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Abreu, Marcelo de Paiva (org.):
A Ordem do Progresso:
dois séculos de política econômica no Brasil
2.
ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014, ISBN 978-85-352-7859-0
íntegra da resenha
inserida em Academia.edu: https://www.academia.edu/34149727/A_Ordem_do_Progresso_Marcelo_P._Abreu_-_resenha_Gladson_Miranda
(...)CAPÍTULO 17 - ALTERNÂNCIA POLÍTICA, REDISTRIBUIÇÃO E CRESCIMENTO, 2003-2010
Rogério
L. F. Werneck
Inevitavelmente o início do governo de
Lula estaria cercado de incertezas econômicas, mas não duraram muito, pois já
em 2004 as políticas do novo presidente começaram a ter efeitos positivos para
o país. (pg. 357)
Tensões da metamorfose
O governo Lula teve de mudar seus
discursos relacionados a economia para poder manter a continuidade do governo
anterior, demonstrando-se muito traumático para o PT. “Logo após a vitória de
Lula no segundo turno das eleições, previa-se que, sem uma imediata definição
dos nomes responsáveis pela condução da política econômica do novo governo,
seria muito difícil manter os mercados financeiros sob relativo controle”. (pg.
360)
O PT tinha uma enorme oportunidade em
aproveitar a situação para manter a política econômica, fazendo com que a
situação do país continuasse a melhorar. Isso levaria o partido a ter de mudar
seu discurso, o que foi difícil de ser realizado, mas Lula ganhou confiança e
manteve a política econômica, trazendo enormes benefícios. (pg. 361-362)
Colheita rápida
“A reconstrução da confiança foi
facilitada pela rápida melhora da balança comercial, na esteira da prolongada
depreciação cambial e do aumento da demanda mundial pelas exportações
brasileiras. Contas externas mais sólidas e rápida redução da incerteza logo
deram lugar a vigorosa apreciação cambial e forte queda nos indicadores de
risco-país ao longo do primeiro semestre de 2003”. (pg. 363)
A crise do mensalão e seus desdobramentos
Os anos estavam passando com o aumento da
confiança no presidente Lula, até que em 2005 eclodiu uma crise interna, a qual
foi denominada como a crise do mensalão. (pg. 364)
O partido veio se desestruturando, com
inúmeras renúncias de cargos importantes, como Casa Civil, Ministério da
Fazenda, entre outros. “A crise política não havia imposto nenhuma baixa
importante na equipe econômica. Mas a cúpula do governo e o comando do partido
haviam passado por grandes mudanças”. (pg. 365)
De Palocci a Mantega
A crise obrigou o governo a modificar seu
discurso com relação à política econômica. “A ideia era assegurar que a
expansão do gasto público passasse a se dar a uma taxa inferior à taxa de
crescimento do PIB”. (pg. 366)
A crise foi tamanha que em 2006 Palocci
se demitiu do Ministério da Fazenda e Guido Mantega assumiu seu lugar, este
fato foi o marco na mudança do discurso do governo no tocante à economia. (pg.
367)
Redistribuição de renda
“A reeleição do presidente Lula não se
deveu apenas ao crescimento relativamente rápido da economia a partir de 2004.
Boa parte do seu bom desempenho eleitoral, no final de 2006, pode ser atribuído
ao sucesso das políticas de redistribuição de renda que haviam sido adotadas no
primeiro mandato”. (pg. 369)
O programa do PT sempre foi baseado em
políticas distributivas, o Fome Zero abriu portas para o Bolsa Família, que
teve seu alcance expandido rapidamente. “O número de famílias beneficiadas
saltou de 3,6 milhões, em 2003, para 11 milhões, em 2006, e chegou a 12,8
milhões, em 2010, ao final do segundo mandato do Presidente Lula”. (pg. 369)
Opção por uma estratégia desenvolvimentista, intensiva em recursos fiscais
“Diante de um amplo leque de arranjos
possíveis, o governo, recorrentemente, revelava, nas escolhas feitas nas mais
diversas áreas, forte preferência por soluções intensivas em recursos públicos,
em que caberia ao Estado a responsabilidade por boa parte do investimento ou
pela provisão de parcela substancial do financiamento que se fizesse
necessário”. (pg. 372)
A crise mundial como pretexto
Desde a metade de 2007 o crédito
hipotecário norte-americano demonstrava-se preocupante, uma bolha imobiliária
estava prestes a explodir. A crise foi se intensificando no ano de 2008 e
acabou por estourar no ano de 2009. (pg. 373)
“Em termos de redução do crescimento
econômico, o Brasil acabou sendo menos afetado que muitos outros países. O
impacto não chegou a ser tão reduzido como a simples “marolinha” que, de
início, havia sido antevista pelo Presidente Lula. Mas tampouco foi tão
devastador e duradouro como se temia”. (pg. 374)
A crise levou o governo a se aproveitar
da mesma para mudar algumas políticas econômicas, usando como pretexto para o
Estado influir na economia do país e até mesmo lançar a candidatura da
potencial presidente, Dilma Rousseff, no início de 2009. (pg. 375-376)
Gran finale em meio à deterioração do regime fiscal
“As mudanças no regime fiscal ensejadas
pela crise deram lugar a rápida deterioração das contas públicas, vertiginosa
expansão do crédito estatal, bancada por emissão de dívida pelo Tesouro, e
montagem de dispendiosa bateria de programas “pró-negócios”, em Brasília e no
Rio de Janeiro, movidos a dinheiro público e envolvendo farta distribuição de
favores do Estado”. (pg. 376)
Almejando a restauração do
desenvolvimento do país, o governo procurou estabelecer uma estratégia de
crescimento intensivo de recursos fiscais, “descolada da dura realidade das
contas públicas e pautada por prioridades de investimento equivocadas”. (pg.
379)
Apesar dos problemas ocorridos durante os
dois mandatos do governo Lula, a economia cresceu de maneira significativa, o
PIB teve índice de 4% de crescimento, bem mais, por exemplo, do que o governo
anterior, que foi de 2,3%. (pg. 380)
“O que se anunciou no início de 2011 é
que a economia passaria a manter uma expansão “mais moderada” da ordem de 5% ou
6% ao ano. Esse anúncio bem ilustra o descompasso entre as expectativas do novo
governo sobre a manutenção do dinamismo da economia e a difícil realidade com
que afinal teve de lidar. Na verdade, a taxa média anual de crescimento do PIB nos
primeiros três anos do mandato da Presidente Dilma Rousseff mal chegou a 2%. O
que não impediu que a taxa oficial de inflação alcançasse a marca de 6,5% em
2011, e se mantivesse pouco abaixo de 6% nos dois anos seguintes”. (pg. 380)
Entusiasta com a ideia desenvolvimentista
do governo Lula, Dilma manteve as políticas de expansão. “Levaria algum tempo
para que, afinal, se convencesse de que a economia estava restrita pela
expansão da oferta, com sérios problemas de escassez de mão de obra,
crescimento lento de produtividade, deficiências de infraestrutura,
insuficiência generalizada de investimentos, baixa competividade externa e
carga tributária excessiva”. (pg. 381)
FINAL da resenha-resumo
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