O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

domingo, 6 de janeiro de 2013

Trabalho, chega, por favor: feriados federais em 2013

Governo federal divulga lista de feriados para 2013

Datas valem para servidores públicos federais. Serão nove feriados e sete pontos facultativos neste ano
O governo divulgou nesta sexta-feira (4) o calendário de feriados e pontos facultativos para 2013. As datas valem para os servidores públicos federais. Serão nove feriados nacionais, sendo que quatro deles caem durante finais de semana, e sete pontos facultativos.
Portaria editada pelo Ministério do Planejamento e publicada no Diário Oficial da União estabelece que os serviços essenciais ao cidadão continuarão em funcionamento nestas datas. O texto também informa que os feriados estaduais e municipais serão respeitados pelas repartições federais nas cidades em que estiverem instaladas. Os servidores de credos e religiões que tenham datas especiais não listadas pela portaria poderão gozar a folga desde que a compensem posteriormente e mediante autorização do responsável pela unidade de exercício do servidor.
Veja abaixo quais são os feriados e pontos facultativos de 2013 para o governo federal:
- 1º de janeiro: Confraternização Universal (feriado nacional);
- 11, 12 e 13 de fevereiro: Carnaval (ponto facultativo) – segunda-feira;
- 29 de março: Paixão de Cristo (feriado nacional);
- 21 de abril: Tiradentes (feriado nacional);
- 1º de maio: Dia Mundial do Trabalho (feriado nacional);
- 30 de maio: Corpus Christi (ponto facultativo);
- 7 de setembro: Independência do Brasil (feriado nacional);
- 12 de outubro: Nossa Senhora Aparecida (feriado nacional);
- 28 de outubro: Dia do Servidor Público (ponto facultativo);
- 2 de novembro: Finados (feriado nacional);
- 15 de novembro: Proclamação da República (feriado nacional);
- 24 de dezembro: Véspera de Natal (ponto facultativo após as 14h);
- 25 de dezembro: Natal (feriado nacional);
- 31 de dezembro: Véspera de Ano Novo (ponto facultativo após as 14h).

Japao: demografia declinante - Alexandre Vidal Porto

Onde as crianças nascem menos
Alexandre Vidal Porto
Folha de S. Paulo, 5 de janeiro de 2013

População do Japão não para de cair; vendem-se mais fraldas para adultos que para crianças no país

NO JAPÃO, a cada 31 segundos, nasce uma pessoa. A cada 26, morre outra. Ou seja, tem mais gente morrendo que nascendo.

Desde 2007, a população japonesa não para de diminuir. Segundo o governo, de 2011 a 2012, o país perdeu o número recorde de 212 mil pessoas. Nesse ritmo, até 2060, os japoneses, hoje 128 milhões, estariam reduzidos a 86 milhões apenas.

Em 2012, nasceram 18 mil crianças a menos que em 2011. Essa tendência está diretamente vinculada à baixa taxa de fertilidade das japonesas. Hoje, a média de filhos por mulher é de 1,39. Para que a população se mantivesse estável, seria necessário que ela alcançasse 2,1.

A redução do número de filhos é explicada, ao menos parcialmente, por razões econômicas. A conjuntura de recessão desencoraja a constituição de novas famílias. As pessoas se casam menos e mais tarde. A manutenção de um filho é cara: em 2009, os cinco primeiros anos de educação infantil custavam cerca de US$ 73 mil, 2,5 vezes mais que nos Estados Unidos, por exemplo.

Além disso, ter filhos dificulta o avanço profissional das mulheres. Como trabalhar 15 horas por dia - coisa comum no Japão- quando se tem criança pequena em casa? Diante desse dilema, número cada vez maior de mulheres tem priorizado a carreira profissional e decidido não ter filhos.

Com a redução no número de nascimentos e uma das expectativas de vida mais elevadas do planeta, o Japão se transformou no país desenvolvido com a mais alta proporção de idosos. No mercado japonês, vendem-se mais fraldas descartáveis para adultos que para crianças. Hoje, 24% da população total é de idosos. Em 2060, os idosos serão 40%.

Essa tendência é uma bomba-relógio populacional. A cada cem segundos, o Japão tem uma criança a menos. Segundo Hiroshi Yoshida, professor de economia da Universidade de Tohoku, a prevalecer esse quadro, em maio de 3011, não haverá mais crianças no país.

O envelhecimento da população imporá sobrecarga crescente ao sistema previdenciário. Também terá impacto sobre o nível da produtividade e o ritmo do crescimento. Agora, mesmo que a taxa de fertilidade subisse, tomaria mais de uma geração para que a diferença pudesse ser economicamente verificada.

A incorporação de imigrantes poderia ajudar a compensar o deficit demográfico, mas essa hipótese parece não ser considerada pelas autoridades japonesas. O governo está ciente da questão e estabeleceu um ministério específico para o tema. Algumas políticas têm sido implementadas, mas os resultados têm ficado aquém das expectativas.

Contudo, a despeito do que faça o governo, é fundamental que a comunidade empresarial reconheça e assuma seu quinhão de responsabilidade. É importante para toda a nação que a cultura corporativa e o ambiente laboral incorporem regras de proteção ao convívio familiar e protejam o avanço profissional das trabalhadoras com filhos. A contribuição que as mulheres japonesas podem dar ao sistema produtivo de seu país, mais do que valiosa, é necessária. Não deve ser desprezada.

ALEXANDRE VIDAL PORTO é escritor e diplomata. Este artigo reflete apenas as opiniões do autor.

Republica dos companheiros: gastos secretos e abusos repetidos

Pois é, o discurso da transparência e da democratização das instituições era só para enganar os incautos. Não a mim...
Paulo Roberto de Almeida

46% dos gastos via cartão corporativo do governo são mantidos em segredo

Presidência da República e órgãos oficiais de investigação, como Abin e Polícia Federal, são os que mais recorrem ao sigilo de despesas

Alana Rizzo, de O Estado de S. Paulo, 05 de janeiro de 2013

Em 2012, ano em que a Lei de Acesso à Informação entrou em vigor, quase metade dos gastos com cartões corporativos do governo federal foi mantida em segredo. O argumento é que são informações estratégicas para a segurança da sociedade e do Estado brasileiro.
Entre janeiro e setembro, 46,2% das despesas via cartão foram classificadas como sigilosas – as informações referentes aos meses finais de 2012 ainda não foram enviadas pelo Banco do Brasil à Controladoria-Geral da União (CGU) para divulgação no Portal da Transparência do governo.
Ao todo, na administração pública, os portadores dos mais de 13 mil cartões de pagamento do governo espalhados pelo País gastaram, de forma secreta, R$ 21,3 milhões dos R$ 46,1 milhões pagos pelo chamado suprimento de fundos. A maioria é de compras e saques da Presidência da República, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal. Na Presidência, 95% das despesas com cartões são sigilosas.
Pela legislação, o uso do chamado suprimento de fundos – ou seja, os cartões – não é regra e deve ser usado como exceção e em casos de despesas excepcionais ou de pequeno vulto, como compra de material de consumo e contratação de serviços.
A Abin diz que utiliza o cartão de forma "ostensiva" para atender às demandas administrativas de 26 superintendências estaduais vinculadas. O Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin é subordinada, afirma que os cartões de pagamento são usados em ações de caráter sigiloso em conformidade com a lei.
A Polícia Federal, órgão submetido ao Ministério da Justiça, cujos gastos secretos por meio de cartão corporativo são altos, não quis comentar o assunto.
A Secretaria de Administração, responsável pela gestão dos cartões da Presidência, informou que os cartões corporativos se destinam a atender as despesas eventuais de pronto pagamento e que, por sua excepcionalidade, não podem se subordinar ao processo normal de empenho. A Vice-Presidência da República, que gastou R$ 537,8 mil com os cartões, informou que não poderia responder aos questionamentos da reportagem porque seus servidores estavam em recesso.
Sem amparo legal específico, a fiscalização das despesas sigilosas é compartilhada dentro do governo. Cabe à Secretaria de Controle Interno (Ciset) da Secretaria-Geral acompanhar os gastos relacionados à Presidência da República, incluindo a Abin. Já as despesas da PF são fiscalizadas pela Controladoria-Geral. No entanto, os relatórios de contas da Ciset e da CGU revelam que os órgãos utilizam artifícios para burlar o controle e não divulgar os gastos.
Atraso. Os últimos dados disponíveis na página da CGU são de setembro. Até a última semana, o portal estava desatualizado e divulgava informações referentes à fatura de maio, um atraso de mais de seis meses na divulgação de informações públicas.
O sigilo e a demora na publicação dos dados vai na contramão da Lei de Acesso e do compromisso assinado pela presidente Dilma Rousseff de implantação do projeto Governo Aberto. Durante a abertura da 1.ª Conferência de Alto Nível Parceria para o Governo Aberto (OGP) em abril do ano passado, Dilma ressaltou o "grande compromisso" do governo com a transparência e destacou o Portal da Transparência. "O Portal divulga todas as despesas do governo federal em base diária e nos mínimos detalhes. Quem acessá-lo nesta manhã verá que todos os gastos realizados até a noite de ontem estão lá expostos e configurados."
Em nota, a CGU informou que o Banco do Brasil é o responsável pelo envio dos dados e a Controladoria, pela publicação. O atraso, segundo o órgão, foi causado por "problemas de ordem técnica" ocorridos no processamento das informações no mês de julho, o que prejudicou a atualização dos meses subsequentes. O banco alegou que a demora foi provocada por mudanças no sistema dos cartões.
Incorporados ainda no governo Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de diminuir os gastos e dar mais transparências às contas, os cartões corporativos provocaram uma crise em 2008.
Denúncias de mau uso, incluindo o pagamento de despesas pessoais e saques sem justificativas, levaram a então titular da Secretaria da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, a pedir demissão. Uma CPI foi criada no Congresso. A ex-ministra será secretária adjunta de Netinho de Paula na pasta da Promoção da Igualdade Racial na gestão de Fernando Haddad (PT) na Prefeitura de São Paulo.
Veja também:
link PF apura desvio de R$ 650 mil da educação no interior de SP
link CGU inocenta ex-reitor da UFRJ de acusação
link O Estado tem o direito de ocultar despesas com os cartões corporativos? 

O novo lider (reformista?) da China - Nicholas Kristof

The New York Times, January 5, 2013

Looking for a Jump-Start in China

BEIJING
HERE is my prediction about China: The new paramount leader, Xi Jinping, will spearhead a resurgence of economic reform, and probably some political easing as well. Mao’s body will be hauled out of Tiananmen Square on his watch, and Liu Xiaobo, the Nobel Peace Prize-winning writer, will be released from prison.
These won’t happen immediately — Xi won’t even be named president until March — and I may be wrong entirely. But my hunch on this return to China, my old home, is that change is coming.
Here’s my case for Xi as a reformer.
First, it’s in his genes. His father, Xi Zhongxun, was a pioneer of economic restructuring and publicly denounced the massacre of pro-democracy protesters in 1989. Xi’s mother chooses to live in Shenzhen, the most capitalist enclave in the country.
Xi is also one of the first Chinese leaders to send a child to the United States as an undergraduate. His daughter is a junior at Harvard, reflecting her parents’ emphasis on learning English and their admiration for American education.
It helps that the bar is low for Xi: he follows President Hu Jintao, who is widely regarded in China as a failure. Even government ministers complain that he squandered his 10 years as leader. Today there is pent-up demand for change.
President Hu, who always reads speeches from texts, is a robot who surrounds himself with robots. One such robot aide is Ling Jihua, whose 23-year-old son was driving a Ferrari one night last March with two half-naked women as passengers. The car crashed on a Beijing road, killing the young man and badly injuring the women, one of whom later died.
Ling feared a scandal and reportedly began a cover-up. He went to the morgue, according to the account I got from one Chinese official, and looked at the body — and then coldly denied that it was his son. He continued to work in the following weeks as if nothing had happened. The cover-up failed, and the episode underscored all that was wrong with the old leadership: the flaunting of dubious wealth, the abuse of power and the lack of any heart.
Xi is trying to send a message that he is different. His first act upon becoming Communist Party general secretary in November was to replicate a famous “southern tour” by Deng Xiaoping in 1992 that revived economic reforms. Xi and his team have also startled officials by telling them to stop reading empty speeches at meetings.
Another good sign: I hear that Wang Yang, a reformist who has been the party chief in Guangdong Province and is perhaps the single most capable leader in China today, will be named a vice premier in March.
The new leaders would probably prefer to accelerate economic change while minimizing political relaxation, but that is increasingly difficult as China develops an educated, worldly and self-confident middle class. Over the years, most of China’s neighbors — from Taiwan to Mongolia, South Korea to Thailand — have become more democratic, and now even Myanmar is joining the parade. How can mighty China be more backward than Myanmar?
For 25 years, I’ve regularly been visiting my wife’s ancestral village in the Taishan area of southern China. At first, the villagers were semiliterate and isolated, but now their world has been transformed. On this visit, we dropped by a farmhouse where a former peasant was using the Internet to trade stocks on his laptop. His daughter is in college, and he watches Hong Kong television on a big screen.
People like him are ever harder to control or manipulate, and they’re steamed at China’s worsening corruption. A couple of decades ago, a friend who is a son of a Politburo member was paid several hundred thousand dollars a year to lend his name to a Chinese company so that it could get cheap land from local governments. These days, the family members of leaders can rake in billions of dollars over time.
The 70 richest delegates to China’s National People’s Congress have a collective net worth of almost $90 billion, Bloomberg News reported. That’s more than 10 times the collective net worth of the entire American Congress.
Granted, there is evidence to counter my optimistic take. Most troubling, the authorities are cracking down on the Internet. That’s a great leap backward, but I am skeptical that it will be sustained. Right now a fascinating test case is unfolding: a senior propaganda official censored a New Year’s message in a major Guangdong newspaper, and now journalists are publicly demanding that he be fired. Stay tuned.
Xi is also more nationalistic than President Hu, and I worry that a confrontation with Japan over disputed islands could escalate out of control — in which case all bets are off.
Still, the pre-eminent story of our time is the rise of China. For the last decade it has been hobbled by the failed leadership of President Hu. I’m betting that in the coming 10 years of Xi’s reign, China will come alive again. 

I invite you to comment on this column on my blog, On the Ground. Please also join me on Facebook and Google+, watch my YouTube videos and follow me on Twitter.

China, o sonho dos companheiros: autoritaria e corrupta (tudo o queeles queriam no Brasil)

Retiro, de uma materia sobre a China que vou postar em seguida, esta pequea informacao recolhida nas melhores fontes disponiveis:

"The 70 richest delegates to China’s National People’s Congress have a collective net worth of almost $90 billion, Bloomberg News reported. That’s more than 10 times the collective net worth of the entire American Congress."

Gostaria de ver, ouvir, saber o que os companheiros tem a dizer sobre isso, ou seja: os congressistas americanos sao muito mais pobres que os parlamentares chineses.
Deve ser produtividade: reunindo-se uma unica vez ao ano, os representantes chineses vao direto ao ponto, sem todos aqueles hearings das comissoes do Congresso, aquele questionamento das autoridades,essas chatices da democracia. Eles se concentram naquilo que e' importante: ganhar dinheiro.
Nada como cultivar os bons valores e habitos americanos...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 5 de janeiro de 2013

A decadencia moral do Brasil - Ferreira Gullar, Nelson Motta e os companheiros

O Brasil atravessa uma fase de decadência moral inacreditável. As explicações para isso são fáceis: tivemos a ascensão de uma nova classe, de uma nova elite, segundo as teorias da circulação das eleites de Gaetano Mosca e de Vilfredo Pareto. A que ascendou é essa que estamos vendo: a nova nomenklatura, pouco educada, mas extremamente ávida de benesses, privilégios, consumo conspícuo. A ela segue-se uma legião de mercenários a soldo e de voluntários da causa que contribui para degradar a níveis extremamente baixos o debate político no país, convertido numa vingança dos ratos magros contra os ratos gordos que nos governavam. Apenas que os ratos gordos já se uniram aos ratos magros na tarefa de degradar ainda mais o ambiente intelectual no Brasil (mas creio que o adjetivo não se aplica).
Tendo constatado, tanto quanto Nelson Motta, na coluna abaixo que discorre sobre os comentários ao artigo de Ferreira Gullar, que a fúria da malta se torna irracional e extremamente agressiva nesses casos de crítica ao supremo guia genial dos povos, só posso concluir quanto à erosão completa dos valores da civilidade e do debate cortês no Brasil.
Estamos recuando, cada vez mais, infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida

Artigo de Ferreira Gullar:

Me engana que eu gosto

Folha de S.Paulo, 30/12/2012 

 Muitos de vocês, como eu também, hão de se perguntar por que, depois de tantos escândalos envolvendo os dois governos petistas, a popularidade de Dilma e Lula se mantém alta e o PT cresceu nas últimas eleições municipais. Seria muita pretensão dizer que sei a resposta a essa pergunta. Não sei, mas, porque me pergunto, tento respondê-la ou, pelo menos, examinar os diversos fatores que influem nela.
Assim, a primeira coisa a fazer é levar em conta as particularidades do eleitorado do país e o momento histórico em que vivemos. Sem pretender aprofundar-me na matéria, diria que um dos traços marcantes do nosso eleitorado é ser constituído, em grande parte, por pessoas de poucas posses e trabalhadores de baixos salários, sem falar nos que passam fome.
Isso o distingue, por exemplo, do eleitorado europeu, e se reflete consequentemente no conteúdo das campanhas eleitorais e no resultado das urnas. Lá, o neopopulismo latino-americano não tem vez. Hugo Chávez e Lula nem pensar.
Historicamente, o neopopulismo é resultante da deterioração do esquerdismo revolucionário que teve seu auge na primeira metade do século 20 e, na América Latina, culminaria com a Revolução Cubana. A queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética deixaram, como herança residual, a exploração da desigualdade social, já não como conflito entre o operariado e a burguesia, mas, sim, entre pobres e ricos. O PT é exemplo disso: nasceu prometendo fazer no Brasil uma revolução equivalente à de Fidel em Cuba e terminou como partido da Bolsa Família e da aliança com Maluf e com os evangélicos.
Esses são fatos indiscutíveis, que tampouco Lula tentou ocultar: sua aliança com os evangélicos é pública e notória, pois chegou a nomear um integrante da seita do bispo Macedo para um de seus ministérios. A aliança com Paulo Maluf foi difundida pela televisão para todo o país. Mas nada disso alterou o prestígio eleitoral de Lula, tanto que Haddad foi eleito prefeito da cidade de São Paulo folgadamente.
E o julgamento do mensalão? Nenhum escândalo político foi tão difundido e comprovado quanto esse, que resultou na condenação de figuras do primeiro escalão do PT e do governo Lula. Não obstante, o número de vereadores petistas aumentou em quase todo o país.
E tem mais. Mal o STF decidiu pela condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, estourava um novo escândalo, envolvendo, entre outros, altos funcionários do governo, Rose Noronha, chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo e pessoa da confiança e da intimidade de Lula.
Em seguida, as revelações feitas por Marcos Valério vieram demonstrar a participação direta de Lula no mensalão. Apesar de tudo isso, a última pesquisa de opinião da Datafolha mostrou que Dilma e Lula continuam na preferência de mais de 50 % da opinião pública.
Como explicá-lo? É que essa gente que os apoia aprova a corrupção? Não creio. Afora os que apoiam Lula por gratidão, já que ele lhes concedeu tantas benesses, há aqueles que o apoiam, digamos, ideologicamente, ainda que essa ideologia quase nada signifique.
Esse é um ponto que mereceria a análise dos psicólogos sociais. O cara acha que Lula encarna a luta contra a desigualdade, identifica-se com ele e, por isso, não pode acreditar que ele seja corrupto. Consequentemente, a única opção é admitir que o Supremo Tribunal Federal não julgou os mensaleiros com isenção e que a imprensa mente quando divulga os escândalos.
O que ele não pode é aceitar que errou todos esses anos, confiando no líder. Quando no governo Fernando Henrique surgiu o medicamento genérico, os lulistas propalaram que aquilo era falso remédio, que os compridos continham farinha. E não os compravam, ainda que fossem muito mais baratos. Esse tipo de eleitor mente até para si mesmo.
Não obstante, uma coisa é inegável: os dirigentes petistas sabem que tudo é verdade. O próprio Lula admitiu que houve o mensalão ao pedir desculpas publicamente em discurso à nação.
Por isso, só lhes resta, agora, fingirem-se de indignados, apresentarem-se como vítimas inocentes, prometendo ir às ruas para denunciar os caluniadores. Mas quem são os caluniadores, o Supremo Tribunal e a Polícia Federal? Essa é uma comédia que nem graça tem.
Ferreira Gullar Ferreira Gullar é cronista, crítico de arte e poeta. Escreve aos domingos na versão impressa de "Ilustrada".

Artigo de Nelson Motta:

Coices e relinchos


Nelson Motta
O Estado de S.Paulo, 04 de janeiro de 2013
A maneira mais estúpida, autoritária e desonesta de responder a alguma crítica é tentar desqualificar quem critica, porque revela a incapacidade de rebatê-la com argumentos e fatos, ideias e inteligência. A prática dos coices e relinchos verbais serve para esconder sentimentos de inferioridade e mascarar erros e intenções, mas é uma das mais populares e nefastas na atual discussão política no Brasil.
A outra é responder acusando o adversário de já ter feito o mesmo, ou pior, e ter ficado impune. São formas primitivas e grosseiras de expressão na luta pelo poder, nivelando pela baixaria, e vai perder tempo quem tentar impor alguma racionalidade e educação ao debate digital.
Nem nos mais passionais bate-bocas sobre futebol alguém apela para a desqualificação pessoal, por inutilidade. Ser conservador ou liberal, gay ou hétero, honesto ou ladrão, preto ou branco, petista ou tucano, não vai fazer o gol não ser em impedimento, ser ou não ser pênalti. Numa metáfora de sabor lulístico, a política é que está virando um Fla-Flu movido pelos instintos mais primitivos.
Na semana passada, Ferreira Gullar, considerado quase unanimemente o maior poeta vivo do Brasil, publicou na Folha de S. Paulo uma crônica criticando o mito Lula com dureza e argumentos, mas sem ofensas nem mentiras. Reproduzida em um "site progressista", com o habitual patrocínio estatal, a crônica foi escoiceada pela militância digital.
Ler os cento e poucos comentários, a maioria das mesmas pessoas, escondidas sob nomes diferentes, exigiria uma máscara contra gases e adicional de insalubridade, mas uma pequena parte basta para revelar o todo. Acusavam Gullar, ex-comunista, de ter se vendido, porque alguém só pode mudar de ideia se levar dinheiro, relinchavam sobre a sua idade, sua saúde, sua virilidade, sua aparência, sua inteligência, e até a sua poesia. E ninguém respondia a um só de seus argumentos.
Mas quem os lê? Só eles mesmos e seus companheiros de seita. E eu, em missão de pesquisa antropológica. Coitados, esses pobres diabos vão morrer sem ter lido um só verso de Gullar, sem saber o que perderam.

Venezuela: teste para a Unasul e o Mercosul na ruptura democratica

A Unasul e o Mercosul foram extremamente rapidos em classificar o impedimento constitucional ocorrido no Paraguai, em junho de 2012, de "ruptura democrática". Vamos ver como se comportam em relação aos dispositivos constitucionais da Venezuela...
Paulo Roberto de Almeida

Piora da saúde de Chávez aumenta peso de escolha do chefe da Assembleia

Parlamento domindado por chavistas escolhe neste sábado o comando do Legislativo do país

05 de janeiro de 2013 | 2h 00
ROBERTO LAMEIRINHAS - O Estado de S.Paulo
 
CARACAS - Os ânimos estão acirrados em Caracas. A cinco dias da posse do presidente Hugo Chávez e em meio a um agravamento de seu estado de saúde, a Assembleia Nacional da Venezuela deve reeleger neste sábado o deputado Diosdado Cabello, que conta com o apoio de 93 dos 165 deputados do Parlamento, para o comando do Legislativo.
Altar em Caracas para 'curar' Chávez, que tem câncer - Carlos Garcia/Reuters
Carlos Garcia/Reuters
Altar em Caracas para 'curar' Chávez, que tem câncer
A eleição, normalmente protocolar, ganhou importância política nos últimos dias em razão da incerteza que cerca o próximo mandato do líder bolivariano.
O vice-presidente Nicolás Maduro declarou nesta sexta-feira em entrevista na TV que Chávez, eleito para um novo mandato, permanecerá na função de presidente e a formalidade da posse, marcada para quinta-feira, poderá ser adiada. "Apesar da séria condição médica, não há nenhuma razão para declarar Chávez em ausência permanente", disse Maduro.
Uma ausência irreversível, segundo a Constituição, tornaria o presidente da Assembleia, eleito neste sábado, o encarregado de assumir o governo do país e convocar eleição presidencial em 30 dias. Maduro argumentou que o líder bolivariano solicitou no início do mês passado uma permissão de viagem que pode ser prolongada por 90 dias, o que daria margem de manobra para adiar a cerimônia de posse. O vice-presidente também acusou a oposição de planejar "um golpe".
Segundo o presidente do Instituto Dataanálisis, Luis Vicente León, a eleição para a presidência da Assembleia é importante, mas bastante previsível. "Cabello deve ser reeleito sem maiores complicações", disse ao Estado. "Não me parece provável que o presidente da Assembleia assuma a presidência, a não ser que Chávez morra antes da posse."
Próximo à ala militar chavista e com força dentro da máquina partidária do PSUV, Cabello foi preterido como herdeiro político de Chávez, que preferiu designar Maduro como sucessor, caso não tenha condições de assumir o mandato.
Nos últimos dias, os dois líderes deram declarações de união para afastar rumores de uma suposta divisão dentro do chavismo. "Estão tentando difundir rumores sobre a unidade da equipe política do presidente Chávez, particularmente eu e o camarada Diosdado Cabello. Mas estamos aqui, unidos", disse Maduro à TV estatal venezuelana na quinta-feira. "Juramos perante Chávez estar unidos."
"O governo vai se utilizar de uma estratégia para fortalecer Maduro como candidato do chavismo, caso o presidente não consiga tomar posse", explicou León. "A cisão entre Cabello e Maduro é hipervalorizada. Diante de um inimigo externo comum, no caso a oposição, eles terão de se unir para uma possível eleição contra Capriles."
Ainda de acordo com o presidente do Datanálisis, um cenário similar ocorre dentro da oposição venezuelana, unificada desde 2010 para antagonizar Chávez, mas com disputas internas.
"Capriles hoje é o candidato com mais probabilidade de representar a oposição: venceu as primárias no ano passado, reelegeu-se governador e teve 45% dos votos contra Chávez, um recorde." Um dos principais rivais de Capriles é o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma.
Piora. Na madrugada de ontem, o ministro das Comunicações Ernesto Villegas declarou que Chávez sofre de insuficiência respiratória, decorrente de uma infecção pulmonar grave. O ministro também acusou a oposição venezuelana e a imprensa internacional de travar uma "guerra psicológica" sobre o estado de saúde do presidente.
"Após a delicada cirurgia do dia 11, o comandante Chávez tem enfrentado complicações como consequência de uma grave infecção pulmonar, que provocou uma insuficiência respiratória que requer que ele cumpra à risca seu tratamento médico."
Especialistas em oncologia consultados pela agência Associated Press acreditam ser provável que Chávez esteja respirando artificialmente.
"Não sei qual a magnitude da infecção, mas é provável em casos similares que o paciente respire com ajuda de aparelhos", disse Gustavo Mendrano, especialista em pulmão do Centro Médico de Caracas.
"A insuficiência respiratória significa que o nível de oxigênio no sangue está muito baixo, mas dependendo da gravidade da insuficiência isso pode ser tratado de diversas maneiras."
No final do ano, o governo voltou a admitir o piora no estado de saúde de Chávez. Os festejos de réveillon em Caracas foram cancelados. / COLABOROU LUIZ RAATZ, COM AP

Intervencionismo governamental continua ativo e intenso

Parece que o Brasil, atualmente, e' mais socialista que a China, e esta mais capitalista que o Brasil. Incrivel como o chamado "capitalismo de lacos" vem se desenvolvendo extraordinariamente nos tempos atuais, com o envolvimento ativo do governo na gestao empresarial.
Nao estranha, assim, que o investimento tenha declinado bem mais fortemente do que a mediocre taxa de crescimento economico: os capitalistas devem estar esperando algum mana' governamental ou outros beneficios setoriais.
Como o governo continua anunciando, toda semana, novos puxadinhos de "estimulo economico", todo mundo para com seus planos privados para aguardar a proxima benesse oficial.
Em outros tempos, isso se chamaria fascismo corporativo. Acho que agora tambem. Os brasileiros ainda nao se deram conta, nas o Brasil ja' virou um pais fascista. O governo toma conta do pais inteiro, cidadaos e empresas: deve pensar que sao todos uns idiotas e que so' ele sabe o que e' bom para o pais. Parece que vamos continuar uma economia atrasada, com crescimento mediocre. Pior: estamos recuando mentalmente, e retornando ao fascismo do entre-guerras. Pode ser.
Mas nao com minha negligencia ou omissao intelectual. Tempos tristes.
Paulo Roberto de Almeida

Malabarismo contábil do governo leva Caixa a virar sócia até de frigorífico
Para engordar as contas públicas, o governo fez uma operação polêmica que levou a Caixa a ficar dona de ações que eram do BNDES
04 de janeiro de 2013
Adriana Fernandes e Raquel Landim, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Para ajudar nas manobras fiscais do governo, a Caixa Econômica Federal se tornou sócia de frigorífico, fabricante de autopeças, de bens de capital, processador de minério, entre outras empresas privadas. As operações foram feitas para sustentar parte da operação montada pelo governo federal para arrumar dinheiro para cumprir a meta fiscal, das contas públicas, de 2012.

O aumento de capital da Caixa autorizado pelo governo no fim de 2012, de R$ 5,4 bilhões, foi bancado em parte com ações que o BNDESPar - braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - detinha em algumas empresas e repassou para o Tesouro. O restante foi financiado pela União com transferência de ações da Petrobrás.

A Caixa se recusou a informar o montante da capitalização que foi bancado por ações de companhias privadas e quais foram as empresas envolvidas. O uso das ações no processo de capitalização do banco só veio a público porque JBS (frigorífico), Romi (bens de capital), Mangels (autopeças) e Paranapanema (processamento de cobre), que têm ações negociadas na bolsa, comunicaram ao mercado sobre a saída do BNDESPar e entrada da Caixa na composição acionária.

Só nessas quatro empresas foram R$ 2 bilhões em participação acionária para a Caixa, mas o valor pode ser maior. O BNDESPar informou que repassou a União ações em 10 companhias diferentes. Além das quatro já mencionadas, estão Petrobrás (petróleo), Eletrobrás (energia), Vale (minério ), Cesp (energia), Metalfrio (refrigeradores) e Vulcabrás (calçados).

O valor das ações repassadas pelo BNDESPar a União chega a quase R$ 6 bilhões - suficiente, para bancar com sobra o aumento de capital feito na Caixa. A Petrobrás responde por mais da metade (R$ 3,15 bilhões), seguida por JBS (R$ 1,79 bilhão) e Vale (R$ 446,9 milhões).

A Caixa informou apenas, por meio de nota, que "não realizou de forma ativa nenhum investimento em participações acionárias". O movimento de ações acima de um determinado limite força as companhias a divulgar a operação como um todo para o mercado financeiro. Se a Caixa ficou com ações de outras empresas abaixo desse limite, não é obrigada a informar.

As ações repassadas à União para ajudar nas manobras fiscais correspondem a 8,7% das ações disponíveis para a venda que a BNDESPar dispunha para a venda em setembro (último balanço divulgado). A assessoria de imprensa do BNDES disse que a operação total gerou lucro, mas não informou quanto. A venda das ações do JBS, por exemplo, deu prejuízo de R$ 300 milhões, pois o BNDES comprou os papéis a R$ 7 em maio de 2011 e entregou a R$ 6 para a União.

Meta. A elevação de capital da Caixa compensou o repasse de dividendos - R$ 4,7 bilhões - que o banco fez para o Tesouro para garantir recursos para a meta fiscal de 2012. No ano passado, a Caixa repassou R$ 7,7 bilhões em dividendos. Até setembro, o banco lucrou R$ 4,1 bilhões.

Com a queda na arrecadação, o governo teve sérias dificuldades para economizar R$ 139,8 bilhões para o pagamento de juros da dívida. Por isso, fez uma conjunto de operações para gerar uma "receita extra". Ao todo, injetou R$ 19,4 bilhões no cofre. O maior montante - R$ 12,4 bilhões - veio do Fundo Soberano do Brasil. O BNDES antecipou R$ 2,3 bilhões em dividendos e a Caixa outros R$ 4,7 bilhões.

Salario minimo: quem inventou foi o setor privado

Em 1914, Henry Ford decidiu pagar pelo menos 5 dolares por dia para cada trabalhador de suas usinas.
Das paginas do New York Times (5/01/1914)
This Day in History

[Ford] Gives $10,000,000 To 26,000 Employees

Ford to Run Automobile Plant 24 Hours Daily in Profit-Sharing Plan
MINIMUM WAGE $5 A DAY
No Employee to be Discharged Except for Unfaithfulness or Hopeless Inefficiency
Special to The New York Times

Detroit, Mich., Jan. 5. -- Henry Ford, head of the Ford Motor Company, announced today one of the most remarkable business moves of his entire remarkable career. In brief it is:

To give to the employees of the company $10,000,000 of the profits of the 1914 business, the payments to be made semi-monthly and added to the pay checks.

To run the factory continuously instead of only eighteen hours a day, giving employment to several thousand more men by employing three shifts of eight hours each, instead of only two nine-hour shifts, as at present.

To establish a minimum wage scale of $5 per day. Even the boy who sweeps up the floors will get that much.

Before any man in any department of the company who does not seem to be doing good work shall be discharged, an opportunity will be given to him to try to make good in every other department. No man shall be discharged except for proved unfaithfulness or irremediable inefficiency.

The Ford Company's financial statement of Sept. 20, 1912, showed assets of $20,815,785.63, and surplus of $14,745,095.57. One year later it showed assets of $35,033,919.86 and surplus of $28,124,173.68. Dividends paid out during the year, it is understood, aggregated $10,000,000. The indicated profits for the year, therefore, were about $37,597,312. The company's capital stock authorized and outstanding, is $2,000,000. There is no bond issue.

About 10 per cent of the employees, boys and women, will not be affected by the profit sharing, but all will have the benefit of the $5 minimum wage. Those among them who are supporting families, however, will have a share similar to the men of more than 22 years of age.

In all, about 26,000 employees will be affected. Fifteen thousand now are at work in the Detroit factories. Four thousand more will be added by the institution of the eight-hour shift. The other seven thousand employees are scattered all over the world, in the Ford branches. They will share the same as the Detroit employees.

Personal statements were made by Henry Ford and James Couzens, Treasurer of the company, regarding the move.

"It is our belief," said Mr. Couzens, "that social justice begins at home. We want those who have helped us to produce this great institution and are helping to maintain it to share our prosperity. We want them to have present profits and future prospects. Thrift and good service and sobriety, all will be enforced and recognized.

"Believing as we do, that a division of our earnings between capital and labor is unequal, we have sought a plan of relief suitable for our business. We do not feel sure that it is the best, but we have felt impelled to make a start, and make it now. We do not agree with those employers who declare, as did a recent writer in a magazine in excusing himself for not practicing what he preached, that 'movement toward the bettering of society must be universal.' We think that one concern can make a start and create an example for other employers. That is our chief object."

"If we are obliged," said Mr. Ford, "to lay men off for want of sufficient work at any season we purpose to so plan our year's work that the lay-off shall be in the harvest time, July, August, and September, not in the Winter. We hope in such case to induce our men to respond to the calls of the farmers for harvest hands, and not to lie idle and dissipate their savings. We shall make it our business to get in touch with the farmers and to induce our employees to answer calls for harvest help.

"No man will be discharged if we can help it, except for unfaithfulness or inefficiency. No foreman in the Ford Company has the power to discharge a man. He may send him out of his department if he does not make good. The man is then sent to our 'clearing house,' covering all the departments, and is tried repeatedly in other work, until we find the job he is suited for, provided he is honestly trying to render good service."

The last Jared Diamond: aprender com sociedades Tradicionais?

Let Your Kids Play With Matches
Modern society is safe and supporting, but we could learn a thing or two from traditional cultures
Book Review Article
By STEPHEN BUDIANSKY
The Wall Street Journal, January 4, 2013

The World Until Yesterday
By Jared Diamond
Viking, 498 pages, $36

It must say something about the deep human longing for big ideas that explain everything that books like Jared Diamond's "Guns, Germs, and Steel" (1997) or Thomas Friedman's "The World Is Flat" (2005) do so well. Nobody could possibly read them for literary pleasure: Books of this sort are invariably ponderous, plodding, even deathly dull, their authors attempting to leaven the proceedings with gimmicks (lists, cutesy acronyms) and hand-holding authorial intrusions ("let me explain . . .") as a substitute for good writing. They sell like hot cakes.

"Guns, Germs, and Steel" transformed Mr. Diamond from an obscure ornithologist and physiologist (his original specialty was the gall bladder) into a star among "public intellectuals." That book's basic premise—which earned Mr. Diamond the enmity of academics in both the humanities and social sciences and from both ends of the political spectrum—was that the global domination of Western societies was mostly geographic and environmental happenstance. Favorable climates and soils and the availability of animal and plant species suitable for domestication largely determined everything that has occurred in the 11,000 years since the rise of agriculture: Food surpluses due to more efficient cultivation led to higher population densities, political centralization and advanced technology.

Mr. Diamond's theory had the virtue of offering a neat explanation for cultural differences that did not rely upon any suggestion of inherent racial superiority of one group over another. It had the vice of embracing an environmentally deterministic idea of cultural evolution that most anthropologists view as naïve or ridiculous, and of ignoring altogether the role of human agency. Leftist social historians pointed out that Mr. Diamond completely swept out of the picture moral choices such as colonialism and enslavement that kept many parts of the world in subjugation for centuries. Conservatives complained that the author discounted the importance of Western moral and political philosophy, particularly the concepts of individual liberty, property rights and free markets, in making scientific and material progress possible.

In "Collapse" (2005), Mr. Diamond extended the idea of environment as a cultural driving force to explain the sudden demise of civilizations, such as the Anasazi of the American Southwest and the Easter Islanders, and sweepingly argued that their fate will be ours unless we reduce human population and resource consumption. In "The World Until Yesterday," however, Mr. Diamond backs away some from the search for pat, all-encompassing answers. The book is a much more personal and anecdotal account that draws heavily on his own experiences among the primitive tribes of New Guinea with whom he has lived for extended periods since 1964 while carrying out field work on the ecology and evolution of birds.

Although his stated purpose, as the book's subtitle declares, is to find out "what can we learn from traditional societies?," Mr. Diamond is appropriately cautious about romanticizing the primitive world or suggesting that traditional customs always reflect innate environmental, medicinal or spiritual wisdom. One of the most admirable qualities of this book is, in fact, a refreshing skepticism toward simple explanations. Mr. Diamond notes early on that, while some traditional beliefs and practices may reflect effective adaptations to environmental conditions and social needs, others are more about maintaining internal power hierarchies, while still others have no sane reason for existing at all: They are just unique products of the infinite vagaries of human imagination and the quirks of history.

To take one particularly bizarre and grisly example, up until 1957 the Kaulong people—one of a dozen similar tribes living in identical environmental circumstances on the island of New Britain, just east of New Guinea—practiced the ritual strangulation of widows. None of the adjacent tribes did, and, as Mr. Diamond observes, there is no evidence that "Kaulong widow strangling was in any way beneficial to Kaulong society or to the long-term (posthumous) genetic interests of the strangled widow or her relatives." It was just one of those things, yet it was so firmly ingrained as a custom that the widows themselves perpetuated it, insisting that a male relative strangle them when their husbands died, even taunting or mocking his manhood if he quailed at the task.

Mr. Diamond offers some intriguing evidence to suggest that traditional societies may have a thing or two to teach us about raising children, however. He notes that in most hunter-gatherer cultures children are nursed on demand until age 3 or 4, sleep with their parents, are comforted instantly when they cry, and play together in multi-age play groups. They also are rarely punished and allowed far more freedom than we are generally comfortable with. Among the !Kung and Aka pygmies of Africa, children are never physically disciplined, on the grounds that they "have no wits and are not responsible for their actions," Mr. Diamond writes. "Instead, !Kung and Aka children are permitted to slap and insult their parents." In one tribe in the New Guinea Highlands, Mr. Diamond noticed that most of the adults had serious burn scars. It turned out these were mostly acquired in infancy: The adults made it a practice never to interfere with a baby, to the point of not preventing them playing around or touching a fire. (Other groups let small children play with sharp knives.)

Westerners who have lived with these small-scale societies are "struck by the precocious development of social skills in their children"; they are responsible, articulate and competent, and the "adolescent identity crises that plague American teenagers aren't an issue." But Mr. Diamond admits that all these impressions "are just impressions," hard to measure and prove, and his ultimate verdict is nuanced: "At a minimum . . . one can say that hunter-gatherer rearing practices that seem so foreign to us aren't disastrous, and they don't produce societies of obvious sociopaths."

One advantage of Mr. Diamond's anecdotal approach in "The World Until Yesterday" is that the details can be interesting even when they do not offer any larger lessons. This is especially the case when it comes to the many bizarre and varied superstitious traditions he describes, such as elaborate food taboos (eating kangaroo tail, according to one Aborigine tribe, causes premature baldness), and to some of the more hair-raising practices that apparently were the norm in the primitive world. Infanticide, he notes, is a not uncommon practice in traditional societies, a way of disposing of deformed, sickly or simply excess children that would be an unsupportable burden on their parents and the group. In hunter-gatherer societies, the overriding fact of life is a limited food supply, and a woman who is still nursing an older child may abandon or deliberately neglect a newborn so that the older will live; likewise she may abandon one of two twins. Other primitive tribes similarly do away with the old and sick; this is sometimes done by leaving them behind when shifting camp, sometimes by more active means—like encouraging them to jump off cliffs.

The problem with combining a sort-of-anecdotal memoir with a sort-of-big-idea book, however, is that Mr. Diamond insists on trying to milk significance out of everything that happens to him, with considerably varying degrees of success. Although the book has been nominally organized around a series of topics (war, religion, children, danger and accidents, health, language), it really is at heart a ramble. That could be fine, too, except that Mr. Diamond suffers from an all-too-familiar syndrome, albeit one that normally afflicts academic scientists only after they have won a Nobel Prize; he is convinced that everything he has done and every thought that has occurred to him not only is interesting but contains a valuable insight worth sharing with the world. (This includes Mr. Diamond's experience of having recurrent diarrhea in the jungle, from which he draws a considerably less-than-profound conclusion regarding the importance of personal hygiene.)

It also results in much unevenness of coverage. He expends dozens of pages belaboring the utterly obvious—the Western diet has too many calories and leads to high rates of diabetes—while inexplicably devoting little more than a sentence to the entire subject of sex, courtship, love and marriage, offering the single observation that, in most traditional societies, "willing sex partners are almost constantly available." I am sure I am not the only reader who might have been interested in hearing a little more about that.

People who write in order to write a good book, as opposed to those who write to impart their great wisdom, know that the first rule is that most of one's thoughts are not even worth writing down, and a good many that do get written down deserve to be ditched before anyone else sees them. Mr. Diamond's prose, which shows little evidence of ever having been subjected to such discipline, is at times almost comically inept. He frequently sounds like a caricature of a particularly tedious professor, pausing every few paragraphs to interject, "Now, let's consider," "Let's begin by," "Before answering this question," "In the preceding section we discussed," "Having thus addressed the question . . . ." In other places he sounds like a tedious professor lecturing to morons: "There are differences among people of the same age."

The sense of having stumbled into a middle-school textbook is reinforced by the gratuitous inclusion of numerous clunky color photos depicting the obvious, such as a fat American eating a box of fried chicken to illustrate our unhealthy modern diet. He spends pages on didactic definitions of terms: "war," "religion," "tribe." He describes, in mind-numbingly unnecessary detail, the physical appearance and technological amenities of a modern airport in New Guinea (ATM, baggage conveyor belt, X-ray scanners) to make the point that a modern airport in New Guinea now looks the same as a modern airport in the rest of the world. I think we get it.

Some of the "lessons" Mr. Diamond draws, moreover, border on the fatuous, or at least strained. Raise our children bilingually; respect the elderly; have stimulating dinnertime conversation instead of watching TV or playing videogames. "Diet and eating habits are an area in which there is a lot that we can do as individuals to help ourselves," he informs us. No, really? Do we need to read 500 pages about primitive societies to reach such cookie-cutter self-help prescriptions?

But when Mr. Diamond gets done trying to distill everything into a few talking points suitable for a publicity release, he ends with more interesting and subtle observations. I was particularly struck by what the New Guineans themselves had to say about the benefits of having entered the modern world in the decades since their first contact with Westerners in 1931. While they valued much of the technological convenience of the Western lifestyle—matches, clothes, soft beds and especially not having to worry constantly about having enough to eat—it was the non-material benefits that loomed even larger, above all the end of tribal warfare.

"Life was better since the government had come," one Western anthropologist was told by members of the Auyuna tribe, since a man "could leave his house in the morning to urinate without fear of being shot" by an arrow from a hostile neighboring tribesman. In 1931, Mr. Diamond notes, a New Guinea highlander living a few dozen miles from the coast would never have seen the ocean in his lifetime: The idea of traveling even 10 miles from his village "without being killed by an unknown stranger . . . would have been unthinkable."

And one New Guinean woman told Mr. Diamond that what she valued most of all about life in the U.S. was its "anonymity," the freedom to be alone, to have privacy, "and not to have one's every action scrutinized and discussed." As Mr. Diamond insightfully notes, this is simultaneously one of the greatest disadvantages of the modern world, the loneliness, alienation and tension of constantly being among strangers. One wishes that the author's willingness to confront complexity and avoid simple answers had informed more of this disappointingly uneven book.

—Mr. Budiansky's latest book is "Blackett's War: The Men Who Defeated the Nazi U-boats and
Brought Science to the Art of Warfare," forthcoming from Knopf.
A version of this article appeared January 5, 2013, on page C5 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: Let Your Kids Play With Matches.

Mudanca climatica para Al Gore: 70 milhoes por quase nada... - The Wall Street Journal

Primeiro a notícia, resumida:

Al Gore stands to gain about $70 million after selling Current TV to al-Jazeera
Al Gore, who shared the 2007 Nobel Peace Prize for his fight against global warming, may gross about $70 million from the sale of his Current TV network to al-Jazeera, the cable channel funded in part by oil-rich Qatar.

Agora o artigo de opinião no WSJ:

Al Gore Is Good at Rent-Seeking (and Microsoft Isn't)
By HOLMAN W. JENKINS, JR.
 The Wall Street Journal, January 4, 2013

Current TV may not have been a success, but the ex-vice president's style of entrepreneurship is in vogue.

As far as we can tell, Al Gore has managed to amass a Romneyesque fortune without ever satisfying a customer. The closest thing to an exception may be his board membership at Apple, where Mr. Gore earned his keep by leading the board inquest that exonerated Steve Jobs of any options-backdating peccadilloes. Doing so was unquestionably a service to Apple shareholders.

But, otherwise, his environmental investments have prospered thanks to government handouts and mandates. His Current TV, in the process of being sold to Al-Jazeera, attracted a minuscule audience in its seven-year existence. It averaged just 42,000 viewers per evening recently. Yet the payday coming to Mr. Gore will be somewhat greater than zero—$70 million to $100 million, depending on which estimate you prefer.

We never subscribed to the theory regarding success in life that "It's not what you know but who you know." We may have to rethink.

What Current had going for it was Mr. Gore, who would drop in on media moguls and explain why it was in their political interest to put Current on their networks and dun subscribers five or 10 cents a month for a channel they never watch. Saying no just wasn't worth it to companies that must run a daily gauntlet of Democratic regulators in Washington. Not to oblige Mr. Gore would be to face, at every congressional hearing, the likelihood of some legislator lambasting them for "censoring" a progressive voice.

So the industry became habituated to transferring $100 million a year in what might otherwise be its own profits to owners of a cable channel nobody watched. These carriage agreements were Current TV's sole valuable assets. And the fact that nobody watched was probably not unrelated. If you're not pleasing the viewer, you're pleasing somebody else—usually in a way that makes for dreary programming. Living on the sufferance of cable moguls certainly didn't help Current put on rollicking liberal TV in the manner of MSNBC, which justifies its existence by actually attracting viewers.

But all gravy trains must come to an end: In a world of Netflix and cord-cutting, an extra nickel or dime is no longer so easily slipped past cable subscribers. Time Warner Cable was the first to bid good riddance, dropping the channel from its lineup the moment the sale was announced. Mr. Gore is clearly getting out just in time, though not before extracting one last political rent in return for using his famous name to help Al-Jazeera expand in a skeptical U.S. media marketplace.

Don't look for us, however, to milk the irony of Mr. Gore, warrior against climate change, pocketing a fortune from Mideast petrocrats. Mr. Gore has been in cash-in mode for a while. What's more, his style of entrepreneurship is the rising thing in our world, so respect must be paid.

Which brings us to this week's other news: Microsoft still tries to make money by selling consumers products they want, though it has launched some stinkers in this regard—the "Kin" cellphone line comes to mind. But its latest stinker was more up Mr. Gore's alley: a multimillion-dollar investment in trying to foment a government antitrust crackdown on Google .

That effort went conspicuously bust Thursday when the Federal Trade Commission let Google go with token remonstrances about its business practices.

Given the elastic principles of antitrust, there was nothing terribly far-fetched about Microsoft's effort to frame Google as a public utility that must be closely regulated. Many stranger things have passed muster in the intellectual cult of trustbusting. Where Microsoft went wrong was in failing to orchestrate the multiple points of pressure to convince five commissioners of the FTC that their own interests would be served by bringing a case.

If you think these things don't matter as much as the alleged merits of a case, think again. Recall the long drum roll of societal vilification that preceded the Justice Department's cautious decision to file a case against Microsoft. As FTC chief Jon Liebowitz acknowledged this week, antitrust agencies live to bring "big cases." The FTC staff, whose revolving-door career interests would be enhanced by a Google prosecution, was an easy sell. Less so the agency's political appointees who must decide yea or nay. The media wasn't clamoring for a Google crackdown. Congress was less than enthusiastic. The Obama White House, known to be close to Google, was disturbingly mute.

Antitrust is supposed to be entirely about clinical economics but never is. FDR's antitrust chief Thurman Arnold once said that antitrust was a collective squeal of resentment against businesses that annoy us with their success. Google hasn't been sufficiently annoying.

Notice, by the way, that the astute Arnold went on to found Arnold & Porter, one of the great Beltway law firms—and as much a model in its time of Beltway influence-peddling as Al Gore is today.

A version of this article appeared January 5, 2013, on page A15 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: Al Gore Is Good at Rent-Seeking (and Microsoft Isn't).

Aprendizes de feiticeiros nas contas publicas: magicas da alquimiaeconomica do governo

Manobra contábil para cumprir superávit deteriora política fiscal, dizem analistas
Reuters
Por Luciana Otoni
BRASÍLIA, 4 Jan (Reuters) - A manobra contábil feita pelo governo para cumprir a meta de superávit de 2012 deteriora a política fiscal, mina a credibilidade da política econômica e levanta suspeitas de que esses artifícios possam ser usados também em 2013, avaliam especialistas consultados pela Reuters.
Nos últimos dias, o governo publicou uma série de medidas de triangulação financeira, envolvendo o Fundo Soberano, o Fundo Fiscal de Investimento e Estabilização (FFIE), a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para engordar o caixa do Tesouro em 19,4 bilhões de reais em dezembro.
Essas operações, publicadas no Diário Oficial da União desde a semana passada e algumas com data retroativa a 31 de dezembro de 2012, são legais, mas não são legítimas, avalia o economista-chefe da SulAmérica, Newton Rosa.
Para ele, o governo deveria assumir que teve que adotar uma política fiscal expansionista no ano passado, devido a desaceleração econômica, e que por isso não deverá cumprir a meta de superávit primário de 139,8 bilhões de reais.
"O governo está usando artifícios (contábeis) para buscar um número melhor para o superávit, mais próximo da meta. Mas isso não esconde a deterioração da política fiscal", disse Rosa.
Dos 19,4 bilhões de reais em receita adicional que entrará nas conta em dezembro, 12,4 bilhões de reais saíram do FFIE e foram repassados ao Fundo Soberano, informou à Reuters uma fonte do Ministério da Fazenda. Além desse montante, o Tesouro recebeu 4,7 bilhões em dividendos pagos pela Caixa e mais 2,3 bilhões de reais em dividendos pagos pelo BNDES.
Dos 12,4 bilhões sacados do FFIE, 8,8 bilhões de reais referem-se ao resgate de títulos que o fundo recebeu do BNDES em pagamento pela venda de ações da Petrobras. O restante, 3,6 bilhões de reais, eram recursos que o FFIE possuía.
Simultaneamente a essas operações, o Tesouro repassou 5,4 bilhões de reais em ações de empresas à Caixa. E também transferiu 15 bilhões de reais em títulos federais ao BNDES, recursos esses que fazem parte do aporte de 45 bilhões de reais acertado em 2012 e que somente deveriam ser repassados em 2013.
Apesar de ajudar o governo a cumprir a meta de superávit primário, essas manobras elevam a dívida bruta do governo federal.
"A dívida líquida está em trajetória de queda, mas a dívida bruta tem crescido fortemente desde 2008 devido à política do governo de capitalizar os bancos públicos", disse Rafael Bistafa, economista da Rosenberg Associados.
"O uso de mecanismos contábeis é a pior maneira de se fazer superávit", acrescentou ele.
Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima, o governo fez a escolha certa.
"O governo se defrontou com a situação de que não iria cumprir o primário cheio e entre ser criticado por não cumprir a meta e ser criticado por cumpri-la com artifício contábil preferiu essa última opção", disse. "Do ponto de vista conceitual essa solução é a melhor porque o Fundo Soberano é uma receita primária", acrescentou.
No acumulado do ano de 2012 até novembro, a economia fiscal do setor público consolidado foi de 82,7 bilhões de reais, o que significa que será necessário realizar um superávit de 31,5 bilhões de reais em dezembro para cumprir a meta, já descontados 25,6 bilhões de reais em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Por conta da economia menor do governo, o déficit nominal, que inclui o pagamento dos juros da dívida, do setor público está crescendo, apesar da queda na taxa de juros. Nos 11 primeiros meses do ano passado, o déficit nominal ficou em 112,1 bilhões de reais, ou 2,79 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante 2,36 por cento do PIB em igual período de 2011.
A elevação ocorreu mesmo diante da queda de 10 por cento na despesa com juros entre janeiro e novembro de 2012 em comparação a igual período do ano anterior.
"O superávit primário menor está ofuscando o efeito da redução da despesa com juros (da dívida pública) ocorrido com a queda da taxa Selic. O resultado é que estamos com déficit nominal elevado", disse Newton Rosa. "Isso pode se repetir em 2013 se a atividade mostrar um ritmo aquém ao desejado", complementou.
Para Lima, a dificuldade do governo em cumprir a meta de superávit cheia em 2012 deve se repetir também em 2013 diante das incertezas que cercam a recuperação da economia brasileira.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/manobra-contabil-para-cumprir-superavit-deteriora-politica-fiscal-dizem-analistas-7202148#ixzz2H4fSPJdS
© 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

Juizes malucos podem ser as pessoas mais perigosas que existem, porqueinimputaveis...

Pois bem, com base neste post abaixo transcrito de meu duplo colega (diplomata e blogueiro) e amigo, o embaixador portugues (ex no Brasil) Francisco Seixas da Costa, posso finalmente discordar daquele historiador italiano, Carlo Maria Cipolla (procurem no meu blog), que dizia que os idiotas sao os individuos mais perigosos que existem, ja' que existem, soltinhos por ai, juizes perfeitamente malucos, que causam prejuizos enormes 'a sociedade sem nunca serem cobrados por isso. Penso, por exemplo, naquele juiz maluco do Mato Grosso que, em 2003, decretou fichamento discriminatorio dos cidadaos americanos nos aeroportos brasileiros apenas por discordar de uma medida perfeitamente legal tomada pelo Congresso dos EUA.
Existem varios outros malucos soltos por ai, um deles em Brasilia, ou varios deles em Brasilia, que incita esse tipo de prepotencia.
Volto a dizer: deveria haver uma camara para controlar preventivamente juizes malucos, e depois puni-los pelos prejuizos que causaram ilegalmente...
Paulo Roberto de Almeida

Juizo
Francisco Seixas da Costa
Blog Duas ou Tres Coisas..., 4/01/2013

A decisão de um juíz brasileiro de arrestar um avião da TAP, como forma de obter os recursos necessários à satisfação de uma demanda de funcionários administrativos da estruturas diplomáticas portuguesas no Brasil, pode parecer uma espécie de anedota de Ano Novo. Não é. Trata-se da junção de várias realidades, onde se misturam a má-fé profissional de uns com o ridículo uso de poder de outros, somado ao isco mediático garantido. Nada que uma "liminar" de sentido contrário, recomendada pelo bom-senso, não acabe por resolver, mas com custos acrescidos e efeitos inapagáveis na opinião coletiva.

Não cabe aqui entrar nos detalhes de uma questão que, pelas funções que exerci no Brasil, julgo conhecer, embora a ela tenha sido completamente alheio. Apenas direi que entendo que o Estado português tem toda a razão. Mas porque não tenho paciência para comentar espertezas de alguns advogados, fico-me por aqui.

Choca-me, com frequência, a ligeireza das decisões de certos juízes, muitos deles seduzidos pelas luzes da ribalta mediática, com contornos a roçar a irresponsabilidade. E mais me choca que, revertida essa decisão por uma outra instância, nenhuma responsabilidade possa ser pedida a quem tomou a primeira - pelos vistos errada, caso contrário não prevaleceria a segunda. Alcandorados na sua "independência", os tais juízes a quem a instância superior tirou o tapete profissional, aí estão prontos para outras, ficando imunes à responsabilização, civil ou outra, pelos efeitos, patrimoniais ou humanos, que a sua decisão acarretou. Não quero particularizar, mas apenas direi que foi graças a uma atitude dessa natureza que o túnel do Marão acabou por não estar concluído, já há vários anos, com muitos milhões de euros de prejuízos e incontáveis custos para toda uma região.

A absurda sacralização que paira sobre estes operadores judiciais, armados em impolutos "orgãos de soberania", impede, por exemplo, que um qualquer cidadão possa chamar incompetente a um juíz incompetente, sem o risco de cair na imediata alçada ... de outro juíz! Às vezes, trata-se de uns miudecos acabados de sair das escolas de magistratura, sem experiência da vida e do foro, produtores de decisões absurdas e irresponsáveis, que ganham logo à sua volta uma espécie de temor reverencial, que os protege da denúncia de que "o rei vai nu".

A "importância" que certos juízes se atribuem a si próprios, foi sempre ridicularizada pelos seus pares mais responsáveis, pouco satisfeitos com o impacto negativo que esse abuso do conceito de "independência do poder judicial", pode provocar sobre a classe.

Um dia dos anos 90, essa grande figura que é o magistrado José Matos Fernandes, ao tempo secretário de Estado adjunto e da Justiça, olhou do gabinete do ministro para a rua e, de repente, chamou quem estava na sala: "Olhem! Olhem! Vai ali um órgão de soberania!" Toda a gente arrancou para as vidraças que davam sobre a varanda. Lá em baixo, no terreiro do Paço, havia gente a cruzar a praça. Que queria ele dizer com o "órgão de soberania"?, perguntou alguém? Com aquele sorriso magnífico com que lhe ouvi algumas das mais deliciosas histórias da vida judicial, ele esclareceu: "Então não viram? Ia ali um juiz..." E lá apontou uma dessas figuras para quem a sala de audiências era um mero cenário que intervalava as suas aparições perante as câmaras televisivas.


http://duas-ou-tres.blogspot.com/2013/01/juizo.html

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

FMI tropeca nos multiplicadores fiscais, admite economista chefe -Washington Post

An amazing mea culpa from the IMF’s chief economist on austerity
Posted by Howard Schneider
Wonkblog of the Washington Post on January 3, 2013 at 12:17 pm
http://www.washingtonpost.com/blogs/wonkblog/wp/2013/01/03/an-amazing-mea-culpa-from-the-imfs-chief-economist-on-austerity/?tid=pm_business_pop

Consider it a mea culpa submerged in a deep pool of calculus and regression analysis: The International Monetary Fund’s top economist today acknowledged that the fund blew its forecasts for Greece and other European economies because it did not fully understand how government austerity efforts would undermine economic growth.
The new and highly technical paper looks again at the issue of fiscal multipliers – the impact that a rise or fall in government spending or tax collection has on a country’s economic output.

IMF chief economist Olivier Blanchard writes that the fund misjudged the impact of austerity on European economies.

That it comes under the byline of fund economic counselor and research director Olivier Blanchard is significant. Fund research is always published with the caveat that it represents the views of the researcher, not the institution itself. But this paper comes from the top, and attempts to put to rest an issue that has been at the center of debate about how fast countries should move in their efforts to tame large debts and deficits.
If fiscal multipliers are small, countries can cut spending faster or raise more in taxes without much short-term damage. If they are large, then the process can become self-defeating, at least in the short run, with each dollar of government spending cuts, for example, costing the economy more than a dollar in lost output and thus actually increasing debt-to-GDP ratios.
That is what has been happening with a vengeance in Greece, where fund forecasters, as part of the country’s first bailout program in 2010, predicted that the nation could cut deeply into government spending and pretty quickly bounce back to economic growth and rising employment.
Two years later, the Greek economy is still shrinking and unemployment is at 25 percent.
Of course no two circumstances are alike. Shut out of international bond markets, Greece had little choice but to begin bringing its public finances into line or face a catastrophic default. Financing wasn’t available to sustain prior spending levels. For an economy that has been reeling for several years, however, a billion or two in extra government programs or investment could have kept a few small businesses open and kept a few more families employed and spending.

“Forecasters significantly underestimated the increase in unemployment and the decline in domestic demand associated with fiscal consolidation,” Blanchard and co-author Daniel Leigh, a fund economist, wrote in the paper.
That somewhat dry conclusion sums up what amounts to a tempest in econometric circles. The fund has been accused of intentionally underestimating the effects of austerity in Greece to make its programs palatable, at least on paper; fund officials have argued that it was its European partners, particularly Germany, who insisted on deeper, faster cuts. The evolving research on multipliers may have helped shift the tone of the debate in countries like Spain and Portugal, where a slower pace of deficit control has been advocated.
But the paper includes some subtle and potentially troubling insights into how the fund works. Blanchard – effectively the top dog when it comes to economic science at the fund – writes in the paper that he could not actually determine what multipliers economists at the country level were using in their forecasts. The number was implicit in their forecasting models – a background assumption rather than a variable that needed to be fine-tuned based on national circumstances or peculiarities.
Heading into a crisis that nearly tore the euro zone apart, in other words, neither Blanchard or any one of the fund’s vast army of technicians thought to reexamine whether important assumptions about the region would still hold true in times of crisis.
That, it turns out, was a big mistake. Multipliers vary over time: They may be low in a country where the economy is growing, interest rates are normal and the banking system is sound. As this research showed, they get larger if interest rates are low, output is falling and the banking system is creaky – conditions that make everyone, from households to investors, less likely to spend, and thus makes the role of government-generated demand that much more important.
Blanchard and Leigh deduced that IMF forecasters have been using a uniform multiplier of 0.5, when in fact the circumstances of the European economy made the multiplier as much as 1.5, meaning that a $1 government spending cut would cost $1.50 in lost output.
What are the implications for the future?
This paper may not be an official position of the IMF, but coming from the agency’s top economist, it is bound to change how the agency generates forecasts.
As for fiscal policy – an issue of interest as the U.S. debate turns towards austerity – Blanchard and Leigh said a better understanding of multipliers does not produce any definitive conclusions.
Many countries still need to cut their deficits – some faster, some slower, depending on a host of other factors.
“The results do not imply that fiscal consolidation is undesirable,” the two write. “Virtually all advanced economies face the challenge of fiscal adjustment in response to elevated government debt levels and future pressures on public finances from demographic change. The short-term effects of fiscal policy on economic activity are only one of the many factors that need to be considered in determining the appropriate pace of fiscal consolidation for any single country.”

TAGS
Austerity, Austerity and its discontents, IMF, Olivier Blanchard

palintropos
6:39 PM GMT-0200
This is an example of burying the message with a contradictory headline. Towards the end of the article it seems to say IMF cannot trust data from the country level. That is buck-passing, no? So, no mea culpa (my fault).
Like · Reply · Share · Flag

ticked
5:46 PM GMT-0200
It's pretty simple stop wasting $1.5+ TRILLION a year on defense, 146 security forces, 16 intel agencies/depts and 700+ foreign military bases....approx. two times all rest of world combined military spending quit spending on destruction, killing and maiming.and use the money on fixing America
Like · Reply · Share · Flag

RonScheurer
4:35 PM GMT-0200
Is it budget cuts or spending priorities that need a more serious look? If the US cut spending on all Middle Eastern civil wars, Arab and Israeli; and the quiet one in Pakistan, (and quite possibly in other places where transparency does not exist), there might be no need to raise the debt limit. Republicans would not like that because military activity does not involve positive economic, inventory accountability.

Destruction itself is seen as positive. Reducing educational options for student financial aid decreases the size of an intelligent populace while increasing cannon fodder. Reducing health benefits increases collateral body counts as does the pirating of those benefits by drug companies and insurers. Reducing Social Security to the under $30,000 a year folks guarantees an increase in their attrition rate into poverty.

"Happy Days Are Here Again" are a long way off unless both parties wake up, shed their internecine squabbling, and do for all of the voters, rich, poor, and between, what they are being paid to do - create equity for all, not equality, EQUITY. Equality is a myth.
LikeLiked by 3 readers · Reply · Share · Flag

h3lt025
4:34 PM GMT-0200
What every single economist, in the entire world, needs to do TODAY is to publicly admit that they have no idea what they are doing and what they are doing is NOT A SCIENCE. They can predict NOTHING reliably with variables like "fear", "greed" and "desire". It is 100% crap, and it is being applied in ways that MASSIVELY affect people's lives.
LikeLiked by 3 readers · Reply · Share · Flag

DavidGonzales
4:12 PM GMT-0200
An excellent, eye-opening article. May every Republican read this--read it and weep. The multipliers are connected to a country's condition and the IMF economists didn't even bother to investigate the conditions of the countries under consideration, as it says in the article--they just took it for granted that the number proposed as a multiplier was correct. Oh, brother.
LikeLiked by 1 reader · Reply · Share · Flag

DavidGonzales
4:18 PM GMT-0200
I forgot to mention that the Republicans want too much austerity for the condition of the US right now--Republican austerity will cause needless suffering and damage the growth of the economy as well.
LikeLiked by 3 readers · Flag

jdgreger@yahoo.com
2:20 PM GMT-0200
Hey Eddie14 and all Krugman clowns, Greece is suffering because their economy was a government central planned structure and debt based economy. If you stop spending, the economy suffers cause you have no private sector producing. Greece along with Europe and eventually US are all based on flawed Keynesian "economics" (it's really a pyramid scheme) of spending and borrowing instead of saving and producing. See Japan the past 20 years, all they've done was build bridges and roads and they are still in deflation mode and now their debt to GDP is 240%...lol

You can't spend your way to prosperity because the gravy train eventually ends (e.g. greece), then eventually the United States. The interest rates are only low here because the FED is buying and keeping them artificially low. They can't do that forever and our debt masters will stop lending and or ask for higher rates and that's when the crap really hits the fan.

Like · Reply · Share · Flag

JEHR
3:58 PM GMT-0200
jdgreger, do you even know what you are saying? When austerity is imposed, spending ends and so does saving. If money was spent on creating jobs (instead of propping up zombie banks), then the people would earn a salary, could spend on their needs and the economy would begin recovering. The secret is making jobs available. If the private sector can't (or won't) create jobs, then the government should. It can always afford to create jobs just as it can always afford to bail out banks to the tune of trillions of dollars.

All economies are "centrally planned" by someone!
LikeLiked by 2 readers · Flag

DavidGonzales
4:09 PM GMT-0200
Hey, jdgreger, did you read the article? Every country has its own multiplier connected to the conditions at the time under consideration--the cuts in Greece were too deep and caused a lot of needless suffering and underspending.

palintropos
1:52 PM GMT-0200
Following the logic of most commenters, the wealthiest countries should have been communist ones.
LikeLiked by 1 reader · Reply · Share · Flag

OpenMindDC
1:45 PM GMT-0200
If only the righties read this stuff.
LikeLiked by 3 readers · Reply · Share · Flag

ggant
1:36 PM GMT-0200
Can anyone get this the Idiots in the House? Do even read papers. Oh No facts, keep away , keep away. Facts are bad.
LikeLiked by 2 readers · Reply · Share · Flag

scatchy
1:33 PM GMT-0200
This is an important admission, as it shows that the Republicans plans for austerity, which basically mirror what was put in place in Greece and the rest of Europe, would have undermined our economic recovery.
LikeLiked by 5 readers · Reply · Share · Flag

Anacronismos trabalhistas - Editoral Estadao

Em toda sinceridade, sabem quando ocorrera' a reforma da legislacao trabalhista?
Not in your lifetime...
Alias, precisaria acabar tambem com a Justica do Trabalho, a maior criadora de conflito que existe neste pais....
Paulo Roberto de Almeida

Anacronismos trabalhistas
Editorial O Estado de S.Paulo
Simplificar as relações trabalhistas, sem afetar direitos e rendimentos do empregado, é não só possível sem grandes dificuldades políticas, mas urgente, para tornar mais claras as garantias dos trabalhadores, facilitar a administração empresarial, reduzir a insegurança jurídica nessa área e, em particular, melhorar a eficiência das empresas e impulsionar a produtividade. Estas, em resumo, são as razões que levaram a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a elaborar um conjunto de 101 medidas de modernização e de racionalização da legislação trabalhista. O documento foi apresentado durante o 7.º Encontro Nacional da Indústria, realizado em Brasília.

"O trabalho formal no Brasil tem um alto grau de conflito e de insegurança jurídica, é excessivamente onerado e configura uma barreira ao crescimento da produtividade", segundo o presidente da CNI, Robson de Andrade.

A entidade reconhece que houve avanços na formalização do trabalho nos últimos anos. Entre 2000 e 2011, o número de empregos formais passou de 25 milhões para cerca de 44 milhões e o índice de desemprego baixou para menos de 6%. Observa, no entanto, que, entre os que trabalham no País há cerca de 52 milhões que não estão registrados como empregados nem são funcionários públicos. Parte desse contingente tem atividades formalizadas, como autônomos ou proprietários de empresas de diferentes portes, e conta com a proteção da legislação trabalhista e previdenciária. A maioria, porém, está na informalidade e não dispõe desse tipo de proteção.

O objetivo da CNI é assegurar a formalização desses trabalhadores por meio de um sistema trabalhista moderno, que substitua o atual, em que quase tudo é regulado e quase nada é negociado.

Para a indústria, a rigidez da legislação inibe a geração de empregos, impõe um excesso de obrigações ao empregador, pode gerar passivos trabalhistas e previdenciários e, desse modo, atua no sentido contrário ao aumento da competitividade e da eficiência da economia.

Além de excessiva, a regulação trabalhista, criada no início da década de 1940, tornou-se anacrônica e gera situações que hoje parecem absurdas - ou "irracionais", como prefere a CNI. Por causa da legislação trabalhista em vigor, o Brasil é o único país do mundo que, além da hora convencional de 60 minutos, tem também a de 52,5 minutos para o trabalho noturno, que é remunerado com adicional de 20%. Isso cria dificuldades para adequar as jornadas de trabalho e gera confusão no cálculo do salário.

Para simplificar, sem afetar a remuneração, basta utilizar a hora normal e ao salário-hora acrescentar 37,14% (resultado cumulativo do adicional de 20% mais 14,2% correspondente a 7,5 minutos de trabalho adicional por hora).

Outro absurdo é a manutenção, até hoje, do regime de sobreaviso, a que se submetiam empregados das ferrovias na década de 1930. Eles tinham de estar sempre preparados, em sua casa, para a eventualidade de serem convocados para o trabalho fora de sua jornada regular.

Num tempo em que não havia telefone nas casas, nem muitas formas de lazer, o sobreaviso impunha sacrifícios ao empregado e, por isso, ele era remunerado com o equivalente a um terço do salário-hora. Com as novas tecnologias de comunicação, o regime tornou-se um anacronismo, mas a Justiça do Trabalho o estendeu a todos os que podem ser convocados para o trabalho fora da jornada regular. Para estes casos, deveria aplicar-se o regime de sobrejornada, remunerada de acordo com o tempo trabalhado.

São apenas alguns exemplos de uma legislação ultrapassada e que requer urgente reforma. Ao propor medidas que não implicam perdas de renda para o trabalhador, a CNI espera abrir um debate produtivo com as lideranças sindicais, parlamentares e o governo, na esperança de que o diálogo transcorra sem enfrentamentos.

A discussão não pode ser mais protelada, se o objetivo for, como é necessário para o País, criar um ambiente mais favorável à formalização do emprego, sem prejudicar os trabalhadores e sem onerar ainda mais as empresas.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Ouro, essa reliquia barbara... e preciosa

AS REFINARIAS DE OURO NA SUÍÇA
BBC Londres, 27/12/2012

Quatro das maiores refinarias de ouro do mundo estão na Suíça, três delas no cantão sul de Ticino. Apesar de não haver minas de ouro suíças, cerca de dois terços do ouro do mundo é refinado no país. "Tem a ver com a história", explica Roberto Grassi, da consultoria financeira Fidinam. "Os grandes bancos suíços eram os proprietários das refinarias. Durante a Segunda Guerra Mundial, devido à grande quantidade de ouro que era armazenado na Suíça, os bancos decidiram criar as suas próprias refinarias para produzir lingotes". Atualmente os bancos já não são mais donos das refinarias, mas o refino e a produção de barras de ouro estão no auge.

Em 2011, último ano para o qual existem dados disponíveis, a Suíça importou mais de 2.600 toneladas de ouro bruto, com um valor de 103 bilhões de dólares. Do lado de fora, a refinaria de ouro Pamp se parece com qualquer outra fábrica moderna. Mesmo a entrada não é particularmente notável, além de algumas medidas de segurança maiores do que o normal. Mas por dentro, as coisas são muito diferentes. Em uma sala, o mineral fundido é despejado em moldes para fazer barras de ouro pesando 12,5 kg. O preço do ouro hoje está cerca de 1.700 dólares a onça. Como há 32 onças em um quilograma de ouro, apenas um lingote vale 680.000 dólares.

3. Alberto Candiani, diretor de produção de metais preciosos na refinaria, mostra com orgulho a mercadoria, que vai desde barras de ouro de 50g até a variação de 12,5 kg. Existem enormes pilhas desses lingotes, e outras mais saindo da linha de produção. Mas ao perguntar a Candiani exatamente quantas são produzidas em um dia, ele se torna mais contido. "Isso eu não posso dizer", diz sorrindo.

The unstavable beast: a armadilha dos servicos publicos - Kenneth Rogoff

The unstavable beast
Kenneth Rogoff
Project Syndicate, January 3, 2013

CAMBRIDGE – As the world watches the United States grapple with its fiscal future, the contours of the battle reflect larger social and philosophical divisions that are likely to play out in various guises around the world in the coming decades. There has been much discussion of how to cut government spending, but too little attention has been devoted to how to make government spending more effective. And yet, without more creative approaches to providing government services, their cost will continue to rise inexorably over time.

Any service-intensive industry faces the same challenges. Back in the 1960’s, the economists William Baumol and William Bowen wrote about the “cost disease” that plagues these industries. The example they famously used was that of a Mozart string quartet, which requires the same number of musicians and instruments in modern times as it did in the nineteenth century. Similarly, it takes about the same amount of time for a teacher to grade a paper as it did 100 years ago. Good plumbers cost a small fortune, because here, too, the technology has evolved very slowly.

Why does slow productivity growth translate into high costs? The problem is that service industries ultimately have to compete for workers in the same national labor pool as sectors with fast productivity growth, such as finance, manufacturing, and information technology. Even though the pools of workers may be somewhat segmented, there is enough overlap that it forces service-intensive industries to pay higher wages, at least in the long run.

The government, of course, is the consummate service-intensive sector. Government employees include teachers, policemen, trash collectors, and military personnel.

Modern schools look a lot more like those of 50 years ago than do modern manufacturing plants. And, while military innovation has been spectacular, it is still very labor-intensive. If people want the same level of government services relative to other things that they consume, government spending will take up a larger and larger share of national output over time.

Indeed, not only has government spending been rising as a share of income; so, too, has spending across many service sectors. Today, the service sector, including the government, accounts for more than 70% of national income in most advanced economies.

Agriculture, which in the 1800’s accounted for more than half of national income, has shrunk to just a few percent. Manufacturing employment, which accounted for perhaps a third of jobs or more before World War II, has shrunk dramatically. In the US, for example, the manufacturing sector employs less than 10% of all workers. So, even as economic conservatives demand spending cuts, there are strong forces pushing in the other direction.

Admittedly, the problem is worse in the government sector, where productivity growth is much slower even than in other service industries. Whereas this might reflect the particular mix of services that governments are asked to provide, that can hardly be the whole story.

Surely, part of the problem is that governments use employment not just to provide services, but also to make implicit transfers. Moreover, government agencies operate in many areas in which they face little competition – and thus little pressure to innovate.

Why not bring greater private-sector involvement, or at least competition, into government? Education, where the power of modern disruptive technologies has barely been felt, would be a good place to start. Sophisticated computer programs are becoming quite good at grading middle-school essays, if not quite up to the standards of top teachers.

Infrastructure is another obvious place to expand private-sector involvement. Once upon a time, for example, it was widely believed that drivers on privately operated roads would constantly be waiting to pay tolls. Modern transponders and automatic payment systems, however, have made that a non-issue.

But one should not presume that a shift to greater private-sector provision of services is a panacea. There would still be a need for regulation, especially where monopoly or near-monopoly is involved. And there would still be a need to decide how to balance efficiency and equity in the provision of services. Education is clearly an area in which any country has a strong national interest in providing a level playing field.

As US President in the 1980’s, the conservative icon Ronald Reagan described his approach to fiscal policy as “starve the beast”: cutting taxes will eventually force people to accept less government spending. In many ways, his approach was a great success. But government spending has continued to grow, because voters still want the services that government provides. Today, it is clear that reining in government also means finding ways to shape incentives so that innovation in government keeps pace with innovation in other service sectors.

Without more ideas about how to innovate in the provision of government services, battles such as one sees playing out in the US today can only become worse, as voters are increasingly asked to pay more for less. Politicians can and will promise to do a better job, but they cannot succeed unless we identify ways to boost government services’ efficiency and productivity.