Não, não estou perguntando até quando irá a república mafiosa do brasil. Pelo andar da carruagem, não tem prazo de validade, e promete estender os seus malfeitos até onde a vista alcança e mais além.
Eu estava me perguntando até onde iria esta série de posts sob a rubrica geral da república mafiosa do brasil (tudo em minúsculas, comme il faut).
Sinceramente não sei. Eu a comecei esperando terminar em poucos números, menos de dez, digamos, apenas para refletir meu estado de espírito ao ver tantas patifarias sendo cometidas nos mais altos escalões da república, do estado, da máquina na qual se incrustram moluscos sanguessugas da nação.
Até coloquei um post de comentários pessoais, fazendo uma aposta segundo a qual alguns dos personagens da última leva de corrupção da grossa seriam demitidos no ato, ou se demitiriam de vergonha. Qual o que! Para que esperar algum gesto de decência dessa gente.
O editorial abaixo do Estadão coloca, como sempre, os ponts nos iis.
Paulo Roberto de Almeida
Republiquetização do País
Editorial - O Estado de S.Paulo
14 de setembro de 2010
Não é por acaso que o Gabinete Civil da Presidência da República tem estado envolvido em quase todos os grandes escândalos do governo Lula. A começar pelo mensalão, operado por José Dirceu, até a recentíssima denúncia de descarado tráfico de influência por parte da ministra Erenice Guerra e seus familiares, boa parte de todo o malfeito, do ilegal, da pura e simples corrupção que eclode no governo federal tem o dedo do Palácio do Planalto. O dedo de Luiz Inácio Lula da Silva, o grande responsável pelo desenvolvimento econômico dos últimos oito anos; pela incorporação de milhões de cidadãos antes marginalizados ao mercado de consumo; pela ascensão do País à condição de, vá lá, player importante na diplomacia mundial. Se tudo de bom que se faz no governo é de responsabilidade do "cara", por que apenas o que de errado se faz no governo não tem dono?
Por muito menos do que se tem revelado ultimamente de lambanças com as instituições do Estado e com o dinheiro público um presidente da República foi forçado a renunciar há menos de 20 anos.
Mas com Lula é diferente. Embriagado por índices de popularidade sem precedentes na história republicana, inebriado pela vassalagem despudorada que lhe prestam áulicos, aderentes e aduladores das mais insuspeitadas origens e dos mais suspeitosos interesses, Sua Excelência se imagina pairando acima do bem e do mal, sem a menor preocupação de manter um mínimo de coerência com sua própria história política e um mínimo de respeito pelo decoro exigido pelo cargo para o qual foi eleito.
Sempre que os desmandos flagrados pela Imprensa ameaçam colocar em risco seus interesses políticos e eleitorais, Lula recorre sem a menor cerimônia à mesma "explicação" esfarrapada: culpa da oposição - na qual inclui a própria Imprensa. A propósito das violações de sigilo comprovadamente cometidas recentemente pela Receita Federal - não importa contra quem - não passou pela cabeça de Sua Excelência, nem que fosse apenas para tranquilizar os contribuintes, a ideia de admitir a gravidade do ocorrido e se comprometer com a correção desses desvios. Preferiu a habitual encenação palanqueira: "Nosso adversário, candidato da turma do contra, que torce o nariz contra tudo o que o povo brasileiro conquistou nos últimos anos, resolveu partir para ataques pessoais e para a baixaria." Não há maior baixaria do que um chefe de Estado usar o horário eleitoral de seu partido político para atacar, em termos pouco republicanos, aqueles que lhe fazem oposição. E faltou alguém lembrar ao indignado defensor dos indefesos que entre "tudo que o povo brasileiro conquistou nos últimos anos" estão a Constituição de 1988, o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, entre outras iniciativas fundamentais para a promoção social e o desenvolvimento econômico do País, contra as quais os então oposicionistas Lula e PT fizeram campanha e também votaram no Congresso.
Enquanto os aliados de Lula e de Sarney - a quadrilha que dilapidou o patrimônio público do Amapá - vão para a cadeia por conta das evidências contra eles levantadas pela Polícia Federal; enquanto os aliados de Lula - toda a cúpula executiva e legislativa, prefeito e vereadores, do município sul-mato-grossense de Dourados - pelo mesmo motivo vão para o mesmo lugar; enquanto na Receita Federal - não importa se por motivos políticos ou apenas (!) por corrupção - se viola o sigilo fiscal de cidadãos e as autoridades responsáveis tentam jogar a sujeira para debaixo do tapete; enquanto mais uma maracutaia petista é flagrada no Gabinete Civil da Presidência; enquanto, enfim, a mamata se generaliza e o presidente da República continua fingindo não ter nada a ver com a banda podre de seu governo, a população brasileira, pelo menos quase 80% dela, aplaude e reverencia a imagem que comprou do primeiro mandatário, o "cara" responsável, em última instância, pela republiquetização do País.
Está errado o povo? A resposta a essa pergunta será dada em algum momento, no futuro. De pronto, a explicação que ocorre é a de que, talvez, o povo de Lula seja constituído de consumidores, não de cidadãos.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Reincidindo na idiotofobia (com perdao dos mais sensiveis...)
Eu sei que já tinha prometido a algumas almas sensíveis que frequentam este território -- por vezes cáustico, sempre crítico, por vezes acerbamente, jamais aborrecido -- que eu não iria mais chamar ninguém de idiota, pois o blog, como estabelecido justo acima, se ocupa essencialmente de ideias, de preferência inteligentes, não de pessoas, ou apenas de pessoas quando elas são as "transportadoras" -- por vezes de forma totalmente involuntária, ou inconsciente, o que nem mesmo elas desconfiam -- de ideias merecedoras de algum debate relevante.
Mas tem ocasiões em que não resisto à tentação de reincidir nesse péssimo costume de chamar algumas pessoas de idiotas, e de expor isso claramente neste blog dedicado às ideias inteligentes.
A razão?
Vejam o que acabo de ler, num desses tropeços involuntários na internet:
Bush está em São Paulo e fará palestra para executivos
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush está em São Paulo. Ele foi convidado pela seguradora Fairfax para fazer uma palestra, amanhã, a um grupo restrito de executivos.
A vinda de Bush já provoca alguns congestionamentos na capital. A última vez que Bush visitou o Brasil foi em março de 2007, quando ainda era presidente dos Estados Unidos.
Leia também:
Bush fará duas palestras em São Paulo
Deslocamentos de Bush provocam congestionamentos em São Paulo
Pois bem, retorno para comentar a idiotice. Agora inclusive já passaram os congestionamentos e deve ter diminuido um pouco a raiva dos paulistanos com a passagem sempre incômoda desse idiota.
Volto pois ao objeto deste meu post.
Eu não consigo conceber como empresários ricos -- pois apenas ricos são capazes de pagar o cachê do Bushinho -- são tão idiotas ao ponto de torrarem uma grana firme para ouvir o idiota supremo, o presidente mais dumb dentre todos os presidente americanos.
Eu me pergunto: existiria algum conselho inteligente, alguma frase sequer aproveitável em tudo o que o George W. falou em SP (ou em qualquer outro lugar)?
Imagino, mas apenas imagino, que qualquer primeiranista de economia, ou qualquer graduando dessas faculdades tabajaras de jornalismo -- vejam como estou sendo cruel como nossos universitários -- seria capaz de articular uma palestra de modo mais inteligível e talvez até mais inteligente que George W. (bem menos cruel agora, não acham?).
Na verdade, imagino que os idiotas pagantes tampouco acreditam que venham a aprender -- e apreender -- algo de inteligente, ou simplesmente inteligível, com o idiota que recebe sua grana firme.
Tenho a certeza, para mim, que os idiotas pagantes são apenas idiotas a ponto de desejarem se exibir uns aos outros: "Viram como eu tenho dinheiro para pagar meu ingresso na palestra desse idiota?"
Como diria Einstein (aproximadamente), o universo e a estupidez humana são infinitos.
Eu apenas substituiria estupidez por idiotice.
Sorry pelo besteirol, folks: de vez em quando me concedo um momento lúdico...
Paulo Roberto de Almeida
(14.09.2010)
Mas tem ocasiões em que não resisto à tentação de reincidir nesse péssimo costume de chamar algumas pessoas de idiotas, e de expor isso claramente neste blog dedicado às ideias inteligentes.
A razão?
Vejam o que acabo de ler, num desses tropeços involuntários na internet:
Bush está em São Paulo e fará palestra para executivos
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush está em São Paulo. Ele foi convidado pela seguradora Fairfax para fazer uma palestra, amanhã, a um grupo restrito de executivos.
A vinda de Bush já provoca alguns congestionamentos na capital. A última vez que Bush visitou o Brasil foi em março de 2007, quando ainda era presidente dos Estados Unidos.
Leia também:
Bush fará duas palestras em São Paulo
Deslocamentos de Bush provocam congestionamentos em São Paulo
Pois bem, retorno para comentar a idiotice. Agora inclusive já passaram os congestionamentos e deve ter diminuido um pouco a raiva dos paulistanos com a passagem sempre incômoda desse idiota.
Volto pois ao objeto deste meu post.
Eu não consigo conceber como empresários ricos -- pois apenas ricos são capazes de pagar o cachê do Bushinho -- são tão idiotas ao ponto de torrarem uma grana firme para ouvir o idiota supremo, o presidente mais dumb dentre todos os presidente americanos.
Eu me pergunto: existiria algum conselho inteligente, alguma frase sequer aproveitável em tudo o que o George W. falou em SP (ou em qualquer outro lugar)?
Imagino, mas apenas imagino, que qualquer primeiranista de economia, ou qualquer graduando dessas faculdades tabajaras de jornalismo -- vejam como estou sendo cruel como nossos universitários -- seria capaz de articular uma palestra de modo mais inteligível e talvez até mais inteligente que George W. (bem menos cruel agora, não acham?).
Na verdade, imagino que os idiotas pagantes tampouco acreditam que venham a aprender -- e apreender -- algo de inteligente, ou simplesmente inteligível, com o idiota que recebe sua grana firme.
Tenho a certeza, para mim, que os idiotas pagantes são apenas idiotas a ponto de desejarem se exibir uns aos outros: "Viram como eu tenho dinheiro para pagar meu ingresso na palestra desse idiota?"
Como diria Einstein (aproximadamente), o universo e a estupidez humana são infinitos.
Eu apenas substituiria estupidez por idiotice.
Sorry pelo besteirol, folks: de vez em quando me concedo um momento lúdico...
Paulo Roberto de Almeida
(14.09.2010)
O Brasil e a seguranca global - uma visao da Europa (e a do Brasil)
Transcrevo, a partir do blog do embaixador de Portugal em Paris, que já foi representante português no Brasil, na fase imediatamente anterior, este comentário, sem ter tido acesso aos elementos factuais, ou documentais, do encontro ali mencionado. Apenas constatei, pela agenda do ministro da Defesa do Brasil, na página de seu ministério que, no dia 10 de setembro, ele participou do encerramento do seminário Internacional “O Futuro da Comunidade Transatlântica”, no Instituto da Defesa Nacional de Portugal, mas não disponho de maiores informações a respeito.
O Brasil e a segurança global
Francisco Seixas da Costa
Blog Duas ou Três Coisas, 14.09.2010
Segundo a imprensa, num colóquio há dias realizado em Lisboa ficou patente a diferença de perspetivas entre o ministro da Defesa do Brasil e alguns dos seus parceiros de debate, oriundos da Europa. Em causa estaria o papel da NATO e a sua proclamada vocação à escala global, neste tempo que antecede a definição do novo "conceito estratégico" da organização, a fixar na cimeira de Lisboa, em Novembro.
Não me surpreende este contraste de posições, conhecendo bem o modo como o Brasil olha estrategicamente o mundo, as desconfianças que sempre alimentou face a um "norte" que, quase sempre, lhe aparece como pretendendo hegemonizar a segurança global. Embora me pareça que o Brasil leva, frequentemente, este seu argumento demasiado longe, quero deixar claro que reconheço que o tal "norte" lhe dá, por vezes, razões para alimentar algumas dúvidas.
No Brasil, prevalece, de há muito, uma espécie de "contra-cultura" estratégica que funciona numa relação bipolar com os Estados Unidos - tidos como fonte de sedução civilizacional e, simultaneamente, como eixo de perigosas ambições. E como o Brasil tende (bem?) a não separar a NATO (e a Europa nela) dos EUA, o nosso continente é tomado, nessas "contas", como um mero "fellow traveller" de Washington.
Com esta sua atitude, o Brasil procura compatibilizar a afirmação de uma posição combativa em nome do "sul" com uma, menos afirmada mas facilmente pressentida, ambição de presença liderante nesse mesmo "sul". A emergência cíclica desta tentativa de autonomia estratégica, que o Brasil frequentemente enfatiza de uma forma que, erradamente, é percebida "a norte" como podendo ter um cariz conflitual, não deixa de criar algumas dúvidas nesta nossa parte do hemisfério. O que se passou recentemente com o Irão não ajudou também a afastar estas núvens. E, vale a pena dizê-lo, isso também não deixará de fazer parte da equação sobre uma possível reforma futura do Conselho de Segurança.
Em todo este contexto, e sem nos "pormos em bicos de pés", é mais do que óbvio que um país como Portugal deverá, desejavelmente, ter um papel positivo nesta clarificação de posições.
Por um lado, no quadro da Aliança Atlântica, tendo o cuidado de contribuir para uma postura conjunta que seja respeitadora de outras culturas estratégicas, as quais partem de pressupostos diferentes. Nesse esforço, deveremos procurar destacar a contribuição que destas podem resultar para quadros geradores de confiança de dimensão reegional, que potenciem valores comuns em prol da paz e segurança. Para isso, é importante que fique bem claro que o papel da NATO não se assume como podendo arrogar-se uma qualquer preeminência face às instituições de natureza multilateral, das quais decorre sempre toda e qualquer legitimidade de intervenção à escala internacional. Para isso, importa discutir, com clareza, a excecionalidade da intervenção no Kosovo e destacar as divisões ocorridas no caso da última invasão do Iraque.
Mas, por outro lado, também nos compete trabalhar intimamente com o Brasil, bem como com os restantes países africanos de língua portuguesa, em especial no âmbito da CPLP, por forma a conseguir fazer destacar, no trabalho conjunto à volta dos grandes desafios de segurança global, alguns princípios comuns que cada um possa projetar, sem conflitualidade, nos diferentes quadros estratégicos em que nos inserimos. Pode ser que eu esteja enganado, mas o agravamento de algumas ameaças acabará por tornar mais evidentes, para países que partilham a mesma matriz democrática, que estamos todos muito mais próximos do que pode parecer. Isso será ainda mais claro se nos conseguirmos afastar das "vuvuzelas" de alguma retórica com que alguns se entretêm.
==========
Addendum 1:
Consegui obter o programa do seminário português, como abaixo. Agora só falta obter os pronunciamentos dos participantes brasileiros.
Instituto da Defesa Nacional (IDN)
Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-UNL)
Seminário Internacional sobre o Futuro da Comunidade Transatlântica
Instituto da Defesa Nacional
10 de Setembro de 2010
Programa
9:00-9:30 - ABERTURA
Vitor Rodrigues Viana, director do Instituto da Defesa Nacional (IDN)
Carlos Gaspar, director do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI)
Pedro Lourtie, secretário de Estado dos Assuntos Europeus
9:30-11:00 - A REVISÃO DO CONCEITO ESTRATÉGICO DA OTAN
moderador: Helena Carreiras, subdirectora do Instituto da Defesa Nacional
Carlos Gaspar, director do IPRI
Luis Faro Ramos, director-geral de Política de Defesa Nacional
Bruno Cardoso Reis, investigador, ICS-UL
11:00-11:30 – intervalo para café
11:30-13:00 - PORTUGAL E AS MISSÕES MILITARES INTERNACIONAIS
moderador: Lima Bacelar, ex-representante militar de Portugal junto da OTAN
António Vitorino, ex-ministro da Defesa Nacional
Gabriel Espírito Santo, ex-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas
13:00-15:00 - almoço
15:00-16:30 - A SEGURANÇA ENERGÉTICA
moderador: Gregório de Faria, ex-representante permanente de Portugal junto da OTAN
António Costa Silva, Partex
João Nuno Mendes, Galp
José Félix Ribeiro, IPRI
Vasco Rato, IDN
16:30-17:00 - intervalo para café
17:00-18:30 - O BRASIL E A SEGURANÇA DO ATLÂNTICO SUL
moderador: Carlos Gaspar, director do IPRI
Wilson Barbosa Guerra, chefe do Departamento de Política e Estratégia do MD Brasil
Alfredo Valladão, Institut d’Études Politiques, Paris
Loureiro dos Santos, ex- ministro da Defesa Nacional
18:30-19:00 - ENCERRAMENTO
Augusto Santos Silva, ministro da Defesa Nacional
Nelson Jobim, ministro da Defesa do Brasil
==============
Addendum 2 (em 15.09.2010):
Jobim vê ‘com reservas’ atuação da Otan no Atlântico Sul
Nejme Joma
O Estado de São Paulo, 14/09/2010.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem, em Lisboa, em palestra no Instituto Nacional de Defesa, que vê “com reservas quaisquer iniciativas que procurem, de alguma forma, associar o Norte do Atlântico ao Atlântico Sul – sendo o sul, área geoestratégica de interesse vital para o Brasil”. Segundo ele, “as questões de segurança das duas metades desse oceano são distintas”.
Para Jobim, depois da Guerra Fria, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “passou a servir de instrumento de seu membro exponencial, os Estados Unidos, e dos aliados europeus”. Por meio do novo conceito da aliança, divulgado em 1999, a força pode intervir em qualquer parte do mundo a pretexto de ações antiterror ou humanitárias, e de contenção às ameaças à democracia ou nas agressões ambientais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O Brasil e a segurança global
Francisco Seixas da Costa
Blog Duas ou Três Coisas, 14.09.2010
Segundo a imprensa, num colóquio há dias realizado em Lisboa ficou patente a diferença de perspetivas entre o ministro da Defesa do Brasil e alguns dos seus parceiros de debate, oriundos da Europa. Em causa estaria o papel da NATO e a sua proclamada vocação à escala global, neste tempo que antecede a definição do novo "conceito estratégico" da organização, a fixar na cimeira de Lisboa, em Novembro.
Não me surpreende este contraste de posições, conhecendo bem o modo como o Brasil olha estrategicamente o mundo, as desconfianças que sempre alimentou face a um "norte" que, quase sempre, lhe aparece como pretendendo hegemonizar a segurança global. Embora me pareça que o Brasil leva, frequentemente, este seu argumento demasiado longe, quero deixar claro que reconheço que o tal "norte" lhe dá, por vezes, razões para alimentar algumas dúvidas.
No Brasil, prevalece, de há muito, uma espécie de "contra-cultura" estratégica que funciona numa relação bipolar com os Estados Unidos - tidos como fonte de sedução civilizacional e, simultaneamente, como eixo de perigosas ambições. E como o Brasil tende (bem?) a não separar a NATO (e a Europa nela) dos EUA, o nosso continente é tomado, nessas "contas", como um mero "fellow traveller" de Washington.
Com esta sua atitude, o Brasil procura compatibilizar a afirmação de uma posição combativa em nome do "sul" com uma, menos afirmada mas facilmente pressentida, ambição de presença liderante nesse mesmo "sul". A emergência cíclica desta tentativa de autonomia estratégica, que o Brasil frequentemente enfatiza de uma forma que, erradamente, é percebida "a norte" como podendo ter um cariz conflitual, não deixa de criar algumas dúvidas nesta nossa parte do hemisfério. O que se passou recentemente com o Irão não ajudou também a afastar estas núvens. E, vale a pena dizê-lo, isso também não deixará de fazer parte da equação sobre uma possível reforma futura do Conselho de Segurança.
Em todo este contexto, e sem nos "pormos em bicos de pés", é mais do que óbvio que um país como Portugal deverá, desejavelmente, ter um papel positivo nesta clarificação de posições.
Por um lado, no quadro da Aliança Atlântica, tendo o cuidado de contribuir para uma postura conjunta que seja respeitadora de outras culturas estratégicas, as quais partem de pressupostos diferentes. Nesse esforço, deveremos procurar destacar a contribuição que destas podem resultar para quadros geradores de confiança de dimensão reegional, que potenciem valores comuns em prol da paz e segurança. Para isso, é importante que fique bem claro que o papel da NATO não se assume como podendo arrogar-se uma qualquer preeminência face às instituições de natureza multilateral, das quais decorre sempre toda e qualquer legitimidade de intervenção à escala internacional. Para isso, importa discutir, com clareza, a excecionalidade da intervenção no Kosovo e destacar as divisões ocorridas no caso da última invasão do Iraque.
Mas, por outro lado, também nos compete trabalhar intimamente com o Brasil, bem como com os restantes países africanos de língua portuguesa, em especial no âmbito da CPLP, por forma a conseguir fazer destacar, no trabalho conjunto à volta dos grandes desafios de segurança global, alguns princípios comuns que cada um possa projetar, sem conflitualidade, nos diferentes quadros estratégicos em que nos inserimos. Pode ser que eu esteja enganado, mas o agravamento de algumas ameaças acabará por tornar mais evidentes, para países que partilham a mesma matriz democrática, que estamos todos muito mais próximos do que pode parecer. Isso será ainda mais claro se nos conseguirmos afastar das "vuvuzelas" de alguma retórica com que alguns se entretêm.
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Addendum 1:
Consegui obter o programa do seminário português, como abaixo. Agora só falta obter os pronunciamentos dos participantes brasileiros.
Instituto da Defesa Nacional (IDN)
Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-UNL)
Seminário Internacional sobre o Futuro da Comunidade Transatlântica
Instituto da Defesa Nacional
10 de Setembro de 2010
Programa
9:00-9:30 - ABERTURA
Vitor Rodrigues Viana, director do Instituto da Defesa Nacional (IDN)
Carlos Gaspar, director do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI)
Pedro Lourtie, secretário de Estado dos Assuntos Europeus
9:30-11:00 - A REVISÃO DO CONCEITO ESTRATÉGICO DA OTAN
moderador: Helena Carreiras, subdirectora do Instituto da Defesa Nacional
Carlos Gaspar, director do IPRI
Luis Faro Ramos, director-geral de Política de Defesa Nacional
Bruno Cardoso Reis, investigador, ICS-UL
11:00-11:30 – intervalo para café
11:30-13:00 - PORTUGAL E AS MISSÕES MILITARES INTERNACIONAIS
moderador: Lima Bacelar, ex-representante militar de Portugal junto da OTAN
António Vitorino, ex-ministro da Defesa Nacional
Gabriel Espírito Santo, ex-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas
13:00-15:00 - almoço
15:00-16:30 - A SEGURANÇA ENERGÉTICA
moderador: Gregório de Faria, ex-representante permanente de Portugal junto da OTAN
António Costa Silva, Partex
João Nuno Mendes, Galp
José Félix Ribeiro, IPRI
Vasco Rato, IDN
16:30-17:00 - intervalo para café
17:00-18:30 - O BRASIL E A SEGURANÇA DO ATLÂNTICO SUL
moderador: Carlos Gaspar, director do IPRI
Wilson Barbosa Guerra, chefe do Departamento de Política e Estratégia do MD Brasil
Alfredo Valladão, Institut d’Études Politiques, Paris
Loureiro dos Santos, ex- ministro da Defesa Nacional
18:30-19:00 - ENCERRAMENTO
Augusto Santos Silva, ministro da Defesa Nacional
Nelson Jobim, ministro da Defesa do Brasil
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Addendum 2 (em 15.09.2010):
Jobim vê ‘com reservas’ atuação da Otan no Atlântico Sul
Nejme Joma
O Estado de São Paulo, 14/09/2010.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem, em Lisboa, em palestra no Instituto Nacional de Defesa, que vê “com reservas quaisquer iniciativas que procurem, de alguma forma, associar o Norte do Atlântico ao Atlântico Sul – sendo o sul, área geoestratégica de interesse vital para o Brasil”. Segundo ele, “as questões de segurança das duas metades desse oceano são distintas”.
Para Jobim, depois da Guerra Fria, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “passou a servir de instrumento de seu membro exponencial, os Estados Unidos, e dos aliados europeus”. Por meio do novo conceito da aliança, divulgado em 1999, a força pode intervir em qualquer parte do mundo a pretexto de ações antiterror ou humanitárias, e de contenção às ameaças à democracia ou nas agressões ambientais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Construindo o Apartheid no Brasil
Dia da Consciência Negra poderá ser feriado nacional
Agência Senado
COMISSÕES / Assuntos Sociais
13/09/2010 - 14h
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, poderá passar a ser comemorado como feriado nacional. Projeto nesse sentido deve ser votado na próxima reunião da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e, sem seguida, apreciado em Plenário.
A data já reconhecida e celebrada como feriado em 225 cidades de 11 estados, inclusive três capitais (São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá). O dia 20 de novembro foi escolhido por ter sido a data da morte do líder negro Zumbi dos Palmares (1655-1695), considerado um herói da resistência antiescravagista no período colonial. Zumbi foi líder do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, o maior da história do Brasil, que durou mais de 60 anos e chegou a abrigar, segundo historiadores, cerca de 20 mil pessoas.
O projeto original que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (PLS 520/03), de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), previa apenas a data, mas não o feriado. Na justificação da matéria, Serys argumenta que sua proposta visa criar uma oportunidade para a reflexão sobre o preconceito ainda existente na sociedade brasileira.
Aprovado pelo Senado, o texto foi enviado à Câmara dos Deputados e apensado a outra proposta (PLS 302/2004), de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), que propunha o dia 20 de novembro como feriado nacional.
Os deputados elaboraram texto substitutivo dos projetos, instituindo não só a data, como também o feriado. Enviado para nova votação no Senado, o projeto passou pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), que rejeitou a criação do feriado, mantendo a proposta original de Serys. Na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), entretanto, onde a proposta poderá ser votada na próxima reunião, o relator, senador Paulo Paim, apresenta parecer favorável à criação do feriado.
Segundo Paim, "é necessário avançar nesta questão e fazer com que a data dedicada ao tema 'consciência negra' seja equiparada a outras, essenciais para a sociedade brasileira, como o dia 21 de abril, dedicado a Tiradentes e às causas libertárias; o dia 7 de setembro, marco da independência nacional; e o dia 15 de novembro, em que se celebra o fato de maior relevância da história da República" - justifica, em seu parecer.
Feriados
Caso o Senado aprove o substitutivo da Câmara, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra será o nono feriado nacional, juntamente com as seguintes datas: 1º de janeiro (Confraternização Universal), 21 de abril (Tiradentes), 1º de maio (Dia do Trabalho), 7 de setembro (Independência do Brasil), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida), 2 de novembro (Finados), 15 de novembro (Proclamação da República) e 25 de dezembro (Natal).
Há ainda quatro datas comemorativas móveis, as quais, embora popularmente conhecidas como feriados nacionais, não são reconhecidas como tal pela legislação brasileira - Terça-Feira de Carnaval, Sexta-Feira da Paixão, Domingo de Páscoa e o Corpus Christi.
Valéria Castanho / Agência Senado
Agência Senado
COMISSÕES / Assuntos Sociais
13/09/2010 - 14h
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, poderá passar a ser comemorado como feriado nacional. Projeto nesse sentido deve ser votado na próxima reunião da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e, sem seguida, apreciado em Plenário.
A data já reconhecida e celebrada como feriado em 225 cidades de 11 estados, inclusive três capitais (São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá). O dia 20 de novembro foi escolhido por ter sido a data da morte do líder negro Zumbi dos Palmares (1655-1695), considerado um herói da resistência antiescravagista no período colonial. Zumbi foi líder do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, o maior da história do Brasil, que durou mais de 60 anos e chegou a abrigar, segundo historiadores, cerca de 20 mil pessoas.
O projeto original que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (PLS 520/03), de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), previa apenas a data, mas não o feriado. Na justificação da matéria, Serys argumenta que sua proposta visa criar uma oportunidade para a reflexão sobre o preconceito ainda existente na sociedade brasileira.
Aprovado pelo Senado, o texto foi enviado à Câmara dos Deputados e apensado a outra proposta (PLS 302/2004), de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), que propunha o dia 20 de novembro como feriado nacional.
Os deputados elaboraram texto substitutivo dos projetos, instituindo não só a data, como também o feriado. Enviado para nova votação no Senado, o projeto passou pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), que rejeitou a criação do feriado, mantendo a proposta original de Serys. Na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), entretanto, onde a proposta poderá ser votada na próxima reunião, o relator, senador Paulo Paim, apresenta parecer favorável à criação do feriado.
Segundo Paim, "é necessário avançar nesta questão e fazer com que a data dedicada ao tema 'consciência negra' seja equiparada a outras, essenciais para a sociedade brasileira, como o dia 21 de abril, dedicado a Tiradentes e às causas libertárias; o dia 7 de setembro, marco da independência nacional; e o dia 15 de novembro, em que se celebra o fato de maior relevância da história da República" - justifica, em seu parecer.
Feriados
Caso o Senado aprove o substitutivo da Câmara, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra será o nono feriado nacional, juntamente com as seguintes datas: 1º de janeiro (Confraternização Universal), 21 de abril (Tiradentes), 1º de maio (Dia do Trabalho), 7 de setembro (Independência do Brasil), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida), 2 de novembro (Finados), 15 de novembro (Proclamação da República) e 25 de dezembro (Natal).
Há ainda quatro datas comemorativas móveis, as quais, embora popularmente conhecidas como feriados nacionais, não são reconhecidas como tal pela legislação brasileira - Terça-Feira de Carnaval, Sexta-Feira da Paixão, Domingo de Páscoa e o Corpus Christi.
Valéria Castanho / Agência Senado
domingo, 12 de setembro de 2010
Noticias de certa campanha, e de certo pais - Danuza Leao
Apenas transcrevendo, o que me pareceu uma crônica saborosa dos costumes correntes, da vida como ela é -- se quisermos usar uma expressão rodriguiana, aliás totalmente adaptada aos tempos que vivemos, de intensa pregação política, com cenas explícitas de malandragem eleitoral e, possivelmente, de ilegalidades políticas (algumas até beirando a criminalidade mais ordinária).
Paulo Roberto de Almeida
Mimetismo
Danuza Leão
Folha de S.Paulo, 12.09.2010
Lula está histérico; um recém-chegado ao Brasil que o tenha visto no programa eleitoral acreditaria que o PSDB é que tinha violado o sigilo de altos dirigentes do PT, da filha de Dilma, do seu genro, e não o oposto do que se suspeita.
É muita cara de pau. A maneira como ele se refere aos outros candidatos é baixa, sem nenhum respeito; será que é demais querer para presidente alguém mais educado?
Até agora, Dilma está, segundo as pesquisas, à frente dos outros candidatos, mas a possibilidade de haver um segundo turno tira Lula do sério. Sempre se soube que ele era um mau perdedor, e agora se anuncia também como um (possível) péssimo ganhador. E alguém acredita na investigação da Polícia Federal?
Na quebra do sigilo telefônico da funcionária da Receita? Em alguma coisa que envolva esse governo?
Além de todos os meus medos, agora tenho um novo: de que Lula exploda feito um homem bomba num palco qualquer, com o microfone na mão, tal a raiva e o ódio que não consegue esconder -nem tenta. O presidente não se conforma em ser contrariado, não admite ser derrotado, e sua fúria, quando supõe que isso possa acontecer, é a de um animal com raiva -a doença- em seus piores momentos.
Em suas metáforas, passou da ignorância, até compreensível, à grosseria e à boçalidade.
Já acreditei que o PT fosse o partido da ética, diferente de todos os outros; alguém lembra? E me sinto uma total idiota, por não ter ouvido o que me diziam os mais experientes da política, que um governo Lula se tornaria quase uma ditadura stalinista - e um dos que me disseram isso foi Brizola.
Sou viciada em programa eleitoral, mas na hora do PT, tiro o som. As caras sinistras e os dedos apontando me fazem mal. O mesmo mal que eu sentia quando via Collor (não por acaso, agora aliados).
Para alguns, é mais fácil empunhar uma metralhadora do que um adversário, e Dilma continua se escondendo, não indo aos debates, não falando sobre o assunto. E se ela ganhar?
Lula é bem capaz de dizer, se achando o próprio D. Pedro 1º, "já que é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico".
O PT sofre de mimetismo. Quase todos os homens usam barba, Erenice é a cara de Dilma, Marta Suplicy e d. Marisa estão parecidíssimas, e os estoques de botox estão se acabando. Menos, gente, menos.
Além da eleição, tenho outra grande preocupação: qual será o destino dos oito pitorescos vestidos verde e amarelo que Marisa Letícia usou nos oito desfiles de 7 de Setembro, para comemorar o Dia da Independência e saudar o povo?
Não deixa de ter sido uma bela contribuição à República, mas como esses vestidos nunca poderão ser usados em nenhuma outra ocasião, aí vai a sugestão: como existe um movimento para transformar a casa tombada dos Paula Machado, na rua São Clemente, em Instituto Lula (para imitar Fernando Henrique), um pequeno espaço poderia ser destinado a esses vestidos, para que as futuras gerações entendam o que foram os anos Lula.
Um museu tipo o de Carmem Miranda; sem tanta graça, é verdade, mas também, a seu modo, histórico.
Mas por que logo no Rio? Por que não em São Bernardo?
Paulo Roberto de Almeida
Mimetismo
Danuza Leão
Folha de S.Paulo, 12.09.2010
Lula está histérico; um recém-chegado ao Brasil que o tenha visto no programa eleitoral acreditaria que o PSDB é que tinha violado o sigilo de altos dirigentes do PT, da filha de Dilma, do seu genro, e não o oposto do que se suspeita.
É muita cara de pau. A maneira como ele se refere aos outros candidatos é baixa, sem nenhum respeito; será que é demais querer para presidente alguém mais educado?
Até agora, Dilma está, segundo as pesquisas, à frente dos outros candidatos, mas a possibilidade de haver um segundo turno tira Lula do sério. Sempre se soube que ele era um mau perdedor, e agora se anuncia também como um (possível) péssimo ganhador. E alguém acredita na investigação da Polícia Federal?
Na quebra do sigilo telefônico da funcionária da Receita? Em alguma coisa que envolva esse governo?
Além de todos os meus medos, agora tenho um novo: de que Lula exploda feito um homem bomba num palco qualquer, com o microfone na mão, tal a raiva e o ódio que não consegue esconder -nem tenta. O presidente não se conforma em ser contrariado, não admite ser derrotado, e sua fúria, quando supõe que isso possa acontecer, é a de um animal com raiva -a doença- em seus piores momentos.
Em suas metáforas, passou da ignorância, até compreensível, à grosseria e à boçalidade.
Já acreditei que o PT fosse o partido da ética, diferente de todos os outros; alguém lembra? E me sinto uma total idiota, por não ter ouvido o que me diziam os mais experientes da política, que um governo Lula se tornaria quase uma ditadura stalinista - e um dos que me disseram isso foi Brizola.
Sou viciada em programa eleitoral, mas na hora do PT, tiro o som. As caras sinistras e os dedos apontando me fazem mal. O mesmo mal que eu sentia quando via Collor (não por acaso, agora aliados).
Para alguns, é mais fácil empunhar uma metralhadora do que um adversário, e Dilma continua se escondendo, não indo aos debates, não falando sobre o assunto. E se ela ganhar?
Lula é bem capaz de dizer, se achando o próprio D. Pedro 1º, "já que é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico".
O PT sofre de mimetismo. Quase todos os homens usam barba, Erenice é a cara de Dilma, Marta Suplicy e d. Marisa estão parecidíssimas, e os estoques de botox estão se acabando. Menos, gente, menos.
Além da eleição, tenho outra grande preocupação: qual será o destino dos oito pitorescos vestidos verde e amarelo que Marisa Letícia usou nos oito desfiles de 7 de Setembro, para comemorar o Dia da Independência e saudar o povo?
Não deixa de ter sido uma bela contribuição à República, mas como esses vestidos nunca poderão ser usados em nenhuma outra ocasião, aí vai a sugestão: como existe um movimento para transformar a casa tombada dos Paula Machado, na rua São Clemente, em Instituto Lula (para imitar Fernando Henrique), um pequeno espaço poderia ser destinado a esses vestidos, para que as futuras gerações entendam o que foram os anos Lula.
Um museu tipo o de Carmem Miranda; sem tanta graça, é verdade, mas também, a seu modo, histórico.
Mas por que logo no Rio? Por que não em São Bernardo?
Protecao comercial: sempre o velho remedio
Em lugar de lutar contra os verdadeiros fatores que diminuem sua capacidade competitiva, que são o "custo-Brasil" e, em especial, a extorsiva carga tributária, os industriais brasileiros se refugiam na proteção tarifária, na desvalorização cambial e em outras barreiras contra a concorrência estrangeira. Os velhos remédios, errados, contra velhos problemas, que eles sabem quais são mas não ousam abordar com o governo, o mesmo governo que lhes fornece crédito facilitado e as proteções requeridas.
Um jogo viciado...
Paulo Roberto de Almeida
Aço pede proteção
Correio Braziliense, 11.09.2010
O aumento das importações de produtos siderúrgicos acendeu a luz amarela entre os fabricantes brasileiros de aço. Diante da avalanche de chapas e laminados que passaram a entrar nos portos do país nos últimos meses, as empresas do setor decidiram por uma forte mobilização pelo aumento da taxação, de 12% para 14%, contra os produtos dos concorrentes mundiais. O cenário desenhado pelos empresários nacionais mostra que os desembarques hoje no país são duas vezes maiores que o volume registrado em 2009. Assustada, a indústria brasileira aderiu à nova onda protecionista.
“Tem que ficar muito claro que importações e exportações são variáveis normais de mercado, mas o que tem preocupado o setor é que as importações começam a ter respaldo de artificialismos, que provocam distorções de mercado”, afirmou ontem o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Alves. Segundo ele, o setor siderúrgico brasileiro deve apresentar novos pedidos de proteção contra o volume significativo de aço importado que tem chegado ao país desde o início do ano. “As diferenças são tão grandes que acho que, a exemplo do que o mundo está fazendo, novos processos serão abertos sim, com certeza”, disse.
Em agosto, a Usiminas pediu ao governo brasileiro abertura de processo antidumping contra aço importado na forma de chapas grossas, comumente usadas pela indústria naval.
Recentemente, a CSN iniciou a preparação de uma ação para conter importações de vários tipos de aço. O presidente do IABr citou como motivos para as distorções a valorização do real contra o dólar, os subsídios estatais chineses, o excedente de capacidade produtiva mundial (de 600 milhões de toneladas de aço) e a guerra fiscal no país. “No caso mais específico do Brasil, há os chamados incentivos regionais, que determinados estados têm adotado”, destacou, citando Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Ceará.
Consumo
Pelas dados do IABr, 60% das importações de produtos siderúrgicos têm sido feitas por portos incentivados. “Os estados têm criado um incentivo muito forte de redução de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que faz com que esses portos sejam responsáveis pelas entradas desse material (importado)”, acusou Mello Alves. As importações de aço em julho, segundo dados mais recentes do IABr, somaram 532,8 mil toneladas, expansão de 175% sobre o volume de um ano antes. No acumulado de 2010 até julho, as compras externas saltaram 152%, para 3,264 milhões de toneladas.
O índice de penetração de importações sobre o consumo brasileiro de aço historicamente fica entre 5% e 6%, mas no primeiro semestre foi de 19% e, em julho, “piorou um pouco”, disse Mello Alves. A expectativa do IABr é que o volume de importações no ano seja de 4,2 milhões de toneladas, equivalente a uma usina siderúrgica inteira. “Depois da crise de 2008, o mundo está mais competitivo. Parece-nos ingênuo, em um momento em que o mundo inteiro está preocupado em preservar o seu mercado, termos aqui um movimento oposto, com uma competição que não está sendo feita em bases compatíveis.”
EXPORTAÇÕES CHINESAS CAEM
A China exportou 2,8 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos em agosto, queda de 38% em relação aos 4,55 milhões de toneladas de julho, informou ontem a alfândega do país. As importações somaram 1,35 milhão de toneladas no mês passado, queda de 3,6% ante as 1,4 milhão de toneladas em julho. Segundo o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Alves, há produtos chineses, como a chapa grossa, com vantagem cambial de 70%. “Aí se agregam mais incentivos que eles têm no processo produtivo e, quando chega ao Brasil, o produto entra no regime especial em que a alíquota de importação é zero”, disse.
Um jogo viciado...
Paulo Roberto de Almeida
Aço pede proteção
Correio Braziliense, 11.09.2010
O aumento das importações de produtos siderúrgicos acendeu a luz amarela entre os fabricantes brasileiros de aço. Diante da avalanche de chapas e laminados que passaram a entrar nos portos do país nos últimos meses, as empresas do setor decidiram por uma forte mobilização pelo aumento da taxação, de 12% para 14%, contra os produtos dos concorrentes mundiais. O cenário desenhado pelos empresários nacionais mostra que os desembarques hoje no país são duas vezes maiores que o volume registrado em 2009. Assustada, a indústria brasileira aderiu à nova onda protecionista.
“Tem que ficar muito claro que importações e exportações são variáveis normais de mercado, mas o que tem preocupado o setor é que as importações começam a ter respaldo de artificialismos, que provocam distorções de mercado”, afirmou ontem o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Alves. Segundo ele, o setor siderúrgico brasileiro deve apresentar novos pedidos de proteção contra o volume significativo de aço importado que tem chegado ao país desde o início do ano. “As diferenças são tão grandes que acho que, a exemplo do que o mundo está fazendo, novos processos serão abertos sim, com certeza”, disse.
Em agosto, a Usiminas pediu ao governo brasileiro abertura de processo antidumping contra aço importado na forma de chapas grossas, comumente usadas pela indústria naval.
Recentemente, a CSN iniciou a preparação de uma ação para conter importações de vários tipos de aço. O presidente do IABr citou como motivos para as distorções a valorização do real contra o dólar, os subsídios estatais chineses, o excedente de capacidade produtiva mundial (de 600 milhões de toneladas de aço) e a guerra fiscal no país. “No caso mais específico do Brasil, há os chamados incentivos regionais, que determinados estados têm adotado”, destacou, citando Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Ceará.
Consumo
Pelas dados do IABr, 60% das importações de produtos siderúrgicos têm sido feitas por portos incentivados. “Os estados têm criado um incentivo muito forte de redução de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que faz com que esses portos sejam responsáveis pelas entradas desse material (importado)”, acusou Mello Alves. As importações de aço em julho, segundo dados mais recentes do IABr, somaram 532,8 mil toneladas, expansão de 175% sobre o volume de um ano antes. No acumulado de 2010 até julho, as compras externas saltaram 152%, para 3,264 milhões de toneladas.
O índice de penetração de importações sobre o consumo brasileiro de aço historicamente fica entre 5% e 6%, mas no primeiro semestre foi de 19% e, em julho, “piorou um pouco”, disse Mello Alves. A expectativa do IABr é que o volume de importações no ano seja de 4,2 milhões de toneladas, equivalente a uma usina siderúrgica inteira. “Depois da crise de 2008, o mundo está mais competitivo. Parece-nos ingênuo, em um momento em que o mundo inteiro está preocupado em preservar o seu mercado, termos aqui um movimento oposto, com uma competição que não está sendo feita em bases compatíveis.”
EXPORTAÇÕES CHINESAS CAEM
A China exportou 2,8 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos em agosto, queda de 38% em relação aos 4,55 milhões de toneladas de julho, informou ontem a alfândega do país. As importações somaram 1,35 milhão de toneladas no mês passado, queda de 3,6% ante as 1,4 milhão de toneladas em julho. Segundo o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Alves, há produtos chineses, como a chapa grossa, com vantagem cambial de 70%. “Aí se agregam mais incentivos que eles têm no processo produtivo e, quando chega ao Brasil, o produto entra no regime especial em que a alíquota de importação é zero”, disse.
Como fazer uma volta ao mundo, abreviada (gracas a Nasa)
Direto do espaço
Dê um giro na Terra com imagens da Nasa
As imagens foram feitas com intervalos de 15 segundos
Opinião e Notícia, 12/09/2010
O astronauta da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) Don Pettit fez imagens da Terra que prometem impressionar. Os nove vídeos com filmagens direto da estação foram colocadas na internet pela agência espacial norte-americana (Nasa). Para conseguir captar os cenários, o astronauta programou a máquina para, de 15 em 15 segundos, filmar a Terra. Na edição, ele usou um recurso que acelerava as imagens, possibilitando o espectador a dar uma volta em torno do planeta em segundos.
Os astronautas puderam presenciar fenômenos interessantes como amanhecer, anoitecer, luzes urbanas noturnas, movimentação das nuvens e outros.
Veja dois dos vídeos disponíveis: link
Dê um giro na Terra com imagens da Nasa
As imagens foram feitas com intervalos de 15 segundos
Opinião e Notícia, 12/09/2010
O astronauta da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) Don Pettit fez imagens da Terra que prometem impressionar. Os nove vídeos com filmagens direto da estação foram colocadas na internet pela agência espacial norte-americana (Nasa). Para conseguir captar os cenários, o astronauta programou a máquina para, de 15 em 15 segundos, filmar a Terra. Na edição, ele usou um recurso que acelerava as imagens, possibilitando o espectador a dar uma volta em torno do planeta em segundos.
Os astronautas puderam presenciar fenômenos interessantes como amanhecer, anoitecer, luzes urbanas noturnas, movimentação das nuvens e outros.
Veja dois dos vídeos disponíveis: link
Soros: o especulador que os esquerdistas adoram odiar
Soros é o protótipo do especulador-abutre, aquele mesmo que é objeto de todas as ofensas de certos esquerdistas, que acreditam -- muitos sinceramente, ou ingenuamente, o que também quer dizer estupidamente, ou equivocadamente -- que ele está sempre atrás dos golpes malévolos que desestabilizam as finanças de um país, e o obrigam a desvalorizar a moeda contra a sua vontade ou recorrer ao FMI, que para esse pessoal ingênuo sempre significa políticas recessivas, anti-trabalhadores e essas bobagens todas.
De fato, Soros é um especulador, dos mais abutres, se me permitem a expressão. Ele está sempre à espreita de algum desequilíbrio fundamental na economia de um país, para explorar essa fraqueza e lucrar sobre ela. No que ele faz muito bem, diga-se de passagem. Especuladores são assim: eles arriscam o seu dinheiro, mas basicamente o dinheiro de milhares de investidores -- muitos deles modestos depositantes, como a velhinha que quer aplicar a sua aposentadoria, para tentar alguma jogada arriscada e ver se consegue tirar o dinheiro daquela volta ao mundo que ela sempre sonhou fazer -- para justamente explorar as fraquezas das políticas econômicas de países voláteis.
Sim, porque o que não sabem, ou ignoram completamente, os esquerdistas ingênuos é que especuladores como George Soros só se aproveitam das fraquezas dos países por que estas efetivamente existem. Governos irresponsáveis costumam ser voláteis em suas políticas econômicas, e com isso despertam a desconfiança dos mercados, que resolvem testar esses dirigentes irresponsáveis. Geralmente eles tentam manter a taxa de câmbio em patamares irrealistas, quando os desequilíbrios das contas fiscais ou das transações correntes são por demais evidentes, e é isso que os especuladores aprofundam, apostando na desvalorização (ou ao contrário, na manutenção temporária daquela taxa irrealista, o que lhes permite realizar ganhos com base no diferencial de juros).
Gente como Soros costuma ser acusada de todas as vilanias por essas almas ingênuas (e ignorantes econômicos). Geralmente eles ignoram que ele financiou universidades e capacitação de recursos humanos na Hungria (seu país de origem) e em outros países ex-socialistas na transição ao capitalismo dos anos 1990.
Agora ele faz doações milionárias em prol dos direitos humanos.
Viva o especulador George Soros. Se ele não tivesse ganho muito dinheiro especulando contra governos estúpidos, ele não conseguiria fazer essas doações atualmente.
Viva a especulação financeira...
Paulo Roberto de Almeida (12.09.2010)
With $100 million Soros gift, Human Rights Watch looks to expand global reach
Colum Lynch
Washington Post Staff Writer
Sunday, September 12, 2010; 4:12 AM
NEW YORK - The $100 million gift to Human Rights Watch from billionaire George Soros announced last week will extend the overseas presence of the influential American rights champion and ensure its financial health for years to come.
But the goal of the gift is more ambitious still: to alter the way human rights are promoted in the 21st century, making rights advocacy less of an exclusively American and European cause.
The donation, the largest single gift ever from the Hungarian-born investor and philanthropist, is premised on the belief that U.S. leadership on human rights has been diminished by a decade of harsh policies in the war on terrorism. Soros said he hopes the money will cultivate a much broader constituency of foreign policymakers and philanthropists who embrace the notion that human rights should be observed universally.
"Unfortunately, we lost the moral high ground during the Bush administration and the Obama administration has not done enough to regain it," Soros said in an interview. "Therefore human rights as an American cause is often resisted because it comes from America.
"Yet the principal of human rights is a universal principal, and people in other parts of the world believe it is as strongly as we do, even more strongly," he said. "To be more efficient, Human Rights Watch has to become a truly international organization."
The rights group, which covers more than 90 countries from 45 locations, will build its research capacity, adding more than 120 employees to an organization of 300. The group will also set up regional headquarters in the capitals of emerging political and economic powers, where leaders have frequently criticized human rights advocacy as a Western tool to impose their will on small countries.
"We need to be able to shape the foreign policies of these emerging powers, much as we have traditionally done with Western powers," said Kenneth Roth, executive director of Human Rights Watch. "Our aim is to enlist places like Brazil, South Africa, India and Japan, all governments that are democracies."
Human Rights Watch regularly comes under attack from governments around the world, including China, Russia, Israel, Iran, Syria, Rwanda, Sri Lanka and Zimbabwe.
"American organizations, including HRW, have no credibility," a Syrian minister told the Washington Post last year after the rights group issued a critical report on the government. "Let them go check the violations undertaken by the previous administration from Guantanamo to the flying prisons to the violations of human rights in Gaza before they talk about other countries."
Human Rights Watch notes that it has conducted extensive inquiries into allegations of abuses in Gaza and at Guantanamo.
Soros, 80, has stepped up his philanthropy, spending more than $700 million over the past year on causes ranging from supplies for New York City schoolchildren to Pakistan flood relief efforts.
A shrewd hedge fund investor who famously helped force the devaluation of the British pound in 1990s by betting heavily against it, he has long been a stalwart supporter of Democratic causes. In 2004, he spent tens of millions of dollars on political groups including MoveOn.org in an effort to defeat President George W. Bush's reelection campaign. He also provided financial support for Barack Obama's election bid.
The Human Rights Watch gift will consist of $10 million annual grants over the next decade. Human Rights Watch is expected to find funding to match that grant. It is also seeking to cultivate a new generation of foreign donors to fund the group's activities. Today, Human Rights Watch receives 30 percent of its funding from abroad, mostly from Europe and some from Japan. It has a target of raising 40 percent of its funding from abroad within five years and 50 percent within a decade.
The large injection of money from Soros highlights a reversal of fortune from 2008, when the recession eliminated 7 percent of the organization's funding. Last year, Human Rights Watch raised $45 million, its most in a single year. It plans to increase its annual budget to $80 million within five years.
"The plan is to deepen our research and broaden our advocacy," Roth said.
The United States has been at the center of human rights advocacy since the end of World War II, when Eleanor Roosevelt led efforts to draft the United Nations' Universal Declaration of Human Rights. The precursor to Human Rights Watch, Helsinki Watch, was founded in 1978 to monitor human rights abuses in the Soviet Union, and the organization subsequently set up similar branches for Latin America, Asia and Africa before placing them all under the Human Rights Watch umbrella in 1988.
"When we created Human Rights Watch, one of the main purposes at the outset was to leverage the power, the purse and the influence of the United States to try to promote human rights in other countries," said Aryeh Neier, the president of the Open Society Institute. Neier, a founder of Human Rights Watch, served as the organization's executive director for 12 years. "The United States' influence globally is much less than it was in the earlier years."
Neier and Roth said the political and economic rise of China has hindered the promotion of human rights. Beijing has provided a model of a rising economic powerhouse that has succeeded without embracing Western values of democracy and human rights, Neier said, and has also provided governments with a powerful commercial partner that does not place human rights performance as a condition on cooperation.
"I don't know that Human Rights Watch is going to be able to establish a presence in China to make China a force for promoting human rights," Neier said. But he noted that there are important human rights promoters in Brazil, South Africa and other countries that may have a greater impact on their own national debates.
De fato, Soros é um especulador, dos mais abutres, se me permitem a expressão. Ele está sempre à espreita de algum desequilíbrio fundamental na economia de um país, para explorar essa fraqueza e lucrar sobre ela. No que ele faz muito bem, diga-se de passagem. Especuladores são assim: eles arriscam o seu dinheiro, mas basicamente o dinheiro de milhares de investidores -- muitos deles modestos depositantes, como a velhinha que quer aplicar a sua aposentadoria, para tentar alguma jogada arriscada e ver se consegue tirar o dinheiro daquela volta ao mundo que ela sempre sonhou fazer -- para justamente explorar as fraquezas das políticas econômicas de países voláteis.
Sim, porque o que não sabem, ou ignoram completamente, os esquerdistas ingênuos é que especuladores como George Soros só se aproveitam das fraquezas dos países por que estas efetivamente existem. Governos irresponsáveis costumam ser voláteis em suas políticas econômicas, e com isso despertam a desconfiança dos mercados, que resolvem testar esses dirigentes irresponsáveis. Geralmente eles tentam manter a taxa de câmbio em patamares irrealistas, quando os desequilíbrios das contas fiscais ou das transações correntes são por demais evidentes, e é isso que os especuladores aprofundam, apostando na desvalorização (ou ao contrário, na manutenção temporária daquela taxa irrealista, o que lhes permite realizar ganhos com base no diferencial de juros).
Gente como Soros costuma ser acusada de todas as vilanias por essas almas ingênuas (e ignorantes econômicos). Geralmente eles ignoram que ele financiou universidades e capacitação de recursos humanos na Hungria (seu país de origem) e em outros países ex-socialistas na transição ao capitalismo dos anos 1990.
Agora ele faz doações milionárias em prol dos direitos humanos.
Viva o especulador George Soros. Se ele não tivesse ganho muito dinheiro especulando contra governos estúpidos, ele não conseguiria fazer essas doações atualmente.
Viva a especulação financeira...
Paulo Roberto de Almeida (12.09.2010)
With $100 million Soros gift, Human Rights Watch looks to expand global reach
Colum Lynch
Washington Post Staff Writer
Sunday, September 12, 2010; 4:12 AM
NEW YORK - The $100 million gift to Human Rights Watch from billionaire George Soros announced last week will extend the overseas presence of the influential American rights champion and ensure its financial health for years to come.
But the goal of the gift is more ambitious still: to alter the way human rights are promoted in the 21st century, making rights advocacy less of an exclusively American and European cause.
The donation, the largest single gift ever from the Hungarian-born investor and philanthropist, is premised on the belief that U.S. leadership on human rights has been diminished by a decade of harsh policies in the war on terrorism. Soros said he hopes the money will cultivate a much broader constituency of foreign policymakers and philanthropists who embrace the notion that human rights should be observed universally.
"Unfortunately, we lost the moral high ground during the Bush administration and the Obama administration has not done enough to regain it," Soros said in an interview. "Therefore human rights as an American cause is often resisted because it comes from America.
"Yet the principal of human rights is a universal principal, and people in other parts of the world believe it is as strongly as we do, even more strongly," he said. "To be more efficient, Human Rights Watch has to become a truly international organization."
The rights group, which covers more than 90 countries from 45 locations, will build its research capacity, adding more than 120 employees to an organization of 300. The group will also set up regional headquarters in the capitals of emerging political and economic powers, where leaders have frequently criticized human rights advocacy as a Western tool to impose their will on small countries.
"We need to be able to shape the foreign policies of these emerging powers, much as we have traditionally done with Western powers," said Kenneth Roth, executive director of Human Rights Watch. "Our aim is to enlist places like Brazil, South Africa, India and Japan, all governments that are democracies."
Human Rights Watch regularly comes under attack from governments around the world, including China, Russia, Israel, Iran, Syria, Rwanda, Sri Lanka and Zimbabwe.
"American organizations, including HRW, have no credibility," a Syrian minister told the Washington Post last year after the rights group issued a critical report on the government. "Let them go check the violations undertaken by the previous administration from Guantanamo to the flying prisons to the violations of human rights in Gaza before they talk about other countries."
Human Rights Watch notes that it has conducted extensive inquiries into allegations of abuses in Gaza and at Guantanamo.
Soros, 80, has stepped up his philanthropy, spending more than $700 million over the past year on causes ranging from supplies for New York City schoolchildren to Pakistan flood relief efforts.
A shrewd hedge fund investor who famously helped force the devaluation of the British pound in 1990s by betting heavily against it, he has long been a stalwart supporter of Democratic causes. In 2004, he spent tens of millions of dollars on political groups including MoveOn.org in an effort to defeat President George W. Bush's reelection campaign. He also provided financial support for Barack Obama's election bid.
The Human Rights Watch gift will consist of $10 million annual grants over the next decade. Human Rights Watch is expected to find funding to match that grant. It is also seeking to cultivate a new generation of foreign donors to fund the group's activities. Today, Human Rights Watch receives 30 percent of its funding from abroad, mostly from Europe and some from Japan. It has a target of raising 40 percent of its funding from abroad within five years and 50 percent within a decade.
The large injection of money from Soros highlights a reversal of fortune from 2008, when the recession eliminated 7 percent of the organization's funding. Last year, Human Rights Watch raised $45 million, its most in a single year. It plans to increase its annual budget to $80 million within five years.
"The plan is to deepen our research and broaden our advocacy," Roth said.
The United States has been at the center of human rights advocacy since the end of World War II, when Eleanor Roosevelt led efforts to draft the United Nations' Universal Declaration of Human Rights. The precursor to Human Rights Watch, Helsinki Watch, was founded in 1978 to monitor human rights abuses in the Soviet Union, and the organization subsequently set up similar branches for Latin America, Asia and Africa before placing them all under the Human Rights Watch umbrella in 1988.
"When we created Human Rights Watch, one of the main purposes at the outset was to leverage the power, the purse and the influence of the United States to try to promote human rights in other countries," said Aryeh Neier, the president of the Open Society Institute. Neier, a founder of Human Rights Watch, served as the organization's executive director for 12 years. "The United States' influence globally is much less than it was in the earlier years."
Neier and Roth said the political and economic rise of China has hindered the promotion of human rights. Beijing has provided a model of a rising economic powerhouse that has succeeded without embracing Western values of democracy and human rights, Neier said, and has also provided governments with a powerful commercial partner that does not place human rights performance as a condition on cooperation.
"I don't know that Human Rights Watch is going to be able to establish a presence in China to make China a force for promoting human rights," Neier said. But he noted that there are important human rights promoters in Brazil, South Africa and other countries that may have a greater impact on their own national debates.
Apostando alto (na impunidade): ate agora estou perdendo...
Pois é, eu tinha apostado, por uma vez, na pronta ação do governo (em seu próprio interesse, diga-se de passagem), mas parece que vou perder, a julgar pela nota abaixo.
Vou perder e vou ter de pagar um livro (aliás, a mim mesmo, pois fui eu quem apostou contra mim mesmo; menos mal; vou poder comprar mais um livro sem consciência de culpa, por estar atulhando minha biblioteca).
Paulo Roberto de Almeida
A ministra Erenice Guerra divulgou uma nota sobre a matéria da VEJA [ver meu post anterior]:
Sobre a matéria caluniosa da revista VEJA, buscando atingir-me em minha honra, bem como envolver familiares meus, cumpre-me informar:
1) Procurados pelo repórter autor das aleivosias, fornecemos - tanto eu quanto os meus familiares - as respostas cabíveis a cada uma de suas interrogações. De nada adiantou nosso procedimento transparente e ético, já que tais esclarecimentos foram, levianamente, desconhecidos;
2) Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo-me tomar medidas judiciais para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista VEJA, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por DANOS MORAIS quanto para que me garanta o DIREITO DE RESPOSTA;
3) Como servidora pública sinto-me na obrigação, desde já, de colocar meus sigilos fiscal, bancário e telefônico, bem como o de TODOS os integrantes de minha família, à disposição das autoridades competentes para eventuais apurações que julgarem necessárias para o esclarecimento dos fatos;
4) Lamento, por fim, que o processo eleitoral, no qual a citada revista está envolvida da forma mais virulenta e menos ética possível, propicie esse tipo de comportamento e a utilização de expediente como esse, em que se publica ataque à honra alheia travestido de material jornalístico sem que se veicule a resposta dos ofendidos.
Brasília, 11 de setembro de 2010.
Erenice Guerra
Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Nem sempre se pode ganhar...
Vou perder e vou ter de pagar um livro (aliás, a mim mesmo, pois fui eu quem apostou contra mim mesmo; menos mal; vou poder comprar mais um livro sem consciência de culpa, por estar atulhando minha biblioteca).
Paulo Roberto de Almeida
A ministra Erenice Guerra divulgou uma nota sobre a matéria da VEJA [ver meu post anterior]:
Sobre a matéria caluniosa da revista VEJA, buscando atingir-me em minha honra, bem como envolver familiares meus, cumpre-me informar:
1) Procurados pelo repórter autor das aleivosias, fornecemos - tanto eu quanto os meus familiares - as respostas cabíveis a cada uma de suas interrogações. De nada adiantou nosso procedimento transparente e ético, já que tais esclarecimentos foram, levianamente, desconhecidos;
2) Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo-me tomar medidas judiciais para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista VEJA, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por DANOS MORAIS quanto para que me garanta o DIREITO DE RESPOSTA;
3) Como servidora pública sinto-me na obrigação, desde já, de colocar meus sigilos fiscal, bancário e telefônico, bem como o de TODOS os integrantes de minha família, à disposição das autoridades competentes para eventuais apurações que julgarem necessárias para o esclarecimento dos fatos;
4) Lamento, por fim, que o processo eleitoral, no qual a citada revista está envolvida da forma mais virulenta e menos ética possível, propicie esse tipo de comportamento e a utilização de expediente como esse, em que se publica ataque à honra alheia travestido de material jornalístico sem que se veicule a resposta dos ofendidos.
Brasília, 11 de setembro de 2010.
Erenice Guerra
Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Nem sempre se pode ganhar...
Aposta: elementos factuais para uma decisao
Com relação a meu post, abaixo:
Como perder uma aposta, mesmo contra a lógica e o interesse público (e até o privado...) (11.9.2010)
pode até ser que eu acabe ganhando a aposta (que era a perspectiva otimista), tendo em vista os elementos de informação abaixo elencados. Mas, sinceramente, não creio, onservando-se os precedentes registrados neste tipo de caso...
Paulo Roberto de Almeida
O Polvo no Poder
Diego Escosteguy
Revista Veja, 11.09.2010
Bem próximo do gabinete presidencial, o filho da ministra Erenice Guerra, chefe da Casa Civil, comanda um esquema de lobby que conta com a ajuda da mãe para atrair empresários interessados em contratos com o governo
A reportagem de capa de VEJA da semana passada relatou o escândalo da quebra do sigilo de adversários políticos promovida por militantes do PT e deu uma visão panorâmica da imensidão e profundidade do aparelhamento do estado brasileiro por interesses partidários. A presente reportagem foca nos detalhes de um caso de aparelhamento
muito especial.
Os eventos são protagonizados por pessoas que dão expediente no Palácio do Planalto, em um andar logo acima do ocupado pelo presidente Lula, e são quase todos filiados ao PT, em cujo nome eles agiram em seu relacionamento com empresários em busca de contratos milionários com órgãos do governo.
A figura de proa da história é Erenice Guerra, ministra chefe da Casa Civil, pasta na qual sucede Dilma Rousseff, a candidata petista à presidência da República. Lula inventou Dilma, que inventou Erenice, que é mãe de Israel, personagem que nos leva ao segundo capítulo da narrativa. Ela começa em abril do ano passado, quando Erenice era secretária-executiva da candidata Dilma Rousseff. Lula sabia tudo que a ministra Dilma fazia, que sabia tudo que Erenice fazia?
À frente da Casa Civil desde abril deste ano, Erenice despacha a poucos metros do presidente, coordenando o trabalho de todos os ministérios da Esplanada. Esse extraordinário poder político compreende as bilionárias obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, e a atuação de gigantes como o BNDES, a Petrobras e os Correios.
Hoje, qualquer grande ação do governo precisa receber o aval de Erenice. Ela chegou ao cargo pelos bons trabalhos prestados ao partido nos últimos sete anos. Tornou-se então a principal assessora e confidente da candidata do PT à Presidência. Num eventual governo Dilma, portanto, ela é presença certa.
O Brasil ouviu falar pela primeira vez de Erenice em 2008, quando se revelou seu papel na criação de um dossiê (banco de dados, na versão oficial) sobre os gastos da ex-primeira dama Ruth Cardoso e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Antes dos detalhes, segue-se aqui um resumo do enredo. Ele ajuda a entender a história que se vai ler a seguir.
Em abril do ano passado, um empresário aterrissa em Brasília em busca de vender ao governo um serviço de transporte aéreo de correspondências e pacotes, justamente o que os Correios procuram. O empresário sabe que sem o empurrão de algum poderoso, por melhor que seja sua proposta em termos de custo e eficiência, ela não será nem
analisada. O vendedor então procura um nome forte o bastante para fazer sua proposta tramitar na máquina governamental.
Surgem sugestões de nomes de consultores, como são chamados os lobistas em Brasília. O nome de Israel Guerra se impõe. Ele é filho de Erenice, então secretária executiva de Dilma na Casa Civil. Monta-se um contrato com uma cláusula que prevê “taxa de sucesso” de 6% para Israel caso a licitação pouse suavemente na pista correta.
Dá tudo certo, a empresa prestadora de serviços para os Correios embolsa 84 milhões de reais e entrega pouco mais de 5 milhões para o consultor, lobista, filho da futura ministra chefe da pasta mais poderosa do governo e que despacha no andar de cima do presidente da República. As partes despendem-se e já esquentam os motores para a próxima aventura de ganhar um contrato milionário no governo com ajuda de figura da alta hierarquia.
Casos com enredos semelhantes a esse ocorrem em Brasília a toda hora. Ocorrem no atual governo. Ocorreram em governos passados. A aventura em pauta é diferente por alguns motivos, como se vai ler em seguida. Um dos principais: a “taxa de sucesso” cobrada se destinaria no total, ou em parte, não se sabe bem, a “saldar compromissos políticos”. Para os petistas envolvidos na transação, um claro ato de corrupção capitulado na Constituição, em leis ordinárias e no Estatuto do Servidor Público, era uma ação cívica, um dízimo ideológico destinado a plantar fundações ainda mais sólidas do projeto de poder do grupo.
Nada a esconder. Nada que possa envergonhar cristão. Para eles, desviar dinheiro do bolso dos pagadores de impostos – brasileiros que trabalham cinco meses do ano para o estado -- por meio do direcionamento da licitação fraudulenta, a “taxa de sucesso”, se
confunde com as ações rotineiras que cumprem como servidores públicos. Governo e partido, na visão deles, são a mesma coisa.
Nas últimas semanas, VEJA entrevistou clientes do esquema e lobistas que participaram dos negócios. Também teve acesso a emails, contratos, notas fiscais e comprovantes bancários relacionados a essa central de lobby. Dessa investigação, emergem contundentes evidências de que o filho de Erenice e seus sócios usam a influência dela para fechar negócios com o governo.
O grupo, do qual fazem parte dois funcionários da Casa Civil, oferece livre acesso ao Palácio do Planalto, à ministra e ao poder que ela detém de azeitar a obtenção de facilidades e lucros na máquina pública. Em troca, exige pagamentos mensais e a notória “taxa de sucesso”.
A empresa do filho da ministra chama-se Capital Assessoria e Consultoria e foi aberta oficialmente em julho do ano passado. No papel, constam como sócios Saulo Guerra, outro filho da ministra, e Sônia Castro, mãe de Vinícius Castro, assessor jurídico da Casa Civil. São dois laranjas. Sônia Castro é uma senhora de 59 anos que reside no interior de Minas Gerais e vende queijo.
A reportagem entrevistou empresários, lobistas, advogados, funcionários e ex-funcionários de alto escalão para tentar entender a história de sucesso da Capital. Na junta comercial, informa-se que ela encerrou suas atividades recentemente. No endereço onde deveria funcionar, na periferia de Brasília, existe um sobrado residencial, e, numa primeira visita, ouve-se do morador que ali é uma casa de família. Uma verificação mais minuciosa, porém, revela que no endereço registrado oficialmente como sede da Capital mora Israel Guerra.
Na ultima quinta-feira, VEJA localizou Israel em sua casa – ou melhor, na sede da empresa. Empresa? Segundo ele, não sabia de empresa alguma funcionando ali. Capital? Nunca ouviu falar. Vinícius? Não se lembrava ao certo nome. Stevan? Este, salvo engano, era amigo de um amigo.
O Vinícius, que ele não se lembrava, era Vinícius Castro, funcionário da Casa Civil, parceiro dele no escritório de lobby. O advogado Stevan Knezevic, o amigo do amigo, o terceiro parceiro, é servidor concursado da Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC, cedido à Presidência da República desde setembro de 2009. Os três se conheceram quando
trabalharam na burocracia de Brasília, tornaram-se amigos inseparáveis – amizade que voou a jato para o mundo dos negócios.
Como a sede da empresa funciona em uma residência, quando precisam despachar com os clientes, os três lobistas recorrem ao escritório da banca Trajano & Silva Advogados, que fica num shopping de Brasília. O escritório não tem placa de identificação, mas em cima da mesa de reunião, há vários cartões de visita que indicam que lá trabalha gente
famosa e importante. Um dos sócios do escritório é advogado Márcio Dilma, ninguém menos que o coordenador em Brasília da banca que cuida dos assuntos jurídicos da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Quem mais trabalha lá?
Antônio Alves Carvalho, irmão de Erenice Guerra e, portanto, tio de Israel Guerra. Há um terceiro sócio, Alan Trajano, que dá expediente no gabinete do deputado mensaleiro João Paulo Cunha. Eles admitem que a turma do filho da ministra usa as dependências do escritório – e até que já tentou intermediar negócios com a banca. “O Israel tinha sido procurado por uma construtora mineira, que queria contratar um escritório de advocacia, mas acabou não dando certo”", disse Márcio Silva.
VEJA localizou o empresário que participou das reuniões com o filho, os funcionários da Casa Civil e Erenice. Em abril do ano passado, o paulistano Fábio Baracat, dono da ViaNet Express, empresa de transporte de carga aérea e então sócio da MTA Linhas Aéreas, queria ampliar a participação de suas empresas nos Correios. A idéia era mudar as regras da estatal, de modo que os aviões contratados por ela para transportar material também pudessem levar cargas de outros clientes. Isso elevaria o lucro dos empresários.
Baracat também desejava obter mais contratos com os Correios. Ele chegou ao nome do filho de Erenice por indicação de um diretor dos próprios Correios. Diz Baracat: “Fui informado de que para conseguir os negócios que eu queria era preciso conversar com Israel Guerra e seus sócios”. O empresário encontrou-se com o filho da entáo secretária executiva de Dilma e o assessor Vinícius Castro. Explicou a eles o que queria – e ouviu a garantia de que poderiam entregar ali se encomendava.
“Bastava pagar”, afirma Baracat. Nos encontros que se seguiram, Israel disse que poderia interceder por meio do poder da Casa Civil: “Minha mãe resolve”. Conta o empresário: “Impressionou-me a forma como eles cobravam dinheiro o tempo inteiro. Estavam com pressa para que eu fechasse um contrato”.
Após algumas conversas de aproximação, segundo o relato de Baracat, os sócios da Capital informaram: “Está na hora de você conhecer a doutora”. Os dois levaram o empresário para o apartamento funcional onde Erenice morava até março deste ano. Para entrar, Baracat teve que deixar do lado de fora celulares, relógio, canetas – qualquer aparelho que pudesse gravar o encontro. Erenice foi amável, abriu um vinho. “Ela conversou sobre amenidades e assuntos do governo. Erenice não mencionou valores ou acordos. Deixou evidente, porém, que seu filho e o sócio falavam com aval dela”, diz.
“Depois que eles me apresentaram a Erenice, senti que não estavam blefando”, admite Baracat, em conversas gravadas. “Israel e Vinícius passaram a me cobrar um pagamento mensal e exigiam que somente eles me representassem em Brasília.” A partir de agosto de 2009, o empresário topou acertar um contrato e efetuar os pagamentos mensais.
O filho da ministra também se encarregou de operar as mudanças que beneficiariam a empresa nas licitações da estatal. E dá-lhe dinheiro. Diz o empresário: “Pagava os 25 mil reais em dinheiro vivo, sempre para Vinícius Castro. Os acertos davam-se em quartos de hotel, restaurantes e dentro do carro. Ele nunca contava o dinheiro”. No segundo semestre do ano passado, no auge desses pagamentos de propina, Baracat encontrou-se mais duas vezes com Erenice. Como no jantar inicial, as conversas versavam sobre planos de governo, fofocas políticas e a situação dos Correios. Afirma Baracat: “Ela sabia de tudo que se passava. Dava respaldo aos meninos”.
O primeiro bônus pago pelo empresário à turma de Israel Guerra veio em dezembro do ano passado – quando Dilma ainda era ministra. A licença de voo da MTA havia expirado, e a empresa chegou a ficar 4 dias sem operar por ter dificuldades na renovação desse documento junto à ANAC. Aos diretores da MTA e a Baracat, Israel Guerra informou que as
dificuldades se traduziam em cobrança de propina.
Diante do impasse, no dia 17 de dezembro Baracat fez uma transferência eletrônica bancária (TED) de 120 mil reais, de sua conta pessoal, para a conta da Capital Consultoria no Banco do Brasil. Além da “taxa de sucesso” do filho de Erenice, o pagamento também contemplou, segundo os sócios da Capital, distribuição de propina na ANAC. Narra-se a trajetória dessa renovação em emails trocados entre os diretores da
MTA e a Capital. No mesmo dia 17, Stevan Knezevic, o terceiro sócio da turma, informou por email aos clientes que a renovação sairia naquele dia. Assinava apenas “Capital”.
Em abril, assim que Erenice assumiu o cargo de ministra, houve um novo encontro entre ela, o empresário e os dois lobistas. A conversa ocorreu numa padaria. Desta vez, Erenice estava incomodada com o atraso de um dos pagamentos. Israel abordou o assunto, e ela emendou: “Entenda, Fábio, que nós temos compromissos políticos a cumprir”. O empresário anuiu, e nada mais se disse.
Com o apoio da empresa do filho da ministra, a MTA, que até então ganhava cerca de 40 milhões por ano em contratos emergenciais com os Correios, faturou, num arco de dois meses, 84 milhões de reais em novas licitações. Em outra demonstração da força da ministra Erenice e de seus sócios-juniores, o dono da MTA foi nomeado no final de julho diretor de Operações dos Correios – sim, precisamente o cargo que controla seus contratos como pessoa jurídica. Consolidou-se, assim, a mais perfeita simbiose entre os interesses do grupo de Erenice e as necessidades empresariais dos fornecedores de serviços aos Correios.
Na sexta-feira, Israel Guerra, parece ter recobrado a memória. Por e-mail, ele admitiu ter feito o “embasamento legal” para a renovação da licença da MTA na ANAC, em dezembro. Disse que recebeu o pagamento por meio da conta da empresa do irmão – que no dia anterior ele nem se lembrava que existia – e confirnmou que até emitiu notas fiscais. Israel também admitiu ter apresentado o empresário Fábio Baracat à mãe-ministra, mas apenas “na condição de amigo”.
O fato é que a vida do filho da ministra mudou significativamente desde que a mãe ascendeu na hierarquia federal. Depois de vagar por vários empregos públicos, sempre por indicação de alguém, ele parece ter se estabilizado financeiramente. Na garagem de sua casa, podem-se ver sinais de que a vida como lobista está lhe fazendo bem: ele tem
dois carrões, um Golf preto e uma caminhonete Mitsubshi L-2000 – somente a caminhonete está avaliada em 100 mil reais. Os carros estão em nome da ministra Erenice.
Com reportagem de Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Gustavo Ribeiro e Paulo Celso Pereira
Como perder uma aposta, mesmo contra a lógica e o interesse público (e até o privado...) (11.9.2010)
pode até ser que eu acabe ganhando a aposta (que era a perspectiva otimista), tendo em vista os elementos de informação abaixo elencados. Mas, sinceramente, não creio, onservando-se os precedentes registrados neste tipo de caso...
Paulo Roberto de Almeida
O Polvo no Poder
Diego Escosteguy
Revista Veja, 11.09.2010
Bem próximo do gabinete presidencial, o filho da ministra Erenice Guerra, chefe da Casa Civil, comanda um esquema de lobby que conta com a ajuda da mãe para atrair empresários interessados em contratos com o governo
A reportagem de capa de VEJA da semana passada relatou o escândalo da quebra do sigilo de adversários políticos promovida por militantes do PT e deu uma visão panorâmica da imensidão e profundidade do aparelhamento do estado brasileiro por interesses partidários. A presente reportagem foca nos detalhes de um caso de aparelhamento
muito especial.
Os eventos são protagonizados por pessoas que dão expediente no Palácio do Planalto, em um andar logo acima do ocupado pelo presidente Lula, e são quase todos filiados ao PT, em cujo nome eles agiram em seu relacionamento com empresários em busca de contratos milionários com órgãos do governo.
A figura de proa da história é Erenice Guerra, ministra chefe da Casa Civil, pasta na qual sucede Dilma Rousseff, a candidata petista à presidência da República. Lula inventou Dilma, que inventou Erenice, que é mãe de Israel, personagem que nos leva ao segundo capítulo da narrativa. Ela começa em abril do ano passado, quando Erenice era secretária-executiva da candidata Dilma Rousseff. Lula sabia tudo que a ministra Dilma fazia, que sabia tudo que Erenice fazia?
À frente da Casa Civil desde abril deste ano, Erenice despacha a poucos metros do presidente, coordenando o trabalho de todos os ministérios da Esplanada. Esse extraordinário poder político compreende as bilionárias obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, e a atuação de gigantes como o BNDES, a Petrobras e os Correios.
Hoje, qualquer grande ação do governo precisa receber o aval de Erenice. Ela chegou ao cargo pelos bons trabalhos prestados ao partido nos últimos sete anos. Tornou-se então a principal assessora e confidente da candidata do PT à Presidência. Num eventual governo Dilma, portanto, ela é presença certa.
O Brasil ouviu falar pela primeira vez de Erenice em 2008, quando se revelou seu papel na criação de um dossiê (banco de dados, na versão oficial) sobre os gastos da ex-primeira dama Ruth Cardoso e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Antes dos detalhes, segue-se aqui um resumo do enredo. Ele ajuda a entender a história que se vai ler a seguir.
Em abril do ano passado, um empresário aterrissa em Brasília em busca de vender ao governo um serviço de transporte aéreo de correspondências e pacotes, justamente o que os Correios procuram. O empresário sabe que sem o empurrão de algum poderoso, por melhor que seja sua proposta em termos de custo e eficiência, ela não será nem
analisada. O vendedor então procura um nome forte o bastante para fazer sua proposta tramitar na máquina governamental.
Surgem sugestões de nomes de consultores, como são chamados os lobistas em Brasília. O nome de Israel Guerra se impõe. Ele é filho de Erenice, então secretária executiva de Dilma na Casa Civil. Monta-se um contrato com uma cláusula que prevê “taxa de sucesso” de 6% para Israel caso a licitação pouse suavemente na pista correta.
Dá tudo certo, a empresa prestadora de serviços para os Correios embolsa 84 milhões de reais e entrega pouco mais de 5 milhões para o consultor, lobista, filho da futura ministra chefe da pasta mais poderosa do governo e que despacha no andar de cima do presidente da República. As partes despendem-se e já esquentam os motores para a próxima aventura de ganhar um contrato milionário no governo com ajuda de figura da alta hierarquia.
Casos com enredos semelhantes a esse ocorrem em Brasília a toda hora. Ocorrem no atual governo. Ocorreram em governos passados. A aventura em pauta é diferente por alguns motivos, como se vai ler em seguida. Um dos principais: a “taxa de sucesso” cobrada se destinaria no total, ou em parte, não se sabe bem, a “saldar compromissos políticos”. Para os petistas envolvidos na transação, um claro ato de corrupção capitulado na Constituição, em leis ordinárias e no Estatuto do Servidor Público, era uma ação cívica, um dízimo ideológico destinado a plantar fundações ainda mais sólidas do projeto de poder do grupo.
Nada a esconder. Nada que possa envergonhar cristão. Para eles, desviar dinheiro do bolso dos pagadores de impostos – brasileiros que trabalham cinco meses do ano para o estado -- por meio do direcionamento da licitação fraudulenta, a “taxa de sucesso”, se
confunde com as ações rotineiras que cumprem como servidores públicos. Governo e partido, na visão deles, são a mesma coisa.
Nas últimas semanas, VEJA entrevistou clientes do esquema e lobistas que participaram dos negócios. Também teve acesso a emails, contratos, notas fiscais e comprovantes bancários relacionados a essa central de lobby. Dessa investigação, emergem contundentes evidências de que o filho de Erenice e seus sócios usam a influência dela para fechar negócios com o governo.
O grupo, do qual fazem parte dois funcionários da Casa Civil, oferece livre acesso ao Palácio do Planalto, à ministra e ao poder que ela detém de azeitar a obtenção de facilidades e lucros na máquina pública. Em troca, exige pagamentos mensais e a notória “taxa de sucesso”.
A empresa do filho da ministra chama-se Capital Assessoria e Consultoria e foi aberta oficialmente em julho do ano passado. No papel, constam como sócios Saulo Guerra, outro filho da ministra, e Sônia Castro, mãe de Vinícius Castro, assessor jurídico da Casa Civil. São dois laranjas. Sônia Castro é uma senhora de 59 anos que reside no interior de Minas Gerais e vende queijo.
A reportagem entrevistou empresários, lobistas, advogados, funcionários e ex-funcionários de alto escalão para tentar entender a história de sucesso da Capital. Na junta comercial, informa-se que ela encerrou suas atividades recentemente. No endereço onde deveria funcionar, na periferia de Brasília, existe um sobrado residencial, e, numa primeira visita, ouve-se do morador que ali é uma casa de família. Uma verificação mais minuciosa, porém, revela que no endereço registrado oficialmente como sede da Capital mora Israel Guerra.
Na ultima quinta-feira, VEJA localizou Israel em sua casa – ou melhor, na sede da empresa. Empresa? Segundo ele, não sabia de empresa alguma funcionando ali. Capital? Nunca ouviu falar. Vinícius? Não se lembrava ao certo nome. Stevan? Este, salvo engano, era amigo de um amigo.
O Vinícius, que ele não se lembrava, era Vinícius Castro, funcionário da Casa Civil, parceiro dele no escritório de lobby. O advogado Stevan Knezevic, o amigo do amigo, o terceiro parceiro, é servidor concursado da Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC, cedido à Presidência da República desde setembro de 2009. Os três se conheceram quando
trabalharam na burocracia de Brasília, tornaram-se amigos inseparáveis – amizade que voou a jato para o mundo dos negócios.
Como a sede da empresa funciona em uma residência, quando precisam despachar com os clientes, os três lobistas recorrem ao escritório da banca Trajano & Silva Advogados, que fica num shopping de Brasília. O escritório não tem placa de identificação, mas em cima da mesa de reunião, há vários cartões de visita que indicam que lá trabalha gente
famosa e importante. Um dos sócios do escritório é advogado Márcio Dilma, ninguém menos que o coordenador em Brasília da banca que cuida dos assuntos jurídicos da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Quem mais trabalha lá?
Antônio Alves Carvalho, irmão de Erenice Guerra e, portanto, tio de Israel Guerra. Há um terceiro sócio, Alan Trajano, que dá expediente no gabinete do deputado mensaleiro João Paulo Cunha. Eles admitem que a turma do filho da ministra usa as dependências do escritório – e até que já tentou intermediar negócios com a banca. “O Israel tinha sido procurado por uma construtora mineira, que queria contratar um escritório de advocacia, mas acabou não dando certo”", disse Márcio Silva.
VEJA localizou o empresário que participou das reuniões com o filho, os funcionários da Casa Civil e Erenice. Em abril do ano passado, o paulistano Fábio Baracat, dono da ViaNet Express, empresa de transporte de carga aérea e então sócio da MTA Linhas Aéreas, queria ampliar a participação de suas empresas nos Correios. A idéia era mudar as regras da estatal, de modo que os aviões contratados por ela para transportar material também pudessem levar cargas de outros clientes. Isso elevaria o lucro dos empresários.
Baracat também desejava obter mais contratos com os Correios. Ele chegou ao nome do filho de Erenice por indicação de um diretor dos próprios Correios. Diz Baracat: “Fui informado de que para conseguir os negócios que eu queria era preciso conversar com Israel Guerra e seus sócios”. O empresário encontrou-se com o filho da entáo secretária executiva de Dilma e o assessor Vinícius Castro. Explicou a eles o que queria – e ouviu a garantia de que poderiam entregar ali se encomendava.
“Bastava pagar”, afirma Baracat. Nos encontros que se seguiram, Israel disse que poderia interceder por meio do poder da Casa Civil: “Minha mãe resolve”. Conta o empresário: “Impressionou-me a forma como eles cobravam dinheiro o tempo inteiro. Estavam com pressa para que eu fechasse um contrato”.
Após algumas conversas de aproximação, segundo o relato de Baracat, os sócios da Capital informaram: “Está na hora de você conhecer a doutora”. Os dois levaram o empresário para o apartamento funcional onde Erenice morava até março deste ano. Para entrar, Baracat teve que deixar do lado de fora celulares, relógio, canetas – qualquer aparelho que pudesse gravar o encontro. Erenice foi amável, abriu um vinho. “Ela conversou sobre amenidades e assuntos do governo. Erenice não mencionou valores ou acordos. Deixou evidente, porém, que seu filho e o sócio falavam com aval dela”, diz.
“Depois que eles me apresentaram a Erenice, senti que não estavam blefando”, admite Baracat, em conversas gravadas. “Israel e Vinícius passaram a me cobrar um pagamento mensal e exigiam que somente eles me representassem em Brasília.” A partir de agosto de 2009, o empresário topou acertar um contrato e efetuar os pagamentos mensais.
O filho da ministra também se encarregou de operar as mudanças que beneficiariam a empresa nas licitações da estatal. E dá-lhe dinheiro. Diz o empresário: “Pagava os 25 mil reais em dinheiro vivo, sempre para Vinícius Castro. Os acertos davam-se em quartos de hotel, restaurantes e dentro do carro. Ele nunca contava o dinheiro”. No segundo semestre do ano passado, no auge desses pagamentos de propina, Baracat encontrou-se mais duas vezes com Erenice. Como no jantar inicial, as conversas versavam sobre planos de governo, fofocas políticas e a situação dos Correios. Afirma Baracat: “Ela sabia de tudo que se passava. Dava respaldo aos meninos”.
O primeiro bônus pago pelo empresário à turma de Israel Guerra veio em dezembro do ano passado – quando Dilma ainda era ministra. A licença de voo da MTA havia expirado, e a empresa chegou a ficar 4 dias sem operar por ter dificuldades na renovação desse documento junto à ANAC. Aos diretores da MTA e a Baracat, Israel Guerra informou que as
dificuldades se traduziam em cobrança de propina.
Diante do impasse, no dia 17 de dezembro Baracat fez uma transferência eletrônica bancária (TED) de 120 mil reais, de sua conta pessoal, para a conta da Capital Consultoria no Banco do Brasil. Além da “taxa de sucesso” do filho de Erenice, o pagamento também contemplou, segundo os sócios da Capital, distribuição de propina na ANAC. Narra-se a trajetória dessa renovação em emails trocados entre os diretores da
MTA e a Capital. No mesmo dia 17, Stevan Knezevic, o terceiro sócio da turma, informou por email aos clientes que a renovação sairia naquele dia. Assinava apenas “Capital”.
Em abril, assim que Erenice assumiu o cargo de ministra, houve um novo encontro entre ela, o empresário e os dois lobistas. A conversa ocorreu numa padaria. Desta vez, Erenice estava incomodada com o atraso de um dos pagamentos. Israel abordou o assunto, e ela emendou: “Entenda, Fábio, que nós temos compromissos políticos a cumprir”. O empresário anuiu, e nada mais se disse.
Com o apoio da empresa do filho da ministra, a MTA, que até então ganhava cerca de 40 milhões por ano em contratos emergenciais com os Correios, faturou, num arco de dois meses, 84 milhões de reais em novas licitações. Em outra demonstração da força da ministra Erenice e de seus sócios-juniores, o dono da MTA foi nomeado no final de julho diretor de Operações dos Correios – sim, precisamente o cargo que controla seus contratos como pessoa jurídica. Consolidou-se, assim, a mais perfeita simbiose entre os interesses do grupo de Erenice e as necessidades empresariais dos fornecedores de serviços aos Correios.
Na sexta-feira, Israel Guerra, parece ter recobrado a memória. Por e-mail, ele admitiu ter feito o “embasamento legal” para a renovação da licença da MTA na ANAC, em dezembro. Disse que recebeu o pagamento por meio da conta da empresa do irmão – que no dia anterior ele nem se lembrava que existia – e confirnmou que até emitiu notas fiscais. Israel também admitiu ter apresentado o empresário Fábio Baracat à mãe-ministra, mas apenas “na condição de amigo”.
O fato é que a vida do filho da ministra mudou significativamente desde que a mãe ascendeu na hierarquia federal. Depois de vagar por vários empregos públicos, sempre por indicação de alguém, ele parece ter se estabilizado financeiramente. Na garagem de sua casa, podem-se ver sinais de que a vida como lobista está lhe fazendo bem: ele tem
dois carrões, um Golf preto e uma caminhonete Mitsubshi L-2000 – somente a caminhonete está avaliada em 100 mil reais. Os carros estão em nome da ministra Erenice.
Com reportagem de Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Gustavo Ribeiro e Paulo Celso Pereira
sábado, 11 de setembro de 2010
Adios comandante? Ahora si...
Sim, desta vez é o Fidel.
Mas se ele não disse adiós, tampouco disse algo inteligível, o que permite duvidar de sua integridade mental. Não que ele esteja maluco, agora. Sempre foi, e continua achando que o capitalismo vai acabar. Um caso de esquizofrenia aguda que vem de longe...
Claro, o capitalismo não funciona: se funcionasse direito para enriquecer a todos, Cuba não teria se convertido ao socialismo.
O que funciona mesmo é o socialismo: o método mais rápido, mais certeiro e mais eficaz para converter a todos em pobres e miseráveis, com exceção da nomenklatura. Isso os socialistas brasileiros já perceberam: tanto que nem querem ouvir falar em socialismo, só querem ser sócios do capitalismo dos outros...
Paulo Roberto de Almeida
Fidel dice ahora que lo que no funciona es el capitalismo
Emilia C. de Paula
El País, 11/09/2010
Enmienda a la totalidad. Fidel Castro aseguró ayer que el socialismo cubano sí tiene validez, lo que no funciona, a su juicio, es “el sistema capitalista” que “ya no sirve ni para Estados Unidos, ni para el mundo, al que conduce de crisis en crisis, que son cada vez más graves, globales y repetidas”. El líder comunista no pudo ser más rotundo al matizar sus recientes declaraciones al periodista norteamericano Jeffrey Goldberg, a quien dijo, en una entrevista en la revista The Atlantic, que “el modelo cubano no funciona ni siquiera para nosotros”. Castro aseguró que el reportero no inventó la frase, pero que le malinterpretó absolutamente.
El ex mandatario cubano, de 84 años, dio su versión de lo sucedido en la entrevista durante la presentación de un libro autobiográfico suyo en La Habana. Según Castro, Goldberg le pregunto “si el modelo cubano era algo que aún valía la pena exportar”. A su entender, la pregunta llevaba “implícita la teoría de que Cuba exportaba la revolución”. Fue entonces cuando le respondió que “el modelo cubano” ya no les funcionaba ni a ellos.
“Se lo expresé sin amargura ni preocupación. Me divierto ahora al ver como él lo interpretó al pie de la letra y consultó con [la académica norteamericana] Julia Sweig, que lo acompañó y elaboró la teoría que expuso”, afirmó. Según Castro, “lo real” es que su “respuesta significaba exactamente lo contrario de lo que ambos periodistas norteamericanos interpretaron”. “Mi idea, como todo el mundo conoce, es que el sistema capitalista ya no sirve ni para Estados Unidos, ni para el mundo, al que conduce de crisis en crisis, que son cada vez más graves, globales y repetidas, de las cuales no puede escapar”.
Declaración matizada
El ex presidente cubano también desechó las interpretaciones de Goldberg sobre lo que le dijo sobre la crisis de los misiles. El periodista norteamericano le preguntó si había valido la pena haber pedido en 1962 al líder soviético Nikita Jruschov, durante la crisis de los misiles, que atacara a Estados Unidos con armas nucleares si era necesario. Según Fidel, le contestó textualmente: “Después de haber visto lo que he visto y de haber sabido lo que ahora sé, no valía la pena en lo absoluto”.
Castro dijo que lo que él recomendó a Jruschov era que si “EEUU invadía Cuba”, en ese momento con armas nucleares rusas, “no debía dejarse dar el primer golpe”.
============
E uma crônica à propos:
CASTRO NEGA CASTRO E CONFIRMA NIEMEYER
Janer Cristaldo, Sábado, Setembro 11, 2010
E não é que Niemeyer tinha razão? Fidel Castro veio a público para dizer que não disse o que disse. Não nega a entrevista concedida ao jornalista Jeffrey Goldberg, da revista americana The Atlantic. Mas acha que Goldberg foi longe demais. "Me divirto agora ao ver como ele interpretou ao pé da letra. Sigo pensando que Goldberg é um grande jornalista. Não inventa frases, as transfere e as interpreta", disse, segundo o site oficial cubadebate.cu, sem trocadilhos.
- Minha idéia – continuou o tiranete – como todo o mundo conhece, é que o capitalismo já não serve para os Estados Unidos, nem para o mundo, ao qual conduz de crise em crise, que são cada vez mais graves, globais e repetidas, das quais não consegue escapar.
Ah bom! Não falava do socialismo. Quando disse que o modelo cubano não serve nem mesmo para Cuba, não queria dizer que o modelo cubano não serve nem mesmo para Cuba. Pura interpretação do jornalista. O que queria dizer era que o capitalismo não serve nem mais para os Estados Unidos. Hugo Chávez, Chico Buarque, Ariano Suassuna, Luis Fernando Verissimo, Lula, dona Dilma, Marco Aurélio Garcia, Celso Amorim e Tarso Genro podem respirar aliviados. A utopia continua viva. Niemeyer, o decano do stalinismo no continente, tinha razão. Castro não poderia ter dito tal bobagem.
Só não deve ter convencido os cubanos, que há meio século sabem que o regime cubano não serve para Cuba.
Mas se ele não disse adiós, tampouco disse algo inteligível, o que permite duvidar de sua integridade mental. Não que ele esteja maluco, agora. Sempre foi, e continua achando que o capitalismo vai acabar. Um caso de esquizofrenia aguda que vem de longe...
Claro, o capitalismo não funciona: se funcionasse direito para enriquecer a todos, Cuba não teria se convertido ao socialismo.
O que funciona mesmo é o socialismo: o método mais rápido, mais certeiro e mais eficaz para converter a todos em pobres e miseráveis, com exceção da nomenklatura. Isso os socialistas brasileiros já perceberam: tanto que nem querem ouvir falar em socialismo, só querem ser sócios do capitalismo dos outros...
Paulo Roberto de Almeida
Fidel dice ahora que lo que no funciona es el capitalismo
Emilia C. de Paula
El País, 11/09/2010
Enmienda a la totalidad. Fidel Castro aseguró ayer que el socialismo cubano sí tiene validez, lo que no funciona, a su juicio, es “el sistema capitalista” que “ya no sirve ni para Estados Unidos, ni para el mundo, al que conduce de crisis en crisis, que son cada vez más graves, globales y repetidas”. El líder comunista no pudo ser más rotundo al matizar sus recientes declaraciones al periodista norteamericano Jeffrey Goldberg, a quien dijo, en una entrevista en la revista The Atlantic, que “el modelo cubano no funciona ni siquiera para nosotros”. Castro aseguró que el reportero no inventó la frase, pero que le malinterpretó absolutamente.
El ex mandatario cubano, de 84 años, dio su versión de lo sucedido en la entrevista durante la presentación de un libro autobiográfico suyo en La Habana. Según Castro, Goldberg le pregunto “si el modelo cubano era algo que aún valía la pena exportar”. A su entender, la pregunta llevaba “implícita la teoría de que Cuba exportaba la revolución”. Fue entonces cuando le respondió que “el modelo cubano” ya no les funcionaba ni a ellos.
“Se lo expresé sin amargura ni preocupación. Me divierto ahora al ver como él lo interpretó al pie de la letra y consultó con [la académica norteamericana] Julia Sweig, que lo acompañó y elaboró la teoría que expuso”, afirmó. Según Castro, “lo real” es que su “respuesta significaba exactamente lo contrario de lo que ambos periodistas norteamericanos interpretaron”. “Mi idea, como todo el mundo conoce, es que el sistema capitalista ya no sirve ni para Estados Unidos, ni para el mundo, al que conduce de crisis en crisis, que son cada vez más graves, globales y repetidas, de las cuales no puede escapar”.
Declaración matizada
El ex presidente cubano también desechó las interpretaciones de Goldberg sobre lo que le dijo sobre la crisis de los misiles. El periodista norteamericano le preguntó si había valido la pena haber pedido en 1962 al líder soviético Nikita Jruschov, durante la crisis de los misiles, que atacara a Estados Unidos con armas nucleares si era necesario. Según Fidel, le contestó textualmente: “Después de haber visto lo que he visto y de haber sabido lo que ahora sé, no valía la pena en lo absoluto”.
Castro dijo que lo que él recomendó a Jruschov era que si “EEUU invadía Cuba”, en ese momento con armas nucleares rusas, “no debía dejarse dar el primer golpe”.
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E uma crônica à propos:
CASTRO NEGA CASTRO E CONFIRMA NIEMEYER
Janer Cristaldo, Sábado, Setembro 11, 2010
E não é que Niemeyer tinha razão? Fidel Castro veio a público para dizer que não disse o que disse. Não nega a entrevista concedida ao jornalista Jeffrey Goldberg, da revista americana The Atlantic. Mas acha que Goldberg foi longe demais. "Me divirto agora ao ver como ele interpretou ao pé da letra. Sigo pensando que Goldberg é um grande jornalista. Não inventa frases, as transfere e as interpreta", disse, segundo o site oficial cubadebate.cu, sem trocadilhos.
- Minha idéia – continuou o tiranete – como todo o mundo conhece, é que o capitalismo já não serve para os Estados Unidos, nem para o mundo, ao qual conduz de crise em crise, que são cada vez mais graves, globais e repetidas, das quais não consegue escapar.
Ah bom! Não falava do socialismo. Quando disse que o modelo cubano não serve nem mesmo para Cuba, não queria dizer que o modelo cubano não serve nem mesmo para Cuba. Pura interpretação do jornalista. O que queria dizer era que o capitalismo não serve nem mais para os Estados Unidos. Hugo Chávez, Chico Buarque, Ariano Suassuna, Luis Fernando Verissimo, Lula, dona Dilma, Marco Aurélio Garcia, Celso Amorim e Tarso Genro podem respirar aliviados. A utopia continua viva. Niemeyer, o decano do stalinismo no continente, tinha razão. Castro não poderia ter dito tal bobagem.
Só não deve ter convencido os cubanos, que há meio século sabem que o regime cubano não serve para Cuba.
Adios comandante?
Não, não é o Fidel, apenas Mister Chávez, que parece enfrentar dificuldades nas eleições de 26 de setembro.
A julgar por esta pesquisa:
Encuesta-KELLER-3er-Trimestre-2010.pdf
Vejam vocês mesmos:

Enfim, parece também que ele está disposto a manipular os resultados, como já fez com a lei eleitoral e afastando vários candidatos da oposição sob pretextos diversos.
Ele também recusou observadores eleitorais de outros países. Agora só falta proibir jornalistas...
A julgar por esta pesquisa:
Encuesta-KELLER-3er-Trimestre-2010.pdf
Vejam vocês mesmos:

Enfim, parece também que ele está disposto a manipular os resultados, como já fez com a lei eleitoral e afastando vários candidatos da oposição sob pretextos diversos.
Ele também recusou observadores eleitorais de outros países. Agora só falta proibir jornalistas...
Com os nervos a flor da pele...
É o que se poderia dizer desta matéria de imprensa:
Petista confunde "fralda" com "fraude" e encerra entrevista
GRACILIANO ROCHA DE PORTO ALEGRE
A presidenciável Dilma Rousseff (PT) confundiu as palavras "fraude" e "fralda" e encerrou entrevista coletiva em sua primeira aparição pública após o nascimento do neto em Porto Alegre.
Sem participar de atos de campanha desde anteontem para acompanhar o parto de Paula, sua filha única, Dilma disse no início da entrevista, em tom de brincadeira, que gostaria de falar de fraldas e mamadas do neto Gabriel.
Cerca de 25 minutos depois, um repórter começou a fazer uma pergunta sobre "fraldas" e foi cortado pela candidata, que aparentemente pensou que ele se referia ao escândalo da Receita.
"Eu não falo mais sobre fraudes, vocês me desculpem, vocês perguntem isso para o meu adversário [José Serra, do PSDB], que isso é a pauta dele", afirmou a candidata antes de deixar a sala.
Segundo Dilma, o nascimento de Gabriel foi momento mais feliz de sua vida. "Os avós sempre me disseram que a gente fica meio bobo [com os netos]. Estou hoje meio boba", disse.
===============
Não deixa de ser engraçado, mas também revelador...
Petista confunde "fralda" com "fraude" e encerra entrevista
GRACILIANO ROCHA DE PORTO ALEGRE
A presidenciável Dilma Rousseff (PT) confundiu as palavras "fraude" e "fralda" e encerrou entrevista coletiva em sua primeira aparição pública após o nascimento do neto em Porto Alegre.
Sem participar de atos de campanha desde anteontem para acompanhar o parto de Paula, sua filha única, Dilma disse no início da entrevista, em tom de brincadeira, que gostaria de falar de fraldas e mamadas do neto Gabriel.
Cerca de 25 minutos depois, um repórter começou a fazer uma pergunta sobre "fraldas" e foi cortado pela candidata, que aparentemente pensou que ele se referia ao escândalo da Receita.
"Eu não falo mais sobre fraudes, vocês me desculpem, vocês perguntem isso para o meu adversário [José Serra, do PSDB], que isso é a pauta dele", afirmou a candidata antes de deixar a sala.
Segundo Dilma, o nascimento de Gabriel foi momento mais feliz de sua vida. "Os avós sempre me disseram que a gente fica meio bobo [com os netos]. Estou hoje meio boba", disse.
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Não deixa de ser engraçado, mas também revelador...
11 de Setembro: um outro aniversario, bem mais feliz...
Neste 11 de setembro comemoramos...?
Já sei, vocês vão dizer rememoramos, pois que comemorar seria indevido, os terríveis ataques terroristas contra os Estados Unidos, em Nova York e Washington, responsáveis pela morte de milhares de pessoas, no dia 11 de Setembro de 2001.
Antes disso, rememorávamos o golpe do general Augusto Pinochet contra o governo constitucional de Salvador Allende, com o apoio ativo do governo dos mesmos Estados Unidos e da ditadura militar do Brasil, também com a morte de milhares de pessoas, a começar do próprio presidente Allende (que tudo indica se suicidou).
Mas, antes, bem antes, e hoje ainda, para nossa informação, comemoramos o lançamento do primeiro número da revista Veja, em 11 de Setembro de 1968, ao preço de NCr$ 1 (um cruzeiro novo). Para quem não se lembra, o cruzeiro novo foi a moeda que substituiu o cruzeiro lançado em 1942 e aposentado por excesso de inflação (com o devido corte de três zeros para o seu relançamento com o novo nome provisório; depois continuamos trocando de moeda e cortando zero, pois a inflação foi se acelerando).
Essa Veja trazia na Capa, vermelha, a foice e o martelo, e correspondia a uma fase em que o comunismo parecia efetivamente espalhar-se pelo mundo, embora com rebeliões em seu próprio seio, como evidenciava a "primavera de Praga" (logo esmagada pelos tanques soviéticos) e a "dissidência" romena (além da já antiga cisão entre os dois grandes, China e URSS).
Não sou especialmente fã da Veja -- pelo fato de ler muitos jornais e revistas estrangeiros, bem mais completos -- e fui um assinante por muito pouco tempo, esporadicamente, pois ela não me acrescenta muita coisa, depois de ler toda a imprensa diária na semana toda. Mas reconheço seu papel inestimável no jornalismo brasileiro, pois seus furos de reportagens, suas matérias de fundo sobre os grandes temas de nossa época, o jornalismo investigativo que a levou a grandes denúncias (até agora), sempre foram características inegáveis dessa revista popular e de amplo alcance.
Meus cumprimentos pelo aniversário, o 42., de sua longa trajetória de sucesso.
Toda ela, aliás, digitalizada (o que me permitiu, justamente, ler o primeiro número publicado).
Vida longa...
Paulo Roberto de Almeida
(11.09.2010)
Já sei, vocês vão dizer rememoramos, pois que comemorar seria indevido, os terríveis ataques terroristas contra os Estados Unidos, em Nova York e Washington, responsáveis pela morte de milhares de pessoas, no dia 11 de Setembro de 2001.
Antes disso, rememorávamos o golpe do general Augusto Pinochet contra o governo constitucional de Salvador Allende, com o apoio ativo do governo dos mesmos Estados Unidos e da ditadura militar do Brasil, também com a morte de milhares de pessoas, a começar do próprio presidente Allende (que tudo indica se suicidou).
Mas, antes, bem antes, e hoje ainda, para nossa informação, comemoramos o lançamento do primeiro número da revista Veja, em 11 de Setembro de 1968, ao preço de NCr$ 1 (um cruzeiro novo). Para quem não se lembra, o cruzeiro novo foi a moeda que substituiu o cruzeiro lançado em 1942 e aposentado por excesso de inflação (com o devido corte de três zeros para o seu relançamento com o novo nome provisório; depois continuamos trocando de moeda e cortando zero, pois a inflação foi se acelerando).
Essa Veja trazia na Capa, vermelha, a foice e o martelo, e correspondia a uma fase em que o comunismo parecia efetivamente espalhar-se pelo mundo, embora com rebeliões em seu próprio seio, como evidenciava a "primavera de Praga" (logo esmagada pelos tanques soviéticos) e a "dissidência" romena (além da já antiga cisão entre os dois grandes, China e URSS).
Não sou especialmente fã da Veja -- pelo fato de ler muitos jornais e revistas estrangeiros, bem mais completos -- e fui um assinante por muito pouco tempo, esporadicamente, pois ela não me acrescenta muita coisa, depois de ler toda a imprensa diária na semana toda. Mas reconheço seu papel inestimável no jornalismo brasileiro, pois seus furos de reportagens, suas matérias de fundo sobre os grandes temas de nossa época, o jornalismo investigativo que a levou a grandes denúncias (até agora), sempre foram características inegáveis dessa revista popular e de amplo alcance.
Meus cumprimentos pelo aniversário, o 42., de sua longa trajetória de sucesso.
Toda ela, aliás, digitalizada (o que me permitiu, justamente, ler o primeiro número publicado).
Vida longa...
Paulo Roberto de Almeida
(11.09.2010)
Como perder uma aposta, mesmo contra a logica e o interesse publico (e ate o privado...)
Querem ver como é fácil perder uma aposta?
Eu mesmo, vou fazer, e aposto que vou perder.
Mas, confio na honestidade das pessoas, no interesse público, privado e partidário, até eleitoral, acreditando que seria melhor, para o governo, para sua credibilidade pública, para sua legitimidade política, para sua segurança institucional, para uma vitória tranquila para sua candidata, enfim, por tudo aquilo que a república mafiosa mais preza em seu itinerário político, que é a sua continuidade indisputada e indiscutível.
Qual é a aposta, afinal?
Simples, esta:
Aposto que o governo vai -- se ainda não o fez, no momento em que escrevo estas linhas, quase meio dia de um sábado, em Brasília, dia de descanso de trabalho, mas quem é do ramo não descansa -- retomando: aposto que o governo vai demitir, pela ordem:
1) A "doutora" Erenice Guerra, atual ministra-chefe da Casa Civil;
2) O "doutor" Cartaxo, atual Secretário da Receita Federal (essa já deveria ter sido demitido há muito tempo; aliás, desde quando as primeiras notícias sobre vazamentos, consultas indevidas, lambanças generalizadas na sua butique vieram à tona).
Estão feitas as apostas, portanto duas, e não apenas uma (como sou otimista!).
Minha aposta é que o governo vai demitir esses dois personagens, não tanto pelo que efetivamente fizeram -- o que resta ser esclarecido devidamente, pois como dizem, suspeita não é crime -- mas pelo que já saiu publicado na imprensa e de comentários subsequentes, que deixam os personagens, e por extensão o governo, em muito má situação (se isso ainda fosse possível).
Quer agora apostar, caro leitor, que vou perder a aposta? Aliás, ambas as duas, se me permitem a redundância (no caso deste governo, qualquer licença poética é cabível).
Conhecendo também o que vai por aí, não é muito difícil perder.
Vale um livro, em qualquer sentido...
Paulo Roberto de Almeida
(11.09.2010)
Eu mesmo, vou fazer, e aposto que vou perder.
Mas, confio na honestidade das pessoas, no interesse público, privado e partidário, até eleitoral, acreditando que seria melhor, para o governo, para sua credibilidade pública, para sua legitimidade política, para sua segurança institucional, para uma vitória tranquila para sua candidata, enfim, por tudo aquilo que a república mafiosa mais preza em seu itinerário político, que é a sua continuidade indisputada e indiscutível.
Qual é a aposta, afinal?
Simples, esta:
Aposto que o governo vai -- se ainda não o fez, no momento em que escrevo estas linhas, quase meio dia de um sábado, em Brasília, dia de descanso de trabalho, mas quem é do ramo não descansa -- retomando: aposto que o governo vai demitir, pela ordem:
1) A "doutora" Erenice Guerra, atual ministra-chefe da Casa Civil;
2) O "doutor" Cartaxo, atual Secretário da Receita Federal (essa já deveria ter sido demitido há muito tempo; aliás, desde quando as primeiras notícias sobre vazamentos, consultas indevidas, lambanças generalizadas na sua butique vieram à tona).
Estão feitas as apostas, portanto duas, e não apenas uma (como sou otimista!).
Minha aposta é que o governo vai demitir esses dois personagens, não tanto pelo que efetivamente fizeram -- o que resta ser esclarecido devidamente, pois como dizem, suspeita não é crime -- mas pelo que já saiu publicado na imprensa e de comentários subsequentes, que deixam os personagens, e por extensão o governo, em muito má situação (se isso ainda fosse possível).
Quer agora apostar, caro leitor, que vou perder a aposta? Aliás, ambas as duas, se me permitem a redundância (no caso deste governo, qualquer licença poética é cabível).
Conhecendo também o que vai por aí, não é muito difícil perder.
Vale um livro, em qualquer sentido...
Paulo Roberto de Almeida
(11.09.2010)
Como fazer a mentira prosperar impunemente...
Fácil: basta que a imprensa deixe de fazer o seu papel. Ou que os repórteres e jornalistas sejam coniventes com a mentira.
A questão é muito simples.
Políticos, de qualquer partido -- mas de alguns partidos em particular -- são mentirosos contumazes. Digamos que seja uma segunda natureza deles.
OK, isso é conhecido. Por isso mesmo, a cada afirmação de um político, sobretudo em época eleitoral, a imprensa deveria checar as afirmações e, se a afirmação representar, não a expressão de meros desejos vagos, mas uma clara violação da verdade factual, efetuar imediatamente um desmentido, puramente objetivo.
Tenho, como todos sabem, certa alergia à burrice, mas tenho ainda mais ojeriza à mentira e, sobretudo, horror quando ela é feita de má-fé, propositadamente, como fraude deliberada, o que já constitui desonestidade intelectual (ainda que este último adjetivo não se aplica em se tratando de certas pessoas).
Não contem comigo para que a mentira prevaleça. Por isso mesmo, sem dispor de acesso direto -- inclusive por impossibilidade logística e geográfica -- aos pronunciamentos mais mentirosos da temporada -- é a estação das mentiras, sabemos, embora para alguns seja o ano inteiro -- recorro ao jornalista conhecido para manter minha campanha de combate à mentira.
Paulo Roberto de Almeida
Lula já não preside o país; agora, só faz campanha. No palanque, espanca a verdade, mas eu a resgato
Reinaldo Azevedo, 11.09.2010
Leiam o que vai no Estadão Online. Volto em seguida:
Por Francisco Carlos de Assis, da Agência Estado:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente nesta sexta-feira, 10, a gestão do PSDB na área educacional no Estado de São Paulo, nos últimos anos, num ataque indireto ao presidenciável tucano José Serra e a Geraldo Alckmin, candidato da legenda ao Palácio dos Bandeirantes neste pleito. Sem citar nomes, Lula alfinetou: “A elite que governou São Paulo nunca se importou em colocar os pobres para estudar nas universidades”. E emendou: “Isso é uma vergonha para a elite que governou São Paulo nos últimos anos.”
O presidente, que participou na manhã de hoje da inauguração do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), em Suzano, na região leste da Grande São Paulo, também atacou de maneira indireta o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. “Tivemos presidente doutor com pós-graduação no exterior que não construiu uma universidade (no Brasil). Claro, ele já tinha aprendido. Para quê ensinar para os outros?”, ironizou, arrancando aplausos da maioria do público de cerca de 300 pessoas. E salientou que o povo brasileiro quer ter o direito de ser “doutor, engenheiro e não só pedreiro”.
Ainda nas críticas à “elite que governou São Paulo”, o presidente disse que só eles achavam que tinham direito de fazer graduação aqui e depois fazer pós-graduação em Chicago, Paris ou Londres. Enquanto isso, os pobres não tinham sequer direito de terminar o ensino fundamental. Segundo Lula, São Paulo é um dos Estados mais ricos da federação e tem uma das melhores universidades do País, que é a USP, mas infelizmente apenas 96 mil estudantes podem cursá-la.
O presidente lembrou que só o ProUni - programa de sua gestão - já possibilitou o ingresso de 194 mil alunos no ensino superior em São Paulo e no País a abrangência deste programa é de 704 mil alunos. E disse que seu governo atende a todos, independentemente de partido. “Vocês podem viajar por todo o País e perguntar para qualquer prefeito de qualquer partido, até do DEM e PSDB (adversários do PT nessas eleições majoritárias) se já negamos qualquer verba que eles foram pedir.” E voltou a alfinetar: “Enquanto a elite queria construir pontes e viadutos para colocar nomes de mães e tias, nós estamos construindo saneamento básico.”
Em Suzano, Lula falou também aos jovens, dizendo que eles não devem ter preguiça para estudar e cursar uma universidade. “Para constituir família, casar e ter filhos, tem que ter estudo e uma boa renda.” E citou as mulheres, maioria do eleitorado no País, destacando que elas também devem estudar para não depender dos maridos e companheiros. “A gente tem que ficar com a pessoa porque gosta e não em troca de um prato de feijão. A mulher não tem que agüentar desaforo dos homens. Elas podem ganhar mais que os homens sim.”
Comento [Reinaldo Azevedo]:
Deixarei de lado as considerações de Lula sobre as relações entre homens e mulheres porque teria de entrar num capítulo que me desviaria do essencial. Quem sabe um dia um desses historiadores da intimidade se interesse pelos sucessos sentimentais da companheirada. Porque vocês sabem: uma “nova era”, como apontam os “inteliquituais”, costuma ter até o seu próprio padrão sexual, certo? Vamos ao que poderia haver de sério e relevante em sua fala.
O Estado de São Paulo é um dos poucos a ter universidades estaduais e é o único que tem três delas, inclusive a USP, a maior e mais importante do país. E o número de vagas se expandiu durante os governos tucanos, atacados com ferocidade bucéfala.
De todas as áreas do governo Lula superfaturadas pela propaganda, a educação é certamente aquela em que se mente mais. Relembro alguns números que já publiquei aqui — números oficiais. Volto em seguida:
1 - Lula afirma por aí ter criado 13 universidades federais. É mentira! Com boa vontade, pode-se afirmar que criou apenas seis; com rigor, quatro. Por quê? A maioria das instituições que ele chama “novas universidades” nasceu de meros rearranjos de instituições, marcados por desmembramentos e fusões. Algumas universidades “criadas” ainda estão no papel. E isso, que é um fato, está espelhado nos números, que são do Ministério da Educação;
2 - Poucos sabem, certa imprensa não diz, mas o fato é que a taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 - seis anos de mandato de Lula;
3 - Só no segundo mandato de FHC, entre 1998 e 2003, houve 158.461 novas matrículas nas universidades federais, contra 76.000 em seis anos de governo Lula (2003 a 2008);
4 - Nos oito anos de governo FHC, as vagas em cursos noturnos, nas federais, cresceram 100%; entre 2003 e 2008, 15%;
5 - Sabem o que cresceu para valer no governo Lula? As vagas ociosas em razão de um planejamento porco. Eu provo: em 2003, as federais tiveram 84.341 formandos; em 2008, 84.036;
6 - O que aumentou brutalmente no governo Lula foi a evasão: as vagas ociosas passaram de 0,73% em 2003 para 4,35% em 2008. As matrículas trancadas, desligamentos e afastamentos saltaram de 44.023 em 2003 para 57.802 em 2008;
7 - Sim, há mesmo a preocupação de exibir números gordos. Isso faz com que a expansão das federais, dada como se vê acima, se faça à matroca. Erguem-se escolas sem preocupação com a qualidade e as condições de funcionamento, o que leva os estudantes a desistir do curso. A Universidade Federal do ABC perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.
8 - Também cresceu espetacularmente no governo Lula a máquina “companheira”. Eram 62 mil os professores das federais em 2008 - 35% a mais do que em 2002. O número de alunos cresceu apenas 21% no período;
9 - No governo FHC, a relação aluno por docente passou de 8,2 para 11,9 em 2003. No governo Lula, caiu para 10,4 (2008). É uma relação escandalosa! Nas melhores universidades americanas, a relação é de, no mínimo, 16 alunos por professor. Lula transformou as universidades federais numa máquina de empreguismo.
Voltei
Um dia talvez a imprensa chegue ao requinte de não permitir que uma mentira prospere. O sujeito diz um batatada ou um dado impreciso, isso é informado ao leitor, e os dados corretos são fornecidos em seguida — não precisa haver uma bendita ou maldita opinião no texto. Só a informação. Um dia, talvez até a oposição faça isso.
E uma palavra sobre o ProUni: trata-se do maior programa da história brasileira de repasse de dinheiro público para entidades mantenedoras do ensino privado. Seria eu contra o ensino privado? Eu não! Sou a favor de privatizar até Jardim da Infância, embora não seja uma proposta muito influente. Agora, se é para repassar dinheiro público para quem quer que seja, é preciso exigir um padrão mínimo de qualidade no serviço oferecido. É o caso do ProUni? Não é.
Instituições que têm um desempenho ridículo no antigo “provão”, que foi desmoralizado pelo governo Lula, continuam a receber o leite de pata. O governo, com efeito, tem pagado para que os pobres estudem em verdadeira cabeças de porco disfarçadas de universidades.
Ninguém diz? Eu digo! O presidente continuará a sustentar as suas barbaridades por aí sem ser confrontado porque, afinal, “não se pode bater no Lula ou se perde voto”? Pois é. Ainda bem que não sou candidato a nada. Aquele blogueiro oficial e pançudo ironizaria: “É a turma dos 2%…” É bobagem, mas tudo bem. Fosse assim, já seriam 4 milhões de pessoas, não é mesmo? Um bom recomeço, certamente.
A questão é muito simples.
Políticos, de qualquer partido -- mas de alguns partidos em particular -- são mentirosos contumazes. Digamos que seja uma segunda natureza deles.
OK, isso é conhecido. Por isso mesmo, a cada afirmação de um político, sobretudo em época eleitoral, a imprensa deveria checar as afirmações e, se a afirmação representar, não a expressão de meros desejos vagos, mas uma clara violação da verdade factual, efetuar imediatamente um desmentido, puramente objetivo.
Tenho, como todos sabem, certa alergia à burrice, mas tenho ainda mais ojeriza à mentira e, sobretudo, horror quando ela é feita de má-fé, propositadamente, como fraude deliberada, o que já constitui desonestidade intelectual (ainda que este último adjetivo não se aplica em se tratando de certas pessoas).
Não contem comigo para que a mentira prevaleça. Por isso mesmo, sem dispor de acesso direto -- inclusive por impossibilidade logística e geográfica -- aos pronunciamentos mais mentirosos da temporada -- é a estação das mentiras, sabemos, embora para alguns seja o ano inteiro -- recorro ao jornalista conhecido para manter minha campanha de combate à mentira.
Paulo Roberto de Almeida
Lula já não preside o país; agora, só faz campanha. No palanque, espanca a verdade, mas eu a resgato
Reinaldo Azevedo, 11.09.2010
Leiam o que vai no Estadão Online. Volto em seguida:
Por Francisco Carlos de Assis, da Agência Estado:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente nesta sexta-feira, 10, a gestão do PSDB na área educacional no Estado de São Paulo, nos últimos anos, num ataque indireto ao presidenciável tucano José Serra e a Geraldo Alckmin, candidato da legenda ao Palácio dos Bandeirantes neste pleito. Sem citar nomes, Lula alfinetou: “A elite que governou São Paulo nunca se importou em colocar os pobres para estudar nas universidades”. E emendou: “Isso é uma vergonha para a elite que governou São Paulo nos últimos anos.”
O presidente, que participou na manhã de hoje da inauguração do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), em Suzano, na região leste da Grande São Paulo, também atacou de maneira indireta o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. “Tivemos presidente doutor com pós-graduação no exterior que não construiu uma universidade (no Brasil). Claro, ele já tinha aprendido. Para quê ensinar para os outros?”, ironizou, arrancando aplausos da maioria do público de cerca de 300 pessoas. E salientou que o povo brasileiro quer ter o direito de ser “doutor, engenheiro e não só pedreiro”.
Ainda nas críticas à “elite que governou São Paulo”, o presidente disse que só eles achavam que tinham direito de fazer graduação aqui e depois fazer pós-graduação em Chicago, Paris ou Londres. Enquanto isso, os pobres não tinham sequer direito de terminar o ensino fundamental. Segundo Lula, São Paulo é um dos Estados mais ricos da federação e tem uma das melhores universidades do País, que é a USP, mas infelizmente apenas 96 mil estudantes podem cursá-la.
O presidente lembrou que só o ProUni - programa de sua gestão - já possibilitou o ingresso de 194 mil alunos no ensino superior em São Paulo e no País a abrangência deste programa é de 704 mil alunos. E disse que seu governo atende a todos, independentemente de partido. “Vocês podem viajar por todo o País e perguntar para qualquer prefeito de qualquer partido, até do DEM e PSDB (adversários do PT nessas eleições majoritárias) se já negamos qualquer verba que eles foram pedir.” E voltou a alfinetar: “Enquanto a elite queria construir pontes e viadutos para colocar nomes de mães e tias, nós estamos construindo saneamento básico.”
Em Suzano, Lula falou também aos jovens, dizendo que eles não devem ter preguiça para estudar e cursar uma universidade. “Para constituir família, casar e ter filhos, tem que ter estudo e uma boa renda.” E citou as mulheres, maioria do eleitorado no País, destacando que elas também devem estudar para não depender dos maridos e companheiros. “A gente tem que ficar com a pessoa porque gosta e não em troca de um prato de feijão. A mulher não tem que agüentar desaforo dos homens. Elas podem ganhar mais que os homens sim.”
Comento [Reinaldo Azevedo]:
Deixarei de lado as considerações de Lula sobre as relações entre homens e mulheres porque teria de entrar num capítulo que me desviaria do essencial. Quem sabe um dia um desses historiadores da intimidade se interesse pelos sucessos sentimentais da companheirada. Porque vocês sabem: uma “nova era”, como apontam os “inteliquituais”, costuma ter até o seu próprio padrão sexual, certo? Vamos ao que poderia haver de sério e relevante em sua fala.
O Estado de São Paulo é um dos poucos a ter universidades estaduais e é o único que tem três delas, inclusive a USP, a maior e mais importante do país. E o número de vagas se expandiu durante os governos tucanos, atacados com ferocidade bucéfala.
De todas as áreas do governo Lula superfaturadas pela propaganda, a educação é certamente aquela em que se mente mais. Relembro alguns números que já publiquei aqui — números oficiais. Volto em seguida:
1 - Lula afirma por aí ter criado 13 universidades federais. É mentira! Com boa vontade, pode-se afirmar que criou apenas seis; com rigor, quatro. Por quê? A maioria das instituições que ele chama “novas universidades” nasceu de meros rearranjos de instituições, marcados por desmembramentos e fusões. Algumas universidades “criadas” ainda estão no papel. E isso, que é um fato, está espelhado nos números, que são do Ministério da Educação;
2 - Poucos sabem, certa imprensa não diz, mas o fato é que a taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 - seis anos de mandato de Lula;
3 - Só no segundo mandato de FHC, entre 1998 e 2003, houve 158.461 novas matrículas nas universidades federais, contra 76.000 em seis anos de governo Lula (2003 a 2008);
4 - Nos oito anos de governo FHC, as vagas em cursos noturnos, nas federais, cresceram 100%; entre 2003 e 2008, 15%;
5 - Sabem o que cresceu para valer no governo Lula? As vagas ociosas em razão de um planejamento porco. Eu provo: em 2003, as federais tiveram 84.341 formandos; em 2008, 84.036;
6 - O que aumentou brutalmente no governo Lula foi a evasão: as vagas ociosas passaram de 0,73% em 2003 para 4,35% em 2008. As matrículas trancadas, desligamentos e afastamentos saltaram de 44.023 em 2003 para 57.802 em 2008;
7 - Sim, há mesmo a preocupação de exibir números gordos. Isso faz com que a expansão das federais, dada como se vê acima, se faça à matroca. Erguem-se escolas sem preocupação com a qualidade e as condições de funcionamento, o que leva os estudantes a desistir do curso. A Universidade Federal do ABC perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.
8 - Também cresceu espetacularmente no governo Lula a máquina “companheira”. Eram 62 mil os professores das federais em 2008 - 35% a mais do que em 2002. O número de alunos cresceu apenas 21% no período;
9 - No governo FHC, a relação aluno por docente passou de 8,2 para 11,9 em 2003. No governo Lula, caiu para 10,4 (2008). É uma relação escandalosa! Nas melhores universidades americanas, a relação é de, no mínimo, 16 alunos por professor. Lula transformou as universidades federais numa máquina de empreguismo.
Voltei
Um dia talvez a imprensa chegue ao requinte de não permitir que uma mentira prospere. O sujeito diz um batatada ou um dado impreciso, isso é informado ao leitor, e os dados corretos são fornecidos em seguida — não precisa haver uma bendita ou maldita opinião no texto. Só a informação. Um dia, talvez até a oposição faça isso.
E uma palavra sobre o ProUni: trata-se do maior programa da história brasileira de repasse de dinheiro público para entidades mantenedoras do ensino privado. Seria eu contra o ensino privado? Eu não! Sou a favor de privatizar até Jardim da Infância, embora não seja uma proposta muito influente. Agora, se é para repassar dinheiro público para quem quer que seja, é preciso exigir um padrão mínimo de qualidade no serviço oferecido. É o caso do ProUni? Não é.
Instituições que têm um desempenho ridículo no antigo “provão”, que foi desmoralizado pelo governo Lula, continuam a receber o leite de pata. O governo, com efeito, tem pagado para que os pobres estudem em verdadeira cabeças de porco disfarçadas de universidades.
Ninguém diz? Eu digo! O presidente continuará a sustentar as suas barbaridades por aí sem ser confrontado porque, afinal, “não se pode bater no Lula ou se perde voto”? Pois é. Ainda bem que não sou candidato a nada. Aquele blogueiro oficial e pançudo ironizaria: “É a turma dos 2%…” É bobagem, mas tudo bem. Fosse assim, já seriam 4 milhões de pessoas, não é mesmo? Um bom recomeço, certamente.
Como efetuar tenebrosas transacoes (conta a pagar, mais adiante)
Lambança nas contas
Editorial - O Estado de S.Paulo
11 de setembro de 2010
O governo tem pronto mais um truque para manter a gastança, chegar ao fim do ano como se tivesse cumprido a meta fiscal e ainda fazer sua parte na capitalização da Petrobrás. A nova lambança envolverá a participação do Tesouro e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na mobilização de recursos para exploração do pré-sal. O resultado contábil da manobra será uma receita extraordinária para o governo. Com isso será mais fácil anunciar, dentro de alguns meses, o superávit fiscal planejado para 2010, um resultado equivalente a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado obtido nos 12 meses terminados em agosto foi bem menor - 2,03% -, apesar do grande aumento da receita desde o fim da recessão.
A União deverá adiantar à Petrobrás, como cessão onerosa, 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal, avaliados em R$ 74,8 bilhões. Essa contribuição será, portanto, um empréstimo. Mas uma compra de ações desse mesmo valor deverá ocorrer como parte da capitalização. Essa compra será feita conjuntamente pelo Tesouro e pelo BNDES. Como a Petrobrás terá de pagar pelo direito de exploração dos 5 bilhões de barris, o dinheiro voltará para o governo.
O resultado para o Tesouro, no entanto, não será nulo. Parte da contribuição para o capital será realizada pelo BNDES. Com o pagamento da Petrobrás pelos barris de petróleo, a diferença entre os R$ 74,8 bilhões e o valor das ações compradas pelo banco ficará para o governo como receita não tributária.
A possibilidade de manobras desse tipo havia sido revelada no fim de agosto, quando um decreto, baseado na Medida Provisória (MP) 500, autorizou o Tesouro a transferir ações da Petrobrás para o BNDES e para a Caixa Econômica Federal. A MP havia permitido a transferência, a venda e a permuta de papéis da Petrobrás entre entidades federais, incluído o Fundo Soberano.
O objetivo principal dessas operações deveria ser, segundo as primeiras informações, o aumento da participação do Estado no capital da Petrobrás. Além de manter a maioria das ações com direito a voto, a União aumentaria a sua parcela das preferenciais. Também com essa finalidade, um decreto publicado na quarta-feira autorizou a troca de ações ordinárias da Petrobrás, pertencentes ao Tesouro, por papéis preferenciais da carteira do BNDES. O mesmo decreto facilita a participação do Fundo Soberano na capitalização.
Mas a concepção dessas manobras deve servir também a outro objetivo - a geração de receita extraordinária, para permitir o alcance da meta fiscal sem o recurso aos abatimentos previstos na lei orçamentária. O governo poderia abater da meta os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Seria apenas um disfarce, porque a despesa total seria, de toda forma, superior àquela compatível com o resultado planejado, inicialmente, para o pagamento dos juros da dívida pública. Truques desse tipo não enganam quem acompanha a evolução das contas do governo, mas o governo tem procurado manter, para efeito político, essa válvula de escape. Para alguma coisa a encenação pode servir.
Mas o secretário do Tesouro, Arno Augustin, anunciou há dias, numa entrevista ao Estado, a intenção do governo de chegar à meta sem recorrer ao abatimento dos gastos com o PAC. Para o leitor mais otimista, suas palavras indicariam o compromisso de cortar despesas menos importantes e buscar maior eficiência na gestão do dinheiro público. É difícil imaginar como a administração federal conseguiria resultados desse tipo depois de quase oito anos de gastança e desperdício.
Mas não é necessário gastar tempo com esse exercício de imaginação. O governo, segundo fontes federais, deverá recorrer a outros meios para chegar, contabilmente, ao superávit primário de 3,3%. Não precisará economizar nem buscar maior eficiência no uso do dinheiro pago pelo contribuinte. Poderá simplesmente recorrer a receitas extraordinárias inventadas como subproduto da capitalização da Petrobrás. Mas não se administra o Estado com truques desse tipo. Em prazo não muito longo, manobras como essa podem custar muito caro para o País.
Editorial - O Estado de S.Paulo
11 de setembro de 2010
O governo tem pronto mais um truque para manter a gastança, chegar ao fim do ano como se tivesse cumprido a meta fiscal e ainda fazer sua parte na capitalização da Petrobrás. A nova lambança envolverá a participação do Tesouro e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na mobilização de recursos para exploração do pré-sal. O resultado contábil da manobra será uma receita extraordinária para o governo. Com isso será mais fácil anunciar, dentro de alguns meses, o superávit fiscal planejado para 2010, um resultado equivalente a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado obtido nos 12 meses terminados em agosto foi bem menor - 2,03% -, apesar do grande aumento da receita desde o fim da recessão.
A União deverá adiantar à Petrobrás, como cessão onerosa, 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal, avaliados em R$ 74,8 bilhões. Essa contribuição será, portanto, um empréstimo. Mas uma compra de ações desse mesmo valor deverá ocorrer como parte da capitalização. Essa compra será feita conjuntamente pelo Tesouro e pelo BNDES. Como a Petrobrás terá de pagar pelo direito de exploração dos 5 bilhões de barris, o dinheiro voltará para o governo.
O resultado para o Tesouro, no entanto, não será nulo. Parte da contribuição para o capital será realizada pelo BNDES. Com o pagamento da Petrobrás pelos barris de petróleo, a diferença entre os R$ 74,8 bilhões e o valor das ações compradas pelo banco ficará para o governo como receita não tributária.
A possibilidade de manobras desse tipo havia sido revelada no fim de agosto, quando um decreto, baseado na Medida Provisória (MP) 500, autorizou o Tesouro a transferir ações da Petrobrás para o BNDES e para a Caixa Econômica Federal. A MP havia permitido a transferência, a venda e a permuta de papéis da Petrobrás entre entidades federais, incluído o Fundo Soberano.
O objetivo principal dessas operações deveria ser, segundo as primeiras informações, o aumento da participação do Estado no capital da Petrobrás. Além de manter a maioria das ações com direito a voto, a União aumentaria a sua parcela das preferenciais. Também com essa finalidade, um decreto publicado na quarta-feira autorizou a troca de ações ordinárias da Petrobrás, pertencentes ao Tesouro, por papéis preferenciais da carteira do BNDES. O mesmo decreto facilita a participação do Fundo Soberano na capitalização.
Mas a concepção dessas manobras deve servir também a outro objetivo - a geração de receita extraordinária, para permitir o alcance da meta fiscal sem o recurso aos abatimentos previstos na lei orçamentária. O governo poderia abater da meta os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Seria apenas um disfarce, porque a despesa total seria, de toda forma, superior àquela compatível com o resultado planejado, inicialmente, para o pagamento dos juros da dívida pública. Truques desse tipo não enganam quem acompanha a evolução das contas do governo, mas o governo tem procurado manter, para efeito político, essa válvula de escape. Para alguma coisa a encenação pode servir.
Mas o secretário do Tesouro, Arno Augustin, anunciou há dias, numa entrevista ao Estado, a intenção do governo de chegar à meta sem recorrer ao abatimento dos gastos com o PAC. Para o leitor mais otimista, suas palavras indicariam o compromisso de cortar despesas menos importantes e buscar maior eficiência na gestão do dinheiro público. É difícil imaginar como a administração federal conseguiria resultados desse tipo depois de quase oito anos de gastança e desperdício.
Mas não é necessário gastar tempo com esse exercício de imaginação. O governo, segundo fontes federais, deverá recorrer a outros meios para chegar, contabilmente, ao superávit primário de 3,3%. Não precisará economizar nem buscar maior eficiência no uso do dinheiro pago pelo contribuinte. Poderá simplesmente recorrer a receitas extraordinárias inventadas como subproduto da capitalização da Petrobrás. Mas não se administra o Estado com truques desse tipo. Em prazo não muito longo, manobras como essa podem custar muito caro para o País.
Como diminuir a produtividade do Brasil...
Não é difícil: basta não fazer nada, e os outros países passam na frente.
Mas também tem outras formas ativas de contribuir para a deterioração geral da competitividade no Brasil, das quais enumero apenas algumas:
1) Continuar com uma carga tributária extorsiva (aliás crescente)
2) Expandir a intrusão do Estado na vida econômica
3) Aparelhar o Estado com militantes ignorantes, desprovidos de competência
4) Aumentar o poder das corporações sobre a determinação de políticas nacionais
5) Lotear cargos públicos por critérios políticos
6) Manter uma burocracia extensiva, sujeita a delongas ou corrupção
7) Ocupar estudantes com matérias dispensáveis, e várias inutilidades, em lugar de se concentrar no essencial da boa formação escolar
8) Avançar sobre a poupança privada, impedindo maior taxa de investimento na economia
9) Deixar a infra-estrutura se deteriorar, com pouco investimento na renovação ou conservação
10) Praticar políticas setoriais de cunho partidário, inclusive na frente externa, em ligar de cuidar apenas dos interesses nacionais
Etc., etc., etc. Poderia continuar mas bastam essas para evidenciar porque o Brasil é ultrapassado de longe por outros países que partiram de bases muito frágeis (China) ou que empreenderam o caminho das reformas (Chile)
Paulo Roberto de Almeida
Prioridades erradas afetam a competitividade do País
O Estado de S.Paulo, 10 de setembro de 2010
O Brasil caiu duas posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) - ficou acima da Rússia, do México e da Turquia, mas abaixo de Brunei, do Chile e do Azerbaijão, entre outros. A avaliação é anual, feita em parceria com a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo, e, de 2007 a 2009, o Brasil havia ganho 16 posições. A queda de agora é um alerta para o próximo governo.
O País saiu-se pior por causa da deficiência de políticas públicas de saúde e educação primária, do mercado de trabalho, além do enfraquecimento das agências reguladoras. Como a carga tributária não se reduziu no período, o problema não foi de falta de recursos, mas de gestão na sua aplicação. Exemplo: aplicou-se menos em saneamento básico e mais em subsídio ao crédito.
A classificação do WEF leva em conta fatores favoráveis ao Brasil, tais como as dimensões do mercado interno e o conteúdo local da produção, a solidez dos bancos e o desenvolvimento do mercado financeiro, a sofisticação dos negócios, o treinamento profissional e o ensino universitário, além do baixo custo da política agrícola.
E, apesar dos problemas da infraestrutura, os empresários consultados afirmaram que houve melhora nesse item - no qual o País passou do 74.º lugar para o 62.º lugar. "Se não fossem os transportes, especialmente na parte de estradas, o Brasil teria tido uma nota melhor em infraestrutura e, por tabela, no índice geral", notou o presidente do Movimento Brasil Competitivo, Erik Caramano.
Mas, em 139 países pesquisados, o País está em último lugar quanto ao peso da regulação pelo governo e à extensão e peso da tributação; no 136.º, por desperdício nas despesas do governo e spread na taxa de juros; e no 135.º, no tempo gasto para abrir um negócio. E ficou ainda entre os 15 piores países em rigidez do mercado de trabalho, confiança nos políticos, crime organizado, custo da violência para os negócios, qualidade dos portos e problemas aduaneiros.
Em especial, ocupou o 126.º lugar em qualidade em Matemática e Ciências e o 127.º, em qualidade do ensino primário. Da falta de conhecimento básico em Português e Matemática ao analfabetismo funcional é um passo.
Todavia, a queda do Brasil no ranking geral de competitividade neste ano se deveu a que outros países fizeram mais do que o nosso. Mais do que desqualificar os critérios do WEF, está claro onde é que se deve recuperar o terreno perdido.
Mas também tem outras formas ativas de contribuir para a deterioração geral da competitividade no Brasil, das quais enumero apenas algumas:
1) Continuar com uma carga tributária extorsiva (aliás crescente)
2) Expandir a intrusão do Estado na vida econômica
3) Aparelhar o Estado com militantes ignorantes, desprovidos de competência
4) Aumentar o poder das corporações sobre a determinação de políticas nacionais
5) Lotear cargos públicos por critérios políticos
6) Manter uma burocracia extensiva, sujeita a delongas ou corrupção
7) Ocupar estudantes com matérias dispensáveis, e várias inutilidades, em lugar de se concentrar no essencial da boa formação escolar
8) Avançar sobre a poupança privada, impedindo maior taxa de investimento na economia
9) Deixar a infra-estrutura se deteriorar, com pouco investimento na renovação ou conservação
10) Praticar políticas setoriais de cunho partidário, inclusive na frente externa, em ligar de cuidar apenas dos interesses nacionais
Etc., etc., etc. Poderia continuar mas bastam essas para evidenciar porque o Brasil é ultrapassado de longe por outros países que partiram de bases muito frágeis (China) ou que empreenderam o caminho das reformas (Chile)
Paulo Roberto de Almeida
Prioridades erradas afetam a competitividade do País
O Estado de S.Paulo, 10 de setembro de 2010
O Brasil caiu duas posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) - ficou acima da Rússia, do México e da Turquia, mas abaixo de Brunei, do Chile e do Azerbaijão, entre outros. A avaliação é anual, feita em parceria com a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo, e, de 2007 a 2009, o Brasil havia ganho 16 posições. A queda de agora é um alerta para o próximo governo.
O País saiu-se pior por causa da deficiência de políticas públicas de saúde e educação primária, do mercado de trabalho, além do enfraquecimento das agências reguladoras. Como a carga tributária não se reduziu no período, o problema não foi de falta de recursos, mas de gestão na sua aplicação. Exemplo: aplicou-se menos em saneamento básico e mais em subsídio ao crédito.
A classificação do WEF leva em conta fatores favoráveis ao Brasil, tais como as dimensões do mercado interno e o conteúdo local da produção, a solidez dos bancos e o desenvolvimento do mercado financeiro, a sofisticação dos negócios, o treinamento profissional e o ensino universitário, além do baixo custo da política agrícola.
E, apesar dos problemas da infraestrutura, os empresários consultados afirmaram que houve melhora nesse item - no qual o País passou do 74.º lugar para o 62.º lugar. "Se não fossem os transportes, especialmente na parte de estradas, o Brasil teria tido uma nota melhor em infraestrutura e, por tabela, no índice geral", notou o presidente do Movimento Brasil Competitivo, Erik Caramano.
Mas, em 139 países pesquisados, o País está em último lugar quanto ao peso da regulação pelo governo e à extensão e peso da tributação; no 136.º, por desperdício nas despesas do governo e spread na taxa de juros; e no 135.º, no tempo gasto para abrir um negócio. E ficou ainda entre os 15 piores países em rigidez do mercado de trabalho, confiança nos políticos, crime organizado, custo da violência para os negócios, qualidade dos portos e problemas aduaneiros.
Em especial, ocupou o 126.º lugar em qualidade em Matemática e Ciências e o 127.º, em qualidade do ensino primário. Da falta de conhecimento básico em Português e Matemática ao analfabetismo funcional é um passo.
Todavia, a queda do Brasil no ranking geral de competitividade neste ano se deveu a que outros países fizeram mais do que o nosso. Mais do que desqualificar os critérios do WEF, está claro onde é que se deve recuperar o terreno perdido.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Como derreter as contas publicas (e cometer ilegalidades no caminho)
Desde o início do lançamento do mal-chamado Fundo Soberano do Brasil, eu sabia que ele seria utilizado como uma caixa de socorro político e quase como um fundo eleitoral. A começar pelo fato de que o Brasil não reunia nenhuma condição para ter um "fundo soberano" em moldes clássicos: possuir superávit fiscal e superavit de transações correntes. Nada. O que se fez foi jogar dinheiro público, do orçamento, num fundo que passa a ser usado fora do orçamento, ao critério do governo.
Ou seja, os nobres senadores simplesmente falharam completamente em sua missão, dando ao governo um talão de cheques para ele usar à vontade, sem qualquer controle.
Só poderia dar no que deu: dinheiro público sendo utilizado de maneira completamente abusiva.
Quanto ao dólar, o que o governo diz também não vai ser feito: governos em geral adoram populismo cambial...
Paulo Roberto de Almeida
Fundo Soberano, CEF e BNDES podem atuar na oferta da Petrobras
DCI, 9.09.2010
O governo editou decreto que permite engenharia financeira para a participação do Fundo Soberano do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na capitalização da Petrobras. O decreto também permite que o governo receba receitas adicionais na operação, de modo a reforçar o seu caixa.
Pelo decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial da União, com data da última quarta-feira, o valor das ações a serem permutadas deverá ser apurado com base na cotação de fechamento do dia útil anterior àquele em que se efetivar a operação. A diferença residual entre o valor das ações a serem permutadas deverá ser paga à União em moeda corrente.
Por outro lado, o BNDES e a Caixa foram autorizados a vender ou permutar até 217.395.982 de ações ordinárias da estatal petrolífera com o Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE). Administrado pelo Banco do Brasil, o FFIE é o fundo de investimento privado onde estão depositados os recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB). O Ministério da Fazenda não explicou o conteúdo do decreto, que foi publicado.
Efeitos no dólar
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, realizou palestra na tarde de ontem, na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), e comentou a crescente valorização do real frente ao dólar. Ele disse que o governo irá tomar medidas para conter a excessiva alta da moeda. "Não deixaremos o real derreter. Vamos tomar medidas necessárias para impedir uma valorização excessiva ou indevida do real", disse, sem adiantar quais seriam essas medidas.
Segundo Mantega, o processo de capitalização da Petrobras, que atrai grande volume de investimento externo, pode ser o maior responsável pela valorização do real. Ele disse que o momento é de observação e com o fim da operação da Petrobras o quadro pode se alterar.
O momento desfavorável para as exportações em consequência da baixa do dólar também foi abordado pelo ministro. Ele ressaltou a importância de manter o equilíbrio das contas externas e citou o combate à guerra fiscal importadora como uma das preocupações para manter esse equilíbrio.
Mantega disse ainda que o brasileiro está com mais renda, viajando mais ao exterior, o que leva a um déficit da conta corrente em torno de 2,5% do PIB.
O Ministro anunciou ainda que o governo vai anunciar nos próximos dias algumas medidas para incentivar as emissões de títulos de dívida privados, como debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), como a isenção de Imposto de Renda para este tipo de operação. O objetivo é fortalecer o mercado secundário.
Ou seja, os nobres senadores simplesmente falharam completamente em sua missão, dando ao governo um talão de cheques para ele usar à vontade, sem qualquer controle.
Só poderia dar no que deu: dinheiro público sendo utilizado de maneira completamente abusiva.
Quanto ao dólar, o que o governo diz também não vai ser feito: governos em geral adoram populismo cambial...
Paulo Roberto de Almeida
Fundo Soberano, CEF e BNDES podem atuar na oferta da Petrobras
DCI, 9.09.2010
O governo editou decreto que permite engenharia financeira para a participação do Fundo Soberano do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na capitalização da Petrobras. O decreto também permite que o governo receba receitas adicionais na operação, de modo a reforçar o seu caixa.
Pelo decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial da União, com data da última quarta-feira, o valor das ações a serem permutadas deverá ser apurado com base na cotação de fechamento do dia útil anterior àquele em que se efetivar a operação. A diferença residual entre o valor das ações a serem permutadas deverá ser paga à União em moeda corrente.
Por outro lado, o BNDES e a Caixa foram autorizados a vender ou permutar até 217.395.982 de ações ordinárias da estatal petrolífera com o Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE). Administrado pelo Banco do Brasil, o FFIE é o fundo de investimento privado onde estão depositados os recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB). O Ministério da Fazenda não explicou o conteúdo do decreto, que foi publicado.
Efeitos no dólar
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, realizou palestra na tarde de ontem, na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), e comentou a crescente valorização do real frente ao dólar. Ele disse que o governo irá tomar medidas para conter a excessiva alta da moeda. "Não deixaremos o real derreter. Vamos tomar medidas necessárias para impedir uma valorização excessiva ou indevida do real", disse, sem adiantar quais seriam essas medidas.
Segundo Mantega, o processo de capitalização da Petrobras, que atrai grande volume de investimento externo, pode ser o maior responsável pela valorização do real. Ele disse que o momento é de observação e com o fim da operação da Petrobras o quadro pode se alterar.
O momento desfavorável para as exportações em consequência da baixa do dólar também foi abordado pelo ministro. Ele ressaltou a importância de manter o equilíbrio das contas externas e citou o combate à guerra fiscal importadora como uma das preocupações para manter esse equilíbrio.
Mantega disse ainda que o brasileiro está com mais renda, viajando mais ao exterior, o que leva a um déficit da conta corrente em torno de 2,5% do PIB.
O Ministro anunciou ainda que o governo vai anunciar nos próximos dias algumas medidas para incentivar as emissões de títulos de dívida privados, como debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), como a isenção de Imposto de Renda para este tipo de operação. O objetivo é fortalecer o mercado secundário.
Obanomics: uma avaliacao critica do Wall Street Journal
Vale a pena ler por inteiro...
Paulo Roberto de Almeida
* REVIEW & OUTLOOK
The Obama Economy
How trillions in fiscal and monetary stimulus produced a 1.6% recovery.
Opinion, The Wall Street Journal, September 7, 2010
So two months before an election, and 19 months after the mother of all spending programs, President Obama said yesterday he's rolling out one more plan to stimulate the economy. We'll discuss the details when they're released, but the effort itself is a tacit admission that his earlier proposals have flopped. As the autumn economic debate gets underway, it's important to understand how and why we got here.
The recession preceded Mr. Obama's Inaugural by 13 months, according to the National Bureau of Economic Research, and so did the President's fiscal policy ideas. George W. Bush got there first. In February 2008, he and House Speaker Nancy Pelosi agreed on a $168 billion combination of federal spending and temporary tax rebates that were supposed to maintain growth through the housing market decline that election year.
Larry Summers, who would later become Mr. Obama's chief economic adviser, made the case for such a stimulus to boost domestic "demand" in late 2007. Any stimulus, he told the Brookings Institution, should be "timely, targeted and temporary." Peter Orszag, then at the Congressional Budget Office (CBO) before joining the Obama White House, made the same case.
The official GDP statistics did show a growth blip in the second quarter of 2008 to 0.6%, but third quarter GDP fell by 4%, and we all know what happened after the financial meltdown. Stimulus I failed.
Enter Stimulus II, the $814 billion plan that was also supposed to make up for lost private demand. It too was a combination of one-time tax rebates and spending, mostly on social programs like Medicaid rather than on "shovel-ready projects." Mr. Summers promised this would have a 1.5 "multiplier" effect on GDP growth, and White House economists Christina Romer and Jared Bernstein famously predicted the spending would keep the jobless rate below 8%.
All during this time, the Federal Reserve was also feeding the economy with unprecedented monetary stimulus, cutting its benchmark interest rate to near zero and expanding its balance sheet by more than $2 trillion by purchasing mortgage-backed securities and other assets.
During this time, too, Congress passed other industry-specific stimulus bills—cash-for-clunkers, the $8,000 home-buyer's tax credit, mortgage payment relief, and jobless pay up to 99 weeks. Yet all of this has merely stolen auto and home purchases from the future, with sales falling once the tax benefits expired. The housing market in particular may be softening again, despite historically low interest rates.
The recovery seems to have begun in summer 2009, with GDP growth hitting 5% in the fourth quarter on the backs of an inventory rebound and expansion overseas. But U.S. growth has since decelerated, to a mere 1.6% in the second quarter, and the jobless rate is 9.6% after three consecutive months of job losses. The economy is growing, but far too slowly to restore broad-based prosperity.
In sum, never before has government spent so much and intervened so directly in credit allocation to spur growth, yet the results have been mediocre at best. In return for adding nearly $3 trillion in federal debt in two years, we still have 14.9 million unemployed. What happened?
The explanations from the White House and liberal economists boil down to three: The stimulus was too small, Republicans blocked better policies, and this recession is different because it began in a financial meltdown. Only the third point has some merit, and for a different reason than the White House claims.
On a too-small stimulus, this isn't what Democrats or most Keynesian economists told us at the time. Even Paul Krugman, who now denies intellectual paternity for this economy, wrote on November 14, 2008 that "My own back-of-the-envelope calculations say that the package should be huge, on the order of $600 billion." The White House raised him by 33% two months later, but now we're told that wasn't enough.
Given that the stimulus program was so poorly structured and so overtly politicized, how do we know that, say, $500 billion more would have made a difference even on Keynesian terms? The money for government spending has to come from somewhere, which means from the private economy. Our guess is that by ensuring even higher debt and implying higher taxes, a bigger spending stimulus would have done even more harm.
Stimulus godfather Mark Zandi and CBO have produced studies claiming that the stimulus saved millions of jobs and thus prevented an even deeper recession. But these are essentially plug-and-play economic models that multiply the amount of dollars spent by the assumed impact on jobs based on previous studies, and, voila, the jobless rate would have been higher without such spending. In the real world, the economy lost 2.51 million jobs.
The claim that recessions rooted in financial panic pose special problems has more truth to it. Credit excesses built up over many years have to be wound down, and that takes time, while banks have to work down their bad assets. However, one good aspect of this recovery is that business balance sheets have shaped up nicely, thanks to productivity gains, and banks have been making healthy profits. The problem is that banks still aren't lending and businesses aren't hiring or investing enough.
Which brings us to another major cause of the Obama malaise. When it took office in 2009, many of us advised the Administration to focus on nurturing the recovery first and postponing social-policy priorities that would only add more economic uncertainty. All the more so given this recession's unusual financial roots.
Instead, Democrats embarked on the most sweeping expansion of government since the 1960s, imposing national health care, rewriting financial laws from top to bottom, attempting to re-regulate the telecom industry, and imposing vast new costs on energy, among many other proposals. Not to stop there, in January it plans to impose a huge new tax increase on "the wealthy," which in practice means on the most profitable small businesses.
Central to Mr. Obama's political strategy for passing these priorities has been trashing business and bankers as greedy profiteers. His Administration has denounced or held up as political or legal targets the Chrysler bond holders, Wall Street bonuses, Goldman Sachs, health-insurer profits, carbon energy investors, and anyone else who has dared to oppose any of its plans to "transform" U.S. society.
Only yesterday at a Labor Day event in Milwaukee, Mr. Obama was at it again, declaring that "anyone who thinks we can move this economy forward with a few doing well at the top, hoping it'll trickle down to working folks running faster and faster just to keep up—they just haven't studied our history. We didn't become the most prosperous country in the world by rewarding greed and recklessness."
Whatever else one can say about such rhetoric, it is not the way to restore business confidence or turn a fragile recovery into a durable expansion. It has only spread fear and even greater uncertainty.
As for blaming the Republicans, with only 40 and then 41 Senators they couldn't stop so much as a swinging door. The GOP couldn't even block the recent $10 billion teachers union bailout. The only major Obama priorities that haven't passed—cap and tax and union card check—were blocked by a handful of Democrats who finally said "no mas." No Administration since LBJ's in 1965 has passed so much of its agenda in one Congress — which is precisely the problem.
To put it another way, the real roots of Mr. Obama's economic problems are intellectual and political. The Administration rejected marginal-rate tax cuts that worked in the 1960s and 1980s because they would have helped the rich, in favor of a Keynesian spending binge that has stimulated little except government. More broadly, Democrats purposely used the recession as a political opening to redistribute income, reverse the free-market reforms of the Reagan era, and put government at the commanding heights of economic decision-making.
Mr. Obama and the Democratic Congress have succeeded in doing all of this despite the growing opposition of the American people, who are now enduring the results. The only path back to robust growth and prosperity is to stop this agenda dead in its tracks, and then by stages to reverse it. These are the economic stakes in November.
Paulo Roberto de Almeida
* REVIEW & OUTLOOK
The Obama Economy
How trillions in fiscal and monetary stimulus produced a 1.6% recovery.
Opinion, The Wall Street Journal, September 7, 2010
So two months before an election, and 19 months after the mother of all spending programs, President Obama said yesterday he's rolling out one more plan to stimulate the economy. We'll discuss the details when they're released, but the effort itself is a tacit admission that his earlier proposals have flopped. As the autumn economic debate gets underway, it's important to understand how and why we got here.
The recession preceded Mr. Obama's Inaugural by 13 months, according to the National Bureau of Economic Research, and so did the President's fiscal policy ideas. George W. Bush got there first. In February 2008, he and House Speaker Nancy Pelosi agreed on a $168 billion combination of federal spending and temporary tax rebates that were supposed to maintain growth through the housing market decline that election year.
Larry Summers, who would later become Mr. Obama's chief economic adviser, made the case for such a stimulus to boost domestic "demand" in late 2007. Any stimulus, he told the Brookings Institution, should be "timely, targeted and temporary." Peter Orszag, then at the Congressional Budget Office (CBO) before joining the Obama White House, made the same case.
The official GDP statistics did show a growth blip in the second quarter of 2008 to 0.6%, but third quarter GDP fell by 4%, and we all know what happened after the financial meltdown. Stimulus I failed.
Enter Stimulus II, the $814 billion plan that was also supposed to make up for lost private demand. It too was a combination of one-time tax rebates and spending, mostly on social programs like Medicaid rather than on "shovel-ready projects." Mr. Summers promised this would have a 1.5 "multiplier" effect on GDP growth, and White House economists Christina Romer and Jared Bernstein famously predicted the spending would keep the jobless rate below 8%.
All during this time, the Federal Reserve was also feeding the economy with unprecedented monetary stimulus, cutting its benchmark interest rate to near zero and expanding its balance sheet by more than $2 trillion by purchasing mortgage-backed securities and other assets.
During this time, too, Congress passed other industry-specific stimulus bills—cash-for-clunkers, the $8,000 home-buyer's tax credit, mortgage payment relief, and jobless pay up to 99 weeks. Yet all of this has merely stolen auto and home purchases from the future, with sales falling once the tax benefits expired. The housing market in particular may be softening again, despite historically low interest rates.
The recovery seems to have begun in summer 2009, with GDP growth hitting 5% in the fourth quarter on the backs of an inventory rebound and expansion overseas. But U.S. growth has since decelerated, to a mere 1.6% in the second quarter, and the jobless rate is 9.6% after three consecutive months of job losses. The economy is growing, but far too slowly to restore broad-based prosperity.
In sum, never before has government spent so much and intervened so directly in credit allocation to spur growth, yet the results have been mediocre at best. In return for adding nearly $3 trillion in federal debt in two years, we still have 14.9 million unemployed. What happened?
The explanations from the White House and liberal economists boil down to three: The stimulus was too small, Republicans blocked better policies, and this recession is different because it began in a financial meltdown. Only the third point has some merit, and for a different reason than the White House claims.
On a too-small stimulus, this isn't what Democrats or most Keynesian economists told us at the time. Even Paul Krugman, who now denies intellectual paternity for this economy, wrote on November 14, 2008 that "My own back-of-the-envelope calculations say that the package should be huge, on the order of $600 billion." The White House raised him by 33% two months later, but now we're told that wasn't enough.
Given that the stimulus program was so poorly structured and so overtly politicized, how do we know that, say, $500 billion more would have made a difference even on Keynesian terms? The money for government spending has to come from somewhere, which means from the private economy. Our guess is that by ensuring even higher debt and implying higher taxes, a bigger spending stimulus would have done even more harm.
Stimulus godfather Mark Zandi and CBO have produced studies claiming that the stimulus saved millions of jobs and thus prevented an even deeper recession. But these are essentially plug-and-play economic models that multiply the amount of dollars spent by the assumed impact on jobs based on previous studies, and, voila, the jobless rate would have been higher without such spending. In the real world, the economy lost 2.51 million jobs.
The claim that recessions rooted in financial panic pose special problems has more truth to it. Credit excesses built up over many years have to be wound down, and that takes time, while banks have to work down their bad assets. However, one good aspect of this recovery is that business balance sheets have shaped up nicely, thanks to productivity gains, and banks have been making healthy profits. The problem is that banks still aren't lending and businesses aren't hiring or investing enough.
Which brings us to another major cause of the Obama malaise. When it took office in 2009, many of us advised the Administration to focus on nurturing the recovery first and postponing social-policy priorities that would only add more economic uncertainty. All the more so given this recession's unusual financial roots.
Instead, Democrats embarked on the most sweeping expansion of government since the 1960s, imposing national health care, rewriting financial laws from top to bottom, attempting to re-regulate the telecom industry, and imposing vast new costs on energy, among many other proposals. Not to stop there, in January it plans to impose a huge new tax increase on "the wealthy," which in practice means on the most profitable small businesses.
Central to Mr. Obama's political strategy for passing these priorities has been trashing business and bankers as greedy profiteers. His Administration has denounced or held up as political or legal targets the Chrysler bond holders, Wall Street bonuses, Goldman Sachs, health-insurer profits, carbon energy investors, and anyone else who has dared to oppose any of its plans to "transform" U.S. society.
Only yesterday at a Labor Day event in Milwaukee, Mr. Obama was at it again, declaring that "anyone who thinks we can move this economy forward with a few doing well at the top, hoping it'll trickle down to working folks running faster and faster just to keep up—they just haven't studied our history. We didn't become the most prosperous country in the world by rewarding greed and recklessness."
Whatever else one can say about such rhetoric, it is not the way to restore business confidence or turn a fragile recovery into a durable expansion. It has only spread fear and even greater uncertainty.
As for blaming the Republicans, with only 40 and then 41 Senators they couldn't stop so much as a swinging door. The GOP couldn't even block the recent $10 billion teachers union bailout. The only major Obama priorities that haven't passed—cap and tax and union card check—were blocked by a handful of Democrats who finally said "no mas." No Administration since LBJ's in 1965 has passed so much of its agenda in one Congress — which is precisely the problem.
To put it another way, the real roots of Mr. Obama's economic problems are intellectual and political. The Administration rejected marginal-rate tax cuts that worked in the 1960s and 1980s because they would have helped the rich, in favor of a Keynesian spending binge that has stimulated little except government. More broadly, Democrats purposely used the recession as a political opening to redistribute income, reverse the free-market reforms of the Reagan era, and put government at the commanding heights of economic decision-making.
Mr. Obama and the Democratic Congress have succeeded in doing all of this despite the growing opposition of the American people, who are now enduring the results. The only path back to robust growth and prosperity is to stop this agenda dead in its tracks, and then by stages to reverse it. These are the economic stakes in November.
Poetas do livre comercio: ainda está em tempo de poetar comercialmente
Sim, a OMC (Organização Mundial do Comércio), tão criticada pelos altermundialistas e antiglobalizadores, quer ficar mais popular.
Por isso mesmo decidiu lançar um concurso de poesia. Sim, não estou brincando.
Vejam neste link.
Pode ser também um rap ou um slam (não, me pergunte o que é isso, pois eu não sei).
Num máximo de 110 palavras, os concorrentes devem tecer elogios ao livre comércio, ou simplesmente ao comércio internacional, além da própria OMC, claro.
Podem também atacar o protecionismo e o desvio de comércio (outro nome para a integração).
Mas, atenção: só até o próximo dia 15 de setembro, em inglês, francês ou espanhol, para este endereço postal: openday@omc.org
Por isso mesmo decidiu lançar um concurso de poesia. Sim, não estou brincando.
Vejam neste link.
Pode ser também um rap ou um slam (não, me pergunte o que é isso, pois eu não sei).
Num máximo de 110 palavras, os concorrentes devem tecer elogios ao livre comércio, ou simplesmente ao comércio internacional, além da própria OMC, claro.
Podem também atacar o protecionismo e o desvio de comércio (outro nome para a integração).
Mas, atenção: só até o próximo dia 15 de setembro, em inglês, francês ou espanhol, para este endereço postal: openday@omc.org
Bolsa-Familia: uma analise bem informada - Renata M. Bichir
Recomendo a leitura deste estudo de
Renata Mirandola Bichir:
O Bolsa Família na berlinda? Os desafios atuais dos programas de transferência de renda
Novos Estudos CEBRAP, Edição 87 - Julho de 2010
Resumo:
O artigo explora alguns pontos de discussão em torno do Programa Bolsa Família, partindo de uma caracterização dos desenhos institucionais dos programas de transferência de renda no Brasil, desde as experiências municipais até os programas federais Bolsa Escola e Bolsa Família. Ao final, discutem-se os principais desafios na sustentabilidade futura do programa.
Palavras-chave: Bolsa Família; políticas sociais; pobreza; desigualdade.
Nos últimos anos, novas formas de intervenção estatal contra a pobreza vêm sendo implementadas, especialmente sob a forma de políticas sociais focalizadas nos grupos mais vulneráveis da população, como os programas de transferências condicionadas de renda. Essa alteração no padrão de políticas sociais voltadas para o combate à pobreza ocorre em diversos países da América Latina, e não só no Brasil, destacando-se, por seu escopo e relevância em análises comparativas internacionais, os programas existentes no México (Oportunidades) e no Chile (Chile Solidário).
No Brasil, as políticas sociais passaram de um padrão de proteção social vinculado ao mundo do trabalho, restrito a categorias específicas de trabalhadores — configurando um sistema “corporativo” de proteção, nos termos de Gosta Esping-Andersen, e caracterizado como “cidadania regulada” por Wanderley Guilherme dos Santos —, a um padrão de políticas sociais de caráter regressivo no período autoritário, até sua expansão no sentido da universalização após a redemocratização.
Os programas de transferência condicionada de renda inserem-se em um novo padrão de programas sociais voltados à população mais pobre. Inspirados no projeto de imposto de renda negativo do senador Eduardo Suplicy, esses programas surgiram como políticas de combate à pobreza primeiro no plano local, em meados dos anos de 1990, como ações de garantia de renda mínima ou do tipo “bolsa escola”, destacando-se as experiências pioneiras de Campinas, Distrito Federal, Ribeirão Preto e Santos. Os programas federais vieram depois, primeiro com o Programa Bolsa Escola, em 2001, no governo FHC, e depois com a unificação das diversas ações e o aumento de seu escopo e relevância, no âmbito do Programa Bolsa Família, em 2003, já no governo Lula. De experiências pioneiras e pontuais, os programas de transferência de renda tornaram-se o “carro-chefe” da rede de proteção social brasileira.
O Programa Bolsa Família é hoje o maior programa de transferência de renda condicionada do mundo, beneficiando, em 2007, 11,1 milhões de famílias ou 46 milhões de pessoas5. Contudo, há poucos consensos em torno desse programa, seja entre políticos de diversos partidos, seja entre especialistas em políticas sociais e programas de combate à pobreza.
Além da clivagem mais ampla entre políticas sociais universais e políticas focalizadas, há divergências em torno da eficácia e mesmo da necessidade das condicionalidades associadas ao programa, em torno de seus impactos, sua utilização político eleitoral, além de dúvidas em relação à sua sustentabilidade política e econômica no longo prazo, associadas à discussão das “portas de saída” para os beneficiários.
Esse [sic; deveria ser Este] artigo explora esses cinco principais eixos de tensão, partindo de uma caracterização dos desenhos institucionais dos programas de transferência no Brasil, desde as experiências municipais até os programas federais Bolsa Escola e Bolsa Família. Ao final, são apontados os principais desafios a serem enfrentados pelo programa Bolsa Família no futuro próximo.
(...)
Veja versão em PDF
Renata Mirandola Bichir:
O Bolsa Família na berlinda? Os desafios atuais dos programas de transferência de renda
Novos Estudos CEBRAP, Edição 87 - Julho de 2010
Resumo:
O artigo explora alguns pontos de discussão em torno do Programa Bolsa Família, partindo de uma caracterização dos desenhos institucionais dos programas de transferência de renda no Brasil, desde as experiências municipais até os programas federais Bolsa Escola e Bolsa Família. Ao final, discutem-se os principais desafios na sustentabilidade futura do programa.
Palavras-chave: Bolsa Família; políticas sociais; pobreza; desigualdade.
Nos últimos anos, novas formas de intervenção estatal contra a pobreza vêm sendo implementadas, especialmente sob a forma de políticas sociais focalizadas nos grupos mais vulneráveis da população, como os programas de transferências condicionadas de renda. Essa alteração no padrão de políticas sociais voltadas para o combate à pobreza ocorre em diversos países da América Latina, e não só no Brasil, destacando-se, por seu escopo e relevância em análises comparativas internacionais, os programas existentes no México (Oportunidades) e no Chile (Chile Solidário).
No Brasil, as políticas sociais passaram de um padrão de proteção social vinculado ao mundo do trabalho, restrito a categorias específicas de trabalhadores — configurando um sistema “corporativo” de proteção, nos termos de Gosta Esping-Andersen, e caracterizado como “cidadania regulada” por Wanderley Guilherme dos Santos —, a um padrão de políticas sociais de caráter regressivo no período autoritário, até sua expansão no sentido da universalização após a redemocratização.
Os programas de transferência condicionada de renda inserem-se em um novo padrão de programas sociais voltados à população mais pobre. Inspirados no projeto de imposto de renda negativo do senador Eduardo Suplicy, esses programas surgiram como políticas de combate à pobreza primeiro no plano local, em meados dos anos de 1990, como ações de garantia de renda mínima ou do tipo “bolsa escola”, destacando-se as experiências pioneiras de Campinas, Distrito Federal, Ribeirão Preto e Santos. Os programas federais vieram depois, primeiro com o Programa Bolsa Escola, em 2001, no governo FHC, e depois com a unificação das diversas ações e o aumento de seu escopo e relevância, no âmbito do Programa Bolsa Família, em 2003, já no governo Lula. De experiências pioneiras e pontuais, os programas de transferência de renda tornaram-se o “carro-chefe” da rede de proteção social brasileira.
O Programa Bolsa Família é hoje o maior programa de transferência de renda condicionada do mundo, beneficiando, em 2007, 11,1 milhões de famílias ou 46 milhões de pessoas5. Contudo, há poucos consensos em torno desse programa, seja entre políticos de diversos partidos, seja entre especialistas em políticas sociais e programas de combate à pobreza.
Além da clivagem mais ampla entre políticas sociais universais e políticas focalizadas, há divergências em torno da eficácia e mesmo da necessidade das condicionalidades associadas ao programa, em torno de seus impactos, sua utilização político eleitoral, além de dúvidas em relação à sua sustentabilidade política e econômica no longo prazo, associadas à discussão das “portas de saída” para os beneficiários.
Esse [sic; deveria ser Este] artigo explora esses cinco principais eixos de tensão, partindo de uma caracterização dos desenhos institucionais dos programas de transferência no Brasil, desde as experiências municipais até os programas federais Bolsa Escola e Bolsa Família. Ao final, são apontados os principais desafios a serem enfrentados pelo programa Bolsa Família no futuro próximo.
(...)
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