quarta-feira, 15 de junho de 2022

“O Futuro do Grupo BRICS”; Webinar IRICE, 30/06/2022, 17hs - Embaixador Rubens Barbosa

 Webinar30 de junho (sexta feira) às 17 hs

 

O Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior-IRICE

e a Revista Interesse Nacional convidam para encontro sobre  política externa, dia 30 de junho às 17 hs,  com foco no tema central:

 “O Futuro do Grupo BRICS 

Expositores:                                               


   
Embaixador Sarquis José Buainain SarquisSecretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos  -  Ministério das Relações Exteriores

 


 

Marcos Prado Troyjo, Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)- Banco do BRICS 


 


  Embaixador Paulo Roberto de Almeida,  D
iplomata e Professor.  Atualmente é Diretor de Publicações do Instituto Histórico e Geográfico do DF

 





  Moderador:  Rubens Barbosa, Presidente do IRICE e Editor da Revista Interesse Nacional  



terça-feira, 14 de junho de 2022

O Labirinto Visto de Cima: Saídas para o Desenvolvimento do Brasil, por Fabio Giambiagi, Ricardo Barboza

 Fabio Giambiagi vem nos premiando, há  40 anos, com os melhores livros, obras, estudos, pesquisas, sobre os problemas do Brasil e, sobretudo, sobre como resolvê-los.

Paulo Roberto de Almeida

O Labirinto Visto de Cima: Saídas para o Desenvolvimento do Brasil 

Fabio Giambiagi, Ricardo Barboza 

Editora LUX (6/2022).

“Somos soldados do desenvolvimento”. Foi com essa afirmativa – praticamente, uma conclamação – que fui recebido ao ingressar no BNDES em 1984. Também se afirmava o papel do BNDES como “agente de mudanças”. E, desde então, o Brasil mudou. Em muitos aspectos, o país de fato se desenvolveu. Temos uma democracia consolidada. O processo inflacionário crônico deu lugar ao Real. Os instrumentos de política macroeconômica convergiram para padrões internacionais. A onipresença estatal no setor produtivo e na infraestrutura cedeu espaço ao setor privado, que adquiriu resiliência ao longo das crises. A economia extremamente fechada transformou-se numa economia mais integrada ao mundo. Houve mudanças positivas nos indicadores sociais. É grande a lista dos temas em que o país avançou. Porém, é consenso que o baixo crescimento ao longo dessas décadas foi frustrante. E a precária condição de vida de milhões de brasileiros é inaceitável. O Brasil esteve longe de aproveitar todo o seu potencial de desenvolvimento. Oportunidades foram perdidas. É disso que trata este livro: identificar caminhos para o país sair desta espécie de “labirinto” em que se encontra. Quais são os desafios para destravar o desenvolvimento brasileiro? Qual arcabouço macroeconômico parece melhor? Como melhorar a infraestrutura? Quais são as mudanças necessárias para galvanizar energias para o crescimento sustentável? Quais políticas o país deve adotar na saúde, na educação ou na segurança pública? São as respostas a essas questões que motivaram os autores – todos eles profissionais voltados ao desenvolvimento – a se engajar no projeto cujo resultado o leitor tem em mãos. Este livro expressa a voz de uma nova geração do BNDES, iluminando alternativas para o Brasil. Em momentos em que o país discute que rumos deve seguir, é uma contribuição muito bem-vinda. Guilherme Dias (ex-ministro de Planejamento, Orçamento e Gestão).

https://bit.ly/3tw3z5t

https://amzn.to/3MM0MMp


Renda é a menor em 10 anos - Marcelo Reis Garcia

Em 2015-16, quando da Grande Destruição lulopetista da economia, sob a inepta da Dilma, eu já dizia a meus alunos que a recessão provocada era maior do que a da crise de 1929 e da Grande Depressão dos anos 1930, para o Brasil, e que a renda recuaria dez anos. Acho que acertei, mas com muito pesar.

Também previ que a recuperação fiscal, a partir de Temer, se estenderia até 2022-23, mas não contava com a pandemia, nem com a guerra, nem com a grande destruição bolsonarista (e do Paulo Guedes e do Centrão) da economia. Agora prevejo a extensão da recuperação até o final da década, e o grau de investimento só voltando na década de 2030 em diante.

Desculpem ser pessimista.

Paulo Roberto de Almeida

 

 

RENDA É A MENOR EM 10 ANOS!

Marcelo Reis Garcia
(via Cesar Maia) 

Entre os 5% mais pobres a queda foi de 48% desde 2012. Entre o 1% mais rico, de 6,9%.

A desigualdade no Brasil explodiu e nenhum governo (federal, estadual ou municipal) está sabendo enfrentar essa questão.

O 1% mais rico do Brasil ganha o equivalente a 38,4% do rendimento de 50% dos mais pobres.

Todas as famílias perderam desde 2012, mas entre os 5% mais pobres o rendimento despencou 48%, passando de RS 75 per capita em 2012 para RS 39 per capita.

Já o 1% mais rico saiu de RS 17 mil per capita para RS 15,9 mil per capita.

Em 2022 o Cenário é bem difícil.

O Nordeste segue com menor rendimento médio familiar, RS 843,00 enquanto a média nacional é de RS 1.353,00

Importante destacar que é a renda da família e não renda per capita.

A Desigualdade aumentou em todas as regiões, sobretudo nas norte e nordeste.

Analistas indicam escalada da desigualdade.

Constatações da PNAD a partir de minha avaliação.

1- Pressão sobre os Serviços Públicos;

2- Urgência de uma Reorganização Social para segurar a reconstrução de bases de Desenvolvimento Familiar;

3- Incapacidade total dos governos atuarem sobre desigualdade;

4- Entre 2023 e 2025 será necessário fortalecer Transferência de Renda. O esforço deveria ser por um cartão único e não pela dispersão atual;

5- Garantir condições mínimas para as equipes sociais nos municípios. Sem essas condições o trabalho não gera nenhum resultado.

 


Cúpula das Américas - Rubens Barbosa (OESP)

 CÚPULA DAS AMÉRICAS

 Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 14/06/2022


A 9ª. Cúpula das Américas, reunindo Chefes de Estado dos países da região, ocorreu na semana passada em Los Angeles, nos EUA, em circunstâncias muito diferentes da primeira reunião, organizada em Miami em 1994, quando os EUA apresentaram a proposta de uma área de livre comércio nas Américas (ALCA). O encontro foi realizado em um momento difícil para o anfitrião, `as voltas com o apoio `a Ucrânia na guerra contra a Rússia e a disputa pela hegemonia global com a China. A divisão interna nos EUA impediu que propostas dos dois partidos pudessem ser formuladas e apresentadas por Biden. A América Latina está bem abaixo nas prioridades da política externa dos EUA. Em pronunciamento recente sobre as prioridades da política externa, o Secretário de Estado, Anthony Blinken, nem mencionou a América Latina. O diálogo entre os EUA e a América Latina e Caribe encontra-se hoje em um dos piores momentos desde o fim da guerra fria.

Os EUA formularam sugestões consistentes e coerentes com seus próprios interesses na defesa da democracia e do meio ambiente, na imigração e na expansão do comércio e investimento, mas ignoraram questões sociais relacionadas com a desigualdade social e as dificuldades econômicas em praticamente todos os países da região. Mal preparada pelo atraso na organização dos documentos e na escolha dos temas para discussão, os EUA não convidaram Cuba, Venezuela, Nicarágua. Essa decisão equivocada de Washington acarretou o esvaziamento parcial da reunião pelo boicote dos presidentes do Mexico, Guatemala, Honduras, El Salvador e Bolívia, que junto com outros países, reconhecem que as sanções e o isolamento impostos por Washington não trouxeram de volta a democracia. O Brasil, apesar de o Itamaraty recomendar a presença presidencial, só decidiu participar depois do oferecimento de encontro com Biden, a margem da reunião, cujo único intuito foi atender `a prioridade de política eleitoral interna de Bolsonaro, ou seja, a chance de uma foto. 

Nesse contexto, os EUA perderam uma oportunidade para tentar recuperar a liderança junto aos países hemisféricos, quando estão enfrentando crescente desafio econômico e comercial na região em virtude da cada vez maior presença da China, da Rússia e do Irã, além da ameaça do envio de tropas da Rússia para a Venezuela e Cuba a depender da evolução da guerra na Ucrânia. A Cúpula, que poderia ser uma oportunidade para Washington mostrar a força de sua liderança ameaçada, expos a queda da influência dos EUA no hemisfério. O diálogo com os EUA tornou-se mais difícil também pela fragmentação econômica e ideológica dos países e pelo populismo de esquerda e de direita emergente, o que impede o aparecimento de uma liderança regional efetiva. A liderança tem um preço. O Brasil, nos últimos anos, renunciou à liderança sul-americana. Será que os EUA seguirão os passos do Brasil na América Latina e Caribe?

A ideia central dos EUA foi a proposta de uma “Parceria para a Prosperidade Econômica” no hemisfério para se contrapor `a crescente influência da China na região, com investimentos, o fortalecimento das cadeias de suprimento e uma evolução dos acordos comerciais existentes. Ainda vaga e sem detalhes, a proposta focará “parceiros com posições políticas parecidas que já tenham acordos comerciais com os EUA.” O pacote inclui ainda uma declaração sobre imigração e a promessa de US$ 300 milhões em ajuda. Foi anunciada também a criação de um Corpo de Saúde das Américas, talvez para se contrapor aos “médicos cubanos” e a doação de US$ 12 milhões ao Brasil e Colômbia para a preservação da Amazonia. Foi também assinado, por apenas 14 países, documento sobre boas práticas regulatórias no comércio. 

Além da retorica (“a América Latina não é o nosso quintal, mas nosso jardim”), os documentos divulgados ao final da Cúpula focalizaram, entre outros temas, o fortalecimento da democracia, direitos humanos, novas tecnologia, desenvolvimento sustentável e futuro verde, não significam uma mudança de política e pouco acrescentaram. Não por acaso, o documento com maior divulgação foi a Declaração sobre imigração, assinada por 20 chefes de Estado, entre os quais o presidente Bolsonaro. Esse foi o tema de maior interesse do governo americano, mas 11 países não assinaram e os quatro países de maior imigração para os EUA, México, Guatemala, Honduras e El Salvador não compareceram com seus chefes do Estado. A Declaração, que não é obrigatória, propõe a busca de financiamento de bancos internacionais para as questões migratórias, o reforço de modelos de migração temporária para trabalho e a retomada de programas de reagrupamento familiar de imigrantes. Os objetivos declarados são melhorar o acesso aos serviços públicos, como saúde, e promover a inclusão social e econômica desse grupo.

Como expressão clara da reduzida importância da Cúpula das Américas para os EUA, nem o New York Times, nem o Washington Post, nas edições de sábado, publicaram qualquer informação sobre os resultados do encontro, limitando-se a noticiar que o presidente Biden, em campanha para aumentar o isolamento da Rússia, está encontrando resistência dos países latino-americanos que mantem relações econômicas e comerciais com Moscou.

 

 

Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE)

 

Programa do PT para a política externa: déjà vu, all over again - Comentários Paulo Roberto de Almeida

 Programa do PT para a política externa: 


“Recuperar a política externa ativa e altiva; defender a integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe; fortalecer novamente o Mercosul, a UNASUL, a CELAC e os BRICS”. 


Ou seja, um repeteco do déjà vu, all over again: que falta de imaginação!

Se for assim, não precisa nem escrever novos discursos: está tudo pronto, é só recuperar dos maços, perfumar um pouco para eliminar o cheiro de naftalina, esquecer que a Ucrânia existe, e seguir tocando a partir da velha pauta.

Ah, sim, esqueceram o Ibas, o Conselho de Defesa Sul-Americano, o Fome Zero Universal e as reuniões com dirigentes africanos e árabes.

Mais importante: faltou uma referência ao tal de Sul Global: alguém já encontrou com ele por aí? Deve estar se sentindo órfão sem o Guia Genial dos Povos para animá-lo.

Vai ser um sucesso: retomar o que o vento da direita levou. 

Minhas análises sobre o lulopetismo diplomático também já estão prontas: basta atualizar algumas coisa aqui e ali.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 14/06/2022

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Lançamento-debate em torno de dois livros sobre a diplomacia brasileira - Paulo Roberto de Almeida



 Nesta terça-feira 14/06/2022, 17hs, lançamento-debate de dois livros meus, Apogeu e Demolição da Política Externa: itinerários da diplomacia brasileira (Appris) e O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021 (Kindle), pelo canal do IAB (https://www.youtube.com/tviab), na companhia do embaixador Sergio Florêncio, do acadêmico Arnaldo Godoy e do jurista e colega diplomata Paulo Fernando Pinheiro Machado, e ainda o presidente Sydney Sanches e a diretora Marcia Dinis, do IAB.


China, capitalismo y geopolítica: ¿revisionismo o pacifismo chino? Ferran Pérez Mena

 

China, capitalismo y geopolítica: ¿revisionismo o pacifismo chino? Ferran Pérez Mena es Doctorando en Relaciones Internacionales por la Universidad de Sussex (UK)

In AnálisisPolítica exterior by Xulio Ríos

Durante los últimos años, la disciplina de las Relaciones Internacionales y los grandes medios de comunicación han debatido el papel que jugará China en la nueva transición geopolítica que estamos viviendo. Se podría decir que el debate está dividido entre aquellos que razonan que China es una potencia revisionista que liquidará el orden internacional liberal liderado por Estados Unidos para construir un nuevo orden mundial sinocéntrico y aquellos que piensan que China se comportará como una potencia benigna que buscará el establecimiento de un mundo multipolar más justo y pacífico. Los primeros basan sus argumentos en una visión realista de las relaciones internacionales que considera que las transiciones hegemónicas siempre desembocan en un conflicto militar entre una potencia hegemónica y una potencia en ascenso -a esta situación se le ha llamado “la Trampa de Tucídides”-. La historia está repleta de ejemplos que dan la razón a esta visión realista. Los segundos consideran que China se comportará como una potencia benigna debido a su supuesto ethos pacífico. Lo cierto es que la China imperial apenas experimentó conflictos “internacionales” con sus vecinos. La estructura del sistema tributario en Asia Oriental, construida en mayor medida por la China imperial, actuaba de difusor contra la posibilidad de conflictos militares entre los distintos reinos de la región. Esta estructura regional de acumulación de riqueza e intercambios culturales fue liquidada por el imperialismo occidental y la emergencia del militarismo japonés a finales del siglo XIX. Históricamente, hasta la mitad del siglo XIX, las elites imperiales chinas tuvieron que lidiar principalmente con conflictos internos como revueltas populares, guerras civiles y escaramuzas con los pueblos nómadas que habitaban en lindes del imperio.

Sin embargo, más allá de las visiones antagónicas que ofrecen estos análisis, estas dos perspectivas comparten un enfoque idealista y ahistórico de la historia china y de sus relaciones internacionales. Los primeros piensan que las cuestiones del poder se ventilan en los despachos de los dirigentes políticos y de sus estrategas militares que entienden las relaciones internacionales como un simple juego de billar transhistórico. Los segundos consideran que el comportamiento internacional benigno de la China imperial ha sido heredado por el Partido Comunista de China (PCCh). En definitiva, ambas perspectivas ignoran el papel crucial de la economía política en determinar y configurar las relaciones internacionales. Los realistas suelen ignoran los procesos económicos que van más allá del Estado-nación y los últimos concluyen que el comportamiento “pacífico” de la China imperial pre-moderna insertada en una economía política no capitalista se puede reproducir en el contexto actual donde la China de Xi Jinping está incrustada en un capitalismo global con dinámicas distintas.

No obstante, el capitalismo global es una estructura compleja con unas dinámicas internas que empujan a los Estados a maximizar la obtención de recursos y en última instancia a combatir por estos cuando son escasos. En el contexto histórico actual, esto tiene aún más relevancia debido a que los actores internacionales no sólo están sometidos a los límites estructurales del capitalismo global sino también a los impuestos por la naturaleza, o a lo que algunos han descrito como el “Antropoceno”. Esto quiere decir que la acumulación de riqueza de los Estados está constreñida por los límites estructurales marcados por el sistema económico y la naturaleza. Por lo tanto, los actores internacionales no pueden escapar fácilmente de la estructura del capitalismo global y de sus dinámicas internas que generan conflictos internacionales.

Así pues, la pregunta que debemos hacernos no puede ser si la China moderna posee una naturaleza revisionista o pacifista. Esta pregunta estéril solo nos conduce a un callejón sin salida que solo aviva el fuego de la propaganda militar y análisis poco informados sobre la realidad china y su particular relación con el capitalismo global. Además, esta pregunta implícitamente nos lleva a concluir que la China moderna está por encima de las estructuras históricas. Por suerte, parece ser que los actuales líderes del PCCh se han curado del histórico voluntarismo que generó tragedias colectivas durante el siglo XX. En cambio, lo que tenemos que cuestionar es si China puede activar mecanismos – estatales e internacionales- para no sucumbir a las dinámicas del capitalismo global que inevitablemente conducen a las grandes potencias a conflictos por recursos para poder apuntalar sus regímenes de acumulación. En definitiva, ¿China tiene la capacidad para comportarse como una potencia pacifista teniendo en cuenta las dinámicas internas de las estructuras globales en las que está integrada? Para responder esta pregunta tenemos que analizar la realidad material concreta que afecta a la China moderna e historizar su desarrollo socioeconómico en la presente coyuntura histórica y geopolítica.

En la actualidad, el PCCh busca la construcción de un mundo multipolar más justo que pueda acomodar distintos polos de poder, intereses nacionales y tradiciones culturales. Sin embargo, este proyecto multipolar no es una garantía para la paz mundial. Ese mundo multipolar podría desembocar en un “momento Kautskyiano” en el que diferentes elites nacionales y transnacionales cooperen para gestionar los recursos naturales, tecnológicos e industriales dentro del marco capitalista. En una economía capitalista global como la nuestra, a pesar de estar en proceso de transformación, este tipo de acuerdos solo pueden ser temporales y solo contribuyen a retrasar los conflictos militares anunciados por los intelectuales de la tradición realista. Por otro lado, si la política exterior china basada en la “no interferencia” ha sido vital para el crecimiento del país y ha contribuido a no causar más desastres internacionales, en un futuro escenario de crisis global capitalista podría causar que China acábase como la Unión Soviética.

El sistema chino de “socialismo con características chinas” en un solo país tiene sus límites y contradicciones que se acentuarán cada vez más en el futuro. No es lo mismo ser un Estado en “desarrollo tardío” con el tiempo a favor, que una gran potencia con responsabilidades globales donde el tiempo político es extremadamente precario y limitado. Durante los últimos cuarenta años, el “atraso histórico” al que se refería Leon Trotsky en su obra sobre la Revolución Rusa ha sido la garantía de que China pudiese adoptar un perfil bajo para no verse involucrada en conflictos internacionales. Además, estos últimos cuarenta años han coincidido con un tipo de económica política global de carácter neoliberal y una configuración de poder entre las elites chinas y estadounidenses que ha amortiguado posibles tendencias conflictivas entre estas dos grandes potencias. A esta estructura de poder y económica se le llamó de una cierta manera caricaturesca “Chimérica”.

Por un lado, las elites estadounidenses consideraban que esta fórmula de cooperación transnacional podría “socializar” a las elites del PCCh y contribuir así a la profunda liberalización del Estado chino. Por el otro lado, el PCCh entendió que era crucial aprovecharse de la apertura generada por la economía global neoliberal para favorecer el crecimiento económico del Estado. Así pues, este periodo de “paz” no solo ha sido posible gracias a la “mentalidad” de los líderes chinos y de su presunto ethos pacifista sino también a la existencia de una base material y configuración de poder que lo facilitó.

Sin embargo, la administración Obama con su “pivote asiático” y la administración Trump con la guerra comercial dejaron claro que los tiempos de “Chimerica” se han agotado. La “fortuna” de China, como diría Maquiavelo, ha quedado otra vez en el aire. A pesar de este cambio de fortuna, los líderes chinos se han mostrado a favor de la globalización capitalista. El presidente Xi Jinping confirmó esta postura en el Foro Económico Mundial de Davos en 2017. Esta política del PCCh no sólo muestra cómo el Estado chino aún necesita la apertura global para seguir creciendo sino también que China dista de ser una potencia hegemónica. En definitiva, el apoyo del PCCh a la globalización implícitamente revela una posición de debilidad estructural y no tanto una voluntad de dominación global. No obstante, si China no contribuye a la transformación de las estructuras económicas que sostienen lo que queda de la globalización, China se arriesga a alargar la vida de una bomba de relojería que ya ha sido activada.

Sobre este trasfondo, el futuro pacifista de la China moderna no dependerá de los atributos psicológicos y valores de los miembros del Politburó del PCCh, ni tampoco de la habilidad de los líderes chinos para encontrar un “equilibrio de poder” con otros Estados como Rusia, Estados Unidos o India. Desafortunadamente, los ethos y voluntades pacifistas pueden disolverse rápidamente por las fuerzas el capitalismo global, mientras que los “equilibrios de poder” son configuraciones transitorias de poder expuestas a las crisis de la economía global. El futuro pacifista de China será posible si el gran gigante asiático contribuye a la construcción de un sistema internacional que pueda abordar las tendencias de una economía política global que es proclive a generar conflictos internacionales. La actual fe del PCCh en el desarrollo tecnológico no es suficiente para abordar estos retos.

Paradójicamente, el PCCh tiene que repensar la política nacional e internacional que ha contribuido al éxito económico de China durante los últimos cuarenta años. Esto significa que el PCCh tiene que salir de su zona de confort. Además, el PCCh tiene que reflexionar sobre los horizontes normativos que lleva promoviendo desde los años ochenta. Los marxistas chinos de principios del siglo XX como Li Dazhao o Chen Duxiu tenían claro que la armonía internacional y la paz mundial dependían de factores materiales y de una estructura global que unía a todos los actores internacionales. En definitiva, la pregunta no es si China será revisionista o pacifista. Estos debates estériles simplemente sirven para llenar portadas en el New York Times y el Global Times. La cuestión principal es si China podrá contribuir a la transformación estructural de la actual economía global para que este siglo XXI no sea una nueva traumática era de Estados combatientes 2.0.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...