção à Saúde do MS

Ismael Teixeira Antuna – CRM 18661, Médico FHEMIG

Jader Bernardo Campomizzi - Ex-Secretário CRMMG

João Batista Duarte Vieira - Ex-Presidente Sociedade de Medicina e Cirurgia de juiz de Fora João Paulo Baccara - CRMMG 17.563

José Luiz dos Santos Nogueira – CRM 20760, Médico PBH

José Luiz Moreira Guedes - CRMMG 16196


José Roberto Batista – Médico Intensivista, Ipatinga, CRM 23071

Jubel Barreto - CRM MG 7553

Kleber Neves da Rocha - ex-diretor do Sindicato dos Médicos de MG e da AMMG, CRM 8347

Lucas Benício dos Santos – CRM 81949

Luiz Oswaldo Rodrigues - LOR, CRMMG 6725, Presidente da Associação Mineira de Apoio aos Portadores de Neurofibromatoses

Luzia Toyoko Hanashiro e Silva - CRM MG 8591

Márcia Lourenço Lima - CRM 9048, Médica efetiva do SUS-BH

Márcia Rejane Soares Campos - CRMMG 21416, Ex-Diretora da ASMNR e AMINER

Márcia Rovena de Oliveira - CRMMG 8590

Mariangela Cherchiglia – CRM 16754, Professora Faculdade de Medicina UFMG

Maria Angélica de Salles Dias - Médica Sanitarista – Ex-Diretora da AMIMER

Maria Angélica Silva Vaccarini - CRMMG 14.826

Maria Aparecida Martins – Pediatra, CRM 9638

Maria Cristina Veiga Aranha Nascimento Pediatra - Professora Universitária/ UFOP

Maria das Graças Rodrigues de Oliveira - Médica do Hospital das Clínicas da UFMG, CRM 7721

Maria do Carmo – CRM 16499, Ex Associação Médicos Residentes ES, Médica as SMSA/BH

Maria do Rosário Nogueira Rivelli – CRMMG 14545

Maria Teresa Paletta Crespo - Pediatra, CRMMG 10184

Martha Maria Neves Cotta - Ginecologia/Obstetrícia, CRMMG 13.954

Miriam Nadim Abou-Yd – CRM 14659

Mônica Aparecida Costa – CRM 18254, Ex-AMER HC, Médica da SMSA/BH

Paulo Augusto Camargos - Professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Ex-Vice-Presidente do APUBH

Paulo César Machado Pereira - Ex-Diretor Sindicato dos Médicos

Raimundo Marques do Nascimento Neto – Prof. UFOP coordenador da Residência de Clínica Médica

Renato Viana Bahia - Ex-Presidente AMIMER

Roberto de Assis Ferreira - Ex-Presidente Sindicato dos Médicos Roberto Marini Ladeira - Ex-Secretário CRMMG

Rodolfo de Braga Almeida – Professor Adjunto FM UFMG, CRM 9505 Rosângela Carrusca Alvim - Pediatra e Professora Universitária


Roseli da Costa Oliveira - CRM 14.640

Rubens Campos – Ex-Diretor do Sindicato dos Médicos

Sandino Mendes de Almeida – Ex-Presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Teófilo Otoni

Sandra de Oliveira Sapori Avelar - Cardiologia - CRM MG 15 737 Sandra Lagos Motta - CRMMG 17028

Silvana Spindola de Miranda - Professora DCLM- UFMG, CRM 32020 Sonia Maria Rodrigues de Almeida CRM. 11215

Stella Araújo – Médica PBH, CRM 18554 Tatiane Miranda - Pediatra FHEMIG

Unaí Tupinambás – CRMMG 19208, Professor da UFMG, membro dos Comitês enfrentamento ao Covid de BH e UFMG

Valéria Guerra Mendes – CRM 13336

Vera Maria Velloso Prates – CRMMG 23246, Psiquiatra da rede SUS de Belo Horizonte

Antidiplomacia bolsonarista deve ser responsabilizada pelo atraso nas vacinas, avalia embaixador (Paulo R. Almeida) - Giovanni Galvani (Carta Capital)

Antidiplomacia bolsonarista deve ser responsabilizada pelo atraso nas vacinas, avalia embaixador

Com Índia, a questão é diplomática. E com a China, política. Em ambos os casos, o governo Bolsonaro deve ser considerado culpado

Giovanna Galvani

Carta Capital, 20/01/2021

https://www.cartacapital.com.br/mundo/antidiplomacia-bolsonarista-deve-ser-responsabilizada-pelo-atraso-nas-vacinas-avalia-ex-embaixador/

A viabilidade de uma ampla campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil passou a depender de uma das mais problemáticas agendas do governo de Jair Bolsonaro: as relações exteriores.

China e a Índia, duas potências orientais com relacionamentos diferentes com o governo brasileiro, mantêm sob custódia, respectivamente, os insumos para a produção das duas vacinas aprovadas para uso emergencial no Brasil e 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca, que já deveriam estar em solo nacional se não fosse o fracasso da operação coordenada pelo chanceler Ernesto Araújo.

Na análise do diplomata Paulo Roberto de Almeida, os dois países devem colaborar, em breve, para que o prosseguimento da vacinação seja viável no Brasil. No entanto, fica um recado vindo especialmente da China, alvo preferido da bravata ideológica de Araújo em seus alinhamentos com a extrema-direita mundial: as relações estão estremecidas, e os chineses sabem bem qual é o lado mais forte da balança.

Almeida, que se considera um “dissidente” do Itamaraty, foi demitido, em 2019, da diretoria do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), integrado ao Ministério, por publicar textos críticos em seu blog pessoal. Hoje, atua também como professor de Economia Política na pós-graduação de Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

Na terça-feira 19, a Índia indicou países vizinhos prioritários para a exportação de vacinas produzidas em seu território – uma das maiores plantas farmacêuticas do mundo – e não citou o Brasil. Na lista, estão países vizinhos e aliados estratégicos do país.

Almeida afirma que a diplomacia indiana foi educada no trato com o Brasil, e que quaisquer ilusões de Bolsonaro com o primeiro-ministro Narendra Modi, também de direita, deveriam considerar o nacionalismo indiano. A vacinação no país asiático – que tem mais de 1,3 bilhão de habitantes – acabou de começar. Exportar doses para o Brasil, portanto, não seria bem visto entre os indianos.

“O chanceler indiano sinalizou por três vezes que havia dificuldades em exportar a vacina. Ele foi muito diplomático, pois isso causaria um enorme problema para Modi no plano interno. O Modi recebeu Bolsonaro no dia da Independência indiana com todas as honras, mas ele é um nacionalista ao velho estilo. Não tem nada a ver com ‘anti-globalismo’ de Araújo”, afirma o diplomata.

Com a China, o buraco é mais embaixo. Almeida lembra que, desde a campanha presidencial de 2018, ao visitar Taiwan – uma “província rebelde” aos olhos do Partido Comunista Chinês -, o presidente manda mensagens de afronta ao maior parceiro comercial do País. 

“O caso da China é mais político, e o da Índia é uma inconveniência diplomática cometida pelo chanceler e pelo Bolsonaro. Com certeza, isso causou um imenso mal-estar na Índia que não se manifestou porque eles são grandes diplomatas e não cometeriam uma grosseria.”, diz Almeida. “Eles não são o Bolsonaro, que já brigou com o Macron, a mulher do Macron, o [presidente da Argentina] Alberto Fernández, o Evo Morales, Deus e o mundo”, analisa.

Nas ofensas a China, tem protagonismo Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que já brigou publicamente com o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, pelas redes sociais.

Eduardo repetiu que o coronavírus era um “vírus chinês” e fez campanha contra o leilão do 5G com a participação da Huawei, empresa chinesa estratégica no setor. Em ambos os casos, Ernesto Araújo endossou o discurso do filho do presidente.

“A China atua politicamente em resposta. Até agora, foi muito leniente com o Brasil até pelas brigas comerciais que estava travando com os Estados Unidos”, diz o diplomata. A China separa a questão política da comercial, mas eles estão fazendo corpo mole para sinalizar ao Brasil que, se continuar assim, o País talvez sofra.”

Para ele, o grande divisor de águas” nas relações sino-brasileiras seria a proibição à participação da Huawei no leilão do 5G. Mas as críticas preconceituosas de Bolsonaro à “vacina chinesa” também provocaram forte repúdio das autoridades chinesas, afirma.

Almeida avalia ainda que, caso haja caos pela falta das doses da vacina contra a Covid, a “antidiplomacia” bolsonarista será diretamente responsável.

“Todo mundo importa ou toma remédio da Índia e da China. Precisou um inepto total como o Bolsonaro para causar um enorme preconceito contra os produtos chineses”, ressalta.

“A China vai acabar fornecendo [os insumos], mas talvez demore mais um pouco para deixar os Bolsonaro desesperados. Quando acabar o estoque, pode haver cenas dramáticas dos hospitais. Houve um enorme fracasso diplomático que não é limitado ao contexto atual da pandemia, da vacina, é um fracasso diplomático desde o começo.”

Além das relações bilaterais estremecidas, há ainda a falta de coordenação com outros órgãos multilaterais que poderiam ter ajudado o Brasil em “inteligência sanitária e de saúde”, diz o ex-embaixador, referindo-se ao atraso do Ministério da Saúde em adquirir insumos como seringas e agulhas à tempo da vacinação.

Correção de rumos

Para corrigir os problemas, Bolsonaro aposta nas boas relações que o vice-presidente Hamilton Mourão tem com autoridades chinesas, afirmaram aliados do governo à jornalista Andreia Sadi, da Rede Globo.

O general faz parte da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, a Cosban, e deve ser encarregado de “salvar a pátria” porque os “chineses não falam com o Araújo”, analisa o diplomata. “O governo de Bolsonaro faz tudo errado e, então, apela para soluções de expediente”.

Com a pandemia ainda crescente e uma longa campanha de vacinação pela frente, Paulo Roberto sugere que o Brasil reavalie suas posições com a China – apesar do novo governo dos Estados Unidos, comandado agora pelo democrata Joe Biden, que deve tentar conter a influência da China sobre as Américas.

“O que vai sobrar para o Biden da política externa de Trump é o mercantilismo americano, que responde a uma frustração dos órfãos da globalização, dos desempregados, ao sentimento de que a China não joga conforme as regras”, analisa. “O Biden foi acusado pelo Trump de ser aliado da China, e ele tem que provar que não é soft com eles.”

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Mini-reflexão sobre a infelicidade do Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre a infelicidade

De todos os ministérios disfuncionais, esquizofrênicos e ineficientes do excepcional desgoverno do capitão degenerado — existem vários—, creio que o Itamaraty é o mais infeliz de todos, o mais acabrunhado por sentimentos depressivos, o mais coberto de vergonha, quando não (entre os mais antigos, que são também os mais conscientes da ruptura com padrões do passado) agitado por uma sensação de desesperança por parte daqueles tomados por certo pessimismo de desespero, após dois repletos de caos destruidor.

A razão é muito simples: todos os ministérios dos demais ministros aloprados — e o da Saúde é o exemplo mais evidente, mas também tem o do Meio Ambiente, o dos Direitos Humanos e o da Educação — foram tomados de assalto por ineptos de fora, pessoas completamente estranhas e inexperientes nas áreas que lhes foram atribuídas, figuras equivalentes a um pró-cônsul colonial, um capataz do seu senhor feudal, uma espécie de interventor nomeado por um desses déspotas pouco esclarecido.

Não é o caso do Itamaraty, o único ministério a ter como interventor autoritário um membro da carreira, ainda que muito apagado até sua nomeação, o que muitos duvidaram que fosse sério.

Para maior vergonha dos diplomatas, é justamente um mandarim da mesma classe de funcionários o encarregado de fazer o trabalho sujo que lhe é ordenado pelos ineptos donos do poder e de aplicar caninamente as consignas estapafúrdias de seus donos, mestres, amos e chefes, tanto da família de insanos e despreparados, quanto um fraudulento guru presidencial e outros aspones do círculo mais chegado.

A vergonha que o inacreditável chanceler acidental tem imposto ao Itamaraty, à diplomacia e à política externa não tem limites, e revela todo o desequilíbrio transparente num infeliz indivíduo que foi levado, no turbilhão alucinado e alucinante em que se meteu, a desempenhar um papel totalmente artificial, falso como uma nota de 3 dólares, que mantém com evidente desconforto e grande angústia, pois que sabedor da falsidade desse papel e com um enorme desconforto psicológico. 

Acredito que o torturado chanceler acidental se sinta cada vez mais inseguro nesse papel de pura hipocrisia que foi chamado a jogar, pois que vê com clareza a mediocridade do ambiente em que foi se meter, com ineptos e ignorantes que lhe dizem o que deve fazer a cada passo. Mas não tenho pena do desequilibrado interventor no Itamaraty, e, sim, lamento que meus colegas de carreira tenham de passar pela excepcional e gigantesca vergonha de verem seu ministério demolido em seus fundamentos mais sensíveis. 

Um dia passa essa ocupação ilegítima de uma das mais brilhantes instituições de pensamento e ação do Brasil em sua projeção externa. Todavia, o cristal se quebrou e a vergonha acumulada até aqui permanecerá como uma nódoa por largo tempo ainda. O desequilibrado chanceler acidental entrará numa categoria especial de interventores, a dos traidores de sua própria classe. 

Essa vergonha é indelével.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 20 de janeiro de 2021

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Crime de responsabilidade para Bolsovirus e Sargento Tainha - Ricardo Noblat

 CRIME DE RESPONSABILIDADE éo que incorrem tanto o capitão cloroquina, o insano, inepto e degenerado dirigente do país e “comandante supremo” das FFAA (que decidem sozinhas se há democracia ou ditadura no Brasil), quanto seu capacho da Saúde, um general incompetente e MENTIROSO, que não deveria ter passado de sargento. São os dois os maiores responsáveis por metade da mortandade atual no Brasil.

Paulo Roberto de Almeida 


Do que mais têm medo Bolsonaro e Pazuello

Ricardo Noblat, 19/01/2021

Crime de responsabilidade

Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello têm em comum a formação militar e o fato de serem no momento as duas figuras públicas de maior relevo em meio a uma pandemia que colheu até ontem no Brasil mais de 210 mil vidas. E que poderá colher muito mais, uma vez que mal começou, a vacinação poderá ser suspensa em breve devido à falta de doses suficientes para imunizar tanta gente.


Faltam insumos para que o Instituto Butantan possa fabricar a Coronavac no volume necessário. A Fundação Oswaldo Cruz também não tem para fabricar a AstraZeneca. Os insumos para as duas vacinas dependem da China que os produz, e, por lá, menos de 1% da população foi imunizada. Fracassou a operação de compra da AstraZeneca à Índia. Era fake. Um golpe. 

Apesar do uso da farda, seria uma injustiça com Pazuello comparar sua trajetória nos quartéis com a de Bolsonaro. Pazuello é um general ainda na ativa, para constrangimento dos seus pares que preferiam vê-lo na reserva dada às circunstâncias que ele enfrenta. Bolsonaro ganhou o título de capitão quando foi afastado do Exército por ter planejado atentados à bomba a quartéis.

Mas o general aceitou servir ao ex-capitão depois que dois médicos deixaram o Ministério da Saúde ao se recusarem a fazer o que Bolsonaro mandava – entre outras coisas, recomendar o tratamento precoce de casos da Covid-19 com drogas ineficazes. Sabe-se lá porque Bolsonaro ordenou ao Exército a fabricação em massa de cloroquina. Sabia-se que era uma fraude.

Bolsonaro acostumou-se à fama de mentiroso e não liga mais. Nada mais fácil do que provar que ele mente. Mente sempre. Mente descaradamente. Mente displicentemente. Mente naturalmente. Mente irresponsavelmente. E de tanto enxovalhar a verdade, tornou-se incapaz de reconhecer quando encontra uma pela frente por mais robusta que ela seja.

Isso obriga ao restabelecimento de certas verdades. Em abril último, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que governadores e prefeitos TAMBÉM poderiam adotar medidas contra a pandemia, NÃO APENAS o governo federal. Como Bolsonaro insiste em dizer que o tribunal esvaziou seu poder de combater o vírus, o Supremo voltou a desmenti-lo em nota oficial.

Chamar Pazuello de mentiroso o incomoda muito. Pega muito mal para um militar, mais ainda quando ele é detentor da mais alta patente de sua Arma. É uma ofensa que nenhum deles engole calado. Infelizmente para ele, está provado que o general mentiu ao afirmar que nunca receitou o tratamento precoce com cloroquina para pacientes com sintomas da doença.

Que Pazuello queira culpar o clima da Amazônia pela falta de oxigênio que matou dezenas de pessoas em Manaus e começa a matar também em cidades do Pará, não é propriamente uma mentira. Seria um exagero, digamos com boa vontade, ou ignorância. Que ele culpe o fuso horário pela demora em importar vacina da Índia pode ser entendido como uma desculpa.

Porém, o general mente ao negar que patrocinou o que agora batiza de “atendimento precoce” com remédios rejeitados pelo mundo inteiro. No final de maio passado, o Ministério da Saúde incluiu nos seus protocolos a sugestão de uso da cloroquina em pacientes hospitalizados com gravidade média e alta. E remeteu aos Estados  pelo menos 3,4 milhões de doses da droga.

Não lembra? Leia aqui (https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-05/governo-inclui-cloroquina-para-tratamento-de-casos-leves-de-covid-19)  a notícia publicada pela Agência Brasil, um órgão de informação do governo. Isso aconteceu depois que o médico Nelson Teich cedeu a Pazuello a vaga de ministro da Saúde. Quer mais? Na madrugada de hoje, no site do ministério, ainda poderia ser encontrado um manual de orientação sobre o uso da cloroquina para tratamento precoce.(http://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2020/August/12/COVID-11ago2020-17h16.pdf) 

A troca de “tratamento precoce” por “atendimento precoce” tem a ver com o medo de Pazuello de ser denunciado por crime de responsabilidade. O mesmo medo passou a ser compartilhado por Bolsonaro. Crime de responsabilidade pode abreviar seu mandato porque a Constituição considera inviolável o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

5G: governo volta atrás na disposição em barrar a Huawei - Global Times (China)

 Mais uma derrota para os aloprados do governo, sobretudo para o patético chanceler acidental.


SOURCE / COMPANIES        GLOBAL TIMES, CHINA
Brazil ditches US drive to strangle Huawei: report
Trump administration’s move fails, decision makers return to business
By Chu Daye Published: Jan 17, 2021 10:00 PM
   

A visitor checks out a Huawei device at the Huawei Campus in Dongguan, Guangdong Province on August 10, 2019. Photo: VCG



The telecommunications sector will see a back-to-square-one moment, in which business considerations regain their rightful position from political considerations, Chinese analysts said on Sunday, after reports that the Brazilian government became the first in the world to backtrack on its opposition to Huawei's 5G bid.
The Brazil will not seek to bar the Chinese telecommunication giant from its 2021 5G network auctions in June, Reuters reported, citing local newspaper Estado de S. Paulo.
Financial costs potentially worth billions of dollars and the exit of US President Donald Trump are forcing President Jair Bolsonaro, who had opposed Huawei on unproven grounds, to backtrack on his opposition to Huawei's bid, the paper said.
Chinese analysts said the reported move is significant as it makes Brazil the first country to change its stance on Huawei after Trump's election loss.
Fu Liang, a Beijing-based telecom industry expert, told the Global Times on Sunday that as Trump leaves the White House and the US failed in its promise to provide badly needed vaccines to Brazil, which has been hit hard by the virus, Brazil's committed pro-US stance naturally did not materialize.
Brazil has the second-highest COVID-19 death toll after the US, and the government is being criticized for a slow vaccination process.  
Brazil's reported move to allow Huawei to bid is a setback for the Trump administration's so-called "Clean Network" scheme, for which it painstakingly lobbied around the world, coercing and luring countries to shun Chinese high-tech companies. The Brazilian development indicates the Trump administration's campaign to smear and exclude Chinese telecommunications giant Huawei is likely to fail globally, analysts said.
"Without the stick-and-carrot approach of the Trump administration, more countries will fall back to a neutral stance after they ventured to move against Huawei," Fu said. 
Fu predicted that more countries, including the UK and Canada, will take a similar approach as Brazil. As for the so-called "Clean Network" scheme, it will likely be changed under Joe Biden, according to Fu.
Under pressure from the US, countries including the UK moved to ban Huawei. But their plans left room for a future change.
Yi Beichen, a veteran mobile internet observer, told the Global Times on Sunday that while it remains to be seen whether Brazil will be followed by other countries, the development showed that in 2021, more telecom carriers will make their decisions based on business, not politics. 
Despite the ruthless crackdown by the US, Huawei still held its No.1 position as a global telecommunication gear provider with a 30-percent market share for the first nine months of 2020, per data from market intelligence firm Dell'Oro.
This was due to Huawei's worldwide advantages in cost, technology, and security in 5G technologies, analysts said.
"Brazil's reported move complies with business logic. Will that backtrack score a win for the country's consumers and cause more countries to follow suit? That depends on Huawei's service," Yi said.
However, as the world is still new to the 5G technology, and the fast-changing global situation, Huawei still faces challenges to defend its position, Yi said.
Fu agreed, saying that there have been calls in the Western world to have more telecom hardware providers than the few current giants such as Ericsson, Nokia and Samsung.
The world is getting polarized and countries are doing their best to protect their own interests, Fu said.

De quem são as Forças Armadas - José Eduardo Faria (Estado da Arte)

 Política 

De quem são as Forças Armadas?

José Eduardo Faria

José Eduardo Faria é Professor Titular do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). É professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-Direito) e um dos ganhadores do Prêmio Jabuti (Direito) em 2012, além de Prêmios Esso de Jornalismo (1974 e 1976).

Um alerta preventivo a meus colegas do Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

 Mensagem pessoal a meus colegas de carreira no Itamaraty

Paulo Roberto de Almeida

Um alerta fraternal a meus colegas do Itamaraty que estão colaborando, eu sei que em alguns casos involuntariamente (em outros com aquele gosto indecente de promoção e cargos de prestígio), com o projeto alucinado e alucinante do chanceler acidental, um capacho insano dos seus mestres (incluindo um mentecapto estrangeiro agora afastado do poder), ao introduzir essa fantasia antidiplomática do antiglobalismo no currículo do IRBr: vocês, um dia (quando a loucura for afastada), vão ser chamados de “colaboracionistas”, o que deve ser uma pecha terrível a levar em suas biografias pessoais (o resumo do CV do Itamaraty não trará esse detalhe).

Colaboracionista, como vocês devem saber, era o nome que os franceses deram àqueles que serviram ao ocupante nazista, alguns até por gosto, outros de forma relutante ou resignada. 

Os resistentes, como sempre, foram muito poucos, a maioria quando o fim do nefando regime já se prenunciava. 

Teremos esse cenário também no MRE, mas cabe sempre lembrar que certos episódios carregam marcas, deixam cicatrizes, lembranças amargas. 

No meu quilombo de resistência intelectual estou empenhado, como muitos sabem, em escrever uma história sincera do Itamaraty (que aliás é o título do prefácio de meu próximo livro da série sobre a diplomacia bolsolavista), e terei considerações a fazer sobre a miséria dos tempos atuais.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18/01/2021

A fantasia delirante do globalismo entra no currículo do Instituto Rio Branco: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/a-fantasia-delirante-do-globalismo.html - O que pode levar um diplomata tido como “normal” a derivar para a loucura? 1) ambição de poder; 2) a loucura já existia antes, apenas encoberta. Isto é EA, a Era dos Absurdos!

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...