SEMINÁRIO OLIVEIRA LIMA E A (LONGA) HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA
10 e 11 de setembro, Auditório István Jancsó
Biblioteca Brasiliana Guita E José Mindlin
Oliveira Lima é, seguramente, o grande historiador da Independência do Brasil.
Tratou do tema em vários livros de sua vasta obra, numa perspectiva que hoje poderíamos qualificar de longue durée, de longa duração.
Com efeito, escreveu sobre os antecedentes mais notáveis do processo independentista e sobre suas consequências mais duradouras, num arco temporal que atingiria, grosso modo, um século e meio.
Entre esses antecedentes, destaque-se a crescente preponderância do Brasil sobre Portugal, cujo ápice se concretizou com um fato inusitado e singular da história da humanidade: a transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1807, primeira vez em que um monarca europeu em funções atravessou a linha do equador.
Ao contrário do que afirma uma certa historiografia mais superficial, não se trata aqui de uma simples e precipitada fuga das tropas napoleônicas, conquanto tenha havido certa precipitação na operação logística propriamente dita (cabe lembrar a frase atribuída à rainha dona Maria: “nem tão depressa que pareça fuga, nem tão devagar que pensem que queremos ficar”), mas de projeto estratégico acalentado desde o século XVII, com o padre Antônio Vieira, e do século XVIII, com o diplomata dom Luís da Cunha.
Há inclusive quem retroceda essa ideia para o século XVI, quando uma das causas apontadas para a desdita de dom Antônio, prior do Crato, na sua disputa pelo trono português com o poderoso rei de Espanha, Filipe II, teria sido o fato de ter-se ido abrigar nas ilhas atlânticas de Portugal, e não no Brasil.
Entre as consequências duradouras da Independência, destaque-se o estabelecimento no Novo Mundo de uma monarquia de características europeias, também fato único e inusitado.
Segundo Oliveira Lima, essa seria uma monarquia híbrida, mestiça, adaptada ao meio tropical, tanto no que se refere ao equilíbrio entre tendências conservadoras e autoritárias, de um lado, e democráticas e liberais, de outro, que caracterizou o Império do Brasil, sobretudo na sua segunda fase, quanto ao que diz respeito à própria natureza mestiça da sociedade tropical.
Biblioteca Brasiliana Guita E José Mindlin
Tratou do tema em vários livros de sua vasta obra, numa perspectiva que hoje poderíamos qualificar de longue durée, de longa duração.
Com efeito, escreveu sobre os antecedentes mais notáveis do processo independentista e sobre suas consequências mais duradouras, num arco temporal que atingiria, grosso modo, um século e meio.
Entre esses antecedentes, destaque-se a crescente preponderância do Brasil sobre Portugal, cujo ápice se concretizou com um fato inusitado e singular da história da humanidade: a transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1807, primeira vez em que um monarca europeu em funções atravessou a linha do equador.
Ao contrário do que afirma uma certa historiografia mais superficial, não se trata aqui de uma simples e precipitada fuga das tropas napoleônicas, conquanto tenha havido certa precipitação na operação logística propriamente dita (cabe lembrar a frase atribuída à rainha dona Maria: “nem tão depressa que pareça fuga, nem tão devagar que pensem que queremos ficar”), mas de projeto estratégico acalentado desde o século XVII, com o padre Antônio Vieira, e do século XVIII, com o diplomata dom Luís da Cunha.
Há inclusive quem retroceda essa ideia para o século XVI, quando uma das causas apontadas para a desdita de dom Antônio, prior do Crato, na sua disputa pelo trono português com o poderoso rei de Espanha, Filipe II, teria sido o fato de ter-se ido abrigar nas ilhas atlânticas de Portugal, e não no Brasil.
Entre as consequências duradouras da Independência, destaque-se o estabelecimento no Novo Mundo de uma monarquia de características europeias, também fato único e inusitado.
Segundo Oliveira Lima, essa seria uma monarquia híbrida, mestiça, adaptada ao meio tropical, tanto no que se refere ao equilíbrio entre tendências conservadoras e autoritárias, de um lado, e democráticas e liberais, de outro, que caracterizou o Império do Brasil, sobretudo na sua segunda fase, quanto ao que diz respeito à própria natureza mestiça da sociedade tropical.
Oliveira Lima, entre esses antecedentes e essas consequências, descreveu com maestria a
sociedade brasileira e a portuguesa; desvendou as intrigas políticas e diplomáticas que
caracterizaram o movimento da Independência e o reconhecimento do Império; deixou retratos
definitivos de grandes personagens da época, a começar por dom João VI; traçou, enfim, um
magnífico panorama, um excelente mural de Brasil e Portugal no século XIX, sobretudo no
período que vai de 1808 a 1834.
Programação completa em: www.bbm.usp.br/3x22
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