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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 21 de agosto de 2010

Telecomunicações: como o governo rouba a sociedade...

Quem diz não sou eu, mas um respeitado colunista e especialista em telecomunicações. Acho que não preciso acrescentar uma linha sequer ao que ele disse, apenas confirmar que o governo nos faz de idiotas, de idiotas, de ingênuos inúteis, pois sequer sabemos defender o nosso patrimônio, contra esse assalto declarado e aberto do Estado.
Paulo Roberto de Almeida

Um confisco de R$ 362 bilhões
Ethevaldo Siqueira
Estado de São Paulo, 08/08/2010)

Os adversários do modelo privatizado das telecomunicações inventaram a palavra privataria, uma mistura de privatização e pirataria, para desqualificar o processo de desestatização do setor, levantando suspeitas sobre sua lisura. Pura mentira e desespero, por falta de argumentos. Mesmo diante de uma expansão de quase 900% da infraestrutura setorial, em 12 anos, os defensores do velho monopólio estatal ainda falam em privataria.

Mostro neste artigo a incrível ganância estatal, em relação às telecomunicações do País. E começo com uma pergunta: “Você sabia, leitor, que nós, assinantes e usuários de telefonia fixa e móvel – cidadãos como eu e você – já recolhemos R$ 330 bilhões de impostos aos cofres do governo, ao longo dos últimos 10 anos (2001-2010)”?

Pois bem, mesmo depois de ter vendido suas ações nas empresas de telecomunicações, o maior sócio de todo o setor continuou a ser o Estado brasileiro, pois arrecada anualmente nesse setor o correspondente a 10 vezes o lucro líquido de todas as operadoras de telefonia fixa e celular juntas.

As distorções crescem e se agravam ano a ano, com a elevação das alíquotas de tributação sobre serviços de telefonia fixa e móvel, e que hoje são as maiores do mundo (43% sobre o valor dos serviços). Só a Turquia comete equívoco semelhante, ao tributar suas telecomunicações em 42%.

É claro que, com menos impostos, o preço dos serviços poderia ser bem menor e as tarifas telefônicas brasileiras não seriam consideradas as mais caras do mundo.

E pior do que isso: em lugar de investir nesse setor vital, o Estado brasileiro prefere usar as telecomunicações como uma vaca leiteira, uma mina de ouro, da qual retira e confisca o máximo. Nessas condições, não poderia haver melhor negócio no mundo para o governo do que a privatização do velho Sistema Telebrás.

Assalto
Além dos R$ 330 bilhões de impostos arrecadados nesta década, o Estado retira muitos outros bilhões da telefonia. Acompanhe, leitor, a demonstração, passo a passo, dos números referentes a tudo que tem sido retirado e arrecadado de nossos bolsos e do setor pelo Estado brasileiro, desde os leilões, vendas de licenças, impostos e fundos setoriais não aplicados.

Ao privatizar, o governo brasileiro vendeu o controle da antiga Telebrás por R$ 22,2 bilhões e ainda faturou mais R$ 20,1 bilhões com os leilões de licenças de celulares e faixas de frequências. Em seguida, reformulou os tributos (em especial o ICMS) para ampliar a arrecadação e chegar aos R$ 330,4 bilhões recolhidos nesta década. Esse enorme confisco tem ocorrido ao longo dos últimos 10 anos, sendo dois anos do governo FHC, de 2001 a 2002, e oito anos no governo Lula, de 2003 a 2010.

Mas a sangria do setor não termina aí. Além desse montante, o governo federal ainda embolsou no mesmo período mais R$ 32 bilhões que pertenciam a três fundos setoriais, assim distribuídos: a) R$ 22 bilhões do excesso de arrecadação do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), b) R$ 8 bilhões correspondentes à totalidade da arrecadação do Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust,) e c) R$ 2 bilhões dos recursos excedentes do Fundo de Tecnologia de Telecomunicações (Funttel).

Ilegalidade total
Esse confisco de R$ 32 bilhões dos fundos setoriais é um exemplo de ilegalidade flagrante, pois esses recursos são carimbados, com destinação legal certa e obrigatória. Deveriam, portanto, ter sido aplicados integralmente em fiscalização, universalização dos serviços e pesquisa tecnológica. Mas não foram. Na linguagem vulgar, esses R$ 32 bilhões foram para o ralo. Ou seja, para a vala comum do superávit fiscal.

Imagine, agora, o que teríamos hoje de modernização setorial se, por hipótese, o governo tivesse investido os R$ 32 bilhões e a fatia de apenas 10% dos R$ 330 bilhões de impostos arrecadados (R$ 33 bilhões), num grande projeto de banda larga e inclusão digital.

Seriam R$ 65 bilhões (o equivalente a US$ 37 bilhões), quantia suficiente para implantar uma das infraestruturas de banda larga mais avançadas do mundo, tão moderna quanto a do Japão ou da Coreia do Sul.

Por outras palavras, com esse investimento, poderíamos ter assegurado ao País uma penetração de banda larga da ordem de 80 ou 90% de seus domicílios, bem próxima da que têm os países mais desenvolvidos.

Balanço final.

Agora, caro leitor, some os R$ 330 bilhões de tributos escorchantes ao confisco de R$ 32 bilhões dos fundos e terá o total de R$ 362 bilhões. Eis aí o grande mal que o governo federal tem feito contra as telecomunicações, segundo dados oficiais da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Tesouro Nacional (Siafi), Confaz, revelados em estudo do Sindicato das Empresas Operadoras de Telecomunicações (Sinditelebrasil).

Faça um teste, leitor. Pergunte ao cidadão comum se ele sabe quanto paga de impostos em sua conta de energia elétrica, gasolina, alimentos essenciais, água, transportes ou na conta de telefone fixo ou celular.

“Impostos? Sei, não” – responderá o pobre cidadão alienado. Como tanta gente neste País, ele não sabe nada.

É dessa inconsciência que se aproveitam todos os governos perdulários e populistas, ao longo da história.

The END is not the end... (com perdão pelo trocadilho...)

Sim, um trocadilho infame com a grandiosa Estratégia Nacional de Defesa, publicada no final de 2008, e que não é absolutamente uma estratégia, é muito pouco de defesa e que apenas é, prosaicamente, nacional (talvez exageradamente).
Enfim, apenas para chamar a atenção -- já que acabo de receber o aviso -- para a publicação deste meu trabalho:

A Arte de NÃO Fazer a Guerra: novos comentários à Estratégia Nacional de Defesa
Meridiano 47 (vol. 11, n. 119, junho 2010, p. 21-31; ISBN: 1518-1219)
link para o boletim: http://meridiano47.files.wordpress.com/2010/08/v11n119.pdf;
link para o artigo: http://seer.bce.unb.br/index.php/MED/article/view/638/407.
Originais n. 2066; Publicados n. 972

Uma sugestao: fechar a porta aos anônimos...

Leio num blog português, que talvez tenha inteiramente razão:

Anónimos ficam à porta
Este blog não aceita comentários anónimos, de qualquer tipo.


Vou pensar nisso; acho que vou ter menos material a processar (de qualquer tipo de qualidade, do bom, do mau e do feio...)

Refletindo...

Debate sobre a Politica Externa - Revista Epoca

O papel da política externa
Da Redação
Revista Época, Sábado, 21 de agosto de 2010

O Brasil entrou na década de 2000 com uma indiscutível liderança dentro da América do Sul. Em 2002, veio a candidatura à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, cujo programa de governo falava em reforçar os laços diplomáticos com nossos vizinhos, mas também se referia à política externa como “indispensável para garantir a presença soberana do Brasil no mundo”. Com Lula eleito, a diplomacia ganhou novos contornos.

O presidente passou a usar seu carisma para tentar ampliar a voz do Brasil em organismos multilaterais. Beneficiado pelo bom momento econômico do país, Lula conseguiu atrair a atenção de líderes mundiais. Em abril do ano passado, durante a reunião do G20 em Londres, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se dirigiu a ele com a frase “Este é o cara!”, que acabou se tornando um símbolo do prestígio internacional obtido pelo Brasil nos últimos anos.
Pool Kirsty Wigglesworth
PRESTIGIADO
O presidente Lula sentado ao lado da rainha britânica, Elizabeth II, e à frente do presidente americano, Barack Obama, durante a reunião do G2), em 2009. O Brasil tenta se consolidar entre os grandes da diplomacia mundial

O “ativismo diplomático” do governo Lula também recebeu críticas da comunidade internacional. Os EUA discordaram do abrigo dado pela embaixada brasileira em Honduras ao presidente deposto Manuel Zelaya, o que teria alongado a crise institucional naquele país. Os americanos e outras potências ocidentais, como França e Reino Unido, também ficaram contrariados com a ideia de Lula de se apresentar como mediador do conflito árabe-israelense e, mais recentemente, com a resistência de nossa diplomacia em relação a sanções contra o programa nuclear do Irã. Diante disso, como o próximo presidente deve equilibrar o protagonismo crescente do Brasil e a convivência com antigas potências diplomáticas? Que parâmetros a política externa brasileira deve seguir nos próximos quatro anos? Essas perguntas estarão em pauta no quarto ÉPOCA Debate 2010, que aborda os temas mais importantes na agenda dos candidatos à Presidência da República. A discussão, aberta à participação de leitores, será no dia 31 de agosto, às 16h30, no auditório da Editora Globo, em São Paulo. Os convidados para este ÉPOCA Debate – Política Externa são Samuel Pinheiro Guimarães, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência e ex-secretário-geral do Itamaraty; Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington; e Amaury de Souza, cientista político e autor do livro A agenda internacional do Brasil: a política externa brasileira de FHC a Lula.

Os três primeiros debates foram sobre Justiça e segurança pública, educação e saúde. O quinto e último será sobre o papel do Estado. Todos serão gravados e estarão disponíveis em epoca.com.br. As inscrições podem ser feitas pelo telefone (11) 3767-7325 begin_of_the_skype_highlighting (11) 3767-7325 end_of_the_skype_highlighting ou por meio de um formulário em epoca.com.br/inscricao.

ÉPOCA DEBATE
* Política Externa
* Participação
* - Samuel Pinheiro Guimarães
* Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência
* - Rubens Barbosa
* Ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington
* - Amaury de Souza
* Cientista político e autor do livro A agência internacional do Brasil

* Data: 31 de agosto (terça-feira)
* Horário: 16h30
* Local Editora Globo
* Endereço Av. Jaguaré, 1485, 7ºandar, São Paulo, SP
* Inscrições: tel. (11)3767-7325 begin_of_the_skype_highlighting (11)3767-7325 end_of_the_skype_highlighting ou pelo site epoca.com.br/inscricao

* (As inscrições serão feitas até o limite de vagas do auditório que tem capacidade para 92 pessoas.)

Poetas e diplomatas... (tudo a ver?)

Não, não vou falar da "promoção" de Vinicius de Moraes a "embaixador", embora ele seja citado nesta bela poesia que transcrevo abaixo.
Alertado por meu colega blogueiro e diplomata -- acho que na ordem inversa -- Francisco Seixas da Costa, que sempre traz coisas muito boas no seu "Duas ou Três Coisas...", descobri, em um seu post sobre Diplomacia e Poesia, essa junção de duas coisas que sempre caminharam juntas: a diplomacia e a poesia, tanto porque os diplomatas são algo como os poetas da Realpolitik, ou os realistas da Idealpolitik, quanto porque eles não se cansam de encontrar palavras bonitas para feias realidades...
Enfim, sou de opinião que, independentemente de suas qualidades enquanto grande poeta, grande letrista, incomparável bebum, Vinicius nunca poderia ter sido promovido a embaixador, razão pela qual coloquei essas expressões entre aspas, no começo deste post. Tratou-se de uma promoção política, administrativa e técnicamente irregular, que poderia ser desmantelada por qualquer órgão de controle da legalidade dos atos (mas que, no Brasil atual, se preocupa com a legalidade dos atos do governo?), feita mais para dar uma gorda pensão -- e provavelmente uma grande "indenização" retroativa -- a suas duas filhas, do que para reparar uma grande injustiça.
Mas deixemos essa questão de lado para apreciar esta crítica dos costumes poético-diplomáticos em forma de poesia, justamente, embora vagamente depreciativa, talvez comme il faut...
Paulo Roberto de Almeida

Divertimento
Blog Tim Tim no Tibete
Thursday, August 19, 2010

Um diplomata só já é risível;
poeta e diplomata, isso é demais!

Fica bem nas fronteiras do incrível:
Vinícius e Cabral não quero mais!

Foi você que pediu Octavio Paz?
Não sei o que ele fez nem o que faz.

Poetas são patetas com plumas
e diplomatas são coisas nenhumas.

Claudel que vá rezar avé marias
e o Perse consertar as avarias

que fez à Resistência no exílio.
Não pensem que esquecemos o Abílio

Guerra Junqueiro, toda uma ameaça:
o Rei a cair morto numa praça!

Poetas diplomatas, vão pastar!
Poetas presidentes?! Nem pensar...

E não julguem que sou qualquer reaça!
Eu sou da nobre estirpe de um talassa...

Posted by Alcipe at 9:06 AM

Nunca antes naquele pais, a censura foi tao escabrosa...

...ou talvez sim: na época do ditador Perez Jimenez, como lembra o Estadão nesta matéria que também já foi objeto de um post neste blog, poucos dias atrás. O foco: a censura exercida por um juiz a serviço do caudilho sobre os jornais, que estão apenas estampando a realidade.
Em todas as ditaduras, é proibido refletir a realidade.
Todos tem de viver a ilusão pautada pela propaganda oficial.
Mais um pouco essa tendência vai se espalhar pelo continente. Na Bolívia, no Equador, na Argentina já se constata a disseminação desse virus.
Tem gente que gosta...
Paulo Roberto de Almeida

O arrocho de Chávez
Editorial - O Estado de S.Paulo
21 de agosto de 2010

A publicação, pelo jornal El Nacional de Caracas, de uma foto de 12 cadáveres empilhados no necrotério da capital - para denunciar a omissão do governo de Hugo Chávez diante da escalada da violência criminal na Venezuela - resultou esta semana na imposição explícita da censura a toda a imprensa do país, depois limitada a dois jornais de Caracas. É o mais grave ato repressivo do gênero desde os tempos do ditador Marcos Pérez Jiménez, nos anos 1950. Com uma peculiaridade: a mordaça valerá de início por um mês. Isso porque haverá eleições parlamentares na Venezuela em 26 de setembro, e a questão da segurança aflige como nenhuma outra o eleitorado da nação vizinha.

Não é para menos. Sob Chávez, a criminalidade alcançou níveis atualmente sem paralelo na América do Sul. Embora o governo tenha cessado de divulgar estatísticas sobre o assunto - na fútil tentativa de ocultar da população o que ela sabe por experiência própria na sua vida cotidiana -, cálculos extraoficiais revelam que em 2009 o número de homicídios no país superou 16 mil, com 50 mil feridos. Em julho último, 465 pessoas (ou 15 a cada dia) foram assassinadas, apenas em Caracas. Estima-se que o arsenal em poder da bandidagem soma 6 milhões de armas. Na Venezuela, o crime compensa: 91% dos atos de violência armada permanecem impunes.

Na República Bolivariana, o regime controla de tal modo o Judiciário que pode contar com a instituição para dar um verniz de legitimidade aos seus movimentos liberticidas. Assim foi no caso do oposicionista El Nacional. (Ou no caso do Tal Cual, outro jornal que se opõe ao caudilho, que reproduziu a foto do necrotério repleto.) Tão logo Chávez investiu contra o matutino, acusando-o de ter divulgado uma imagem "pornográfica", numa "manipulação politiqueira do tema da violência", o Tribunal para a Proteção da Criança e do Adolescente vedou a publicação de textos e fotos relativos, entre outras coisas, a "incidentes sangrentos e grotescos, armas, mensagens de terror, atos de agressão física e batalhas".

A reação do El Nacional foi vigorosa. Sob a manchete Proíbem publicar imagens e notícias sobre a violência, o diário carimbou a palavra "censurado" nos espaços em branco reservados para duas fotos. Uma legenda resumia a tragédia venezuelana: Se aqui houvesse uma foto, vocês veriam um pai chorando por um filho que morreu. O proprietário e editor-chefe do jornal considerou a censura uma arbitrariedade que viola a Constituição. "Foi uma decisão política", disse ainda, aludindo à campanha eleitoral em curso no país e ao problema que mais afeta a popularidade de Chávez. "A decisão judicial peca por amplitude e imprecisão", comentou a organização de defesa da imprensa Repórteres sem Fronteiras.

As incursões do autocrata contra a liberdade de informar nada têm de novo. Em 2007, o governo se recusou a renovar a concessão da rede RCTV, que acabou fechada. Tiveram o mesmo destino 40 emissoras de rádio. O caso talvez mais escabroso é a perseguição movida à TV Globovisión, cujo dono, Guillermo Zuloaga, fugiu do país depois de ter sido preso em março. Chávez anunciou que pretende adquirir o controle acionário da emissora. "Mas nunca vimos uma atitude como esta", ressalta o professor Marcelino Bisbal, da Universidade Católica Andrés Bello, de Caracas. Provavelmente porque parece haver um elo entre a indiferença do governo à violência urbana e os subterrâneos do poder chavista.

Há pouco, a CNN levou ao ar o documentário espanhol Los Guardianes de Chávez sobre os grupos paramilitares como Los Colectivos, La Piedrita e Los Carapaicas, que formam uma espécie de força pretoriana do caudilho que intimida, quando não aterroriza, a oposição ao chefe. Um número indeterminado, porém não desprezível, de seus integrantes mantém relações com organizações criminosas ou fazem parte eles mesmos das quadrilhas. Outra tropa de choque são as milícias camponesas apoiadas e armadas pelo autocrata. Como era de prever, ele atribuiu as denúncias a uma tentativa golpista. "Este tema da violência, do crime", investiu, "converteu-se num fator antirrevolucionário de peso." Na realidade, é um pretexto para o arrocho. Mais um.

Nunca antes "nestepaiz", a Petrobras foi tao manipulada (erraticamente)

Parece incrivel a capacidade de certos aprendizes de feiticeiro de atrapalhar negócios que deveriam ser conduzidos como... negócios.
Uma empresa que deve cumprir objetivos políticos, para um governo errático, deixa de ser uma empresa, para ser um braço de aventuras ideológicas para neófitos e ideólogos equivocados.
Poucos dias atrás já postei aqui uma matéria sobre os sonhadores da ANP, que pretendem estipular preços políticos, a partir de um achismo verdadeiramente irresponsável.
Paulo Roberto de Almeida

A imagem da Petrobrás
Editorial - O Estado de S.Paulo
21 de agosto de 2010

Nenhum crítico ou inimigo da Petrobrás conseguiu, em mais de meio século, prejudicar tanto a imagem da empresa quanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com suas trapalhadas em torno da exploração do pré-sal. Em busca de recursos para o mais ambicioso de seus projetos, a maior estatal brasileira perde espaço no mercado de capitais, em vez de mobilizar investidores para um empreendimento de proporções extraordinárias. Cerca de um quarto do valor de suas ações se evaporou desde o começo do ano. A perda chega a 30%, aproximadamente, se for contada a partir do último pico, em 1.º de dezembro do ano passado. O Fundo Soros, seu maior acionista privado até há pouco tempo, vendeu todos os papéis da estatal. Já não tinha nenhum em 30 de junho, segundo informou nesta semana à Security Exchange Comission, reguladora do mercado de ações dos Estados Unidos. A explicação da venda é óbvia: quem pode estar seguro, diante da imensa confusão criada pelas autoridades brasileiras em torno da capitalização da empresa? O megainvestidor George Soros não está sozinho. Na semana passada, o Banco UBS recomendou a seus clientes a venda de papéis da Petrobrás.

A União, controladora da empresa, deve participar de sua capitalização fornecendo-lhe 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal, um ativo ainda escondido no Atlântico, a milhares de metros de profundidade. Esse foi o caminho definido há meses pelo governo, mas ainda não há acordo sobre o preço de cada barril. Avaliações encomendadas pela Petrobrás e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicaram valores muito diferentes - entre US$ 5 e US$ 6, num caso, e entre US$ 10 e US$ 12, no outro. Se prevalecer um preço considerado alto pelo mercado, os acionistas particulares poderão ser desestimulados, porque será difícil manter sua participação no capital ou, pelo menos, evitar uma redução muito grande.

Mais que um impasse entre a empresa e a ANP, a disputa sobre o valor daqueles barris é um fator de insegurança para os investidores. Além de tornar o quadro muito confuso, o desentendimento reforça o temor do viés político nas decisões sobre o pré-sal e sobre o papel da Petrobrás. Esse viés tem sido perceptível desde o início das discussões, em Brasília, sobre a exploração dos enormes depósitos de petróleo e gás descobertos em águas brasileiras.

Uma assembleia de acionistas aprovou a emissão de papéis para captação de até US$ 150 bilhões. A operação foi adiada de julho para setembro e já há dúvidas sobre o cumprimento do novo prazo. O presidente Lula, segundo fontes próximas da Presidência da República, poderá optar pelo adiamento de qualquer decisão, para evitar um debate complicado às vésperas das eleições. Ele teme, segundo as fontes, criar problemas para a candidata Dilma Rousseff. Esse risco seria menor, se o governo houvesse tratado a questão do pré-sal com mais objetividade e menos ideologia.

A questão ideológica jogou para segundo plano a questão essencial: a exploração eficiente, segura e lucrativa da riqueza do pré-sal. Ao ressuscitar bandeiras dos anos 50, o governo simplesmente desviou o foco do planejamento e dificultou a mobilização de capitais.

Mas a confusão de objetivos se tornou mais perigosa quando o governo resolveu converter a Petrobrás num instrumento de política industrial. Ao forçar a nacionalização de uma porcentagem dos bens e equipamentos destinados à pesquisa e produção no pré-sal, Brasília acrescentou um peso econômico e um problema tecnológico a um empreendimento já muito caro e complicado. A Petrobrás até defendeu essa política, mas em pouco tempo anunciou a impossibilidade de cumpri-la integralmente.

O governo e a ANP insistem, no entanto, em misturar o projeto do pré-sal com sua nova e improvisada política industrial. A participação dos produtos nacionais poderá ser mais modesta na fase de exploração, mas não na etapa de produção. A meta de conteúdo local deverá constar, informa-se em Brasília, do contrato de capitalização. Essa mistura seria mais uma prova de incompetência gerencial e de absoluta desorientação na fixação de objetivos estratégicos.

G20 na Coreia do Sul: uma agenda cheia de deja-vus e platitudes

O site Korea.net acaba de publicar os grandes temas para a agenda do encontro de cúpula do G20 a ser realizado na Coréia do Sul.
Acho que tem para todos os gostos, dentro do politicamente correto. A destacar o penúltimo item, abordando energia e anti-corrupção. Não sei se é intencional, ou seja, buscar uma corrupção mais energética, ou colocar mais energia na luta contra a corrupção. Vai lá saber...
Em todo caso, já sabemos o que esperar: aquelas declarações mornas, cheias de boas intenções, para que cada país continue a fazer exatamente o que estava fazendo antes...
Paulo Roberto de Almeida

Key phrases for the G20 Summit revealed
Korea.net, Aug. 17, 2010

The key phrases for the G20 Financial Summit meeting have been disclosed. The Presidential Committee for the G20 Seoul Summit explained that the new phrase “Shared Growth Beyond Crisis” reflects the main theme of the G20 Summit, which aims to establish a framework for strong, sustainable balanced growth worldwide.

The agenda for the G20 Summit was classified into eight categories: ▲ global economy ▲cooperative framework for balanced growth ▲reform of the international financial regulatory system ▲modernization of international financial institutions and the global financial safety net ▲development ▲trade and investment ▲energy and anti-corruption ▲ business summit.

The government has already held a high level working group meeting in Seoul on July 19 and 20, followed by the Sherpa meeting from July 20 to22. The high-level meeting, attended by some 100 representatives from member nations and global institutions, discussed specifying the existing agendas and decided on the future directions for talks.

The Sherpa meeting, which is a closed-door event, was attended by another 100 deputy representatives and aides from member nations and relevant institutions to review the general direction for the G20 agenda. The name of the meeting is derived from the Sherpas of the Himalayas, guides and porters for those who seek to scale the mountains.

The Presidential Committee will continue to hold preparatory meetings related to finance, budget, energy, and development, and seek the advice of other countries to coordinate before the official meeting.

By Kim Hee-sung
Korea.net Staff Writer

A cultura das "facilidades" academicas: uma praga universal

Volta e meio eu recebo uma oferta de algum serviço qualquer para me "ajudar" a escrever minha monografia de graduação, ou talvez até a dissertação de mestrado. Também são proverbiais esses pequenos anúncios em murais de faculdades no Brasil que prometem salvar alguns alunos do desespero da redação da monografia final.
Já condenei um aluno por cópia "criativa" de materiais da internet em trabalho de mestrado, e não costumo hesitar em casos de plagiarismo deliberado: reprovação e exclusão, o que é o mínimo que um copiador contumaz merece como punição.
Mas esse tipo de serviço de redação não é exclusivo do Brasil, ou dos países com regras "flexíveis", digamos assim, de propriedade intelectual e de "produtividade" universitária.
Os Estados Unidos estão bem à frente do Brasil na promoção de serviços desse tipo, como constatei ao cair, por acaso, neste site.
Não pretendo fazer publicidade, mas me pareceu bem organizado e bastante profissional; ou seja: o candidato a ter seu trabalho redigido sem esforço pode recorrer a esse tipo de serviço sem temor de violação do direito autoral de algum autor, segundo se anuncia.
Provavelmente são estudantes universitários de final de curso, ou de pós-graduação que encontraram uma maneira intelectual de ganhar um dinheiro extra, escrevendo ensaios originais sob encomenda.
No serviço público, especialmente na diplomacia, é o que mais ocorre, aliás: todo embaixador, barão da diplomacia, possui seu exército de ghost-writers, ou de nègres, como dizem os franceses, para redigir discursos, artigos de imprensa, por vezes até livros.
Em minhas encarnações prévias como secretário, talvez até como conselheiro de carreira, já fiz muito texto para outros colegas graduados, tudo devidamente registrado (mas nåo divulgado). Era, digamos assim, uma obrigação, tanto que um dos motes do Itamaraty nesse setor de serviços especializados reza mais ou menos assim: "você só assina artigos quando não mais os escreve".
Creio que é uma prática mais comum do que aparente, e os praticantes geralmente usam aquela linguagem melosa, o diplomatês, que diz muito e não explica absolutamente nada: cooperação ampliada, aumento das relações bilaterais, amizade entre nossos dois povos, sólida história de interesses partilhados, progresso conjunto, coordenação em foros multilaterais, construção de novas vias para o desenvolvimento recíproco, garantias de paz e de estabilidade, defesa do regime democrático, respeito aos direitos humanos, promoção de laços culturais, reforço das instituições multilaterais, construção de um mundo de prosperidade, enfim, o bullshit habitual nesse tipo de "negócio".
Confesso que nunca fui capaz de escrever nessa linguagem empolada e jamais me pediram para "enriquecer" o texto com aqueles adjetivos supérfluos, tanto porque eu não o faria, assim como seria incapaz de mentir descaradamente a respeito de algum ditador, por exemplo. Quando me pediram para escrever algo de que eu discordava, por razões de princípio, simplesmente nunca o fiz, e nunca me arrependi de ter recusado.
Um dia vou fazer a minha listagem em claro de "trabalhos para terceiros", mas vou esperar os clientes sairem de cena, pelo menos.
É o que se pode chamar de trabalho não remunerado, inevitável em certas circunstâncias...
Paulo Roberto de Almeida
(Zhengzhou, 21 de agosto de 2010)

Brazil on the Rise - Larry Rohter

Brazil: The view from Rio
The Economist, August 18, 2010

Brazil on the Rise: The Story of a Country Transformed
By Larry Rohter
Palgrave Macmillan; 304 pages; $27 and £18.99.

Political strategists sometimes say that voters can hold only three things in their minds about a candidate. So candidates spend quite a bit of time determining what those three will be; once they have become known as a technophobe, an arugula muncher or a flip-flopper, the perception is hard to shift. The same might be true of countries. For Brazil, the three are forests, sex and football.

That the world's fifth-largest country (by population) and eighth-largest economy (in real terms) is often perceived by foreigners as a giant Club Med resort is partly thanks to foreign correspondents reporting on Brazil, who often feel they have to start with what readers back home know about the place and go from there. Larry Rohter, the New York Times correspondent from 1999 to 2007, used to be an exponent of this approach. The only trouble with it is that it explains only part of the country, part of the time.

"Brazil on the Rise" is an attempt to go deeper, putting the country as it is now in the context of Brazil's recent history, with anecdotes from Mr Rohter's notebooks sprinkled on top. These are the best thing in the book. "I have found soccer fields even in the poorest and most remote places, including tribal reservations in the Xingu where Indians wear nothing but a penis sheath and a T-shirt with the colours of a popular team, such as Flamengo or Palmeiras," writes Mr Rohter. This is worth far more than the surrounding passages of cod sociology on why football is like sex.

The book begins by posing three questions about Brazil that interest both foreigners and Brazilians. Why is the place so tolerant? Why is there so much inequality? And is there racism in Brazil?

To answer the first two it is necessary to peel away layers accumulated over 510 years since a band of Portuguese explorers landed in what is now Bahia state. But "Brazil on the Rise" is not a history book. Mr Rohter does, however, make a determined attempt to answer the third, arguing that Brazil has the same sort of racism that America suffered from. People who say otherwise, he suggests, are making the problem worse by burying it.

In support of his view, he cites the horrible case of Luciano Ribeiro, a cyclist who was run over and killed by a white driver in 1996. The motorist later told witnesses that he had run over "a black guy on a stolen bicycle". This might be evidence of racism, or it might be evidence of a sneering attitude made more common by extreme income inequality. Without recourse to some data it is hard to know. Some Brazilian employers may discriminate against people with darker skin. But the kind of hard racism that blighted America is foreign to Brazil.

Mr Rohter's other judgments on the causes of Brazil's current good fortune are hard to argue with. He rightly castigates President Luiz Inácio Lula da Silva for the shortcomings of his foreign policy (which include a bizarre wish to acquire a nuclear-powered submarine to defend the country's oil rigs), while praising him for keeping in place the reforms of his predecessor, Fernando Henrique Cardoso.

One topic where Mr Rohter leaves the consensus behind (and rightly so) is in his assessment of Fernando Collor, president from 1990 until he was impeached in 1992. Mr Collor tends to be remembered for his good looks, loopy economic policies and the giant scams run by his bagman, Paulo César Farias, that brought him down. Yet in his brief time in office Mr Collor began the opening up of Brazil's economy, ran an enlightened environmental policy and thwarted the army's plans to develop a nuclear weapon.

For some time there has been a gap in the market for a good English book on Brazil. "Brazil on the Rise" tells the reader a lot while managing to reinforce many clichés. The author is great on popular culture and beaches, less inspired on the nuts and bolts of economics and politics. The best bits are where he dusts off his old notebooks and finds stories that bring Brazil alive. But his book does not quite plug that gap.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nas origens do Estado de Israel: a declaracao Balfour

‘View With Favor’
By TOM SEGEV
The New York Times Book Review, August 20, 2010

THE BALFOUR DECLARATION
The Origins of the Arab-Israeli Conflict

By Jonathan Schneer
Illustrated. 432 pp. Random House. $30

Sotheby’s, via Associated Press
The only known surviving handwritten draft of the Balfour declaration.

On November 2, 1917, the British government expressed its sympathy with Jewish Zionist aspirations and announced that it would use its “best endeavors” to facilitate “the establishment in Palestine of a national home for the Jewish people.” The announcement came in a letter from Foreign Secretary Arthur James Balfour to Lord Rothschild, the unofficial leader of the British Jewish community. The Balfour declaration became the diplomatic foundation stone of the state of Israel; it is considered the original sin by Israel’s opponents.

In this comprehensive study, richly documented by diplomatic correspondence, Jonathan Schneer concludes that the famous declaration seems to have just missed the sidetrack of history: in contrast to a common myth, Britain’s support for Zionism was not the result of an inevitable process. In fact, as Schneer reveals, shortly after Balfour’s promise to the Jews, the British government offered the Ottoman Empire the opportunity to keep Palestine and to continue to fly the Turkish flag over it.

Schneer, a professor at Georgia Tech’s School of History, Technology and Society, is a talented writer. Describing the British Empire’s haughtiness, he takes his readers inside the Foreign Office in Whitehall, walks them along the marble floors and among the columns, pointing out the “grand red-carpeted staircase outlined by polished gleaming banisters, arched windows, glowing chandeliers and elaborately patterned ceilings and walls.” Schneer says about the men who worked there that “when it came to measuring themselves against visitors, no matter how distinguished and no matter where from, they suffered few insecurities.”

Chaim Weizmann, the leading spokesman for Zionism in Britain, must have felt ill at ease when he entered those awesome corridors of power. A Russian-born chemist, he began to solicit support among the British soon after he settled in Manchester in 1904. He could hardly speak English in those days: his first contacts with British officials were conducted in French. But if he was taken aback by the snobbery and coolness that awaited him at Whitehall, he made sure to conceal his uneasiness, acting as if he commanded an almost omnipotent power: world Jewry. The British believed he did.

Obviously there was no “Jewish power” controlling world affairs, but Weizmann successfully pretended that the Jews were in fact turning the wheels of history. For once, the anti-Semitic image of the Jews proved useful — they were believed to be so maliciously dangerous that one would do best to acquire them as allies rather than as enemies.

Beginning in 1916, the British hoped that in exchange for their support of Zionism “the Jews” would help to finance the growing expenses of the Great War, which at that time was not going very well for Britain. More important, policy makers in the Foreign Office believed that Jews could persuade the United States to join the war. In this sense, as Schneer points out, the decision to issue the Balfour declaration “was based upon a misconception.”

But fear of the Jews was only one part of the story. The other part, which Schneer neglects to explore, was the genuine admiration many of Britain’s leaders, including Prime Minister David Lloyd George and Balfour himself, felt for the Jews and their history. These men were deeply religious Christian Zionists. They had grown up on the Bible; the Holy Land was their spiritual home. Modern Zionism, they believed, would fulfill a divine promise and resettle the Jews in the land of their ancient fathers.

As part of this context, Schneer expertly analyzes the passionate and fascinating controversy between non-Zionist and Zionist Jews that preceded the Balfour declaration. The Zionists spoke in the name of Jewish nationhood; their Jewish opponents denied that Jews even constituted a separate nation.

The Balfour declaration used deliberately vague language. The term “national home” was chosen in order to minimize the Zionist dream, that is, to make Palestine an actual Jewish state. The Arabs, whose “civil and religious” (not national and political) rights were not to be prejudiced, as the declaration put it, were referred to only as “existing non-Jewish communities.”

According to Schneer, the Arabs were as invisible to the early Zionists as Africans had been to Boers in South Africa, or Indians to the French and English colonists in North America. But in fact, some of the first Zionists were well aware of the Arabs’ vehement objection to their national aspirations. As early as 1899, Theodore Herzl himself, the father of political Zionism, corresponded with the Arab mayor of Jerusalem, Yusuf Dia al-Khalidi, who urged him to find a national home for the Jews somewhere else in the world. The Israeli-Palestinian conflict seems to have had its origins at the very beginning of Zionism.

Many of the British diplomatic papers Schneer examines were brilliantly written. At times it seems that these dispatches and reports, rather than analyses of foreign policy, were the exercises of frustrated poets and writers, educated at Eton and Oxford, who hoped for posterity in the Public Record Office. Much of what they wrote led nowhere, though Schneer elaborates on their maneuvers at great length.

He details, for instance, the correspondence between British officials and the Arabs, as well as a secret diplomatic scheme of 1916 known as the “Sykes-­Picot Agreement,” which would have partitioned much of the Ottoman Empire, including Palestine, between Britain and France. These initiatives have little significance today, except perhaps with regard to the Arab contention that the British had promised Palestine to the Arabs before they promised it to the Jews. Schneer suggests that the promises given to the Arabs were too vague and contradictory to evaluate. Still, the way he reveals the characters behind the diplomatic papers, bringing them to life, makes his book particularly enjoyable.

Take Britain’s magnificent, if abortive, effort to detach the Ottoman Empire from the Central Powers. The idea was to orchestrate what would today be called regime change in Turkey. The new rulers would then make a separate peace with Britain, retain Palestine and get a handsome bribe for themselves — millions of American dollars. The central figure in this drama was a man named Basil Zaharoff, later Sir Basil, an Ottoman-born arms dealer and self-made diplomat whose corruption, pomposity and eccentricity British policy makers could not resist.

The Balfour declaration thus finds its place among a multitude of fruitless schemes and indulgent fantasies, except, of course, that in this case, surprisingly, the British by and large kept their word. For at least two decades they allowed the Zionist movement to bring hundreds of thousands of Jewish immigrants into Palestine, and these new arrivals set up hundreds of settlements including several towns, as well as the political, economic, military and cultural infrastructure of the future state of Israel. But if Israel’s existence originated with the British, so did the Palestinians’ tragedy. The Balfour declaration was only the opening chapter of a still unfinished story.

Tom Segev’s new book, “Simon Wiesen­thal: The Life and Legends,” will be published next month.

O Brasil real: um mar de corrupcao

Inacreditavel que essas apurações indiquem corrupção da grossa e aparentemente nada, NADA, acontece para coibir ou punir esse tipo de crime...

A disseminação da fraude
Editorial - O Estado de S.Paulo
20 de agosto de 2010

A quantidade de irregularidades constatadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) na mais recente edição de seu programa de fiscalização do uso que os municípios fazem do dinheiro repassado pela União comprova, ao mesmo tempo, a extensão da prática de fraudes em licitações por todo o País, a ineficácia das ações dos órgãos de controle e fiscalização na redução da corrupção e a impunidade dos praticantes de atos ilegais. Sete anos depois de a CGU ter iniciado o programa, continua assustadoramente alto o índice de problemas encontrados nas licitações realizadas pelas prefeituras. Dos 60 municípios fiscalizados entre outubro e dezembro de 2009, e cujos relatórios foram divulgados em julho, a CGU detectou irregularidades em licitações em 57, ou 95% do total.

Criado em 2003, o programa de fiscalização dos municípios, escolhidos por sorteio, visa a coibir a corrupção na administração pública. A cada sorteio são definidos 60 municípios com menos de 500 mil habitantes a serem fiscalizados pela CGU. Os auditores examinam as contas e os documentos financeiros das prefeituras, inspecionam as obras e serviços em realização com recursos transferidos pelo governo federal e ouvem a população, consultando diretamente os munícipes e mantendo reuniões com associações e conselhos comunitários.

Concluída a fiscalização, os auditores elaboram relatórios, que são encaminhados aos Ministérios responsáveis pelo repasse das verbas federais, ao Tribunal de Contas da União (TCU), à Câmara dos Deputados e ao Senado e, conforme a natureza da irregularidade, ao Ministério Público Federal, à Advocacia-Geral da União, às prefeituras e às respectivas Câmaras Municipais para as providências necessárias.

Entre as irregularidades constatadas na última operação de fiscalização - cujos resultados estão no endereço eletrônico da CGU - estão a utilização de licitações caducas na contratação da mesma empresa para a execução de obras novas, a celebração de novo contrato com a mesma empresa por meio de termo aditivo ao contrato anterior, a não realização de licitação para contratos que exigiam concorrência pública nacional e a prática de sobrepreço.

A prefeitura de Pimenta Bueno, em Rondônia, utilizou recursos repassados pelo Ministério da Educação para, três semanas antes do encerramento do ano letivo, comprar 6 mil quilos de frango, quantidade suficiente para alimentar todos os alunos da rede pública durante um ano, e a prefeitura não dispõe de equipamentos para conservar essa quantidade de alimentos. Em Gentio do Ouro, na Bahia, a prefeitura utilizou verba federal para adquirir uma ambulância, que não foi emplacada pelo Detran nem examinada pelos auditores da CGU. Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram pagos com recursos oriundos do governo federal serviços que não foram prestados e foram pagas pela prefeitura obras que não foram executadas.

O ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, atribuiu "boa parte das irregularidades" não a desvio ou intenção de fraudar, mas ao "despreparo, ao desconhecimento da legislação". Segundo ele, a maioria dos municípios carece de sistemas de controle interno e de pessoal qualificado, com algum conhecimento da legislação. Por isso, no seu entender, a fiscalização da CGU tem também uma função educativa.

Por mais minucioso que seja o trabalho dos auditores da CGU, no entanto, ele não está tendo a função pedagógica lembrada pelo ministro. "O controle feito pelas instâncias federais só consegue detectar a fraude muito depois do ocorrido, ou seja, não tem caráter preventivo", observou o advogado Nelson Lacerda ao jornal Brasil Econômico.

Importante na apuração do uso irregular do dinheiro que a União transfere para os municípios, o programa da CGU não está sendo suficiente para punir os atos ilegais e a corrupção em geral. A persistência das irregularidades na esfera municipal, praticamente sem redução sensível, é uma prova disso.

Venezuela: a personalidade psicopatica de Hugo Chavez

LA PERSONALIDAD PSICOPÁTICA DE HUGO CHÁVEZ
Entrevista al psiquiatra Franzel Delgado Senior

Franzel Delgado Sénior recuerda que las estadísticas universales demuestran que la mayoría de las personalidades sociopáticas, en cuya clasificación incluye al presidente Chávez, tienen un final trágico. El psiquiatra cree que el mandatario está biológica e irrevocablemente diseñado para el conflicto. 'Pretender que cambie es como esperar que sus ojos pasen de marrones a azules'.

El poder relajante de la música se siente de entrada en el consultorio de Franzel Delgado Sénior. Mientras el médico se instala en su sillón para analizar la controversial personalidad del Presidente Chávez, se oyen, en el fondo, unos sutiles cantos hindúes que se repiten infinitamente. 'Yo no tengo ningún interés en descalificar a nadie. Simplemente creo que, sin el aporte de la psiquiatría, no va a ser posible comprender el escenario tan complejo en el que ha entrado Venezuela.'.

Delgado Sénior fue presidente de la Sociedad Venezolana de Psiquiatría, Premio Nacional de Psiquiatría, tiene master en psicoterapia en las universidades de Londres y California y ha dedicado toda su vida al ejercicio de la psiquiatría clínica.

Después de la primera pregunta, el especialista pasa del sereno estado alfa al atento estado beta.

-La tesis del magnicidio es recurrente en el presidente Chávez. ¿Tiene alguna explicación psicológica el hecho de que el mandatario apele a esta constante en su discurso?
-El Presidente tiene, como todo ser humano, una configuración de la personalidad. Ese proceso que nutre la construcción de la personalidad cierra, en promedio, a los 21 años en todas las personas. Y, después de los 21 años, no es modificable. Cuando las cargas de la personalidad están bien repartidas, podemos hablar de una personalidad normal. Pero cuando ese proceso de estructuración se produce de manera inadecuada y cierra con cargas desproporcionadas (muchas cargas de un tipo y pocas de otra), entonces la personalidad se configura patológicamente. Y esa configuración patológica es vitalicia.

-¿Hay alguna configuración patológica en el caso del jefe de Estado?
-Existen características muy claras que permiten, sin mayor dificultad, plantearse una estructura de personalidad de tipo sociopática y narcisista.
Los trastornos de personalidad sociopáticos están definidos en las clasificaciones universales de la psiquiatría. Se trata de personas que están diseñadas biológicamente para violar las normas; no ejercen la lealtad; no actúan con la verdad; tienen vidas afectivas sumamente inestables; en su estructura no hay sensibilidad; no hay arrepentimientos; tienen que vivir permanentemente en el conflicto; no saben vivir en paz con los demás; y son muy manipuladoras.

-¿Y la personalidad narcisista?
-En el caso del narcisismo, la percepción que la persona tiene de sí misma está fuera de la realidad; es exagerada; tiene la convicción de ser única; se siente por encima de los demás. Cualquier mala acción es posible para satisfacer esas necesidades narcisistas de la personalidad. Como los narcisistas se creen predestinados para una situación muy especial, perfectamente es factible que puedan abrigar el temor de que hay gente interesada en eliminarlos. El temor del Presidente ante un magnicidio es absolutamente justificable. Si revisamos las estadísticas universales, encontramos que una proporción muy significativa de personas con trastornos sociopáticos termina muerta. Porque son agresivas, son conflictivas, violan los derechos de los demás, y, en algún momento de su vida, alguien les cobra.

-¿Usted puede clasificar la personalidad del Presidente sin que él haya sido su paciente?
-Yo no hago un diagnóstico como médico, porque él nunca ha sido mi paciente, pero los psiquiátras podemos precisar que las conductas observables del presidente de la República se corresponden con este tipo de trastornos de la personalidad que menciono. Aparte de estas características, creo que Chávez es una persona con un grado intelectual muy básico; un hombre con muy poca cultura; acostarse católico y despertarse a las 8 horas evangélico, es una muestra fehaciente de ello.

-Pero inteligente????
-Podría ser inteligente. Lo que pasa es que a veces la inteligencia de una persona engaña. Durante mucho tiempo, las clasificaciones internacionales señalaban que una de las características de las personalidades sociopáticas era la inteligencia. Pero, con el tiempo, ese criterio se revisó, porque se comenzó a percibir que no era tanto la inteligencia, sino la habilidad para manipular a los demás lo que los hacía aparecer como inteligentes. Esperar que el Presidente cambie es pretender que sus ojos marrones pasen a ser azules. No es posible.

-¿Pero no podría cambiar ni siquiera apelando a un trabajo de ingeniería genética?
-Sobre la personalidad no se puede actuar. Aquí no podemos esperar paz mientras el presidente de la República sea Chávez. Porque Chávez no es que no quiera ser distinto, es que no puede ser distinto. Biológicamente está diseñado para hacer lo que está haciendo. Y ni que él se lo propusiera pudiese ser distinto. Mientras no entendamos eso, no vamos a comprender por qué le estamos declarando la guerra a los Estados Unidos, o por qué un gobierno que habla de paz anda comprando cien mil fusiles a Rusia o porqué desajusta la vida y la paz en Latinoamérica.

-La idea del magnicidio también la asoma recurrentemente Fidel Castro, quien ha inventariado la cantidad de veces que Estados Unidos habría intentado asesinarlo.
-Chávez y Castro, aunque intelectualmente son diferentes (el primero es el guerrero y el segundo el oráculo), deben tener personalidades muy parecidas. Para ser un dictador durante más de cuarenta años, Castro debe tener, sin duda, una estructura sociopática. Si no hay una estructura sociopática, no se puede ejercer la dictadura, porque la dictadura es violación de los derechos de los demás; el irrespeto de los límites; conflictividad; es crueldad. Y eso una personalidad sana no lo puede cohonestar. Ninguna persona que no tenga un componente narcisista, creerse superior a los demás, puede ser dictador. Porque precisamente el dictador lo que busca es poder; sumisión; subyugar eternamente.

-Usted dice que Chávez es insensible, pero lo que uno percibe, más bien, es que es precisamente su sensibilidad lo que lo lleva a establecer lazos profundos con los sectores populares.
-Lo que identifica al Presidente con los sectores populares es su gran capacidad de manipulación. Toda conducta pública del Presidente, desde abrazar a una viejita, hasta levantar a un bebé en brazos o fotografiarse en actitud de armonía con algún otro jefe de estado con quien tiene conflictos, son actos ficticios. Son actuaciones para manipular. En las personas con esa estructura sociopática, según los textos, no hay una identificación genuina con el dolor y la necesidad de los otros. Todo está en función de los beneficios que él pueda obtener. Yo creo que el chavismo tiene muchas características de secta. Las sectas siempre tienen un líder, a quien se considera como único, especial, como hombre predestinado a una acción superior; y todos los que siguen a esa persona le deben una sumisión incondicional. Quien participa en el proceso recibe todas las prebendas, siempre y cuando sea incondicional. Pero a aquél que disienta o se salga de la secta, lo acaban.
Hoy hay criterios de las ciencias, universales, que permiten hacer el diagnóstico de Secta destructiva para cualquier grupo organizado que emerja en el seno de una sociedad, y el chavismo los cumple todos.

-¿No existe la crítica?
-No existe la crítica. La lesión más grave que le ha producido la revolución al país es que le ha quebrado la lógica. Nos fracturó la lógica. Nos hemos acostumbrado a vivir con la lógica rota.
Un ejemplo típico de esta distorsión de la coherencia es que nos vemos obligados a exigirle al chavismo que cumpla con la Constitución que él mismo promovió.
Hay dos elementos que se nos han hecho cotidianos:
la paradoja y la incertidumbre.
Uno solo de esos elementos que se haga cotidiano, termina enfermando al cerebro.
El cerebro tiene que vivir dentro de una estructura lógica, que lo que perciban sus ojos sea lo que él procesa.
Cuando Chavez dice: Son unos escuálidos, a la marcha asiste un millón de personas.
Cuando Chavez dice: Éste es una maravilla de fiscal, llevémoslo al panteón y, a las dos semanas se sabe que sobre éste fiscal pesan enormes sospechas de extorsión.

-¿Cuál cree que será el destino del Presidente?
-Si esta llamada revolución tuviese alguna posibilidad de enmienda, la opción de que se mantuviera sería mucho mayor. Pero, como desde el punto de vista de la psiquiatría no hay ninguna posibilidad de enmienda, dada la estructura de personalidad del Presidente, que es inmodificable, esta revolución seguirá hacia el despeñadero. Indefectiblemente, desde el punto de vista de la ciencia, Chávez tiene algo seguro en su futuro, que es la soledad.

E por falar em PIB, como anda o do Brasil?

O Fundo Monetário Internacional prevê que, em 2010, o Brasil terá 2,9% de participação na produção de riqueza mundial, vale dizer, 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) do globo.
Interessante observar que em 2002, último ano do governo Fernando Henrique, a participação do Brasil no PIB global era de 2,92%, vale dizer, 0,2% a mais do que no último ano do governo Lula.

Isso significa que, apesar de o Brasil ter crescido, o mundo cresceu mais.
Fernando Henrique entregou o governo ao presidente Lula com uma participação no PIB global maior do que a que Lula entregará a seu sucessor.

Em 2000, a China tinha uma participação no PIB global de 7%, e a Índia, de 4%.
A China terá, em 2010, uma participação no PIB global de 13% e a Índia de 5%.

Em outras palavras, nada obstante o aumento do PIB per capita, o Brasil cresceu apenas pelo "efeito maré" da economia mundial, que, apesar da monumental crise de 2008 e 2009 e da crise europeia de 2010, se comportou melhor que a economia brasileira.

Pequeno retrato dos empresarios deste país, tal como eles são...

Bem, só transcrevo o resumo feito pelo Valor da entrevista desse empresário, pois não vale realmente a pena ler o conjunto das bobagens proclamadas por um típico aproveitador das benesses estatais, um típico industrial que só sobrevive debaixo das asas do Estado.
Estamos mal de empresários que correspondam ao nome, que empreendam, não que busquem a proteção do Estado.
Paulo Roberto de Almeida

Entrevista: Para Benjamin Steinbruch, é preciso "fechar o país por um tempo" para barrar importados
Valor Econômico, 18.08.2010

O avanço das importações é descontrolado, forçando fábricas a exportar mesmo com câmbio desfavorável para evitar a formação de estoques. Apenas em Santa Catarina, cerca de 350 mil toneladas de aço estão paradas, e, para evitar uma extensão do que ocorreu entre os fabricantes de óculos, escovas e pentes, cuja venda no Brasil é suprida quase integralmente por importados, o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai convocar os três principais candidatos à Presidência da República para apresentar ideias e propostas.

Em entrevista concedida ao Valor na sexta-feira, da sede da CSN em São Paulo, Steinbruch apresenta essas ideias. Para combater o avanço das importações é preciso "fechar o país por um tempo, a fim de fomentar a indústria nacional". Além disso, a taxa básica de juros precisaria ser cortada para valer, no máximo, dois pontos percentuais além da inflação - o que hoje representaria uma taxa de 7,25% ao ano, e não os atuais 10,75% ao ano. "Estamos pagando o preço do sucesso, nunca estivemos tão bem", diz Steinbruch, para quem as críticas recentes ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão fora de lugar. "Não precisamos de um, mas de três BNDES", diz.

(...)
[Deixo de transcrever a entrevista pelo fato de este blog ser expressamente dedicado, ou pelo menos preferencialmente, a ideias inteligentes, e sinceramente não vi nenhuma, absolutamente nenhuma, emanada desse cidadão, que não merece o nome de empresário. Quando eu transcrevo ideias estupidas, é geralmente para criticá-las, mas no caso dele nem vale a pena, tamanho o festival de bobagens que diz. Não vou perder tempo com um cidadão que manifestamente cuida apenas do seu interesse próprio e não pretende atender aos consumidores, como todo empresário deveria fazer. Num país em que o presidente de um sindicato de ladrões patronal se diz socialista, se pode ter empresários desse tipo.]

Pequeno retrato do pais, tal como ele é...

...ou melhor: um grande retrato da política no país, tal como ela é:

Segunda ameaça
Miriam Leitão
O Globo, 18 de agosto de 2010

O Brasil perderá esta eleição, independentemente de quem vença, se ficarem consagrados comportamentos desviantes assustadoramente presentes na política brasileira. Uso de um fundo de pensão para construir falsas acusações contra adversários, funcionários da Receita acessando dados protegidos por sigilo, centrais de dossiês montados por pessoas próximas ao presidente.

A cada eleição, fatos estarrecedores têm sido aceitos como normais na paisagem política, e eles não são aceitáveis. Quando a Polícia Federal entrou no Hotel Ibis, em São Paulo, em 2006, e encontrou um grupo com a extravagante quantia de R$1,7 milhão em dinheiro vivo tentando comprar um dossiê falso, havia duas notícias. Uma boa: a PF continuava trabalhando de forma independente. A ruim: pessoas da copa, cozinha, churrasqueira e campanha do presidente da República e do candidato a governador pelo PT em São Paulo estavam com dinheiro sem origem comprovada e se preparando para um ato condenável. A pior notícia veio depois: eles ficaram impunes.

Nesta eleição, depoimentos e fatos mostram que estão virando parte da prática política, principalmente do PT, a construção de falsas acusações contra adversários, o trabalho de espionagem a partir da máquina pública, o uso político de locais que não pertencem aos partidos.

As notícias têm se repetido com assustadora frequência. O verdadeiro perigo é que se consagre esse tipo de método da luta política. A democracia não é ameaçada apenas quando militares saem dos quartéis e editam atos institucionais. Ela corre o risco de "avacalhação", para usar palavra recente do presidente Lula, quando pediu respeito às leis criminosas do Irã.

Sobre o desrespeito às leis democráticas brasileiras, Lula não teme processo de "avacalhação", pelo visto. A Receita Federal não presta as informações que tem o dever de prestar sobre os motivos que levaram seus funcionários a acessarem, sem qualquer justificativa funcional, os dados da declaração de imposto de renda do secretário-geral do PSDB, Eduardo Jorge. Nem mesmo explica como os dados foram vazados de lá. Se a Receita não divulgar o que foi que aconteceu, com transparência, ela faz dois desserviços: sonega ao país informações que têm o dever de prestar antes das eleições; mina a confiança que o país tem na instituição, porque sua direção está adiando, por cumplicidade eleitoral, a explicação sobre o que houve naquela repartição.

Nas últimas duas semanas, a "Veja" trouxe entrevistas de pessoas diretamente ligadas ao governo e que trabalham em múltiplos porões de campanha. O que eles demonstram é que aquele grupo de aloprados do Ibis não foi um fato isolado. Virou prática, hábito, rotina no Partido dos Trabalhadores. Geraldo Xavier Santiago, ex-diretor da Previ, contou à revista que o fundo de pensão, uma instituição de poupança de direito privado cuja função é garantir a aposentadoria dos funcionários do Banco do Brasil, era usada para interesses partidários. Com objetivos e métodos escusos. Virou uma central de espionagem de adversários políticos. Agora, é o sindicalista Wagner Cinchetto que fala de uma central de produção de espionagem e disparos contra adversários; não apenas tucanos, mas qualquer um que subisse nas pesquisas.

Esse submundo é um caso de polícia, mas há outros comportamentos de autoridades que passaram a ser considerados normais nas atuais eleições. E são distorções. Não é normal que todos os órgãos passem a funcionar como ecos do debate eleitoral, usando funcionários pagos com os salários de todos nós, estruturas mantidas pelos contribuintes. Todos os ministérios se mobilizam para consolidar as versões fantasiosas da candidata do governo ou atacar adversários, agindo como extensões do comitê de campanha. Isso é totalmente irregular. Na semana passada, até o Ministério da Fazenda fez isso. Um relatório que é divulgado de forma rotineira, virou palanque e peça de propaganda, com o ministro indo pessoalmente bater bumbo sobre gráficos manipulados para ampliar os feitos do atual governo e deprimir os do anterior. O que deveria ser técnico virou politiqueiro; o que deveria ser prestação de contas e análise de conjuntura virou peça de propaganda.

Um governo não pode usar dessa forma a máquina pública para se perpetuar; órgãos públicos não são subsedes de comitês de campanha; fundos de pensão não são central de fabricação de acusações falsas; o governo não pode usar os acessos que tem a dados dos cidadãos para espionar. Isso mina, desqualifica e põe em perigo a democracia. Ela pressupõe a neutralidade da máquina mesmo em momentos de paixão política. Nenhuma democracia consolidada aceitaria o que acontece aqui. A Inglaterra acabou de passar por uma eleição cheia de paixões em que o governo trabalhista perdeu por pouco, mas não se viu lá nada do que aqui está sendo apresentado aos brasileiros com naturalidade, como parte da disputa política. Crime é crime. Luta política é um embate de propostas, estilos e visões. O perigoso é essa mistura. Como a História já cansou de demonstrar, democracia não significa apenas eleições periódicas. A manipulação da vontade do eleitor, o uso de meios ilícitos, o abuso do governante ameaçam a liberdade, tanto quanto um ato institucional.

Evolucao do PIB mundial, por paises - Angus Maddison

History of World GDP
Posted By Barry Ritholtz, August 17, 2010

Via the Economist, we see this intriguing histogram of Global GDP (below)

The Economist notes:
Data compiled by Angus Maddison, an economist who died earlier this year, suggest that China and India were the biggest economies in the world for almost all of the past 2000 years.
But then asks a really silly question:
Why they fell so far behind may be more of a mystery than why they are currently flourishing.
They were the biggest economies because they had a the biggest populations, and up until 200 years ago, population size was a dominant factor in economic output.
Once the industrial revolution came along, followed by the information revolution, mere size mattered less. First the Europeans, then the Americans leveraged technology to blow out GDP on a per capita basis. Steam engine, internal combustion engine, silicon makes up for size.
Now, India and China are using industrial leverage, and are moving up in the world on a GDP per capita basis.

Chart

~~~
UPDATE: I see that Paul points to a gigantic Excel table, if you want to play with numbers yourself.
Article taken from The Big Picture - http://www.ritholtz.com/blog
URL to article: http://www.ritholtz.com/blog/2010/08/history-of-world-gdp/

Mais Foro de Sao Paulo: desta vez com FARC como membro fundador

Tem gente que mente desabridamente, e a imprensa, bocó ou conivente, não se encarrega de desmentir o mentiroso. E no entanto é muito fácil, basta ler as atas do Foro de São Paulo, para saber que as Farc foram dos fundadores do movimento e participaram abertamente de suas reuniões até 2004 pelo menos, e depois deixaram de comparecer abertamente (mandaram observadores incógnitos) apenas porque certos companheiros não queriam ser vistos ao lado de narcoterroristas e traficantes.
Basta transcrever e remeter ao link original para ver o filme:
Paulo Roberto de Almeida

Dirigente do PT mente sobre a presença das Farc em foro criado por Lula. Sim! Ele mente!
Reinaldo Azevedo, 19.08.2010

O “companheirismo” do jornalismo brasileiro ainda acabará fazendo mal ao PT. Por quê? Porque os petistas já foram mais sofisticados para mentir. Agora, eles falam qualquer porcaria. Como sabem que ninguém vai apurar se o que dizem procedem ou não, tudo se resolve na base do “aspismo”: Fulano “diz que…” Leiam o que está publicado no Estadão Online. Em seguida, recorrendo à memória, eu provo que o petista está mentindo. Não deixem de ler. Estamos diante de um caso que ainda será um clássico destes tempos.

As Farc nunca participaram do Foro de São Paulo’, diz Valter Pomar
Por Rodrigo Alvares
O Estado de S.Paulo, 19.08.2010

O secretário executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar, do Partido dos Trabalhadores (PT), negou hoje (18) qualquer vínculo desse grupo de partidos da esquerda e da centro-esquerda latino-americanas, criado em 1990, com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). “As Farc não participam e nunca participaram do Foro de São Paulo”, disse Pomar, em entrevista a correspondentes brasileiros em Buenos Aires, onde se realiza o 16.º encontro da organização.
A Agência Estado insistiu na indagação sobre se nem em 1990, ano da criação do grupo pelo PT, na capital paulista, houve a participação no Foro de algum partido político ligado às Farc. “Eu estava lá. Não participou nem como um setor de partido”, afirmou. Segundo ele, todos os representantes da Colômbia que participam das reuniões do Foro pertencem a organizações e partidos legais. O secretário executivo do Foro disse que esse assunto voltou à tona por causa da declaração do candidato a vice-presidente na chapa do tucano José Serra, Indio da Costa (DEM), sobre a ligação entre PT e Farc.
“O Serra e o Indio adotam uma postura infantil, que é tratar o conflito da Colômbia como se fosse um caso de crime organizado contra o Estado”, afirmou. “Este jeito não resolve o problema. O que precisa ser discutido é como construir um processo de paz na Colômbia.” Pomar destacou a presença de bases militares dos Estados Unidos na América Latina para recomendar: “Diante desse cenário de uma forte presença e uma expansão militar dos EUA na América Latina, coincidindo com um momento em que há governos de esquerda, a Colômbia é um nó que precisa ser desatado.” Segundo ele, “a Colômbia serve de pretexto para a ampliação da presença militar norte-americana”.
“A posição de 100% dos países do Foro é de que se precisa de paz na Colômbia”, afirmou. “A paz na Colômbia remove um dos pretextos para a presença dos EUA na América Latina.” Para o petista, o problema da Colômbia vai além da questão do crime organizado. “No conflito militar colombiano tem o governo, a guerrilha, os paramilitares e o narcotráfico, tem tudo isso misturado. Não é só o crime. Porque se fosse, como é que se explica uma guerrilha que tem 50 anos? É um problema social, econômico e político que tem de ser solucionado.” Nesse sentido, a declaração final do foro, que termina na sexta-feira, vai representar um forte chamado à paz colombiana.


Comento [Reinaldo Azevedo]:
É mentira! Mentira documentada! As Farc são membros-fundadores do Foro de São Paulo, junto com o PT e o Partido Comunista de Cuba, entre outros democratas… Notem que Valter Pomar não condena os métodos dos narcoterroristas em nenhum momento. Ao contrário: ele ataca, como é praxe no PT, o governo constitucional da Colômbia. Já volto a esse aspecto. Agora, quero que vocês vejam este vídeo. É importante que vocês o façam:
(video ver no link: http://feedproxy.google.com/~r/ReinaldoAzevedo/~3/al23OS_0tNM/)
Como viram, Chávez presta tributo ao chefe terrorista Raúl Reyes, morto por forças colombinas no Equador, onde se abrigava um núcleo do terror, sob a proteção do presidente daquele país, o filoterrorista Rafael Corrêa. ATENÇÃO: RAÚL REYES É AQUELE CUJO LAPTOP TRAZ A TROCA DE CORRESPONDÊNCIAS COM OLIVÉRIO MEDINA, QUE ESTÁ NO BRASIL. A MULHER DE MEDINA TRABALHA NO MINISTÉRIO DA PESCA, CONTRATADA POR DILMA ROUSSEFF. Falemos mais do vídeo:

2min55s - Chávez diz que, quando saiu da prisão, em 1994 (ele fora preso porque tentara um golpe militar em 1992), recebeu um convite para participar do Foro de São Paulo. Isto mesmo: o Foro de São Paulo, de que Lula era um dos chefões, convidou um notório golpista para a sua reunião. Só um golpista? Nãããããõoooo!!! Também um terrorista!

3min40s - Chávez, não mais do que um golpista então, diz que já conhecia “Lula entre outros”. Por que Lula se relacionava com um sujeito que tentara um golpe militar na Venezuela?

AGORA, A PROVA DA MENTIRA:
3min44Ss - Chávez diz que estava na “mesa de trabalho” do Foro quando chegou para saudá-lo ninguém menos do que Raúl Reyes, do comando central das Farc.

Entenderam?
O Foro de São Paulo não chamava para a reunião apenas um golpista como Hugo Chávez. Também estava presente, sim, Raúl Reyes, o chefão do narcoterrorismo. Chávez, evidentemente, não está mentindo neste caso porque se refere a um fato historicamente comprovado. Assim, quem mente é Valter Pomar, como mentem todos os petistas que negam os vínculos do partido as Farc. Chávez comete um equívoco quanto às datas: se esteve com Reyes na reunião do Foro havida em El Salvador, então foi em 1996, não em 1995, como diz.

José Eduardo Martins Cardozo, que faz a linha “sou-petista-mas-não-sou-como-eles” — não deixa de ser o pior tipo porque pretende ter do petismo só os benefícios; nesse particular, Berzoini é mais legítimo porque é o que é até na cara —, resolveu participar do Foro, levou aquela carta em que Lula ataca a “direita”, mas diz que esse negócio de Farc é acusação puramente eleitoral. Não neste blog, que denuncia essa história há muito tempo.

Chega de papo furado! Eis aí: Chávez confessa ter conhecido o narcoterrorista na reunião do Foro, de que Lula era o grande comandante.

Encerrando
Quanto a Pomar, dizer o quê? Entre criticar as Farc e criticar o governo constitucional da Colômbia, ele elege o segundo como alvo. Trata-se de uma escolha: a escolha do PT. Entre o governo legal e as Farc, as Farc!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O Foro de Sao Paulo deveria ir ao Foro de Sao Paulo (se é que me compreendem...)

Coube a um Índio, se me dou tal liberdade, a missão de levantar novamente uma questão que não vinha recebendo a atenção que merece.
Pois ela está posta...
Paulo Roberto de Almeida

Lula manda carta ao Foro de São Paulo, que fundou junto com Fidel Castro e as Farc
Por Reinaldo Azevedo, 18/08/2010 às 14:42

Começa hoje, em Buenos Aires, o XVI Encontro do Foro de São Paulo, entidade fundada por Lula e Fidel Castro, para reunir as esquerdas da América Latina e Caribe. O “mui civilizado” José Eduardo Martins Cardozo, secretário-geral do PT, lerá à noite a carta que o presidente brasileiro envia à entidade, que tem, entre os seus fundadores, as Farc — Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia —, um grupo militar dedicado exclusivamente ao narcotráfico. Segundo Lula, a “direita não se conforma com a democracia” no continente. Leiam o texto. Volto em seguida:

Queridas Companheiras e Companheiros,

Há 20 anos, 42 partidos e movimentos progressistas da América Latina e do Caribe reuniram-se em São Paulo - convidados pelo Partido dos Trabalhadores - para um Encontro sem precedentes na recente história política de nosso Continente.

Nascia o que um ano depois, no México, seria chamado de Foro de São Paulo.

Vivíamos tempos difíceis no início dos anos noventa.

Em muitos países ainda persistiam fortes marcas das ditaduras que se haviam abatido nas décadas anteriores sobre nossos povos. Esses resquícios autoritários impediam a constituição de democracias vigorosas e dificultavam a luta dos trabalhadores.

Pairava sobre nosso Continente a hegemonia do ideário do Consenso de Washington.

Primazia do mercado, enfraquecimento do Estado, desregulamentação das relações de trabalho, sacrifício da noção de desenvolvimento e de políticas sociais em nome de uma suposta estabilidade, buscada a qualquer preço, com enormes sacrifícios para os trabalhadores do campo e das cidades.

A predominância dessas idéias conservadoras era reforçada pela profunda crise das referências tradicionais das esquerdas - as comunistas e os socialdemocratas. Suas políticas não permitiam explicar a realidade mundial mas, sobretudo, mobilizar as grandes massas.

A reunião de São Paulo e tantas outras que se seguiram nestes 20 anos tiveram como mérito fundamental criar um espaço democrático de conhecimento e de discussão das esquerdas. Esse espaço não existia, muitas vezes, nem mesmo em nossos países.

Não criamos uma nova Internacional.

Conhecíamos a história das internacionais e sabíamos que era mais importante termos um Foro no qual pudéssemos intercambiar experiências, discutir acordos, mas também desacordos.

As transformações pelas quais passaram a América Latina e o Caribe nestas duas décadas têm muito a ver com os debates que realizamos.

Hoje, nossa região vive uma situação radicalmente diferente daquela de vinte anos atrás. Muitos dos que nos encontramos no passado nas reuniões do Foro de São Paulo como forças de oposição, hoje somos Governo e estamos desenvolvendo importantes mudanças em nossos países e na região como um todo.

Experiências como a UNASUL e a Comunidade da América Latina e do Caribe são herdeiras dos debates que levamos no Foro. Elas abrem o caminho para uma verdadeira integração de nossos países fundadas sobretudo nos valores da democracia, do progresso econômico e social e da solidariedade.

Uns poucos tentam caracterizar o Foro de São Paulo como uma organização autoritária. É o velho discurso de uma direita que foi apeada do poder pela vontade popular. Não se conformam com a democracia de que se dizem falsamente partidários.

A contribuição de meu partido e outros partidos progressistas do Brasil para esta nova realidade do Continente é de todos conhecida.

Nosso Governo retomou o crescimento, depois de décadas de estagnação.

Crescemos distribuindo renda. Incluímos 30 milhões de brasileiros que viviam abaixo da linha da pobreza. Criamos 14 milhões e meio de empregos formais e aumentamos substancialmente o salário real dos trabalhadores e a renda dos trabalhadores do campo. Mantivemos a inflação sob controle. Reduzimos nossa vulnerabilidade internacional. Não mais dependemos do Fundo Monetário Internacional. E pudemos fazer esta grande transformação com expansão da democracia, aumento da participação popular e fortalecimento de nossa soberania nacional.

O Brasil mudou e vai continuar mudando nos próximos anos.

Mudou junto com seus países irmãos do Continente.

Mudou como está mudando a Argentina que agora acolhe mais este encontro do Foro de São Paulo.

Recebam, queridos amigos, o abraço do seu irmão e companheiro

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República Federativa do Brasil


Comento [Reinaldo Azevedo]:
Trata-se de uma carta escandalosa. A palavra “Internacional”, como substantivo, é uma referência às Internacionais comunistas, a reunião de organizações comunistas de todo o mundo, que orientava a ação dos partidários dessa ideologia. De fato, não se tratava de uma nova “Internacional” porque o Foro veio justamente para tomar o lugar dela, uma vez que o comunismo soviético tinha morrido — para honra e glória da humanidade.

As Farc estão apenas “afastadas” do Foro, mas o grupo é membro-fundador da entidade. Hugo Chávez, Daniel Ortega e Evo Morales são alguns dos “democratas” abrigados no Foro. A eventual melhoria das condições de vida em alguns países não decorre das propostas originais das esquerdas, é claro — e o Brasil é a maior evidência disso.

A referência à Argentina, país-anfitrião do Foro, ilustra bem o “espírito democrático” do grupo. O casal Kirchner resolveu destruir a imprensa do país, contando com o auxílio de tropas-de-choque que se comportam como hordas fascistas.

E pensar que, até outro dia, a imprensa brasileira quase não falava do Foro. Ele parecia uma entidade inventada, como diria Lula, “pela direita”.

Por Reinaldo Azevedo

Lingua amputada por incontinencia verbal...

Calma, calma, ainda não ocorreu, mas se dependesse desse médico de Limeira, excedido com os excessos (com perdão da redundância, mas é isso mesmo) verbais do presidente, ele alimenta a intenção, se oportunidade lhe for dada, de fazer essa pequena operação -- muito comum na Antiguidade, contra prisioneiros de guerra, além de terem os olhos furados, orelhas cortadas, etc -- de "lobotomia linguística" -- se posso me exprimir assim -- contra um personagem que nasceu para fazer discursos, em excesso, justamente, talvez para concorrer a um registro no Guiness, quem sabe?
Não seria tão radical, mas confesso que não sou de ouvir bobagens: quando algo do gênero desponta ao alcance de meus sentidos audio-visuais, eu vou logo desligando o veículo assassino...
Não sou justamente violento, mas compreendo a indignação desse médico.
Paulo Roberto de Almeida

Lula, por que não te calas?
Luiz Ricardo Menezes Bastos, médico,
presidente da Associação Paulista de Medicina, Regional de Limeira

No último dia 25 de março o presidente Lula esteve em Tatuí, e lá fez a entrega simbólica de 650 ambulâncias para 573 municípios brasileiros. A cerimônia foi essencialmente política, pois os veículos são destinados ao SAMU, ou seja, os serviços de atendimento médico de urgência.

Acontece que a maior parte dos municípios contemplados não tem este serviço implantado, e nem mesmo tem verba prevista em seus orçamentos. Custa caro montar toda esta estrutura. As ambulâncias são a parte visível do negócio, mas é necessário aparelhá-las com equipamentos de UTI, de pessoal de apoio bem treinado, de médicos especializados principalmente. E isto tem que funcionar 24 horas por dia, pois emergência não tem hora.

Ou seja, ou a maioria das ambulâncias vai ter outro destino, ou vão virar sucata logo.

Como costuma fazer, o presidente Lula faz seus “discursos” de improviso, que sempre buscam contentar a platéia presente, e exagera nas frases feitas e cheias de pompa sobre os mais variados temas. Diga-se de passagem, normalmente o presidente não sabe nada sobre o que está falando, e suas gafes já são sobejamente conhecidas e divulgadas mundo afora. Nesta cerimônia em Tatuí, o presidente Lula foi extremamente infeliz com algumas de suas colocações.

Segundo o presidente da Associação Médica Brasileira, Lula teve “outro rompante de incontinência verbal”. Mais uma vez, culpou os médicos para os problemas de saúde que o Brasil enfrenta há décadas. Disse que a classe médica não se interessa em atender o interior, “pois é muito fácil ser médico na Avenida Paulista”, segundo suas palavras.

Depois, mandou um recado ao Conselho Federal de Medicina, por este ser contra a revalidação automática dos diplomas dos médicos formados em Cuba. E ainda criticou aqueles que são contra a volta de um imposto para melhorar a saúde.

E por fim, ainda criticou o médico que no passado cuidou dele próprio, ao sofrer o acidente de “trabalho” que lhe amputou o dedo. Ou seja, versou sobre tudo o que finge saber.

Como em todos os “discursos”, Lula fala o que lhe dá na telha, e nem se preocupa mais em ter coerência. Deve acreditar que somos todos burros, poisquanto mais fala, mais sua popularidade “aumenta”, segundo as informações“oficiais”. Mas para os que ainda tem paciência de ouví-lo, basta acompanhá-lo por algumas semanas. A opinião ora é uma, ora é outra. Depende da platéia. Como estamos numa democracia, livre “como nunca se viu na história deste país”, também tenho o direito de opinar.

O que o senhor presidente não disse (ou não sabe) é que é impossível à imensa maioria dos médicos montar um consultório na Avenida Paulista, um dos locais mais caros do país, principalmente se trabalhar no serviço público, onde recebe um salário de fome, não tem um plano de carreira decente e não encontra condições dignas de trabalho. Aparelhos defasados, funcionários insuficientes para o apoio (enfermagem, técnicos diversos), filas para marcação de exames, falhas em tratamento de doenças básicas. Se em São Paulo, que é a locomotiva da nação, é assim, o que dizer do restante do país? Há
dezenas de crianças morrendo em pseudo-UTIs em hospitais públicos por aí. A sigla deveria ser Última Tentativa Inútil e não unidade de terapia intensiva. Intensivas são só as mortes nestes nosocômios.

Não disse o presidente (ou não sabe) que médico nenhum consegue trabalhar no interior sozinho. A não ser que seja para distribuir “vale-saúde”, a exemplo dos inúmeros outros que ele criou. Pois tratar e cuidar de alguém sem apoio, sem retaguarda e sem condições, só na cabeça dele.

Quanto aos médicos de Cuba, formados em uma realidade totalmente diferente da nossa, eles podem sim trabalhar no Brasil. Como qualquer outro, formado em qualquer lugar do mundo, que se submeta às avaliações necessárias e sejam aprovados. Desde que saibam Medicina. E o Conselho Federal de Medicina, autarquia federal, é o órgão definido por lei para avaliá-los. O que o senhor presidente quis dizer (mas não teve coragem) é que quer fazer um agrado ao moribundo amigo Fidel, valorizando escolas falidas e que pregam
uma falsa “medicina social”.

Faltou falar sobre o assunto referente ao médico que o atendeu quando sofreu seu acidente de “trabalho”. Talvez seu dedo pudesse ser salvo, senhor presidente, se existisse na ocasião um atendimento decente em posto de saúde, unidades de emergência bem aparelhadas, um profissional médico bem preparado, com boa formação. Isso se o “SUS” da época funcionasse. Isso se um médico que atende “SUS” ganhasse um honorário, e não uns trocos.

Pois a CPMF, que geraria verba destinada ao “SUS” do seu governo, virou dinheiro nas meias, cuecas e malas pretas na sua gestão. E até hoje o “SUS” não funciona de forma decente!

E o senhor ainda quer recriar mais um imposto, para continuar alimentando as falcatruas? Senhor presidente, com o perdão da palavra, estou com o “saco cheio” do senhor e de seus “discursos”.

Se o senhor sofresse um novo acidente de “trabalho” e fosse eu o médico que lhe atendesse, cortaria-lhe a língua, e não o dedo.

E faria um bem ao país, pois cada vez que o senhor abre a boca, não causa um acidente. Causa um desastre.

Luiz Ricardo Menezes Bastos, médico,
presidente da Associação Paulista de Medicina, Regional de Limeira

A mentira da semana (talvez de toda a campanha eleitoral)

Não se impressionem demais ou rapidamente. Outras mentiras virão certa, seguramente, sem hesitação: que está acostumado a mentir, faz disso uma segunda natureza...

A mentira histórica contada por Dilma no debate Folha/UOL
Reinaldo Azevedo, 18.08.2010

Aprovamos o Plano Real e, mais do que isso, levamos à frente e o utilizamos de forma adequada”.

De quem é a frase? Da petista Dilma Rousseff no debate da Folha/UOL. Caso Serra dissesse uma flagrante mentira, dessas escandalosas, contra todas as evidências dos fatos, contra a história, contra o modo como se organizou a política de 1994 a esta data, o jornalismo online estaria noticiando a mentira em letras garrafais. Amanhã, os colunistas isentos fariam a festa no jornalismo impresso.

A mentira grotesca contada por Dilma ficará por isso mesmo. O Plano Real não se resumiu a uma ou duas medidas. Tratou-se de um conjunto. O PT se opôs a todas, a rigorosamente todas, em especial ao plano de estímulo à reestruturação dos bancos, o Proer, que garantiu a saúde do sistema financeiro brasileiro e foi fundamental para assegurar a estabilidade da moeda. Só para lembrar: a reestruturação custou o fim do Banco Nacional, de que netos de FHC eram herdeiros. É isto: FHC chegou ao poder com netos herdeiros de bancos (sua então nora era da família Magalhães Pinto, que controlava a instituição); quando saiu, aqueles mesmos netos eram, como a maioria de nós, do MSB, o Movimento dos Sem-Banco.

Nota à margem: a família Lula da Silva deu mais sorte. O patriarca chegou ao poder, e um de seus filhos era monitor de jardim zoológico. Hoje, o mesmo filho, Lulinha, é o dono da Gamecorp, aquela empresa que recebeu uma generosa injeção de dinheiro da então Telemar, hoje Oi, de que o BNDES era e é sócio. A história do “movimento operário” nestepaiz é realmente muito linda!!!

Adiante. O PT afirmava que o Proer não passava de mamata para banqueiros — e com o endosso de setores do jornalismo; aqueles mesmos que se calarão, agora, diante da mentira contada por Dilma.

O partido se opôs ao Plano Real, sim, tanto que fez a campanha eleitoral de 1994 tentando demonstrar os malefícios todos que ele causaria ao Brasil. E passou os oito anos seguintes tentando sabotar a estabilidade.

No máximo, a petista poderia dizer que seu partido “aprovou” o Real depois que estava no poder, sem jamais reconhecê-lo. Ao contrário. Teve lugar o discurso no qual ela navega até hoje: “Nunca antes na história destepaiz”.

É impressionante que a mentira seja dita de modo tão explícito, tão escancarado, e que a reação seja praticamente nenhuma. Mas vá Serra lançar no ar um dado impreciso que seja… Vira manchete. De novo: isso nada tem a ver com as minhas afinidades com esse ou com aquele. Contentem-me demonstrando quem é que está dando destaque à mentira histórica.

Ora, se o PT tivesse aprovado o Plano Real, a clivagem que hoje existe na política brasileira não teria como seus principais protagonistas o PT e o PSDB. Sem essa! Depois de ter tentado apagar da memória do país as conquistas dos adversários, os petistas agora tentam roubá-las.

Concurso de chororo eleitoral (lagrimas de crocodilo...)

Regredindo às emoções primitivas
Reinaldo Azevedo, 18.08.2010

Pode ser que FHC tenha chorado em público outras vezes. Lembro-me de uma apenas: na morte de sua mulher, Ruth Cardoso. Com o rosto congestionado pela emoção, também o vi nos velórios de Sérgio Motta e de Luiz Eduardo Magalhães. Talvez tivesse chorado. A “irrevogável das gentes” convoca, por óbvio, as nossas emoções. O choro, a emoção, anda em alta na política brasileira. Quando o Senado decidiu mudar a lei dos royalties do petróleo, Sérgio Cabral, por exemplo, não se conteve: debulhou-se em público! Pouco antes, as centenas de mortos nos deslizamentos de terra do Rio não lhe arrancaram um miligrama de sódio.

Lula é um chorão. O horário eleitoral de Dilma carrega no que os analistas falam de boca cheia “emoção”. Não tenho informação, mas imagino que Serra deva receber centenas de e-mails com o mesmo conselho: “Demonstre mais emoção!”. Sobre FHC, aliás, diziam os críticos, que era um político muito frio — inclinado, às vezes, à ironia e à auto-ironia.

Se bem se lembram, Collor era um homem muito “emocionado”, né? Itamar tinha lá seus momentos “mercuriais”. O presidente tucano foi sempre muito discreto, investiu muito pouco no personalismo, pôs o governo para funcionar — houve coisas fabulosas; houve o que não foi bem —, mas sem arroubos. Isso lhe rendeu a fama de “frio”. E, para variar, parte da crônica política embarcou nessa besteira.

O que será que caracteriza as democracias avançadas? O governante que se coloca de modo racional e não-personalista no debate das questões de estado ou o que gosta de manter a sociedade com a temperatura da euforia e do ódio relativamente elevada, para poder mobilizá-la para seus propósitos? O que será que caracteriza as democracias avançadas? Um dirigente que põe as instituições democráticas para conter homens ou o que põe homens para conter as instituições democráticas?

Essa conversa de “emoção” é uma das coisas mais cretinas e obtusas do debate político. Emocionado era Mussolini. Emocionado era Hitler. Emocionado é Hugo Chávez. Fidel Castro é emocionadíssimo! Dilma só despertava uma simpatia em mim: não era “mocionada”. Os marqueteiros se encarregaram de torná-la uma “fofa”.

Quanto a este escriba, posso me emocionar com as minhas filhas, com a minha mulher, com aspectos da memória familiar, lendo um poema, assistindo a uma cena de filme, até comendo pipoca. Nesses casos, posso ser bastante chorão. No que respeita à política, só instituições democráticas sólidas me emocionam. Emoção do tipo seca. Em política, os “emotivos” estão sempre a um passo da vigarice — quando não são vigaristas.

O peso morto do Mercosul - O Estado de S.Paulo

O peso morto do Mercosul
Editorial - O Estado de S. Paulo,19.08.2010

O Mercosul emperrado é um peso morto para o Brasil e também para as menores economias do bloco, mas poucas autoridades se dispõem a falar francamente sobre o assunto. Empresários brasileiros têm denunciado a pobreza dos acordos comerciais - nenhum com os mercados mais desenvolvidos - e as falhas da integração regional, ainda prejudicada por barreiras internas. Além desses empresários, só políticos uruguaios têm mostrado claramente o seu descontentamento. O último foi o vice-presidente do Uruguai, Danilo Astori, em reunião com brasileiros em Montevidéu. Se continuarem fracassando as negociações do bloco com países de fora da zona, o Mercosul deveria autorizar os dois sócios menores, isoladamente, a tentar acordos, disse Astori.

O governo uruguaio já mostrou em outras ocasiões interesse em negociar acordos por sua conta. Ao contrário dos parceiros, o Uruguai tem um acordo sobre investimentos com os EUA e seu governo chegou a insinuar, há alguns anos, a disposição de abandonar o Mercosul para buscar parcerias comerciais ambiciosas. Como o bloco é uma união aduaneira, os sócios têm uma Tarifa Externa Comum (TEC) e só podem assinar em conjunto acordos de livre comércio com países de fora da área.

Mas o custo dessa restrição tem sido muito maior que os benefícios, como sabem muitos industriais brasileiros e têm reconhecido o governo do Uruguai e, ocasionalmente, o do Paraguai. Os governantes brasileiros e argentinos têm, no entanto, insistido em manter o status de união aduaneira. A TEC, no entanto, é quase uma ficção, por causa do grande número de exceções, e o bloco mal chega a funcionar como zona de livre comércio, por causa das barreiras internas.

Uma das aberrações mais notáveis tem sido a dupla tributação de bens originários de fora da zona. São sujeitos a imposto na primeira internação e tributados de novo quando remetidos a um segundo país. O maior defensor dessa aberração era o Paraguai, porque o país não tem mar e depende dos portos dos parceiros para suas importações. Só há poucas semanas os quatro governos conseguiram decidir o fim da dupla tributação, depois de anos de tentativas.

Criado para facilitar a inserção internacional dos quatro sócios, o Mercosul deveria ter criado condições para grandes ganhos de competitividade da economia regional. Serviria, assim, como plataforma para a conquista de mercados internacionais. O trabalho seria facilitado pela força conjunta dos países do bloco. Os avanços conseguidos de fato ficaram muito longe desses objetivos.

Internamente, a integração foi bem menor do que poderia ter sido, porque nunca se formulou um programa de cadeias produtivas. Chegou-se a uma caricatura de articulação industrial, com os acordos do setor automotivo entre Brasil e Argentina. Esses acordos nunca passaram de barreiras à competição entre montadoras e fabricantes de autopeças instaladas nos dois países.

Externamente, o Mercosul estabeleceu acordos comerciais com parceiros sul-americanos, sempre concedendo vantagens importantes em termos de abertura e de prazos. Com países de fora da região só foram concluídos acordos com Israel e Egito. Outros estão na mira, quase todos com países do Oriente Médio. Além disso, o bloco iniciou há mais de dez anos negociações com a União Europeia. As conversações foram interrompidas mais de uma vez. Foram recentemente retomadas e diplomatas do Brasil e da Argentina mostram-se otimistas: desta vez o acordo deve sair. Se não saiu antes, foi em grande parte por desentendimentos entre brasileiros e argentinos.

Mas os governos do Brasil e da Argentina souberam entender-se para enterrar a negociação da Alca. Outros latino-americanos concluíram acordos com os Estados Unidos e com outras potências. O Mercosul ficou para trás. Nada mais justo que os protestos de paraguaios e uruguaios. Além do mais, o bloco poderá ficar mais emperrado, se for aceita como sócia a Venezuela de Hugo Chávez.