Continuidade da transcrição da resenha de Gladson Miranda, desde as postagens anteriores:
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Abreu, Marcelo de Paiva (org.):
A Ordem do Progresso:
dois séculos de política econômica no Brasil
2.
ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014, ISBN 978-85-352-7859-0
íntegra da resenha
(...)
CAPÍTULO 9 - INFLAÇÃO, ESTAGNAÇÃO E RUPTURA, 1961-1964
Mário
M.C. Mesquita
Durante o período que compreendeu os anos
de 1961 a 1964 o Brasil experimentou diversas inquietações políticas, “teve
três presidentes, cinco chefes de governo e seis ministros da Fazenda”.
(pg.179)
Os primeiros anos da década de 60 foram
marcados por inflação alta, desestabilização política, e os problemas já
iniciados nos anos 40 e 50 foram se tornando cada vez mais intensos. (pg.179)
Em janeiro de 1961 foi a vez de Jânio
Quadros assumir como Presidente da República por meio de voto popular, sendo um
dos mais expressivos da história. As dificuldades enfrentadas na política se
deram em grande parte por causa da herança deixada por Kubitscheck. (pg.180)
“As iniciativas de política econômica do
governo seguiram essa ordem de prioridades: redução do desequilíbrio do balanço
de pagamentos, renegociação da dívida externa e combate à inflação, em linhas
gerais de forma consistente com o que se entendia na época como a visão
ortodoxa”. (pg.180)
Jânio possuía um programa ligado a
estabilização político-econômica do país, o que foi por água abaixo com sua
renúncia em agosto do mesmo ano, sendo que até setembro foi vivenciado um
descontrole fiscal, monetário e creditício. (pg.183)
A renúncia de Jânio fez com que fosse
adotado o regime parlamentarista, posto que os militares vetaram a posse do
Vice, João Goulart. O programa de governo que foi sugerido pelo
primeiro-ministro possuía bons objetivos e intenções, era ousado e extensivo.
(pg.183)
“A política econômica externa sob o
parlamentarismo foi marcada por três eventos: o abandono do movimento em
direção à unificação cambial, a negociação do primeiro Acordo Internacional do
Café e a aprovação da Lei nº 4.131, a chamada Lei de Remessa de Lucros, que
ainda regula aspectos importantes dos fluxos de capitais entre o Brasil e o
exterior”. (pg.186)
Mesmo com as relações
Brasil-Estados-Unidos abaladas, ambos se uniram para negociar o Acordo
Internacional do Café, tendo este logrado êxito em consolidar os valores da
commodity em seu período de validade. (1963 a 1968). (pg.187)
No ano de 1963 foi votado por meio de
plebiscito o retorno do presidencialismo, e nesse embalo foi aprovado Plano
Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. (pg.188)
Ainda em março deste ano foi implementado
um plano para conter as despesas da União em conjunto com as políticas
restritivas da SUMOC. Porém, no mês de maio o plano passou a ser deixado de
lado, até porque foi estabelecido um reajuste do funcionalismo. (pg.190)
“Se os resultados domésticos mostraram-se
decepcionantes, a evolução do setor externo da economia teve aspectos
favoráveis. (...) O abandono do realismo cambial coincidiu com o fracasso das
negociações, lideradas por Santiago Dantas, para reescalonar os compromissos
externos do país”. (pg.191)
As forças políticas durante esse período
foram pequenas, Goulart não se demonstrava capaz o suficiente para resolver os
problemas macroeconômicos, apesar disso não pode esse fato ser o responsável
pelo golpe militar inteiramente, mas certamente teve contribuição. (pg.194)
Em resumo, o período de 1961 a 1964 se
caracterizou pela recessão de 1963, o crescimento do PIB foi o mais baixo desde
o fim da Segunda Guerra, a restrição de liquidez influenciou o desempenho da
indústria. (pg.194)
A estabilidade procurada durante esse
período não foi alcançada, pode-se explicar pela ausência de espaço, as ideias
de expansão eram limitadas pelas posturas dos governantes. (pg.195-196)
(continua...)
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