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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 20 de julho de 2014

Decreto Bolivariano dos Sovietes Petistas: sociedade se mobiliza contra os totalitarios

Políticos, entidades e artistas unem forças contra decreto que cria conselhos populares
Proposta permite que grupos organizados auxiliem o Executivo a governar o Brasil
R7, 19/7/2014

O decreto federal que cria conselhos de participação de movimentos sociais em instâncias de decisão, usando essesgrupos para auxiliar o Executivo a governar o Brasil, causou forte reação contrária em diversos setores da sociedade.

Parlamentares, artistas e diversas entidades de classe se manifestaram contra a medida. O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, comparou a Política Nacional de Participação Social e, depois, os conselhos populares, que surgiram a partir de uma “canetada” do governo, à atuação do Executivo em outros países da América Latina onde a democracia é atacada.

— É uma medida que aproxima o Brasil de regimes semelhantes na América Latina que estão tendo uma posição muito à esquerda e, consequentemente, solapando as bases da democracia.

Câmara aprova urgência para projeto que derruba decreto dos conselhos populares

O líder do DEM (Democratas) na Câmara, deputado Mendonça Filho, também disparou contra a medida.

— A casa de representação popular é o Parlamento, é o Congresso. É evidente que há outras maneiras de ouvir a sociedade e estamos abertos a esses outros métodos. Mas todos eles devem estar baseados em projetos de lei discutidos de forma democrática aqui no Parlamento brasileiro.

Meio artístico
No meio artístico, diversos artistas, celebridades e pensadores, engajados em causas políticas e sociais, se mobilizaram e abraçaram a ideia de derrubar o decreto federal que cria conselhos populares para ajudar o Executivo a tomar decisões relevantes para o País.

Os músicos Lobão e Roger, vocalista da banda Ultraje a Rigor, e o apresentador Danilo Gentili usaram as redes sociais para criticar o decreto federal 8.243/14, que trata da Política Nacional de Participação Social, um sistema de interação popular associado ao governo federal.

Os três acompanharam a votação da urgência do projeto que suspende o decreto que institui os conselhos populares. Em sua conta oficial no Twitter, Lobão compartilhou a mensagem postada pelo ex-deputado estadual Romeu Tuma Jr., autor do livro Assassinato de Reputações, que critica o governo do ex-presidente Lula.

— Acabou a Festa, é bom acabar com a Farra! Cobrança total e diuturna aos políticos e aos candidatos sobre a anulação do Decreto 8.243/14!

Deputados comparam conselhos populares a órgãos comunistas
O apresentador Danilo Gentili também disparou contra o decreto que cria os conselhos populares. Ele retuitou uma mensagem que dizia: “E SEM DITADURA BOLIVARIANA! RT @PrisciIlIa: 294 votam CONTRA o decreto bolivariano d BANDO. Vão se lascar seus bandidos. O  Brasil é NOSSO.” (sic)

Outro crítico do projeto de criação de conselhos populares é o filósofo e colunista do jornal Folha de S.Paulo Luiz Felipe Pondé. Ele classificou a criação de conselhos populares como um “golpe totalitário indireto”. Em entrevista à TV Cultura, nPondé explicou que “esse tipo de prática que é bem ao gosto da sensibilidade bolivariana, que destruiu a Venezuela e Cuba, entre outros países”.

— Esses conselhos populares são uma espécie de aparelhamento do Estado por grupos militantes. O povo passa o tempo cuidando da própria vida, o que é normal: trabalhando, pagando conta, levando o filho para a escola. É uma espécie de golpe totalitário indireto em que você vai ter uma gama de militantes profissionais, que não fazem nada da vida, cercando os órgãos legislativos do País para fazer com que, supostamente representando a população, eles vão transformando o País naquilo que eles querem.

Congresso

Numa tentavia de derrubar o decreto presidencial que cria conselhos populares, o plenário da Câmara aprovou, por 294 votos a 54 e 3 abstenções, o requerimento de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo 1491/14, do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que suspende o decreto federal.

Com a aprovação da urgência, a medida só deve ser votada no início de agosto, após o fim do chamado "recesso branco" (acordo entre os líderes prevê que, nas próximas duas semanas, a Câmara não tenha sessão plenária). Até lá, a oposição espera derrotar de vez a medida.

Autor da medida que derruba o decreto, Mendonça Filho reafirmou que a decisão de Dilma pretende aproximar o País de modelos de governo adotados pela Bolívia e pela Venezuela.

— Bolivarianismo não tem nada a ver com o Simon Bolívar e sim com o governo ditatorial do ex-presidente Hugo Chávez, da Venezuela, e de seu sucessor, Nicolás Maduro — disse.

Já o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) comparou os conselhos populares aos sovietes, conselhos de operários formados durante a Revolução Russa.

— Essa é uma experiência do início do século passado e que não deu certo.

Desde sua edição, o decreto presidencial vem sendo criticado mesmo por integrantes da base e já foi motivo de rebelião na Câmara. Os parlamentares afirmam que Dilma tentou atropelar o Congresso ao lançar mão de um decreto, que não precisa da aprovação da Casa, em vez de enviar um projeto de lei para votação.

Poucos deputados mostram-se simpáticos ao projeto. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a democracia não pode se limitar à delegação aos parlamentares eleitos, pois deve ser exercida também quando o governo ouve diretamente a sociedade.

— Estamos aqui estabelecendo como deve ser a ação democrática de uma nação.

sábado, 19 de julho de 2014

Eleicoes 2014: preparando o financiamento estilo companheiro (Veja)

A revista VEJA desta semana ( nas bancas a partir de hoje) publica matéria de duas páginas sob o título "O que está por trás disso ?"

O sublead da matéria diz : "O TCU suspende a venda de um terreno do BNDES em Brasília. Avaliado em 285 milhões de reais, o imóvel foi negociado por 51 milhões - um prejuízo aos cofres públicos que pode superar 230 milhões de reais".

Para onde terão ido as comi$$ões desta negociata ? Para o bolso de alguém graúdo na Alta Administração do BNDES ? Ou para ajudar a financiar a cara campanha da reeleição ?

O capitalismo de Estado dos companheiros, livro de Sergio Lazzarini e Aldo Musacchio - Rolf Kuntz

O novo capitalismo de Estado - e o do PT
Rolf Kuntz
O Estado de S.Paulo, 19 Julho 2014

Mais uma campeã nutrida com dinheiro público, desta vez R$ 700 milhões de investimento, tenta sair do buraco. Formada em 2010 para ser uma gigante do setor, a LBR Lácteos logo entrou em recuperação judicial. Em mais uma aposta errada, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) participou da aventura com 30,3% do capital. A ex-futura campeã estava nos últimos dias ocupada em levantar R$ 740 milhões com a venda de várias unidades de produção. Era uma tentativa de cumprir o plano oficial de recuperação, segundo noticiou o Valor no começo da semana. Enquanto isso, em Brasília, a oposição batalhava para dar sobrevida a investigações sobre negócios muito estranhos da Petrobrás. Para entender bem os dois casos convém juntá-los na mesma narrativa.

A história é uma só e inclui a escolha de campeões alimentados com dinheiro público, as pressões contra o executivo de uma vitoriosa empresa de mineração, o uso de uma petroleira estatal para projetos políticos e a conversão de bancos públicos em prontos-socorros de grupos escolhidos.

O leitor pode rotular esse conjunto como ciência política, teoria administrativa ou pesquisa econômica. Pode também juntar as três qualificações. Todas se aplicam ao livro dos professores Sérgio Lazzarini, do Insper, e Aldo Musacchio, de Harvard. O recém-editado Reinventing State Capitalism (Reinventando o Capitalismo de Estado) é um estudo sobre um novo tipo de Leviatã econômico, sucessor do velho e bem conhecido Estado empresarial encontrado em todos os cantos do mundo na maior parte do século passado.

O Estado empreendedor funcionou tanto no mundo socialista quanto no lado capitalista. Controlava e administrava empresas como extensões da burocracia pública. Agonizante nos anos 80, esse modelo foi em grande parte substituído por dois novos tipos de Leviatã econômico. O investidor majoritário mantém o papel de acionista controlador, mas o padrão gerencial pode ser muito mais flexível que o anterior. O investidor minoritário passa o controle a investidores privados, mas conserva influência indireta na administração. Este segundo modelo inclui a atuação de bancos de investimento (como o BNDES) e de fundos, como os de pensão.

Para começar, os autores propõem uma tipologia de alcance internacional, explorando exemplos de várias partes do mundo. A exposição percorre tanto países tradicionalmente capitalistas quanto economias em transição. O caso chinês aparece com destaque logo no começo, numa referência ao lançamento inicial de ações do Banco Agrícola da China, em 2010, nas Bolsas de Xangai e de Hong Kong. Ainda oficialmente socialista, a China também participou, e continua participando, da renovação do capitalismo de Estado.

Os autores evitam - de fato, rejeitam - discutir se as empresas vinculadas total ou parcialmente ao Estado são mais ou menos eficientes que as companhias privadas. Mesmo no tempo do Estado empreendedor as comparações seriam inconclusivas, se se tratasse de desempenho em condições normais. Em crises como a dos anos 1980, no entanto, estatais poderiam ter menos liberdade para demitir. Isso ocorreu, de fato, naquele período. Essa limitação afetou seus resultados e uma das consequências foi a redução de investimentos. Quem acompanhou essa experiência ao vivo e em cores deve lembrar-se de mais um detalhe: com o Tesouro quebrado e sem crédito, estatais brasileiras foram usadas para captação de recursos. Apesar do endividamento, os projetos de expansão e de modernização continuaram parados. Por isso muitas estavam financeiramente arrebentadas e tecnicamente atrasadas quando foram levadas à privatização.

A passagem do velho modelo para os novos tipos de capitalismo de Estado é examinada com base na experiência de países de todos os continentes. Apesar do cuidado com as nuances, a tipificação deve aplicar-se às economias desenvolvidas - tão diversas quanto as escandinavas e a americana - e também às emergentes e em desenvolvimento.

Mas depois do cenário mais amplo o foco se estreita e a discussão se concentra no exemplo brasileiro. A história é recontada a partir das privatizações e da adoção dos novos modelos. A mudança do Leviatã empreendedor para os dois novos tipos - o majoritário e o minoritário - abriu a possibilidade, em todos os países, de alterações importantes na condução das empresas. Como exemplos, maior autonomia, maior transparência e maior profissionalismo gerencial no dia a dia e na fixação de objetivos.

No Brasil, boa parte dessas possibilidades ficou inexplorada. Sem avaliações, os dois autores descrevem, com distanciamento acadêmico, as interferências na Petrobrás, a escolha de campeões e os estranhos critérios de financiamento e investimento do BNDES, as tentativas de intervenção na Vale (com a campanha contra o presidente Roger Agnelli) e outros fatos bem conhecidos, mas nunca reunidos e articulados numa pesquisa.

Os autores talvez pudessem, ou devessem, ter incluído na classificação subtipos de capitalismo de Estado, observáveis tanto no velho modelo do Leviatã empreendedor quanto nos casos dos Leviatãs majoritário e minoritário. O exemplo brasileiro a partir de 2003 seria rotulável como capitalismo de Estado dos cumpanhêro. O subtipo incluiria tanto a gestão subordinada a interesses partidários e eleitorais (com as nomeações segundo cotas) quanto a influência das ambições pessoais do governante (quando candidato, por exemplo, a líder regional).

Reinventing State Capitalism (Harvard University Press) é uma bela continuação do trabalho iniciado por Sérgio Lazzarini com seu Capitalismo de Laços - Os Donos do Brasil e suas Conexões, lançado em 2011.

Nunca Antes na Diplomacia: governo companheiro se dobra 'a ditadura cubana (Estadao)

Nunca antes mesmo!
Os diplomatas mais jovens, (mal) "acostumados" a doze anos de arbitrariedades, bizarrices, abusos e anomalias da diplomacia brasileira, desde o início da era do Nunca Antes, talvez não tenham nada a dizer, não tenham nenhuma opinião sobre o que acaba de acontecer em Brasília, durante a reunião do Brics com líderes da CELAC.
Vários chefes de Estado ou de governo compareceram, e deve ter ficado hospedados em suas respectivas embaixadas, ou em hoteis de sua exclusiva escolha, ou adotado qualquer outra solução de melhor conveniência.
Não se recorda que, fora de visitas de Estado, algum chefe de governo, muito menos um ditador comunista, tenha jamais gozado dessa distinção.
Talvez tenha parecido um pouco excessivo, tanto aos diplomatas mobilizados para atender os hóspedes estrangeiros, quanto aos funcionários do local, terem de conviver com a truculência de gorilas, ops, de seguranças do ditador cubano, dos mercenários do seu colega venezuela, todos eles controlando todas as peças, monitorando todos os brasileiros presentes, cheirando e provando a comida (vai ver  tem algum infiltrado da CIA na cozinha...), enfim, todo o aparato que cerca qualquer ditador ordinário, impondo-se aos nacionais e ditando ordens para eles.
Deve ter sido constrangedor para simples auxiliares.
Suponho que não tenha sido constrangedor para os companheiros, acostumados que estão a se submeterem aos seus mestres cubanos, e contentes de facilitar a vida desses ditadores de uma outra época, mas que ainda perdura para infelicidade do povo cubano, e o desespero dos venezuelanos.
Nunca Antes na Diplomacia (aproveitando para fazer publicidade de meu próximo livro) coisas do gênero tinham desabado sobre o Itamaraty, por ordens do Planalto.
Imagino que muita gente ficou surpreendida. Como sempre, a ordem é abaixar a cabeça e seguir em frente...
Pior, aliás, do que aguentar essa gente, é ter de conviver com mentiras oficiais...
Paulo Roberto de Almeida

Raúl Castro oferece jantar na Granja do Torto

LEONENCIO NOSSA - AGÊNCIA ESTADO
18 Julho 2014 | 14h 32

O presidente de Cuba, Raúl Castro, ofereceu ontem (quinta-feira, 17) um jantar de confraternização na Granja do Torto, residência de campo do governo brasileiro em Brasília. Participaram do encontro festivo o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e diplomatas dos dois países. Entre 20 horas e 23 horas, 28 veículos, incluindo três vans, blindados de autoridades e carros exclusivos de segurança,
entraram pela portaria principal.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 18, a Secretaria de Imprensa do Planalto informou que "despesas relativas à estadia" foram bancadas pelo governo cubano. "A Presidência da República apenas cedeu a hospedagem ao presidente de Cuba, Raúl Castro. Todas as despesas relativas à estadia ficaram a cargo do governo cubano", destacou o comunicado. Procurada para comentar sobre a recepção na
Granja do Torto, a embaixada de Cuba em Brasília não retornou o contato.
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Do site Yahoo Notícias:
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chegou à Granja do Torto, uma das residências oficiais do governo brasileiro, para um encontro com o presidente de Cuba, Raúl Castro, que está hospedado no local. Maduro chegou em carro blindado e acompanhado de batedores da Polícia Rodoviária Federal.
A agenda do encontro ainda não foi divulgada pelas embaixadas dos dois países. Eles estão em Brasília para encontros de chefes de Estado em reuniões do grupo Brics, Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
O fato está sendo tratado como segredo de Estado pelo governo brasileiro, mas foi confirmado ao Broadcast por duas fontes do governo. Não foi dada nenhuma explicação sobre o assunto.
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Senador Alvaro Dias

Aproveitando sua estada em Brasília, o presidente de Cuba, Raúl Castro, aproveitou para transformar a Granja do Torto em gabinete de encontros oficiais. Castro recebeu na Granja o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que chegou em carro blindado e acompanhado de batedores da Polícia Rodoviária Federal. Segundo apurou o Broadcast, da Agência Estado, Raúl Castro é o único dos chefes de Estado a receber a deferência de se hospedar na casa de campo da Presidência brasileira. O fato está sendo tratado como segredo de Estado pelo governo brasileiro.

ALVARODIAS.COM.BR

O Senador e o professor: confronto de ideias? - Fernando Tiburcio


O professor e o senador
FERNANDO TIBÚRCIO PEÑA
O Globo, 15/07/2014
 
É um convite à reflexão a recente troca de farpas entre Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, e Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. Provavelmente incomodado com a natural repercussão que teve a entrevista do senador Ferraço nas páginas amarelas da revista de maior circulação no país, o professor aposentado da Unicamp partiu para o contra-ataque usando a condenável estratégia de desqualificar academicamente o seu opositor. A meu ver, não surtiu efeito. Li o seu artigo-resposta e fiquei com a sensação de que o professor estava schopenhauerianamente tentando vencer o debate sem ter razão.
A certa altura, Marco Aurélio Garcia — a quem Ferraço chamou de “chanceler de fato” — acusa o senador de recorrer a velhos chavões da direita. Na ótica do professor, como o “comunismo” está virando um assunto restrito aos livros de história, o senador teria encontrado um novo “espantalho” para subsidiar um discurso supostamente conservador: o “bolivarianismo”. Marco Aurélio Garcia enfatiza que o senador não explicou que bicho é esse, embora ele também não o tenha explicado. Foi aí que percebi que eu próprio, quem sabe por uma deficiência acadêmica, não era capaz de traçar com precisão o conceito de “bolivarianismo”.

Quando vi a presidente Dilma Rousseff assinar o decreto que disciplina a criação dos conselhos populares, tive a impressão de que houve sim, muito diferente do que diz o professor Marco Aurélio, uma certa influência bolivariana. Sei que o diabo andou por ali, mas não saberia dizer com segurança que cara tem o diabo.
Para o meu alívio, depois de muito pesquisar, descobri que são incipientes as tentativas de encontrar uma definição para o termo e que, na maioria das vezes, há uma compreensível confusão entre “bolivarianismo” e “chavismo”. O que achei na doutrina não vai além do óbvio vínculo que tem o movimento sociopolítico com a sua fonte inspiradora, Simón Bolívar. Então, decidi sistematizar as características que moldam o bolivarianismo, como parte de uma atrevida experimentação com o fim de estabelecer as bases para um futuro conceito. As mais evidentes talvez sejam a dificuldade dos seus líderes para se desapegarem do poder e a formação de uma nova elite nos seus respectivos países.
Basta ver que o próprio Simón Bolívar se autodenominou “ditador e libertador das Províncias Ocidentais da Venezuela”. Bolívar se rodeou de pompa própria de uma corte, deixando os assuntos importantes nas mãos de favoritos, que acabaram por arruinar as finanças públicas, levando-os a recorrer a meios odiosos para reorganizá-las. Não sou eu que estou dizendo isso. O juízo de valor, que um século e meio mais tarde serve para contextualizar a atual elite chavista venezuelana, foi feito por um dos maiores ícones da esquerda, senão o maior: Karl Marx.
Hoje, além do presidente venezuelano Nicolás Maduro, discípulo de Hugo Chávez, outros três presidentes latino-americanos se autoproclamam bolivarianos: Evo Morales, Rafael Correa e Daniel Ortega. Manuel Zelaya, o caudilho hondurenho que o Brasil acolheu em sua embaixada em Tegucigalpa, outro bolivariano confesso, não é mais presidente (em que pese o intento frustrado de sua mulher, Xiomara, para tentar ressuscitar o zelaísmo). Foi apeado do poder por um golpe de Estado que teve como estopim as suas manobras para alcançar um segundo mandato, uma iniciativa tão aterradora para a Constituição de seu país, a ponto de sujeitar Zelaya a perder a cidadania hondurenha.
Evo Morales obteve num Tribunal Constitucional Plurinacional totalmente manipulado pelo governo o direito de concorrer a um terceiro mandato, não obstante o fato de a Constituição boliviana proibir expressamente mais de uma reeleição imediata.
Rafael Correa, que também sonha em se eternizar no poder, deixou para trás Evo Morales. Inspirador da virada de mesa do líder cocaleiro, Correa já está no terceiro mandato, um estado de coisas que afronta a Constituição. A solução para permanecer por mais tempo no Palácio de Carondelet foi apelar para reeleições indefinidas. Sem a menor vontade de largar o osso, Correa decidiu apoiar uma emenda constitucional que poderá reconduzi-lo uma ou mais vezes à Presidência do Equador.
Maduro, por obra de seu mentor, e Ortega, por obra dele mesmo, não têm motivos para se preocupar: as regras do jogo foram mudadas enquanto o jogo era jogado e agora a reeleição indefinida faz parte dos sistemas eleitorais da Venezuela e da Nicarágua.
Personagens de uma América Latina populista. Companheiros dos convescotes do Foro de São Paulo. Amigos do professor.

Joao Ubaldo Ribeiro: um escritor brasileiro universal

João Ubaldo era, sem dúvida alguma, o mais brasileiro dos "imortais", os acadêmicos da ABL. Mas ele era também um escritor universal, pois todos os seus textos, extremamente brasileiros, eram universais já que tinham a ver com a condição humana, simplesmente.
Minha homenagem a ele por meio desta postagem de meu amigo Orlando Tambosi, a quem agradeço pelos numerosos empréstimos que tenho feito de seu blog. 
Paulo Roberto de Almeida 
João Ubaldo Ribeiro no país dos corruptos
Em março de 2006, o blog fez uma chamada para a entrevista do escritor João Ubaldo Ribeiro à revista Veja. João Ubaldo disse, entre outras coisas, que o governo Lula era incompetente, que ricos e pobres são igualmente desonestos e que a ideia de implantar cotas - como fez o lulopetismo - é um esforço para dividir o Brasil em "raças". Reproduzo a entrevista na íntegra, em homenagem a essa figura rara de intelectual honesto num país em que abundam estúpidos intelectuais ideológicos:


O escritor João Ubaldo Ribeiro fustiga o presidente Lula com a mesma intensidade com que Luis Fernando Verissimo atormentava Fernando Henrique Cardoso. Nestes dois anos e meio de administração petista, Ubaldo se tornou um dos críticos mais ácidos do  (governo. "Não gosto dessa posição, não gosto de aparecer, mas fazer o quê? É inevitável se indignar com certas coisas", diz o autor. Seu motivo mais recente de irritação foi a cartilha com termos politicamente corretos elaborada pela Secretaria dos Direitos Humanos. Ubaldo escreveu um e-mail a dezenas de amigos, e isso desencadeou toda a polêmica a respeito do tema. Aos 64 anos, o escritor baiano é um dos maiores best-sellers brasileiros, com 3 milhões de exemplares vendidos ao longo da carreira. Em casa, quando não está escrevendo, Ubaldo se dedica a uma nova paixão: o computador. Ele é capaz de ficar um dia inteiro baixando programas e viajando na internet. Compartilha o hobby com o amigo e também autor Rubem Fonseca: "Ele é um expert e dizia que eu nunca seria como ele. Hoje me chama de mestre". Em seu apartamento no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, João Ubaldo Ribeiro recebeu VEJA para a seguinte entrevista. 

Veja – O senhor é um dos maiores críticos do governo. O que há de errado com a administração petista?

Ubaldo – O governo é de uma extraordinária incompetência. Não conseguiu formular nenhum projeto, nenhuma visão nacional. O presidente, na minha opinião, tem de ser respeitado, pela sua condição de incorporar e encarnar o cargo supremo do Executivo brasileiro. E eu jamais faltei com esse respeito. No entanto, o brasileiro é tão subserviente que, quando alguém critica Lula chamando-o, por exemplo, de ignorante – o que não é uma difamação, é uma verdade –, diz-se que o presidente está sendo desrespeitado.

V – A ignorância a que o senhor se refere não seria compensada por outras qualidades?

U – Lula é autor de uma obra monumental, o Partido dos Trabalhadores. É algo sem precedentes na história brasileira, e talvez na história latino-americana. Governar um país, no entanto, não é a dele. Lula não sabe administrar. Ele não senta para ler, para despachar, para trabalhar. Ele tem um ministério que dificilmente conseguirá reunir num mesmo dia porque é impossível, num time de quarenta integrantes, que pelo menos um não esteja gripado ou com algum impedimento.

V – O senhor votou em Lula?

U – Sim, na última eleição. Em 1994 e 1998, votei em Fernando Henrique. Eu não considerava Lula preparado. Hoje vejo que tinha razão. Na época da eleição de 2002, deixei-me convencer de que os quadros do PT seriam suficientes para manter a coisa sob controle e que o presidente não se deixaria seduzir de forma tão flagrante pelos atrativos do poder. Observando o comportamento de Lula, nota-se que o prazer dele não é administrar. São os discursos, são as aparições que eu classifiquei, e não me arrependo do adjetivo, de circenses. Vem sendo assim desde o primeiro dia. Ele foi a uma das cidades mais pobres, se não a mais pobre e faminta do Brasil, lá no Piauí. Muitas daquelas pessoas não sabiam exatamente o que significava um presidente da República, que para elas seria algo assim como um dono do mundo. Lá, ele disse ao povo que todos iriam comer no dia seguinte. E eu duvido que estejam comendo hoje. 

V – Por causa desse tom crítico ao governo, o senhor é acusado de estar a serviço do PSDB. Como reage a isso?

U – Eu sou uma pessoa totalmente destituída de rabo preso. Nunca roubei ninguém, não tenho antecedentes criminais, nunca fui dedo-duro, é difícil desencavar em meu passado algo mais grave do que ter enganado uma namorada, e assim mesmo muito eventualmente. Quando eu falo mal do governo, recebo cartas iradas dizendo: "Mas o que o PSDB faria neste caso?". Como se tudo o que eu escrevi contra o PSDB não valesse nada. No Brasil, sempre se acredita que a imprensa vive no bolso de alguém. Eu convivi com Roberto Marinho episodicamente por causa de nossa condição de integrantes da Academia Brasileira de Letras. Por ter comparecido a três ou quatro jantares na casa do dono da Globo, fui acusado de conspirar com ele. Você imagina que Roberto Marinho iria chamar um colunista de jornal para que ambos, juntos, manobrassem os cordões que gerem esta República? As pessoas têm essa convicção porque estão acostumadas ao ambiente de corrupção que reina no Brasil. 

V – Não é um exagero dizer que a corrupção reina no Brasil?

U – Nós vivemos num ambiente de lassitude moral que se estende a todas as camadas da sociedade. Esse negócio de dizer que as elites são corruptas mas o povo é honesto é conversa fiada. Nós somos um povo de comportamento desonesto de maneira geral, ou pelo menos um comportamento pouco recomendável. Se você me acompanhar à rua, a gente pode até fazer uma experiência. A população da Zona Sul do Rio de Janeiro é formada em grande parte de gente da terceira idade. Quando um idoso atravessa a rua, os motoristas de ônibus costumam acelerar em ponto morto, fazendo um barulhão. Eles querem dar um susto no velho, eles querem matar o velho. Já vi fazerem isso com crianças, que acabam saindo correndo. Eu mesmo, que tenho 64 anos, já tomei um susto assim. Os brasileiros estão convictos de que, se um pedestre atravessar fora da faixa, o motorista tem o direito de atropelá-lo e matá-lo. Outro exemplo. Eu ouço de várias empregadas domésticas que é comuníssimo aqui no Rio de Janeiro que responsáveis pela merenda escolar retirem substancial quantidade de víveres e alimentos das crianças para levar para casa, distribuir entre parentes e até montar quitandas. Isso é um evidente absurdo. 

V – O senhor falou em lassitude moral. Isso não ocorreria porque o país não tem instituições fortes, ao contrário de nações européias e dos Estados Unidos?

U – Nós somos de um país cuja colonização se deu em moldes muito diferentes dos da colonização dos Estados Unidos, nação à qual somos freqüentemente comparados. Os colonizadores ingleses, ao vir para a América, estavam dando as costas para a Europa. Eles vieram para nunca mais voltar. Sua intenção, ao chegar ao Novo Mundo, era conceber uma nação ou várias pequenas nações nas treze colônias. No Brasil isso não ocorreu. Não porque os portugueses sejam ordinários pela própria natureza, como freqüentemente se diz. A questão é que Portugal nos pegou num momento em que sua prosperidade dependia do fato de o país ser um grande entreposto da Europa, um grande fornecedor de mercadorias. Fizeram, assim, uma colonização predatória. Portugal enriqueceu à custa do açúcar brasileiro, e Lisboa foi reconstruída pelo marquês de Pombal com dinheiro brasileiro. Convinha manter aqui um controle rígido, diferentemente dos americanos, que de costas para a Europa criaram suas próprias leis. Os portugueses, no entanto, não tinham estrutura para isso. Com essa presença forte do governo necessariamente despoliciado pela metrópole, o domínio dos portugueses ocorreu de uma maneira desordenada, desregulada, importando caoticamente a burocracia lusitana, com a corrupção que essa burocracia gera. Construiu-se toda uma visão de mundo centrada na ação estatal. A origem de muitos dos nossos problemas pode ser essa. 

V – De acordo com Gilberto Freyre, no entanto, os portugueses contribuíram positivamente ao criar uma nação miscigenada.

U – É verdade, eles deram algumas contribuições positivas, e essa é uma delas. Com a qual, por falar nisso, o governo quer acabar, implantando o sistema de cotas nas universidades. Eu vejo essa idéia com profunda desconfiança e muito desagrado. Em minha opinião, ela representa um esforço para dividir este país, pela primeira vez, em linhas raciais. Tenho amigos diretores e donos de colégios que estão sendo obrigados a classificar os alunos por raça. Que retrocesso é esse? Já me chamaram e me chamam de vez em quando de negro. Eu me recuso a ser chamado de negro. Não porque tenha vergonha. Eu sou filho de uma família portuguesa pelo lado da mãe, neto de um português pelo lado do pai. A mulher do meu avô paterno era uma mulata acaboclada. O que significa que eu tenho sangue negro. Mas eu me recuso a usar o critério americano que diz que é negro todo mundo que tem uma gota de sangue negro. Ou seja, se o sujeito é filho de um zulu com uma sueca, por que a metade zulu tem de prevalecer? E aí vem o governo com essa bobagem de que não se pode usar a palavra "mulato" porque vem de mula. Vou dizer algo politicamente incorreto: Lula é mulato. Se bem me lembro, o cabelo dele era crespo, encarapinhado, no tempo em que era líder metalúrgico. Já hoje, presidente da República, ele tem cabelos sedosos. 

V – O senhor acha que o sistema de cotas é de difícil implantação?

U – Eu acho muito complicado classificar as pessoas por raças no Brasil. Eu não vejo TV, posso estar dizendo alguma bobagem, mas eu me lembro de que a Xuxa só aceitava loirinhas para paquitas. Suponhamos que baixassem no Brasil um decreto específico, dizendo: "Xuxa Meneghel é obrigada a reservar 50% das vagas de paquitas para afro-descendentes". Apareceriam no dia seguinte 20.000 loiras de olhos azuis mostrando o retrato de um vovô negão. Carla Perez, minha conterrânea, é uma loira artificial. Ela é mulata, filha de mulato, sem deixar de ser loira. Essa idéia das cotas embute, no fundo, uma visão equivocada: aquela que enxerga a questão da escravidão como um problema de origem racial. 

V – E não é?

U – Não existe nada mais falso do que isso. Ao longo da história, os escravos sempre foram os vencidos, e não necessariamente os negros. Na maior parte das civilizações, os escravos eram brancos. Os hebreus foram escravos dos egípcios, por exemplo. Não foram os portugueses que escravizaram os africanos. Eles trouxeram nos navios negreiros pessoas que já haviam sido escravizadas em sua nação de origem. Eram negros escravizando negros. As nações da África do início do ciclo das grandes navegações nunca tinham ouvido falar na existência dos brancos. Acreditavam que a humanidade era negra. Achavam-se, assim, tão diferentes dos vizinhos que falavam outra língua, cultuavam outros deuses e comiam outra comida quanto um inglês se acha diferente de um francês, de um alemão ou de um napolitano. A suposta irmandade entre os negros passou a existir quando eles foram unificados na categoria de escravos. 

V – O senhor sempre se autodefiniu como um autor que escreve por dinheiro. Alguém com essa postura sofre algum tipo de discriminação no Brasil?

U – Sem dúvida. Em parte por causa da inveja dos que não conseguem vender livros. Durante a maior parte da história a regra foi a encomenda. Quase toda a arte renascentista foi produzida assim, da Capela Sistina às fontes de Roma. Esse negócio de se sentar e se comunicar magicamente com as musas é conversa de rico que fica falando em arte. O artista de verdade quer ser pago. 

V – Por que se lê tão pouco no Brasil?

U – É um lugar-comum dizer que isso ocorre porque o livro é caro. Sem dúvida essa é uma das razões. Há, no entanto, uma cultura de que o livro é uma coisa chata, difícil. Eu sou adotado em escolas, e devo ser odiado por um número imenso de estudantes brasileiros. Os jovens lêem os livros preocupados em responder a perguntas incompreensíveis em provas. Um grande número de professores transmite aos alunos o ódio que eles mesmos têm dos clássicos. O próprio presidente vende a imagem da leitura como uma coisa difícil, comparável a andar em esteira. Uma das coisas graves que eu acho que Lula faz é se gabar, se vangloriar da própria ignorância, da própria falta de formação.

V – O senhor recentemente teve graves problemas de saúde por causa do alcoolismo. Poderia contar o que aconteceu?

U – Foi uma luta de oito anos, complicadíssima. Tudo começou com uma depressão, em 1994, quando voltei da Copa do Mundo dos Estados Unidos. Uma depressão sem motivo, mas eu caí de cama, só não quis me suicidar. Tomei todos os remédios possíveis. Eu, que já bebia bastante, tentei curar a depressão com álcool, que é a pior burrice que alguém pode fazer. Porque a depressão vai embora durante três horas, quatro horas, depois volta pior. Você entra numa espiral descendente da qual é difícil sair. Fiquei oito anos nesse inferno, inchado, tremendo. O auge, há quatro ou cinco anos, foi quando tive uma pancreatite que quase me levou à morte. Passei quinze dias na unidade semi-intensiva do hospital. Tive a sorte de ser um dos poucos casos de pancreatite que não deram dor nenhuma. Dizem que as dores associadas a essa doença estão entre as piores que se podem suportar. Hoje, felizmente, estou há três anos sem beber. 

V – Como o senhor superou o problema?

U – Pela via da religião. Eu não me submeto ao ministério de nenhuma crença, embora acredite em Deus, reze todas as noites e me considere cristão. Há algum tempo, por uma série incrível de coincidências que não vou relatar aqui, tornei-me devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Eu dizia que quase morri de pancreatite. Depois que saí do hospital, voltei a meus velhos hábitos de beber. Acordava cedíssimo, por volta das 5 da manhã, ia comprar jornal e passava pelos bares que fecham tarde para comprar uísque. Às 10 da manhã já estava bêbado, e assim passava o dia inteiro. Logo tive o anúncio de que a pancreatite estava voltando: engulhos em seco. Eu acordava e ia direto para o vaso sanitário, para uma sessão de náuseas. Isso piorava a cada dia, e uma segunda pancreatite para mim seria a morte. Até que uma noite, na hora de dormir, eu rezei a Nossa Senhora: "Se amanhã eu amanhecer sem náuseas, eu paro de beber". Acordei e, pela primeira vez em muito tempo, não tive engulhos. Desde então, e isso foi há três anos, não bebi mais nada. Todos os fins de semana vou com meus amigos ao boteco e só tomo guaraná diet. O mais incrível é que não sinto a mínima vontade de beber. Eu poderia dizer que tenho uma imensa força de vontade, mas não seria verdade. Eu não faço esforço nenhum.

Os mercados e o governo companheiro: desafinidades eletivas? - Paulo Roberto de Almeida e Reinaldo Azevedo

Desde sempre, com seus economistas esquizofrênicos e seus ideólogos stalinistas (pelo menos em intenção, e ainda bem que sem Gulag, como digo sempre), o governo dos companheiros tem um problema com os mercados.
Um só não, tem vários, ou melhor dizendo: os mercados incomodam os companheiros. Eles sabem disso, e eles têm aquela conversa de que os mercados não podem "dominar" a sociedade, que cabe ao governo "disciplinar" os mercados porque eles seriam inerentemente concentradores, desiguais, injustos e sabe-se lá o que mais.
Sabemos, nós, o que essa hostilidade marxiana, marxista, leninista, cubana e companheira, aos mercados produziu ao longo da história: só miséria, opressão, desastres econômicos e sociais, mas fundamentalmente falta de liberdades, e em consequência, sociedades miseráveis, como a cubana, por exemplo.
Os companheiros sabem disso, e é por isso que, mesmo não gostando dos mercados -- para eles, os mercados são aqueles capitalistas de cartola e charuto, explorando trabalhadores, ou então os especuladores de Wall Street, os tais "loiros de olhos azuis", de que falava o Guia Genial dos Povos, que ocorreu de também ser presidente de um paíseco neste nosso planetinha redondo -- mesmo eles não gostando dos mercados, dizia eu, eles sabem que têm de "suportar" os mercados. Do contrário, de onde é que sairia a grana dos capitalistas que os sustentam, e até fazem alguns ficar muito ricos (não é, chefe da quadrilha?).
Por isso, de vez em quando, ou sempre, eles dizem que não querem ir contra os mercados, apenas construir, no Brasil, um "grande mercado de massas", como se houvesse alguma diferença, para o capitalista, entre mercado interno e mercados externos (por isso que o comércio exterior também está essa porcaria, é porque eles estão construindo o tal de "mercado interno de massas").
Mas, enfim, os tais mercado se vingam dos companheiros, e ai está a soberana tendo de amargar esse lado bisonho do nosso panorama eleitoral: cada vez que sai uma pesquisa desfavorável aos companheiros, e à soberana sua candidata, os mercados se "excitam" (se ouso dizer).
Um pouco como se os capitalistas e os tais de especuladores de Wall Street dissessem:
"Oba, a soberana caiu mais um pouco. Ótimo, vamos ver se conseguimos reverter nossas perdas!" (e aqui entra não só as ações da Petrobras, mas todos os outros ativos que são negociados, e que já perderam muito valor por causa da política econômica esquizofrênica dos companheiros).
Eles vão aprender?
Provavelmente não, mas vão tentar ser bonzinhos e dizer: "Olha pessoal, nós não somos contra os mercados, só estamos tentando redistribuir um pouco em favor dos pobres."
Claro que nesse "só tentando" entram todas as tentativas de "pikettyzação" da política redistributiva, à la Robin Hood, tirar dos ricos para dar aos pobres.
Isso, eles não vão perder. São os Robin Hoods de circo, incompetentes em economia, e sempre vão tentar tirar um pouco mais dos ricos (eles redistribuem primeiro para eles, claro) e da classe média.
Bem, eu só acho que os mercados já se vacinaram contra os companheiros.
O único problema é que o eleitorado brasileiro é muito diferente dos "mercados"; num certo sentido, eles são anti-mercado, e pró-Estado. Todo mundo quer favores, ou até uma boquinha no Estado (que paga mais, exige pouco, promete tranquilidade, estabilidade, boa aposentadoria, essas coisas).
É isso, justamente, que está afundando o Brasil, ou pelo menos deixando-o para trás, relativamente a outros países de crescimento dinâmico.
Pior para nós, que só veremos a renda dobrar em três gerações, ou seja, para os nossos netos...
É isso que queremos?
Não creio, mas é isso que temos.
Que tal mudar um pouco?
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 19/07/2014

Mercado reage bem à possibilidade de derrota de Dilma; é parte da reação da sociedade a um governo caduco
Reinaldo Azevedo, 18/07/2014

Vou aqui fazer algumas considerações que, creiam, nada têm de campanha eleitoral ou de expressão de afinidades eletivas, embora eu, como toda gente, faça as minhas opções. Na democracia, desde que os candidatos transitem no escopo democrático e se coloquem na defesa dos valores que essa democracia pode abraçar, todas as escolhas são igualmente legítimas, como legítimas são as divergências ideológicas. Em ciências humanas, e a economia também é uma ciência humana, quase nunca se tem uma resposta única para um problema. Mas é certo que essa resposta tenderá a ser ineficaz ou mesmo contraproducente se contrariar a matemática, a lógica, a história e, eventualmente, a experiência.

Já há algum tempo estamos diante de um dado eloquente. Aquilo a que chamamos “mercado” tem reagido muito bem à queda da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais e à possibilidade de a oposição vencer a disputa em 2014. Às vezes, para rimar os números com a esperança de mudança, nem se precisa do fato; basta o boato. E não foi diferente nesta sexta. Como a pesquisa Datafolha apontou um empate técnico no segundo turno entre o tucano Aécio Neves e a presidente — 40% a 44% para ela —  e uma diferença de apenas sete pontos entre a petista e Eduardo Campos — 38% a 45% —, o Ibovespa passou a operar em alta. Às 15h1o, estava aos 57.175 pontos. Na máxima do dia, o índice chegou a 3,31%. Os destaques, vejam vocês, ficaram com as estatais: a Petrobras, por exemplo, exibia ganhos de 5,56% nas ações ON (as ordinárias nominativas), aquelas que dão direito a voto, e 5,6% na PN, a preferencial nominativa, a que não dá e é a mais negociada por investidores não profissionais.

Por que é assim? Ninguém precisa ser deste ou daquele partido para saber que, infelizmente, hoje e há muito tempo já, o governo usa as estatais brasileiras não apenas para fazer política de desenvolvimento, não apenas para cuidar do interesse nacional. Ele as utiliza também para cuidar de interesses bem mais mesquinhos, partidários, e como elemento de ajuste — precário e temporário — dos desacertos da política econômica. É sabido, por exemplo, que as tarifas estão represadas para evitar uma elevação da inflação, que já ultrapassa o teto da meta. Como malefício adicional, seguem intocados os fatores que causam a elevação do índice inflacionário.

É claro que isso tem um preço. Até agora, a presidente Dilma e o PT não deram sinais de que vão mudar essa política caduca caso obtenham mais quatro anos de mandato. Ao contrário até: aqui e ali, lideranças do partido, como o próprio Lula, têm preferido atacar o tal “mercado”, como se ele fizesse um mal ao Brasil. Ao contrário. Felizmente temos um mercado relativamente forte no país, que serve de radar e de advertência. A cada bobagem ou medida atabalhoada que o governo toma na economia, ele reage. Mais importante: reage também a expectativas, a partir de alguns indícios. Isso serve de freio à tendência autocrática dos governos. Sabem quem não tem mercado? Cuba! Sabem quem praticamente não tem mercado? A Venezuela! Já a tirania chinesa tem um, sim, e é gigantesco! A existência de um mercado, em suma, não garante a democracia. Mas só existe democracia onde ele atua e serve de instrumento de leitura da realidade.

Quando os investidores reagem bem à perspectiva de alternância de poder, é preciso que o governo ponha a mão na consciência. Em vez de sair por aí demonizando os agentes econômicos e mesmo seus adversários, talvez fosse o caso de tomar medidas efetivas para mudar de rumo. O que vemos, no entanto, infelizmente, são escolhas que caminham no sentido contrário. Além de tentar atrelar a administração pública federal e seus entes a conselhos formados por militantes políticos, o governo já pensa abertamente em estatizá-los, subordinando ainda mais o interesse público às militâncias organizadas.

A reação do mercado é, na verdade, a reação de uma fatia considerável e legítima da sociedade, que contribui de modo efetivo para gerar as riquezas com as quais se administra a máquina pública e que, inclusive, geram os bens necessários para as políticas de compensação e de distribuição de renda. Atacar os seus fundamentos também corresponde a atuar contra os interesses dos mais pobres.

A reação dos mercados é parte importante da reação de uma sociedade que quer mudar porque sente que, hoje, o estado e o governo viraram seu adversário.

Rumos do comercio exterior no Brasil - conferencia na FGV-SP (11/09/2014)

O comércio exterior do Brasil tem rumos? Eles foram definidos, estão claros, estamos perdidos?
Em todo caso, observamos um nítido retrocesso nos últimos anos, tanto em termos de orientações, quanto de composição, de competitividade, de respeito pelas normas multilaterais, de simples defesa dos compromissos firmados sob o Mercosul, por exemplo, se não for falta completa de bom senso.
Dá para consertar?
Talvez...
Metade, ou mais, do povo que vai abaixo, pode tentar, mas ainda assim seria preciso um governo que agisse de forma coerente e consentânea com os interesses dos agentes econômicos que produzem e que exportam no Brasil, o que não é certo que ocorra com o atual, mais movido por ideologias e políticas bizarras do que pelo simples bom senso.
Quando se fala de política de comércio exterior estamos falando de atitudes em face do relacionamento externo do Brasil, que têm a ver com nossa competitividade agrícola, industrial, em serviços e em inteligência de comércio exterior, que não é apenas promoção comercial, mas uma definição ampla e clara do que queremos, do que necessitamos, para onde desejamos ir.
No governo atual parece claro: vamos ser avestruzes, nos fechar, ter uma política defensiva, no máximo fazer promoção comercial num sentido claramente ideológico: passar a mão por cima de todas as arbitrariedades comerciais e políticas da Argentina no Mercosul, e sair por aí promovendo uma tal de política Sul-Sul, canhestra, caolha, irracional, simplesmente ridícula.
Uma conferência como essa é muito bem vinda, por permitir debater todos esses problemas e apontar soluções.
Elas são fáceis de serem implementadas?
Provavelmente não, pois o governo, a quem cabe uma série de definições nessa área, é um monstrengo desgovernado e sem rumo (o conceito é apropriado, portanto, mas não parece se adaptar muito bem ao que faz o governo atualmente, que parece uma barata tonta).
Se houver soluções, elas serão implementadas pelo governo?
Dificilmente, não apenas porque falta tempo a esse governo, mas porque ele não sabe o que fazer...
Em todo caso, trata-se de uma excelente ocasião para debater alguns dos mais importantes problemas não apenas do comércio exterior, mas das políticas públicas em áreas econômicas relevantes para os destinos do país.
Meus parabéns aos organizadores.
Paulo Roberto de Almeida

CONFERENCIA OS RUMOS DA POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL E LANÇAMENTO DO CCGI COMO WTO CHAIR
Data: Quinta – 11/09/2014
Local: Auditório da FG
Av. 9 de Julho 2029
Das 9h00 as 17h00

 O superávit do comércio exterior brasileiro mostra declínio desde 2006. Caiu de US$ 46 bilhões em 2006 para US$ 2,5 bilhões em 2013, podendo apresentar déficit em 2014.
Algumas razões são apresentadas para esse declínio: a crise econômica de 2008, que paralisou a economia global, sem que até hoje tenha ocorrido recuperação significativa nas grandes economias; a reorientação da economia chinesa, que resultou em taxas menores de crescimento, diminuindo a demanda por commodities, os principais produtos exportados pelo Brasil; a perda de competitividade global dos produtos industrializados brasileiros, cuja participação decresceu significativamente nas exportações de nosso país.
No entanto, uma visão mais aguda do quadro ajuda a detectar questões outras que poderiam explicar a atual perda de fôlego do comércio exterior brasileiro.
Além das questões de Custo Brasil, carga tributária, encargos trabalhistas e câmbio, debate-se, nos meios acadêmicos, se a perda de ímpeto do comércio não seria consequência da opção do País pelo multilateralismo, em detrimento dos acordos preferenciais de comércio, e pela ênfase no comércio Sul-Sul, fragilizando a alternativa Norte-Sul, que envolve os países desenvolvidos, com o consequente distanciamento das cadeias globais de valor.



Diante desse quadro, o CCGI – Centro do Comércio Global e Investimento da EESP/FGV, com apoio do Valor Econômico propõem a realização da Conferência Os Rumos da Política de Comércio Exterior do Brasil em que serão debatidos os principais pontos de uma proposta de agenda. Serão apresentados dados sobre as oportunidades a serem exploradas, resultados de modelagem de possíveis acordos, bem como a posição do Brasil com relação às cadeias globais de valor. Finalmente, serão discutidas medidas que possam gerar os ajustes necessários tanto em termos de atuação diplomática, quanto de reformulação da estrutura do comércio exterior do Brasil.

Este evento inaugura as atividades da Cátedra OMC no Brasil atribuída ao CCGI – Centro de Comércio Global e Investimento da EESP-FGV. 

Questões a serem debatidas:
1) Por que o superávit comercial brasileiro perdeu fôlego nos últimos anos?
2) Qual o peso da crise global nessa perda?
3) Qual o impacto da diminuição do ritmo de desenvolvimento da China?
4) Qual o peso da perda de competitividade dos produtos industrializados?
5) Como se tem comportado o setor de serviços?
6) O que significa participar das cadeias globais de valor?
7) Por que as exportações de bens industrializados perderam competitividade global?
8) Quais as vantagens da opção do Brasil pelo multilateralismo?
9) Os tratados de comércio preferencial podem ser uma alternativa válida?
10) Há conflito entre a opção multilateralista e a opção por acordos comerciais?
11) Há contradição entre o Brasil manter boas relações Norte-Sul e Sul-Sul?
12) Se os EUA e a União Europeia assinarem o TTIP, como o Brasil será afetado?
13) Qual o potencial de comércio no âmbito dos BRICS?
14) Há vantagens no Brasil se aproximar da Aliança do Pacífico?
15) O Mercosul, hoje, é uma vantagem ou um peso para o Brasil?

O programa preliminar segue abaixo.
Por favor, confirme seu interesse em participar enviando um e-mail com seus dados (nome e número de documento de identificação) para:
Fernanda Bertolaccini – fernanda.bertolaccini@fgv.br
CCGI – ccgi@fgv.br
Vera Thorstensen
Coordenadora do CCGI
Centro do Comércio Global e Investimento, EESP - FGV                       

PROGRAMA
CONFERÊNCIA: OS RUMOS DA POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL
Abertura
9h00 – 9h30
LANÇAMENTO DA CATEDRA OMC
Representantes do CCGI, da EESP-FGV e da OMC

Painel 1
9h30 – 10h45
Dados e Fatos: um retrato do Brasil nas correntes internacionais de comércio
Objetivo: Apresentar um quadro atual dos fluxos, origens e destinos das exportações e importações brasileiras. Examinar a participação da agricultura, indústria e serviços no comércio, e o porquê da perda da competitividade brasileira. Comparar custos mão de obra, energia, tributários e de infraestrutura com os de outros parceiros internacionais do Brasil
Palestrantes convidados:
Presidente – Yoshiaki Nakano
Acadêmico - Ricardo Markwald – Funcex
Debatedor – Sandra Rios – CINDES
Daniel Godinho – SECEX
Carlos Abijaoldi – CNI
Tatiana Palermo – CNA
Mauro Laviola – AEB

Coffee Break
10h45 – 11h00

Painel 2
11h00 – 12h15
Brasil: a ideologia da opção sul-sul ou o pragmatismo da opção sul-norte?
Objetivo: Debater as vantagens e desvantagens da atual Política de Comércio Exterior do Brasil. Examinar como reforçar o multilateralismo da OMC com os ganhos dos acordos comerciais. Debater quais seriam as opções para acordos comerciais: sul-sul, sul-norte, sul-leste ou sul-oeste. Analisar os impactos para o Brasil dos Mega-Acordos Comerciais (TTIP e TPP) e o enfraquecimento da OMC. Discutir se o Mercosul é hoje uma oportunidade ou uma camisa de força para o comércio. Indagar sobre as opções do Brasil para a América do Sul, e se a Aliança do Pacífico representa uma ameaça da China na região. Questionar o que representam os BRICS e como podem atuar para resgatar a posição central da OMC.
Palestrantes convidados:
Presidente: Embaixador Luiz Felipe de Seixas Correa
Acadêmico – Vera Thorstensen – FGV SP
Debatedor – Aluisio Lima Campos – American University
Ronaldo Costa – MRE
Pedro Passos – IEDI
Tomas Zanotto – FIESP
Roberto Rodrigues – GV AGRO

Painel 3
12h15 – 13h30
O Brasil nas cadeias globais de valor: custos e oportunidades de se conectar às cadeias
Objetivo: Apresentar a posição do Brasil nas cadeias globais. Debater quais setores industriais e de serviços tem potencial para integrar-se e beneficiar-se das cadeias globais de produção. Indagar qual é o papel dos serviços na agregação de valor das cadeias. Examinar quais seriam os programas de uma plataforma de inserção do Brasil nessas cadeias. Analisar qual a relação dos acordos de comércio com o fortalecimento das cadeias. Para fortalecer as cadeias, quais seriam os mais relevantes parceiros comerciais do Brasil?
Palestrantes convidados:
Presidente – Professor Celso Lafer
Acadêmico – Lucas Ferraz – FGV SP
Debatedor – Renato Baumann – IPEA
Paulo Estivallet Mesquita – MRE
José Serrador – Embraer
Luiz Fernando Furlan
Roberto Caiuby Vidigal

Brunch
13h30 – 14h30

Painel 4
14h30 – 15h45
A voz do setor produtivo
Objetivo: A formulação de uma nova Política para o Comércio Exterior deve contemplar os anseios dos diversos segmentos produtivos envolvidos no comércio internacional.
Palestrantes convidados:
Mediador – Jornalista
Representante da ABIT
Representante da ABIQUIM
Representante da ANFAVEA
Representante da ABIA
Representante da ABIMAQ
Representante da ABINE
Representante da IBA

Painel 5
15h45 – 17h00
Uma nova estrutura para uma nova Política de Comércio Exterior
Objetivo: Debater como reformular a estrutura governamental, de forma a dar coordenação e suporte a nova Política de Comércio Exterior. Examinar reformas necessárias do ponto de vista estrutural e de instrumentos de Política.
Palestrantes convidados:
Mediadora – Vera Thorstensen
Clodoaldo Hugueney
Rubens Barbosa
Alessandro Teixeira
Samuel Pinheiro Guimarães
Eduardo Gianetti da Fonseca
Sergio Amaral

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Heranca maldita dos companheiros: juros mais altos do mundo ate o final de 2015...

Déficit de transações correntes em alta, inflação em alta, e investimentos estrangeiros em baixa.
Essa é a herança a ser deixada pelos companheiros em economia...
Paulo Roberto de Almeida

Brazil
Itau economic forescasting, 18/07/2014

The Copom will publish on Thursday the minutes of its last meeting (occurred last Wednesday). In the post-meeting statement, the Copom affirmed that it decided, “at the moment”, to maintain the SELIC rate unchanged at 11.0%. In the context of weak economic activity (particularly the decline in business and consumer confidence), the expression “at the moment” may be interpreted by some market participants as signaling that interest rates could be cut in the coming months. However, we do not see much room for lower rates, given that inflation is above the upper bound of the target range, there are still increases in monitored prices in the pipeline for 2014 and 2015, and the unemployment rate still remains at historical lows. The minutes are expected to provide more details to this discussion.

We maintain our call that the SELIC rate will remain at 11% until the end of 2015.

July’s IPCA-15 consumer inflation preview will hit the wires on Tuesday. We forecast a 0.23% monthly gain, down from 0.47% in June on slower transport and food inflation. If our estimate is on the mark, twelve-month inflation will rise to 6.58% (6.41% in the previous month), with a still-wide gap between market-set and regulated inflation (7.2% and 4.6%, respectively).

June’s unemployment rate is scheduled for release on Thursday, but there is still uncertainty as to whether the full-data will be released. We still don’t know May’s unemployment rate because of strikes among IBGE employees. We forecast the unemployment rate at 5.1% in both May and June, and the seasonally-adjusted reading at 4.8% in both months (4.7% in April). Job creation has been slow, but there are also less people looking for jobs, maintaining the unemployment rate at low levels.

The FGV confidence indexes for July (preview of industrial business confidence on Wednesday and the consumer confidence on Friday) are also noteworthy.

June’s federal tax collection is expected to come through on Wednesday. We forecast BRL 90 billion, which represents a year-over-year decline of 1.4% in real terms (-6.0% in May). If correct, annual growth in the last three months will hit -2.1%, from -0.8% in May. The weakness of tax collection stems from slow economic activity and the tax breaks implemented over recent years. The trend indicates that efforts to increase non-tax revenue will continue, and reinforces our view that the recurring primary fiscal surplus will remain below 1% of GDP this year.

June’s balance of payments will come though on Friday. We look for a current account deficit of USD 3.9 billion, down from USD 6.6 billion in May, but in line with the level recorded in June 2013 (also USD 3.9 billion). The improvement from the previous month should stem mostly from a stronger trade balance, but also from lower deficit in the service and income accounts. If we’re correct, the twelve-month current account deficit will remain stable at 3.6% of GDP. Foreign direct investment is expected to be slightly weaker than in previous months, given the inflow of only USD 2.3 billion until June 18th. We estimate USD 3.6 billion, with the twelve month reading declining from 2.9% to 2.8% of GDP.

Alguem ai conhece a PRESIDENTA do FMI? Sera o Planalto, sera o Itamaraty, sera o Benedito?

Leio, numa dessas mensagens Twitter, que nos chegam como raios caídos de um céu azul, o seguinte:

MRE Brasil–Itamaraty @ItamaratyGovBr
A presidenta do FMI parabenizou o Brasil pela VI Cúpula do BRICS e pela criação do Arranjo Contingente de Reservas: blog.planalto.gov.br/fmi-parabeniza…
17 Jul
blog.planalto.gov.br
Quinta-feira, 17 de julho de 2014 à s 11:16 Lagarde apresentou a disponibilidade de o FMI atuar em cooperação com a equipe do Brics para a preservação da estabilidade financeira no mundo. Gostaria simplesmente de transmitir-lhe minhas felicitações pela realiza...


Bem, alguém precisa avisar ao Planalto, ao Itamaraty, a quem for, que a Christinne Lagarde não é PRESIDENTA, ela só é DIRETORA-GERENTA...

Paulo Roberto de Almeida
Diplomato..

A vida como ela e' (sem pretender ser Nelson Rodrigues): engarrafamentos sem fim - Cora Ronai

Transcrevo, mas comento antes.
Parafraseando (mal) Nelson Rodrigues, a experiência de se dispor de uma "máquina" pessoal de transporte individual é bonitinha, mas muito ordinária, pelo menos nas condições atuais das grandes aglomerações urbanas brasileiras (mas de outros países também).
A jornalista tem saudade dos tempos em que podia circular "impunemente" pelo Rio de Janeiro, uma vez que sua renda lhe permitia integrar a minoria dos proprietários de carro de algumas décadas atrás.
Ela não se dá conta de que outras pessoas, cada vez com renda menor, já podem ter acesso a essas maravilhosas máquinas rodadoras, já que outra das maravilhas do capitalismo é o de baratear sempre (irremediavelmente, e a despeito da inflação) o preço dos bens manufaturados.
Como outros gostariam de gozar do mesmo direito que ela tinha, quase solitária, a vida virou o que ela é, ou parafraseando Jean-Paul Sartre, "o inferno são os outros"...
Qual solução?
Ela não aponta.
Transportes coletivos, apenas isso.
As pessoas precisariam dispor de metro, de ônibus, bicicletas, etc.
Parece que nossos políticos e planejadores governamentais, urbanistas e outros curiosos na matéria ainda não desceram de seus carros individuais para confrontar esse problema inadiável para todas as nossas cidades (e não apenas as brasileiras). Algumas cidades fazem melhor do que as outras.
Quando eu morei em Shanghai, por exemplo, podia dispor de 13 linhas de metro (agora parece que são 16, e cada vez mais longe...). Em SP e RJ quantas são?
Não sei, acho que nunca peguei, pois não vão a nenhum lugar que eu frequento...
Paulo Roberto de Almeida

ENGARRAFAMENTO: "A VIDA FICA MENOR"!
Cora Rónai
O Globo, 17/07/2014

1.  Eu adorava passear de carro! Quando estava sozinha e tinha uma folga no trabalho, saía de casa sem destino definido, e ia aonde o dia me levasse. Explorava ruas que não conhecia, subia ladeiras, rodava por Santa Teresa, pela Muda, pelo Grajaú. Havia sempre uma surpresa interessante pelo caminho, uma casa simpática, uma árvore bonita. O Centro, engarrafado desde sempre, era um dos poucos lugares que não me atraíam: era impossível passear de carro onde o trânsito exigia tanta atenção.
       
2. Na sexta-feira retrasada peguei um táxi em frente de casa, na altura do Corte de Cantagalo, para ir à Fonte da Saudade — uma corrida boba que, normalmente, leva cerca de dez minutos, e custa uns R$ 12 ou R$ 13. Pois levei uma hora e meia e paguei R$ 40. Em vários momentos tive vontade de descer do carro e seguir a pé, mas fazia um calor insuportável, eu estava com uma roupa pouco apropriada para derreter ao sol e, além disso, seria covardia abandonar o motorista sozinho com o prejuízo.
       
3. Na segunda-feira passada tive que ir à Barra. A corrida, se é que se pode chamá-la assim, levou duas horas. O percurso, que antes me dava tanto prazer, há tempos se tornou um suplício; hoje só vou à Barra por absoluta necessidade, e faço o que posso para que essa necessidade seja cada vez menor. Não há comércio, restaurante ou espetáculo que justifique tanto tempo perdido.
       
4. O horrendo trânsito do Rio, que já ultrapassou São Paulo como cidade mais engarrafada do Brasil — e que ostenta o tristíssimo título de terceira cidade mais engarrafada do mundo — acaba com a alegria de qualquer um. Não é só o tempo perdido, o estresse sem fim; ficamos cada vez mais confinados aos nossos bairros, perdemos o prazer de percorrer e de descobrir a nossa cidade. A vida fica menor.

Eleicoes 2014: impacto das midias escrita e digital - obervacoes Cesar Maia

Interessantes observações de um especialista em comunicação política e eleitora, aliás, vetado pelo TRE do Rio de Janeiro para ser candidatos ao Senado, por algum problema de uso de verbas oficiais quando de seu desempenho executivo na Prefeitura.
A vida segue, a caravana passa, os cães ladram, e os comunicadores se estrumbicam, como diria o Chacrinha...
Paulo Roberto de Almeida


COMO AS REDES MULTIPLICAM A IMPRENSA NA CAMPANHA ELEITORAL!
Cesar Maia, 18/07/2014
    
1. Suponhamos um jornal com 200 mil leitores. Pela multiplicidade de notícias, a menos que seja uma notícia continuada -tipo campanha- a memória das matérias é de curtíssimo prazo para todos aqueles que não estão fortemente envolvidos com o conteúdo dessa ou daquela, seja pela força da informação ou da emoção.
     
2. Suponhamos uma matéria que gere memória, mas cuja publicação ocorreu numa página interna. Apenas uma fração dos leitores -digamos 10%- a leu com atenção. Digamos 20 mil pessoas. Se essa matéria é de interesse eleitoral, com denúncias sobre um candidato majoritário, os militantes de seus adversários vão usar essa matéria contra aquele.
     
3. O poder difusor da internet em matérias políticas é muitas vezes maior em matérias negativas. Quando militantes de uma candidatura copiam a matéria com denúncias sobre seus adversários, iniciam um processo de multiplicação nas diversas redes que tem acesso. Quando são redes pequenas, a multiplicação das matérias depende dos momentos seguintes.
     
4. Quando são redes grandes, as matérias já partem com bases ampliadas e a partir dai vão ser multiplicadas. A força do multiplicador das notícias eleitorais impressas tiradas de páginas internas dos jornais e revistas depende do interesse das mesmas e dos pontos de deflagração.  Portanto, seu impacto muda de acordo com essas duas variáveis básicas: interesse e deflagradores primários e secundários.
     
5. A velocidade de multiplicação aumenta muito quando está linkada a fotos/desenhos, com pouco texto, tipo a diagramação de charges. Claro, observado os dois vetores: interesse e deflagradores. Só que com potencial de multiplicação muito maior.
     
6. O uso dos vídeos tem fortíssimo potencial multiplicador, observados três vetores: interesse, deflagradores e o surpreendente/inusitado dos fatos em vídeos. Mas há uma restrição: o tamanho do vídeo. Quanto mais curto, melhor. Quando se aproxima ou passa de 3 minutos, ou o interesse e o inusitado do vídeo são muito fortes, ou tende a não ser visto até o final.
     
7. Nesse caso, se o impacto ocorre no final, o vídeo que vai além de 3 minutos perde muito, muito de seu potencial multiplicador.

Republica Federativa de Guantanamera?: ditador cubano em residenciaoficial do governo federal

O ditador Raúl Castro veio para um convescote de tiranetes latino-americanos. Oposição fez bem em exigir explicações do governo amigo das tiranias. 


Líderes de partidos de oposição na Câmara dos Deputados questionaram nesta quinta-feira (17/07), a hospedagem do presidente de Cuba, Raúl Castro, na Granja do Torto, residência oficial de campo da Presidência da República. A oposição pretende pedir informações ao Itamaraty e à Secretaria-Geral da Presidência da República sobre a deferência especial ao líder cubano. 

Segundo apurou a Agência Estado, a hospedagem de Castro estava sendo tratada como segredo de Estado pelo governo brasileiro, mas o fato foi confirmado por duas fontes do governo. 

Em Brasília para o encontro da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) com o presidente da China, Xi Jinping, Castro foi o único dos chefes de Estado a se hospedar na casa de campo utilizada pela presidente Dilma Rousseff. Nesta manhã, o cubano recebeu na Granja do Torto o colega venezuelano Nicolás Maduro. "É uma distinção inexplicável e injustificável", criticou o líder da bancada do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). O tucano lembrou que o presidente cubano, em eventual dificuldade de encontrar hospedagem em Brasília, poderia optar pela Embaixada de seu país. 

Imbassahy informou que o PSDB vai encaminhar requerimento ao Ministério de Relações Exteriores questionando os custos e a falta de transparência do governo brasileiro. O tucano quer saber se, além da hospedagem, o governo brasileiro teve outros gastos, como transporte do presidente cubano e sua comitiva, além dos motivos pelos quais a estada de Castro foi mantida em sigilo pelo Palácio do Planalto. 

Outro requerimento será apresentado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para que o ministro Luiz Alberto Figueiredo esclareça o alinhamento entre Brasil e "países de regimes ditatoriais". "Depois que deu dinheiro para construção de um porto (de Mariel), supriu o caixa do governo cubano com os recursos do Programa Mais Médicos, o Palácio do Planalto oferece agora mais um mimo especial", atacou o deputado. O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), também criticou o tratamento diferenciado ao cubano e chamou a Granja do Torto de "Embaixada da Ditadura no Brasil" e de "hospedaria de ditador latino-americano". "Essa distinção por Cuba, depois de ter criado um programa de importação de médicos para financiar a ditadura cubana, garante a Raul Castro tratamento concedido apenas para outro ditador, o presidente da Venezuela e afilhado político de Hugo Chávez, Nicolás Maduro, nesses 12 anos de governo do PT", afirmou. (Continua).

Banco dos Brics: duas opinioes negativas - Roberto Ellery e Adolfo Sachsida

Começo com o vídeo do Adolfo Sachsida, pois basta clicar no link abaixo:

Uma Ideia Ruim Sempre Pode ser Piorada: O Banco dos BRICS

https://www.youtube.com/watch?v=xXwo5_-KDH8&list=UUdivG5uywW1-UHNG5NGpExQ

Agora leiam o artigo do Roberto Ellery em seu blog, sobre o qual o Sachsida justamente me chamou a atenção.
Paulo Roberto de Almeida

Banco dos BRICS: Desnecessário e Perigoso

Blog do Roberto Ellery,  16/07/2014

O assunto da semana é a criação do Banco dos BRICS. Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul decidiram criar um banco que será sediado em Xangai e que será uma mistura de FMI com Banco Mundial. Para começo de conversa é preciso deixar claro que FMI e Banco Mundial exercem funções diferentes e, não raro, conflituosas. Enquanto o Banco Mundial é um banco de desenvolvimento com a tarefa de financiar o crescimento econômico no mundo e reduzir a pobreza (ver aqui) o FMI é um fundo desenhado para socorrer países em crise de balanço de pagamentos (ver aqui). O Banco Mundial é aquele banco que você recorrer quando tem uma ideia que acredita ser boa e quer transformar a ideia em um negócio ou quer um financiamento para que sua ideia reduza a pobreza, o FMI é aquele banco que você procura quando está quebrado. O Banco Mundial é o “policial bonzinho” e o FMI é o “policial malvado”.
Pensar as duas funções em um único banco é um desafio que não vou enfrentar nesse post, apenas registro que as possibilidades de risco moral são inúmeras. Aqui vou separar cada função e questionar a relevância de cada uma delas para o Brasil. Começo pelo banco de desenvolvimento, um dos meus vilões favoritos. A verdade é que já temos um banco de desenvolvimento de dimensões consideráveis. Em 2012 o Banco Mundial emprestou U$ 32 bilhões (ver aqui e aqui), no mesmo ano o BNDES desembolsou R$ 156 bilhões, o que equivale a aproximadamente U$ 70 bilhões pelo cambio atual. É isto mesmo, em 2012 o BNDES desembolsou duas vezes mais que o total de empréstimos realizados pelo Banco Mundial. Se o Brasil tem um banco maior que o Banco Mundial que é só dele por qual razão vai criar outro banco concorrente do Banco Mundial?
Uma possível resposta é que o novo banco terá uma atuação internacional e nós queremos ajudar os países mais pobres. O problema é que o BNDES já financia projetos em outros países (ver aqui) e sem dar satisfação a chineses ou a russos. Outra resposta é que o BNDES está fazendo um excelente serviço e um novo banco seria uma forma de ampliar esses serviços. Já escrevi um bocado sobre os efeitos do BNDES aqui no blog, é só fazer uma busca. Os exemplos do fracasso das políticas do banco se amontoam, o caso mais emblemático é o do grupo X de Eike Batista o que eu tomei conhecimento mais recentemente é o da Eldorado (ver aqui). O próprio Luciano Coutinho, presidente do BNDES e um dos mentores da política de campeões nacionais, já percebeu que a política de campeões nacionais que norteou a atuação do BNDES deve ser abandonada (ver aqui).
Entretanto, na condição de liberal chato e sendo mais chato do que liberal, coloco mais uma vez o retrato do fracasso do BNDES em elevar a taxa de investimento brasileira. A figura abaixo mostra os desembolsos do BNDES, a taxa de investimento no Brasil e a taxa de investimento na América Latina e Caribe. Notem que a taxa de investimento no Brasil é menor que a da América Latina e Caribe (não retirei o Brasil do grupo América Latina e Caribe, portanto o Brasil está puxando o grupo para baixo), mas ainda, o gigantesco aumento dos desembolsos do BNDES não foi capaz de dar a taxa de investimento do Brasil uma dinâmica diferente da taxa de investimento da América Latina e do Caribe. O único momento em que isto aconteceu foi na sequencia da crise de 2008, minha conclusão é que os efeitos da atuação do BNDES parecem mais com a de uma política de curto prazo do que com o que se esperaria de um banco de desenvolvimento. Os dados para desembolso são do próprio BNDES, as taxas de investimento são do FMI.
O motivo para isto é simples: o Brasil não precisa de um banco de investimento. As grandes restrições para o investimento no Brasil estão no ambiente de negócios, investir em um país que muda regras o tempo todo é uma decisão de alto risco. Investimentos de longo prazo exigem estabilidade, exatamente o que não oferecemos. Peço que o leitor imagine a apreensão de quem acabou de investir no Brasil em um setor que concorre com produtos chineses. Com o novo banco os chineses serão favorecidos? Quem arrisca uma resposta? A verdade é que mesmo no Banco Mundial a estratégia de combater pobreza e estimular desenvolvimento com crédito barato vem sendo questionada. O crédito barato costuma acabar nas mãos dos amigos do governante de plantão que não necessariamente são os que têm os melhores projetos, mais grave, o crédito barato acaba sendo usado para manter governos no poder e atenta contra a democracia.
A atuação do banco dos BRICS como banco de desenvolvimento me parece trazer mais problemas do que soluções. Mas como fica a atuação como emprestador de última instância para países em crises de balanço de pagamentos? Aqui é mais delicado. Alguém sempre pode argumentar, com alguma razão, que a existência desse tipo de banco acaba por estimular um comportamento irresponsável que leva às crises que o banco vai resolver. Simpatizo com essa linha de raciocínio, mas tenho de reconhecer que crises existiam antes do FMI e que, portanto, o FMI não pode ser a causa única para crises. Parece razoável argumentar que já que crises existem é aceitável existir um banco que socorra países em crises. Mas como entra o Brasil nesta história?
A taxa de poupança do Brasil está entre as mais baixas do mundo (ver aqui). Exatamente por qual razão um país que não tem capital para financiar o próprio investimento e que importa capital vai se oferecer para financiar países sem crédito para honrar seus compromissos externos? Pior, se não ajustar o preços dos combustíveis o Brasil caminha ele mesmo para uma crise do balanço de pagamentos (ver aqui). Mas aí está a vantagem, podem argumentar os espertos de plantão, ao criar o banco dos BRICS o Brasil está se antecipando e conseguindo quem financie uma eventual crise no balanço de pagamentos, afinal a China é um dos maiores credores do planeta. É uma jogada interessante, mas não esqueçamos que malandro demais vira bicho. China, Rússia e mesmo Índia não são os bobos do jogo de poder internacional, pelo contrário, são atentos e não raro brutais neste jogo. Acreditar que a China está disposta a financiar uma crise brasileira para mostrar algo aos EUA é acreditar em fadas. Impressiona que os que falam pelos cotovelos a respeito da questão geopolítica não estejam nos explicando exatamente o que ganhamos e o que perdemos no jogo de poder com a criação do banco.
O post já está longo, termino com uma frase que gosto muito de um filme sobre pôquer que não estou lembrando o nome agora. O jogador do filme dizia que se em tantos minutos você não souber quem o otário da mesa então saia da mesa que o otário é você. Gostaria muito que os especialistas que defendem a criação do banco dissessem quem é o otário da mesa, por razões óbvias as autoridades não podem dizer, se não souberem é melhor recomendar que saiamos da mesa...