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domingo, 9 de maio de 2010

Conferencia de revisao do TNP - Editorial do NYT

Fixing the Treaty
Editorial New York Times, May 9, 2010

The world has a chance this month to send a powerful message about its determination to curb the spread of nuclear weapons. To do that, 189 nations, whose diplomats have gathered in New York, must strengthen the Nuclear Nonproliferation Treaty.

At a frightening time — when Iran and North Korea are defying the Security Council and pressing ahead with their nuclear programs, and terrorists are actively trying to buy or steal their own weapon — there has to be a law to make clear that proliferation will not be tolerated. The treaty is that law. But it is badly fraying.

Iran, which is a “non-weapons” state, managed for years to hide its nuclear activities. North Korea secretly diverted fuel and built weapons, then suddenly withdrew from the treaty and tested a weapon.

Ideally, the treaty would be strengthened with legally binding amendments. But that requires a consensus, and even then could take years of votes. A strong political document from the conference could make the world safer. That should include:

¶An insistence that all treaty members accept tougher nuclear monitoring, giving the International Atomic Energy Agency greatly expanded access to suspected nuclear sites and related data.

¶An agreement to penalize any state that violates its treaty commitments and then withdraws from the pact, as North Korea did.

¶A requirement that states that do not already make their own nuclear fuel stay out of the fuel business — it is too easy to divert to make a nuclear weapon. States with fuel programs must commit to guarantee supplies for peaceful energy programs.

¶A strong call for the United States and Russia to quickly begin negotiations on deeper weapons reductions, and a commitment to quickly draw other nuclear powers into arms reduction talks.

¶A firm agreement that there will be no more India-like exemptions from nuclear trade rules, and that any state that tests a weapon would be denied nuclear trade.

Four decades ago, a bargain was struck. Countries without nuclear weapons signed the treaty and forswore them in return for access to peaceful nuclear energy. The five weapons states — the United States, Britain, France, Russia, China — promised to eventually disarm and provide nuclear energy technology to non-weapons states.

The bargain was always tenuous, and countries that gave up nuclear arms have some right to feel aggrieved. For too long the United States and Russia did little to shrink their huge arsenals. China’s arsenal is still expanding. Washington’s agreement to sell nuclear energy technology to India (which like Pakistan boycotted the nonproliferation treaty so it could develop weapons) enshrined unequal treatment.

President Obama has shown that he is willing to lead by example. He has downgraded the importance of nuclear arms, pledged to build no new weapons, and signed a new arms reduction treaty with Moscow. All five weapons states issued a useful joint statement pledging not to test a weapon and promising to cooperate with countries seeking peaceful nuclear energy programs.

A successful conference — with robust commitments — would give real momentum as the Security Council tries to negotiate a fourth round of sanctions for Iran. That is why Iran is working so hard to dilute or block a strong consensus document.

Egypt, which leads the Nonaligned Movement, is also playing games by pressing for a nuclear-weapons-free zone in the Middle East that seeks to force Israel to give up its nuclear arsenal. That is not going to happen any time soon. All states need to ante up and reverse the treaty’s slide. The world’s security depends on it.

A doenca infantil do planejamento no Brasil - Antony Mueller

O espírito que assombra o Brasil
Antony Mueller (2002)

N. do T.: o texto a seguir é de 2002 e foi escrito antes do primeiro turno das eleições presidenciais - ou seja, é anterior à Era Lula. Fica a cargo do leitor ver se as caractrísticas por ele descritas mudaram de lá pra cá, ou se elas apenas se aprofundaram.

"Ordem e Progresso" tem sido o lema da bandeira brasileira desde que o país se tornou uma república em 1889. As palavras foram tiradas diretamente dos escritos de Auguste Comte. As ideias de Comte foram adotadas no século XIX pelas elites militares e políticas de grande parte da América Latina, e do Brasil em particular.[1] Desde então, o espírito de Auguste Comte tem assombrado o subcontinente, e as consequências práticas dessa ideologia têm sido desastrosas.

O positivismo de Comte é melhor descrito como sendo uma ideologia de engenharia social. Auguste Comte (1798-1857) acreditava que após o estágio teológico e o estágio metafísico, a humanidade iria entrar no estágio principal, o "positivismo", que para ele significava que a sociedade como um todo deveria ser organizada de acordo com conhecimentos científicos.

Comte acreditava que todas as ciências deveriam ser modeladas de acordo com os ideais da física, e que uma nova ciência chamada física social iria surgir no topo da hierarquia intelectual. Essa disciplina iria descobrir as leis sociais que então poderiam ser utilizadas por uma elite para reformar a sociedade como um todo. Da mesma maneira que a medicina extermina doenças, a física social teria que ser aplicada com o intuito de acabar com os malefícios sociais.

O ideal de Comte era uma nova "religião da humanidade". Na sua concepção, as pessoas precisam ser iludidas a crer como autênticas todas as ações que serão instigadas pelos soberanos e seus ajudantes, sendo que estes por sua vez servem aos mais altos ideais da humanidade. Revisando as ideias de Auguste Comte, John Stuart Mill escreveu que essa filosofia política intenciona estabelecer ". . . um despotismo da sociedade sobre o indivíduo que sobrepuja tudo o que já foi contemplado no ideário político dos mais rígidos disciplinadores dentre os antigos filósofos"[2]. Já Ludwig von Mises observou que "Comte pode ser desculpado, já que era louco no completo sentido com que a patologia emprega este vocábulo. Mas como desculpar os seus seguidores?"[3]

O misticismo racionalista que acometeu Comte quando este já estava mentalmente doente no final de sua vida pedia a criação de uma "igreja positivista", na qual -- imitando os rituais da Igreja Católica -- o "culto à humanidade" poderia ser praticado. Ao fim do século XIX, "sociedades positivistas" começaram a se espalhar pelo Brasil, e uma igreja real foi construída no Rio de Janeiro como o lugar onde a adoração dos ideais da humanidade pudesse ser praticada como uma religião.[4]

Até os dias atuais, o sistema brasileiro de ensino superior ainda carrega marcas do positivismo de Comte, e ainda mais forte é a influência da filosofia política positivista entre as altas patentes militares e entre os tecnocratas. O positivismo diz que a linguagem científica é a marca registrada da modernidade, e que para efetuar o progresso é preciso haver uma classe especial -- militar ou tecnocrática -- de pessoas que conheçam as leis da sociedade, e que sejam capazes de estabelecer a ordem e promover esse progresso.

A ideologia predominante de grande parte da elite regente contrasta agudamente com as tradições seguidas pelas pessoas comuns. Como na maioria da América Latina, a cultura popular brasileira é marcada profundamente pela tradição católico-escolástica, com seu ceticismo em relação à modernidade e ao progresso e com sua orientação mais espiritual e religiosa, que rejeita o conceito linear do tempo -- o tempo sendo um movimento progressivo -- em favor de uma visão circular e eterna da vida.[5]

Onde as ideias de Comte mostraram seu maior impacto foi na política econômica. Dado que os militares tiveram um papel central na vida política brasileira e dado que o positivismo havia se tornado o principal paradigma filosófico das escolas militares, a política econômica do Brasil foi marcada por um frenesi intervencionista que afetou e ainda afeta todos os aspectos da vida dos cidadãos.

A ideia do planejamento central para se atingir a modernidade transformou o Brasil em um ambiente fértil para o intervencionismo econômico, sendo que cada novo governo sempre promete o grande salto para frente. Ao invés de remover os obstáculos que impedem o desenvolvimento da iniciativa privada e garantir direitos de propriedade confiáveis, todos os governos presumem ser sua função desenvolver o país através da concessão de privilégios para um pequeno grupo de empresas já existentes.

Desde que se tornou uma república, não houve um só governo brasileiro que não tenha criado um novo plano extenso e abrangente, ou um emaranhado de pacotes, com o propósito de levar ao desenvolvimento. Seguindo a agenda positivista, criar planos de natureza aparentemente científica e utilizar a força do estado para aplicá-los se tornou a marca registrada da política econômica brasileira. Frequentemente, todos esses planos são primeiramente elaborados em um dos poucos centros universitários do país para, então, passarem a formar a agenda de cada novo governo, que geralmente convoca um time de jovens tecnocratas para implementá-los.

Particularmente pomposos quando os governos militares estavam no comando -- como ocorreu nos anos 1930 e 1940, e de 1964 até 1984 --, a invenção e implementação de grandes planos continua até os dias atuais. Independentemente de qual coalizão partidária está no comando, o espírito do positivismo tem sido compartilhado por todos os governos, desde o primeiro até o atual, que aparentemente está praticando uma política econômica que se convencionou chamar de "neoliberal".

Mesmo se contarmos apenas os planos mais importantes, a frequência com que eles se sucederam pelo período de quase um século é espantosa: após seguir o modelo de industrialização por substituição de importações sob o semi-fascista Estado Novo, dos anos 1930 aos anos 1940, o Brasil teve o Plano de Metas na década de 50 e depois o Plano Trienal de desenvolvimento econômico e social. Na década de 70 vieram as séries de Planos de Desenvolvimento Nacional. A década de 80 trouxe o Plano Cruzado, o Plano Bresser e o Plano Verão. A década de 90 começou com o Plano Collor I, que foi seguido pelo Plano Collor II, que foi seguido pelo Plano de Ação Imediata que, por fim, culminou no Plano Real em 1994.

A se julgar pelos seus objetivos declarados, todos esses planos falharam. Durante as últimas seis décadas, o Brasil teve oito diferentes moedas, cada uma com um novo nome, e uma taxa de inflação que sugere que a moeda atual equivaleria a um trilhão de Cruzeiros, a moeda de 1942.[6] Sob uma falsa aparência de modernidade, a mesma rede clientelista formada pelos "donos do Poder"[7] continua a mandar no país. Com o passar do tempo, essa classe atingiu um nível tão grande de privilégios que, comparados ao restante da população, são similares àqueles desfrutados pela nomenklatura na União Soviética. Com isso, esse restante da população teve que se virar e recorrer a algumas maneiras peculiares -- chamados de jeitinho, uma espécie de chutzpah[8] -- para poder sobreviver à sua maneira.

Dentro do sistema positivista, linguagem científica e intervencionismo andam de mãos dadas. A suposta racionalidade do intervencionismo se apóia na premissa de que é possível se saber antecipadamente o resultado específico de uma medida de política econômica. Por conseguinte, quando as coisas saem diferente do esperado - e elas sempre saem - mais intervenção e mais controle são outorgados. O resultado é que os governos são esmagados pelas suas próprias pretensões e humilhados por seus retumbantes fracassos.

O Brasil, que é tão abençoado pela natureza e que tem uma população de grande espírito empreendedor -- o que faz com que o país tenha uma das mais altas taxas de auto-emprego no mundo --, tem permanecido atrasado por causa de uma ideologia corrompida. Até os dias atuais, todos os governos brasileiros se empenharam ao máximo em absorver todos os recursos do país com o intuito de perseguir suas fantasias de modernidade e progresso (é claro que, nesse caso, "modernidade" e "progresso" são conceitos definidos pelo governo, e não pela população). Devido a isso, toda a criatividade espontânea que é inerente ao livre mercado acaba sendo bloqueada.

O Brasil teria seu lugar de destaque garantido se o espírito que tem assombrado esse país fosse proscrito em favor de uma ordem, no verdadeiro sentido da palavra: isto é, um sistema de regras confiáveis baseado nos princípios do direito de propriedade, da responsabilidade individual e do livre mercado.

[1] Leopoldo Zea, Pensamiento positivista latinoamericano, Caracas, Venezuela, 1980 (Biblioteca Ayacucho).

[2] John Stuart Mill, On Liberty, Londres 1869, p. 14 (Longman, Roberts & Green).

[3] Ludwig von Mises, Ação Humana, Alabama 1998, pp. 72 (The Ludwig von Mises Institute, Scholar's Edition).

[4] Ivan Lins, História do positivismo no Brasil, São Paulo 1964, pp. 399 (Companhia Editora Nacional)

[5] A expressão clássica desse tipo de pensamento na América Latina é de José Enrique Rodó: Ariel, Montevidéu 1910 (Libreria Cervantes). Na literatura, esse tipo de pensamento é proeminente até os dias de hoje nos escritos do mais popular escritor brasileiro: Paulo Coelho.

[6] Ruediger Zoller, Prädidenten - Diktatoren - Erlöser, Tabela V, p. 307, em: Eine kleine Geschichte Brasiliens, Frankfurt 2000 (edição suhrkamp).

[7] A descrição clássica é de Raymundo Faoro, em Os Donos do Poder, 2 vols. (Editora Globo: Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro) São Paulo 2000

[8] Descaramento, em iídiche. [N. do T.]

Antony Mueller, nascido na Alemanha, é economista e atualmente mora em Aracaju, onde leciona na Universidade Federal de Sergipe. É acadêmico adjunto do Mises Institute e diretor acadêmico do Instituto Ludwig von Mises Brasil. É o fundador do Continental Economics Institute

Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

Descaminhos do pre-sal -- Rogerio Werneck

Nunca é tarde para se transcrever um artigo de qualidade:

Descaminhos do pré-sal
Rogério Werneck (PUC-RJ)
O Estado de S.Paulo, 26.03.2010

Os projetos do pré-sal têm agora de passar pelo Senado, onde a discussão não promete ser fácil. Na Câmara, houve um incidente grave, perfeitamente previsível, mas que não havia sido contemplado pelos grandes estrategistas da Comissão Lobão-Rousseff, que concebeu os projetos do pré-sal. Qualquer pessoa minimamente familiarizada com as tensões do federalismo fiscal brasileiro sabia que a idéia de reabrir a caixa de Pandora da distribuição de royalties, em pleno ano eleitoral, era desavisada.

Açulado o vespeiro federativo, o governo perdeu o controle da situação e deixou a Câmara aprovar uma regra de distribuição de royalties que deflagrou clima de revolta nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. O incidente deixou em pé de guerra não só os governadores Sérgio Cabral e Paulo Hartung, como os seis senadores dos dois Estados, todos da base governista. O que sugere que a tramitação dos projetos do pré-sal no Senado será ainda mais difícil do que o governo temia. Mas isso talvez permita que a questão do pré-sal seja afinal discutida com a seriedade que merece. E que os equívocos dos projetos do governo sejam explicitados e, quem sabe, até corrigidos em alguma medida.

A concepção de como regular e estruturar a exploração do pré-sal e repartir os ganhos envolvia um desafio de ação coletiva que deveria ter sido enfrentado num plano suprapartidário, como questão de Estado. O governo, contudo, preferiu partidarizar a questão e brandi-la como trunfo eleitoral, certo de que sua base de sustentação no Congresso lhe permitia prescindir da oposição.

O que o governo quer extrair do Senado é a aprovação de um arranjo indefensável, que concede a uma empresa com mais de 60% do capital detido por acionistas privados – a Petrobrás – o monopólio de operação nos campos do pré-sal e uma participação de pelo menos 30% em cada consórcio que vier a explorar tais campos. Alega-se que, sem tais privilégios, a Petrobrás não poderá atingir a escala necessária para cumprir a “missão” que lhe teria sido atribuída: a de desenvolver a indústria de equipamentos para o setor petrolífero no País.

O que se contempla é a formação de um grande cartório para distribuição de benesses a produtores de equipamentos, em que a Petrobrás deteria “o cofre das graças e o poder da desgraça”. Uma espécie de coronelismo industrial. Caso essa idéia prospere, pode-se imaginar o tamanho da conta. Basta ter em mente, por exemplo, que a Petrobrás está licitando nada menos que 28 sondas marítimas de perfuração de alta tecnologia e exigingo que todas elas sejam produzidas no País. Salta aos olhos que tal exigência deverá implicar enorme e injustificável encarecimento do programa de investimento no pré-sal. Parte substancial do excedente da exploração, a que o governo poderia dar destino mais nobre, será alegremente dilapidada na satisfação de fantasias acalentadas na Avenida Chile sobre as virtudes nirvânicas da autosuficiência do País na produção de equipamentos.

O pior é que um equívoco leva a outro. Desnecessariamente sobrecarregada com o monopólio da operação, a obrigação de deter 30% de cada consórcio e a “missão” de desenvolver a indústria de equipamentos, a Petrobrás teria de ser capitalizada pelo Tesouro. O aporte do Tesouro, da ordem de US$ 40 bilhões, seria feito por meio da entrega à Petrobrás, sem licitação, de reservas de 5 bilhões de barris no pré-sal pertencentes à União. Argúi-se que, feito dessa forma, o aporte não traria grande ônus ao Tesouro.

O argumento não faz sentido. Se de fato os 5 bilhões de barris valem o que se alega, o governo poderia licitá-los e obter US$ 40 bilhões. Teria então de decidir se o melhor uso que o Tesouro poderia dar aos US$ 40 bilhões seria destiná-los à capitalização da Petrobrás, para que a empresa possa arcar com os investimentos com que o próprio governo a quer desnecessariamente sobrecarregar. Não falta quem olhe em volta e consiga enxergar usos bem mais nobres para US$ 40 bilhões de dinheiro público. É disso que se trata.

Multiculturalismo: uma enfermidade infantil da academia...

A rigor, nem deveria tratar desse tipo de assunto aqui, uma vez que considero tão ridículas e tão equivocadas as posições supostamente politicamente corretas do multiculturalismo, que passaria por cima sem sequer prestar atenção nesse tipo de "não-questão".
De vez em quando me lembro, porém, que eventuais passantes e outros visitantes acidentais podem ter curiosidade pelo assunto.
Como não escrevi nada sobre o assunto, por considerá-lo irrelevante (e uma enfermidade passageira), permito-me, assim, transcrever parte de um artigo de um filósofo americano sobre o tema, texto "pescado" na lista "Contra a racialização do Brasil", ou seja contra as medidas e políticas de uma tribo de racistas ao contrário que pretendem introduzir o Apartheid no Brasil.

O multiculturalismo
por Richard Rorty
Contra a racialização do Brasil
Posted: 08 May 2010 08:30 AM PDT

Confiram o que o filósofo norte-americano fala sobre o assunto:

"O movimento conhecido nos EUA como multiculturalismo começou a azedar tão logo foi inventado. Consistiu, a princípio, em mais uma tentativa de fazer com que homens brancos de classe média tratassem melhor pessoas que eles gostavam de acotovelar/atropelar - negros, latinos, mulheres, pobres, imigrantes, recém-chegados e homossexuais, femininos e masculinos. Esperava com isso estimular tais grupos a orgulharem-se de si mesmos, ao invés de aceitarem as descrições depreciativas criadas pelos homens brancos.

Hoje, entretanto, transformou-se em uma tentativa de obtenção de empregos e subvenções para pessoas intrometidas que balbuciam/vomitam psicologismos. Bernstein está correto ao descrever o movimento como 'um universo de boas e ambiciosas intenções que se desviou do caminho do respeito às diferenças para mergulhar num abismo nebuloso de afirmações dogmáticas, otimismo exagerado e declarações pseudo-científicas sobre raça e sexo"".


Vejam o texto completo em RORTY, Richard. Uma 'mãozinha' para Oliver North. In: Novos Estudos, CEBRAP, nº 42, julho 1995, p. 45-50.

Propriedade intelectual: a cenoura e o porrete...

Editorial da Folha de S.Paulo critica a iniciativa de países avançados no sentido de reforçar a proteção da propriedade intelectual, o que é considerado um gesto arrogante e unilateral.
Deve-se considerar que grande parte do PIB desses países atualmente é formado justamente no terreno dos intangíveis, não na produção manufatureira, e que os mercados de TI, de luxo, de medicamentos, de inovação enfim, vem sendo implacavelmente pirateados, por vezes de forma até oficial, se ouso dizer.
Deve-se também considerar que muitos países em desenvolvimento que pretendem ter acesso a esses produtos sem pagar os seus custos associados estão bloqueando o tratamento do problema nessas organizações multilaterais.
O editorial da FSP quer sugerir que os produtores de tecnologias inovadoras devem apenas assistir passivamente ao roubo de sua produção legítima?
Quando a cenoura dos incentivos não funciona, aparece logo o porrete da disciplina. Talvez no meio do caminho uma solução seja encontrada, e os direitos de PI passem a ser mais respeitados em todos os países. Se depender de alguns, não o será...
Paulo Roberto de Almeida

Acordo pirata
Da Redação
Folha de S. Paulo, 8 de maio de 2010

É de evidente interesse público a defesa da propriedade intelectual, tanto quanto o combate à pirataria.
Sem os mecanismos legais que garantem às empresas a exploração comercial exclusiva de seus produtos, o processo de crescimento econômico de longo prazo seria solapado. Cessariam os incentivos para investimentos privados em pesquisa, responsáveis por grande parte dos confortos que facilitam a vida nas sociedades modernas.
De remédios mais eficientes a computadores com maior capacidade de processamento de dados, o comércio de bens e serviços de ponta ocorre em escala global. Daí que também se articulem em âmbito internacional os interesses dos produtores. Para isso existem instâncias como a OMC e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
Que no entanto não parecem suficientes ou satisfatórias para um grupo seleto de governos. EUA, União Europeia e outros nove países negociam um acordo antipirataria que exclui o restante do mundo e passa ao largo das instituições multilaterais.
O objetivo do grupo é criar mecanismos mais rígidos de garantia da propriedade intelectual. No esboço do documento, que deve ser concluído até o final do ano, estão previstas medidas drásticas, como o banimento de infratores da internet e a apreensão unilateral de produtos, como remédios genéricos.
É surpreendente a inabilidade diplomática, para não dizer a arrogância, de tal iniciativa. O acordo, ademais, pode ter efeitos contrários aos pretendidos por seus patrocinadores. Ao dividir o mundo entre repressores e países piratas e esvaziar órgãos multilaterais, será mais difícil articular a cooperação internacional necessária para se combater, com eficácia, a pirataria global.
Seria mais proveitoso reforçar as instituições hoje existentes e, em seu âmbito, negociar sanções mais rigorosas contra infratores.

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Materia de jornal:

Acordo de pirataria, liderado por EUA, preocupa governo
Eliane Oliveira e Cássia Almeida
O Globo, 7 de maio de 2010

Para especialistas, discussão fora OMC não vai prosperar

O governo brasileiro vê com preocupação as negociações capitaneadas por Estados Unidos, Japão e União Europeia sobre acordo comercial antipirataria (Acta, sigla em inglês). Segundo o diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey, as regras seriam criadas à margem da Organização Mundial do Comércio (OMC). Especialistas, contudo, acreditam que o acordo não vai prosperar.

— Estamos acompanhando e nos parece que ainda é cedo para uma avaliação. Desde já achamos preocupante um grupo de países criar regras que interessam a todos e, ao mesmo tempo, vão além do que está na OMC — disse Cozendey ao GLOBO.

Numa análise preliminar, o governo teme problemas na distribuição de medicamentos genéricos e a ampliação de fóruns de arbitragem envolvendo propriedade intelectual, já que existe a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi).

O acordo não é visto com bons olhos pela diplomacia brasileira.

Estanislau do Amaral, encarregado da propriedade intelectual na missão brasileira em Genebra, disse que o Brasil não participa dele “nem quer”, por entender que os temas têm de estar em OMC e Ompi: — É um acordo plurilateral o que gera desequilíbrios.

Para Lampreia, China é o alvo do acordo

Para o ex-ministro Rubens Ricupero, a reação dos países em desenvolvimento, ONGs e o próprio Parlamento Europeu vão abortar o acordo. Para Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores, o acordo tem alvo certo: a China.

— Os países são muito prejudicados com falsificação.

Em Washington, o Brasil acompanha as negociações.

— Canadá, Japão e outros países interpretam certas iniciativas como tentativa dos EUA de impor padrões da política de defesa intelectual. Isso não será concluído agora, é coisa para anos — avaliou uma fonte do governo.

COLABOROU: Fernando Eichenberg, correspondente

sábado, 8 de maio de 2010

Novo embaixador da Venezuela no Brasil

Recebido, pela internet, de um fonte confiável na Venezuela, que não foi quem redigiu o texto, obviamente.
Não tenho por que acreditar em tudo o que está escrito abaixo, pois pode ser apenas uma demonstração da luta política que está em curso naquele país atualmente.
Mas tampouco tenho porque descartar o material simplesmente, pois algumas informações podem corresponder à verdade, e podem ser facilmente (ou não) confirmadas por algum jornalista investigativo, que terá interesse em ratificar, ou não, o que está dito abaixo, consultando novas fontes na França, na Venezuela, no próprio Brasil.
Enfim, meu interesse no caso, é puramente intelectual, observador que sou das realidades políticas no Brasil e em toda parte, seguindo alguns velhos conselhos de Maquiavel quanto à condução da análise política com base em fatos, não em concepções...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 9 de maio de 2010)

Biografía de un meteorito francés

Maximilian Sánchez es el nuevo embajador de Venezuela en Brasil. Maximilian Sánchez nació y pasó toda su vida en Francia. Nunca vivió en Venezuela. En el 2001 el agitado joven francés ofrece sus servicios a la delegación diplomática bolivariana en Paris. Su identificación con Hugo Chávez raya en el paroxismo. No obstante el galo no desea otra cosa que vivir el proceso revolucionario desde su interior. Quiere tostar su blanquísima piel francesa con el sol caraqueño. Por sus servicios militantes la embajada de Venezuela en Paris le entrega un pasaporte bien criollo. El documento lo obtiene como quien compra un cocosette. Con el preciado pasaporte en mano vuela a lo que será su segunda patria. Miraflores lo integra en su célula internacional. Ese mismo año su crisis de identidad se atenúa. Inmediatamente el gobierno le entrega una cédula de identidad y accede a la condición de ilustre ciudadano venezolano. Sólo le queda a este « musiuito » un ejercicio lingüístico. Debe borrar la erre glutural que pone al descubierto cada vez que habla sus origines franceses. Maximilian Sánchez aterriza en Venezuela con un currículum vitae precario. Su única experiencia consistió en desempeñarse como guachimán en una escuela de lengua. En Paris cursó estudios de derecho que nunca culminó. Se sabe también que Ramonet lo nombró responsable del movimiento alter-mundialista de Venezuela. El vínculo con este pillo del siglo veintiuno es regular. Ramonet transformó a Maximilian Sánchez en una ficha que maneja a su antojo, sobre todo cuando se trata de agilizar los pagos que el “doctor” reclama por su experticia intelectual. Desde luego hoy el binomio Ramonet-Cassen se frota las manos con la designación de este hombre en Brasil. Este país es por excelencia la tierra del alter-mundialismo. Porto Alegre es la capital de la fauna antimundialista. En tal sentido la marioneta que Ramonet-Cassen mueve desde Paris seguirá jugando su papel de embajador de los intereses del par de pillos franceses, que como se sabe, por tramposos fueron defenestrados por el movimiento alter-mundialista parisino.

En la historia de la diplomacia venezolana, Maximilian Sánchez es un caso atípico. Obtiene la nacionalidad venezolana en el 2002 y ocho años después es designado nada más y nada menos que jefe de la delegación diplomática en Brasil. Por la velocidad de su ascenso algunos chavistas -no sin razón- lo apodan el “meteorito francés”. Una cosa es cierta, Maximilian Sánchez ha sido muy astuto en determinar su trayectoria “meteórica”. Desde su llegada a Venezuela puso a correr la bola mediática según la cual él es la encarnación en Venezuela del frances Bernard Attali. Para quienes no lo saben, Attali fue el colaborador más cercano del presidente François Mitterand. Attali era conocido como la eminencia gris del difunto presidente francés. La más simple comparación pone en evidencia el contraste grosero entre Maximilian Sánchez y el asesor de Mitterand. El señor Attali ha escrito y publicado más de sesenta libros. Al “meteorito francés” no se le conoce ninguna obra de ningún género. Mientras que el señor Attali es un fino conocedor de la historia de Francia, Maximilian Sánchez no sabe ni siquiera tararear la melodía del himno nacional venezolano. En los predios de la Casa Amarilla algunos afirman ácidamente que un niño de sexto grado conoce mejor la historia de Venezuela que este francés reencauchado. De Bernard Attali este usurpador solo tiene en común la nacionalidad francesa. El abismo intelectual entre uno y otro es inmenso. Un elemento es extraño, en la actitud de querer compararse con el “cherpa” de Mitterand. Bernard Attali es judío y Maximilian Sánchez es rabiosamente antisemita. Cuando Hugo Chávez acusa a Israel de estado fascista, Maximilian Sánchez va mucho más lejos en su odio al pueblo judío. Es evidente que entre De Gaulle y el Petain de Vichy, Maximilian Sánchez no vacilaría ni un solo instante en identificarse con el “colaborateur” que deportó miles de niños judíos a una muerte segura en las cámaras de gas hitlerianas. De hecho se sabe que Maximilian Sánchez celebra al escritor antisemita Celine más por sus inmundos panfletos antijudíos que por sus escritos literarios.

La verdad es que a quien más se parece Maximilian Sánchez es al personaje odioso de Pierre Laval, ideólogo y brazo ejecutor de la Wehermacht en un momento poco glorioso de la historia de Francia. Que nadie se equivoque entonces. Maximilian Sánchez es un afiebrado antisemita altamente fanatizado. Es la expresión más clara de una izquierda minoritariamente rabiosa procedente de Francia a quien los artistas de la diplomacia brasilera rendirán tributo con el único propósito de alimentar favorablemente la balanza comercial del Brasil de Lula. En el fondo este oscuro personaje viene como anillo al dedo para aumentar las exportaciones de Brasil hacia Venezuela. En contra partida el “meteorito francés” tendrá libertad absoluta para ser feliz con sus compatriotas franceses que cada año integran la comparsa alter-mundialista de Porto Alegre.

Así andan los desaciertos de nuestra representación diplomática. Salut Maximilian !

Desde Toulouse,
Flora Tristina

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Addendum:
Uma correção e informações adicionais sobre o personagem:
1) El venezolano que escribe el artículo tiene una equivocación. Los atributos que le atribuye a Bernard Attali, son los de su hermano gemelo Jacques Attali. Bernard Attali fue presidente de Air France.
2) Maximilian Sanchez debe ser el Maximilien Sanchez arrestado hace años por disturbios y violencias "sur la voie publique". Es simpatizante de Olivier Besancenot leader de un partido trostkista, revolucionario empedernido, cuyo partido, recientemente re-bautizado NPA (Nouveau Parti Anti-Capitaliste) para hacerlo mas simpático en estos tiempos no logró sin embargo obtener más del 4% en las recientes elecciones europeas en Francia. Hay que notar que en Francia ha declinado en los últimos dos o tres años la influencia del movimiento Attac de los despreciables Cassen y Ramonet.

Brasileiro, profissao: pagador de impostos; parlamentares, profissao: para lamentar a demagogia e a desfacatez com o dinheiro do primeiro...

Uma vergonha de Congresso como este, um governo totalmente desarticulado, a demagogia barata que todos os políticos gostam de praticar (e que era a base da política do partido agora no poder quando era oposição), arriscam deixar uma conta pesada para toda a sociedade brasileira, que vai ser paga por todos nós nas décadas que seguem, ou seja, roubando uma parte da renda de nossos filhos e netos.
Paulo Roberto de Almeida

O risco do populismo eleitoral
Diego Escosteguy
Revista Veja, edição 2164 - 12 de maio de 2010

Num surto demagógico, os deputados aumentam em 4 bilhões de reais os gastos com aposentados – e vem mais por aí.

Somam 323 os nobres parlamentares que, na tormentosa noite da terça-feira passada, ignoraram o equilíbrio das contas públicas, os apelos do governo e, sobretudo, o bom senso para aprovar duas medidas populistas que podem sangrar em 4 bilhões de reais por ano os cofres do estado brasileiro. Uma delas prevê um generoso reajuste de 7,7% aos aposentados que recebem acima de um salário mínimo, índice muito superior ao que o governo tem condições de pagar. A outra pôs fim ao fator previdenciário, cálculo que dificultava a aposentadoria antecipada dos trabalhadores e, com isso, minimizava a insolvência do sistema de aposentadoria público. O ruinoso projeto segue agora para o Senado. Lá, os peemedebistas Romero Jucá e Renan Calheiros, capitães do mato do governo, avisaram aos patrões que a proposta também passará docilmente. Caberá então ao presidente Lula a impopular porém necessária tarefa de vetar a medida – e ele já mandou dizer que, para preservar a solidez dos alicerces econômicos do país, assim o fará. Não se esperava menos do presidente. Nem, por outro lado, se esperava mais dos congressistas. Cedendo gostosamente às tentações populistas que grassam em tempos eleitorais, eles ainda preparam a votação de um bilionário pacote de tungas – que, se aprovadas pelo Congresso, podem causar uma inconcebível cratera de 26 bilhões de reais nas contas públicas.

Esse pacote compõe-se de projetos que estão prontos para ir a votação no plenário da Câmara e, não por acaso, beneficiam somente funcionários públicos, uma privilegiadíssima casta de 1 milhão de pessoas, que custam cerca de 100 bilhões de reais por ano ao país. Há criação de cargos de carreira e de confiança, funções comissionadas, reajustes, equiparações salariais – enfim, contempla-se todo o vernáculo burocrático que faz brilhar os olhos dos sindicalistas, que faturam politicamente esses ganhos junto aos seus filiados, mas que apavora os demais brasileiros – aqueles que acabam pagando a conta do lucro da companheirada. Está pronta para ir a plenário, por exemplo, a criação de quase 17 000 cargos no Judiciário e 5 000 no Executivo. Outros dois projetos estipulam reajustes fabulosos para todos os burocratas do Ministério Público e do Judiciário. Se essas propostas vierem a prosperar, para arcar com elas o país gastará a extraordinária quantia de 11 bilhões de reais por ano – o mesmo valor investido pelo governo em 2009 no Bolsa Família, o principal programa de distribuição de renda do país. Diz o cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília: "O problema não é só criar novas despesas sem receita, mas também criar as despesas erradas. Devem-se privilegiar investimentos em áreas como infraestrutura, saúde, educação".

Entre os sortilégios prestes a se materializar no plenário da Câmara, constam aberrações indefensáveis, como a emenda à Constituição que acaba com os limites para o cálculo do adicional por tempo de serviço, proposta que pode sugar quase 10 bilhões de reais dos cofres públicos. Revela-se alarmante o fato de que os autores dessas propostas não são deputados radicais de partidos nanicos, nem opositores dispostos a prejudicar o governo de qualquer maneira: são parlamentares que compõem a base aliada. O fim do fator previdenciário resultou do esforço do senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul. O deputado Arnaldo Faria de Sá, do PTB de São Paulo, patrocina a emenda que aumenta o salário dos policiais. Regis de Oliveira, outro governista, assina a proposta que ressuscita o adicional por tempo de serviço.

A autoria desses projetos, assim como a tranquila aprovação na semana passada do reajuste dos aposentados, reforça que a dita base aliada no Congresso só é aliada quando lhe convém – ou seja, na hora de nomear apadrinhados no governo e exigir a liberação de emendas ao Orçamento. Nos momentos em que a coerência programática deve prevalecer, prevalece, ao contrário, a lei da selva política: cada um faz o que melhor for para os seus interesses. Perto das eleições, quando os interesses dos parlamentares se resumem a manter-se no poder, as prioridades deles, naturalmente, aliam-se às prioridades de quem pode elegê-los. É nesses instantes que assoma a força das categorias articuladas politicamente, como os funcionários públicos. Eles formam a plateia que dobra o Congresso, porque dobrado o Congresso se deixa ser, de modo a continuar onde está.

De um modo ou de outro, a conta dessa farra será quitada pelos brasileiros que trabalham e pagam impostos. Se o Congresso aprovar essas medidas e o presidente sancioná-las, duas coisas poderão acontecer: o governo cortar investimentos necessários para o desenvolvimento do país ou aumentar impostos – ou, ainda pior, promover ambas. "Essa tendência de aprovar mais despesas é extremamente preocupante", afirma o economista José Matias Pereira, da Universidade de Brasília. "A conta não fecha. Não se pode gastar mais do que se ganha. Simples assim."

A concepcao de desenvolvimento de certas pessoas...

Um capitalismo de Estado, engordado com o dinheiro de todos os brasileiros, para premiar os amigos do poder com grandes obras subsidiadas...

Lula celebra Geisel em Belo Monte
DEMÉTRIO MAGNOLI
O Estado de S.Paulo, 29 de abril de 2010

Belo Monte lembra Itaipu, de muitas formas. O estudo de viabilidade da usina, então batizada Kararaô, começou em 1980, durante a construção de Itaipu. O nome do general-presidente Ernesto Geisel está ligado às duas obras. Itaipu nasceu do consórcio binacional firmado um ano antes de sua posse, mas tornou-se um ícone do modelo de desenvolvimento que ele personificou. O conceito original de Kararaô foi elaborado durante o seu quinquênio, como parte de um grandioso plano de exploração do potencial hidrelétrico da Amazônia. De Kararaô a Belo Monte, mudou a abordagem dos impactos sociais e ambientais do projeto. Por outro lado, a engenharia financeira da hidrelétrica, tal como exposta no seu leilão, evidencia a restauração da visão geiseliana sobre o Brasil.

Lula definiu Geisel como "o presidente que comandou o último grande período desenvolvimentista do País". A crítica ao desenvolvimentismo geiseliano não partiu dos liberais, então um tanto calados, mas da esquerda. As grandes obras de infraestrutura de sua época foram financiadas à custa do endividamento estrutural do Estado e pagas ao longo de mais de uma década de inflação. No preço oculto das variadas Itaipus, esses objetos do encantamento de Lula, deve-se contar a crise política crônica que destruiu o regime militar e envenenou os governos Sarney e Collor tanto quanto a impotência do Estado para investir em serviços públicos de saúde e educação. Tais lições, aprendidas na transição política que viu nascer o PT, são hoje renegadas, no discurso e na prática, por um presidente embriagado de soberba.

Geisel ofereceu energia barata para a indústria, subsidiando-a pela via da exclusão social de milhões de brasileiros. Uma ditadura comum pode fazer isso por algum tempo, mas é preciso uma ditadura à chinesa para sustentar tal estratégia de desenvolvimento. Kararaô não seguiu adiante pois esgotara-se o fôlego financeiro e político do modelo de Geisel. Desde a redemocratização, sob pressão dos eleitores, os governos iniciaram um redirecionamento dos fundos públicos para as finalidades sociais. O leilão de Belo Monte representa uma inflexão nessa curva virtuosa.

A engenharia financeira da usina se subordina ao dogma geiseliano da tarifa barata. O suposto benefício não passa de um subsídio indireto aos empresários industriais e comerciais, que consomem juntos quase 70% da oferta total de eletricidade. A tarifa comprimida afugentou os investidores privados, convertendo o Estado no financiador principal da obra. O BNDES entrará com 80% dos recursos, a juros subsidiados e prazo de pagamento de 30 anos. Como o BNDES não dispõe desse capital, o Tesouro pagará a conta, emitindo dívida pública.

O preço real da eletricidade que será produzida, escondido atrás da tarifa de mentira, corresponde à remuneração do capital investido na obra, mais os custos e lucros da concessionária. A diferença entre o preço real e a tarifa recairá sobre os brasileiros de todas as faixas de renda, inclusive sobre a geração que ainda não vota. Itaipu, segunda versão: apesar daquilo que dirá a candidata governista no carnaval eleitoral, o povo fica condenado a subsidiar a energia consumida pelo setor empresarial.

Lula celebra Geisel no templo profano do capitalismo de Estado. Contudo, se o general confinava as empresas parceiras à lucrativa função de empreiteiras, o presidente que o admira prefere o sistema de aliança no consórcio concessionário. O jogo, mais complexo, assumiu a forma de uma contenda entre aliados pela distribuição de poder e benesses financeiras. À sombra da regra da tarifa subsidiada, manejando os recursos públicos e o capital dos fundos de pensão, que trata como se fossem públicos, o governo impôs o controle estatal sobre o consórcio.

A Eletrobrás, imaginada como uma Petrobrás do setor elétrico, terá a hegemonia na operação da usina, pela via da participação de 49,98% da Chesf no consórcio vencedor. À meia luz, no ambiente propício aos acertos heterodoxos, desenvolve-se o processo de domesticação dos parceiros privados, que aceitarão posições subordinadas em troca de generosas isenções tributárias e da almejada participação como empreiteiros. O leilão foi apenas o ponto de partida da negociata multibilionária, que seguirá seu curso longe dos olhos da opinião pública.

A nova Itaipu custará estimados R$ 30 bilhões. Na sequência, vem aí o leilão do trem-bala, com custo similar, também financiado essencialmente por meio de emissão de dívida pública. O PT nasceu no ano da concepção de Kararaô e no rastro da crítica de esquerda ao peculiar nacionalismo geiseliano, com a sua aliança entre o Estado-empresário e uma coleção de grandes grupos privados associados ao poder. Três décadas depois, é no capitalismo de Estado que ele busca um substituto para a descartada utopia socialista.

"No Brasil dos generais, quem quisesse crescer tinha de ter uma relação de dependência absoluta com o setor público", explicou um alto executivo da construtora Norberto Odebrecht, que participou da fase derradeira da construção de Itaipu. O fundador da empresa mantinha relações estreitas com Geisel. Seu neto, Marcelo, atual presidente da Odebrecht, conserva uma coerência de fundo com as ideias do avô. É essa coerência que o levou a afirmar, três meses atrás: "O Chávez tem vários méritos que o pessoal precisa reconhecer. Antes dele, a Venezuela estava de costas para a América do Sul e de frente para os EUA. Vocês podem questionar o que quiserem, mas é inequívoca a contribuição que Chávez deu à integração do continente americano. É inequívoco, também, que os objetivos são nobres."

Marcelo Odebrecht pode ou não ter objetivos "nobres", mas não é ingênuo nos negócios - nem em política. A Odebrecht negocia a sua incorporação ao consórcio de Belo Monte. Ela tem bilhões de motivos para gostar do capitalismo de Estado.

É SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL:

Seria melhor que a Grecia reestruturasse a sua divida

Os europeus e o FMI, mais alguns credores nacionais, estão sustentando a dívida grega, o que significa simplesmente transferir dinheiro dos contribuintes europeus para os bancos europeus que compraram, de maneira irresponsável, títulos da divida grega.
O pacote se eleva ao montante absurdo de metade do PIB grego, o que indica que alguma coisa está errada com esse país irresponsável.
Seria melhor que os gregos obrigassem os credores a um rebaixamento das obrigações financeiras pelos próximos três ou quatro anos, impondo um desconto do valor face de pelo menos 30%.
Paulo R. Almeida

A Better Plan for Greece
Luigi Zingales
City Journal, 7 May 2010

A restructuring, not a bailout

It seems like déjà vu: using fear, a political leader pushes down the throats of violently opposed voters an expensive bailout plan that benefits banks. That description applies not only to U.S. Treasury Secretary Henry Paulson in 2008 but also to German Chancellor Angela Merkel and French President Nicolas Sarkozy in 2010. Make no mistake: the €110 billion bailout plan, organized by the European Union and the International Monetary Fund and backed by Merkel and Sarkozy, is designed not to save Greece but to avoid painful losses to German and French banks, which hold massive amounts of Greek debt. According to Barclays’s estimates, French financial institutions hold €50 billion of Greek debt, while German ones hold €28 billion.

Just as Paulson did, Merkel and Sarkozy have artfully presented the situation as a choice between bailout and catastrophe. Any reasonable person would choose to avoid the disaster that an uncontrolled default would cause and reluctantly back a bailout. But there is another way out: restructuring, which was a feasible option in the Paulson case and is feasible now as well. Just as many private firms do when facing the threat of default, the Greek government could restructure its debt. In fact, Greece as a sovereign borrower is in a much stronger bargaining position than a private company.

Here’s how it could work. The first thing Greece needs to restructure its public finances is time. So the initial step of a restructuring plan would be a forced extension of debt maturity by three years. This extension, amounting to a partial default, would saddle holders of debt issued by the Greek government with a 15 to 20 percent loss. Temporarily liberated from the need to refinance its debt, Greece would need only the money to finance its budget deficit, which it must bring down dramatically in the next few years. Any credible fiscal policy plan must shrink the budget deficit to €20 billion this year and €5 billion the following year. The International Monetary Fund would be in the best position to extend the €25 billion in loans to cover these deficits. The IMF could make the loans conditional on these deficit cuts’ being reached and could also make the loans senior to all the existing debt—as debtors in financing lending do in U.S. bankruptcy law—which would keep the funds from propping up the existing debt.

Such a plan would admittedly be risky because of the impact it could have on banks in Greece. French and German banks would not be affected in a major way; most of the Greek debt that the two countries hold is owned by insurance companies and mutual funds, which can absorb the shock, rather than by banks, which hold just €18 billion of debt in France and €19 billion in Germany. Thus the worst-case 20 percent loss that Greece’s partial default could impose on debtholders would represent €4 billion for each country’s banks—a significant blow, but not enough to imperil the entire European banking system. The Greek situation is different. According to Barclays’s estimates, Greek banks hold €42 billion of Greek debt. There, a 20 percent loss would equal €8 billion, potentially too much to bear. The failure of Greek banks could then easily spread a panic throughout Europe.

So a restructuring plan would require an IMF intervention in the Greek banking system: not a bailout, but a temporary takeover of insolvent banks. The IMF could act as a receiver, guaranteeing the banks’ systemic obligations (deposits and interbank debt) while wiping out shareholders and also, to the extent the losses require, long-term debtholders. Then it could temporarily recapitalize these banks and sell their shares in the marketplace as soon as the market stabilized. This part of the plan would not require more than €8 billion, and the IMF would be likely to recover all of that (and more) at the time the banks were sold. So the total amount of funds required would not exceed €33 billion, an amount that the IMF could feasibly cover on its own.

This restructuring plan would cost European taxpayers nothing while preserving marketplace incentives. The current bailout plan, by contrast, rewards banks and individuals who invested in risky Greek debt, contributing to moral hazard and distorting future market signals. But the restructuring that I propose would never be discussed in Europe, let alone approved. In Paris and Frankfurt, as in Washington, the will of the banks matters more than the will of the people.

Luigi Zingales is the Robert C. McCormack Professor of Entrepreneurship and Finance at the University of Chicago Booth School of Business and a City Journal contributing editor.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Know-how (ou nou-rau) economico brasileiro para ajuda a Grecia...

Acredito ser imperdível, para os que apreciam humor econômico (com toda a sutileza permitida pelo gênero, claro).
Como não sou o autor, não adianta debater comigo, apenas ler e se divertir (para os que gostam do gênero, claro, pois sempre tem aqueles que vão ficar rangendo os dentes e ser tentados a responder, o que eu já digo que é inútil, pois não sou autor, apenas divulgador. A única coisa que fiz foi trocar GDP por PIB, pois acho que o pessoal estava tentando escrever em grego, ou alguma dessas línguas bárbaras...). PRA.

Pacote de ajuda brasileira para a Grécia
Trilha Liberal, 7 de maio de 2010

Está embarcando hoje para Atenas uma delegação de especialistas brasileiros, enviados como cortesia pelo Itamaraty. Economistas do IPEA estão preparando apresentações ao governo Grego provando que o gasto público grego é da mais alta qualidade, e que a produtividade do servidor público grego é mais alta do que a do setor privado, o que garantirá taxas de crescimento do PIB acima do mercado, e resolverá supostos problemas fiscais. 'O problema são os juros', concluirá o palestrante.

O adjunto econômico da UNASUL acompará a delegação brasileira e fará uma apresentação expondo as experiências do Instituo Nacional de Estatísticas da Argentina, em sua constante missão de esclarecer alguns numeros mal-entendidos e mal-interpretados pelo mercado, usando estatísticas macroeconômicas responsáveis socialmente e da mais alta qualidade.

Especialistas da FGV irão fazer uma apresentação mostrando que o endividamento grego, embora relativamente alto, é uma consequência do modelo de estado escolhido democraticamente pelos gregos, que afinal inventaram essa estória toda, logo sabem o que estão fazendo e merecem respeito.

Portando, os especialistas brasileiros mostrarão com seus estudos econométricos precisos que o mercado está redondamente enganado sobre uma suposta deterioração nas contas públicas gregas.

Técnicos do BNDES vão apontar para a Grécia o caminho brasileiro, comprovadamente uma invenção tupiniquim como a palavra saudade e a jabuticaba. A receita brasileira diz que em tempos de crise, é essencial que o estado tome a liderança dos investimentos tanto no setor público quanto privado. E em épocas sem crise, com mais motivos ainda é necessário que o estado faça o mesmo.

Através dos recursos espontaneamente recolhidos dos trabalhadores pelo Fundo de amparo ao trabalhador português, irlandês e grego (FAT PIG) os brasileiros demonstrarão que investimentos estatais em grandes empresas européias garantirão um sólido crescimento para estes países e para a Europa como um todo.

O BNDES também já anunciou o interesse brasileiro em investimentos em parceria no setor de azeite de oliva, desde que a tecnologia seja compartilhada com o Brasil. A Petrobrás anunciou o interesse de investir no azeite de oliva como um combustível alternativo bastante econômico.

Uma delegação da JBS-Friboi acompanhá os representantes brasileiros para conhecer técnicas de preparo do churrasco grego, e sondar um possível investimento em uma unidade de processamento de alimentos, com o aval do banco, para produzir churrasco grego usando picanha 100% brasileira.

A Caixa Econômica Federal mostrará seus planos de habitação no Brasil para os próximos anos, que de acordo com a Caixa e o governo, formam a estratégia ótima para sair da crise. Todos precisam de casas para morar, e é evidente que o sonho da casa própria gera um ciclo virtuoso na economia, gerando empregos e renda. Portanto, é extremamente necessário que o setor de habitação tenha juros mais baixos, para que os gregos deixem para trás suas casinhas brancas nos morros, e passem a morar em habitações de qualidade.

Para não atrair a atenção dos repórteres internacionais, que não o deixam em paz um minuto sequer após sua consagração como grande líder internacional, a delegação brasileira transportará o presidente Luís Inácio Lula da Silva dentro do compartimento executivo de um cavalo gigante de madeira.

O presidente explicará, em termos simples, que nunca antes na história da Grécia houve tanto progresso quanto nos últimos anos, e que todos estes problemas não passam de especulação dos mercados e da imprensa européia que não aceitam que os países mais pobres da Europa possam ter direito a ter uma vida digna.
Postado por Julek às 12:37 PM

Diplomacia da generosidade eletrica (assimetrica)

O Focem é para corrigir assimetrias. Do jeito que vai, se está aprofundando assimetrias...

Comunicado Conjunto dos Ministros das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil e da República do Paraguai sobre a construção da Linha de Transmissão entre Itaipu e Villa Hayes

Por mandato do Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Senhor Presidente da República do Paraguai, Fernando Lugo Méndez, após o Encontro Bilateral realizado na cidade de Ponta Porã, Brasil, em 3 de maio de 2010, subscreve-se o presente

COMUNICADO CONJUNTO

Nessa oportunidade, os Presidentes do Brasil e do Paraguai recordaram o compromisso contido no ponto 10 da Declaração Conjunta assinada em Assunção, em 25 de julho de 2009, relativo à "construção por Itaipu da LT 500 kV entre a SE Itaipu-MD e a SE Villa Hayes. (...) As duas obras serão transferidas sem custo ao Paraguai".

Os Governos da República Federativa do Brasil e da República do Paraguai identificaram, como mecanismo para viabilizar a execução da linha de transmissão de 500 kV no mais breve prazo possível, o Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (FOCEM). Nesse sentido, os recursos serão repassados pelo FOCEM a ITAIPU, para que execute a obra.

Para este efeito, os dois Governos apresentarão o projeto de forma conjunta, para a utilização dos recursos do FOCEM derivados das contribuições feitas pelo Brasil - tanto as obrigatórias quanto as voluntárias - que beneficiarão o Paraguai.

Levando em consideração que o valor da obra é estimado em US$ 400.000.000 (quatrocentos milhões de dólares), desse montante, US$ 100.000.000 (cem milhões de dólares) virão de contribuições obrigatórias brasileiras e até US$ 300.000.000 (trezentos milhões de dólares) de contribuições voluntárias do Brasil.

Nessa oportunidade, os Presidentes determinaram que a Entidade Binacional ITAIPU e a Administración Nacional de Electricidad (ANDE) adotem as providências necessárias para a pronta execução da obra, cuja conclusão está prevista para o mês de dezembro de 2012.

Assinado em 5 de maio de 2010

Celso Amorim
Ministro das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil

Héctor Lacognata
Ministro das Relações Exteriores da República do Paraguai

O original desta nota encontra-se disponível no seguinte endereço:
http://www.mre.gov.br/portugues/imprensa/nota_detalhe3.asp?ID_RELEASE=8192

Nossos aliados "climaticos" no Bric: eles mesmos, os chineses...

Sem comentários (e precisa?):

Sabe quem sabotou o acordo do clima?
por Marcos Guterman
Seção: Zeitgeist
Blogs do Estadão, 05 de maio de 2010 22:51:23

Os EUA passaram à história como o perverso país que boicotou o Protocolo de Kyoto, como a comprovar a indiferença do “império” sobre os destinos do mundo sobre o qual exercia sua hegemonia. Agora, a revista Der Spiegel revela que, na Conferência do Clima de Copenhague, o fracasso deve ser debitado na conta do país queridinho dos antiamericanos: a China.

Juntos com a Índia – e apoiados por Brasil e África do Sul –, os chineses impediram que se articulasse um consenso para a redução acentuada da emissão de carbono, como mostram os registros gravados de uma tensa reunião de cúpula na Dinamarca, em 18 de dezembro de 2009.

No encontro, fechado à imprensa, estavam presentes os principais chefes de Estado do planeta, como Barack Obama, Angela Merkel, Gordon Brown e Nicolas Sarkozy. Lá pelas tantas, o francês, ao perceber o naufrágio da proposta, exaltou-se: “A China, que logo será a maior economia do planeta, diz ao mundo: ‘Compromissos se aplicam a vocês, e não a nós’. Isso é absolutamente inaceitável. Isso é sobre coisas essenciais, e alguém tem de reagir a essa hipocrisia”.

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, não compareceu ao encontro, enviando em seu lugar um subalterno. Esse diplomata se sentou ao lado de Obama, num evidente escárnio, ainda que o presidente americano tenha tentado pôr panos quentes na situação – coisa que a Spiegel qualificou de “facada nas costas dos europeus”.

A ideia de Pequim, desde sempre, foi evitar um acordo que obrigasse a China a cortar suas emissões, o que certamente afetaria seu desenfreado crescimento econômico. E a história, como sempre, serve de desculpa esfarrapada, como se constatou pelo discurso do subalterno de Wen: “Nos últimos 200 anos de industrialização, os países desenvolvidos contribuíram com mais de 80% das emissões. Quem criou o problema é responsável pela catástrofe que estamos enfrentando”. Por essa lógica infantil, os chineses, que descobriram a pólvora, deveriam ser responsabilizados pelos milhões de mortos que ela provocou.

Como diz a Spiegel, tomar conhecimento dos detalhes desse episódio só serve para confirmar a sólida autoconfiança dos asiáticos e a crescente impotência do Ocidente.

Voce compraria acoes de uma empresa estatal pouco transparente?

Talvez sim, pelo menos por certo tempo.
Afinal de contas, o governo já fez as ações dessa companhia se valorizarem mais de 3 mil por cento, por manobras de certos "espertos" (ou bandidos) interessados justamente nisso.
Mas, você confiaria na palavra desse presidente de companhia que disse que vai apresentar lucros em apenas dois anos de funcionamento, subsidiando conexões baratas para o povinho miudo?
Talvez, pois o governo, mais uma vez, está colocando mais de 3 bilhões de reais na companhia, ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro. Fica fácil, assim, fazer caridade com o dinheiro alheio, como sempre acontece.
Em todo caso, acredito que o governo poderia tratar do que é verdadeiramente estratégico: colocar crianças em escolas de boa qualidade o dia inteiro.
Oferecer conexões de internet, isso o setor privado pode fazer e o setor privado não vai fazer escolas primárias de boa qualidade, funcionando o dia inteiro...
Acho que falta foco, e faltam prioridades a esse governo.
Não esperem a educação melhorar de qualidade pelo futuro previsível: os analfabetos vão poder continuar escrevendo errado em alta velocidade...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 7 de maio de 2010)

Sem subsídios, estatal vai ter lucro a partir de 2013, prevê novo presidente
Valor Econômico, São Paulo, 7 de Maio de 2010

De Brasília, 06/05/2010 -- O maior entusiasta da restauração da Telebrás ao longo das discussões do Plano Nacional de Banda Larga, Rogério Santanna, será seu novo presidente. Segundo ele, nos moldes do plano apresentado ontem, a partir de 2013 a Telebrás começará a apresentar lucro e, daqui a dez anos, apresentará um Ebitda (receita operacional líquida) de 51%. "Não será uma empresa subsidiada, que vai onerar os cofres públicos", diz Santanna. "Será uma empresa eficiente, que focará mais em inteligência do que na operação de serviços."

O fato relevante divulgado na terça-feira pela Telebrás indicava que a empresa poderá oferecer serviços de acesso onde a oferta não for considerada adequada, o que significa baixa atratividade econômica para empresas privadas. Para Santanna, porém, no resultado final, haverá bom lucro.
Foto Destaque

Ontem, a ação PN da empresa subiu 19,5% com a notícia da sua retomada como protagonista do PNBL. Nas contas do assessor especial da Presidência, César Alvarez, a Telebrás terá receita de R$ 5,7 bilhões daqui a dez anos.

Para ter fôlego para esta missão, a estatal - que perdeu qualquer atividade operacional com a privatização do setor em 1998 -, será capitalizada em R$ 3,22 bilhões. Santanna destaca, porém, que essa operação não precisa ocorrer no curto prazo, porque, para atingir as metas definidas para 2010, os cerca de R$ 280 milhões que a empresa tem em caixa seriam suficientes.

"O investimento (capitalização) será do Tesouro Nacional, mas os acionistas minoritários poderão acompanhar", diz Santanna. Para ele, está descartada a possibilidade de a Telebrás fechar o capital. "Isso nos obriga a ter bons critérios de governança corporativa e transparência." Além de operar a rede de 30,5 mil km de fibras ópticas que o governo quer ter até 2014, a Telebrás terá garantia de fornecimento de serviços a órgãos públicos federais, como a Receita Federal e a Previdência Social, sem necessidade de licitação.

Santanna é atualmente secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento. Ele substituirá Jorge da Motta e Silva, que foi indicado à presidência da Telebrás pelo ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira, hoje deputado federal do PMDB do Ceará.

Para Santanna, em cerca de dois meses a empresa poderá ser reativada. Hoje, a Telebrás tem 226 funcionários, dos quais mais da metade está alocada na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em 2020, o governo prevê que a empresa chegará a ter 400 funcionários. (DF)

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Addendum:
O governo é um especulador (como eu sempre desconfiei). (PRA)

O especulador
Miriam Leitão
O Globo - 06/05/2010

Durante mais de dois anos o governo soltou balões de ensaio, fez declarações, desmentidos, informações contraditórias sobre Telebrás, apesar de ser uma empresa com ações em bolsa. O resultado foi o que se viu: as especulações produziram uma violenta volatilidade, uma alta espetacular das ações. Altas e quedas produziram ganhos aos mais espertos.

A notícia que saiu aos pedaços foi confirmada: a Telebrás será a gestora do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). A forma correta de fazer isso era o governo decidir primeiro e anunciar depois. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deveria ter visto isso.

Manipular o mercado dessa forma é crime.

O governo Lula nada fez em matéria de telecomunicação.

Tudo o que aconteceu foi decorrente da privatização.

A telefonia estatal tinha 20 milhões de clientes dos serviços de telecomunicações. Agora, 12 anos depois, são 235 milhões. O número é maior do que a população porque alguns são consumidores de diversos produtos.

As empresas, como disseram ontem em nota, investiram R$ 180 bilhões nestes 12 anos. Nada disso seria possível se o setor permanecesse estatal.

O governo Lula não conseguiu sequer usar o fundo criado na venda das empresas, o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, que tem hoje R$ 10 bilhões depositado lá pelas empresas do setor. Esse fundo era exatamente para ampliar serviços como a banda larga.

Depois de sete anos sem fazer coisa alguma, o governo Lula, a sete meses do seu fim, lança um plano para investir R$ 13 bilhões em cinco anos e reintroduzir o Estado no setor. E o faz com óbvias fanfarras eleitoreiras.

Não há dúvida que o serviço de banda larga tem que ser ampliado, mas para isso o governo tem recursos dos fundos setoriais (Fust e Funtel) e muito a fazer. Há oito anos, a Anatel não oferece uma licença de TV a cabo. A última oferta de novas frequências (espectro radioelétrico) para utilização de serviços sem fio foi feita no final de 2008. Os serviços de telecomunicações pagam mais impostos que perfumes, bebidas e armas. Só para usar um exemplo: no modem de internet móvel há 75% de impostos.

O ex-ministro das comunicações Juarez Quadros não tem dúvidas que é preciso ampliar os serviços de banda larga no Brasil, mas acha que o governo reativar uma empresa em processo de liquidação é o caminho errado.

— Uma estatal depende de procedimentos burocráticos, como restabelecimento de um quadro de pessoal, aprovação da proposta do Executivo pelo Legislativo.

Tem amarras para investir — diz ele.

A Telebrás quando funcionava era uma holding de prestadores de serviço, ela em si não prestava serviço ao público. A própria lei que criou a estatal tem que ser mudada. Isso sem falar na Lei Geral de Telecomunicações, que definiu os participantes do mercado.

O economista William Alves, da XP Investimentos, explica que a Telebrás era uma massa falida, com patrimônio líquido negativo de R$ 400 milhões. Ou seja, possuía dívidas maiores do que o valor da própria empresa.

Se ela fosse vendida, ainda assim não haveria dinheiro para pagar tudo. Os prejuízos trimestrais eram constantes, com pagamentos de passivos trabalhistas, pensões e aposentadorias.

Como mostra o gráfico abaixo, até o final de 2007 as ações da Telebrás negociadas em bolsas não tinham valorização, ficavam encostadas com preço baixo. Mas após as primeiras declarações do então ministro Helio Costa e do presidente Lula, de que queria usar a empresa no PNBL, teve início a especulação: — Quem comprou esse papel não foi o investidor, mas o especulador. Esse é um papel totalmente especulativo porque não é possível projetar nada sobre a empresa, até porque ela não oferece mais nenhum tipo de serviço, é apenas uma massa falida.

Não gera receita, apenas despesa. Tudo essa alta aconteceu em função das declarações do governo — explicou William.

Somente este ano, as ações subiram mais de 160%. Ontem, após o anúncio oficial do Plano, as ações chegaram a subir mais de 40%, e o pregão teve que ser interrompido por conta da forte volatilidade.

Se quisesse ampliar e aumentar o acesso, o governo poderia retirar barreiras, regular, ampliar licenças e frequências, fazer desonerações para os serviços que considera prioritário ou faixas de renda, e usar os fundos para subsidiar a baixa renda. Poderia ter atuado na oferta e na demanda ao longo dos últimos sete anos, mas escolheu o caminho de injetar gás numa estatal falida e quebrando todas as regras de respeito ao mercado de capitais.

Inimigos do capital financeiro: nao apenas no Brasil

Não é só no Brasil que os supostos defensores da "economia popular" e inimigos do "capital financeiro internacional" tentam limitar e estrangular esses banqueiros gananciosos e outros especuladores financeiros.
Nos EUA, também, a demagogia e o populismo inconsequente tentam, por vezes, destruir ou desmantelar essa perna importante do capitalismo americano que são os serviços financeiros, com medidas regulatórias ou, em todo caso, limitativas de sua ação.
Cabe recordar que 70% do PIB americano é feito de serviços, não de indústria manufatureira ou de agricultura -- ridiculamente pequena, a despeito do lobbby gigantesco que captura recursos dos contribuintes -- e que o setor financeiro representa uma boa parte não apenas do PIB mas sobretudo da interface internacional do capitalismo americano.
Tentar cortar suas pernas e braços, portanto, representaria algo como tentar amarrar o Gulliver financeiro pelos liliputtianos do Congresso. Nem sempre isso é bem sucedido, como revela esta nota dos porta-vozes da Febraban americana:

From the Editors of American Banker

Senate Rejects Measure to Cap Size of Banks
WASHINGTON — After more delays and partisan fighting late Thursday over whether and how to proceed on financial reform, the Senate rejected 61 to 33 a populist amendment that would have forced the break up of the nation's biggest banks.
The measure from Democrats Sens. Sherrod Brown of Ohio and Ted Kaufman of Delaware would have placed a hard cap on banks of 10% of the nation's insured deposits. It would have limited a bank's nondeposit liabilities at 2% of the national gross domestic product. That cap would have been 3% for financial institutions that do not own a bank.
Had the provision been adopted and made it into law, these limits would have forced the largest institutions to shrink in size to roughly where they were a decade ago.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Uma advertência bem-vinda, e a tempo

O crescimento da economia brasileira tem sido alimentado a crédito, excessivo, generoso, por parte do governo. Com dinheiro, aliás, que foi retirado de nós (pelos impostos), ou que ainda será retirado (pela dívida pública e por novos impostos), ou por inflação, simplesmente.
Neste momento, caberia recordar algumas palavras sábias:

"There is no means of avoiding the final collapse of a boom expansion brought about by credit expansion. The alternative is only whether the crisis should come sooner as the result of a voluntary abandonment of further credit expansion, or later as a final and total catastrophe of the currency system involved."
Ludwig von Mises

Progressos do socialismo científico: o inacreditavel caso cubano

Se quiserem, leiam primeiro a noticia abaixo.
Nos sessenta anos em que Cuba foi "colônia informal" (ou formal, se quiserem) do império, sua produção aumentou constantemente. No momento da sua "libertação" era o principal produtor e exportador mundial, com quase 8 milhões de toneladas de açúcar, bem mais do que o Brasil, que hoje assumiu a condição de maior exportador (mas não produtor, que é a Índia).
Pois bem, hoje Cuba importa açúcar do IMPÉRIO (que lhe fornece, aliás, quase todos os seus produtos alimentares) para seu próprio consumo.
Deve ser por que a palavra de ordem é "libertar-se da monocultura colonial"; diversificar a economia, aumentar a capacidade tecnológica, etc, etc, etc.
Paulo Roberto de Almeida

La producción azucarera cubana se desploma a niveles de 1905
Emilia C. de Paula
El País – 05/05/10

La Habana – La industria azucarera cubana hace aguas por donde uno mire. Dos días después de que el Gobierno de Raúl Castro destituyera al ministro del ramo, Luis Manuel Ávila, por “deficiencias en su trabajo”, el diario Granma ha salido a escena con datos demoledores: este año la zafra será la peor desde hace 105 años, cuando Cuba apenas produjo 1,2 millones de toneladas de azúcar. Según el órgano oficial del Partido Comunista, la actual cosecha ha sido “pésima en producción y eficiencia”. “Desde 1905 el país no registraba una campaña azucarera tan pobre”, afirma, señalando entre las causas de esta debacle la ineficiencia crónica y “un elevado grado de imprecisiones y voluntarismo”.

No hay datos oficiales sobre cuál era el estimado de producción en la zafra 2009-2010, pero diversos analistas lo sitúan en torno a 1,4 millones de toneladas, similar al del año anterior. Según Granma, “al cierre de mayo” el atraso “rebasaba las 230.000 toneladas”, y falta poco más de un mes para concluir la temporada.

Según analistas, el resultado final de la cosecha pudiera estar entorno a 1,1 millones de toneladas, “o ser incluso menor”. Como datos de referencia valgan tres: en 1924, la zafra fue de 4,2 millones de toneladas; en 1958, de 5.6 millones; en 1990, último año de la hermandad con la URSS, la producción superó los 7,8 millones de toneladas.

La catástrofe es evidente. Desde que se inició la zafra a finales del año pasado, sólo han cumplido el plan asignado 10 de las 44 fábricas azucareras que activaron su maquinaria esta temporada; y si hablamos de territorios, solo dos de las 14 provincias cubanas lograron cumplir sus compromisos. Según Granma, al Ministerio del Azúcar le faltó “control y exigencia”.

La realidad es que llueve sobre mojado. Desde que la isla acometió un proceso de reconversión salvaje, el sector no ha levantado cabeza. Entre 2002 y 2004, Cuba reestructuró el sector azucarero, lo que supuso el cierre de casi un centenar de centrales (fábricas): de las 156 que existían quedaron 61, y se eliminaron más de 100.000 puestos de trabajo. Además, la superficie de cultivo disminuyó de dos millones de hectáreas a unas 750.000, según datos oficiales.

En la temporada 2008-2009, la isla produjo 1,4 millones de toneladas de azúcar y facturó más de 600 millones de dólares. Muy lejos de los 4.000 millones de dólares que obtenía cuando el azúcar era la principal fuente de ingreso de divisas y su producto de exportación más importante.

Mundorama: divulgando um empreendimento exemplar em RI

Fazendo explicitamente propaganda (o que não é hábito neste blog):

Mundorama
Divulgação Científica em Relações Internacionais – ISSN 2175-2052

O que é o Boletim Mundorama

Mundorama é uma abordagem ágil sobre os temas da agenda internacional e da política externa brasileira. A iniciativa divulga análises de conjuntura, notas técnicas, teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos científicos, relatórios de pesquisa, notícias de eventos e notícias sobre o acervo em formato digital de periódicos especializados. Tudo desenvolvido em uma abordagem não-exaustiva, mas cuidadosa e atenta aos rumos do desenvolvimento da comunidade especializada em Relações Internacionais no Brasil.

Mundorama é uma publicação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília – iREL-UnB, desenvolvida pela equipe do projeto integrado de pesquisa Parcerias Estratégicas do Brasil: as experiências em curso e a construção do conceito, e apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Em Mundorama são publicadas contribuições em formato variado dos pesquisadores vinculados ao projeto e de pesquisadores colaboradores externos cuja reflexão de algum modo se alinhe com os temas da nossa agenda. São especialmente valorizadas contribuições curtas versando sobre os temas da agenda internacional contemporânea.
Expediente

Editor: Antônio Carlos Lessa – Universidade de Brasília – UnB

Conselho Editorial/Equipe do projeto integrado de pesquisa Parcerias Estratégicas do Brasil: as experiências em curso e a construção do conceito:

* Amado Luiz Cervo – Universidade de Brasília – UnB
* Ana Flávia Granja e Barros Platiau – Universidade de Brasília – UnB
* Antônio Jorge Ramalho da Rocha – Universidade de Brasília – UnB
* Argemiro Procópio Filho – Universidade de Brasília – UnB
* Cristina Soreanu Pecequilo – Universidade Estadual Paulista – UNESP
* Eiiti Sato – Universidade de Brasília – UnB
* Estevão Chaves de Resende Martins – Universidade de Brasília – UnB
* Henrique Altemani de Oliveira – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
* José Flávio Sombra Saraiva – Universidade de Brasília – UnB
* Miriam Gomes Saraiva – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
* Paulo Fagundes Vizentini - Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
* Pio Penna Filho – Universidade de São Paulo – USP

Secretaria: Celi Rodrigues de Oliveira (admin@mundorama.net)
Quem somos

A equipe do projeto integrado de pesquisa “Parcerias Estratégicas do Brasil: a construção do conceito e as experiências em curso” é composta por professores de universidades brasileiras e estrangeiras, que colaboram em uma grande rede de pesquisa dedicada ao estudo do sistema de relações internacionais internacionais do Brasil, em múltiplas perspectivas teóricas e metodológicas. Os objetivos precípuos do projeto são, além da formação e do funcionamento regular da rede científica internacional, a formação de quadros em nível de pós-graduação especializados nos temas do projeto, a criação de uma ambiência multiinstitucional dedicada ao estudo e à pesquisa acerca dessa agenda (o que inclui o envolvimento de estudantes de graduação e a orientação de projetos de iniciação científica), a disseminação de resultados (publicação de trabalhos científicos, na forma de artigos e livros, e organização de seminários e cursos temáticos) e a formação de insumos para a formulação de políticas com repercussão internacional.

A iniciativa Mundorama, desenvolvida como portal de divulgação científica do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília e do projeto integrado de pesquisa, é dirigida pelo Professor Antônio Carlos Lessa (coordenador), com apoio técnico de Celi Rodrigues de Oliveira.

Biblioteca
Seleção de recursos bibliográficos sobre Relações Internacionais e política exterior do Brasil, em diferentes perspectivas metodológicas – acervos de periódicos científicos, teses de doutorado, dissertações de mestrado e relatórios técnicos


Revista Brasileira de Política InternacionalRBPI
Publicação semestral do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI), editada desde 1958. Na nossa biblioteca estão disponíveis os números completos publicados desde 1993.
Saiba mais sobre a Revista Brasileira de Política Internacional
Acesse as edições completas

Revista Cena Internacional
Publicação semestral do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (iREL-UnB), editada desde 1999. Na nossa biblioteca está disponível a série completa.
Acesse as edições completas

Meridiano 47 – Boletim de Análise de Conjuntura em Relações Internacionais
Publicação mensal do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, editada desde julho de 2000. Na nossa biblioteca está disponível a série completa.
Saiba mais sobre o Boletim Meridiano 47
Acesse as edições completas

Livros
Seleção de livros publicados em formato digital, disponíveis em bases de dados abertas.
Acesse a seleção

Teses de doutorado e dissertações de mestrado
Seleção de teses de doutorado e dissertações de mestrado em Relações Internacionais defendidas na Universidade de Brasília e em outras instituições nacionais componentes da rede.
Acesse a seleção

Relatórios técnicos
Seleção de documentos públicos (inclusive documentação diplomática) versando sobre temas relacionados à agenda internacional contemporânea e de especial interesse para a compreensão da política externa brasileira. Compõem primariamente esta base de dados documentos levantados pelos pesquisadores da rede em suas estratégias de pesquisa.

Como publicar

1. O Boletim Mundorama publica artigos de análise de conjuntura e resenhas de livros, além de notícias sobre eventos e processos seletivos;
2. As contribuições na forma de artigos e resenhas de livros devem conter cerca de 7.000 caracteres, incluindo espaços, e devem ser apresentadas em processador de textos de uso universal;
3. As contribuições podem ser submetidas em português, inglês ou espanhol;
4. As contribuições devem conter o nome completo do autor, sua titulação e filiação institucional;
5. No caso de resenhas de livros, devem ser informados os dados completos e o ISBN da obra analisada;
6. As contribuições devem vir acompanhadas de: 3 palavras-chave em português e 3 key words em inglês; Título em inglês; Resumo em português e abstract em inglês, ambos com até 20 palavras.
7. Não devem ser usadas notas de rodapé. No caso de citação de bibliografia, usar o sistema Chicago (Autor, data), referenciando a literatura citada ao final do artigo, em ordem alfabética, como se vê abaixo:

(...) [ver no link abaixo]

Todas as contribuições na forma de artigos e resenhas de livros serão submetidas a arbitragem científica. O processo de análise editorial se estende por cerca de 5 (cinco) dias úteis e os artigos aprovados são imediatamente publicados.
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Telefone: + (55 61) 33072426 – r. 212
Telefax: + (55 61) 3274 4117

Entre em contato por e-mail.

Geovisitando este blog: um mapa dos curiosos e frequentadores

Consultando hoje, por puro acaso de clicar em cima, o linkezinho (desculpem o neologismo) Geovisit que figura ai do lado, constatei que, num dado momento (não me perguntem qual pois cliquei e depois esqueci, só voltando algumas horas depois) eu tinha um total de 464 curiosos, passantes, interessados, visitantes, turistas acidentais grudados nesta maravilha que vocês lêem agora (desculpem a brincadeira narcisística, estou gozando de mim mesmo).

Os temerários estavam assim distribuidos.
Brasil 397
Portugal 18
EUA 18
Reino Unido 4
Alemanha 4
Angola 4
França 3
Moçambique 2
Argentina 2
Espanha 2
Cote d’Ivoire, Senegal, Israel, Europa (sic), Grécia, Bangladesh, Suíça e Nova Zelândia, 1 cada...

Só ainda não descobri como esse programa consegue distinguir europeus da Europa. Só pode ser geografia de americanos...

Paulo Roberto de Almeida

Nunca antes neste pais...

Não, não é de quem vocês estão pensando que vou falar. Deixemo-lo em paz (ainda que ele poderia ter dito as mesmas coisas com outras palavras, provavelmente piores, e racistas, ainda por cima).
Não, vou falar de outra pessoa, diferente daquela acima sugerida, mas igualmente inacreditável (não tanto quanto...).
Nunca antes neste país um jornalista exerceu com tamanha sem-cerimônia seu direito de ser idiota, "desinformador", mistificador e simplesmente calhorda, como esse que vai abaixo, aliás muito conhecido e citado.
Vejam como eu sou ingênuo: eu pensava que a crise grega era de responsabilidade dos governantes, que tinham vivido durante muito tempo com o dinheiro alheio, aproveitando-se da taxa de juros do euro, mais baixa do que jamais seria a do seu país, que eles tinha escondido as contas públicas, enganado todo mundo -- o BCE, o FMI, os credores e até, vejam vocês, o povo grego -- enfim, que eles eram os únicos responsáveis por sua desgraça.
E agora, graças a esse idiota de jornalista eu descubro que os culpados por essa tragédia grega, a maior desde Ésquilo e Sófocles, são os habituais "piranhas" de Wall Street, os especuladores, os banqueiros gananciosos, os mercados financeiros, enfim, os culpados de sempre.
Como é que eu não fui descobrir isso antes???!!!
Se não fosse esse idiota de jornalista eu nunca teria desconfiado que os governantes gregos foram vilmente enganados por essa malta de traficantes do sistema financeiro internacional.
Como somos ingênuos...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 6 de maio de 2010)

O arrastão financeiro
CLÓVIS ROSSI
Folha de São Paulo, 6 de maio de 2010

LONDRES - Ataque especulativo tornou-se palavra branda demais para descrever o que está acontecendo na Europa. Já é um "arrastão", desses que vira e mexe acontecem nas praias do Rio ou nos condomínios de São Paulo.
A gota de sangue que pingou da Grécia (e ontem pingou literalmente, não figuradamente) despertou o apetite incontrolável das piranhas do mercado financeiro. Não há mais -se é que houve em algum momento- a menor "rationale" para o que está ocorrendo.
É só ler o que um dos operadores de mercado, Juan Luis García Alejo, do Inversis Banco, disse ao jornal espanhol "El País": "É impossível impor a calma nos mercados neste momento. Quando a Grécia não tinha um plano de ajuste, era castigada; quando o aprovou, era muito pequeno; e agora, que o endureceu, os investidores dizem que não acreditam nele".
Não é pequeno o estrago, de que dá prova frase de Angela Merkel, a chanceler alemã, em geral pouco dada a arroubos retóricos: "Estão em jogo o futuro da Alemanha e o futuro da Europa".
Surpreende o arrastão? A mim, nadica de nada. A ganância desenfreada tornou-se o combustível que move uma parte importante do setor financeiro.
O que surpreende é o silêncio de governantes, acadêmicos e até dos bancos não corsários, igualmente vítimas. Anteontem, o Santander sofreu um belo tombo por conta da especulação contra tudo o que cheirasse Espanha, cujo sangue está sendo pedido pelas piranhas.
O que você, Fábio Barbosa, presidente do Santander no Brasil e da Federação de Bancos e eterno pregador da ética nos negócios, tem a dizer?
Essa roleta infernal não gera "benefício social", como disse há dias George Soros, que é campeão mundial de ganhar dinheiro com as falhas do mercado, mas sabe enxergá-las e não se cala.

crossi@uol.com.br

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Puxa vida: ainda bem que temos jornalistas como este, como nunca houve antes neste país, gente que explica tudo direitinho, como nunca antes neste país... (um outro jornalista escreveria: como nunca ouve neste país, o que também serve...).
Vou dormir tranquilo: com gente atenta como ele, o Brasil está a salvo de qualquer ataque especulativo. Ele saberá nos alertar a tempo, antes que as contas do governo ofereçam o espetáculo que se espera delas. Como nunca antes desde Cabral...
PRA.

Um ecologista furioso com o governo - Jose Truda Palazzo Jr.

Lullismo internacional, um desastre ambiental
José Truda Palazzo Jr.
O Eco, 05/05/2010

"O Brasil vem protagonizando uma das exportações mais vergonhosas e danosas de que já se tem notícia na História: a exportação da destruição ambiental orquestrada por uma malta partidária servil ao empresariado retrógrado".

"...uma boçalidade ideológica que setores medievais do Itamaraty esposam: a visão de que medidas internacionais de conservação da Natureza são meras “barreiras não-tarifárias”

Durou pouco, ainda que tenha agregado mais um capítulo exótico à xenofobia ignara que promove o PT encilhado no Estado brasileiro, a mentira de que nosso Einstein de Garanhuns fora eleito pela revista Time como a pessoa mais influente do mundo . Ao fim e ao cabo, se tratava apenas de mais uma dessas listagens múltiplas de “personagens” que jornalistas gringos deslumbrados com o que não conhecem, compilam para encher lingüiça em suas publicações. Assim mesmo, é inegável que o neo-Pai dos Pobres dedicou boa parte de seus mal ganhos mandatos à frente da Presidência do Brasil para projetar uma imagem de suposta liderança internacional, de novo farol a iluminar as nações com sua sabedoria adquirida no pau-de-arara e no chão de fábrica, esses conhecidos ambientes formadores de saber diplomático e geográfico que credenciam ao posto, que se diz por ele almejado, de Secretário-Geral da ONU após seu ocaso como ocupante do Palácio do Planalto .

Esse mesmo deslumbramento raso, superficial da Time também pautou boa parte da reação internacional a Lullão Metralha durante os anos em que, no Exterior, se teciam loas ao ‘pobre torneiro mecânico perseguido pela ditadura’ e seus ideais democráticos e libertários, enquanto aqui se sucediam sob seu tacão tacanho os atropelos à lei e ao direito constitucional ao meio ambiente sadio e equilibrado; enquanto se vendia o país inteiro às empreiteiras parasitas para a construção acelerada de termo e hidrelétricas perdulárias e caríssimas, em detrimento das energias alternativas mais baratas e de geração descentralizada; e enquanto se condenavam todas as cidades do país de médio e grande porte ao caos do trânsito pela opção porcamente eleitoreira de subsidiar a venda de automóveis (para dar força às corporações automotivas e ao sindicalismo pelego do ABC paulista, berço histórico do que há de pior no petismo anti-ambiental) ao invés de aprimorar o transporte público. Nada disso viu a imprensa internacional, ofuscada pelo exotismo lullesco.

Felizmente, esse verniz de fábula acabaria por ser rachado pelos fatos. Primeiro, pela ausência efetiva de uma diplomacia digna do Itamaraty de Rio Branco e sua escola de renome internacional. Preferiu o neo-Pai dos Pobres cercar-se de nulidades truculentas como Marco Aurélio ‘Top Top’ Garcia, cujo conhecimento para ser “aceçor internassionáu” do Planalto se reduz a pouco mais do que o preço do charuto cubano e o gargarejo de afagos em portunhol a Hugo Chavez, e como esse lamentável arremedo de ministro de Relações Exteriores Celso Amorim, cujo servilismo ao atraque ideológico sobre as relações do Brasil com o resto do mundo deveria aterrissá-lo numa penitenciária, fosse este um país efetivamente sério. Juntos, o duo lullesco de Relações Exteriores vem protagonizando uma das exportações mais vergonhosas e danosas de que já se tem notícia na História: a exportação da destruição ambiental e sua ideologia legitimadora, feita em nome do governo brasileiro, mas orquestrada de fato por uma malta partidária servil ao empresariado retrógrado que domina as relações políticas nesse pobre país.

Senão vejamos. Este espaço é pequeno demais para listar os tropeços e crimes da “diplomacia” amadorista e ideologicamente prostituída da dobradinha Amorim e Top Top, mas alguns casos merecem destaque por seus desdobramentos ambientais.

O Haiti, pelo perfil, pelo custo ao Brasil e pela escabrosa desgraça de seus habitantes, é o caso mais flagrante de irresponsabilidade ambiental de nossa diplomacia. Ávidos pela projeção de estacionar uma “tropa de paz” naquele pobríssimo e devastado (social e ambientalmente) país, tentando utilizar isso para cacifar a miragem de um assento para Pindorama no Conselho de Segurança da ONU , lá estamos há anos com nosso Exército, reduzido a polícia de favelas, enquanto o que aquele país precisa de verdade é reconstrução. Não a reconstrução de facilitar a vida de empreiteiras, mas restauração ambiental que permita aos haitianos um mínimo de retomada de sua sociedade, de recomposição de sua agricultura, a qual necessita urgentemente do resgate de suas bacias hidrográficas. O Brasil que o Haiti necessita não é só o das baionetas, mas principalmente o das tecnologias e dos recursos para a recomposição ambiental, o que só não se leva àquele país porque plantar árvore, recuperar córregos, investir em agricultura familiar não engorda empreiteira nem aparece para os cartolas do Conselho de Segurança na estreita mentalidade dos ocupantes atuais do Planalto.

Segue-se na lista de intervenções desastradas a pataquada de Honduras. Um pequeno país da América Central que teria muito a ganhar de parcerias ambientais com o Brasil, e que vinha investindo em conservar sua biodiversidade , foi transformado em refém da trapalhada lullesca de oferecer, com o dinheiro de meu imposto, palanque grátis em nossa Embaixada ao golpista demagogo Manuel Zelaya, ajudando assim a paralisar a economia hondurenha e a dificultar a continuidade do fluxo de assistência, inclusive ambiental, para o país. Como o tema ambiental jamais faz parte das equações dos Maquiavéis-em-compota de nosso des-governo, lá está Honduras agora à míngua em suas necessidades de cooperação ambiental, enquanto nosso Einstein de Garanhuns, à falta do que fazer para cuidar do Brasil em ruína social e ambiental sob seu tacão tacanho, segue fazendo agressões apopléticas a Honduras , sem razão, sem noção e em detrimento da conservação da biodiversidade centro-americana. Pândega criminosa, mais uma vez motivada pela ignorância que rege a ideologia bufa a unir os caudilhos desse combalido continente.

A atuação do Brasil nos tratados internacionais de meio ambiente é outro escândalo que os ambientalistas chapa-branca, mansinhos e freqüentadores dos gabinetes palacianos, fingem não ver. O Brasil está se tornando motivo de chacota internacional por sua atuação servil aos interesses das máfias do tráfico de fauna, da pesca industrial indiscriminada e da devastação da biodiversidade, já seja por ação ou inação nos foros internacionais que correspondem. Na Convenção CITES, que trata (ou deveria tratar) da proteção de espécies ameaçadas contra o comércio internacional, o Brasil fez-se de morto na última reunião Plenária e não usou de sua decantada liderança para fazer aprovar medidas de proteção a espécies marinhas, tendo atuação absolutamente pífia, mera sombra do que foi em outras décadas quando nossa representação liderava os esforços pela proteção efetiva de espécies ameaçadas contra as máfias do tráfico.

Na ICCAT, Convenção para a Conservação do Atum Atlântico, que ser reuniu no Brasil em fins de 2009, a representação brasileira fez apenas jogo de cena sobre seu interesse em proteger as espécies capturadas ’acidentalmente’ por essa pesca predatória – tartarugas-marinhas, tubarões, albatrozes, todos ameaçadíssimos – mas não apenas não tomou qualquer medida efetiva para a adoção das medidas de mitigação necessárias, como ainda, através do Presidente brasileiro da Comissão, Fábio Hazin, que tem interesse diretos na pesca industrial, ajudou a manter aberta a matança do atum-vermelho , espécie ameaçadíssima e que se encontra em violento declínio graças à mineração da máfia da pesca industrial com a qual nosso atual des-governo colabora. Aliás, nesta reunião ficou claro que o Ministério do Meio Ambiente não manda mais nada nas políticas internacionais brasileiras que importam, estando tudo à mercê da histeria produtivista criminosa do Ministério da Pesca, cabidão lullesco de onde subsídios bilionários ajudam a estuprar o que resta do mar brasileiro e, via ICCAT e outros tratados pesqueiros onde nos mal representamos, do resto dos oceanos do mundo.

A Convenção da Diversidade Biológica é outro caso de miopia diplomático-ideológica. A representação do Brasil àquela Convenção que deveria zelar pela proteção da biodiversidade só se interessa por patentes, repartição de benefícios, e por evitar que se adotem medidas efetivas de obrigação de países criminosamente aniquiladores da biodiversidade, como o Brasil, para melhorar suas práticas. É assim que, ao invés de cumprir as metas de criação de áreas protegidas e defender a adoção de mecanismos vinculantes para a proteção da biodiversidade, nossos representantes vão lá para evitar que tais medidas aconteçam. Isso é reflexo direto de uma boçalidade ideológica que setores medievais do Itamaraty esposam: a visão de que medidas internacionais de conservação da Natureza são meras “barreiras não-tarifárias” a impedir o comércio de produtos brasileiros e, portanto, devem ser combatidas a qualquer custo. Os fósseis que defendem isso na diplomacia brasileira estão pouco se lixando para a biodiversidade, e acham que o Itamaraty é mera sucursal do empresariado exportador, de onde põem nossos impostos e nossa representação a serviço meramente de “aumentar o comércio”. Desnecessário dizer que essa mentalidade boçal encontrou eco e apoio em Top Top Garcia e seu iletrado chefe para dominar, de vez, a forma de ver a conservação da Natureza em nosso meio de Relações Exteriores.

Não vou sequer mencionar novamente as negociações de mudanças climáticas – é só ver o fiasco das posições brasileiras a respeito. Enquanto se esconde atrás do vozerio ignaro do Brasil contra as metas obrigatórias de redução das emissões de carbono, a China se prepara para em cinco anos se tornar o centro global de produção de insumos para energias renováveis não-poluentes, enquanto aqui só se fala em petróleo e carvão, bem ao gosto dos empreiteiros que bancam o PT e da Petrobras que banca Dilma para candidata a síndica desse condomínio do atraso em que ela ajudou a transformar o Brasil.

Salva-se, por enquanto, a participação do Brasil na Comissão Internacional da Baleia, graças à algo solitária clarividência do diplomata que lá nos representa, resistindo bravamente aos apelos de gente do próprio MMA por “negociar com o Japão” para reabrir a matança comercial de baleias em troca de espelhinhos e miçangas que vem sendo oferecidos para que os países voltem a endossar a matança dos grandes cetáceos. Aqui, por sorte, o MRE honra uma história de construção de uma política pró-conservação que o lullismo conseguiu por no lixo em todos os outros tratados de meio ambiente no qual o Brasil tem assento, mas neste – ainda - não.

Por fim, nosso des-governo vem promovendo, de maneira sórdida e criminosa, a exportação de seu modelo de servilismo às empreiteiras para países pobres da região, empurrando hidrelétricas destruidoras de florestas tropicais à Guiana e ao Equador, depois levando ainda por cima calotes homéricos que estouram em nosso bolso , e por aí vai, com as mesmas empreiteiras de sempre, aquelas das contribuições à próxima campanha presidencial como na anterior , ganhando suas boquinhas empurradas pela “diplomacia” paga com nosso dinheiro. É o lullismo internacional, devastador e boçal, fazendo escola junto a outros governos inconseqüentes da América latrina de sua visão escatologicamente atrasada e predatória.

Até quando? Provavelmente até o final do mal ganho mandato do Einstein de Garanhuns, mas por sorte uma parte da comunidade internacional, alarmada pela fraternidade que ele exibe aos piores ditadores fascistas e liberticidas – logo, também inimigos da conservação da Natureza, cuja defesa exige livre expressão do pensamento pelos cidadãos conscientes. Beijar Hugo Chavez, aplaudir Raúl e Fidel, e fazer-se de bedel de Ahmadinejad já resulta em que a comunidade internacional veja o verdadeiro Lulla por trás da maquiagem . Some-se a isso o escândalo da devastadora e genocida Belo Monte, e sua péssima repercussão internacional para a imagem do país , e poderemos, felizmente, comemorar que a desgraça que acometeu o Brasil nesses oito anos não se repetirá elegendo-se um tarado anti-Natureza para Secretário-Geral da ONU. Tenho fé.

José Truda Palazzo Jr. é jardineiro e indignado. Email: palazzo@terra.com.br