domingo, 6 de agosto de 2017

A Ordem do Progresso (15): resenha de Marcelo de P. Abreu, por Gladson Miranda

Continuidade da transcrição da resenha de Gladson Miranda, desde as postagens anteriores:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-14-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-13-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-12-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-11-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-10-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-9-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-8-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-7-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-6-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-5-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-4-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-3-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-2-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-1-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-0-resenha-de.html


Abreu, Marcelo de Paiva (org.):

A Ordem do Progresso: dois séculos de política econômica no Brasil

2. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014, ISBN 978-85-352-7859-0
íntegra da resenha 
(...)




CAPÍTULO 15 - ESTABILIZAÇÃO, ABERTURA E PRIVATIZAÇÃO, 1990-1994

Marcelo de Paiva Abreu e Rogério L. F. Werneck
Em 1990 foi a vez de Fernando Collor assumir como presidente, o país experimentava índices da inflação em 80% ao mês, o que obrigou ao novo presidente a instituir seu programa de estabilização no primeiro dia. “Mas seu programa econômico incluiu também reformas estruturais centradas na abertura comercial, na redução do papel do Estado como produtor de bens e serviços e na reorganização da administração pública federal”. (pg. 313)
Collor sofreu impeachment antes do término do ano de 1992, então Itamar Franco, vice-presidente à época assumiu e passou por algumas inconstâncias, principalmente com a nomeação de quatro ministros para a Fazenda durante apenas sete meses. “No mandato de Itamar Franco continuaram avançando as reformas relativas à abertura comercial e à privatização”. (pg. 313-314)

Fracasso do Plano Collor

Não é possível atribuir a culpa pelo fracasso no âmbito econômico inteiramente para o presidente, pois os problemas já vinham de antes, principalmente no que diz respeito à inflação, que estava altíssima. (pg. 314)
O governo estava tentando de várias formas, procurou obstar a evasão de títulos públicos, tentou limitar a área de recomposição de carteiras de investimento, o que gerou uma enorme contração da liquidez. (pg. 314)
Encontrou ainda muita complexidade ao controlar os salários e os preços, grande parte em razão dos erros gravíssimos de efetivação. O plano inicial foi por água abaixo e em 1991 já estava sendo anunciado um novo programa. (pg. 316)

Alta inflação, corrupção e impeachment

Quase em meados do ano de 1991, grande parcela da equipe que Collor escolheu inicialmente para tratar da economia havia deixado o governo. O problema da inflação estava bastante delicado, o panorama fiscal estava em ampla degeneração, a economia demonstrava alta instabilidade. (pg. 317)
No ano de 1992 a situação havia melhorado um pouco, mas a inflação ainda preocupada. “A grande fonte de incerteza passara a ser a tensa evolução do quadro político. A eleição de Collor, à margem dos grandes partidos, havia dado lugar a um governo com base parlamentar extremamente precária”. Em maio deste ano foram descobertas evidências da ligação do presidente com atos de corrupção, sendo este afastado do cargo em outubro e em dezembro veio a renunciar. (pg. 318-319)

Concepção e implementação do Plano Real

“De início, como substituto interino de Fernando Collor e, a partir de 29 de dezembro de 1992, em caráter definitivo, Itamar Franco ocupou a presidência por quase 27 meses. No exercício do cargo, confirmaria com cores vivas sua reputação de político histriônico e mercurial. Revelou-se especialmente volúvel na seleção dos responsáveis pela área econômica do governo”. (pg. 319)
 A implementação de um plano de estabilização que funcionasse estava sendo complicada, mas em 1993 foi instituída uma estratégia e o plano teria três momentos. “Primeiro, um ajuste fiscal significativo seria negociado com o Congresso. Depois seria criada a Unidade Real de Valor (URV), unidade de conta, com reajuste diário, que conviveria temporariamente com o cruzeiro real. Finalmente, uma reforma monetária extinguiria o cruzeiro real, substituindo-o pelo real, o que equivaleria a simplesmente conferir à URV a função de meio de pagamento”. (pg. 322)

Abertura comercial e Mercosul

Pode-se dizer que esta abertura ocorreu em três momentos, o primeiro foi em 1988 a 1989 ao extinguir as abundâncias, segundo foi de 1990 a 1993, momento no qual foram reduzidas as barreiras não tarifárias e a exclusão dos impedimentos na importação. Por fim, foram realizados pactos tarifários para determinar sujeição mais severa aos preços internos. (pg. 324-325)
“As importações provenientes do Mercosul cresceram mais lentamente do que as exportações, alcançando 13,7% do total em 1994. Mas, tal como as originárias dos Estados Unidos (22,9% do total) e das CE (22,6%), ficaram realçadas pela redução da importância do petróleo nas importações totais, cuja participação caiu de mais de 50%, no início dos 1980, para 22,9%, em 1990, e 12,3%, em 1994”. (pg. 327)

Privatização

O governo Collor teve alguns momentos desastrosos, mas quando diz respeito ao programa de privatização tomou-se muito cuidado para não gerar um recuo inoportuno. (pg. 327)
As privatizações antes do ano de 1989 foram basicamente em pequenas empresas que estavam falindo. A partir de Collor iniciaram-se a privatização de empresas maiores e mais importantes, o que gerou uma receita boa para o país. (pg. 328)

Dívida externa

“A proposta brasileira de renegociação da dívida externa, apresentada em outubro de 1990, incluía a securitização da dívida por meio de bônus de 45 anos sem garantia e um empréstimo-ponte para permitir o pagamento de atrasados. Cerca de 10% da dívida total, correspondendo à dívida privada, seria excluída do acordo. Tal proposta foi recusada pelos credores. Medidas temporárias, em 1991, incluíram o pagamento de 30% dos juros devidos, a exclusão da dívida das grandes estatais da dívida pendente e um acordo para pagamento de atrasados, sendo parte em dinheiro e parte por meio de um empréstimo-ponte com um cardápio diversificado de opções”. (pg. 329)

As eleições de 1994

A procura por estabilidade econômica foi um sucesso e gerou repercussões importantes na política brasileira. A estabilização da inflação fez com que o Plano Real fosse bem aceito e isso ocasionou a vitória de Fernando Henrique nas eleições para presidente em 1994. (pg. 330)

(continua...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.